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RESUMO DAS AULAS I,II UNIP-COERENCIA E COESAO

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Prévia do material em texto

Unidade I 
 
 
 
COERÊNCIA E COESÃO NA LINGUAGEM 
EM USO – ORAL E ESCRITA 
 
 
 
 
 
Prof. Adilson Oliveira 
Coerência 
 Os falantes de uma língua têm a capacidade de perceber 
o que é um texto incoerente e o que é um texto coerente 
e diferenciá-los. 
 O que é um texto? Um texto não é um amontoado de frases 
isoladas. Pode-se utilizar uma metáfora para compreender 
isso mais claramente: um texto apresenta entrelaçamento de 
palavras bem-articuladas, assim como uma teia de aranha 
deve apresentar um entrelaçamento de fios firmes. 
Conceito de texto 
 Para Bakhtin (“Marxismo e filosofia da linguagem”, 2002): 
 “Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é 
determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como 
pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente 
o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra 
serve de expressão um em relação ao outro. Através da palavra, 
defino-me em relação ao outro, isto é, em última análise, em 
relação à coletividade. A palavra é uma espécie de ponte lançada 
entre mim e os outros. Se ela se apoia sobre mim 
numa extremidade, na outra se apoia sobre o meu interlocutor. 
A palavra é o território comum do locutor e do interlocutor.” 
 
Conceito de texto 
 Para Koch (“Introdução à linguística textual”, 2009): 
“Poder-se-ia, assim, conceituar o texto, como uma manifestação 
verbal constituída de elementos linguísticos selecionados e 
ordenados pelos falantes durante a atividade verbal, de modo a 
permitir aos parceiros, na interação, não apenas a depreensão 
de conteúdos semânticos, em decorrência da ativação de 
processos e estratégias de ordem cognitiva, como também a 
interação (ou atuação) de acordo com práticas socioculturais.” 
 
Conceito de texto 
 Para Marcuschi (“Linguística textual: o que é e como se faz”, 
1983): 
“A Linguística Textual trata o texto como um ato de 
comunicação unificado num complexo universo de ações 
humanas. Por um lado, deve preservar a organização linear 
que é o tratamento estritamente linguístico, abordado no 
aspecto da coesão e, por outro lado, deve considerar a 
organização reticulada ou tentacular, não linear: portanto, 
dos níveis do sentido e intenções que realizam a coerência 
no aspecto semântico e funções pragmáticas.” 
 
Macroestruturas e microestruturas 
 A coerência depende do que existe registrado na memória 
para que o texto se torne compreensível. 
 Pode-se dizer que essa é a dimensão semântica da coerência. 
A interação entre dois usuários da língua depende das 
intenções comunicativas dos interlocutores. É ela que torna 
um texto com sentido para os usuários. Essa é a dimensão 
pragmática da coerência. 
Coerência 
A coerência é algo intrínseco ao texto? 
 Não, a coerência não está no texto, ela deve ser construída. 
Segundo Van Dijk (1983), as macroestruturas são estruturas 
globais e fundamentais para a compreensão textual, abarcando 
o conteúdo semântico global, ou seja, relacionam-se ao 
conteúdo do texto e estão subjacentes à superfície textual. 
Os recursos coesivos presentes na superfície textual 
(nível das microestruturas) têm a função de orientar 
o leitor/ouvinte na construção desse sentido. 
Coerência 
 Deve-se estabelecer, dessa forma, um sentido global para o 
texto, ou seja, uma relação significativa entre seus elementos. 
Isso só pode ocorrer a partir da interação na comunicação e 
com os elementos que o falante armazenou em sua memória 
no decorrer de sua experiência de vida. 
Coerência 
 Considerando tudo isso, o que é um texto incoerente? Texto 
incoerente é aquele no qual o receptor (leitor ou ouvinte) não 
consegue descobrir continuidade de sentido, pois o conteúdo 
não está em acordo com as informações acumuladas em 
sua memória. Por exemplo, grande parte de uma tese de 
doutorado em física quântica não fará sentido para um 
leigo nesse assunto. 
Coerência 
 Na atividade de produção textual, portanto, os interlocutores 
utilizam vários sistemas de conhecimentos que têm 
representados na memória. Portanto, o sentido não está no 
texto, mas se constrói a partir dele, no curso de uma interação. 
Interatividade 
Considere as afirmações abaixo e assinale alternativa correta. 
I. Um texto não é um aglomerado de frases. 
II. Isolando frases do texto, podemos conferir-lhe o significado 
que se deseja. 
III. Para entender qualquer passagem de um texto, é necessário 
confrontá-la com as demais partes que o compõem sob pena 
de dar-lhe um significado oposto ao que ela de fato tem. 
IV. Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da 
individualidade de quem o produziu. 
a) Apenas as alternativas I e III estão corretas. 
b) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas. 
c) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas. 
d) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas. 
e) Todas as alternativas estão corretas. 
 
Coerência 
 Para ilustrar a afirmação a partir do que foi dito nos slides 
anteriores, utilizaremos a metáfora do iceberg. 
 Como um iceberg, todo texto possui apenas uma pequena 
superfície exposta e uma imensa área imersa subjacente. 
Para se chegar ao implícito e dele extrair sentido, faz-se 
necessário recorrer a sistemas de conhecimento e ativação 
de estratégias interacionais. 
 
Coerência 
 É a coerência assim estabelecida que, em uma situação 
concreta de interlocução, vai levar os participantes a identificar 
um texto como um texto. Assim, por meio de várias “dicas”, 
representadas por elementos linguísticos de várias ordens, 
de acordo com a estrutura de cada língua, haverá 
comunicação eficaz. 
 
 
 
Coerência 
 Aliás, uma vez que a coerência não constitui uma propriedade 
do texto, o leitor/ouvinte deverá levar em conta não somente 
os elementos linguísticos que compõem o texto, mas também 
o conhecimento enciclopédico, conhecimento compartilhado, 
crenças, convicções, atitudes, intenções explícitas ou 
implícitas do texto, pressuposições, situação comunicativa 
imediata, contexto sociocultural, que, segundo Koch (1989), 
são fatores de coerência do texto. 
Coerência e conhecimento linguístico 
 Os elementos linguísticos são importantes para o 
estabelecimento da coerência, mas não entendemos 
o significado de uma mensagem com base apenas 
nas palavras e na sintaxe. 
 O conhecimento gramatical e lexical compõem o conhecimento 
linguístico. Este organiza o material na superfície textual, pelo 
uso dos elementos coesivos que a língua nos oferece para 
estruturar o texto, selecionando também o léxico. 
Coerência e conhecimento linguístico 
Veja o cartaz abaixo: 
 Palestra “Alguns aspectos da estrutura narrativa dos 
contos de Guimarães Rosa”. 
 Prof. Dr. Mário Abranches 
 Data: 20/10/2008 – Quarta-feira 
 Horário: 16 horas 
 Local: Novo Auditório 
Coerência e conhecimento linguístico 
O entendimento do cartaz de aviso depende ao menos dos 
seguintes conhecimentos (não presentes no cartaz) do 
produtor e do receptor do texto: 
 a palestra tratará de um assunto relacionado à literatura; 
 quem é o professor e se é bem-qualificado; 
 onde é o novo auditório. 
 É a coerência, portanto, que determina quais elementos vão 
constituir a estrutura superficial linguística do texto e como 
eles vão estar encadeados na sequência linguística superficial. 
As marcas linguísticas recuperam a coerência do texto. 
Coerência e conhecimento de mundo 
 O sentido de um texto depende, em grande parte, do 
conhecimento de mundo do usuário. 
 Pode haver não apenas informações adquiridas por meio 
de leituras e estudos, mas também conhecimento advindo 
de experiências vivenciadas. A partir do resgate desses 
elementos armazenados na memória, levantam-se hipóteses e 
se produzem inferências que permitem preencher as lacunas 
encontradas na superfície textual. 
Coerência e conhecimentode mundo 
 Os modelos cognitivos organizam nosso conhecimento do 
mundo, pois são blocos completos de conhecimentos 
utilizados na interação humana. 
 Entre os modelos cognitivos globais, os frames, os esquemas, 
os planos e os scripts são os tipos básicos utilizados no 
processo cognitivo para se compreender um texto. 
Coerência e conhecimento de mundo 
 Frames: são modelos globais que contêm o conhecimento 
de senso comum sobre um conceito central, ou seja, os 
elementos que logo surgem na mente quando se pensa, por 
exemplo, em férias, ceia de Natal ou carnaval. Apresentam os 
elementos que, em princípio, são componentes de um todo, 
mas não estabelecem entre eles uma ordem ou sequência. 
Coerência e conhecimento de mundo 
 Esquemas: diferem dos frames porque são modelos cujos 
elementos são ordenados em uma progressão, de modo que 
podem estabelecer hipóteses sobre o que será feito ou 
mencionado a seguir no universo textual. As ligações básicas 
são a proximidade temporal e a causalidade, sendo, pois, 
os esquemas ordenados e previsíveis. Por exemplo, ao 
entrarmos em um restaurante, sabemos que alguém 
nos atenderá, pediremos a refeição, a sobremesa e, 
em seguida, pagaremos a conta. 
Interatividade 
 
 
 
 
 
Q2. Um dos conceitos nos estudos do texto é o de contexto. Quando adotamos, para 
entender o texto, a metáfora do iceberg, que tem uma pequena superfície à flor da água 
(o explícito) e uma imensa superfície subjacente, que fundamenta a interpretação (o 
implícito), podemos chamar de contexto o iceberg como um todo, ou seja, tudo aquilo 
que, de alguma forma, contribui para a construção de sentido do texto. 
 
Leia a charge a seguir. 
 
Disponível em <webmundi.com>. Acesso em 04 out. 2015 
 
 Um dos conceitos nos estudos do texto é o de contexto. 
Quando adotamos, para entender o texto, a metáfora do 
iceberg, que tem uma pequena superfície à flor da água (o 
explícito) e uma imensa superfície que fundamenta a 
interpretação (o implícito), podemos chamar de contexto o 
iceberg como um todo, ou seja, tudo aquilo que, de alguma 
forma, contribui para construção de sentido do texto. 
 Leia a charge a seguir: 
Interatividade 
Considere as afirmações abaixo relativas ao que foi exposto 
anteriormente. 
I. A ambiguidade instaura-se no texto imagético apresentado, 
no momento em que não conseguimos entender a inserção do 
último elemento na mensagem veiculada. Mesmo conhecendo 
o contexto socioeconômico-político atual, não é possível 
entender o texto como um todo. 
II. Além dos elementos linguísticos, a leitura do texto 
imagético demanda a (re)ativação de outros conhecimentos 
armazenados na memória que nos possibilitam, por exemplo, 
situar a charge no momento atual, relacionando-a às questões 
relativas ao universo da globalização. 
 
 
Interatividade 
III. A evolução veiculada na charge refere-se à evolução da 
humanidade, porém o último elemento apresentado (da 
esquerda para a direita) não faz parte dessa evolução, já que 
acrescenta um elemento inusitado. Desse modo, a leitura 
torna-se difícil, pois esse elemento novo quebra a linha de 
tempo estabelecida pelo autor do texto. 
Está correto o que se afirma apenas em: 
a) I. 
b) II. 
c) III. 
d) II e III. 
e) I e III. 
 
Coerência e conhecimento de mundo 
 Superestruturas: um tipo particular de esquema são as 
superestruturas ou esquemas textuais. Elas representam 
estruturas globais que caracterizam qualquer texto, 
enquadrando-o em esquemas particulares de articulação 
sintática também global. Essa estrutura possui caráter 
convencional e é reconhecida pela maioria dos falantes de 
uma comunidade linguística. Por exemplo: textos narrativos 
(uma sequência de ações até o desfecho), textos dissertativos 
(introdução, desenvolvimento e conclusão) e textos descritivos 
(predomina a caracterização de ambientes, objetos e pessoas). 
Coerência e conhecimento de mundo 
 Planos: são modelos globais de acontecimentos e estados 
que conduzem a uma meta pretendida. Além de terem todos 
os elementos em uma ordem previsível, levam a um fim 
planejado. Um manual de instruções para a montagem 
de um aparelho é um bom exemplo. 
 
 
 
 
Coerência e conhecimento de mundo 
 Scripts: são planos estabilizados. Os participantes 
desempenham papéis específicos em ações previstas. Diferem 
dos planos por conterem uma rotina preestabelecida. Trata-se 
de um todo sequenciado de maneira estereotipada, inclusive 
em relação à linguagem, ou seja, com formas linguísticas 
cristalizadas e adequadas a um determinado contexto. Em 
rituais religiosos, por exemplo, aparecem esses estereótipos. 
Em uma cerimônia de casamento há uma sequência de ações 
previsíveis e espera-se que o padre diga “Eu vos declaro 
marido e mulher”. 
Os eixos de análise textual – coerência 
 A coerência faz parte do nível macroestrutural de análise. Esse 
nível refere-se às relações de coerência textual, responsáveis 
por construir a significação global no texto pelos processos de 
produção e compreensão textual, analisados em uma leitura 
top-down (no eixo vertical). A coerência textual é considerada 
fundamental para a textualidade, pois dela depende em grande 
parte o sentido do texto. A construção da coerência textual 
depende da organização tentacular de fatores de diversas 
ordens: linguísticos, cognitivos, socioculturais, interacionais e 
pragmáticos. 
 
Níveis de coerência 
 Coerência narrativa é a que ocorre quando se respeitam as 
implicações lógicas existentes entre as partes da narrativa. 
 A coerência argumentativa diz respeito às relações de 
implicação ou de adequação que se estabelecem entre certos 
pressupostos ou afirmações explícitas colocadas no texto e 
as conclusões que se tira deles, as consequências que se 
fazem deles decorrer. 
 Coerência figurativa diz respeito à combinatória de figuras 
para manifestar um dado tema ou à compatibilidade de 
figuras entre si. 
 
Níveis de coerência 
 Coerência temporal é aquela que respeita as leis da 
sucessividade dos eventos ou apresenta uma compatibilidade 
entre os enunciados do texto, do ponto de vista da localização 
no tempo. 
 Coerência espacial diz respeito à compatibilidade entre 
os enunciados do ponto de vista da localização espacial. 
 Coerência no nível de linguagem usado é a compatibilidade, do 
ponto de vista da variante linguística escolhida, no nível 
do léxico e das estruturas sintéticas utilizados no texto. 
 
 
Critérios de textualidade 
1. Princípio de interpretabilidade – depende da coparticipação 
dos sujeitos envolvidos na situação de comunicação e da 
intenção comunicativa. Não há textos incoerentes em si, 
eles são coerentes dentro de um contexto interacional 
e o que pode ser incoerente para um poder fazer todo 
sentido para outro. 
2. Situação comunicativa – diz respeito à situacionalidade 
que envolve a interação e interfere na produção/recepção 
do texto, podendo ser entendida em sentido estrito 
(contexto imediato) e em sentido amplo 
(contexto sociopolítico-cultural). 
Critérios de textualidade 
3. Conhecimento de mundo e conhecimento partilhado – 
conhecimento de mundo é toda memória de vida 
(social, histórica e individual) armazenada mentalmente e o 
conhecimento partilhado é a intersecção de conhecimentos 
comuns compartilhados por produtor e receptor na 
interação comunicativa. 
4. Polifonia (várias vozes) – diz respeito ao jogo de vozes e 
pontos de vista presentes no texto. Muitas vezes, a mudança 
de vozes nem sempre aparece nitidamente marcada no texto. 
 
Critérios de textualidade 
5. Inferência – relaciona-se às estratégias cognitivas que, com 
base no conhecimento de mundo, organizam e acionam os 
modelos globais de estruturas textuais: frames, esquemas, 
planos, scripts. 
6. Intertextualidade – éum fator importante para o 
processamento cognitivo do texto, na medida em que recorre 
ao conhecimento de outros textos. Todo texto traz em si, em 
níveis variáveis, um grau de intertextualidade, seja ela 
explícita (quando há indicação da fonte) ou implícita 
(quando não há indicação da fonte). 
Critérios de textualidade 
7. Intencionalidade – esse critério tem uma forte relação com a 
argumentatividade e refere-se à forma como os sujeitos usam 
textos a fim de perseguir e realizar suas intenções, de modo 
que seus textos produzam-se adequados à obtenção dos 
efeitos desejados. 
8. Informatividade – é o grau de previsibilidade informacional 
presente no texto que também está condicionado à 
intencionalidade e é regulado pelo contexto situacional mais 
amplo. O grau de informatividade vem imediatamente da 
relação “dado-novo” referente às informações do texto. 
Com base no texto a seguir, fica evidente que: 
Interatividade 
 
 
 
 
 
 
Com base no texto a seguir, fica evidente que: 
 
 
Disponível em <melissabrasil2007http://propaganda1247.mp5247>. Acesso em 02 out. 2015. 
Interatividade 
I. Para o entendimento do sentido de um texto, o conhecimento 
linguístico é insuficiente. 
II. O sentido de um texto resulta da atividade conjunta dos sujeitos 
envolvidos na interação. 
III. Os itens explícitos, e não os implícitos, possibilitam a 
identificação do sentido do texto. 
IV. No processo de leitura e produção de sentido, a situação da 
interação é de grande significação. 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
a) I, II e III 
b) II, III e IV 
c) I, III e IV 
d) I, II e IV 
e) I, II, III e IV 
 
 
 
Os eixos de análise textual – coesão 
 
 
 A coesão textual faz parte do nível microestrutural. Esse nível 
refere-se às relações coesivas lineares que dizem respeito ao 
modo como os elementos presentes na superfície textual (no 
eixo horizontal) estão interconectados por meio de recursos 
linguísticos, constituindo sequências veiculadoras de sentido. 
 
 
 
Os eixos de análise textual – coesão 
 
 
 Diferentemente da coerência, a coesão diz respeito à 
estrutura formal do texto. Trata da manifestação linguística da 
coerência e apresenta-se na forma como conceitos e relações 
subjacentes são expressos no texto. A coesão é construída por 
meio de elementos gramaticais (pronomes anafóricos, 
catafóricos, artigos, elipse, concordância, correlação entre 
os tempos verbais, conjunções etc.), que definem as 
relações entre frases e sequências de frases e no interior 
delas, e elementos lexicais, por meio da reiteração, da 
substituição e da associação. 
 
 
Tipos de coesão 
As várias possibilidades de coesão textual podem ser 
agrupadas dentro de três grandes tipos: 
1. Coesão referencial 
 Diz respeito aos elementos que têm a função de estabelecer 
referência. Não são interpretados pelo seu sentido próprio, 
mas referem-se a alguma outra coisa, relacionando o signo 
a um objeto. A coesão referencial é obtida por meio da 
substituição e da reiteração de termos. 
 A coesão referencial subdivide-se em dois tipos: 
substituição e reiteração. 
 
Tipos de coesão 
2. Coesão recorrencial 
 Esta se dá quando, apesar de retomadas estruturais, a 
informação progride, o discurso segue adiante. A coesão 
recorrencial é obtida por meio da recorrência de termos, 
paralelismo, paráfrase e recursos fonológicos. 
 
 
Tipos de coesão 
3. Coesão sequencial 
 Esta tem por função (assim como a recorrencial) fazer o texto 
progredir, encaminhar o fluxo informacional, porém não pela 
retomada de itens ou estruturas, mas pela sequenciação das 
sentenças por meio de mecanismos temporais e conectivos. 
 
 
Coesão referencial 
1. Substituição – dá-se quando um elemento é retomado ou 
antecedido por uma proforma (elemento gramatical de baixa 
densidade sêmica – o pronome, por exemplo). As proformas 
podem ser: 
 Pronominais: “Anita vendeu um carro. Ele é preto”. 
A proforma pronominal ELE retoma o referente UM CARRO. 
 Verbais: “Laura caminha todos os dias no parque da cidade. 
Armando faz o mesmo”. A proforma verbal FAZ O MESMO 
retoma o referente CAMINHA TODOS OS DIAS NO PARQUE. 
 
Coesão referencial 
 Numerais: “Evandro e Marta são primos. Ambos estudam 
numa escola do Estado”. A proforma numeral AMBOS retoma 
o referente EVANDRO e MARTA. 
 Adverbiais: “PAMELA vai a Paris todos os anos em dezembro. 
Lá faz muito frio”. 
 
Coesão referencial 
No caso da retomada do referente, tem-se uma anáfora, 
por exemplo: 
 A1) “Anita é uma moça trabalhadora e esforçada. Ela levanta 
cedo e dorme tarde, pois, para trabalhar, essa moça pega 
quatro conduções todos os dias”. 
No caso da sucessão do referente, tem-se uma catáfora, por 
exemplo: 
 A2) “Juliana só me disse isso: não quero casar com Pedro”. 
 
 
 
Coesão referencial 
 Anáfora esquemática: “Meu filho vai se casar. Ela é 
professora”. O pronome ELA retoma a ideia de que o filho 
vai se casar com uma mulher. 
 Definitivização: “Era uma vez uma princesa encantada que 
vivia presa em uma torre. A princesa era filha...”. O referente é 
introduzido indefinidamente e retomado definidamente. 
 Elipse: é a substituição por zero . 
_“O que você fez ontem o dia inteiro? 
_ Nada. 
_ Não fez nada durante o dia inteiro? 
_ Não”. 
 
Coesão referencial 
2. Reiteração – dá-se quando há repetição de certas expressões 
no texto que possuem a mesma referência. 
Os tipos de reiteração são: 
 Repetição do mesmo item lexical: “A água acabou com a 
cidade. A cidade ficou alagada. Da cidade não sobrou nada”. 
 Sinonímia: “Tião é o meu cachorro” / “Tião é o meu cão”. 
 
Coesão referencial 
 Hiperonímia: “Luciana comprou um imóvel. O apartamento 
tinha uma excelente vista”. 
 Hiponímia: “Júlia foi vendedora de carros. Os veículos eram 
de primeira linha”. 
 
Interatividade 
Leia as frases que seguem. 
I. Machado de Assis é um grande escritor brasileiro. Ele escreveu 
“Dom Casmurro”. 
II. Machado de Assis escreveu estes livros: “Dom Casmurro”, “Memórias 
póstumas de Brás Cubas”, entre outros. 
III. Ele é um grande escritor. Machado de Assis ganhou vários 
prêmios literários. 
IV. O Romantismo e o Realismo são movimentos literários nos quais 
Machado de Assis mostrou sua genialidade. Esses movimentos 
são do século XIX. 
São catafóricas apenas as frases: 
a) I, II, III e IV. 
b) II e III. 
c) III e IV. 
d) I e IV. 
e) I, II e IV. 
 
 
 
 
 
 
ATÉ A PRÓXIMA! 
Unidade II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COERÊNCIA E COESÃO NA LINGUAGEM 
EM USO – ORAL E ESCRITA 
 
 
 
 
Prof. Adilson Oliveira 
Coesão recorrencial 
 A Coesão Recorrencial é voltada à recorrência temática para 
construir o movimento dado-novo que retoma as informações 
dadas e acrescenta informações novas, fazendo fluir o texto. 
 Recorrência de termos: tem função de ênfase, intensificação e 
possibilita o fluir da informação no texto. 
 
“Irene preta 
Irene boa 
Irene sempre de bom humor...” 
(Manuel Bandeira) 
 
Coesão recorrencial 
 Paralelismo: traz estruturas (lexicais) ou ideias (do mesmo 
campo semântico) paralelas. 
 
“Eia! Eia! Eia! 
Eia eletricidade, nervos doentes da Matéria! 
Eia telegrafia sem fios, simpatia metálica do inconsciente! 
Eia túneis, eia canais, panamá, Kiel,Suez! ...”. 
(Fernando Pessoa) 
 
 
Coesão recorrencial 
 Paráfrase: ato de reformulação pelo qual dizemos a “mesma 
coisa” com outras palavras, relacionando texto-fonte e 
texto-derivado. 
 Recursos fonológicos: “a forma fonética é uma consequência 
da estrutura semântica fornecida pela sintaxe”, considerando-se 
nesse aspecto os funcionamentos pragmáticos, estilísticos 
e psicolinguísticos da produção textual. 
Os recursos fonológicos podem ser de dois tipos: 
 segmentais: aliteração, assonância, cacofonia etc. 
 suprassegmentais: ritmo, silêncio, entonaçãoetc. 
 
 
Coesão sequencial 
 A Coesão Sequencial refere-se ao desenvolvimento textual 
propriamente dito por procedimentos de manutenção e 
progressão temática. Na prática, é aquela que se estabelece 
por meio de conectivos, cuja função é, basicamente, ligar as 
frases e estabelecer uma relação de sentido entre elas. 
 
Coesão sequencial 
 Temporal: toda sequenciação é temporal, mas essa categoria 
quer indicar o tempo no “mundo real”. 
Aqui temos os seguintes subitens: 
 Ordenação linear dos elementos: “Levantou cedo, tomou 
café e saiu”. 
 Expressões ordenadoras ou continuadoras: “Inicialmente você 
lava os cabelos. Depois aplica a máscara capilar. A seguir você 
enxágua e escova os cabelos”. 
 Partículas temporais: “Não deixe de escovar os dentes 
à noite”. 
 Correlação dos tempos verbais: “Eu solicitei que saíssem da 
minha casa”. 
 
Coesão sequencial 
 Por conexão: subordinação dos enunciados a outros para 
contribuir para a compreensão por meio de sua 
interdependência de ordem semântica, lógica ou pragmática. 
 Operadores do tipo lógico: estabelece relações gramaticais 
lógicas de interdependência. 
→ Disjunção inclusiva – “Há vagas para moças ou rapazes”. 
→ Disjunção exclusiva – “Dilma ou Serra será eleito presidente 
do Brasil”. 
→ Condicionalidade – “Se chover, não iremos à praia”. 
→ Causalidade – “Se Sócrates é homem, então ele é mortal”. 
 
 
Coesão sequencial 
→ Mediação – “Fugiu para que não o prendessem”. 
→ Complementação – “Jéssica deu uma flor à professora”. 
→ Restrição ou delimitação – “Atropelei a moça que 
faz artesanatos”. 
 
Coesão sequencial 
 Operadores do discurso: estabelecem relações 
argumentativas, discursivas. 
→ Conjunção – “Chove e faz sol”. 
→ Disjunção – “Estude bastante para as provas. 
Ou vai querer pegar uma DP?”. 
→ Contrajunção – “Estudou muito, porém não passou no 
vestibular” [contudo / todavia / entretanto...]. 
→ Explicação ou justificativa – “Deve haver um engano, 
pois eu cheguei aqui desde ontem”. 
→ Conclusão – “Não gosto de você, portanto, 
saia da minha casa”. 
 
Coesão sequencial 
 Pausas: restabelecem a conexão entre dois enunciados, 
mesmo com a ausência do conectivo. 
 “Não mexa nesses fios; levará um choque”. 
 “Não fui ao enterro; mandei uma coroa de flores”. 
 
Interatividade 
 Leia a tirinha e as afirmativas que seguem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em <http://soumaisenem.com.br/redacao/coesao-e-coerencia/tipos- 
de-coesao-sequencial-e-recorrencial-0>. Acesso em 15 out. 2015. 
 
Interatividade 
I. Na frase “Vou ao mercado e já volto.”, há uma relação 
de oposição. 
II. Na frase “Não abra a porta para ninguém mesmo que a pessoa 
insista.”, tem-se o sentido de concessão. 
III. Na frase “E se for a felicidade?”, há uma ideia de condição. 
Está correto o que se afirma apenas em: 
a) I, II e III. 
b) II e III. 
c) I e III. 
d) I e II. 
e) II. 
 
Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
 O ensino tradicional não considera a noção de variação 
linguística. Ele torna-se ainda mais precário no que se refere ao 
trabalho: com a linguagem oral e com os níveis de formalidade 
do discurso; com a conceituação do que vem a ser o texto e 
seus critérios de textualidade; e com o processo de leitura e 
produção escrita. Infelizmente, a realidade escolar mostra sérios 
problemas relacionados à aquisição da linguagem 
escrita, envolvendo os processos de leitura e produção. 
 
 
 
Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
 O discurso oral é tomado apenas como “antimodelo”, ou seja, 
o que deve ser evitado na escrita, deixando de ser explorado 
como processo ativo na linguagem. 
 Os níveis de formalidade textual são encarados apenas como 
dois parâmetros que classificam a linguagem como formal 
(escrita) ou informal (oral), deixando de conferir ao texto 
(oral ou escrito) uma posição em uma “escala” de 
formalidade, atribuindo-lhe a propriedade de ser mais ou 
menos formal de acordo com sua natureza. 
 
Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
 O texto, na maioria das vezes, é tido como um conjunto 
de palavras a serem decodificadas sem se levar em conta 
elementos como autoria e sentido. 
 O processo de escrita é considerado como cópia do padrão da 
escrita literária e acadêmica, sem que se ensine como se dá 
esse processo, nem quais as implicações da relação entre a 
passagem da oralidade para a escrita e o exercício da 
produção textual escrita. 
 
Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
 É urgente buscar soluções no sentido de se adotar uma 
postura mais séria e comprometida que supere e redimensione 
as concepções tradicionais de ensino de língua, veiculadas 
convencionalmente nas escolas. Assim, justifica-se a ênfase 
na importância acerca da reflexão sobre um “continuum” 
na relação fala/escrita e suas implicações na aquisição 
da linguagem escrita e processos de leitura e produção, 
para uma aprendizagem mais proveitosa e adequada. 
 
Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
 Outro ponto merecedor de destaque é que refletir sobre a 
relação oralidade/escrita inevitavelmente traz à tona questões 
relacionadas à variação linguística e, nesse sentido, 
é importante refletir sobre os aspectos teóricos que 
dizem respeito às modalidades oral e escrita em relação 
aos diferentes níveis de formalidade da linguagem e 
da variação que compõem um “continuum” fala-escrita. 
Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
 A elaboração textual está baseada em uma diversidade 
de gêneros textuais que se bem explorada, a partir das 
diversas situações do dia a dia, nos diferentes níveis de 
formalidade, tanto no que se refere a textos falados, quanto 
textos escritos, propicia uma reflexão acerca da influência 
mútua entre as modalidades oral e escrita, uma vez que 
tudo o que se fala pode se tornar escrito e vice-versa. 
Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
 Os modelos cognitivos organizam nosso conhecimento 
do mundo, pois são blocos completos de conhecimentos 
utilizados na interação humana. 
 Entre os modelos cognitivos globais, os frames, os esquemas, 
os planos e os scripts são os tipos básicos utilizados 
no processo cognitivo para se compreender um texto. 
 Exemplos de gêneros escritos: cartas, memorandos, ofícios, 
anúncios, formulários, e-mails etc. 
 Exemplos de gêneros orais: telefonemas, aulas, entrevistas de 
emprego, conferências, palestras, comunicações etc. 
 
 
 
Variação linguística 
 A variação linguística pode ser investigada tanto na oralidade 
quanto na escrita. No entanto, é interessante enfocarmos 
a fala, já que esta é uma atividade muito mais fundamental 
que a escrita na vida das pessoas. O homem é essencialmente 
um ser que fala. Entretanto, como temos visto, a escola não 
considera esse lugar da fala e confere, no ambiente acadêmico, 
uma posição inferior, desvalorizada, centralizando a atenção 
dos alunos nas atividades de escrita. 
 
Variação linguística 
 Se parar para pensar um pouco sobre a questão, o que é 
possível observar é que a atenção dada à fala no ambiente 
escolar e nos manuais didáticos é também resquício dos 
pressupostos teóricos linguísticos dos últimos séculos, 
que não mantinham uma preocupação com a fala “real”, ou 
autêntica e, portanto, desprezava a produção oral efetiva. 
“Fenômenos como a prosódia e até mesmo aspectos e efeitos 
expressivos de usos variados da língua e a própria variação 
socioletal não estavam nos horizontes da Linguística” 
(MARCUSCHI, 1997). 
 
Variação linguística 
 O ensino de língua deve garantir que a oralidade assuma 
o seu papel e o seu lugar na sala de aula e, portanto, 
deve ter em vista que variedade textual é adequada para ser 
trabalhada, considerando também a diversidade contextual. 
O principal objetivo em veicular um ensino baseado nessas 
questões é o de evitar a criação de uma concepção 
“monolítica” restrita ao modelode escrita padrão. 
 A variedade linguística tanto se faz observar na fala como 
na escrita e o estudo dessas variedades deve ser conduzido 
de maneira continuada em ambas as modalidades. 
 
Interatividade 
 Observe o anúncio abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Transcrição: “Cara, se, tipo assim, o seu filho escrever 
como fala ele tá ferrado”. 
 
Interatividade 
Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à mão que 
aborda a questão das atividades linguísticas e sua relação com as 
modalidades oral e escrita da língua. Esse comentário deixa 
evidente uma posição crítica quanto a usos que se fazem da 
linguagem, enfatizando ser necessário: 
a) Implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltura, 
naturalidade e segurança no uso da língua. 
b) Conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para a 
obtenção de clareza na comunicação oral e escrita. 
c) Dominar as diferentes variedades do registro oral da língua 
portuguesa para escrever com adequação, eficiência e correção. 
d) Empregar vocabulário adequado e usar regras da norma padrão 
da língua em se tratando da modalidade escrita. 
e) Utilizar recursos mais expressivos e menos desgastados da 
variedade padrão da língua para se expressar com alguma 
segurança e sucesso. 
 
Língua falada 
É de fundamental importância ter em mente que a língua falada é: 
 variável de cultura para cultura; 
 de sociedade para sociedade; 
 de grupo para grupo; 
 de situação para situação; 
 de indivíduo para indivíduo; 
 a visão do dialeto padrão uniforme é uma visão teórica que não 
tem constatação no mundo real, não há um equivalente 
empírico para essa sistematização da língua(gem). 
 
Ensino de língua 
 Assim, não podemos perder de vista, no ensino de língua 
materna, noções como: 
 
 
 
 
Padrão 
Norma 
Jargão 
Dialeto 
Gênero 
 
 
Gíria 
Variante 
Sotaque 
Registro 
Estilo etc. 
 
 
Análise dos níveis de formalidade 
 Outro aspecto que não devemos perder de vista é a análise dos 
níveis de formalidade (+/- Formal; +/- Informal) e dos níveis de 
uso da língua e suas funções e valores sociais do mais ao 
menos formal, tanto na escrita quanto na fala, sem que tal 
abordagem se prenda restritamente à observação lexical. 
 
Análise dos textos orais 
 A análise dos textos orais pode revelar as relações mútuas e 
diferenciadas que a fala mantém com a escrita, influenciando 
uma à outra nos diferentes processos de aquisição da escrita. 
 O estudo da oralidade pode revelar a contribuição da fala na 
formação sociocultural e na preservação de tradições orais 
que persistem mesmo em culturas decisivamente letradas. 
Além disso, viabiliza, também, a investigação das diferenças 
e semelhanças nas atividades que relacionam fala e escrita, 
facilitando a abordagem da diversidade de processos de 
contextualização inserida nas produções orais e escritas. 
 
Desafios para as obras didáticas: aprender a lidar com 
a variação linguística em seus mais variados aspectos 
 
 Variação sociolinguística. 
 Variação dialetal. 
 Variação de registros e níveis de fala. 
 Variação de gêneros textuais realizados na fala. 
 Variação de estratégias organizacionais da interação verbal. 
 Variação de estratégias comunicativas. 
 Variação de estratégias e processos de compreensão 
na interação. 
 Variação de situações sociocomunicativas. 
 Variação de construções sintáticas. 
 Variação de seleção lexical. 
 
 
Fala e escrita: peculiaridades próprias 
 A Fala e a Escrita são duas modalidades de uso da língua 
que se utilizam do mesmo sistema linguístico, mas têm suas 
próprias peculiaridades. Isso não significa que devam ser 
encaradas de maneira dicotômica (oposta, sendo uma 
superior e outra inferior). 
 Marcuschi (2007) deixa bem clara a natureza do “continuum” 
tipológico, mostrando que as diferenças entre oralidade e 
escrita dão-se dentro de um “continuum” tipológico das 
práticas sociais de produção de texto e não na relação 
dicotômica de dois polos opostos. 
Visão de alguns autores na década de 1960 
 Fala Escrita 
Contextualizada Descontextualizada 
Implícita Explícita 
Redundante Condensada 
Não planejada Planejada 
Predominância do “modus 
pragmático” 
Predominância do “modus 
sintático” 
Fragmentada Não fragmentada 
Incompleta Completa 
Pouco elaborada Elaborada 
Visão de alguns autores na década de 1960 
 
 
Fala Escrita 
Pouca densidade informacional Densidade informacional 
Predominância de frases curtas, 
simples e coordenadas 
Predominância de frases 
complexas e subordinadas 
Pequena frequência de 
passivas 
Emprego frequente de passivas 
Poucas nominalizações Abundância em nominalizações 
Menor densidade lexical Maior densidade lexical 
Linhas gerais 
 Em linhas gerais, é possível considerar que as características 
apresentadas não são exclusivas nem de uma nem de outra 
modalidade e que elas foram estabelecidas a partir dos 
parâmetros da escrita por visão preconceituosa que 
discriminava a fala. 
 Nesse sentido, é mister entender que a fala possui 
características próprias, particulares à sua situação 
enunciativa, sua forma de organização e realização. 
Características essenciais da natureza da fala 
 Devido a sua interacionabilidade intrínseca, a fala é, a priori, 
“não planejável”. Ela precisa ser apenas “localmente 
planejável”. 
 Possui sua verbalização e planejamento concomitantes, 
pois esses processos emergem no momento da interação 
– a fala é o seu próprio rascunho. 
 Apresenta descontinuidades frequentes no fluxo 
discursivo: abandono de tópicos discursivos; retomadas de 
tópicos discursivos, inserções abruptas de novos tópicos 
discursivos, truncamentos etc. 
 
Características essenciais da natureza da fala 
 Sintaxe característica/típica ligada, de certa forma, à sintaxe 
geral da língua. Um exemplo é a topicalização: “Esse menino 
eu não sei se tomou banho hoje”; “A violência, falta de 
segurança, eu não me acostumo com esse ritmo de 
grandes metrópoles no Brasil”. 
 Fala é processo, portanto, é dinâmica: não é um produto 
pronto e acabado, pois está continuamente se (re)fazendo, 
indo-e-voltando nos tópicos de interesse dos interlocutores, 
definindo-se em razão de necessidades, escolhas e pressões 
comunicativas da interação. 
 
 
 
Interatividade 
 
 
 O trecho a seguir é parte da transcrição de uma entrevista 
oral, concedida por uma senhora de 84 anos, moradora de 
Barra Longa (MG). Pertence ao corpus de uma pesquisa 
realizada na cidade, envolvendo pessoas idosas com pouca 
ou nenhuma escolaridade e que não habitaram outros lugares. 
A entrevistada fala sobre a existência da figura folclórica 
do lobisomem. 
 “é... eu veju contá qui u... a mulher tava isfreganu ropa.... i 
quanu ea istendeu ropa nu secadô veiu um leitãozim... i pegô 
a fuçá a ropa dela... ea foi... cua mão chuja di sabão ea deu 
um tapa assim nu... nu... nu... nu fucim du leitão... u leitão 
sumiu.... quanu ea veiu i chegô dentru di casa... ea tinha 
dexadu u mininu nu berçu... quanu ea chegô u mininu tava 
choranu... eli tava cua marca di sabão.” 
[Adaptado de: AMARAL, E. T. R. A transcrição das fitas: abordagem preliminar. In: MEGALE, H. (Org.). 
Filologia bandeirante. São Paulo: Humanitas; FAPESP, 2000. p. 195-208 (Estudos, 1.)] 
 
Interatividade 
Leia o enunciado e julgue as assertivas que seguem. 
 O texto falado possui alguns recursos próprios, particulares 
à sua situação enunciativa, que, em um modo contínuo de 
representação, muitas vezes, afastam-no dos mecanismos 
da produção escrita. Nesse sentido, a partir da entrevista 
oral da senhora, é adequado dizer que: 
I. A fala possui muitos recursos expressivos (expressão facial, 
gesticulação etc.), bem como a entonação das palavras. 
Na transcrição da entrevista, a maneira de reprodução 
e representação direta dos recursos entonacionais foi a 
utilização dos sinais gráficos, como as reticências e a 
repetição das palavras, como ocorre com “nu”. 
II. A fala permitea repetição e a redundância, uma 
vez que o planejamento e a execução do texto 
acontecem simultaneamente. 
Interatividade 
III. A fala demonstra aspectos como a descontinuidade 
discursiva, ou seja, retomadas de tópicos discursivos, 
truncamentos de ideias etc. 
Indique a alternativa correta. 
a) Apenas a afirmativa I está correta. 
b) Apenas a afirmativa II está correta. 
c) Apenas a afirmativa III está correta. 
d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
e) As afirmativas I, II e III estão corretas. 
 
 
 
Principais interferências da oralidade na escrita 
 
 
 Questão de referência: na oralidade, muitas vezes, os 
referentes são recuperados no próprio contexto (basta apontar, 
por exemplo), dispensando assim que os falantes precisem 
explicitá-los sempre. Mas na escrita não é bem assim, pois 
por ser não presencial há a necessidade de explicitar 
sempre os referentes, por meio das marcas linguísticas. 
 
 
 
 
Principais interferências da oralidade na escrita 
 
 O trecho abaixo revela a produção escrita de um sujeito que 
ainda não consegue diferenciar bem os usos da situação oral 
dos da escrita. 
 Exemplo: “... certo dia um homem muito rico mudou-se, 
para perto da fazenda do pobrehomem. Ese homen era mau e 
iguinorante. Assim que soube se sua existência, dia e noite 
não parava de atormentá-lo, então ele disse...” (KOCH, 1997). 
 
 
 
Principais interferências da oralidade na escrita 
 
 Repetições: no texto falado, a repetição é muito frequente, 
aliás ela é um dos seus mecanismos de organização, 
desempenhando funções didáticas, sintáticas, argumentativas, 
enfáticas etc. O trecho abaixo revela a interferência clara 
de um recurso da fala na escrita. 
 Exemplo: “... já estavam chegando no final da gruta andaram 
andaram-andaram chegaram no final da gruta virão o bau-cheio 
de joias moedas voutaram para casa e ficaram muito felizes.” 
(KOCH, 1997). 
 
 
 
Principais interferências da oralidade na escrita 
 Uso de organizadores textuais: são continuadores tópicos 
da fala, por exemplo: e, aí, daí, então, daí então etc. Os textos 
das crianças são ricos em organizadores textuais típicos da 
oralidade. 
 Exemplo: “era uma vês un castelo abandonado e um dia 2 
mininos pobres que tinham passado por lá. comesaram a 
reformar o castelo e o tempo foi pasando e a notícia se espahol 
e os mininos creseram e finalmente o castelo ficol pronto os 
mininos foram entrando e lá dentro tinha 8 cuartos.” 
(KOCH, 1997). 
 
 
 
Principais interferências da oralidade na escrita 
 Justaposição de enunciados sem marca de conexão explícita: 
é comum, nos textos, enunciados justapostos, sem elementos 
explícitos de conexão, ligação ou transição. O sujeito que 
está adquirindo a modalidade escrita ainda não aprendeu 
os mecanismos sequenciadores próprios dessa modalidade 
e mistura à escrita o padrão oral. 
 Exemplo: “Entraram na gruta com lanterna [/] primeiro foi 
o leão muitos tigres e onças depois foi milhares de cobras 
e serpente e la no teto é cheio de morcegos [/] já estavam 
chegando no final da gruta [/] andaram andaram-andaram 
[/] chegaram no final da gruta [/] virão o bau-cheio de joias 
moedas [/] voutaram para casa e ficaram muito 
felizes.”(KOCH, 1997). 
 
 
Principais interferências da oralidade na escrita 
 Discurso citado: o discurso citado é manifestado 
prioritariamente no estilo direto que o mais frequente na 
oralidade, em geral, sem a presença de um verbo que 
introduza a fala do outro (fulana disse:, fulana resmungou:, 
fulana gritou:). O sujeito ainda não aprendeu os mecanismos 
sequenciadores próprios da modalidade escrita e mistura a 
ela a estrutura mais típica da oral que é a que ele melhor 
conhece. 
 Exemplo: “Dez oras depois o Lucas vil um navio pirata 
elegrito gente vamos nos conder um navio pirata sea prosima 
vamologo ja sei vamos nos esconder na quela caverna certo 
elá atras sera que é perigos ela fora rárá vamos ficaricos maos 
pirtas não acharão droga vam em bora viva camos ricos e 
turma vou ta para casa. Fim.” (KOCH, 1997). 
 
 
Principais interferências da oralidade na escrita 
 Segmentação gráfica: também é comum que a segmentação 
gráfica, em textos de sujeitos iniciantes na modalidade escrita, 
seja feita em função do que ele ouve. É curioso notar que a 
criança, por vezes, tentando acertar a segmentação gráfica 
adequada, acaba dividindo no meio algumas palavras ou 
juntando outras em uma só. 
 Exemplo: “sabiacomoaranjar, arainha, poriso, aguera, 
masantesdiso, convoce, masnã, elegrito, vamologo.” 
(KOCH, 1997). 
 
 
 
 
Principais interferências da oralidade na escrita 
 Grafia correspondente à palavra: ou sequência de palavras tal 
como pronunciadas oralmente, isto é, reproduzindo o que a 
criança ouve. 
 Exemplos: “virão (=viram), vamos nos conder (=nos esconder), 
perigos (=perigoso), maos piratas (=mas os), espahol 
(=espalhou), ficol, partil, vil (=viu)” (KOCH, 1997). 
 
 
Principais interferências da oralidade na escrita 
 Correções feitas da forma como se fazem no texto oral: 
assim como na fala, o sujeito não apaga ou risca a forma que 
considera inadequada, mas justapõe a esta a forma corrigida. 
 Exemplo: “Chegando lá a turma rezol rezolvrão to(mar) banho 
de cachoeira mas algen esquso o maio...” (KOCH, 1997). 
 
 
Coesão na conversação 
Coesão referencial – reiteração, repetição do mesmo 
item lexical por: 
 autorrepetição: “... ele já ia à escola da manhã que eu comecei 
quando eu comecei trabalhar... comecei a trabalhar há dois 
anos... e quer dizer então... ele já à escola de manhã”. 
 
 heterorrepetição: “L1 – nós somos:: seis filhos 
 L2 – e a do marido? 
 L1 – e a do marido... eram doze agora 
 são onze...” 
 
 
Coesão na conversação 
 Coesão recorrencial – paráfrase: “Contexto: o tópico que se 
desenvolve é mercado de trabalho, especificamente, a “procura 
de engenheiro”. 
 “L2 ... a grande maioria é engenheiro administradores 
economistas 
 L1... é que a gente está na:: na espera da tecnologia, né?... 
 L2 [mas engenheiro o peso é muito grande...” 
 
Coesão na conversação 
 Coesão sequencial – por conexão: “Contexto: o tópico que 
vem se desenvolvendo é o do planejamento familiar”. 
 “L1 e:: nós havíamos programado Nove ou dez filhos... 
não é? ... 
 L2 a sua família é grande? 
 L1 nós somos:: seis filhos 
 L2 e a do marido? 
 L1 e a do marido... eram doze agora são onze... 
 
Interatividade 
 Leia o enunciado e analise as assertivas a seguir. 
 Considere a transcrição de um texto escrito em uma placa 
colocada em um edifício em construção. 
 
 
 
 
 
 Esse recado pode ser considerado um texto e, para tanto, 
devemos considerar que: 
 
 
“ATENÇÃO 
Esta obra não se responçabelisa por cual 
quer danos que aja nas viatura junto a obra” 
 
Interatividade 
I. O texto não possui uma estrutura pronta e acabada, 
mas pertence a um processo com atividades globais 
de comunicação, ou seja, o planejamento, a verbalização 
e a construção. 
II. As atividades de comunicação envolvem aspectos 
linguísticos, semânticos e pragmáticos. 
III. O texto é um produto de um processo comunicativo 
estabelecido pela relação entre os sujeitos da produção; 
e, a partir dela, poderá fazer sentido. 
Indique a alternativa correta. 
a) I, II e III. 
b) I e II. 
c) II e III. 
d) I e III. 
e) III. 
 
 
 
 
 
 ATÉ A PRÓXIMA! 
	Slide Number 1
	Coesão recorrencial
	Coesão recorrencial
	Coesão recorrencial
	Coesão sequencial
	Coesão sequencial
	Coesão sequencial
	Coesão sequencial
	Coesão sequencial
	Coesão sequencial
	Interatividade
	Interatividade
	Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
	Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
	Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
	Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
	Texto oral e texto escrito: algumasconsiderações 
	Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
	Texto oral e texto escrito: algumas considerações 
	Variação linguística
	Variação linguística
	Variação linguística
	Interatividade
	Interatividade
	Língua falada
	Ensino de língua
	Análise dos níveis de formalidade
	Análise dos textos orais
	�Desafios para as obras didáticas: aprender a lidar com a variação linguística em seus mais variados aspectos�
	Fala e escrita: peculiaridades próprias
	Visão de alguns autores na década de 1960
	Visão de alguns autores na década de 1960
	Linhas gerais
	Características essenciais da natureza da fala
	Características essenciais da natureza da fala
	��Interatividade� �
	Interatividade
	Interatividade
	��Principais interferências da oralidade na escrita� �
	�Principais interferências da oralidade na escrita�
	�Principais interferências da oralidade na escrita�
	Principais interferências da oralidade na escrita 
	Principais interferências da oralidade na escrita 
	Principais interferências da oralidade na escrita 
	Principais interferências da oralidade na escrita 
	Principais interferências da oralidade na escrita 
	Principais interferências da oralidade na escrita 
	Coesão na conversação
	Coesão na conversação
	Coesão na conversação
	Interatividade
	Interatividade
	Slide Number 58

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