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Funções Renais e Fisiologia

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Fisiologia 
Funções Renais 
Introdução 
Além das funções que serão descritas, os rins realizam a 
gliconeogênese em jejuns prolongados, e o armazenamento 
de substâncias essenciais ao organismo, como glicose e 
aminoácidos. 
Regulação do Volume e Osmolaridade 
O papel regulatório do volume e osmolaridade do LEC 
exercido pelos rins é feito por meio da excreção ou 
reabsorção de água e eletrólitos, especialmente o sódio. Esse 
papel regulatório ainda é extremamente essencial para 
manutenção da PA do organismo. 
Além do sódio, outros eletrólitos tem suas concentrações 
reguladas pelos rins, são eles: potássio, fosforo, cálcio, 
magnésio e hidrogênio. Esse último ainda se relaciona ao 
balanço ácido-base que o rim realiza regulando a secreção 
de H+ e bicarbonato. 
Água 
Quando se ingere muito líquido ou a perda de líquido é 
reduzida, o LEC é diluído e sua osmolaridade diminuí. Os rins 
vão identificar essa diminuição e aumentar a secreção de 
água, aumentar a produção de urina e retornar à 
homeostase. 
Quando há uma privação da ingestão de água ou uma 
grande perda dela por suor, fezes, respiração, etc. os rins 
identificam o aumento da osmolaridade do LEC e passam a 
realizar uma maior reabsorção de água, diminuição da urina 
e desencadeiam a sede. 
Sódio 
Assim como a água, o sódio está muito relacionado ao 
volume e osmolaridade dos líquidos corporais. Para uma 
osmolaridade adequada, o sódio deve estar em um balanço 
estacionário e, para isso ser feito, o corpo possui um “pool 
de sódio” que nada mais é que uma reserva de sódio. Quando 
se aumenta a ingestão de sódio, o pool é aumentado, a 
secreção de sódio é aumentada e o pool é diminuído. 
*A secreção do sódio é feita tanto pela urina quanto pelo 
suor e pelas fezes. 
Função Excretora 
Os rins são importantes excretores de resíduos metabólicos, 
creatinina, ureia, ácido úrico, produtos da degradação da 
hemoglobina e outros. O rim ainda secreta substâncias 
estranhas ao organismo como drogas, pesticidas e aditivos 
alimentares, como conservantes e emulsificantes. 
Função Endócrina 
Os rins regulam a produção de eritrócitos por meio da 
produção do hormônio eritropoetina, regulam a PA pela 
secreção da renina e regulam o metabolismo do cálcio e 
fósforo por meio da ativação da vitamina D3 (ativada, recebe 
o nome de calcitriol). 
*Por esse motivo indivíduos em hemodiálise devem sempre 
realizar hemogramas, pois apresentam maior risco de 
desenvolver anemia 
Metabolismo do Cálcio e do Fósforo 
O cálcio e o fósforo são os componentes básicos dos ossos, 
cuja absorção pelo trato digestivo só é possível na presença 
do calcitriol. Além disso, o cálcio é essencial para a contração 
muscular e para a transmissão de impulsos nervosos. 
Quando se tem déficit de cálcio plasmático, a secreção de 
paratormônio (além de diminuir a excreção de cálcio pelos 
rins) aumenta, e esse hormônio estimula os rins a ativarem a 
vitamina D3 e aumentarem a concentração de calcitriol 
plasmático. 
Distúrbio de Cálcio em doença renal 
Em algumas doenças renais, mesmo com estímulos os rins 
não conseguem ativar a vitamina D3, com isso a absorção 
de cálcio pelo trato digestivo é diminuída assim como a 
retenção dessa substância pelos rins. Dessa forma, o 
paratormônio passa a estimular os osteoclastos, que vão 
realizar a desmineralização do tecido ósseo e a reabsorção 
de cálcio ósseo consequentemente. 
Com base nisso, se entende porque a doença renal pode 
causar um hiperparatireoidismo secundário. As paratireoides 
estarão secretando muito paratormônio para tentar regular 
os níveis de cálcio plasmático e a glândula ficará aumentada 
pelo trabalho excessivo. 
Formação da Urina 
Introdução 
*O rim recebe cerca de 20% do débito cardíaco por minuto 
A formação da urina se inicia com a filtração do plasma 
sanguíneo que, dentro do néfron, recebe o nome de fluído 
tubular. Esse filtrado sofrerá modificações à medida que 
passa pelos túbulos do néfron por meio dos processos de 
reabsorção e secreção. Essas duas últimas etapas 
acontecem graças ao contato íntimo das partes do néfron 
mencionadas com os capilares peritubulares, que recebem 
as substâncias reabsorvidas. Tendo formado a urina, cabe 
aos túbulos e ductos coletores encaminharem ela para a 
excreção. 
Quanto aos processos mencionados, é importante saber que 
eles acontecem em locais específicos. A filtração acontece 
apenas no corpúsculo renal, a reabsorção é feita no TCP, 
alça de Henle, TCD e ducto coletor, já a secreção é feita 
somente no TCP, TCD e ducto coletor. 
Filtração Glomerular 
Introdução 
O homem fisiológico tem cerca de 3 litros de plasma. Sabe-
se que todo o plasma é filtrado cerca de 60 vezes por dia, 
dessa forma, 180 L de plasma são filtrados por dia, porém 
somente 1,5 L são excretados diariamente. O restante do 
filtrado (178,5 L) é reabsorvido para a corrente sanguínea. 
A barreira de filtração no glomérulo renal não é seletiva, 
porém é uma barreira física que impede a passagem de 
partículas com mais de 4 nm, e uma barreira eletroquímica 
que impede a passagem de ânions e das proteínas 
plasmáticas. Com isso, o filtrado não apresenta células, 
proteínas plasmáticas e as substâncias que estão ligadas a 
elas. Observe que as proteínas permanecem no sangue pela 
barreira eletroquímica que impede sua saída, não por seu 
tamanho 
Pressão Efetiva de Filtração 
A filtração é o evento que possibilita a saída de líquido do 
sangue através dos capilares glomerulares fenestrados. No 
corpúsculo renal, especificamente nos capilares glomerulares, 
se terá algumas pressões atuando sobre esses capilares que 
permitirão que a filtração do plasma aconteça. 
A pressão efetiva de filtração é pressão glomerular capaz 
de promover a saída de líquido do capilar sanguíneo. A 
primeira pressão que influencia na filtração é a pressão 
hidrostática do capilar glomerular (Ph) que tem um valor de 
55 mmHg que estimula a filtração. Essa pressão é causada 
pela força do sangue contra as paredes dos capilares. 
A outra pressão que vai influenciar na filtração glomerular, é 
a pressão coloidosmótica plasmática, que é determinada 
pelas proteínas plasmáticas do sangue (como albumina e 
globulinas plasmáticas) que estão dentro dos capilares. Essa 
pressão tem um valor de 30 mmHg para a reabsorção. Por 
fim, a última pressão que determina a filtração é pressão 
capsular (Pcaps), exercida pelo líquido presente na cápsula 
de Bowman. Essa pressão é de 15 mmHg para reabsorção. 
Somando as três pressões mencionadas, se obtém uma 
pressão efetiva de filtração igual a 10 mmHg para filtração. 
*Alguns autores consideram outros valores, a Ph é igual a 60, 
a Pcaps é igual a 18 e a pressão coloidosmótica plasmática é 
igual a 32 mmHg. 
Taxa e Coeficiente de Filtração Glomerular 
A taxa de filtração glomerular corresponde a quantidade de 
filtrado por minuto considerando os dois rins. O coeficiente 
de filtração glomerular (Kf) é o valor de filtração para ambos 
os rins por mmHg por minuto, que em condições normais é 
igual a 12,5 mL/ min x mmHg. A TFG é igual ao Kf 
multiplicado pela pressão de filtração resultante (10 mmHg). 
Dessa forma, em condições normais a TFG é igual a 125 mL/ 
min, com isso, em uma hora se tem 7,5 L de filtrado, e em 
um dia se tem 180 L de filtrado. Mesmo com tanto filtrado, 
apenas 1,5 L é excretado na forma de urina, o restante do 
filtrado deve ser reabsorvido nos rins. 
A síndrome nefrítica é uma inflamação glomerular que faz 
com que a barreira de filtração não consiga mais impedir a 
saída das proteínas plasmáticas do sangue pois se perde 
cargas negativas presentes na membrana basal. Dessa forma, 
a quantidade de filtrado será alterada por variações na 
pressão efetiva de filtração. 
Regulação da TFG 
O mecanismo utilizado pelos rins para controlar a TFG é 
aumentar ou diminuir a resistência nas arteríolas 
glomerulares. Quando se aumenta a resistência na arteríola 
aferente, há uma redução do fluxo sanguíneo nos capilares 
glomerulares, com isso, a pressão hidrostática (Ph) neles 
diminui, a TFGdiminui e a quantidade de filtrado diminui 
também. 
Quando se exerce um aumento da resistência na arteríola 
eferente, o sangue ficará mais tempo nos capilares 
glomerulares e exercerá uma Ph maior neles, dessa forma, 
a TFG aumenta e a quantidade de filtrado também. Quando 
se faz a constrição da arteríola eferente, se tem um efeito 
bifásico, primeiro vai acontecer o aumento da quantidade de 
filtrado e depois essa quantidade cai pois, com o aumento da 
filtração, a concentração de proteínas plasmática aumenta e 
a pressão coloidosmótica plasmática aumenta também, o 
que diminui a pressão de filtração resultante. 
*Adrenalina estimula a 
constrição da arteríola 
aferente e a angiotensina 2 
da arteríola eferente. 
Bloqueadores de 
angiotensina 2 causam 
dilatação da arteríola 
eferente, enquanto o 
peptídeo natriurético atrial 
e prostaglandinas 
promovem a dilatação da 
arteríola aferente. 
Ainda é possível mencionar dois tipos de mecanismos que 
regulam a TFG, que são mecanismos intrínsecos 
(promovidos pelo próprio rim), inclui o mecanismo miogênico 
e o feedback realizado pelo aparelho justaglomerular, e os 
mecanismos extrínsecos, que são sinais do SN simpático 
(inerva as arteríolas) e sinais hormonais (que regulam o tônus 
das arteríolas) como os realizados pela angiotensina 2, 
prostaglandinas e o peptídeo natriurético atrial. 
Aparelho Justaglomerular 
É uma região do néfron criada pelo contato entre túbulo 
contorcido distal e corpúsculo renal (especialmente com suas 
arteríolas). Esse contato promove modificações tanto nas 
células das arteríolas quanto nas do túbulo, as quais se 
tornarão a mácula densa. 
Quando se diminui a PA, diminui a Ph, diminui o fluído 
glomerular e aumenta a reabsorção de NaCl. A mácula densa 
identifica a diminuição do fluído e o aumento da reabsorção 
de NaCl e promove diretamente a diminuição da resistência 
da arteríola aferente e indiretamente (por meio da renina e 
da angiotensina 2) o aumento da resistência da arteríola 
eferente, ambos efeitos que promovem o aumento da Ph, 
por meio de feedback negativo, e o reestabelecimento da 
homeostase. 
Observação 
Vale mencionar que uma dieta rica em proteínas promove 
um aumento da reabsorção de aminoácidos no TCP e um 
aumento da reabsorção de NaCl no TCP. Com isso, a mácula 
densa identifica a diminuição da concentração de NaCl no 
fluído tubular, realiza a diminuição da resistência da arteríola 
aferente e isso promove um aumento da quantidade de 
fluído tubular.

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