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Definição: Perda excessiva de agua e eletrolitos através das fezes · aumento das evacuações · aumento da frequência das evacuações · diminuição da consistência das fezes Opa! O padrão é diferente do habitual da criança. Ocorrência de 3 ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24 horas · Início súbito de perda de fezes excessivas de > 10 ml/kg/dia em crianças > 200g/ 24 horas em crianças maiores que dura menos de 14 dias. Clínica da diarreia aguda: · Pode ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal · Origem infecciosa presumível (na maioria dos casos: gastroenterite aguda) · Doença autolimitada: duração de 14 dias (na maioria dos casos se resolve na primeira semana) · Problema agudo: desidratação · Problema crônico: desnutrição Disenteria: diarreia aguda com eliminação de fezes sanguinolentas e com muco, em pequeno volume, associada a tenesmo e urgência para defecar. Traduz clinicamente uma inflamação do cólon. Epidemiologia: · É a segunda principal causa de morte em crianças menores de cinco anos de idade. · Aproximadamente 1,7 bilhões de casos por ano. · Morte por desidratação. · Uma das principais causas de desnutrição em menores de cinco anos. Etiopatogenia: Ocorrerá diarreia sempre que houver quebra de equilíbrio entre absorção e secreção de solutos no trato gastrointestinal · Osmótica: aumento de solutos não absorvidos, levando a retenção de líquidos no lúmen intestinal, geralmente por lesão do enterócito · Secretora: aumento da secreção intestinal de agua e eletrolitos por toxinas bacterianas ou ação direta de patógenos · Invasiva (inflamatória): ocorre lesão celular impedindo a absorção de nutrientes, também pode haver componentes secretores → Geralmente com sangue ou pus. Ex: Colite pseudomembranosa: é uma inflamação no intestino grosso que provoca diarreia e dor, causada pela bactéria C. difficile. Etiologia: · Infecciosa na maioria dos casos · Transmissão fecal-oral · Países desenvolvidos - vírus · Países em desenvolvimento - rotavírus e bactérias · Vírus → rotavírus, adenovírus, calicivírus e astrovírus. · Bactérias → E. coli enteropatogênica clássica, E. coli enterotoxigênica, E. coli enterohemorrágica, E. coli enteroinvasiva, E. coli enteroagregativa18, Aeromonas, Pleisiomonas, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Vibrio cholerae, Yersinia · Parasitos → Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Cryptosporidium, Isosopora · Fungos → Candida albicans Obs: as causas em amarelo são as mais comuns e as causas em vermelho são as mais graves. Investigação etiológica: · Não é necessária na maioria dos casos - a conduta será a mesma · Casos graves e hospitalizados Abordagem clínica: · Objetivos: evitar a desidratação e desnutrição · Identificar aqueles pacientes com fatores de gravidade Anamnese: · Início do quadro diarreico · Número de evacuações líquidas · Presença, frequência e intensidade dos vômitos · Febre, dor abdominal · Presença de sangue ou muco nas fezes · Histórico familiar · Contato com doentes Abordagem clínica: · Estado de alerta: ativo, irritável, letárgico · Estado nutricional · Estado de hidratação: mucosa, presença de lágrimas, diurese, turgor e elasticidade: · Capacidade de ingerir líquidos, pois indica se podemos dar soro oral · Diurese Obs: A família fica muito ansiosa com o fato de a criança não estar comendo, mas devemos orientar que em um primeiro momento é necessário priorizar a hidratação. · Percentual de perda de peso: · Até 5%: desidratação leve · Entre 5-10%:desidratação moderada · Mais de 10%: desidratação grave Estimativa do volume necessário para a correção do déficit corporal de fluido: · Até 5%: desidratação leve - 50 ml/kg · Entre 5-10%:desidratação moderada - 50 ml/kg a 100 ml/kg · Mais de 10%: desidratação grave - mais de 100 ml/kg Fatores de risco para complicações · Idade inferior a 2 meses · Doença de base grave, como DM, insuficiência renal ou hepática e outras doenças crônicas · Presença de vômitos persistentes · Perdas diarreicas volumosas e frequentes (mais de oito episódios diários) · A percepção dos pais de que há sinais de desidratação. Ponto de corte: 2 ou mais na coluna B 2 ou mais + pelo menos 1 asterisco na coluna C Tratamento- soro de reidratação oral · Soro de reidratação oral (SRO): terapia que mais salvou vidas no seculo XX · Utiliza a via de transporte ativo acoplada de sódio - glicose - água que se mantém preservada na diarreia, independente da etiologia As duas composições são usadas para o tratamento. Obs: Soro caseiro · Não trata a desidratação, porém previne · · Como já temos a disposição no sus, é preferível prescrevê-lo Fluxograma de conduta TRATAMENTO – PLANO A: Diarreia sem desidratação 1) Oferecer mais líquidos que o habitual para prevenir a desidratação: • Líquidos caseiros (água de arroz, soro caseiro, chá, suco e sopas) ou solução de reidratação oral (SRO) após cada evacuação diarreica. • Não utilizar refrigerantes e não adoçar os líquidos. 2) Manter a alimentação habitual para prevenir a desnutrição: • Continuar o aleitamento materno. • Manter a alimentação habitual para as crianças e os adultos. 3) Suplementação com zinco • Parece reduzir a duração da diarreia e sua recorrência em 3 meses. • Utilizar em menores de 5 anos. • uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias: · Até seis meses de idade: 10 mg/dia. · Maiores de seis meses de idade: 20 mg/dia. 4) Orientar o paciente ou acompanhante para: • Reconhecer os sinais de desidratação (olhos fundos, choro sem lágrima, redução diurese). • Preparar e administrar a solução de reidratação oral. • Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e higienização dos alimentos). 5) Se o paciente não melhorar em dois dias ou se apresentar sinais de alerta, retornar imediatamente ao serviço de saúde: • Piora na diarreia • Vômitos repetidos • Muita sede • Recusa de alimentos • Sangue nas fezes • Diminuição da diurese TRATAMENTO – PLANO B: Diarreia com desidratação Peso inicial DEVE SER REALIZADO NA UNIDADE DE SAÚDE OS PACIENTES DEVERÃO PERMANECER NA UNIDADE DE SAÚDE ATÉ A REIDRATAÇÃO COMPLETA E REINÍCIO DA ALIMENTAÇÃO 1) Administrar solução de reidratação oral (SRO) para correção da desidratação: • Volume: 50 a 100mL/kg em 4-6 horas. • Aos poucos, em copo ou colher (não dar mamadeira). • Se vömitos, aguardar uns minutos e retornar a oferta. • Suspender dieta até melhora da hidratação – manter leite materno. Iniciar suplementação com zinco: uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias: • Até seis meses de idade: 10 mg/dia. • Maiores de seis meses de idade: 20 mg/dia. 2) Durante a permanência do paciente ou acompanhante no serviço de saúde, orientar a: • Reconhecer os sinais de desidratação. • Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral. • Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e higienização dos alimentos). 3) Reavaliação frequente Gastróclise (soro por sonda): 15-30ml/kg/h · Dificuldade de aceitação do soro · Vômitos persistentes (4 ou mais em uma hora) · Perda fecal contínua e rápida (>15-20ml/kg/h) · Sem melhora clínica, com peso inferior ou igual ao início do tratamento, na terceira hora Obs: Na prática, a gastróclise é muito difícil de ser realizada,e pode ser realizada se o paciente não tiver sinais de gravidade. 3) Reavaliação após 4 – 6 horas: · Se melhora da hidratação e capaz de ingerir → plano A · Se persiste desidratado, mas sem sinais de alerta/gravidade manutenção → plano B · Se fracasso na reidratação oral (aumento das evacuações, vômitos incoercíveis, ou se a desidratação evolui para grave) → plano C TRATAMENTO – PLANO C Desidratação grave Indicações para reidratação venosa: • Desidratação grave • Contraindicação de hidratação oral (íleo paralítico, abdômen agudo, alteração do estado de consciência ou convulsões) • Choque hipovolêmico DUAS FASES DE HIDRATAÇÃO VENOSA: · Fase rápida (até hidratação)· Fase de manutenção/reposição AVALIAR O PACIENTE CONTINUAMENTE: • Se não houver melhora da desidratação, aumentar a velocidade de infusão. • Quando o paciente puder beber: iniciar a reidratação por via oral com SRO, mantendo a reidratação venosa. • Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder ingerir SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado. • A quantidade de SRO a ser ingerida deve ser maior nas primeiras 24 horas de tratamento. • Observar o paciente por pelo menos seis (6) horas CRITÉRIOS PARA INTERNAÇÃO HOSPITALAR: • choque hipovolêmico, • desidratação grave (perda de peso maior ou igual a 10%), • manifestações neurológicas (por exemplo, letargia e convulsões), • vômitos biliosos ou de difícil controle, • falha na terapia de reidratação oral, • suspeita de doença cirúrgica associada • ou falta de condições satisfatórias para tratamento domiciliar ou acompanhamento ambulatorial. CUIDADOS COM A ALIMENTAÇÃO NAS DOENÇAS DIARREICAS • Manter a alimentação com necessidades energéticas adequadas • Manter leite materno sempre • Quando necessário, jejum durante as fases de reidratação (expansão ou reparação), com retorno assim que melhora da hidratação • Manter alimentação conforme rotina, atentando-se para erros alimentares prévios • Não há recomendação de dietas especiais (sem lactose, sem proteína do leite de vaca) de rotina – casos especiais. TRATAMENTO – Antibióticos Indicações: • Diarreia com sangue nas fezes (disenteria) • Cólera • Infecção aguda comprovada por Giardia lamblia ou Entamoeba hystolitica, • Imunossuprimidos • Pacientes com anemia falciforme • Portadores de prótese • Crianças com sinais de disseminação bacteriana extraintestinal. TRATAMENTO – Disenteria • Sempre que possível, realizar coprocultura • Causa mais comum: Shigella • Antibioticoterapia especialmente se febre e comprometimento geral: - · Ciprofloxacino (primeira escolha): crianças, 15mg/kg, duas vezes ao dia, por 3 dias; adultos, 500mg duas vezes por dia por 3 dias · Azitromicina, 10 a 12mg/kg no primeiro dia e 5 a 6mg/kg por mais 4 dias, via oral para o tratamento dos casos de diarreia por Shigella (casos suspeitos ou comprovados). · Ceftriaxona, 50-100mg/kg EV por dia por 3 a 5 dias nos casos graves que requerem hospitalização. TRATAMENTO – Coadjuvantes · Antieméticos: podem ser necessários em algumas situações. · O recomendado é a ondansetrona; Dose: 0,1mg/kg (0,15-0,3/kg), até o máximo de 4 mg por via oral ou intravenosa. Pode ser encontrada em duas apresentações: comprimidos com 4 mg e ampola com 4mg/2 mL. (não tem solução oral) Probióticos: microorganismos vivos que, quando consumidos em quantidades adequadas, proporcionam efeito benéfico para a saúde do indivíduo. estudos demonstraram que podem proporcionar redução de aproximadamente 24 horas na média da duração da diarreia aguda. TRATAMENTO – Contraindicados · Antieméticos: Metoclopramida; · Adsorventes intestinais: caolim, pectina, sais de bimuto (tornam as fezes mais consistentes sem diminuir a perda de líquidos e eletrólitos) · Antiespasmódicos (escopolamida) e inibidores do peristaltismo · Refrigerantes, hidrotônicos image6.png image10.png image9.png image1.png image4.png image2.png image8.png image3.png image7.png image5.png
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