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Sistema Límbico e Emoções

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ANATOMIA III 
{SISTEMA LÍMBICO, 
EMOÇÕES E MEMÓRIA} 
NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA E OS 
PROCESSOS DEMENCIAIS EMOCIONAIS 
INTRODUÇÃO 
Alegria, tristeza, medo, prazer e raiva são exemplos do 
fenômeno da emoção. Para seu estudo, costuma-se distinguir 
um componente central, subjetivo, e um componente 
periférico, o comportamento emocional. 
O componente periférico é a maneira como a emoção se 
expressa e envolve padrões de atividade motora, somática e 
visceral, que são característicos de cada tipo de emoção e de 
cada espécie. Assim por exemplo, a alegria no homem se 
expressa pelo riso, no cachorro pelo abanar da cauda. A 
distinção entre o componente interno, subjetivo, e o 
componente externo, expressivo da emoção, é, pois, 
importante para seu estudo. 
Durante muito tempo acreditou-se que os fenômenos 
emocionais estariam na dependência de todo o cérebro. 
Sabe-se hoje que as áreas relacionadas com os processos 
emocionais ocupam territórios bastante grandes do encéfalo, 
destacando-se entre elas o hipotálamo, a área pré-frontal 
e o sistema límbico. 
O interessante é que a maioria dessas áreas está relacionada 
também com a motivação, em especial com os processos 
motivacionais primários, ou seja, aqueles estados de 
necessidade ou de desejo essenciais à sobrevivência da 
espécie ou do indivíduo, tais como fome, sede e sexo. 
COMPONENTES DAS EMOÇÕES 
• Componente central 
• Componente periférico 
COMPONENTE CENTRAL 
A informação sensorial é abstrata. Porém, anatomicamente 
os componentes centrais localizam-se nas áreas de associação 
terciárias e secundárias do telencéfalo. 
No lobo frontal, não consideramos o giro pré-central, pois 
este é uma área primária. Excluindo essa área temos a área 
pré-frontal. 
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 
O SNA participa na expressão das emoções, controlando 
glândulas, músculos lisos e músculo cardíaco. As áreas 
emocionais são ativadas conjuntamente com áreas do 
sistema nervoso autônomo: quando estamos nervosos, o 
coração bate mais rápido. 
ÁREAS MOTIVACIONAIS 
Áreas relacionadas as necessidades essenciais a sobrevivência 
do indivíduo, como centro de controle da sede, da fome, do 
sono, do sexo. A prova disso é que existem distúrbios 
alimentares relacionados à emoção: comemos muito quando 
estamos deprimidos. 
COMPONENTE PERIFÉRICO 
• Expressar a emoção através da atividade dos nervos 
cranianos e espinais. 
• Ativação do tracto corticoespinal – atividade motora dos 
membros 
• Ativação Corticonuclear (nervos cranianos e cerebelo) 
AREAS ENCEFÁLICAS DAS EMOÇÕES 
• Área pré-frontal 
• Tálamo 
• Hipotálamo 
• Tronco encefálico 
• Sistema límbico 
A área pré-frontal é a gênese das emoções. A área pré-
frontal compreende o lobo frontal, exceto o giro pré-frontal 
motor. A área pré-frontal corresponde à parte não motora do 
lobo frontal, caracterizando-se como córtex de associação 
supra modal. É uma área extremamente cognitiva: 
responsável por concentração, aprendizado, memória e 
comportamentos. 
Quanto ao tálamo, sua área emocional localiza-se no núcleo 
anterior do tálamo e na estria medular do tálamo. Portanto, 
se alguma dessas áreas for lesada, teremos consequências 
emocionais. 
A área emocional do hipotálamo encontra-se nos núcleos 
das paredes laterais e nos corpos mamilares. O hipotálamo 
tem controle sobre os processos motivacionais à 
sobrevivência (sede, fome e sexo...); controle sobre o sistema 
endócrino, sobre as vísceras e sobre a coordenação das 
manifestações periféricas. 
O tronco encefálico é o centro respiratório e vasomotor. 
É o local onde encontra-se os núcleos dos nervos 
cranianos. A ativação destas estruturas por impulsos 
nervosos de origem telencefálica ou diencefálica ocorre nos 
estados emocionais, resultando nas diversas manifestações 
que acompanham a emoção, tais como o choro, as alterações 
fisionômicas, a sudorese, a salivação, o aumento do ritmo 
cardíaco, etc. A formação reticular é ligada ao hipotálamo 
pela via mesolímbica, e papel efetuador sobre a expressão das 
emoções. Além disto, as diversas vias descendentes que 
atravessam ou se originam no tronco encefálico vão ativar os 
neurônios medulares, permitindo aquelas manifestações 
periféricas dos fenômenos emocionais que se fazem por 
nervos espinhais ou pelos sistemas simpático e 
parassimpático sacral. Deste modo, o papel do tronco 
encefálico é principalmente efetuador, agindo basicamente 
na expressão das emoções. 
O sistema límbico está relacionado fundamentalmente com 
a regulação dos processos emocionais e do sistema nervoso 
autônomo constituído pelo lobo límbico e pelas estruturas 
subcorticais a ele relacionadas. 
SISTEMA LÍMBICO 
São componentes com função exclusivamente 
emocional. Os elementos límbicos próximos ao córtex são 
chamados de componentes corticais, e os elementos 
afastados do córtex são chamados de componentes 
subcorticais. 
• Componentes corticais: 
a) giro do cíngulo - contorna o corpo caloso, ligando-se ao 
giro para-hipocampal pelo istmo do giro do cíngulo. É 
percorrido por um feixe de fibras, o fascículo do cíngulo; 
b) giro para-hipocampal - situa-se na face inferior do lobo 
temporal. 
c) hipocampo - proteja-se para o corpo mamilar e área 
septal através de um feixe compacto de fibras, o fórnix. 
• Componentes subcorticais: 
a) corpo amigdalóide – é um dos núcleos da base. Situa-
se no lobo temporal, próximo ao úncus e em relação com 
a cauda do núcleo caudado. A maioria de suas fibras 
eferentes agrupa-se em um feixe compacto, a estria 
terminal, que acompanha a curvatura do núcleo caudado 
e termina principalmente no hipotálamo; 
b) área septal - situada abaixo do rostro do corpo caloso, 
anteriormente à lâmina terminal e à comissura anterior. 
A área septal tem conexões extremamente amplas e 
complexas, destacando-se suas projeções para o 
hipotálamo e para a formação reticular, através do feixe 
prosencefálico medial; 
c) núcleos mamilares - pertencem ao hipotálamo e 
situam-se nos corpos mamilares. Recebem fibras do 
hipocampo que chegam pelo fórnix e se projetam 
principalmente para os núcleos anteriores do tálamo e 
para a formação reticular, respectivamente pelos 
fascículos mamilo-talâmico e mamilo-tegmentar; 
d) núcleos anteriores do tálamo – situam-se no 
tubérculo anterior do tálamo. Recebem fibras dos 
núcleos mamilares e projetam-se para o giro do cíngulo; 
e) núcleos habenulares - situam-se na região do trígono 
das habênulas no epitálamo. Recebem fibras aferentes ela 
estria medular e projetam-se para o núcleo 
interpeduncular do mesencéfalo. 
CONEXÕES DO SISTEMA LÍMBICO 
CONEXÕES INTRÍNSECAS 
Conexões existentes entre os elementos límbicos do circuito de Papez. 
Em 1937, James Papez propôs uma teoria para explicar o 
mecanismo da emoção. Estruturas do lobo límbico, do 
hipotálamo e do tálamo formam um circuito anatômico e 
funcional conhecido como circuito de Papez. Essas 
estruturas são responsáveis pelo processo subjetivo central da emoção e de sua expressão, bem como a memória, que 
depende principalmente do hipocampo. 
Esse circuito fechado une as seguintes estruturas límbicas, 
nessa sequência que representa a direção predominante dos 
impulsos nervosos: hipocampo, fórnix, corpo mamilar, 
fascículo mamilo-talâmico, núcleos anteriores do tálamo, 
cápsula interna, giro do cíngulo, giro parahipocampal e 
novamente o hipocampo, fechando o circuito. O corpo 
amigdalóide e a área septal, que mantêm entre si conexões 
recíprocas, embora não façam parte do circuito de Papez, 
ligam-se a este circuito em vários pontos. 
IMPORTANTE: Para manter esse circuito funcionante, as 
emoções das áreas secundarias e terciárias mandam 
informações para o giro parahipocampal. O giro 
parahipocampal recebe as conexões extrínsecas aferentes, e 
leva essas informações até o hipocampo. Por exemplo, hoje 
acordei feliz (área secundária) – manda essa informação para 
o giro hipocampal – cai no circuito de Papez – produz 
substâncias boas – sorrio o dia todo. 
CONEXÕES EXTRÍNSECAS AFERENTES 
As emoções são desencadeadas pela entrada noSNC de 
determinadas informações sensoriais. Assim, por exemplo, 
informações visuais, auditivas, somestésicas ou olfatórias que 
sinalizem perigo podem despertar medo. Todas essas 
modalidades de informações sensoriais têm acesso ao sistema 
límbico, embora nunca diretamente. Elas são antes 
processadas nas áreas corticais de associação secundárias e 
terciárias e penetram no sistema límbico por vias que 
chegam ao giro parahipocampal de onde passam ao 
hipocampo, ganhando assim o circuito de Papez (início 
das conexões intrínsecas). Fazem exceção os impulsos 
olfatórios, que passam diretamente da área cortical de 
projeção para o giro para-hipocampal e o corpo amigdalóide. 
CONEXÕES EXTRÍNSECAS EFERENTES 
As conexões eferentes do sistema límbico são importantes 
porque, através delas, este sistema participa dos mecanismos 
efetuadores que desencadeiam o componente periférico e 
expressivo dos processos emocionais e, ao mesmo tempo, 
controlam a atividade do sistema nervoso autônomo. Essas 
funções são exercidas fundamentalmente através das 
conexões que o sistema límbico mantém com o hipotálamo 
e com a formação reticular do mesencéfalo. As conexões 
com a formação reticular do mesencéfalo se fazem 
basicamente através de quatro vias: 
a) Estria medular do tálamo – liga a área septal, no tálamo, 
até o núcleo das habênulas, no epitálamo. 
b) Fascículo retroflexo - feixe de fibras que saem dos 
núcleos habenulares que compõem o Trígono das 
habênulas (epitálamo) e se projetam para a formação 
reticular. 
c) Feixe prosencefálico medial - liga a área septal (no 
hipotálamo) à formação reticular, mais especificamente, 
ao tegmento do mesencéfalo. Ele constitui a principal via 
de ligação do sistema límbico com a formação reticular 
pois estimula diretamente a formação reticular sem 
passar por nenhuma outra estrutura antes. Além disso, o 
feixe prosencefálico medial é uma via de mão dupla, pois 
leva informações do hipotálamo à formação reticular, e da 
formação reticular ao hipotálamo. 
d) Fascículo mamilo-tegmentar - feixe de fibras que liga o 
corpo mamilar, no hipotálamo, à formação reticular, no 
mesencéfalo. 
Como o hipotálamo e a formação reticular têm conexões 
diretas com os neurônios pré-ganglionares do sistema 
autônomo, as vias acima descritas permitem ao sistema límbico participar do controle do sistema autônomo, o que é 
especialmente importante na expressão das emoções. 
MECANISMO COMPLETO 
Existem áreas terciárias e secundárias do telencéfalo 
envolvidas com as emoções. Nessas áreas, há corpos de 
neurônios sintetizando as emoções, os quais mandam 
axônios para fazer conexões extrínsecas aferente com a 
estação 2. A estação 2 das emoções é o circuito de Papez, o 
qual possui conexões intrínsecas, ou seja, entre os próprios 
elementos desses circuitos. O circuito de Papez manda 
informações para as áreas de formação reticular, através de 
uma conexão extrínseca eferente mesolímbica. A 
formação reticular está voltada a formação de 
neurotransmissores. O estímulo emocional do circuito de 
Papez ativa a formação reticular, e a formação reticular cede 
neurotransmissores de volta para o Circuito de Papez, para 
exercer sua função. 
As eferências do giro pré-central (Tracto Corticoespinal) 
descendem e passam pela formação reticular com a resposta 
motora, assim, teremos as manifestações periféricas das 
emoções: posturas, expressões faciais e outras. 
Se houver lesões em áreas terciárias e secundárias ou no 
circuito de Papez terei alterações emocionais 
comprometidas. Porem se eu tiver alterações na formação 
reticular, eu induzo medicamentos para o reestabelecimento 
dessa área. 
Exemplo prático: 
Eu vi o trem chegando enquanto atravessava o trilho. Os 
receptores visuais mandam informações dessa imagem para 
as áreas secundárias e terciárias da visão, que manda o 
estimulo para o circuito de Papez, e em seguida para a 
formação reticular. Porém, junto à formação reticular está 
passando o tracto cortiço espinal, o qual manda a informação 
periférica motora para sair correndo do trilho e não ocorrer 
um acidente. 
MEMÓRIA 
MEMÓRIA RECENTE 
Retém informação por pouco tempo no hipocampo. A 
memória recente depende do sistema límbico, que está 
envolvido nos processos de retenção e consolidação de 
informações novas e possivelmente também em seu 
armazenamento temporário e transferência para áreas 
neocorticais de associação para armazenamento 
permanente. 
MEMÓRIA REMOTA 
Retém informação por mais tempo nas áreas terciárias (área 
pré-frontal). 
LESÕES EM ÁREAS LÍMBICAS 
• Agressividade 
• Agnosia visual 
• Hiperatividade sexual 
• Alteração no comportamento alimentar 
• Medo 
• Raiva 
• Depressão e ansiedade 
• Amnésias 
Conclusão quanto ao caso: O paciente Pedro tinha perda 
de memória, comportamento inadequado e estava 
deprimido. Conclui-se então que as áreas emocionais, 
cognitivas, de memória e comportamento estão afetadas pelo 
alcoolismo pregresso, no qual o álcool substituiu os 
neurotransmissores por muito tempo, lesando a região de 
sinapse e causando uma degeneração tecidual, afetando 
principalmente as transmissões relacionadas às emoções.

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