Prévia do material em texto
Processo Diagnóstico em Fonoaudiologia – Uso de Protocolos Validados Conteudista Prof.ª M.ª Nívea Maria Símaro Gomes Revisão Textual Esp. Jéssica Dante 2 Atenção, estudante! Aqui, reforçamos o acesso ao conteúdo on-line para que você assista à videoaula. Será muito importante para o entendimento do conteúdo. Este arquivo PDF contém o mesmo conteúdo visto on-line. Sua dis- ponibilização é para consulta off-line e possibilidade de impressão. No entanto, recomendamos que acesse o conteúdo on-line para melhor aproveitamento. OBJETIVO DA UNIDADE • Conhecer os diferentes protocolos de avaliação de linguagem, levando- -se em conta os parâmetros de normalidade. 3 Introdução Vamos iniciar nossa Unidade de estudo trazendo informações sobre o uso de protocolos validados no processo de avaliação fonoaudiológica. Vale ressaltar que essa temática é fundamental para a sua prática profissional, pois, possivel- mente, durante sua carreira na área de Fonoaudiologia, as questões relaciona- das ao diagnóstico dos distúrbios da comunicação farão parte do seu objeto de estudo e de sua rotina clínica. Nessa perspectiva, vamos discutir os diferentes protocolos validados, com vistas ao entendimento das propostas apresentadas, ressaltando a importância do entendimento das atividades, dos critérios de nor- malidade, assim como, dos parâmetros utilizados, para a compreensão do pro- cesso de avaliação fonoaudiológica. Lembre-se de fazer anotações, mapas mentais e resumos, bem como ler e as- sistir aos Materiais Complementares, pois eles ampliarão seu conhecimento e curiosidade por essa área tão complexa e, ao mesmo tempo, tão interessante que é a comunicação humana! Protocolos de Avaliação Fonoaudiológica Para abordarmos o uso de protocolos validados no processo de avaliação fono- audiológica, é importante compreendermos que a avaliação é uma das ações mais frequentes na rotina de trabalho, cujo êxito é assegurado pela produção de informações que ajudem a levantar, confirmar ou negar uma hipótese diagnós- tica. É objetivo da avaliação elencar o conjunto de dificuldades e facilidades nas diferentes áreas, verificar e especificar os problemas e, ainda, obter dados para a tomada de decisões. A avaliação é um processo complexo em que procedimentos específicos e apro- priados caracterizam o desempenho individual em determinado momento. Porém, deve-se considerar as diversas influências que o sujeito sofreu no decor- rer da vida e, ainda, as influências decorrentes da própria tarefa e das peculiari- dades pertencentes ao meio em que a avaliação é realizada. Neste sentido, diferentes métodos são utilizados na avaliação da linguagem fala- da, e sua eficácia dependerá do uso de procedimentos adequados às condições de faixa etária e habilidade de linguagem do sujeito avaliado, que, complementa- das e apreciadas por um profissional, permitem a tomada de decisões diagnós- ticas e de intervenção. 4 Conhecimentos e práticas difundidas em outras áreas podem contri- buir para a avaliação, diagnóstico, tratamento e acompanhamento da comunicação humana e seus distúrbios. Uma das formas de difu- são desses conhecimentos, em âmbito da avaliação, refere-se ao uso de testes padronizados/formais que proporcionam uma apreciação global ou específica do perfil estudado. O Brasil é, ainda, carente quanto à disponibilidade de instrumentos siste- máticos e formais indicados para avaliação e diagnóstico na área da Fono- audiologia em geral e, principalmente, para crianças em idade pré-escolar. – LINDAU et al., 2015, p. 657 A seguir, apresentamos um roteiro com os principais protocolos validados para a investigação de diferentes habilidades, entre elas, linguagem oral, processa- mento fonológico, processamento da leitura e escrita, habilidades aritméticas e dos processos perceptuais auditivos e visuais. É importante ressaltar que nesta unidade nos deteremos nos protocolos para avaliação da linguagem oral, visto ser o objeto de estudo da referida disciplina. Instrumentos Utilizados na Avaliação Fonoaudiológica A seguir, os principais protocolos utilizados na investigação de diferentes habili- dades comunicativas, linguísticas e de leitura e escrita. Saiba Mais • Avaliação da linguagem oral: • Teste de Linguagem infantil (ABFW) – Andrade et al., (2004); • Avaliação do desenvolvimento da Linguagem (ADL) – Menezes (2003); • Teste de Vocabulário por imagens Peabody (TVIP) – Capovilla e Capovilla (1997); • Teste de Vocabulário por Figuras USP (TVfusp) – Capovilla (2011); • Protocolo de Observação Comportamental (PROC) – Zorzi e Hage (2004); 5 • Observação do Comportamento Comunicativo (OCC) – Ferreira (2010). • Avaliação do processamento fonológico: • Consciência Fonológica: instrumento de Avalia- ção sequencial (CONFIAS) – Moojen et al. (2003); • Perfil de Habilidades Fonológicas – Alvarez, Car- valho e Caetano (2004); • Nomeação Automática Rápida (RAN) – Ferreira et al. (2003); • Memória de Trabalho Fonológica – Grivol e Hage (2011); • Avaliação dos processos de leitura e escrita: • Protocolo de Habilidades Cognitivo-Linguísticas (PHCL) – Capellini, Smythe e Silva (2008); • Teste de Competência de Leitura de Palavras e Pseudopalavras (TCLPP) – Seabra e Capovilla (2010); • A escrita ortográfica na escola e na clínica: teoria, avaliação e tratamento – Moojen (2011); • Provas para Avaliação dos Processos de Leitura (PROLEC) – Capellini, Oliveira e Cuetos (2014); • Avaliação da Velocidade de Leitura Silenciosa e Oral – Capellini e Cavalheiro (2000); • Avaliação da Compreensão Leitora de Textos ex- positivos – Saraiva, Moojen e Munarski (2006); • Protocolo de Avaliação da Compreensão de Lei- tura (PROCOMLE) – Cunha e Capellini (2014); • Roteiro de Observação Ortográfica – Zorzi (2006); • Teste de desempenho escolar (TDE) – Stein (1994). • Avaliação dos processos perceptuais auditivos e visuais: • Teste Illinois de Habilidades Psicolinguística (ITPA) – Bogossian (1984), PERNAMBUCO; ASSENÇO, 2020. 6 Figura 1 – Avaliação entre fonoaudióloga e paciente Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: ambiente clínico, prefigurando uma sala de atendimento, ao fundo uma janela e uma cortina branca transparente para proteção da claridade. Observa-se também ao fundo, alguns objetos nas cores laranja e azul. No ambiente, há a presença de uma fonoaudióloga, mulher, branca, está sentada em uma cadeira, em torno de uma mesa pequena. Ela tem cabelos longos e castanhos, estão amarrados, usa uma blusa de mangas longas na cor cinza e por baixo uma camiseta na cor rosa- claro, com estampa de flores à esquerda. Demonstra alguns exercícios a uma criança, segurando nas mãos dois cards com sílabas. À sua frente está o paciente, uma criança, usando camiseta azul, sentada, com aparência colaborativa, realizando exercícios com as mãos e a boca, orientada pela profissional fonoaudióloga. Fim da descrição. Protocolos de Avaliação Fonoaudiológica: ABFW O conceito habitual de vocabulário indica o conjunto de palavras de determi- nada língua ou o de palavras conhecidas por um indivíduo. Há uma tendên- cia em pensar o vocabulário como um inventário de palavras individuais e suas significações; nessa perspectiva, o conhecimento de vocabulário implica saber o significado das palavras. Desse modo, é necessário compreender que as palavras são os blocos construtores da linguagem, a unidade de significa- ção da qual estruturas mais complexas, como as frases, os parágrafos e os textos, formam-se. 7 Utilizando uma definição mais específica, pode-se distinguir os ter- mos “léxico” e “vocabulário”, sendo o primeiro o conjunto de palavras disponíveis aos sujeitos, enquanto o segundo seria uma amos- tra do léxico individual, ou seja, “o conjunto das palavras que são de fato utilizadas pelo locutor no ato da fala”. Pode-se ain- da fazer uma importante distinção entre vocabulário receptivo e vocabulário expressivo: o receptivo corresponde ao conjunto de palavras que a pessoaé capaz de compreender, ao passo que o expressivo estaria relacionado ao léxico, ou seja, às palavras capazes de ser produzidas. – CARBONIERI; LÚCIO, 2020, p. 2 O vocabulário é parte integrante das habilidades da linguagem oral, e, como tal, sua avaliação é um importante indicador de problemas de linguagem, bem como do desempenho em leitura e compreensão de texto. Por volta do 4º ano (8-9 anos), 95% das crianças podem ler em voz alta mais palavras do que podem com- preender, sugerindo que o vocabulário, em adição à identificação de palavras, é o maior fator limitante na compreensão da leitura. O ABFW é um teste composto por quatro provas padronizadas e validadas (com referências às normas típicas), nas áreas de Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática. Sua terceira edição demonstra a maturidade e a segurança das pro- vas, que apresentam significativa contribuição para a avaliação da linguagem de crianças em idade pré-escolar e escolar básica. O teste de linguagem ABFW foi criado para o contexto brasileiro, sendo compos- to de subtestes que avaliam diferentes áreas envolvidas no processo de comu- nicação: fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Destina-se à avaliação de crianças dos 2 aos 12 anos de idade. O subteste de vocabulário, objetiva verificar a competência lexical das crianças, avaliando seu vocabulário expressivo a partir da nomeação de 118 figuras pertencentes a diferentes classes lexicais (como, por exemplo, animais, alimentos, meios de transporte, móveis e utensílios, vestuário, profissões, locais, formas e cores, brinquedos e instrumentos musicais). O sub- teste de fonologia é composto por 34 figuras com os diferentes fonemas da lín- gua, que objetiva caracterizar os processos fonológicos do paciente. A avaliação baseada no ABFW pode ser realizada por meio da avaliação tradicional, em que são apresentados os acertos, as omissões, as substituições e as distorções. Além disso, é proposta a análise dos processos fonológicos apresentados pela criança, tanto na nomeação quanto na imitação. Há ainda a possibilidade de se avaliar a fluência e a pragmática. 8 O ABFW, além de ser um teste para avaliação inicial dos procedimentos fonoau- diológicos, é também um teste de acompanhamento da evolução do desenvolvi- mento em cada uma de suas áreas. O ABFW pode ser considerado um teste de avaliação apropriado linguística e culturalmente para as crianças brasileiras. As características psicométricas do teste conferem confiabilidade e precisão, funda- mentando a prática profissional baseada em evidências. Trocando Ideias O que entendemos por fluência e pragmática em fonoaudiologia? • Fluência refere-se ao fluxo contínuo e suave da produ- ção da fala. É um aspecto de produção de fala, relacio- nado à continuidade, velocidade e/ou esforço com os quais as unidades fonológicas, lexicais, morfológicas e/ ou sintáticas são produzidas; • O estudo da pragmática relaciona-se aos aspectos fo- nológicos, semânticos e sintáticos da fala com o con- texto no qual esta ocorre, explicando seus diferentes usos. Conhecendo-se o contexto em que ocorre a fala é possível compartilhar o tema sem necessariamente verbalizar a intenção do indivíduo. Vídeo Assista a seguir a uma live sobre o protocolo ABFW e reflita sobre a importância do uso de protocolos validados no processo de avalia- ção fonoaudiológica. Sabemos que a linguagem é mediadora do acontecimento humano, que o ser humano é um ser complexo que manifesta de várias formas as suas possibilida- des de linguagem: motoramente, linguisticamente, psicologicamente, sociocultu- ralmente e politicamente. Segundo Cesar e Lima (2020), a linguagem é o sistema simbólico usado para representar os significados em uma cultura, abrangendo seis componentes: 1) fonologia (sons da língua); 2) prosódia (entonação); 3) sintaxe (organização das https://youtu.be/Ynp3UKJPpj4 9 palavras na frase); 4) morfologia (formação e classificação das palavras); 5) se- mântica (estudo do sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados); e 6) pragmática (uso da linguagem). A linguagem relaciona-se a tro- car informações (receber e transmitir) de forma efetiva, enquanto a fala refere-se basicamente à maneira de articular os sons na palavra, incluindo a produção vocal e a fluência. É o canal que viabiliza a expressão da linguagem e corresponde sua realização motora. A habilidade de comunicação é um traço distintivo da existência humana, sendo um dos maiores contribuintes para o bem-estar de qualquer indivíduo. A aquisição verbal não é um fato que se dá isoladamente no desenvolvimento infantil, sendo que seu surgimento faz parte de uma série de transformações no comportamento da criança pequena, marcadas pelo aparecimento de con- dutas simbólicas e de transformações correlatas na forma de compreender e interagir com o mundo. Dessa forma, é necessário que o profissional compreenda a complexidade dos processos envolvidos na aquisição e desenvolvimento de fala e linguagem e na avaliação fonoaudiológica, por meio de protocolos validados, seja capaz de anali- sar e interpretar as informações sobre as diferentes manifestações de linguagem dos indivíduos e assim definir as condutas terapêuticas de forma mais assertiva. PROC – Protocolo de Observação Comportamental O Protocolo de Observação Comportamental (PROC) – avaliação de linguagem e aspectos cognitivos infantis foi elaborado em 2004 com o objetivo de sistemati- zar a avaliação de crianças pequenas quanto ao desenvolvimento das habilida- des comunicativas e cognitivas por meio de observação comportamental. Seu principal interesse tem sido o de ser um instrumento útil na detecção precoce de crianças com alterações no desenvolvimento da linguagem, mesmo antes do aparecimento formal da oralidade. Na prática clínica, o que muitos fonoaudiólogos experimentam, é a identificação tardia de alterações na aquisição e desenvolvimento de fala e linguagem, muitas vezes, culminando com o encaminhamento dessas crianças para avaliação fono- audiológica após os 48 meses. Hoje, sabe-se que se precocemente identificada qualquer sinalização de possíveis alterações nesse processo, o prognóstico será mais favorável para o desenvolvimento das habilidades comunicativas. Alterações de linguagem em crianças pequenas representam um dos principais fatores de risco para futuros problemas de aprendizagem e de saúde mental. 10 Problemas desta ordem podem muitas vezes repercutir na evolução futura da criança com importantes consequências em termos educacionais, mesmo quando os níveis de desenvolvimento da inteligência e da capacidade receptiva estão nor- mais. Neste sentido, há a necessidade de que haja instrumentos que possibilitem um conjunto de indícios suficientemente capaz de detectar crianças apresentando problemas de linguagem, mesmo na ausência de outros comprometimentos. O PROC foi organizado no sentido de propor uma situação planeja- da na qual se possa observar por 30 a 40 minutos e registrar em ví- deo, a interação de crianças entre 12 e 48 meses com o examinador, envolvendo brinquedos pré-selecionados. O procedimento permite compreender a evolução típica do desenvolvimento da linguagem, do simbolismo e a relação entre tais aspectos do desenvolvimento, mas principalmente, possibilita configurar os níveis evolutivos e mo- dos de funcionamento cognitivo e comunicativo apresentados por crianças com queixas de atrasos ou distúrbios no desenvolvimento. – HAGE; PEREIRA; ZORZI, 2012, p. 678 PROC – Protocolo de observação comportamental • Objetivo: instrumento elaborado para sistematizar observações sobre o comportamento de crianças com idades entre 12 e 48 meses. • O PROC apresenta a descrição de variáveis qualitativas e quantitativas, indicando que a pontuação máxima do teste é de 70 pontos para habi- lidades comunicativas; 60 pontos para compreensão da linguagem oral; 70 pontos para aspectos do desenvolvimento cognitivo e 200 pontos no escoretotal. • Ele avalia aspectos referentes às habilidades comunicativas expressivas, de compreensão e esquemas simbólicos. • Identificação: • Nome: • Idade: • Data de nascimento: • Nível de escolaridade: 11 • Encaminhamento: • Motivo do encaminhamento: • Data da avaliação: • Realizada por: 1. Habilidades Comunicativas da Criança: Habilidades dialógicas ou conversacionais: Verificar a participação e o grau de envolvimento da criança nos intercâmbios comunicativos: • Inicia a conversação/interação: ausente ( 0 ) presente raramente ( 2 ) presente frequentemente ( 4 ); • Responde ao interlocutor: ausente ( 0 ) presente raramente ( 2 ) presente frequentemente ( 4 ); • Aguarda seu turno (não se precipita, interrompendo o interlocutor): ausente ( 0 ) presente raramente ( 2 ) presente frequentemente ( 4 ); • Participa ativamente da atividade dialógica (alternância de tur- nos na interação): ausente ( 0 ) presente raramente ( 2 ) presente frequentemente ( 4 ); • Total da pontuação (máximo = 16 pontos). Funções comunicativas: • Instrumental: solicitação de objetos, ações (“dar um brinquedo; abrir uma porta”): ausente ( 0 ) presente raramente ( 1 ) presente frequente- mente ( 2 ); • Protesto: interrupção com fala ou ação, a uma ação indesejada (“para”): ausente ( 0 ) presente raramente ( 1 ) presente frequente- mente ( 2 ); • Interativa: uso de expressões sociais para iniciar ou encerrar a in- teração (“oi, tchau”): ausente ( 0 ) presente raramente ( 1 ) presente frequentemente ( 2 ); • Nomeação: nomeação espontânea de objetos, pessoas ações (“ó cachorro”): ausente ( 0 ) presente raramente ( 1 ) presente frequen- temente ( 2 ); 12 • Informativa: comentários, informações espontâneas na intera- ção (“ó meu sapato”): ausente ( 0 ) presente raramente ( 1 ) pre- sente frequentemente ( 2 ); • Heurística: solicitação de informação ou permissão (“Pode pegar? / Cadê a bola?): ausente ( 0 ) presente raramente ( 1 ) presente frequen- temente ( 2 ); • Narrativa: presença de turnos narrativos (“o príncipe beijou a princesa e casou”): ausente ( 0 ) presente raramente ( 1 ) presente frequente- mente ( 2 ). • Total da pontuação (máximo = 14 pontos). Meios de comunicação: Verificar se os meios atingiram níveis de simbolização: • Para crianças sem oralidade: • ( 1 ) somente gestos não simbólicos elementares (pegar na mão e levar, puxar, cutucar); • ( 2 ) gestos não simbólicos convencionais (apontar, negar com a ca- beça, gesto de vem cá); • ( 3 ) gestos simbólicos (gestos que representam ações, objetos, ida- de) ( 1 ) somente vocalizações não articuladas; • ( 2 ) vocalizações não articuladas e articuladas com entonação da língua (jargão). • Pontuação máxima: 05 • Para crianças com oralidade: • (07) palavras isoladas contextuais (ligadas ao contexto imediato); • (09) palavras isoladas referenciais (não ligadas ao contexto imediato); (11) frases “telegráficas” com três ou mais palavras de categorias diferentes; • (13) relato de experiências imediatas com frases com 5/6 palavras sem omissões de elementos (“O que você está fazendo? Eu estou…”); 13 • (15) relato verbal de experiências não imediatas (“O que aconteceu na escola? Teve um dia…”). • Pontuação máxima: 15. • Pontuação máxima obtida no item – meios de comunicação: (máximo = 15). Níveis de contextualização da linguagem: • (05) linguagem refere-se somente à situação imediata e concreta; • (10) linguagem descreve a ação que está sendo realizada e faz refe- rências ao passado e/ou ao futuro imediato, sem ultrapassar o con- texto imediato; • (15) linguagem vai além da situação imediata, referindo-se a eventos mais distantes no tempo (evoca situações passadas e antecipa situa- ções futuras não imediatas); • Nível de pontuação obtido (máximo = 15). 2. Compreensão Verbal • ( 0 ) Não apresenta respostas à linguagem; • (10) responde assistematicamente; • (15) Atende quando é chamada; • (20) Compreende somente ordens com uma ação; • (25) Compreende somente ordens com até duas ações; • (30) Compreende ordens com três ou mais ações, solicitações e comentários somente quando se referem a objetos, pessoas ou situações presentes; • (40) Compreende ordens com três ou mais ações, solicitações e co- mentários que se referem a objetos, pessoas ou situações ausentes; • Nível de pontuação obtido (máximo = 40). 14 3. Aspectos do Desenvolvimento Cognitivo Formas de manipulação dos objetos: • ( 0 ) Não se interessa pelos objetos; • ( 0 ) Desiste da atividade quando surge algum obstáculo; • ( 1 ) Atua sobre os objetos de modo repetitivo ou estereotipado (põe tudo na boca, joga); • ( 1 ) Explora os objetos por meio de poucas ações; • ( 1 ) Tempo de atenção curto, explorando os objetos de modo rápido e superficial; • ( 2 ) Persiste na atividade quando surge algum obstáculo, tentando superá-lo; • (10) Explora os objetos um a um de modo diversificado; • (15) Atua sobre dois ou mais objetos ao mesmo tempo relacionando-os de maneira diversificada; • Total da pontuação (máximo = 15). Nível de desenvolvimento do simbolismo • ( 0 ) Não apresenta condutas simbólicas, somente sensório-motoras; • ( 1 ) Faz uso convencional dos objetos; • ( 2 ) Apresenta esquemas simbólicos (centrados no próprio corpo); • ( 3 ) Usa bonecos ou outros parceiros no brinquedo simbólico; • ( 4 ) Organiza ações simbólicas em uma sequência; • ( 5 ) Cria símbolos fazendo uso de objetos substitutos ou gestos sim- bólicos para representar objetos ausentes; • ( 5 ) Faz uso da linguagem verbal para relatar o que está acontecendo na situação de brinquedo; 15 • Total da pontuação (máximo = 20). Nível de organização do brinquedo • ( 0 ) manipula os objetos sem uma organização deles; • ( 1 ) organiza as miniaturas em pequenos grupos, reproduzindo si- tuações parciais, mas sem uma organização de todo o conjunto (ex.: cadeiras colocadas em volta da mesa); • ( 1 ) faz pequenos agrupamentos de dois ou três objetos (ex.: xícara ao lado da colher); • ( 2 ) enfileira os objetos (coloca um ao lado do outro, como se fizesse uma fila ou linha); • ( 3 ) organiza os objetos distribuindo-os de modo a configurar os diversos cômodos da casa; • ( 4 ) agrupa os objetos em categorias definidas, formando classes; • ( 4 ) seria os objetos de acordo com diferenças (ex.: do maior para o menor); • Total da pontuação (máximo = 15). Quadro 1 – Pontuação Aspectos observados Pontuação máxima Pontuação alcançada 1. Habilidades comunicativas (expressivas) 60 2. Compreensão da linguagem verbal 40 3. Aspectos do desenvolvimento cognitivo 50 Total da pontuação 150 Fonte: ANVISA, 1999 • Características gerais das habilidades comunicativas: • ( ) não apresenta comunicação intencional; 16 • ( ) comunicação intencional com funções primárias, restrita par- ticipação em atividade dialógica por meios não verbais e não simbólicos; • ( ) comunicação intencional plurifuncional, ampla participação em atividade dialógica por meios não verbais, mas simbólicos; • ( ) comunicação intencional plurifuncional, ampla participação em ati- vidade dialógica por meios verbais, mas ligados ao contexto imediato; • ( ) comunicação intencional plurifuncional, ampla participação em atividade dialógica por meios verbais, não ligados ao contexto ime- diato por meios não verbais, mas simbólicos. • Características gerais da compreensão da linguagem oral • ( ) não demonstra compreensão da linguagem oral; • ( ) compreende somente ordens com uma ação ligadas ao contexto imediato; • ( ) compreende ordens com até duas ações ligadas ao contexto imediato; • ( ) compreende ordens com três ou mais ações e comentários liga- dos somente ao contexto imediato; • ( ) compreende ordens com três ou mais ações e comentários não ligados ao contexto imediato. • Características gerais do desenvolvimento cognitivo • ( ) sensório motor – fases iniciais; • ( ) sensório motor – fases avançadas; • ( ) transiçãoentre sensório motor e representativo ; • ( ) representativo. • Observações; • Conclusões, ( HAGE; PEREIRA; ZORZI, 2012) 17 A pragmática estuda o funcionamento da linguagem em meio a situações e co- municação. Refere-se ao conjunto de regras que explicam ou regulam o uso in- tencional da linguagem. As habilidades comunicativas referem-se à capacidade do indivíduo em participar de uma sequência interativa de atos de fala, tendo como objetivo o intercâmbio comunicativo. Desta forma, a competência comu- nicativa refere-se à habilidade em fazer uso da linguagem como um instrumento efetivamente interativo com outros contextos sociais. Esta competência envol- ve a intenção comunicativa, independente dos meios utilizados para a comuni- cação. Estas habilidades podem ser divididas em: habilidades de conversação, narrativas e não interativas. As habilidades de conversação compreendem as habilidades em respeitar a organização sequencial, em reparar falhas na conver- sação, em usar a linguagem para estabelecer e variar papéis sociais e também as habilidades para compreender e produzir uma variedade de atos de fala; as habilidades narrativas são compostas pela habilidade de interpretação do sig- nificado das histórias e pela habilidade de contar histórias segundo regras de organização, enquanto as habilidades não interativas dizem respeito ao uso da linguagem para o pensamento e solução de problemas, o papel da linguagem no estabelecimento da própria identidade, o jogo e a metalinguagem. – ABE et al., 2013, p. 77 Figura 2 – Avaliação fonoaudiológica com uso de protocolos Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Ambiente clínico. Ao fundo observa-se dois painéis, sendo um de números e o outro de letras fixados na parede. Há uma profissional da saúde e uma criança. A mulher está sentada em uma cadeira pequena, trajando uma camisa de mangas longas azul-claro e uma calça na cor bege. Também sentada em uma outra cadeira pequena, encontra-se uma criança, trajando vestido azul-claro e segura um coelho em seu colo. Ambas apresentam cabelos loiros longos e estão amarrados. A mulher usa óculos e olha fixamente para a criança, que se apresenta sorridente. A profissional tem em suas mãos uma prancha para anotações e segura uma caneta na mão direita. Fim da descrição. 18 Teste de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem O teste de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem – ADL, é um instru- mento brasileiro desenvolvido para avaliar a aquisição e o desenvolvimento do conteúdo (semântica) e estrutura (morfologia e sintaxe) da linguagem em crianças na faixa etária de um ano a seis anos e onze meses. O ADL propõe a utilização de diferentes materiais para cada faixa etária avaliada, todo o material proposto faz parte do kit que compõe o teste, entre eles, manu- al de figuras contendo ilustrações coloridas relativas à habilidade da linguagem avaliada, material concreto (miniaturas de cachorro, boneca, colher, prato, copo e carro, além de um sino e bolas de tênis) e o protocolo para aplicação da ADL, contendo as frases estímulos. No ADL 2, o material para aplicação do teste é composto por: • Manual do examinador, que contém os procedimentos para aplicação e correção das tarefas da ADL; • Material concreto: brinquedos como um pequeno cachorro, uma bo- neca, um pano com tamanho suficiente para cobrir a boneca, duas co- lheres, dois pratinhos, duas xícaras, um bule, três bolas pequenas e dois pequenos carros ou caminhões. A aplicação do teste deverá ser iniciada pelos itens ou comportamentos espe- rados para a idade cronológica da criança avaliada, assim como orienta o teste. Para classificação dos níveis de linguagem, a pontuação proposta pelo teste é ba- seada na pontuação do Escore Padrão. Na classificação proposta é considerado dentro da faixa de normalidade escores entre 115 e 85, com distúrbio leve entre 84 e 77, com distúrbio moderado entre 76 e 70 e com distúrbio severo igual ou abaixo de 69. Concluindo, sabe-se da importância em sistematizar e padronizar instrumentos de avaliação e diagnóstico, mesmo que ainda escasso em âmbito fonoaudioló- gico, de modo a aprimorar a prática clínica, bem como o seu uso em pesquisa. No entanto, é preciso ter cautela no uso de testes, visto a necessidade de análise qualitativa, além da quantitativa, oferecida por diversos instrumentos, sem per- der de vista o sujeito que está por detrás de toda avaliação. 19 Chegamos ao final da nossa Unidade de estudo. Você, que em breve será pro- fissional de Fonoaudiologia, poderá fazer a diferença em sua prática fonoaudio- lógica no que diz respeito ao diagnóstico, pois, ao conhecer os principais proto- colos validados sobre os parâmetros que levam a uma melhor compreensão do diagnóstico fonoaudiológico, você terá condições clínicas de contribuir para uma intervenção fonoaudiológica mais adequada e precisa. MATERIAL COMPLEMENTAR Vídeos PROC: Protocolo de Observação Comportamental https://youtu.be/H8Mft-5Mfrw Avaliação de Desenvolvimento da Linguagem 2 (ADL2) https://youtu.be/Oi6oVUHhqvQ Protocolos de Avaliação de Linguagem – 1ª Parte https://youtu.be/mTChHKcgSuc Leitura Teste de Triagem de Desenvolvimento Denver II https://bit.ly/3rERtt6 https://youtu.be/H8Mft-5Mfrw https://youtu.be/Oi6oVUHhqvQ https://youtu.be/mTChHKcgSuc https://bit.ly/3rERtt6 REFERÊNCIAS ABE, C. M. et al. Habilidades comunicativas verbais no desenvolvimento típico de lin- guagem – relato de caso. CoDAS, [S. l.], v. 25, n. 1, p. 76-83, 2013. Disponível em: < h t t p s : / / w w w . s c i e l o . b r / j / c o d a s / a / H F H w K C N v r k h s P M R C H W W h r p z / ? f o r m a t = p d f >. Acesso em: 26/06/2023. ALVAREZ, A. M. M. A.; CARVALHO, I. A. M.; CAETANO, A. L. Perfil de Habilidades Fono- lógicas: manual. 2. ed. São Paulo: Via Lettera Editora e Livraria Ltda., 2004. ANDRADE, C. R. F. et al. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vo- cabulário, fluência e pragmática. 2. ed. Barueri: Pró-Fono, 2004. BOGOSSIAN, M. A. D. S. Teste de Illinois de habilidades psicolinguística: crítica do modelo mediacional e de diversos aspectos da validade do instrumento. 1984. Tese (Doutorado em Psicologia) – Instituto Superior de Estudos e Pesquisas Psicossociais, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 1984. CAPELLINI, S. A.; CONRADO, T. L. B. C. Desempenho de escolares com e sem dificul- dades de aprendizagem de ensino particular em habilidade fonológica, nomeação rápida, leitura e escrita. Rev. CEFAC, S. l., v. 11, n. 2, p. 183-93, 2009. CARBONIERI, J.; LÙCIO, P. S. Avaliação do vocabulário em crianças brasileiras: revisão sistemática de estudos com três instrumentos. CoDAS, S. l., v. 32, n. 3, 2020. DOI: 10.1590/2317-1782/20202018245. Disponível em: < h t t p s : / / w w w . s c i e l o . b r / j / c o d a s / a / 6 W W w s g p m m M T j h g S s F f 5 Q D C L / ? f o r m a t = p d f & l a n g = p t >. Acesso em: 24/06/2023. CESAR, A. M.; LIMA, M. D. Fundamentos e práticas em Fonoaudiologia. Rio de Janei- ro: Thieme Brazil, 2020. v. 3. (e-book) FRANCO, E. C.; LOPES, A. C.; LOPES-HERRERA, S. A. Linguagem receptiva e expressiva de crianças institucionalizadas. Rev. CEFAC, [S. l.], v. 16, n. 6, p. 1837-1841, nov./dez., 2014. GIACHETI, C. M. Diagnóstico fonoaudiológico em genética. In: MARCHESAN, I. Q.; JUS- TINO, H.; TOMÉ, M. C. (org.). Tratado das especialidades em Fonoaudiologia. São Paulo: Grupo GEN, 2014. p. 545-555. (e-book) GOULART, B.N.G.; CHIARI, B. M. Avaliação clínica fonoaudiológica, integralidade e humanização: perspectivas gerais e contribuições para reflexão. Revista da Socie- dade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 12, n. 4, p. 335–340, out. 2007. Disponível em: < h t t p s : / / w w w . s c i e l o . b r / j / r s b f / a / M Y 8 z 9 w f Q K z 3 Y 6 L p 5 N V M y Z z x / ? l a n g = p t & f o r m a t = p d f >. Acesso em: 19/07/2023. HAGE, S. R. V.; PEREIRA, T. C.; ZORZI, J. L. Protocolo de observação comportamental – PROC: valores de referênciapara uma análise quantitativa. Rev. CEFAC, S. l., v. 14, n. 4, p. 677-690, jul./ago., 2012. LINDAU, T. A. et al. Instrumentos sistemáticos e formais de avaliação da linguagem de pré-escolares no Brasil: uma revisão de literatura. Rev. CEFAC, S. l., v. 17, n. 2, p. 656-62, mar./abr., 2015. LOPES FILHO, O. C.; CAMPIOTTO, A. R.; LEVY, C. C. A. C.; REDOND. Novo Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Editora Manole, 2013. ISBN 9788520452189. (e-book) PAPALIA, D. E.; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Grupo A, 2022. (e-book) PELICIONI, M. C. F.; MIALHE, F. L. Educação e Promoção da Saúde - Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2018. (e-book) PERNAMBUCO, L. A.; ASSENÇO, A. M. C. Fonoaudiologia: avaliação e diagnóstico. Rio de Janeiro: Thieme Brazil, 2020. ISBN 9786555720228. (e-book) SHONKOFF, J. P., PHILLIPS, D. A. 2000. (Eds.). National Research Council & Institute of Medicine. From neurons to neighborhoods: the science of early childhood development. Washington, DC: National Academy Press. SOARES, M. Alfabetização e letramento. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2011. STEIN, L. M. TDE: teste de desempenho escolar: manual para aplicação e interpreta- ção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994. ZORZI, J. L.; HAGE, S. R. V. PROC – Protocolo de observação comportamental: ava- liação de linguagem e aspectos cognitivos infantis. São José dos Campos: Pulso, 2004. _heading=h.gjdgxs