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A reparação do dano II

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e-Tec Brasil63
Aula 12 - A reparação do dano II
Leia o artigo denominado 
“Súmulas recentes do STJ 
abalam indústria do dano 
moral”, escrito pelo Dr. Geroldo 
Augusto Hauer. Disponível 
em: http://www.gahauer.
server2.com.br/conteudo.
php?cat=10&art=473
O texto da lei é claro quando trata da forma de reparação do dano ma-
terial, ou seja, patrimonial. Contudo, é omisso no que toca à reparação 
do dano moral.
 Para Jorge Neto e Cavalcante (2005, p.772) “o dano moral, diferen-
temente do material, caracteriza-se pela dor, angústia, aflição física ou 
moral, humilhação, abalo ao prestígio social, etc”, ou seja, é interno ao 
indivíduo. 
É isso que veremos a seguir, além de outras previsões a respeito da res-
ponsabilidade em nosso Código Civil.
12.1 Como se dá a reparação do dano moral
Naturalmente que não pode o Juiz adentrar no psicológico da vítima para 
periciar se a dor (que é um elemento subjetivo), ou mesmo a angústia, são 
de grande intensidade. Mas como se dá, então, essa reparação?
Por essa razão, na falta de legislação específica, os juízes e teóricos que estu-
dam o tema traçam alguns parâmetros para a definição dos critérios a serem 
considerados para fixação da indenização para ressarcimento do dano moral 
que, por exemplo, são:
•	 Posição social e econômica do ofendido e do ofensor;
•	 Intensidade da vontade de ofender;
•	 Intensidade do sofrimento do ofendido;
•	 Gravidade da ofensa;
•	 Repercussão da ofensa;
•	 Antecedentes do autor e sua reincidência;
•	 Antecedentes da vítima;
•	 Retratação espontânea;
•	 Proporcionalidade;
•	 Razoabilidade;
•	 Caráter punitivo;
•	 Não poderá ser utilizado como forma de enriquecimento da vítima;
•	 Dentre outros.
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Antigamente, com origem no direito norte-americano, começaram a surgir 
algumas ações sem fundamento para pedir o ressarcimento de danos mo-
rais. A imprensa passou a chamar esses casos de “indústria do dano moral”.
12.2 Danos à saúde
Além de tudo isso, “no caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofen-
sor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros 
cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo 
que o ofendido prove haver sofrido”. (Código Civil Brasileiro, art. 949)
12.3 Outras previsões do Código Civil
Veja ainda algumas outras previsões de nosso Código Civil
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não 
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capaci-
dade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento 
e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão 
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, 
ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a 
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
Art. 951. O disposto nos art. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no 
caso de indenização devida por aquele que, no exercício de ativi-
dade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, cau-
sar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou 
inabilitá-lo para o trabalho.
Por todas essas consequências é que o técnico em segurança no trabalho 
deve estar com atenção redobrada em suas atribuições, a fim de não causar 
dano (mesmo que por omissão), ainda mais em relação aos demais empre-
gados.
Uma forma de reduzir eventual quantia de condenação a ser paga é com-
provar que a vítima concorreu culposamente para o evento danoso (ou seja, 
somente ela deu causa à situação). Neste caso, o art. 945 prevê que “se a 
vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua 
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa 
em confronto com a do autor do dano”.
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Superado isso, surge a dúvida: como funciona a regra do ônus da prova, ou 
seja, quem deve provar o alegado?
Na forma do art. 333 do Código de Processo Civil (Lei nº 5.869/73), como 
regra geral o ônus da prova é de responsabilidade do autor para provar o 
fato constitutivo de seu direito (ex: ocorrência do ato ilícito acarretador de 
um dano, e do dever do agente em indenizá-lo), e do réu quanto à existência 
de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Porém, essa situação pode ser diferente em alguns casos. 
Você já se deparou com alguma situação em que teve que provar que o pro-
duto adquirido estava com problemas?
Veja que, conforme já mencionado, no Código de Defesa do Consumidor 
– CDC é utilizada a responsabilidade civil do fornecedor de produtos e ser-
viços. Assim, de acordo com essa legislação, o ônus poderá ser invertido 
quando “a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for 
ele (o consumidor) hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiência” (CDC, art. 6º, inciso VIII).
Para evitar que fornecedores de produtos e serviços revertam essa vantagem 
do consumidor em relação ao ônus da prova, o art. 51, inciso VI, do mesmo 
Código determina serem nulas as cláusulas contratuais que “estabeleçam 
inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor”.
Resumo
O indivíduo causador de um dano deverá repará-lo, e hoje vimos que diver-
sos são os elementos que são analisados para medir a extensão do prejuízo 
causado à vítima, inclusive em relação ao dano moral.
Atividades de aprendizagem
Pesquise em jornais, livros, revistas e na Internet como os juízes aplicam os 
elementos que estudamos na aula de hoje em suas decisões.
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