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Analise estrategica do agronegócio

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CADEIAS 
PRODUTIVAS DO 
AGRONEGÓCIO II 
Ronei Tiago Stein 
Análise estratégica 
em agronegócios
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Listar as ferramentas e os modelos de análise estratégica em 
agronegócios.
 � Analisar o mercado e a influência de seus fatores sobre as empresas.
 � Formular estratégias de atuação em agronegócios.
Introdução
Atualmente, o agronegócio é responsável por 1/3 do Produto Interno 
Bruto (PIB). Para se ter uma ideia, esse setor da economia é responsável 
por metade das exportações brasileiras. Em 2018, entre os produtos mais 
vendidos aos países estrangeiros estavam soja, açúcar, celulose e carnes, 
contribuindo para o saldo positivo da balança comercial brasileira.
Dessa forma, a produção agrícola é considerada a válvula de escape 
contra a crise econômica que vem atingindo o Brasil e o mundo, de um 
modo geral, nos últimos anos. Isso, porque as pessoas podem até deixar 
de comprar um celular novo, uma televisão ou um carro, porém, não 
podem deixar de se alimentar. 
Todavia, garantir o aumento da produção e a sua qualidade requer 
uma análise estratégica do mercado consumidor. É errôneo, simples-
mente, sair plantando ou produzindo algo sem saber quem irá comprar 
esse produto e qual é a qualidade esperada. Neste capítulo, iremos listar 
algumas das principais ferramentas de análise estratégica utilizadas no 
agronegócio. Além disso, iremos entender como o mercado interfere 
sobre a qualidade e a competitividade dos produtos. Por fim, serão 
apontadas algumas estratégias que buscam melhorar a produção e a 
lucratividade do agronegócio.
Agronegócio
O agronegócio é constantemente exposto aos mais variados tipos de riscos, 
pois trata-se de uma atividade fortemente dependente de recursos naturais e 
de processos biológicos. Existem diferentes tipos de riscos, como: econômicos, 
ambientais, sociais, operacionais, legal/regulamentar, imagem/reputação e 
financeiro/orçamentário. 
Muitos fatores podem prejudicar a produção agropecuária, afetando dire-
tamente a renda dos produtores rurais. Condições climáticas extremas (secas, 
chuvas intensas, granizo, etc.), períodos de safra e entressafra, ataques severos 
de pragas e algumas doenças são exemplos de fatores que afetam a produção, 
podendo provocar impactos negativos nos preços dos produtos finais, e ainda 
colocar em risco o abastecimento alimentar interno.
Souza e Cruz (2012) mencionam que a análise (também definida como 
planejamento ou gestão) estratégica é, atualmente, uma peça fundamental em 
qualquer tipo de organização, tanto para avaliar os riscos como para verificar 
o mercado e a possibilidade de melhorias. Aliado aos indicadores, os quais 
definem o rumo que a empresa deve seguir, respeitando os objetivos traçados 
para a empresa, o planejamento estratégico é a ferramenta que visa a analisar 
o melhor caminho para se obter esse escopo.
De acordo com Batalha (2014), qualquer grupo de pessoas unidas em torno 
de um objetivo comum, como é o caso das empresas, normalmente tem um 
caminho ou rumo de ação para atingir os objetivos traçados, ou seja, tem uma 
estratégia na mente de seus integrantes. Em outras palavras, todo indivíduo, 
empreendimento ou atividade deve analisar de forma estratégia o mercado e 
os clientes e/ou consumidores, para melhor atendê-los. 
O planejamento estratégico visa a analisar os pontos fortes e fracos da empresa ou do 
agronegócio, bem como as ameaças e as oportunidades encontradas no ambiente 
externo, e os fatores-chave (ou fatores críticos) de sucesso referentes ao negócio.
Análise estratégica em agronegócios2
De acordo com Nobre (2016), existem dois tipos de planejamento estra-
tégico (Quadro 1).
Fonte: Adaptado de Nobre (2016)
Exemplo prático
Estratégia 
corporativa
Estratégia de negócio
Define o negócio 
em que a empresa 
irá competir, 
preferencialmente, de 
forma que foque em 
recursos para converter 
uma competência 
distintiva em vantagem 
competitiva.
Consiste na 
determinação de como 
a empresa irá competir 
em dado negócio e 
a sua posição face 
aos concorrentes.
Agroindústria de 
fabricação de queijos
É analisado quanto 
custará para abrir a 
empresa, quem serão os 
fornecedores, como será 
o processo produtivo, 
o conhecimento/
capacitação dos 
envolvidos, etc. 
É analisada a quantidade 
de queijo fabricada, 
a qualidade esperada, 
o público-alvo, 
o valor do produto 
final (no caso, o queijo), 
concorrentes diretos 
na região, o mercado, o 
tipo de embalagem, etc.
Quadro 1. Níveis estratégicos
Nobre (2016) descreve, ainda, que a gestão estratégica se direciona para o 
desempenho a longo prazo de uma empresa, seja ela da área do agronegócio 
ou não. Normalmente, as empresas conseguem apresentar bons resultados 
a curto prazo, porém, como o mercado está em constante alteração, muitas 
empresas acabam não conseguindo se adaptar, resultando no seu fechamento.
3Análise estratégica em agronegócios
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 
de cada quatro empresas abertas no Brasil, uma fecha antes de completar dois anos de 
existência. Nesse estudo estão incluídas empresas como agroindústrias (DINO, 2018). 
No vídeo a seguir (ESTRUTURA..., 2017), apresenta-se a estrutura de mercado esperada 
para garantir a competitividade do agronegócio.
https://qrgo.page.link/ufmXB
Dessa forma, percebe-se que uma boa gestão estratégica é fundamental para 
garantir o sucesso em curto prazo e, principalmente, a longo prazo. No Quadro 2, 
apresenta-se a diferença entre gestão estratégica e gestão não estratégica.
Fonte: Adaptado de Araújo (2013).
Funções
Gestão estratégica 
no agronegócio
Vagamente definida e 
orientada à família
Cultura Bem definida Principalmente baseada 
na experiência passada
Desenvol-
vimento
Planejado com base 
na identificação de 
oportunidades e ameaças
Privilegiam-se as principais 
inovações, correndo 
riscos desconhecidos
Inovação Privilegia-se a inovação orientada 
ao crescimento com disposição 
a correr riscos calculados
—
Liderança Estilos inspirados na 
participação e na consulta
Estilos variados desde 
os inspirados em ordens 
até a intervenção
Orça-
mentos
Critérios claros de resultados 
esperados e alocação de recursos
Não explícito, normalmente 
baseado em sentimentos
Resul-
tados
Lucros que são resultados de 
metas preestabelecidas
Normalmente, é em 
consequência da operação
Quadro 2. Diferenças entre gestão estratégica e gestão não estratégica
Análise estratégica em agronegócios4
Você pode estar se perguntando se existem ferramentas que auxiliam os 
gestores e os produtores rurais na análise estratégica do seu negócio. A resposta 
é sim, e, inclusive, existem várias ferramentas. A seguir, serão apresentadas 
algumas das mais usuais.
VMOST: esta é a sigla para visão, missão, objetivos, estratégia e táticas. 
É fundamental que a empresa ou a propriedade rural planeje o negócio que 
está ou será realizado. Definir esses itens é fundamental para saber onde, 
como e quando chegar. É recomendado que esses itens sejam validados ao 
longo da existência da empresa.
Veja a seguir algumas ferramentas utilizadas para auxiliar na análise estratégica de 
uma empresa.
 � Visão: o que o empreendimento/atividade busca no futuro e como irá fazer para 
alcançar o esperado.
 � Missão: justifica a razão de a empresa ou de o negócio existir e o motivo de sua 
existência. 
 � Objetivos: a empresa/atividade define o que pretende fazer. 
 � Estratégia: tem a ver com “o que fazer” e deve ser realizada com planejamento. 
Ela está relacionada aos objetivos a longo prazo.
 � Táticas: têm a ver com “como fazer e quando fazer” e depende da competência e 
da execução. A tática é voltada a curto e médio prazos. 
Análise SWOT: abreviatura em inglês de Strengths (forças), Weaknesses 
(fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). É uma fer-
ramenta de marketing muito conhecida e difundida em váriasmatérias, que 
vão do próprio marketing à gestão, à economia, e ao planejamento (ZOGBI, 
2013). As forças e as fraquezas referem-se ao ambiente interno do negócio em 
si, no entanto, as ameaças e as oportunidades referem-se ao ambiente externo. 
A Figura 1 apresenta a definição de análise SWOT.
5Análise estratégica em agronegócios
Figura 1. A análise estratégica é fundamental para que o agronegócio obtenha lucro. 
Fonte: Adaptada de Zogbi (2013).
PESTEL: sigla para política, economia, social, tecnologia, ecologia e legais 
(questões legais, no caso). Algumas bibliografias trazem o conceito de PEST, 
deixando as questões ecológicas e legais de fora. Essa ferramenta é indicada 
para ser utilizada em conjunto com o SWOT, e revela oportunidades, amea-
ças, direção para os negócios, projetos, questões do país, região e mercado, 
ajudando a empresa ou o produtor a criar uma visão mais objetiva do negócio.
Para saber mais sobre a ferramenta de análise estratégica PEST, assista ao vídeo a 
seguir (O QUE..., 2017).
https://qrgo.page.link/5mtPk
Análise estratégica em agronegócios6
Matriz BCG (também conhecida como Boston Matrix): o nome BCG vem 
da empresa de consultoria Boston Consulting Group, a qual desenvolveu essa 
ferramenta. Esse método é o mais tradicional e também o mais facilmente 
implementável. O empreendedor poderá fazer uma análise periódica, visando 
a melhorar a oferta de produtos ou serviços existentes, bem como avaliar os 
que geram mais caixa e exigem menos esforço para a manutenção (BATA-
LHA, 2014).
Esses mesmos autores descrevem que, na matriz BCG, o crescimento do 
segmento de atividade (setor) permite diminuir os custos de maneira importante 
e proporcionar vantagens competitivas duradouras. Em atividades “estáveis”, 
as partes de mercado são “fixas” e a possibilidade de diminuir custos é muito 
pequena. Além dessa lógica de “baixar os custos”, a matriz apresenta também 
uma lógica financeira. O BCG parte do princípio de que um dos objetivos 
essenciais da estratégia é permitir uma alocação ótima dos recursos da empresa 
entre os vários segmentos estratégicos em que ela atua. A Figura 2 apresenta 
a estrutura da matriz BCG.
Figura 2. Estrutura de uma matriz estratégica do tipo BCG.
Fonte: Batalha (2014, p. 130).
7Análise estratégica em agronegócios
Além das ferramentas anteriormente apresentadas, Nobre (2016) apresenta outras, tais 
como: análise da cadeia de valor; análise de cenários; análise PEST (política, economia, 
social e tecnologia); análise do ciclo de vida; análise do portfólio; balanced scorecard; 
modelo das cinco forças de Michael Porter; análise de risco; brainstorming; análise de 
recursos e capacidades (p. ex., análise VRIO); benchmarking.
Para saber mais sobre cada uma dessas ferramentas, leia a dissertação Ferramentas 
estratégicas em uso: uma investigação prática às empresas em Portugal, de Daniel Parreira 
Nobre (2016).
Análise de mercado e sua influência no 
agronegócio
De modo geral, a análise de mercado refere-se ao conhecimento dos clientes e 
dos concorrentes, entre outros fatores, permitindo o conhecimento do ambiente 
no qual o produto/serviço se encontra. De acordo com Zuin e Queiroz (2006), 
a análise de mercado leva em consideração, principalmente, os seguintes 
aspectos:
 � Análise da indústria/setor: monitora as variáveis demográficas, econô-
micas, tecnológicas, políticas, legais, sociais e culturais, que acabam 
afetando a habilidade da empresa em obter lucro. Além disso, a análise da 
indústria apresenta informações a respeito do tamanho, do crescimento 
e da estrutura da indústria ou do setor em que a empresa está inserida.
 � Análise da concorrência: é essencial, a fim de comparar os produtos 
atuais, e em desenvolvimento, com os produtos já existentes no mercado, 
assim como as estratégias adotadas por cada concorrente ou grupo 
estratégico de concorrentes. Ao analisar as estratégias dos concorrentes, 
é de grande importância analisar as forças e as fraquezas de cada um.
Análise estratégica em agronegócios8
Uma importante ferramenta para realizar a análise da concorrência são os parâmetros 
comparativos, os quais servem para comparar ou ordenar os produtos. Os parâmetros 
qualitativos envolvem fatores como confiança, conforto, praticidade e qualidade.
De forma geral, entender os concorrentes e as suas atividades pode proporcionar 
benefícios como: compreensão das forças e das fraquezas estratégicas de um con-
corrente, conhecimento acerca das estratégias competitivas futuras e decisão sobre 
alternativas estratégicas.
 � Descrição do segmento de mercado: definidos o setor no qual a empresa 
irá atuar e o mercado geral, deve-se analisar os compradores, o poder 
de compra deles, a localização geográfica, atitudes e hábitos de compra. 
O segmento de marcado é definido a partir das características do produto 
e do estilo de vida do consumidor (p. ex., idade, sexo, renda, profissão, 
família, personalidade, costumes). 
Após a empresa identificar os segmentos de mercado potenciais, ela precisa 
avaliá-los e decidir em quantos e quais atuar. Logo, Zuin e Queiroz (2006) 
apresentam cinco padrões de seleção de mercado-alvo: concentração em 
segmento único, especialização seletiva, especialização por produto, espe-
cialização por mercado e cobertura ampla de mercado.
Vamos utilizar como exemplo a venda de carne de caprino e ovino. Esta carne é muito 
aceita no Sul do Brasil (principalmente no Rio Grande do Sul) e na região Nordeste; 
nas demais regiões brasileiras, esse tipo de carne não é bem aceito. Logo, o mercado 
comprador provavelmente será a região Sul ou Nordeste brasileira. Mas, mesmo nessas 
regiões, provavelmente haverá diferentes segmentos de consumidores de carne.
9Análise estratégica em agronegócios
 � Definição do perfil dos clientes: conhecer os clientes é fundamental 
para o desenvolvimento dos produtos de forma adequada às suas ne-
cessidades e desejos. Em se tratando de agronegócios, deve-se observar 
os comportamentos descritos a seguir.
 ■ Emoção: estado interno de tensão que pode ser prazeroso ou não, e 
pode ser mais ou menos consciente para o consumidor.
 ■ Motivo: estado interno de tensão combinado com uma determinada 
atividade, como o objetivo (orientado por atividade).
 ■ Atitude: disposição ou predisposição do consumidor para reagir 
positiva ou negativamente a um estímulo do produto (orientado 
pelo objeto).
Não havendo base emocional, não existe motivo. E não havendo motivo, não há atitude. 
Isso leva ao comportamento de compra e consumo. Por exemplo, em relação às frutas, 
quanto mais forte o interesse em saúde, mais forte será o motivo saúde e mais positiva 
será a imagem das frutas. A consequência é uma maior probabilidade de compra.
Porém, quando falamos de mercado, não podemos deixar o marketing 
de fora. De acordo com Batalha (2014), o marketing dentro do contexto de 
agribusiness utiliza basicamente os mesmos conceitos aplicados a outros 
setores produtivos, porém, deve considerar algumas particularidades das 
firmas agroalimentares, como, por exemplo:
 � natureza dos produtos (perecibilidade, sazonalidade);
 � características da demanda (bens de consumo corrente, produtos em 
ascensão ou estabilizados ou em declínio, sazonalidade);
 � comportamento do consumidor (dimensão psicológica: preocupação 
com a saúde, dentre outros);
 � dispersão do setor de produção agropecuária;
 � concentração do setor de distribuição;
 � importância das cooperativas no negócio de transformação de produtos 
de origem agropecuária.
Análise estratégica em agronegócios10
Uma cadeia de produção agroindustrial pode ser dividida em três grandes 
macrossegmentos: produção de matérias-primas, industrialização e comercia-
lização. No caso mais geral, existem mercados, potenciais ou reais, que servem 
para articular esses macrossegmentos. É evidente que também podem existir 
mercados (reais ou potenciais) no interior de cada um dos macrossegmentos. 
É o caso, por exemplo, das indústrias agroalimentaresde primeira transforma-
ção, ou seja, que vendem produtos semiacabados (p. ex., o couro) para indústrias 
agroalimentares de segunda ou terceira transformação (que transformam o 
couro em bolsas, jaquetas, botas, dentre outros produtos). A Figura 3 ilustra 
os diferentes enfoques de marketing no setor do agronegócio.
Figura 3. Diferentes enfoques do marketing no agronegócio.
Fonte: Adaptada de Batalha (2014).
Marketing
rural
Marketing
agrícola
Marketing
agroindustrial
Marketing
alimentar
Distribuição
Produto
Consumidor
nal
Insumos
Produção
agrícola Indústria Distribuição
Fertilizantes
Sementes
Rações
Maquinário
Sistemas 
de produção
diferenciados
Agroindústria
de
processamento
Atacadistas
Varejista tradicional
ou de autosserviço
Restaurantes
Fast-foods
11Análise estratégica em agronegócios
Veja, a seguir, a descrição dos diferentes enfoques do marketing no setor do agronegócio.
 � Marketing alimentar: situa-se no nível do consumidor final e é caracterizado pela 
interface entre o comércio varejista e o consumidor.
 � Marketing agroindustrial: está localizado entre os macrossegmentos de industriali-
zação e a distribuição, bem como entre os vários segmentos de produção.
 � Marketing agrícola: os mercados relacionados estão situados entre as agroindústrias e 
a agricultura e são caracterizados por um grande número de produtores em face do 
reduzido número de compradores. Como exemplo, podemos citar as cooperativas.
 � Marketing rural: situa-se entre os produtores de insumos agropecuários e os pro-
dutores rurais.
Estratégias de atuação em agronegócios
Quando falamos de estratégias de atuação, seja no agronegócio ou em outro 
setor da economia, Jabbour e Jabbour (2013) mencionam que um Sistema de 
Gestão Ambiental tem fundamental importância, gerando benefícios econô-
micos, sociais e ambientais. Quanto mais evoluída a gestão de uma organi-
zação, mais intensos e mais diversificados poderão ser os benefícios obtidos. 
Geralmente, essas vantagens estão associadas a dois tipos de benefícios, 
conforme veremos a seguir.
 � Benefícios internos: estão relacionados às melhorias observadas nas 
diversas dimensões do desempenho organizacional, tais como: os de-
sempenhos operacional, em inovação e de mercado.
 � Benefícios externos: podem ser entendidos como contribuições que se 
estendem à sociedade de forma mais ampla, como a influência sobre as 
regulamentações ambientais, as contribuições para o desenvolvimento 
sustentável e as parcerias com outras organizações.
Análise estratégica em agronegócios12
Os principais objetivos de um Sistema de Gestão Ambiental são:
 � fornecer ferramentas necessárias para alcançar metas ambientais e melhoria con-
tínua do desempenho de uma empresa;
 � buscar a qualidade ambiental;
 � avaliar a estratégia da empresa (fator de diferenciação no mercado);
 � adotar medidas de prevenção da poluição ambiental.
Quando falamos de gestão empresarial, precisamos, além de analisar todos 
os processos da empresa, fazer uma análise de mercado, incluindo a análise 
do ambiente/setor, do segmento de mercado, da concorrência e dos consu-
midores. Para isso, existem algumas ferramentas que auxiliam no processo 
de geração de ideias, as quais são apresentadas por Zuin e Queiroz (2006), 
como veremos a seguir.
 � Listagem de atributos: envolve a listagem dos principais atributos de um 
produto já existente, e, em seguida, a modificação de cada um desses 
atributos para se chegar a um produto melhorado.
 � Análise morfológica: faz uso de dimensões estruturais de um deter-
minado problema visando a resolvê-lo. Para facilitar o entendimento, 
apresenta-se, no Quadro 3, um exemplo de análise morfológica que 
pode ser utilizado/adotado no agronegócio.
Ordem Questões/perguntas
Escala de medida
1 2 3 4 5
1 O produto pode ser a base para 
uma categoria ou um negócio 
de múltiplos produtos?
2 O produto oferece “algo a mais”, 
em comparação aos produtos 
apresentados pelos concorrentes?
Quadro 3. Lista para avaliação de novas ideias de produtos
(Continua)
13Análise estratégica em agronegócios
Fonte: Adaptado de Zuin e Queiroz (2006).
Quadro 3. Lista para avaliação de novas ideias de produtos
Ordem Questões/perguntas
Escala de medida
1 2 3 4 5
3 A ideia está relacionada a alimentos 
convencionais (fácil preparo, 
embalagem funcional)?
4 A ideia está relacionada a 
alimentos saudáveis?
5 O ciclo de vida do produto é longo?
Sendo que: 1 – discordo totalmente; 2 – discordo plenamente; 3 – indiferente; 4 – concordo par-
cialmente; 5 – concordo totalmente. 
(Continuação)
 � Identificação do problema/necessidade: esta técnica inicia com o consu-
midor, o qual é questionado sobre suas necessidades, problemas e ideias. 
 � Brainstorming: este termo significa “tempestade de ideias”. Esta visa a 
reunir uma equipe de colaboradores de diferentes setores da empresa, 
ou, então, reunir profissionais de diferentes áreas, em que a ideia de 
uma pessoa acaba inspirando as outras pessoas, e, dessa forma, as 
ideias vão fluindo.
 � Método delphi: um painel de especialistas é selecionado e chamado 
para preencher um questionário. Em seguida, um pesquisador tabula os 
resultados e os envia aos membros do painel. O processo é repetido até 
que o painel chegue a um consenso ou a um impasse, o que pode gerar 
uma boa ideia para o desenvolvimento de um novo produto ou serviço.
 � Análise de benefícios: listam-se todos os benefícios que os clientes 
recebem do produto estudado/analisado. Em seguida, os clientes são 
levados a pensar em benefícios que estão faltando na lista, gerando 
novas possibilidades de inovação. 
Análise estratégica em agronegócios14
Um alimento pode proporcionar benefícios ao consumir, como saúde, segurança e 
praticidade. Porém, por meio de uma análise de benefícios, o cliente poderá identificar 
questões que precisam ser melhoradas, tais como:
 � melhorias nas informações nutricionais e nos ingredientes utilizados, visto que cada 
vez mais as pessoas estão preocupadas com o que consomem;
 � sugerir melhorias no produto, ou, então, solicitar novos sabores;
 � quantidades maiores ou menores do produto.
 � Calcanhar de Aquiles: é realizada uma pesquisa com os clientes/consu-
midores sobre os pontos fracos de um determinado produto ou, então, 
de uma linha de produtos. Dessa forma, a empresa busca soluções para 
tentar resolver os problemas apontados.
 � Estudo de fracassos de outros produtos: é importante estudar os moti-
vos que fizeram com que um determinado produto não tenha atingido 
sucesso nas vendas.
 � Briefing: procura especificar o produto a ser desenvolvido, o seu con-
ceito e para quem se destina. Para isso, o briefing é definido como um 
conjunto de ideias, como uma pauta de intenções, que possibilitará à 
equipe de trabalho compreender e mensurar o projeto.
O agronegócio, da mesma forma que outros setores da economia, enfrenta 
alguns problemas, logo, as ferramentas anteriormente citadas buscam encontrar 
soluções para resolver ou minimizar os impactos. Dentre alguns problemas 
enfrentados pelo agronegócio, estão:
 � Desperdício de produção: muitos alimentos (como frutas e verduras) 
acabam sendo danificados durante o manuseio, a armazenagem e o 
transporte, o que, além de gerar prejuízos, acarreta no aumento dos 
custos operacionais.
 � Logística de transporte e entrega falha: em território nacional, a grande 
parcela dos produtos é escoada pela rede rodoviária. Dessa forma, os 
produtos agrícolas percorrem longas distâncias, e, muitas vezes, não 
estão sob as condições de temperatura ideais e não são armazenados 
de forma adequada.
15Análise estratégica em agronegócios
 � Burocracia em excesso: a burocracia, não apenas no setor do agronegó-
cio, mas como em toda a economia nacional, é um grande problema que 
provoca prejuízos. Por exemplo, existem muitas restrições em relação 
à importação ou à exportação de produtos. Dessa forma, os países 
estrangeiros muitas vezes optam em comprar os produtos de outros 
fornecedores.Além disso, o Brasil tem uma alta taxa de impostos, o 
que elevada os custos de produção e inibe investimentos estrangeiros. 
 � Falta de mão de obra no campo: mesmo as pesquisas mostrando que 
o índice de jovens que permanecem no meio rural está aumentando, 
segundo Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio 
([2017]), ainda há um longo caminho a percorrer. A grande parcela 
dos jovens abandona a área rural e busca conhecimento e uma vida 
melhor nas grandes cidades. Dessa forma, ocorre uma redução da 
disponibilidade de mão de obra na área rural.
Sendo assim, percebe-se que a agricultura e o agronegócio precisam ser 
encarados como uma empresa como qualquer outra. É importante analisar 
a demanda de mercado, a qualidade esperada, o capital necessário para in-
vestir ou melhorar a produção, os eventuais problemas que podem surgir no 
decorrer do processo/produção, dentre outros. Para isso, a análise estratégica 
é fundamental, pois visa a analisar se as metas e os objetivos traçados para o 
negócio realmente estão sendo respeitados, e quais são os reais lucros obtidos.
Além disso, é fundamental estar atento às exigências do mercado, visto 
que elas podem mudar rapidamente. Caso um determinado produto apre-
sente diminuição de venda ou procura, deve-se analisar e propor ações para 
reestruturá-lo ou, então, analisar se vale a pena manter a produção dele. Essas 
são ações básicas para garantir o sucesso, não apenas do agronegócio, mas de 
qualquer empreendimento em especial.
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Análise estratégica em agronegócios16
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17Análise estratégica em agronegócios

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