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e-Tec Brasil95 Aula 19 - Medicina e Segurança no Trabalho III Em continuidade às aulas anteriores, nessa terceira etapa continuaremos analisando os princípios e órgãos aplicáveis à matéria de medicina e se- gurança no trabalho. 19.1 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) Disciplinada pelo art. 166 e 167 da CLT, e pela NR nº 5 do Ministério do Tra- balho e Emprego, “tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador”. Na lição Martins (2004, p.641), “tem a CIPA por objetivo observar e rela- tar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar as medidas para reduzir até eliminar os riscos existentes e/ou neutralizá-los, discutindo os acidentes ocorridos e solicitando medidas que os previnam, assim como orientando os trabalhadores quanto a sua prevenção”. Em resumo, podemos afirmar que a CIPA é uma espécie de comitê formado pelos empregados eleitos por seus pares e pelos empregados indicados pelo próprio empregador (sejam eles titulares ou suplentes), cuja função será a de estudar todos os riscos a que os trabalhadores estarão sujeitos, propondo soluções a fim de prevenir a ocorrência de acidentes e danos. Sua composição se dá de acordo com o dimensionamento previsto na refe- rida NR. Em relação aos eleitos para os cargos de Direção da CIPA, para que possam desempenhar sua atividade com empenho e tranquilidade, lhes é assegura- da a vedação da despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato (art. 165 da CLT e item 5.8 da NR nº 5). O mandato dos integrantes da CIPA é de 1 (um) ano, sendo permitida ape- nas uma reeleição. Veja abaixo a ata de uma reunião da CIPA: Aos doze dias do mês de setembro de dois mil e onze, às oito horas e trinta minutos, na sala trezentos e onze do bloco “S”, realizou-se a reunião ordinária da comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, da FÁBRICA DE PREGOS JARDIM FLORIDO, presidida por João da Silva, com a presença dos representantes da empregado- ra: Nilton Fagundes, Antônio José e Florilda Rosa; representantes dos empregados: Ana Claudia Josefa, Pedro Martelo e Antonieta Crisântemo; representante do SESMT: Ageu Flores, José Serrote e Juvenildo Campina. Ausentes com justificativa: Jucenilda Paixão e Gustavo Girassol. Ausentes sem justificativa: Carlos Passos Curtos e Juvência Miraflores. Dando início à reunião, o presidente João Silva apresentou a pauta, conforme segue: 1. Elaboração dos Ma- pas de Risco: o membro do SESMT, Ageu Flores, juntamente com os membros da comissão de Inspeção de Ambientes de Trabalho, José Serrote e Juvenildo Campina, apresentaram o modelo final dos Mapas de Risco, que foi aprovado pelos membros da CIPA. Até o momento foram elaborados os mapas de risco de 23 locais que serão afixados em locais de fácil visibilidade. Na oportunidade, o Engenheiro Pedro Martelo entregou o cronograma de agenda- mento de visitas aos Blocos para a elaboração dos Mapas de Risco. 2. Informativo: foi aprovado e será distribuído em breve. 3. SIPAT: foi aprovada a data da próxima SIPAT, a qual será realizada nos dias doze, treze e quatorze de maio dois mil e dez, no horário das doze às treze horas, em local a ser definido. O tema sugerido foi TABA- GISMO, com depoimentos de fumantes e palestras com profissio- nais da área; teatro com participação dos alunos com deficiência auditiva; exposição de desenhos e distribuição de cartões elabora- dos pelas crianças da escola infantil e também a participação do coral com a terceira idade. Uma sugestão do presidente da CIPA foi convidar representantes do plano de saúde da empresa para contribuir com distribuição de folhetos e programas preventivos. 4. Site da CIPA: Antonieta Crisântemo será a responsável por divulgar na internet todas as atas. 5. Vistoria nos depósitos do setor “A”: a Comissão de Inspeção de Ambientes de Trabalho irá fazer uma vistoria nos depósitos, com fotos e relatório a pedido dos funcio- nários, pois estes estão apresentando riscos de acidentes e presen- ça de ratos e aranhas. 6. Velocidade dos veículos dentro das de- pendências da fábrica: os colegas do Florilda Rosa e Antônio José comunicaram que alguns funcionários vêm ultrapassando o limite Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 96 e-Tec Brasil97 de velocidade permitida, e desta maneira os membros da CIPA, João da Silva e Ana Claudia Josefa irão agendar uma reunião com o chefe dos Transportes para averiguação de tais procedimentos. O presidente da CIPA encerrou a reunião e eu, Nilton Fagundes, secretário, encerro e lavro a presente ata, que será assinada pelos demais integrantes presentes. 19.2 Programa de controle médico de saú- de ocupacional (PCMSO) É um programa que visa promover e preservar a integridade e saúde dos trabalhadores, por meio do controle realizado pelo empregador de eventuais doenças. Dá-se com a realização de exames médicos (ex: admissional, periódico, de- missional, de retorno ao trabalho e por mudança de função), além de outras atividades como palestras, cujo objetivo é incentivar o trabalhador a cuidar de sua integridade física e mental. 19.3 Programa de prevenção de riscos am- bientais (PPRA) Implantado pela NR nº. 09 do Ministério do Trabalho e Emprego, tem como finalidade preservar a saúde e a integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da ocorrência de riscos ambientais que possam existir no ambiente de trabalho. Naturalmente que o PPRA faz parte de um conjunto mais amplo de medidas protetivas do trabalhador e está em conexão com outras, tais como o pró- prio Programa de controle médico de saúde ocupacional. A norma prevê que isso ocorra considerando a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. São considerados riscos ambientais, para os fins do PPRA, os agentes físicos, químicos e biológicos existentes no meio ambiente do trabalho e que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador (item 9.1.5 da referida). Aliás, consideram-se agentes físicos “as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pres- sões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não Acesse a notícia “Criação de Cipas é estimulada - SRTE/PR está unindo esforços para promover o combate aos acidentes de trabalho, através do Programa de Boas Práticas e Saúde no Trabalho” e saiba o que está sendo feito para estimular a atuação das CIPAS. Disponível em: <http://portal. mte.gov.br/delegacias/pr/ criacao-de-cipas-e-estimulada/ palavrachave/cipa-saude- seguranca-srte-pr.htm. Aula 19 - Medicina e Segurança no Trabalho III ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom” (item 9.1.5.1). Por agentes químicos devemos entender como “as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão” (item 9.1.5.2) E, finalmente, os agentes biológicos são: bactérias, fungos, bacilos, parasi- tas, protozoários, vírus, entre outros (item 9,1,5,3). Também é importante que você saiba quais são as suas etapas (item 9.3.1): a) antecipação e reconhecimentos dos riscos; b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle; c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; e) monitoramento da exposição aos riscos; f) registro e divulgaçãodos dados. Sempre que vários empregadores realizem simultaneamente atividades no mesmo local de trabalho terão o dever de executar ações integradas para aplicar as medidas previstas no PPRA visando a proteção de todos os traba- lhadores expostos aos riscos ambientais gerados. 19.4 Edificações De forma geral, o tema das edificações é tratado pelos arts. 170 a 174 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. As edificações onde serão desenvolvidas as atividades profissionais deverão obedecer aos requisitos técnicos que garantam perfeita segurança aos que nelas trabalhem, com no mínimo 3 (três) metros de pé-direito, assim consi- derada a altura livre do piso ao teto (poderá ser reduzido esse mínimo desde que atendidas as condições de iluminação e conforto térmico compatíveis com a natureza do trabalho, sujeitando-se tal redução ao controle do órgão competente em matéria de segurança e medicina do trabalho). Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 98 e-Tec Brasil99 Os pisos dos locais de trabalho não deverão apresentar saliências nem de- pressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação de materiais. Além disso, as aberturas nos pisos e paredes serão protegidas de forma que impeçam a queda de pessoas ou de objetos. Figura 19.2: Edificação da linha de produção da boeing Fonte: http://www.jblog.com.br/ Atentar para o fato de que as paredes, escadas, rampas de acesso, passa- relas, pisos, corredores, coberturas e passagens deverão obedecer às condi- ções de segurança e de higiene do trabalho estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e manter-se em perfeito estado de conservação e limpeza. Resumo Nesta aula conhecemos um pouco mais a respeito das atribuições da Comis- são Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), como funciona o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e, também, noções básicas de como devem ser as edificações onde os trabalhadores prestam seus serviços. Atividades de aprendizagem Agora é a sua vez de colocar em prática o que está aprendendo: elabore um estudo acerca do dimensionamento da CIPA em uma empresa de sua cidade. Para começar essa atividade, veja como o estabelecimento se enqua- dra no Cadastro Nacional de Atividades Econômicas – CNAE e consulte os anexos da NR nº. 5 do Ministério do Trabalho e Emprego. Aula 19 - Medicina e Segurança no Trabalho III Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 100