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TCC - Dieta a base de plantas

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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE
VEGETARIANISMO E VEGANISMO
ALEXANDRE GOMES RODRIGUES
A DIETA À BASE DE PLANTAS NA ALIMENTAÇÃO DO BRASILEIRO COMO FORMA DE PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA ATEROSCLEROSE
CAMPOS DOS GOYTACAZES
2022
A DIETA À BASE DE PLANTAS NA ALIMENTAÇÃO DO BRASILEIRO COMO FORMA DE PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA ATEROSCLEROSE 
Alexandre Gomes Rodrigues1
RESUMO: Os brasileiros consomem alimentos processados e ultraprocessados ricos em açúcares, gorduras, corantes e sódio em grandes quantidades por sua comodidade na correria do dia a dia. E essa queda na qualidade alimentar da população brasileira está associada ao aumento da taxa de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis no Brasil, principalmente as doenças cardiovasculares. Mas a mudança nesses hábitos alimentares pode ocorrer através da adoção de uma dieta à base de plantas, que prioriza os vegetais, ou seja, alimentos in natura ou minimamente processados, como base da alimentação. Portanto, este trabalho teve como objetivo geral, analisar a associação de uma dieta à base de plantas com a prevenção e tratamento da aterosclerose e sua aplicabilidade na dieta brasileira. A metodologia foi a revisão literária realizada entre os meses de julho de 2021 a fevereiro de 2022, baseada em análise descritivo-reflexiva dos referenciais bibliográficos no formato de livros e artigos técnicos disponíveis nas bases de dados Scielo e PubMed. Os estudos mostraram uma associação positiva entre o consumo de carnes processadas e ultraprocessadas e o risco de desenvolvimento de aterosclerose, enquanto consumir uma dieta baseada em vegetais, juntamente com mudanças no estilo de vida estão inversamente relacionados a esse risco, podendo prevenir ou estabilizar a doença. Pode-se concluir que, embora a doença cardiovascular seja a principal causa de morte no Brasil, sua prevenção e tratamento são fatores diretamente relacionados ao estilo de vida dos brasileiros e a dieta à base de plantas revela-se muito promissora no manejo e prevenção da aterosclerose.
PALAVRAS-CHAVE: Dieta à Base de Plantas. Doença Cardiovascular. Aterosclerose. Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Alimentos Processados e Ultraprocessados.
INTRODUÇÃO
Os brasileiros podem ter seus hábitos alimentares formados por meio de vários aspectos, como renda familiar, preferências por determinados alimentos, rotinas de trabalho e vida diária. Sendo assim, os alimentos processados ​​e ultraprocessados ​​ricos em açúcares, gorduras, corantes e sódio são consumidos em grandes quantidades por sua comodidade na correria do dia a dia. Mas a mudança gradual nos padrões alimentares pode ser iniciada com o aumento do consumo de frutas e hortaliças, e uma dieta à base de plantas apresenta os vegetais como protagonistas da alimentação, como tubérculos, frutas, sementes, óleos, grãos integrais e leguminosas. E além disso, o Brasil ainda é um dos poucos países do mundo com clima favorável à adesão dessa dieta.
Essa queda na qualidade alimentar da população brasileira está associada ao aumento da taxa de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil, principalmente as doenças cardiovasculares (DCV). O aumento dessas doenças pode estar ligado também ao consumo de carne vermelha e outras proteínas de origem animal, como ovos e leite, pois à presença de gordura saturada encontrada nesses alimentos tornam as artérias mais predispostas ao entupimento. E esse quadro é caracterizado como aterosclerose, ou seja, uma manifestação da DCV que pode ser assintomática e inicia-se a partir de níveis elevados de colesterol, que se acumulam na parede dos vasos sanguíneos e causam inflamação e acúmulo de gordura.
Um estudo epidemiológico de fatores de risco para DCNT, avaliou exclusivamente o Brasil e constatou que a DCV foi a principal causa de morte em 2016, com uma curva ascendente nos dados epidemiológicos dos últimos 10 anos, e em 2018 mais de 17 milhões de óbitos, sendo mais de 3 milhões antes dos 60 anos. Uma pesquisa feita em 2016 mostrou que 53,8% da população estava com sobrepeso, e a obesidade aumentou 60% em uma década, que é um fator diretamente relacionado ao desencadeamento da doença. Além de outros fatores, como alimentação ruim, com alto consumo de calorias, sódio, gorduras saturadas e gorduras trans, tabagismo, consumo excessivo de álcool e sedentarismo, que estão associados ao desenvolvimento das DCV, que matam 41 milhões de pessoas a cada ano. E a morte prematura por DCV reduz a produtividade e o desempenho econômico e representa um desafio de saúde pública na maioria dos países.
Com base no fato de que vários estudos mostram que alguns dos fatores de risco que levam às DCV podem ser modificados, uma dieta baseada em vegetais, com alimentos in natura ou minimamente processados, contendo antioxidantes como polifenóis e com baixo teor de açúcar, sal e gordura, influencia no bom funcionamento de todo o corpo e pode ajudar a prevenir ou estabilizar a aterosclerose. Juntamente com mudanças no estilo de vida, como manter um peso saudável, uma vez que a obesidade é fator contribuinte para o agravamento da doença, manter exercícios regulares, parar de fumar, sono de qualidade e controle do estresse, para a promoção da saúde.
Portanto, este trabalho teve como objetivo geral, analisar a associação de uma dieta à base de plantas com a prevenção e tratamento da aterosclerose e sua aplicabilidade na dieta brasileira. E como objetivos específicos, explanar o consumo de alimentos processados e ultraprocessados pela população brasileira e sua implicação no desenvolvimento de DCNT; descrever e evidenciar a importância da dieta à base de plantas na prevenção das DCV de forma a promover a saúde; e destacar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da aterosclerose e os impactos na saúde em decorrência desta situação.
O presente estudo se justifica com base no atual cenário político, econômico e social, onde os casos de mortes por DCNT, mais especificamente as DCV, se tornam mais frequentes e ganham repercussão na mídia. Nesse caso, a proposta é fazer uma análise sobre as possíveis correlações que levam ao desenvolvimento dessas doenças na população brasileira e os mecanismos de uma dieta à base de plantas para combater esse problema. Sendo assim, vale salientar que esse é um tema de alta relevância e prevalência na atualidade, que estabelece bases para futuros estudos.
A pesquisa bibliográfica foi a revisão literária realizada entre os meses de julho de 2021 a fevereiro de 2022, baseada em análise descritivo-reflexiva dos referenciais bibliográficos no formato de livros e artigos técnicos disponíveis nas bases de dados Scielo e PubMed. Para os descritores foram utilizados os termos: dieta à base de plantas, doença cardiovascular, aterosclerose, doenças crônicas não transmissíveis, alimentos processados e ultraprocessados. Como critérios de inclusão foram observados a disponibilidade na íntegra dos artigos nacionais e internacionais e a publicação no período entre 2012 e 2022, priorizando os últimos 10 anos, sendo apenas admitido alguns artigos publicados antes desse período, ao qual exprimiram importância significativa devido ao seu conteúdo relacionado com o assunto. Os critérios de exclusão foram baseados no artigo não se encontrar disponível na íntegra e, apesar de apresentarem os descritores selecionados, o escopo não expor relação direta à temática proposta.
DESENVOLVIMENTO
Uma alimentação ruim, com alto consumo de calorias, sódio, gorduras saturadas e gorduras trans, tabagismo, consumo excessivo de álcool e sedentarismo são fatores de risco para a epidemia de DCNT, como por exemplo, dislipidemia, DCV e alterações nos níveis de colesterol, que matam 41 milhões de pessoas a cada ano, ou seja, 71% de todas as causas de morte. Entre as DCNT, 44% das mortes são causadas por DCV, que na maioria das vezes estão associadas à obesidade, e são a principal causa de morte no mundo (REIS; TOURINO; FERREIRA, 2015; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018).
Em 2016, o GlobalBurden of Disease, principal estudo epidemiológico de fatores de risco de DCNT, avaliou exclusivamente o Brasil e constatou que a DCV foi a principal causa de anos de vida perdidos, seguida pela violência. Mais de 17 milhões de pessoas morreram da doença em 2018, mais de 3 milhões delas antes dos 60 anos, e essas mortes eram evitáveis. A morte prematura por DCV reduz a produtividade e o desempenho econômico e representa um desafio de saúde pública na maioria dos países (MARINHO et al., 2018).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), estima-se que 383.961 pessoas morreram de DCV em 2017 e ao analisar os dados dos últimos 10 anos, a curva mostra-se claramente ascendente. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou 1,27 milhões de óbitos no país no mesmo ano, ou seja, 30,23% das mortes no Brasil foram por DCV. A pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) de 2016 mostrou que 53,8% da população estava com sobrepeso, e a obesidade aumentou 60% em uma década, passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. Fator diretamente relacionado ao desencadeamento da doença (ASSOCIAÇÃO DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES DO BRASIL, 2020; BRASIL, 2017; STEELE et al., 2017).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) assegura que a obesidade pode ser descrita como uma doença multifatorial causada pelo acúmulo de gordura, que está associada a riscos para a saúde devido à sua relação com complicações metabólicas, como aumento dos níveis de colesterol, triglicerídeos sanguíneos e da pressão arterial (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
O crescimento econômico não se resume a um melhor consumo de alimentos, acredita-se que ao invés de melhorar seus hábitos alimentares e qualidade alimentar, o brasileiro se vê melhor financeiramente e tem aumentado o consumo de alimentos processados ​​e ultraprocessados ​​ricos em açúcares, gorduras, corantes e sódio, além de reduzir o consumo de alimentos integrais, como frutas e verduras. Essa mudança gradual nos padrões alimentares se deve à rápida urbanização, mudanças nos estilos de vida e produção em massa de alimentos processados (MILL, et al., 2019; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2020; SANTOS et al., 2019).
Os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 mostram que mais de 45% dos produtos da mesa diária no Brasil são processados, ultraprocessados ​​ou similares. No Sudeste, essa proporção foi ainda maior, com 53,8%, e esse comportamento afeta diretamente o estado de saúde atual (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2019).
Os hábitos alimentares brasileiros podem ser estabelecidos por meio de vários aspectos, como renda familiar, preferências por determinados alimentos, rotinas de trabalho e vida diária. Os alimentos industrializados são consumidos em grandes quantidades por sua comodidade na correria do dia a dia. Os ingredientes dos produtos industrializados contêm aditivos ricos em sódio, o que pode levar as pessoas a consumirem grandes quantidades desse componente, assim, ultrapassa excessivamente o seu consumo diário recomendado pela legislação (SILVA; COUTINHO; AZEVEDO, 2015).
Essas mudanças nos padrões alimentares da população estão associadas ao aumento da taxa de obesidade e DCNT no Brasil. O aumento dessas doenças se deve ao consumo excessivo de açúcar, sódio, gorduras saturadas e trans, e redução do consumo de fibras, se comparados aos alimentos in natura ou minimamente processados​ (MONTEIRO et al., 2010).
Diante dessa situação, o Ministério da Saúde (MS) adotou uma estratégia de minimizar esses índices utilizando a alimentação brasileira como ferramenta. O objetivo do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis é preparar o Brasil para responder e conter as DCNTs até 2022. E, entre os objetivos deste plano, podemos destacar os mais relevantes para as DCV, como a redução da prevalência de obesidade na população e o aumento do consumo de frutas e hortaliças (BRASIL, 2011).
A doença aterosclerótica é uma importante manifestação da DCV e pode ser assintomática. Inicia-se a partir de níveis elevados de colesterol, principalmente o “ruim” (LDL), que se acumulam na parede dos vasos sanguíneos e causam inflamação e acúmulo de gordura, que dão origem às placas de ateroma. As placas podem estreitar os vasos, e a inflamação gera uma resposta fagocitária dos monócitos. Estes evoluem para macrófagos que se transformam em células espumosas após captarem o colesterol oxidado, e posteriormente, em estrias gordurosas. Pode haver a formação de um trombo através da ruptura da placa de ateroma, esse processo atrai plaquetas e ativa a coagulação, que pode resultar em diminuição do fluxo sanguíneo, um dos principais determinantes de manifestações clínicas da aterosclerose, como o infarto (HEALTHY-HEART.ORG, 2022; RAYMOND; COUCH, 2018).
Vários estudos mostraram que uma dieta balanceada à base de plantas influencia no bom funcionamento de todo o corpo e ajuda a prevenir e melhorar a aterosclerose. Uma dieta baseada em vegetais é definida como uma dieta baseada em plantas e alimentos integrais em suas formas mais naturais, completas, não refinadas e menos processadas. Consiste principalmente em verduras, tubérculos, frutas, sementes, óleos, grãos integrais e leguminosas. Além de ser pobre em gordura saturada, gordura trans, sódio, açúcar e grãos refinados, exclui ou minimiza-se o consumo de proteína animal, leite e derivados, ovos e alimentos altamente industrializados (ALEIXO et al., 2020; FREEMAN et al., 2017; SATIJA; HU, 2018).
Consumir uma dieta baseada em vegetais, juntamente com mudanças no estilo de vida, pode prevenir ou estabilizar a aterosclerose. Essa afirmação é apoiada pelo estudo “Lifestyle Heart Trial”, no qual 82% dos pacientes com DCV que seguiram um programa de modificação do estilo de vida tiveram algum grau de regressão da aterosclerose e 91% teve redução na frequência de episódios de angina, e 53% do grupo de controle apresentaram progressão da aterosclerose após serem alimentados com a dieta recomendada pela American Heart Association (ORNISH et al., 1998).
Em um estudo norte-americano, mais de 7.000 pacientes tiveram uma redução do risco de desenvolver doenças coronarianas, ao mudar sua ingestão de gordura saturada para carboidratos de grãos integrais e/ou de ácidos graxos monoinsaturados (AGM) e ácidos graxos poliinsaturados (AGP). A redução foi de 25% (quando trocado por AGP), 15% (AGM) e 9% (carboidratos de grãos integrais) (LI et al., 2015).
Um estudo de revisão em 2015, propôs um mecanismo pelo qual uma dieta baseada em vegetais pode prevenir aterosclerose e eventos cardiovasculares. Isso inclui prevenir danos ao endotélio, comendo alimentos com baixo teor de açúcar, sal e gordura; prevenir a oxidação do LDL aumentando a ingestão de frutas e vegetais frescos contendo antioxidantes como polifenóis; e prevenção da ativação de macrófagos, pela redução da ingestão de carne vermelha da dieta, exercícios e redução do estresse, o que demonstram claramente a eficácia da dieta em face da doença (TUSO; STOLL; LI, 2015).
Vita (2005) sugeriu que a redução do risco de aterosclerose pode estar relacionada aos efeitos benéficos dos polifenóis na função das células endoteliais. De acordo com estudos de cultura de células, os polifenóis têm efeitos positivos nas principais etapas da aterogênese, como oxidação de LDL, liberação de óxido nítrico, inflamação, estresse oxidativo, adesão celular, formação de células espumosas, proliferação de células musculares lisas e agregação plaquetária.
Há muito tempo se supõe que a ligação entre o consumo de carne vermelha e o risco de doenças cardíacas se deve simplesmente à presença de gordura saturada, o que não é sem razão. Os ácidos graxos saturados de cadeia longa encontrados em alimentos como carne e manteiga tornam as artérias mais propensas ao entupimento, que é uma das causas de DCV. No entanto, um metabólito (substância produzida por meio da digestão e metabolismo) foi identificadoe diretamente relacionado à doença (ABBASI, 2019; HARVARD MEDICAL SCHOOL, 2019).
O metabolismo da L-carnitina dietética pela microbiota intestinal produz trimetilamina (TMA), que é rapidamente oxidada por uma enzima hepática, flavina monooxigenases (FMOs), e forma N-óxido de trimetilamina (TMAO), que quando é absorvido no sangue, tem propriedades inflamatórias e está associado ao desenvolvimento e progressão da aterosclerose (ROBERT et al., 2013).
Tang et al. (2013) descobriram que altos níveis plasmáticos de TMAO estavam associados a um risco aumentado de eventos cardíacos adversos, como morte, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e revascularização, em um acompanhamento de 3 anos com 4.007 pacientes.
Testes em veganos e onívoros mostraram que o tipo de microbiota intestinal é fundamental para a formação de TMAO via L-carnitina. Vegetarianos e veganos com consumo de carne cronicamente restrito não produzem TMAO ao ingerir L-carnitina, o que supõe que a microbiota intestinal pode se adaptar às preferências alimentares do hospedeiro e adquirir genes necessários para o metabolismo de nutrientes específicos. Portanto, tem sido sugerido que para reduzir os níveis de TMAO no organismo, a ingestão e a frequência de carne devem ser reduzidas, porém, quando ingeridas novamente, os níveis também aumentam novamente (BÄCKHED, 2013; HARVARD MEDICAL SCHOOL, 2019).
A maioria dos estudos mostrou uma associação positiva entre o consumo de carne vermelha e o risco de desenvolvimento das DCV, enquanto frutas, vegetais e fibras alimentares estão inversamente relacionados a esse risco nutricional (TONG, T. Y. N. et al., 2020).
As dietas à base de plantas apresentam os vegetais como protagonistas da alimentação. Segundo Arvor et al. (2014), o Brasil é um dos poucos países do mundo com clima propício à dupla colheita, ou seja, podendo ter duas colheitas no mesmo ano. Este fato, aliado a toda a biodiversidade encontrada em todo o território, torna a dieta totalmente viável. Na 2ª edição do Alimentos Regionais Brasileiros de 2015, são expostas todas as variedades de hortaliças produzidas no Brasil, discriminadas por região, mostrando a riqueza de nutrientes do país.
De acordo com o Guia Alimentar existem obstáculos a serem enfrentados para uma boa adesão à dieta, entre elas estão o custo acessível e a oferta quanto a disponibilidade no mercado local, além da possibilidade de reduzir o desperdício, fatores estes que se aplicam facilmente em uma alimentação que tem como prioridade os vegetais. Desta forma, observa-se toda a praticabilidade da dieta, que não só traz benefícios para quem consome, como também promove sustentabilidade ao sistema produtivo (BRASIL, 2014; BRASIL, 2015).
A redução dietética dos fatores de risco ateroscleróticos ajuda a elucidar o potencial das dietas à base de plantas para modular o processo aterosclerótico. Portanto, os alimentos podem se tornar remédios, e o papel do manejo do estilo de vida na prevenção de doenças não pode ser ignorado. Comparada à terapia medicamentosa, angiografia, colocação de stent e cirurgia de bypass, uma dieta baseada em vegetais pode ser uma medida de baixo custo para prevenir e reverter a doença. Portanto, o objetivo do tratamento deve ser tratar o paciente. Com base nos fatos, os profissionais de saúde devem buscar entender os benefícios dessa dieta e trazer discussões para dentro do consultório (PATEL et al., 2017; TUSO; STOLL; LI, 2015).
Para as Diretrizes Dietéticas para Americanos e diretrizes da Sociedade Cardiovascular Canadense, tais dietas são recomendadas para promoção da saúde e prevenção de doenças e são apropriadas para todas as fases do ciclo de vida, incluindo gravidez, amamentação, crianças e atletas. Portanto, essas dietas constituem uma escolha segura, oportuna e preferencial para qualidade de vida e longevidade (ANDERSON et al., 2016; BAENA, 2015; DESALVO; OLSON & CASAVALE, 2016; MELINA et al. 2016; WRIGHT et al., 2017).
É importante incentivar as pessoas a preferirem alimentos in natura ou minimamente processados, com práticas alimentares saudáveis através de instrumentos de informações sobre saúde e alimentação correta. E deve-se aliar a alimentação com mudanças no estilo de vida, ou seja, exercícios regulares, parar de fumar, manter um peso saudável, sono de qualidade e controle do estresse, pois são componentes fundamentais na promoção da saúde e na redução do risco de doenças (BRASIL, 2014; GARBER et al., 2019; STONE et al., 2014).
Baseado no fato de que alguns dos fatores de risco que levam às DCV podem ser modificados, ressalta-se a importância das ações alimentares e nutricionais por profissionais qualificados que possam identificar necessidades e problemas enfrentados com base na experiência da comunidade. Dessa forma, podem-se traçar metas e objetivos que levem em conta a diversidade cultural, econômica e social dos indivíduos (SILVA et al., 2021).
CONCLUSÃO
De acordo com esse estudo, pode-se dizer que a maioria da população brasileira consome excessivamente alimentos processados e ultraprocessados, por isso, é essencial incentivar as pessoas a evitarem o consumo desses alimentos ao máximo. Além disso, é válido ressaltar que as pessoas conheçam, entendam e se interessem pelas informações nutricionais ao planejar a compra de um determinado produto, pois esses dados podem influenciar na compra de alimentos saudáveis ​​ou menos nocivos.
Embora a DCV seja a principal causa de morte por DCNT em todo o mundo, e a doença aterosclerótica seja significativa para o aumento desse índice, sua prevenção e tratamento são fatores diretamente relacionados à autorresponsabilidade, pois a origem da doença está ligada ao estilo de vida pouco saudável.
A dieta à base de plantas revela-se muito promissora no manejo e prevenção da doença, além de ser de baixo custo e fácil acesso devido ao clima favorável para o plantio existente em quase todo o território brasileiro. O que faz com que seja uma dieta viável à mesa da população, que se enquadra nas demandas e necessidades aqui citadas, promovendo vasta qualidade de vida e inúmeras vantagens socioeconômicas.
REFERÊNCIAS
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