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29/06/2018 1 FARMACOLOGIA Fármacos Antifúngicos MSc Edem Oliveira Milhomem Tratamento com antifúngicos Microrganismos que se encontram no solo, na água, nos vegetais, no ar, nos animais, no homem e em detritos em geral; Heterotróficos e seres eucarióticos que possuem parede celular: parede celular rígida - quitina (polímero de N-acetil- glicosamina) Membranas celulares fúngicas contendo ergosterol MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 2 MSc Edem Oliveira Milhomem Tratamento com antifúngicos Últimas 2 décadas - aumento de infecções fúngicas: Uso indiscriminado de antimicrobianos de largo espectro; Procedimentos médicos invasivos; Cateteres, hemodiálise, procedimentos endoscópicos; Casos relacionados indivíduos sob supressão imune: Transplantes de órgão Corticoterapia Quimioterapia Infectados com HIV Pacientes de UTI Queimados Neonatologia MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 3 Tratamento com antifúngicos LIMITAÇÕES Drogas antifúngicas – reduzido quando comparado com os fármacos contra bactérias; Desafio: surgimento de novas drogas e com baixa toxicidade: Células de eucariotos com semelhanças entre fungos e células humanas Ergosterol x Colesterol (inibição da síntese) Enquanto que outras drogas atuam na síntese do DNA do fungo; Novos fármacos agem na parede celular fúngica, oferecendo maior especificidade. MSc Edem Oliveira Milhomem Tratamento com antifúngicos O ANTIFÚNGICO IDEAL DEVE TER: Um amplo espectro de atividade; Ação fungicida ao invés de fungistática; Estar disponível em formulações oral e parenteral; Causar poucas interações medicamentosas; Ser seguro em doses eficazes; Ter baixo custo-efetivo; Ser estável à resistência microbiana. MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 4 MSc Edem Oliveira Milhomem POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos Primeira classe de antifúngicos descrita; Estrutura é macrocíclica: cadeia de duplas ligações conjugadas (hidrofóbica) cadeia poli-hidroxilada – 7 grupos hidroxila livres (hidrofílica) MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 5 MECANISMO DE AÇÃO Exercem atividade fungicida fungos que estão na fase estacionária do crescimento Interações hidrofóbicas ao ergosterol Estruturas octaméricas - poros de 0,8 nm de diâmetro Alteração da permeabilidade da membrana Morte celular - perda de nutrientes e íons essenciais Toxicidade seletiva porque a cadeia terminal do ergosterol Capacidade imunoestimulante: liberação de citocinas pró-inflamatórias (TNF- e IL-1) pelos macrófagos MSc Edem Oliveira Milhomem POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos 29/06/2018 6 açúcar açúcar COOHOHHOOC OH açúcar COOHOH açúcar HOOC OH 29/06/2018 7 ANFOTERICINA B MSc Edem Oliveira Milhomem POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos 29/06/2018 8 ANFOTERICINA B Antifúngico de amplo espectro (ver tabela final); Droga de referência para casos de micoses invasivas: Micoses sistêmicas Micoses oportunistas Baixa taxa de resistência em comparação com outros Formulação Pó liofilizado insolúvel em água Usada inicialmente associada ao desoxicolato (sal biliar) Elevada nefrotoxicidade (hipercaliúria e hipocalemia) Formulação serviu como base para as preparações lipídicas (após 1990) MSc Edem Oliveira Milhomem POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos ANFOTERICINA B DESOXICOLATO (1956 - Fungizone) Baixa absorção VO (<5%) Obrigatória adm VE (diluição da droga em soro glicosado) Infusão lenta (4 horas ou mais) Precipitação da droga em soluções salinas Dose padronizada de 1 mg/Kg/dia Boa difusão por fígado, baço, rins e pulmão Baixa distribuição em humor vítreo e líquor (2 a 4% da concentração do plasma) MSc Edem Oliveira Milhomem POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos 29/06/2018 9 ANFOTERICINA B DESOXICOLATO (1956 - Fungizone) Nefrotoxicidade em 65% dos pacientes Reversível com término do tratamento Túbulos contorcidos ditais (perda de Na, K e Mg) Vasoconstrição e queda da TFG Queda da produção de eritropoietina Anemia normocítica e normocrômica Fazer infusões lentas, hidratar paciente, repor eletrólitos e, em alguns casos, usar eritropoietina. MSc Edem Oliveira Milhomem POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos ANFOTERICINA B DESOXICOLATO (1956 - Fungizone) Reações relacionadas à infusão da droga Febre Calafrios Hipotensão arterial Taquicardia Náuseas Vômito MSc Edem Oliveira Milhomem POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos ?Droga estimula alta liberação de IL-1 e TNF-α por macrófagos Prevenção: Pré medicar paciente (20 min antes) AINES (AAS, paracetamol, ibuprofeno) Uso de AIES (imediatamente antes) Hidrocortisona (25 mg EV) 29/06/2018 10 Durante a década de 90 foram lançadas outras ANFOTERICINAS de caráter lipídico com a finalidade de reduzir os efeitos colaterais dessa droga. ANFOTERICINA B (formulações lipídicas) POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos Abelcet – complexo lipídico (ABLC) Amphocil – Dispersão coloidal (ABCD) Complexo com dimiristoilfosfatidilcolina e dimiristoilfosfatidilglicerol Complexo com sulfato de colesterol Forma de roseta de fitas Forma de microdiscos Menos nefrotóxica Menos nefrotóxica Causa reações imediatas Necessidade de infusão lenta 29/06/2018 11 ANFOTERICINA B (formulações lipídicas) POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos Ambisome - Anfotericina B lipossomal Droga é incorporada em lipossomos Lecitina de soja, colesterol e diestearoilfosfatidilglicerol • Anfotericina B é liberada por fosfolipases • Baixa toxicidade tanto imediata como dose-dependente • Atinge altas concentrações em fígado, baço e líquor COMPARAÇÕES POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos Anfotericina dosoxicolato Anfotericinas lipídicas 1 mg/kg/dia Maior nefrotoxicidade Aumento de creatinina e distúrbio eletrolíticos podem ocorrer Baixo custo relativo US$ 20/dia 3 a 6 mg/Kg/dia Doses mais altas – maior eficácia Menor ação nefrotóxica Elevado custo US$ 1.000/dia 29/06/2018 12 NISTATINA MSc Edem Oliveira Milhomem POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos NISTATINA Estrutura química similar a anfotericina B Mecanismo de ação sobre o ergosterol das membranas celulares Não é absorvida pelo trato intestinal, pele ou mucosas Ação terapêutica se restringe a infecções mucocutâneas Comumente associada (uso tópico) ao Óxido de Zinco Ação contra diferentes espécies de Candida Boca, esôfago, intestino (bochechar e engolir ), vagina Preparações tópicas Tabletes vaginais, pomadas, cremes (100.000 unidades) Suspensões orais (100.000 a 500.000 unidades) MSc Edem Oliveira Milhomem POLIÊNICOS Macrolídios poliênicos 29/06/2018 13 MSc Edem Oliveira Milhomem AZÓIS AZÓIS Compostos sintéticos heterocíclicos Apolares difundirem pelos tecidos infectados DIFERENÇAS ESTRUTURAIS: - modifica a afinidade de ligação ao CYP 450 fúngico - inibição competitiva e reversível, de enzimas que participam das etapas finais da biossíntese do ergosterol MSc Edem Oliveira Milhomem SUBDIVIDIDOS EM IMIDAZÓIS E TRIAZÓIS (número de nitrogênios presentes no anel azol) 2N 3N 29/06/2018 14 AZÓIS 1958 – primeiro azol (clotrimazol) Posteriormente - miconazol e econazol (uso tópico) Década de 80 - cetonazol (absorção VO) Revolução no tratamento de micoses sistêmicas Comprovação de efeitos colaterais Afeta vias do citocromo P-450 do hospedeiro Esteroidogênese prejudicada (testosterona, cortisol) Surgimento dos triazóis (fluconazol e itaconazol) Menor interferência nesse metabolismo humano Maior indicação para uso sistêmico MSc Edem Oliveira Milhomem AZÓIS Mecanismo: enzimas da síntese do ergosterol são inibidas lanosterol 14 α-desmetilase (CYP 51) ligação do grupo -N do anel azol ao grupo heme da enzima bloqueia a desmetilação do carbono 14 do lanosterol depleção de ergosterol (permeabilidade da membrana fúngica) Outra enzima que participa da biosíntese é atingida C-5 esterol redutase etapa final da produção do ergosterol depleção de ergosterol (permeabilidade da membrana fúngica) MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 15 Mecanismo de inibição provocado pelos azóis Mecanismo de inibição provocado pelos azóis Baixa produção do esterol (efeitos sobre a membrana) Relembrando a biossíntese dos esteróis Semelhança com a rota enzimática nas células humanas MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 16 Biossíntese de Colesterol Intermediário para a síntese do colesterol Condensação de 3 unidades de acetato E ta p as s em el h an te s à p ro d u çã o d o s co rp o s ce tô n ic o s HMG CoA: hidroxi-metilglutaril-CoA HMGCoA Ácido Mevalônico (HMG CoA Redutase) ETAPA LIMITANTE Excesso de colesterol Medicamentos Biossíntese de Colesterol Reações sucessivas de fosforilação, descarboxilação e desfosforilação (perca de 1C) Condensações sucessivas geram um esqueleto de 30 carbonos a partir do isopreno até a molécula de esqualeno Reações enzimáticas sucessivas geram um intermediário chamado LANOSTEROL e, a partir deste, ocorre a conversão para a molécula de COLESTEROL! 29/06/2018 17 AZÓIS Toxicidade natureza não seletiva do alvo terapêutico inibição cruzada de enzimas prejuízo na estereidogênese adrenal (cortisol) e gonadal (testosterona) Baixa de testosterona ginecomastia, oligosperma, perda da libido e impotência sexual MSc Edem Oliveira Milhomem efeito adverso é observado principalmente como os imidazóis de uso sistêmico (cetoconazol) compostos triazóis são menos tóxicos porque apresentam uma afinidade 1000 vezes maior pelas enzimas P-450 fúngicas AZÓIS Resistência aumento do número de infecções fúngicas em pacientes imunodeprimidos (AIDS, transplantados, câncer) uso maciço de azóis por via sistêmica(profilático / terapêutico) aumento dos casos de resistência Estudos mostram taxas de 32 a 84% de resistência em amostras de leveduras isoladas de pacientes imunodeprimidos com candidíase da orofaringe! MSc Edem Oliveira Milhomem MECANISMOS DE RESISTÊNCIAS DECRITOS EM ALGUNS ESTUDOS 29/06/2018 18 AZÓIS MSc Edem Oliveira Milhomem MECANISMOS DE RESISTÊNCIAS AZÓIS MICONAZOL uso restrito para micoses cutâneas e infecções vaginais não é droga de primeira escolha para tratamento de infecções do couro cabeludo, barba e unhas creme, pomada, pó, solução (1 a 2%), 2 vezes/dia, por no mínimo 14 dias óvulos vaginais 400 mg, aplicados uma vez / dia, por 6 dias MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 19 AZÓIS CETOCONAZOL uso tópico (pomadas, cremes, soluções) uso sistêmico (comprimidos VO) absorção oral depende de pH ácido anti-histamínicos H2 e antiácidos reduzem sua absorção absorção oral retardada pelo tipo de alimento Indicado para o tratamento de micoses superficiais e cutâneas e atualmente como segunda ou terceira escolha para candidíase oral e vaginal e micoses profundas Adultos - 200 mg, uma ou duas vezes ao dia Crianças - 3 a 6 mg/kg/dia MSc Edem Oliveira Milhomem Inibição de esteróides (cortisol, testosterona): ginecomastia, perda da libido, impotência sexual, irregularidades menstruais e até insuficiência adrenal! AZÓIS FLUCONAZOL via oral (comprimidos de 50, 100 e 200 mg) via endovenosa (ampolas de 200 mg) Hidrossolúvel: absorção oral independente do pH ! Atinge altas concentrações plasmática e possui elevada meia vida de 22 a 31 horas: primeira escolha para o tratamento de Neurocriptococose e candidose oral, esofágica e vaginal adultos -100 a 200 mg, uma vez/dia crianças - 3mg/kg/dia MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 20 AZÓIS ITRACONAZOL durante muito tempo disponível em cápsulas (100 mg) mais recentemente, em solução oral e endovenosa soluções endovenosa e oral contêm ciclodextrina, a qual confere 30% a mais de biodisponibilidade boa penetração em fígado e pulmão porém, baixa penetração no SNC não indicada na presença de nefrotoxicidade (clearence de creatinina menor que 30 mL/min) doses indicadas (100 a 400 mg por dia) e o tempo de duração do tratamento variam de acordo com a patologia, podendo ultrapassar 10 meses ou mais em casos de cromoblastomicose (subcutâneas) MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 21 AZÓIS VORICONAZOL triazol de segunda geração mais difundido no mercado atual absorção não depende de acidez gástrica (biodisponibilidade - 85%) níveis inibitórios para fungos no encéfalo e no líquor ativo contra várias espécies de Candida, inclusive C. krusei e C. glabrata, espécies naturalmente resistentes ao fluconazol VO de 200 mg a cada 12 horas (100 mg - peso inferior a 40 kg) 30% dos pacientes apresentam distúrbios visuais transitórios (discriminação de cores alterada, visão borrada, fotofobia), MSc Edem Oliveira Milhomem MSc Edem Oliveira Milhomem ALILAMINAS 29/06/2018 22 ALILAMINAS Quimioterápicos sintéticos derivados do naftaleno Compostos lipossolúveis Grande deposição em membranas biológicas Comercializados a partir da década de 1990 Principal representante: terbinafina MSc Edem Oliveira Milhomem Mecanismo de inibição ALILAMINAS Baixa produção do esterol (efeitos sobre a membrana) Inibem, de forma não competitiva e reversível, a epoxidação do escaleno 29/06/2018 23 TERBINAFINA administração oral, terbinafina é rapidamente absorvida na administração tópica é absorvida em menos de 5% lipofílica altas concentrações no tecido adiposo e em camadas córneas (pele, unhas e cabelo) não se concentra no tecido nervoso (SNC) sensibilidade da escaleno epoxidase de fungos as alilaminas é muito superior a de mamíferos efeitos adversos ocasionados por essas drogas relacionados ao metabolismo de cortisol e testosterona são quase inexistentes MSc Edem Oliveira Milhomem ALILAMINAS MSc Edem Oliveira Milhomem GRISEOFULVINA 29/06/2018 24 Antibiótico produzido por Penicillium griseofulvum Insolúvel em água, lançada para uso clínico em 1958 MECANISMO interage com a tubulina dos microtúbulos desfazendo o fuso mitótico inibindo a multiplicação do fungo (efeito fungistático) Observação: interação com tubulina se dá em sítios diferentes dos da colchicina e dos alcalóides da vinca Tem afinidade pelas células da pele precursoras de queratina, fixando-se a elas com grande intensidade (medida que cresce o novo tecido, este vai deslocando e eliminando o infectado - cura requer semanas ou meses). GRISEOFULVINA Absorção gastrointestinal seja muito variável Boa distribuição pelo organismo Deposita na camada córnea (ligação à queratina) Indicação específica para o tratamento sistêmico de dermatofitoses do couro cabeludo e de lesões extensas de tineas da pele que não regridem bem com uso tópico de outras medicações Adulto: 500 mg a 1 g / dia Criança: 10-15 mg/kg/dia (sempre em duas tomadas ao dia, junto com alimentos gordurosos) Períodos que variam de 1 mês (Tinea capitis) a 6 meses (onicomicoses). GRISEOFULVINA droga de escolha 29/06/2018 25 MSc Edem Oliveira Milhomem EQUINOCANDINAS Atualmente três gerações de equinocandinas (caspofungina, micafungina e anidulafungina) chegaram a fase 3 de ensaios clínicos, das quais a primeira está licenciada para uso clínico MSc Edem Oliveira Milhomem EQUINOCANDINAS Hexapeptídeos cíclicos semi-sintéticos ligados a uma cadeia lateral de ácido graxo 29/06/2018 26 MECANISMO DE AÇÃO A parede celular fúngica é composta por uma camada externa de proteínas e uma camada interna de polissacarídeos composta por β(1,3) D-glucana e quitina; As equinocandinas inibem, de forma não competitiva, a biossíntese da parede celular do fungo: alvo de ação enzima (1,3) D-glucana sintase fungicida por desequilíbrio osmótico MSc Edem Oliveira Milhomem EQUINOCANDINAS Obrigado pela atenção! MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 27 MSc Edem Oliveira Milhomem MSc Edem Oliveira Milhomem 29/06/2018 28 MSc Edem Oliveira Milhomem PRINCIPAIS ANTIFÚNGICOSUTILIZADOS NO TRATAMENTO DAS MICOSES
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