Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MEDICINA Medicina Geral de Crianças I A CRIANÇA COM EXANTEMA Prof. Navarro Santos Gribel navarrogribel@hotmail.com ETIOLOGIA Infecciosa: 65% dos casos •Viral: 72% •Bacteriana •Protozoários •Riquettsias ETIOLOGIA Não infecciosas •Medicamentos •Queimadura solar •Picadas de insetos •Contato com alérgenos DEFINIÇÃO Exantema •mancha cutânea de fundo vascular, que pode manifestar-se de várias modalidades: mácula, pápula, vesícula, pústula, crosta, sufusões hemorrágicas Enantema •lesões mucosas: conjuntivas, orais ou urogenitais Fonte: Leão, et al. 2013 DEFINIÇÃO Mácula (mancha) Pápula Placa Vesícula Fonte figuras: uptodate DEFINIÇÃO Pústula Petéquia Púrpura Fonte figuras: uptodate DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Anamnese • Idade • Estação do ano • História pregressa • Imunização • Contato com doentes • Uso de drogas, exposição a alérgenos • Pródromos DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Exame físico •características do rash •presença de sinais patognomônicos •alterações clínicas associadas Exames laboratoriais DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL MORBILIFORME ESCARLATINIFORME RUBEOLIFORME Pápulas de tamanho variável (3-10mm), contorno pouco regular e cor avermelhada, com pele são de permeio, podendo confluir Áreas extensas de vermelhidão difusa, sem solução de continuidade, poupando a região oral. Hipertrofia de folículos pilosos (aspecto de lixa) Semelhante ao morbiliforme, porém coloração rósea pápulas menores, às vezes confluente SARAMPO, rubéola, exantema súbito, echo e coxsackieviroses e reações medicamentosas. ESCARLATINA, dengue clássico, rubéola, queimadura de sol RUBÉOLA, echoviroses, coxsackieviroses, infecções por adenovírus, parainfluenza e parvoviroses DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS EXANTEMÁTICAS Maculopapular Febres eruptivas clássicas •1ª moléstia: Sarampo •2ª moléstia: Rubéola •3ª moléstia: Febre escarlatina •4ª moléstia: doença de Filatov-Dukes •5ª moléstia: Eritema infeccioso •6ª moléstia: Exantema súbito (Roseola infantum) Mononucleose infecciosa DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS EXANTEMÁTICAS Papulovesicular Varicela Síndrome mão-pé boca SARAMPO ETIOLOGIA: gênero Morbilivirus da família Paramixovirus INCUBAÇÃO: 8 a 12 dias PERÍODO TRANSMISSIBILIDADE: 3-5 dias antes do rash até 4 dias depois TRANSMISSÃO: contato com secreções respiratórias e pelo ar (aerossol) SARAMPO FASE PRODRÔMICA 3-5 dias 36,6- 37,2- 37,8- 38,3- 38,9- 39,4- 40- Exantema Sinal de Koplik Conjuntivite Coriza Tosse sarampo Dias de doença Te m pe ra tu ra ( o C ) Fonte: Adaptação de Krugman, 2004 SARAMPO FASE EXANTEMÁTICA sarampo Manchas de Koplik na mucosa oral Máculas e pápulas confluentes Rash discreto Máculas e pápulas discretas Fonte: Adaptação de Krugman, 2004 Figura A: exantema morbiliforme DESCAMAÇÃO FURFURÁCEA (exceto mãos e pés) NO 7º DIA SARAMPO FASE EXANTEMÁTICA Fonte: Nelson Tratado de Pediatria, 19 ed.; Uptodate Manchas de Koplik: patognomônicas Exantema morbiliforme SARAMPO COMPLICAÇÕES Otite Pneumonia Encefalite: 0,1% DIAGNÓSTICO: clínico/ laboratorial/epidemiológico Sorologia (IgG e IgM) PCR SARAMPO TRATAMENTO: Vitamina A PREVENÇÃO: Imunização ativa Imunização passiva (até 5º dia): grávidas e imunocomprometidos Pós contato: Imunização ativa (até 72 horas) RUBÉOLA ETIOLOGIA: gênero Rubivirus da família Togaviridae INCUBAÇÃO: 14-21 dias (média 17) PERÍODO TRANSMISSIBILIDADE: 4-5 dias antes e até 4º dia após exantema TRANSMISSÃO: contato com secreções respiratórias FASE PRODRÔMICA 2-3 dias Te m pe ra tu ra ( o C ) Fonte: Adaptação de Krugman, 2004 36,6- 37,2- 37,8- 38,3- 38,9- 39,4- 40- Exantema Linfonodomegalia Mal estar Conjuntivite Coriza Dias de doença RUBÉOLA Linfadenopatia retroauricular, occipital e cervical FASE EXANTEMÁTICA Fonte: Adaptação de Krugman, 2004 RUBÉOLA Rash discreto FASE EXANTEMÁTICA Fonte: Nelson Tratado de Pediatria, 19 ed.; Uptodate RUBÉOLA Exantema rubeoliforme NÃO DESCAMA COMPLICAÇÕES Artropatia Encefalite: 1:6.000 Síndrome da rubéola congênita: DIAGNÓSTICO: Sorologia (IgM, títulos ascendentes de IgG) RUBÉOLA Catarata, surdez e cardiopatia (PCA/estenose de artéria pulmonar) TRATAMENTO: Suportivo PREVENÇÃO: Imunização ativa Contraindicações: grávidas e imunossuprimidos RUBÉOLA Pós contato: imunização ativa ERITEMA INFECCIOSO ETIOLOGIA: Parvovirus B19 INCUBAÇÃO: 5-10 dias PERÍODO TRANSMISSIBILIDADE: Antes do rash TRANSMISSÃO: contato com secreções respiratórias, sangue e transmissão vertical FASE PRODRÔMICA: inexistente ou inespecífica FASE EXANTEMÁTICA: 3 fases 1ª: início em face (face esbofeteada) ERITEMA INFECCIOSO 2ª: evolução cranio-caudal Aspecto rendilhado, rendado 3ª: Recorrência (trauma, estresse, calor) COMPLICAÇÕES Artropatia Crise aplásica Infecção congênita DIAGNÓSTICO: Sorologia (IgM), PCR ERITEMA INFECCIOSO TRATAMENTO: Suportivo PREVENÇÃO: precaução padrão Não precisa isolamento ERITEMA INFECCIOSO EXANTEMA SÚBITO (Roseola infantum) ETIOLOGIA: Herpes vírus tipo 6 INCUBAÇÃO: 7 a 17 dias PERÍODO TRANSMISSIBILIDADE: Primeiros dois dias de febre TRANSMISSÃO: contato com secreções de portadores assintomáticos População susceptível: 6 a 24 meses FASE PRODRÔMICA 3-7 dias Febre alta (>39,3ºc) Sinais gastrintestinais ou de via aérea superior EXANTEMA SÚBITO (Roseola infantum) FASE EXANTEMÁTICA Eritema maculopapular Inicialmente no tronco – para membros e face Duração: horas a 2-3 dias Fonte: Nelson Tratado de Pediatria, 19 ed. COMPLICAÇÕES DIAGNÓSTICO: Curso clínico típico EXANTEMA SÚBITO (Roseola infantum) Laboratório: Leucocitose com neutrolifia – linfocitose e leucopenia Específico: isolamento viral, PCR ou sorologia Crise convulsiva febril –6- 10% infecção primária TRATAMENTO: Sintomáticos PREVENÇÃO: EXANTEMA SÚBITO (Roseola infantum) Precaução padrão Não precisa de isolamento ESCARLATINA ETIOLOGIA: Estreptococo beta-hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes) INCUBAÇÃO: 2 a 7 dias PERÍODO TRANSMISSIBILIDADE: Até desaparecimento de febre – 24horas após início de penicilina TRANSMISSÃO: contato com secreções respiratórias FASE PRODRÔMICA 24-48 horas Fonte: Adaptação de Krugman, 2004 ESCARLATINA 36,6- 37,2- 37,8- 38,3- 38,9- 39,4- 40- Exantema Dor de garganta Te m pe ra tu ra ( o C ) Escarlatina Dias de doença FASE EXANTEMÁTICA Fonte: Adaptação de Krugman, 2004 ESCARLATINA escarlatina Bochechas vermelhas Mais intenso no pescoço Mais intenso na virilha Mais intenso nas axilasSinal de Pastia Palidez perioral Língua em framboesa Desaparece à digitopressão Palidez periorial FASE EXANTEMÁTICA Fonte: Uptodate, 2013 ESCARLATINA Figura A: sinal de Pastia Figura B: descamação laminar COMPLICAÇÕES Invasivas: síndrome do choque tóxico estreptocócico Não-supurativas: Febre reumática, glomerulonefrite DIAGNÓSTICO: Clínico: amigdalite membranosa associada Laboratorial: Gram e cultura de secreção amigdaliana; teste rápido ESCARLATINA TRATAMENTO: Penicilina benzatina dose única ou Amoxicilina oral por 10 dias PREVENÇÃO: Melhoria socioeconômica ESCARLATINA MONONUCLEOSE INFECCIOSA ETIOLOGIA: Virus Epstein-Barr, da família Herpesvirus INCUBAÇÃO: 30 a 45 dias PERÍODO TRANSMISSIBILIDADE: um ano ou mais TRANSMISSÃO: contato íntimo com secreções orais FASE PRODRÔMICA Início abrupto ou insidioso: cefaleia, febre, calafrio, anorexia e prostração, seguida de linfadenopatia e dor de garganta. MONONUCLEOSE INFECCIOSA FASE EXANTEMÁTICA Exantema: primeiros dias da doença, dura de 1 – 6 dias Eritematoso, macular e papular ou morbiliforme. Às vezes, urticária ou escarlatiniforme. Sem localização precisa. MONONUCLEOSE INFECCIOSA 3 – 15% - Se uso de ampicilina: mais de 80% desenvolverão rash (5-10 dias depois) – não é reação à droga! OUTROSSINAIS SUGESTIVOS: Tríade de tonsilite membranosa (50%), linfadenopatia e esplenomegalia (50%). Petéquias no palato MONONUCLEOSE INFECCIOSA Tonsilite membranosa na mononucleose COMPLICAÇÕES Ruptura de baço Associação com linfoma de Hodgkin DIAGNÓSTICO: clínico/ laboratorial (linfocitose atípica) Sorologia (IgG e IgM) PCR MONONUCLEOSE INFECCIOSA Neurológicas: Síndrome de Guillain-Barré, encefalite, meningite asséptica, neurite periférica TRATAMENTO: Suportivo PREVENÇÃO: Evitar contato com infectados Não precisa de isolamento MONONUCLEOSE INFECCIOSA VARICELA ETIOLOGIA: Vírus varicela-zoster, membro da família dos herpesvirus INCUBAÇÃO: 10 a 21 dias PERÍODO TRANSMISSIBILIDADE: 1 a 2 dias antes do exantema, até resolução de todas as lesões TRANSMISSÃO: contato direto com as lesões, pelo ar (aerossol), secreções respiratórias FASE PRODRÔMICA 1-2 dias: febre, mal estar sintomas inespecíficos Pode não ocorrer VARICELA FASE EXANTEMÁTICA Inicia-se em face e couro cabeludo Centrípeto Acomete mucosa Fonte: SES/MG, Protocolo varicela, 2013 FASE EXANTEMÁTICA VARICELA Número de lesões Pruriginoso Febre COMPLICAÇÕES Infecção bacteriana secundária das lesões Pneumonia bacteriana Meningite asséptica, encefalite, mielite transversa. DIAGNÓSTICO: clínico e epidemiológico VARICELA TRATAMENTO: Sintomático Higiene local e antipruriginosos Unhas cortadas VARICELA Aciclovir: início em 24 horas do rash 1- Pessoas saudáveis, não gestantes, a partir de 13 anos de idade. 2- Crianças > 12 meses com doença crônica cutânea ou pulmonar. 3- Crianças em uso de corticoterapia sistêmica ou inalatória. 4- Crianças e adultos imunocomprometidos com complicações relacionadas ao vírus. PREVENÇÃO: Vacinação – duas doses a partir 12 meses VARICELA Pós contato: Vacinação de bloqueio (até 5 dias) Imunoglobulina (de 96h até 10 dias) SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA ETIOLOGIA: Enterovirus (coxsackievirus A16; enterovirus 71, coxsackie A virus 5,7,9 e 10; coxsackievirus B 2 e 5 e echovirus) INCUBAÇÃO: 3 a 6 dias PERÍODO TRANSMISSIBILIDADE: Primeira semana (pode permanecer por várias semanas) TRANSMISSÃO: contato fecal-oral e via respiratória, além de via fômites SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA Resolução espontânea em 2 a 3 dias COMPLICAÇÃO: Desidratação DIAGNÓSTICO: clínico SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA TRATAMENTO: Sintomático Alimentos doces, líquidos e gelados CONCLUSÃO Importância do diagnóstico correto •Paciente •Contatos •Comunidade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Básicas: Pediatria Ambulatorial 5ª edição; Enio Leão, 2013 Diagnóstico diferencial em Pediatria – Lincoln Freire Nelson Tratado de Pediatria 19ª edição, 2011 Complementares: Exantema (Yamamoto et al, 1988) Abordagem do exantema (da Silva et al, 2012) Krugman’s Infectious diseases of children, 11 ed 2004.
Compartilhar