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Hérnias 1 Hérnias PREVALÊNCIA 5 REVISÃO O quadro clínico consiste na presença de um abaulamento móvel, redutível, numa região de fraqueza, associado ou não a dor/desconforto local. Quando complicada, porém, a hérnia pode manifestar sintomas mais importantes, como: encarceramento (hérnia não redutível), estrangulamento (isquemia de uma hérnia encarcerada) e obstrução intestinal secundária ao encarceramento. Uma hérnia encarcerada manifesta-se por abaulamento não redutível, com desconforto local e dor moderada. Pode complicar a partir daí com estrangulamento e/ou obstrução intestinal. O estrangulamento cursa com dor local intensa associada a sinais inflamatórios locais, como eritema da pele sobre a hérnia. Além disso, pode cursar mais tardiamente com piora clínica do paciente devido aos efeitos sistêmicos resultantes da isquemia e do processo infeccioso secundário. A obstrução intestinal manifesta-se por abdome agudo obstrutivo associado à hérnia encarcerada. O diagnóstico é clínico, mas um exame de imagem pode ser útil no caso de dúvida diagnóstica, necessidade de avaliação do conteúdo, hérnia em local atípico e hérnia de difícil diagnóstico. A USG pode fazer o diagnóstsico ou, se necessário, lança-se mão da tomografia. O tratamento de qualquer hérnia é cirúrgico, através da redução de seu conteúdo, fechamento do defeito e, provavelmente, colocação de uma tela de polipropileno para reforço aponeurótico. A hérnia inguinal é o tipo mais frequente. Ocorrem geralmente em homens, no lado direito e na forma indireta — aquela cujo saco herniário se insinua através do canal inguinal. A forma direta é aquela na qual o saco herniário se projeta diretamente através da parede abdominal na região inguinal. As hérnias inguinais e femorais ocorrem numa grande região denominada Orifício Miopectíneo de Fruchaud, que contém fraquezas potenciais para hérnias, como o anel femoral, o anel inguinal interno e o Trígono de Hesselbach (hérnias inguinais diretas, nesse último caso). Hérnias 2 O orifício miopectíneo de Fruchaud é um quadrilátero delimitado pelo músculo reto abdominal (medial), ligamento pectíneo ou de Cooper (infierior), músculo iliopsoas (lateral) e arco tendíneo dos músculos transverso e oblíquo interno (superior). O trígono de Hesselbach é um trígono delimitado pelo músculo reto abodminal (medial), ligamento inguinal ou de Poupart (inferior) e os vasos epigástricos inferiores (lateral). No trígono, a cobertura musculoaponeurótica é mínima, e está ali exposta e vulnerávle a fáscia transversalis — LIMIITES DO TRÍGONO SEMPRE CAEM NAS PROVAS. As hérnias diretas ocorrem diretamente através da parede abdominal, no trígono de Hesselbach, ond essa parede é composta apenas pela fáscia transversalis. As hérnias indiretas ocorrem insinuando-se no anel inguinal interno e progredindo ao longo do canal inguinal, atingindo a região inguinal pelo anel inguinal externo, podendo alcançar até o saco escrotal (hérnia inguinoescrotal). A diferenciação anatômica entre as hérnias diretas e indiretas é feita pelos vasos epigástricos inferiores: as hérnias diretas ocorrem medialmente aos vasos epigástricos inferiores, e as hérnias indiretas ocorrem lateralmente aos vasos epigástricos inferiores. A classificação de Nyhus é utilizada para as hérnias inguinais — CAI NAS PROVAS. NYHUS I Indireta, anel inguinal interno normal. Hérnia da infância. Patência do conduto peritôniovaginal. NYHUS II Indireta,a anel inguinal interno dilatado, mas parede posterior preservada e vasos epigástricos inferiores não deslocados. Anel dilatado, mas sem defeito no assoalho pélvico. NYHUS III Presença de defeito da parede posterior. A Direta. B Indireta com anel dilatado e parede posterior comprometida. Há hérnia direta associada, é inguinoescrotal ou há víscera herniando em conjunto. Desloca medialmente os vasos epigástricos inferiores. C Femoral. NYHUS IV Recidiva. A maioria é direta. Hérnias 3 A Direta. B Indireta. C Femoral. D Mista. Classicamente, a hérnia inguinal é tratada pela hernioplastia inguinal de Lichtenstein, com uso de tela de polipropileno. Existem outras formas de tratamento, como a cirurgia de Stoppa e as cirurgias laparoscópicas. A hernioplastia inguinal VLP deve ser nossa prioridade. A hernioplastia abera Lichtenstein) é indicada nos casos de pacientes idosos cardiopatas para os quais a anestesia geral seria um risco. Casos em que sempre é indicada a VLP são as hérnias bilaterais e recidivas. Encarceramentos também são cirúrgicos. Se não houver estrangulamento, procede-se à redução cirúrgica do conteúdo, seguida de hernioplastia inguinal de Lichtenstein. No estrangulamento, deve-se avaliar a viabilidade do conteúdo. Se houver conteúdo viável, procede-se à redução e hernioplastia, como no encarceramento. Se não houver conteúdo viável (isquemia irreversível ou necrose), deve-se proceder à enterectomia segmentar local, pela inguinotomia. Caso haja perfuração e contaminação cavitária, deve-se proceder a uma laparotomia mediana para adequada limpeza da cavidade e avaliação do conteúdo. A recidiva pós-hernioplastia inguinal geralmente é mais medial ao exame físico, por ocorrer principalmente junto ao púbis. Por isso, a preocupação em adequado posicionamento da tela e fixação dessa junto ao púbis é um preceito técnico recomendado. O tratamento da recidiva deve ser feita por uma técnica diferente da primeira. Como complicações cirúrgicas, temos: Infecção da ferida operatória. Orquite isquêmica: manifesta-se com dor e edema no testículo homolateral à hernioplastia inguinal. Hérnias 4 Inguinodinia: dor inguinal crônica pós-cirúrgica, associada a sintomas neurológicos. EStá associada à lesão de ramos nervosos durante a cirurgia. Complicações laparoscópicas: pode haver lesão dos vasos ilíacos externos, manifestando complicação de sangramento intraoperatório catastrófico e desastroso, ou lesão do nervo cutâneo femoral lateral, manifestando complicação de dor crônica neuropática. Como exceção, pode serr realizado o tratamento conservador para a hérnia inguinal em pacientes adultos ou idosos com hérnias pequenas e oligossintomáticas, cuja doença causa pouco impacto em sua vida diária e que tenham acesso fácil aos serviços de saúde. As hérnias femorais são raras e mais frequentes em mulheres. Ocorrem numa fraqueza do orifício miopectíneo de Fruchaud, o canal femoral, medialmente aos vasos femorais. Clinicamente manifestam-se como um abaulamento do ligamento inguinal. Os limites do canal femoral são: veia femoral (lateral), ligamento inguinal (anterossuperior), ligamento lacunar (medial), ligamento de Cooper (posteroinferior). A hérnia femoral é a hérnia NYHUS IIIC. O tratamento é cirúrgico e pode ser feito pela Cirurgia de McVay (sutura do arco aponeurótico dos músculos oblíquo e transverso ao ligamento de Cooper) ou Hernioplastia Femoral com Plug de Tela de Polipropileno. Tem maior tendência ao encarceramento e necessidade de tratamento de urgência. As hérnias umbilicais ocorrem no ponto de fraqueza da cicatriz umbilical. Manifestam-se clinicamente como abaulamento nessa região e seu diagnóstico é clínico. O tratamento é cirúrgico. Hérnias pequenas 2cm pode-se proceder à Herniorrafia à Mayo, sem tela. Hérnias 2cm recebem hernioplastia umbilical com tela, assim como as recidivadas. As hérnias incisionais são as que ocorrem numa incisão cirúrgica prévia. Toda incisão pode desenvolver hérnia incisional, mas há destaque para a hérnia Hérnias 5 mediana, subcostal direta, paramediana, em flancos. São tratadas por hernioplastia incisional com colocação de tela de polipropileno pré-aponeurótica (tela on lay). Os fatores de risco para hérnia incisional e recidiva pós-hernioplastia incluem: Obesidade. Reoperações. Cirurgia de urgência. Tabagismo e tosse crônica. Esforço evacuatório ou miccional aumentado. Comorbidades metabólicas não controlas (principalmente DM. Massas abdominais.Ascite. Outros. Algumas hérnias podem se tornar gigantes, com um volume do saco herniário 25% do volume abdominal. Geralmente, ocorrem em hérnias incisionais de pacientes obesos. A mensuração se dá por TC. O tratamento, embora seja hernioplastia com colocação de tela, é difícil e complexo, pois as hérnias gigantes são cronicamente encarceradas e já houve perda do domicílio abdominal (não cabem na cavidade abdominal à redução). No pós-operatório, há risco de o paciente desenvolver uma síndrome compartimental abdominal. Uma estratégia é a confecção de pneumoperitônio progressivo no pré-operatório. O tratamento da síndrome compartimental abdominal é a cirurgia descompressiva (reabertura).
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