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Pneumonia Comunitária Conceito: · Pneumonia é a inflamação do parênquima pulmonar causada, na maioria das vezes, por vírus e/ou bactérias. No entanto, também podem ser causadas por fungos, protozoários, irritantes químicos. · Caracteriza-se por sinais e sintomas de desconforto respiratório e opacidades à radiografia de tórax · Portanto, o diagnóstico é feito com base em história clínica, exame físico (estado geral, padrão respiratório) e radiografia de tórax (serve para elucidar o diagnóstico e guiar o tratamento). · A pneumonia adquirida na comunidade é definida como aquela causada por microorganismos adquiridos fora do ambiente hospitalar. Epidemiologia Brasil: · As doenças do aparelho respiratório são a principal causa de internação hospitalar no Brasil entre 0 e 19 anos. · Segunda principal causa de morte em menores de 5 anos, dentre elas, a pneumonia é a causa mais comum. Casos mais comuns: · Vírus · Vírus sincicial respiratório (principal agente) · Influenza · Adenovírus · Coronavírus · Parainfluenza · Metapneumovírus humano · Outros (rhinovirus e bocavirus) · Bactérias · Streptococcus pneumoniae (causa principal de infecções nas vias aéreas inferiores e superiores) · Haemophilus influenzae · Staphylococcus aureus · Mycoplasma pneumoniae · Chlamydophila pneumoniae (causa pneumonia atípica) Casos mais comuns Obs: Não usar o quadro abaixo de forma engessada. IDADE AGENTE ETIOLÓGICO Recém-nascido: Bactérias gram negativas (cobertura com aminoglicosídeo - gentamicina); Streptococcus do grupo B (cobertura com ampicilina); Staphylococcus aureus (cobertura com oxacilina → possui início abrupto com rápida progressão dos sintomas) e S. epidermidis; Listeria monocytogenes 1 a 4 meses: Síndrome da pneumonia afebril do lactente Vírus, Chlamydophila trachomatis, Citomegalovírus, Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum. 1 mês a 5 anos Vírus; Streptococcus pneumoniae; Haemophilus influenzae tipo B e cepas não tipáveis; Staphylococcus aureus. Acima de 5 anos Streptococcus pneumoniae (Crianças com pneumonia de início agudo, geralmente com condensação lobar ou derrame pleural); Mycoplasma pneumoniae (Crianças com sintomas de VAS precedendo a pneumonia, com infiltrado parenquimatoso intersticial na radiografia de tórax); Chlamydophila pneumoniae Etiologia e padrão Obs: Diferente da bronquiolite, na qual a taxa de incidência máxima é no primeiro ano, na pneumonia viral situa-se entre dois e três anos, reduzindo-se posteriormente. Diagnóstico – Avaliação Clínica · Anamnese · História da moléstia atual · Infecção de via aérea superior previa → Tosse, taquidispnéia · Febre → Para febre acima de 72 horas, pensar em bactérias · Sinais e sintomas respiratórios · Outros sinais → prostrado mesmo sem febre/ parou de alimentar/ presença de vômitos, pensar em bactérias Manifestações clínicas das pneumonias virais A maioria das pneumonias virais é precedida por vários dias de sintomas respiratórios como tosse, coriza e obstrução nasal. Embora a febre geralmente esteja presente, a temperatura costuma ser mais baixa do que na pneumonia bacteriana (muito embora isso não seja critério absoluto). · História pregressa; · História familiar; · História socioeconômica · Exame físico: · Esforço respiratório; → verificar o padrão respiratório. · Percussão/Frêmito toracovocal; · Ausculta respiratória; · Oximetria. Sinais de alerta de gravidade clínica · Esforço respiratório: tiragem, batimentos de aletas nasais, gemência, balanço toracoabdominal e retração xifoidea; · Apneia ou irregularidade no padrão respiratório; · Hipoxemia <92%; em crianças menores de 2 anos e <94% em crianças maiores de 2 anos; · Taquipnéia intensa (FR >70 irpm em < 12 meses; e FR >50 irpm em >12 meses)/ · Febre que passa, mas a criança fica prostrada; → A duração em geral é de mais de 72 horas (3 dias); · Desidratação; · Dificuldade em beber ou mamar; · Vômitos persistentes; · Convulsão, letargia ou alteração de consciência (sonolência, confusão irritabilidade); · Cianose; · Instabilidade hemodinâmica. Obs: Sempre perguntar para os pais se a criança já usou bombinha, berotec, chiou… Diagnóstico – Radiografia de Tórax · Confirmar o diagnóstico; · Avaliar a extensão do processo pneumônico; · Mostrar complicações (pneumatoceles, derrames, abscesso); · Contribuir na decisão de internar ou não o paciente; · Exclusão de diagnósticos diferenciais. Padrões radiológicos principais Obs: O Rx ajuda na condução do caso! Acima, os exames representam infecções bacterianas. Obs: O paciente acima apresenta infiltrados difusos, o que caracteriza infecção viral. Diagnóstico – Outros exames · Hemograma; · Infecções bacterianas: Leucocitose com neutrofilia e desvio para esquerda; · Viral: leucocitose, leucopenia ou normal. Geralmente linfocitose; · Pneumonia afebril do lactente: eosinofilia; · Proteína C-reativa: Viral: 21,5 mg/L e 60,3 mg/L; → Caso os valores do PCR reduzem, posso pensar em retirar o antibiótico. Pneumocócica: 53,9 mg/L e 126,0 mg/L; · Hemocultura → Realizada antes de iniciar o antibiótico Abordagem – Tratamento Tratamento das pneumonias virais · São necessárias apenas medidas de apoio, embora alguns pacientes necessitem de internação para administração de líquidos intravenosos, oxigênio ou mesmo ventilação assistida. · As únicas drogas específicas disponíveis para o tratamento das infecções virais respiratórias são: · amantadina oral, · rimantadina, · oseltamivir, · zanomivir · ribavirina em aerossol. Obs: O tratamento parece ser benéfico somente se instituído dentro de 36 a 48 horas após o início da infecção. Abordagem – Onde ? · Inicialmente, diante de sinais de alerta, interno, hidrato, faço o MOV, suspendo a dieta. · Ambulatorial → Importante a reavaliação dentro de 24-72 horas; · Ambulatorial → Importante avaliar sinais de alerta (podemos instruir os responsáveis pelo paciente a retornar mediante esses sinais antes das 24 ou 72 horas) → Indicação internação; · Falha terapêutica; Obs: Quando sabemos que a dose do ATB está inadequada ou é resistência bacteriana? Reavaliar o tratamento, se o paciente está tomando corretamente o medicamento. · Persistência da febre e/ou taquipneia por mais de 48 horas a 72 horas de uso correto do antibiótico prescrito. · Indicações de internação: · Idade inferior a 4-6 meses; · Sinais de alerta de gravidade clínica; · Pneumonia extensa ou com complicações; · Doenças subjacentes: cardiopatia, mucoviscidose, displasia broncopulmonar, imunodeficiência, desnutrição grave; · Situação social comprometida, com incapacidade de de retornar ao serviço · Falha no tratamento ambulatorial. Prevenção Vacinas · Contra Haemophilus influenzae tipo B – reduziu em 31% a incidência de pneumonias, junto com redução da mortalidade. · Contra pneumococo (Pneumo10 e Pnseumo13): Março/2010 – ainda não tem estudos PNEUMONIA Clínica . Sintomas/Sinais - Pneumonia Típica . Início abrupto: febre alta, tosse produtiva, taquidispneia, dor torácica... . Pneumococo (Streptococcus Pneumoniae) tem boa evolução clínica . S. aureus, H. influenzae e Gram negativos evoluem mais graves - Pneumonia Atípica . Insidioso: febre baixa, tosse prolongada, coriza, dor garganta... . Clamydophila pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae . Existe dois quadros clássicos de pneumonia atípica: · a pneumonia afebril do lactente → Clamydophila trachomatis, Ureoplasma urealyticum e Mycoplasma hominis · pneumonia atípica (escolar/ adolescente) → Mycoplasma pneumoniae e Clamydophila pneumoniae - Outros achados (sinais) . Queda do estado geral, anorexia, dor abdominal à palpação . Crepitações, diminuição do MV,aumento do FTV, broncofonia, submacicez/macicez percussão. Sibilância penso mais em 🡪 a) Vírus; b) Atípico; c) Corpo estranho . Podem ter ausculta normal . RX Tórax - Pneumonia Típica: consolidação lobar/segmentar, broncopneumonia - Pneumonia Atípica /Viral: infiltrado intersticial Agente Etiológico . Recém-nascido - < 3-7 dias: Estreptococo do grupo B >Gram negativo (E. coli) > Listeria → Agentes clássicos da Sepse neonatal precoce! - > 3-7 dias: S. aureus > S. epidermidis > Gram negativo → Agentes clássicos da Sepse neonatal tardia! . 1-3 meses (Pneumonia Afebril do lactente): VSR > C. trachomatis > U. urealyticum Obs: A Pneumonia Afebril do lactente está classicamente associada com um histórico de conjuntivite + eosinofilia associada a todo o caso clínico. . 3 meses - 5 anos: Vírus > Streptococcus pneumoniae > H. influenzae (B - o qual caiu bastante a prevalência com a vacinação- e não tipável) > (...) . 2 - 5 anos: (...) M. pneumoniae e C. pneumoniae (PNM atípica ) . 6-18 anos: Vírus > Streptococcus pneumoniae > M. pneumoniae Situações Clínicas 1) Antibiótico de primeira escolha . < 3-7 dias: Ampicilina (ou Penicilina) + Aminogliglicosideo (Gentamicina) . > 3-7 dias: Oxacilina + Aminogliglicosideo (Gentamicina) . 1 mês - 18 anos: Amoxicilina (não precisa ser dobrada nesse caso, pois o pulmão é ricamente vascularizado), Cristalina ou Ampicilina venosa - Se Pneumonia Afebril/ Atípica/ Se alergia a penicilinas: Macrolídeos . Tempo: 7-10 dias (ou 3 a 5 dias após término da febre) 2) Resposta Insatisfatória após 72h de antibioticoterapia = paciente continua com febre (medida quantitativa) . Pesquisar - Outros agentes infecciosos (vírus, tuberculose, fungos...) - Aderência ao tratamento - Resistência bacteriana - Complicações Obs: Apesar de eu ter pensado nessas revisões da terapêutica acima, a conduta é não mudar a terapêutica (o antibiótico), mas sim REALIZAR A RADIOGRAFIA DE TÓRAX para a busca de possíveis complicações Obs: Não existe diagnóstico de princípio de pneumonia!!! . Resistência Bacteriana a) Pneumococo - alteração da PBP . Penicilina G Cristalina* → Tem efeito melhor, segundo a literatura . Opção: Amoxicilina/Ampicilina (aumentar a dose, não é necessário, pois o pulmão é muito vascularizado) b) Hemófilo - produção de beta-lactamase . Associa inibidor de beta-lactamase (clavulanato; sulbactam) . Opção: Cefalosporina (2ª e 3ª geração) c) Atípicos - Macrolídeos** . Complicações (derrame pleural, abscessos/empiemas, atelectasia) Atelectasia: Abscessos: Derrame pleural: Obs: Diante de complicações, pensar em Staphylococcus aureus, pois é o que tem mais chance de complicar o quadro . Atenção! O agente mais provável diante de pneumonias é o Streptococcus pneumoniae Obs: O derrame pleural pode ser o resultado de uma reação inflamatória local ou pode ser infectado com o líquido inflamatório. → Causa febre! Por isso, não mudo o tratamento imediatamente após a persistência da febre. Derrame Pleural Tipo EXSUDATIVA EMPIEMA Simples/ Transudato Complicada Características pH > 7,2 Glicose > 40 LDH < 1000 Bacterioscopia neg. pH ≤ 7,2 Glicose ≤ 40 LDH ≥ 1000 Bacterioscopia pos. pús Conduta Manter ATB Dreno Torácico, mantendo o ATB. Se paciente não melhorar após 24 horas, mudar o ATB → Oxacilina + Ceftriaxona Indicações de internação: PENICILINA G PROCAÍNA (intramuscular // em desuso) . Indicação - Erisipela (S. pyogenes) - Pneumonia pneumocócica - Sífilis Congênita (alternativa para a Cristalina, exceto neuro sífilis e sífilis ocular) * PENICILINA G CRISTALINA (endovenosa) . Ótima penetração no SNC // Ajustar para insuficientes renais . Indicações a) Meningite/Sepse (Pneumococo e Meningococo) 🡪 use dose dobrada b) Endocardite - ampicilina é mais eficaz que a penicilina c) Sífilis Congênita e Neurosífilis (10 dias) d) Infecções puerperais (Estreptococo do grupo B) e) Pneumonias necrotizantes pós-aspiração / abscesso pulmonar (anaeróbio) . Associar com aminoglicosídeo (ex.: gentamicina) . Clindamicina (melhor anaerobicida de via aérea - é superior ao Metronidazol) e Clavulanato são melhores ** MACROLÍDEOS . Apresentação a) Azitromicina . Semi-sintético / melhor tolerância oral / espectro de ação mais ampla . Não precisa de ajustes para insuficientes renal e hepático b) Claritromicina . Semi-sintético / EV causa muita flebite (usar no máximo por 5 dias) c) Eritromicina (Esterato/Estolato) . Natural / Via oral / Não penetra SNC, nem exsudato de ouvido médio . Estolato proscrito em gestantes (efeitos hepáticos graves) . Indicação a) Azitromicina . IVAS – Faringoamigdalite (3 dias), Rinossinusites (5 dias) . Pneumonias (5 dias) . Coqueluche (5 dias) . Infecções genitourinárias (Clamídias, Gonococo, H. ducreyi) . Doença arranhadura do gato (B. hansellae) b) Claritromicina . IVAS/IVAI . Piodermites (impetigo, furunculoses, celulites) . Micobacterioses atípicas . Diarreia por Campylobacter . Tratamento do H. pylori (associado à Amoxicilina e Omeprazol) c) Eritromicina . PNM intersticiais (Mycoplasma pneumoniae) . Legioneloses . Erradicação bacilo diftérico . Prostatites (C. trachomatis / U. urealyticum) . Conjuntivite por clamídia . Boa cobertura - Gram +/- - Intracelulares (eritromicina) - Atípicos (Micoplasma e Clamídia) . Não atua - Gram + (Enterococo) - Gram - (Enterobactérias) - Anaeróbicas - Intracelulares (Rickettsia rickettsii) . Obs.: - Os macrolídeos também têm ação anti inflamatórias e pró cinéticos - Eritromicina é contraindicada em RN, pelo risco de hipertrófica do piloro image13.png image16.png image11.png image8.png image3.png image7.png image15.png image14.png image17.png image1.png image9.png image12.png image10.png image4.png image2.png image5.png
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