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Laura Maria Turma 99 
 
CBL 4 - DIARREIA 
Identificação: RRL, lactente masculino de 1 ano de idade, natural de Itumbiara (GO) e residente em Uberlândia há 8 meses, 
zona urbana, etnia parda. Informante: mãe (32 anos), com grau de informação satisfatório. 
História da Moléstia Atual: Lactente é atendido por você numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA/UAI) com história 
de diarreia há 4 dias, caracterizada por fezes semilíquidas, abundantes a cada dejeção, numa frequência de 6 a 8 vezes ao 
dia, com cheiro incaracterístico, sem sangue, com duvidosa presença de muco (mãe diz que às vezes tem algo um pouco 
brilhante nas fezes). Simultaneamente, vem apresentando febre, que chegou a 39oC e alguns episódios de vômitos. Há 
uns 5 dias já vinha apresentando perda de apetite e discreta distensão abdominal. Procurou Unidade Básica de Saúde 
(UBS) já no primeiro dia de doença, sendo prescritos remédio “para melhorar a flora do intestino”, antitérmicos (dipirona 
ou paracetamol) e soro de hidratação oral. Como não melhorou, retornou no dia seguinte à mesma UBS e um outro 
médico associou sulfametoxazol + trimetoprim ao tratamento. A conduta não resolveu o problema, motivo da consulta 
de hoje. 
Antecedentes Pessoais: 
a) antecedentes pré-natais: sem intercorrências. Gestação foi bem acompanhada na UBS. 
b) Antecedentes natais: Nasceu de parto normal a termo, Apgar 9 e 9 (trouxe caderneta com os dados), com 2980 g de 
peso, 47 cm de estatura e 34 cm de perímetro cefálico, com 38 semanas e 3 dias de gestação. Alta junto com a mãe. 
Participou do Programa Nacional de Triagem Neonatal (teste do pezinho), com resultado normal. 
c) Antecedentes pós-natais: sem intercorrências. Queda do coto umbilical com 7 dias de vida, tratado com álcool. 
Aleitamento materno exclusivo por 4 meses, complementado com fórmulas até o 8º mês de vida. Após o 8º mês, leite 
de vaca longa vida por causa do custo mas, ocasionalmente, oferecia fórmulas lácteas de seguimento. Dieta não láctea 
a partir do 6º mês de vida. 
d) Imunização: vacinas atualizadas, segundo o PNI, menos a de 1 ano (ia aplicar a TV, mas criança adoeceu). Fez somente 
as vacinas disponíveis na rede pública. e 
e) Antecedentes mórbidos: já teve diarreia aos 9 meses de idade, que demorou apenas dois dias para sarar. 
f) Desenvolvimento Neuromotor: sempre desenvolveu bem, segundo a opinião da família; atualmente, já está 
começando a querer andar sem apoio, mas cai. Bom sono, em geral, dorme a noite toda (das 22 horas até as 6 e meia). 
Alimentação atual: Leite de vaca (longa vida) integral, 3 mamadeiras por dia. Come frutas (aceita melhor a banana e o 
mamão) quase todos os dias. Almoço: arroz, feijão, batata, batata doce, carne (3 x/ semana, ovo quase todos os dias, 
legumes nem todos os dias). Jantar igual ao almoço. No período da tarde, come bolacha ou fruta e, às vezes, suco, inclusive 
artificial. Ocasionalmente, come iogurte comprado no supermercado. Bebe água com frequência, filtro de barro, mas, às 
vezes, toma água da torneira. 
Antecedentes Familiares: pais saudáveis (o pai ocasionalmente tem diarreia). Tem um irmão com 2 anos e 8 meses, 
saudável no momento, mas teve diarreia há 20 dias, resolvendo sozinha em 2 dias. Pai trabalha como motorista de 
aplicativo; mãe faz trabalhos ocasionais em serviços domésticos de outras residências. Na casa, com o paciente, residem 
os pais, o irmão e a avó paterna, 70 anos, com sequela de AVC (exige cuidados na locomoção) e tratando hipertensão 
arterial. Paciente dorme no quarto com os pais e o irmão dorme no quarto da avó, em cama separada. 
Exame Físico: Peso = 9280 g; Estatura 73 cm; PC = 43 cm. PA não aferida. 
Geral: Regular estado geral, levemente taquipneico, sem cianose, febril (temperatura axilar de 38,5oC), com irritabilidade, 
mucosa da língua ressecada, órbitas um pouco encovadas, com frequência cardíaca próxima de 110 bpm, pulso débil, 
tempo de enchimento capilar de 4 segundos constatado em falanges, e presença de sinal da prega cutânea que desaparece 
em 3 segundos. Há uma discreta dermatite perianal. 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
Segmentar: crânio normal, face normal, cavidade oral e otoscopia sem alterações, exceto saliva mais espessa. Pescoço 
sem alterações. Semiologia torácica: tórax sem alterações, mamilos simétricos. Cardiovascular: ictus não palpável, sem 
frêmitos, com ausculta evidenciando um sopro sistólico suave, mais audível na borda esternal esquerda. Semiologia 
pulmonar; sem tiragens, mas apenas discretas retrações intercostais, sem alterações à palpação, percussão e ausculta. FR 
= 28 irpm. Abdome: Levemente distendido, com palpação superficial e profunda normais. Leve reação com aparecimento 
de fácies de dor à palpação profunda do abdome. Fígado a 1 cm do RCD (percutível a 2 cm do rebordo costal direito) e 
baço não palpável. Percussão timpânica, espaço de Traube livre. Sistema Nervoso: sem alterações. Não quis ficar em pé 
para tentar andar. Genitália masculina, testículos tópicos. 
 
Com base nestes dados da história clínica, responda: 
1. Construa a lista de problemas do paciente 
• Diarreia há 4 dias 
• Febre (39ºC) 
• Vômitos 
• Hiporexia e leve distensão abdominal 
• Levemente taquipneico FR=28?? 
• Irritabilidade 
• Mucosa da língua ressecada 
• Órbitas um pouco encovadas 
• Pulso débil 
• Tempo de enchimento capilar de 4 segundos constatado em falanges 
• Presença de sinal da prega cutânea que desaparece em 3 segundos 
• Há uma discreta dermatite perianal. 
• Discretas retrações intercostais » dispneia 
• Leve reação com aparecimento de fácies de dor à palpação profunda do abdome 
2. Estabeleça os seguintes diagnósticos: 
a. Crescimento e Desenvolvimento; 
i. Peso = 9280 g -> Z-score 0/-2 
 
 
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ii. 
iii. Estatura 73 cm -> Z-score 0/-2 
iv. 
v. PC = 43 cm -> Z-score –2/-3 (nasceu com 34cm) 
1. Medida errada 
2. Ver medidas anteriores 
3. Soldadura precoce de suturas 
 
 
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vi. 
vii. DNPM adequado 
b. Imunização; 
i. Incompleta devido à falta de vacinas de 1 ano (falta Tríplice Viral) 
c. Alimentar; 
i. Inadequado -> Leite de vaca (longa vida) integral, 3 mamadeiras por dia. Come frutas (aceita melhor 
a banana e o mamão) quase todos os dias. Almoço: arroz, feijão, batata, batata doce, carne (3 x/ 
semana, ovo quase todos os dias, legumes nem todos os dias). Jantar igual ao almoço. No período da 
tarde, come bolacha ou fruta e, às vezes, suco, inclusive artificial. Ocasionalmente, come iogurte 
comprado no supermercado. Bebe água com frequência, filtro de barro, mas, às vezes, toma água da 
torneira. 
ii. Muito carboidrato e açúcar, falta de fibras e variedade de frutas e verduras 
iii. Nessa idade » 2 a 3 refeições lácteas (máximo 500ml) 
1. Leite longa vida é pasteurizado 
2. A, B, C » composição é a mesma, muda a quantidade de UFC 
a. A » 500 UFC 
b. B » 40.000 UFC 
c. C » 100.000 UFC 
iv. Alimentos industrializados (bolacha, suco, iogurte) -> alto teor de gorduras, açúcar 
v. Água sem filtrar 
d. diagnóstico(s) patológico(s) no âmbito sindrômico ou etiológico ou funcional ou descritivo, etc. 
i. Síndrome da diarreia aguda infecciosa 
1. Febre 
2. Epidemiologia 
3. Número alto de evacuações 
 
 
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4. Intensidade de perda » desidratação » distúrbio eletrolítico 
5. Duração média de 1 semana 
 
3. Enumere o(s) diagnóstico(s) concludentes do caso e as possíveis hipóteses causais. Argumente, da melhor forma, a 
favor de suas hipóteses. 
• Diarreia aguda é geralmente causada por 
o Gastroenterite 
o Uso de antibióticos » interferência no microbioma ou efeito colateral 
o Alergia alimentar 
o Intoxicação alimentar 
o Distúrbio de motilidade intestinal 
o A maioria das gastroenterites é provocada por vírus; entretanto, qualquer agente patogênico entérico 
pode causar diarreia aguda. 
• Vômitos » devido à citocinas pró-inflamatórias no centro do vômito4. Qual(is) o(s) mecanismo(s) fisiopatológico(s) predominante no quadro diarreico? 
A diarreia pode ser definida pela ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24 horas. A 
diminuição da consistência habitual das fezes é um dos parâmetros mais considerados. Na diarreia aguda ocorre 
desequilíbrio entre a absorção e a secreção de líquidos e eletrólitos e é um quadro autolimitado 
• Diarreia aguda aquosa: diarreia que pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume de fluidos e 
pode causar desidratação. Pode ser causada por bactérias e vírus, na maioria dos casos. A desnutrição 
eventualmente pode ocorrer se a alimentação não é fornecida de forma adequada e se episódios sucessivos 
acontecem. 
• Diarreia aguda com sangue (disenteria): é caracterizada pela presença de sangue nas fezes. Representa lesão na 
mucosa intestinal. Pode associar-se com infecção sistêmica e outras complicações, incluindo desidratação. 
Bactérias do gênero Shigella são as principais causadoras de disenteria, E.coli enteroinvasiva, cepas de Salmonella 
» invasão e ulceração da mucosa do intestino grosso 
• Diarreia persistente: quando a diarreia aguda se estende por 14 dias ou mais. Pode provocar desnutrição e 
desidratação. Pacientes que evoluem para diarreia persistente constituem um grupo com alto risco de 
complicações e elevada letalidade 
Assim, doença diarreica aguda pode ser entendida como um episódio diarreico com as seguintes características: início 
abrupto, etiologia presumivelmente infecciosa, potencialmente autolimitado, com duração inferior a 14 dias, aumento no 
volume e/ou na frequência de evacuações com consequente aumento das perdas de água e eletrólitos. Apesar da 
definição de diarreia aguda considerar o limite máximo de duração de 14 dias, a maioria dos casos resolve-se em até 7 
dias. 
Etiologia 
• Vírus -> rotavírus, coronavírus, adenovírus, calicivírus (em especial o norovírus), astrovírus, enterovírus 
• Bactérias -> E. coli enteropatogênica clássica, E. coli enterotoxigenica, E. coli enterohemorrágica, E. coli 
enteroinvasiva, E. coli enteroagregativa, Aeromonas, Pleisiomonas, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, 
Vibrio cholerae, Yersinia 
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/gastroenterite/vis%C3%A3o-geral-de-gastroenterite
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/imunologia-dist%C3%BArbios-al%C3%A9rgicos/dist%C3%BArbios-al%C3%A9rgicos-autoimunes-e-outras-rea%C3%A7%C3%B5es-de-hipersensibilidade/alergia-alimentar
 
 
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• Parasitos -> Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Cryptosporidium, Isosopora 
• Fungos -> Candida albicans 
• Eventualmente outras causas podem iniciar o quadro como diarreia tais como: alergia ao leite de vaca, deficiência 
de lactase, apendicite aguda, uso de laxantes e antibióticos, intoxicação por metais pesados. A invaginação 
intestinal tem que ser considerada no diagnóstico diferencial da disenteria aguda, principalmente, no lactente. 
Fisiopatologia 
Os mecanismos da diarreia podem ser: 
• Osmótico 
• Secretório 
• Inflamatório 
• Mal absortivos 
Diarreia osmótica resulta da presença de solutos não absorvíveis no trato gastrointestinal, como no caso da intolerância 
à lactose. A diarreia é interrompida com a retirada do alimento causador, por 2 a 3 dias. 
Diarreia secretória é o resultado da presença de substâncias (p. ex., toxinas bacterianas) que aumentam a secreção de 
íons de cloreto e água no lúmen intestinal. Esse tipo de diarreia não é interrompido com o jejum » apresentação clínica: 
fezes aquosas, grande quantidade, várias vezes ao dia (6-8x) 
Distensão abdominal » deficiência de dissacaridases (necrose difusa da mucosa) » não há quebra dos sacarídeos » 
aumento dos gases 
Diarreia inflamatória está associada a condições que provocam inflamação ou ulceração da mucosa intestinal (p. ex., 
doença de Crohn, colite ulcerativa). O extravasamento de plasma, proteínas séricas, sangue e muco aumenta o bolo fecal 
e o conteúdo de líquidos. 
Má absorção é o resultado de mecanismos osmóticos ou secretórios ou situações que diminuem a superfície de absorção 
intestinal. Condições como insuficiência pancreática e síndrome do intestino curto e situações que aumentam a velocidade 
do trânsito intestinal causam diminuição da absorção e diarreia. 
Vários são os mecanismos responsáveis por diarreia aguda segundo o agente etiológico, podendo alguns patógenos 
agirem através de mais de um mecanismo 
 
Bactérias invasivas: na infecção por estes patógenos, ocorre uma invasão da mucosa e submucosa, que induz a processo 
inflamatório com exsudação e produção de substâncias vasoativas, bem como bacteremia. O local do intestino mais 
 
 
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acometido é o cólon podendo a E. coli e a Salmonela atingirem também a parte distal do delgado; a Shigella manifesta-se 
principalmente no segmento mais distal do intestino grosso. 
Rotavírus: estes vírus se localizam no intestino delgado, principalmente nos segmentos mais proximais deste; invadem 
principalmente o enterócito, destruindo a microvilosidade; como consequência há migração acelerada das células das 
criptas para os vilos, gerando diminuição de área absortiva por diminuição de área e imaturidade das células de migração 
rápida, desencadeando uma diarreia osmótica. Estudos recentes sugerem, para este agente, associação de mecanismo 
enterotóxico. 
Agentes produtores de enterotoxina: as enterotoxinas atuam estimulando, através da adenilciclase, a transformação de 
ATP (GMP) em AMPC (GMPC), que diminui a absorção em vilosidade e aumenta a secreção em criptas 
Produtores de citotoxina: o exemplo clássico seria a E. Coli enterohemorrágica e o provável mecanismo produtor de 
diarreia seria por destruição da célula da mucosa intestinal. A Shigella também produz toxina que tem função de 
citotoxina, enterotoxina e neurotoxina. 
Mecanismo de adesão: vários padrões de adesão têm sido demonstrado em um grupo de E. coli, dos quais o de adesão 
localizada é o único cuja relação com diarreia está bem determinada. O mecanismo de produção de diarreia por estes 
patógenos ainda está pouco claro, sugerindo-se destruição de microvilosidades do enterócito e produção de 
enterotoxinas. 
E. coli enteropatogênica: existem muitas controvérsias a respeito do mecanismo patôgenico deste grupo de bactérias, 
que se confunde com os de aderência ou adesão, embora atue de modo diferente (“ataching e effacing”). 
 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4346758/mod_resource/content/1/Apostila%20S%C3%ADndromes%20diarr%
C3%AAicas.pdf#:~:text=FISIOPATOLOGIA%20DA%20DIARR%C3%89IA%3A%20m%C3%A1%2Dabsor%C3%A7%C3%A3o,Di
arr%C3%A9ia%20Persistente%20e%20Diarr%C3%A9ia%20Cr%C3%B4nica. 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4346758/mod_resource/content/1/Apostila%20S%C3%ADndromes%20diarr%C3%AAicas.pdf#:~:text=FISIOPATOLOGIA%20DA%20DIARR%C3%89IA%3A%20m%C3%A1%2Dabsor%C3%A7%C3%A3o,Diarr%C3%A9ia%20Persistente%20e%20Diarr%C3%A9ia%20Cr%C3%B4nica
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4346758/mod_resource/content/1/Apostila%20S%C3%ADndromes%20diarr%C3%AAicas.pdf#:~:text=FISIOPATOLOGIA%20DA%20DIARR%C3%89IA%3A%20m%C3%A1%2Dabsor%C3%A7%C3%A3o,Diarr%C3%A9ia%20Persistente%20e%20Diarr%C3%A9ia%20Cr%C3%B4nica
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4346758/mod_resource/content/1/Apostila%20S%C3%ADndromes%20diarr%C3%AAicas.pdf#:~:text=FISIOPATOLOGIA%20DA%20DIARR%C3%89IA%3A%20m%C3%A1%2Dabsor%C3%A7%C3%A3o,Diarr%C3%A9ia%20Persistente%20e%20Diarr%C3%A9ia%20Cr%C3%B4nica
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
 
 
5. Como você avalia o estado de hidratação desse paciente? 
Regular estado geral, levemente taquipneico, sem cianose, febril (temperatura axilar de 38,5oC), com irritabilidade, 
mucosa da língua ressecada, órbitas um pouco encovadas, com frequência cardíaca próxima de 110 bpm, pulso débil, 
tempo de enchimento capilar de 4 segundos constatado emfalanges, e presença de sinal da prega cutânea que desaparece 
em 3 segundos. Há uma discreta dermatite perianal. 
Com Desidratação ou Desidratação grave 
 
 
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6. Proponha uma terapêutica, quantitativamente calculada, para reidratar a criança (fase rápida) considerando a via 
mais adequada. 
 
 
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1. Plano A: tratamento no domicílio. É obrigatório aumentar a oferta de líquidos, incluindo o soro de reidratação oral 
(reposição para prevenir a desidratação) e a manutenção da alimentação 
Tratamento com alimentos que não agravem a diarreia. Deve-se dar mais líquidos do que o paciente ingere normalmente. 
Além do soro de hidratação oral, são considerados líquidos adequados: sopa de frango com hortaliças e verduras, água 
de coco, água. São inadequados: refrigerantes, líquidos açucarados, chás, sucos comercializados, café. 
Ainda no Plano A, deve-se iniciar a suplementação de zinco e manter a alimentação habitual. Os sinais de alarme devem 
ser enfatizados nesta fase, para serem identificados prontamente na evolução se ocorrerem (aumento da frequência das 
dejeções líquidas, vômitos frequentes, sangue nas fezes, recusa para ingestão de líquidos, febre, diminuição da atividade, 
presença de sinais de desidratação, piora do estado geral) 
• Administração de zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias (até os 6 meses de idade 10mg/dia e em maiores de 
6 meses até os 5 anos de idade 20mg/dia) » é recomendado para crianças com risco de deficiência de zinco (OMS 
não recomenda) 
 
2. Plano B: administrar o soro de reidratação oral sob supervisão médica (reparação das perdas vinculadas à desidratação). 
Manter o aleitamento materno e suspender os outros alimentos (jejum apenas durante o período da terapia de reparação 
por via oral). Após o término desta fase, retomar os procedimentos do Plano A. 
De acordo com a OMS é importante que a alimentação seja reiniciada no serviço de saúde para que as mães sejam 
orientadas quanto à importância da manutenção da alimentação. A primeira regra nesta fase é administrar a solução de 
terapia de reidratação oral (SRO), entre 50 a 100 mL/Kg, durante 2 a 4 horas. 
A SRO deve ser oferecida de forma frequente, em quantidades pequenas com colher ou copo, após cada evacuação. A 
mamadeira não deve ser utilizada. O Quadro 3 apresenta as condutas do Plano B. Considera-se fracasso da reidratação 
oral se as dejeções aumentam, se ocorrem vômitos incoercíveis, ou se a desidratação evolui para grave. Nesta fase deve-
se iniciar a suplementação de zinco. 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
 
Se o paciente desidratado, durante o tratamento com o PLANO B, apresentar vômitos persistentes, deve-se administrar 
uma dose de antiemético ondansetrona 
 
Caso após seis horas de tratamento, não houver melhora da desidratação, encaminhar ao hospital de referência para 
internação1, mas na prática considera-se prudente encaminhar se não ocorrer melhora após três a quatro horas. No 
PLANO B estima-se que sejam necessários 50 a 100 mL/kg de SRO em quatro a seis horas. 
O aleitamento materno pode ser mantido, se for tolerado. A alimentação habitual deve ser reiniciada após a fase de 
reidratação. Pacientes que evoluem com piora ou não resposta ou ainda apresentam doenças graves associadas, 
principalmente com alteração do sensório, devem receber hidratação venosa de imediato. É importante avaliar a 
necessidade de adequações nutricionais para os pacientes desnutridos moderados e graves. Se existir dúvida quanto à 
classificação do paciente entre PLANO B ou PLANO C, deve-se considerar o pior cenário, estando indicado o PLANO C. 
3. Plano C: corrigir a desidratação grave com terapia de reidratação por via parenteral (reparação ou expansão). Em geral, 
o paciente deve ser mantido no serviço de saúde, em hidratação parenteral de manutenção, até que tenha condições de 
se alimentar e receber líquidos por via oral na quantidade adequada. As indicações para reidratação venosa são: 
desidratação grave, contraindicação de hidratação oral (íleo paralítico, abdômen agudo, alteração do estado de 
consciência ou convulsões), choque hipovolêmico. 
Idealmente deve-se conseguir a punção de veia calibrosa. Quando necessário, sobretudo em casos de choque 
hipovolêmico, podem ser necessários dois acessos venosos. Caso não seja possível infusão venosa, considerar infusão 
 
 
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intraóssea. Podem ser utilizados os seguintes critérios para internação hospitalar: choque hipovolêmico, desidratação 
grave (perda de peso maior ou igual a 10%), manifestações neurológicas (por exemplo, letargia e convulsões), vômitos 
biliosos ou de difícil controle, falha na terapia de reidratação oral, suspeita de doença cirúrgica associada ou falta de 
condições satisfatórias para tratamento domiciliar ou acompanhamento ambulatorial. 
O Plano C consiste em duas fases de reidratação endovenosa destinada ao paciente com desidratação grave. Nessa 
situação o paciente deverá ser transferido o mais rapidamente possível. Os primeiros cuidados na unidade de saúde são 
importantíssimos e já devem ser efetuados à medida que o paciente seja encaminhado ao serviço hospitalar de saúde. 
• Realizar reidratação endovenosa no serviço saúde (fases rápida e de manutenção); 
• O paciente deve ser reavaliado após duas horas, se persistirem os sinais de choque, repetir a prescrição; caso 
contrário, iniciar balanço hídrico com as mesmas soluções preconizadas; 
• Administrar por via oral a solução de SRO em doses pequenas e frequentes, tão logo o paciente aceite. Isso acelera 
a sua recuperação e reduz drasticamente o risco de complicações; 
• Suspender a hidratação endovenosa quando o paciente estiver hidratado, com boa tolerância à solução de SRO e 
sem vômitos. 
 
 
 
 
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A reidratação por via oral com SRO deve ser iniciada quando o paciente for capaz de ingerir líquidos, geralmente duas a 
três horas após o início da reidratação endovenosa, concomitantemente ao soro venoso. A reidratação por via endovenosa 
deve ser interrompida quando o paciente for capaz de ingerir o SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado. 
O volume e consistência das fezes deve ser avaliado e o paciente observado por pelo menos seis horas, com reavaliações 
quanto ao estado de hidratação. A alimentação e o aleitamento podem ser reintroduzidos quando houver melhora da 
desidratação com o paciente hemodinamicamente estável 
 
Para o paciente (Peso = 9280g » 10kg) 
• Primeira etapa -> Soro Fisiológico ou Ringer Lactato 278,4ml em 30 minutos 
• Segunda etapa -> Soro Fisiológico ou Ringer Lactato 649,6ml em 2,5h 
• Fase de manutenção -> Soro glicosado à 5% + Soro fisiológico à 0,9% na proporção de 4:1 1000ml (800ml soro 
glicosado + 200ml soro fisiológico) em 24h + Soro glicosado à 5% + Soro fisiológico à 0,9% na proporção de 1:1 
500ml + KCL a 10% -> 20ml 
O tratamento medicamentoso deve ser avaliado de forma criteriosa. 
• Antipiréticos: estão indicados nos casos de febre e dor (dipirona ou paracetamol). 
• Antiemético: Apenas deve ser usado se o paciente apresentar vômitos persistentes. 
• Antibióticos: Devem ser usados somente para casos de diarreia com sangue (disenteria) e comprometimento do 
estado geral ou em caso de cólera grave, imunodeprimidos (prevenir sepse), RNs, desnutrição grave, Shigella com 
febre acima de 5 dias, com manifestação neurológica. Em outras condições, os antibióticos são ineficazes, causam 
resistência antimicrobiana e, portanto, não devem ser prescritos. 
 
 
 
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• Antiparasitários: Devem ser usados somente para: amebíase, quando o tratamento de disenteria por Shigella sp 
fracassar, ou em casos em que se identificam nas fezes trofozoítos de Entamoeba histolytica englobando 
hemácias: metronidazol 50mg/kg/dia 3x/dia por 10 dias. Giardíase, quando a diarreia durar 14 dias ou mais, seforem identificados cistos ou trofozoítos nas fezes ou no aspirado intestinal: metronidazol 15 mg/kg/dia 3x/dia 
por cinco dias. 
• Zinco está indicado para crianças menores de cinco anos de idade, como foi descrito no PLANO A. 
• Vitamina A reduz mortalidade e internações em populações com alto risco de deficiência, por exemplo 
desnutridos. A dose é variável de acordo com o quadro nutricional do paciente, mas em geral é de 50.000 UI em 
lactentes menores de seis meses de idade; 100.000 UI em lactentes de seis a 12 meses; 200.000 U em crianças 
maiores. 
• Antissecretor: Racecadotrila é considerada como uma possibilidade de tratamento coadjuvante pela Sociedade 
Europeia de Gastroenterologia Pediátrica Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN) e pela diretriz Iberoamericana no 
tratamento da diarreia aguda. Ensaios clínicos e metanálise demonstraram o seu papel na redução das perdas e 
na duração da diarreia aguda. A dose é de 1,5mg/Kg, 3 vezes ao dia, sendo contraindicado em menores de três 
meses de idade. É disponibilizado comercialmente em sachê (pó) na dose de 10 e 30mg ou em comprimido de 
100mg, devendo ser interrompido assim que cessar a diarreia. Adultos não devem receber mais que 400mg/dia. 
O MS não menciona antissecretórios no seu plano de tratamento. 
• Probióticos: Em fevereiro de 2023 foi publicado pela ESPGHAN o posicionamento com relação ao uso de 
Probióticos no tratamento dos distúrbios gastrointestinais pediátricos, incluindo as diarreias agudas. O 
documento teve como método a busca de documentos anteriores da ESPGHAN como revisões sistemáticas, 
metanálises e estudos randomizados publicados até 2021 com cepas especificas ou suas combinações testadas 
em pelo menos dois estudos randomizados duplo cegos. Três cepas e uma mistura de duas cepas foram 
recomendadas no tratamento da diarreia aguda de acordo com a ESPGHAN 2022 e 2023: 
o Saccharomyces boulardii cepa específica CNCM I-745: na dose de 250–750mg/dia, por 5 a 7 dias, 
o Lacticaseibacillus rhamnosus GG ATCC53103: na dose de ≥1010 unidades formadoras de colônia (UFC) 
/dia, por 5 a 7 dias; 
o Limosilactobacillus reuteri DSM 17938: doses diárias 1×108 a 4×108 UFC, por 5 a 7 dias; 
o L. rhamnosus 19070-2 & L. reuteri DSM 12246: dose de 106 UFC de cada cepa duas vezes ao dia por 5 
dias. 
o As cepas testadas reduzem, em média, um dia da duração de diarreia. 
o Não está recomendada a combinação de Lactobacillus helveticus R0052 e L. rhamnosus R0011 para o 
tratamento da gastroenterite aguda devido à falta de eficácia. Da mesma forma, as cepas de Bacillus 
clausii O/C, SIN, N/R e T não estão indicadas. 
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/sbp/2023/junho/14/24048aPRESS-GPA-Diarreia_Aguda_Infecciosa-
pSITE.pdf 
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2017/03/Guia-Pratico-Diarreia-Aguda.pdf 
 
7. Faça uma avaliação crítica sobre os dois atendimentos médicos que antecederam o seu. O que faltou para qualificar 
melhor a consulta? E quais foram os eventuais pontos positivos das consultas? 
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/sbp/2023/junho/14/24048aPRESS-GPA-Diarreia_Aguda_Infecciosa-pSITE.pdf
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/sbp/2023/junho/14/24048aPRESS-GPA-Diarreia_Aguda_Infecciosa-pSITE.pdf
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
No primeiro atendimento faltou orientar sobre aumento da ingestão de líquidos, além do soro. Também faltou a 
prescrição de zinco (Administração de zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias (até os 6 meses de idade 10mg/dia e em 
maiores de 6 meses até os 5 anos de idade 20mg/dia)) 
O segundo atendimento a conduta do médico não seguiu as orientações da SBP, porque a antibioticoterapia é restrita 
para alguns casos 
• Na grande maioria das vezes os antibióticos não são empregados no tratamento da diarreia aguda, pois os 
episódios são autolimitados e grande parte se deve a agentes virais. O uso de antibióticos na diarreia aguda está 
restrito aos pacientes que apresentam diarreia com sangue nas fezes (disenteria), na cólera, na infecção aguda 
comprovada por Giardia lamblia ou Entamoeba hystolitica, em imunossuprimidos, nos pacientes com anemia 
falciforme, nos portadores de prótese e nas crianças com sinais de disseminação bacteriana extraintestinal. 
Os atendimentos demonstraram boa intenção em proporcionar alívio sintomático e escalonar o cuidado, mas falharam 
em abordar a origem do problema de maneira sistemática. A ausência de exames complementares e de uma anamnese 
mais detalhada comprometeu a efetividade do tratamento e prolongou o sofrimento do paciente. 
O próximo passo deve incluir uma abordagem diagnóstica mais abrangente, com exames laboratoriais e/ou de imagem, 
a depender da evolução do quadro clínico 
8. Qual seria a sua conduta agora, após o seu atendimento? Leve em conta os diferentes momentos, da chegada do 
paciente de uma forma descompensada, até o momento em que você define o destino do paciente (alta ou 
hospitalização). 
Após a fase de hidratação rápida, deve-se iniciar a hidratação por via oral assim que possível e reestabelecer a 
alimentação. O paciente só deverá receber alta após hidratação completa. O zinco deve ser administrado por 10 a 14 dias 
20mg/dia. A mãe deve ser orientada quanto aos sinais de alarme, caso a criança apresente trazer para a unidade de saúde 
novamente.

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