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CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO II Ronei Tiago Stein Análise estratégica em agronegócios Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Listar as ferramentas e os modelos de análise estratégica em agronegócios. � Analisar o mercado e a influência de seus fatores sobre as empresas. � Formular estratégias de atuação em agronegócios. Introdução Atualmente, o agronegócio é responsável por 1/3 do Produto Interno Bruto (PIB). Para se ter uma ideia, esse setor da economia é responsável por metade das exportações brasileiras. Em 2018, entre os produtos mais vendidos aos países estrangeiros estavam soja, açúcar, celulose e carnes, contribuindo para o saldo positivo da balança comercial brasileira. Dessa forma, a produção agrícola é considerada a válvula de escape contra a crise econômica que vem atingindo o Brasil e o mundo, de um modo geral, nos últimos anos. Isso, porque as pessoas podem até deixar de comprar um celular novo, uma televisão ou um carro, porém, não podem deixar de se alimentar. Todavia, garantir o aumento da produção e a sua qualidade requer uma análise estratégica do mercado consumidor. É errôneo, simples- mente, sair plantando ou produzindo algo sem saber quem irá comprar esse produto e qual é a qualidade esperada. Neste capítulo, iremos listar algumas das principais ferramentas de análise estratégica utilizadas no agronegócio. Além disso, iremos entender como o mercado interfere sobre a qualidade e a competitividade dos produtos. Por fim, serão apontadas algumas estratégias que buscam melhorar a produção e a lucratividade do agronegócio. Agronegócio O agronegócio é constantemente exposto aos mais variados tipos de riscos, pois trata-se de uma atividade fortemente dependente de recursos naturais e de processos biológicos. Existem diferentes tipos de riscos, como: econômicos, ambientais, sociais, operacionais, legal/regulamentar, imagem/reputação e financeiro/orçamentário. Muitos fatores podem prejudicar a produção agropecuária, afetando dire- tamente a renda dos produtores rurais. Condições climáticas extremas (secas, chuvas intensas, granizo, etc.), períodos de safra e entressafra, ataques severos de pragas e algumas doenças são exemplos de fatores que afetam a produção, podendo provocar impactos negativos nos preços dos produtos finais, e ainda colocar em risco o abastecimento alimentar interno. Souza e Cruz (2012) mencionam que a análise (também definida como planejamento ou gestão) estratégica é, atualmente, uma peça fundamental em qualquer tipo de organização, tanto para avaliar os riscos como para verificar o mercado e a possibilidade de melhorias. Aliado aos indicadores, os quais definem o rumo que a empresa deve seguir, respeitando os objetivos traçados para a empresa, o planejamento estratégico é a ferramenta que visa a analisar o melhor caminho para se obter esse escopo. De acordo com Batalha (2014), qualquer grupo de pessoas unidas em torno de um objetivo comum, como é o caso das empresas, normalmente tem um caminho ou rumo de ação para atingir os objetivos traçados, ou seja, tem uma estratégia na mente de seus integrantes. Em outras palavras, todo indivíduo, empreendimento ou atividade deve analisar de forma estratégia o mercado e os clientes e/ou consumidores, para melhor atendê-los. O planejamento estratégico visa a analisar os pontos fortes e fracos da empresa ou do agronegócio, bem como as ameaças e as oportunidades encontradas no ambiente externo, e os fatores-chave (ou fatores críticos) de sucesso referentes ao negócio. Análise estratégica em agronegócios2 De acordo com Nobre (2016), existem dois tipos de planejamento estra- tégico (Quadro 1). Fonte: Adaptado de Nobre (2016) Exemplo prático Estratégia corporativa Estratégia de negócio Define o negócio em que a empresa irá competir, preferencialmente, de forma que foque em recursos para converter uma competência distintiva em vantagem competitiva. Consiste na determinação de como a empresa irá competir em dado negócio e a sua posição face aos concorrentes. Agroindústria de fabricação de queijos É analisado quanto custará para abrir a empresa, quem serão os fornecedores, como será o processo produtivo, o conhecimento/ capacitação dos envolvidos, etc. É analisada a quantidade de queijo fabricada, a qualidade esperada, o público-alvo, o valor do produto final (no caso, o queijo), concorrentes diretos na região, o mercado, o tipo de embalagem, etc. Quadro 1. Níveis estratégicos Nobre (2016) descreve, ainda, que a gestão estratégica se direciona para o desempenho a longo prazo de uma empresa, seja ela da área do agronegócio ou não. Normalmente, as empresas conseguem apresentar bons resultados a curto prazo, porém, como o mercado está em constante alteração, muitas empresas acabam não conseguindo se adaptar, resultando no seu fechamento. 3Análise estratégica em agronegócios De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), de cada quatro empresas abertas no Brasil, uma fecha antes de completar dois anos de existência. Nesse estudo estão incluídas empresas como agroindústrias (DINO, 2018). No vídeo a seguir (ESTRUTURA..., 2017), apresenta-se a estrutura de mercado esperada para garantir a competitividade do agronegócio. https://qrgo.page.link/ufmXB Dessa forma, percebe-se que uma boa gestão estratégica é fundamental para garantir o sucesso em curto prazo e, principalmente, a longo prazo. No Quadro 2, apresenta-se a diferença entre gestão estratégica e gestão não estratégica. Fonte: Adaptado de Araújo (2013). Funções Gestão estratégica no agronegócio Vagamente definida e orientada à família Cultura Bem definida Principalmente baseada na experiência passada Desenvol- vimento Planejado com base na identificação de oportunidades e ameaças Privilegiam-se as principais inovações, correndo riscos desconhecidos Inovação Privilegia-se a inovação orientada ao crescimento com disposição a correr riscos calculados — Liderança Estilos inspirados na participação e na consulta Estilos variados desde os inspirados em ordens até a intervenção Orça- mentos Critérios claros de resultados esperados e alocação de recursos Não explícito, normalmente baseado em sentimentos Resul- tados Lucros que são resultados de metas preestabelecidas Normalmente, é em consequência da operação Quadro 2. Diferenças entre gestão estratégica e gestão não estratégica Análise estratégica em agronegócios4 Você pode estar se perguntando se existem ferramentas que auxiliam os gestores e os produtores rurais na análise estratégica do seu negócio. A resposta é sim, e, inclusive, existem várias ferramentas. A seguir, serão apresentadas algumas das mais usuais. VMOST: esta é a sigla para visão, missão, objetivos, estratégia e táticas. É fundamental que a empresa ou a propriedade rural planeje o negócio que está ou será realizado. Definir esses itens é fundamental para saber onde, como e quando chegar. É recomendado que esses itens sejam validados ao longo da existência da empresa. Veja a seguir algumas ferramentas utilizadas para auxiliar na análise estratégica de uma empresa. � Visão: o que o empreendimento/atividade busca no futuro e como irá fazer para alcançar o esperado. � Missão: justifica a razão de a empresa ou de o negócio existir e o motivo de sua existência. � Objetivos: a empresa/atividade define o que pretende fazer. � Estratégia: tem a ver com “o que fazer” e deve ser realizada com planejamento. Ela está relacionada aos objetivos a longo prazo. � Táticas: têm a ver com “como fazer e quando fazer” e depende da competência e da execução. A tática é voltada a curto e médio prazos. Análise SWOT: abreviatura em inglês de Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). É uma fer- ramenta de marketing muito conhecida e difundida em váriasmatérias, que vão do próprio marketing à gestão, à economia, e ao planejamento (ZOGBI, 2013). As forças e as fraquezas referem-se ao ambiente interno do negócio em si, no entanto, as ameaças e as oportunidades referem-se ao ambiente externo. A Figura 1 apresenta a definição de análise SWOT. 5Análise estratégica em agronegócios Figura 1. A análise estratégica é fundamental para que o agronegócio obtenha lucro. Fonte: Adaptada de Zogbi (2013). PESTEL: sigla para política, economia, social, tecnologia, ecologia e legais (questões legais, no caso). Algumas bibliografias trazem o conceito de PEST, deixando as questões ecológicas e legais de fora. Essa ferramenta é indicada para ser utilizada em conjunto com o SWOT, e revela oportunidades, amea- ças, direção para os negócios, projetos, questões do país, região e mercado, ajudando a empresa ou o produtor a criar uma visão mais objetiva do negócio. Para saber mais sobre a ferramenta de análise estratégica PEST, assista ao vídeo a seguir (O QUE..., 2017). https://qrgo.page.link/5mtPk Análise estratégica em agronegócios6 Matriz BCG (também conhecida como Boston Matrix): o nome BCG vem da empresa de consultoria Boston Consulting Group, a qual desenvolveu essa ferramenta. Esse método é o mais tradicional e também o mais facilmente implementável. O empreendedor poderá fazer uma análise periódica, visando a melhorar a oferta de produtos ou serviços existentes, bem como avaliar os que geram mais caixa e exigem menos esforço para a manutenção (BATA- LHA, 2014). Esses mesmos autores descrevem que, na matriz BCG, o crescimento do segmento de atividade (setor) permite diminuir os custos de maneira importante e proporcionar vantagens competitivas duradouras. Em atividades “estáveis”, as partes de mercado são “fixas” e a possibilidade de diminuir custos é muito pequena. Além dessa lógica de “baixar os custos”, a matriz apresenta também uma lógica financeira. O BCG parte do princípio de que um dos objetivos essenciais da estratégia é permitir uma alocação ótima dos recursos da empresa entre os vários segmentos estratégicos em que ela atua. A Figura 2 apresenta a estrutura da matriz BCG. Figura 2. Estrutura de uma matriz estratégica do tipo BCG. Fonte: Batalha (2014, p. 130). 7Análise estratégica em agronegócios Além das ferramentas anteriormente apresentadas, Nobre (2016) apresenta outras, tais como: análise da cadeia de valor; análise de cenários; análise PEST (política, economia, social e tecnologia); análise do ciclo de vida; análise do portfólio; balanced scorecard; modelo das cinco forças de Michael Porter; análise de risco; brainstorming; análise de recursos e capacidades (p. ex., análise VRIO); benchmarking. Para saber mais sobre cada uma dessas ferramentas, leia a dissertação Ferramentas estratégicas em uso: uma investigação prática às empresas em Portugal, de Daniel Parreira Nobre (2016). Análise de mercado e sua influência no agronegócio De modo geral, a análise de mercado refere-se ao conhecimento dos clientes e dos concorrentes, entre outros fatores, permitindo o conhecimento do ambiente no qual o produto/serviço se encontra. De acordo com Zuin e Queiroz (2006), a análise de mercado leva em consideração, principalmente, os seguintes aspectos: � Análise da indústria/setor: monitora as variáveis demográficas, econô- micas, tecnológicas, políticas, legais, sociais e culturais, que acabam afetando a habilidade da empresa em obter lucro. Além disso, a análise da indústria apresenta informações a respeito do tamanho, do crescimento e da estrutura da indústria ou do setor em que a empresa está inserida. � Análise da concorrência: é essencial, a fim de comparar os produtos atuais, e em desenvolvimento, com os produtos já existentes no mercado, assim como as estratégias adotadas por cada concorrente ou grupo estratégico de concorrentes. Ao analisar as estratégias dos concorrentes, é de grande importância analisar as forças e as fraquezas de cada um. Análise estratégica em agronegócios8 Uma importante ferramenta para realizar a análise da concorrência são os parâmetros comparativos, os quais servem para comparar ou ordenar os produtos. Os parâmetros qualitativos envolvem fatores como confiança, conforto, praticidade e qualidade. De forma geral, entender os concorrentes e as suas atividades pode proporcionar benefícios como: compreensão das forças e das fraquezas estratégicas de um con- corrente, conhecimento acerca das estratégias competitivas futuras e decisão sobre alternativas estratégicas. � Descrição do segmento de mercado: definidos o setor no qual a empresa irá atuar e o mercado geral, deve-se analisar os compradores, o poder de compra deles, a localização geográfica, atitudes e hábitos de compra. O segmento de marcado é definido a partir das características do produto e do estilo de vida do consumidor (p. ex., idade, sexo, renda, profissão, família, personalidade, costumes). Após a empresa identificar os segmentos de mercado potenciais, ela precisa avaliá-los e decidir em quantos e quais atuar. Logo, Zuin e Queiroz (2006) apresentam cinco padrões de seleção de mercado-alvo: concentração em segmento único, especialização seletiva, especialização por produto, espe- cialização por mercado e cobertura ampla de mercado. Vamos utilizar como exemplo a venda de carne de caprino e ovino. Esta carne é muito aceita no Sul do Brasil (principalmente no Rio Grande do Sul) e na região Nordeste; nas demais regiões brasileiras, esse tipo de carne não é bem aceito. Logo, o mercado comprador provavelmente será a região Sul ou Nordeste brasileira. Mas, mesmo nessas regiões, provavelmente haverá diferentes segmentos de consumidores de carne. 9Análise estratégica em agronegócios � Definição do perfil dos clientes: conhecer os clientes é fundamental para o desenvolvimento dos produtos de forma adequada às suas ne- cessidades e desejos. Em se tratando de agronegócios, deve-se observar os comportamentos descritos a seguir. ■ Emoção: estado interno de tensão que pode ser prazeroso ou não, e pode ser mais ou menos consciente para o consumidor. ■ Motivo: estado interno de tensão combinado com uma determinada atividade, como o objetivo (orientado por atividade). ■ Atitude: disposição ou predisposição do consumidor para reagir positiva ou negativamente a um estímulo do produto (orientado pelo objeto). Não havendo base emocional, não existe motivo. E não havendo motivo, não há atitude. Isso leva ao comportamento de compra e consumo. Por exemplo, em relação às frutas, quanto mais forte o interesse em saúde, mais forte será o motivo saúde e mais positiva será a imagem das frutas. A consequência é uma maior probabilidade de compra. Porém, quando falamos de mercado, não podemos deixar o marketing de fora. De acordo com Batalha (2014), o marketing dentro do contexto de agribusiness utiliza basicamente os mesmos conceitos aplicados a outros setores produtivos, porém, deve considerar algumas particularidades das firmas agroalimentares, como, por exemplo: � natureza dos produtos (perecibilidade, sazonalidade); � características da demanda (bens de consumo corrente, produtos em ascensão ou estabilizados ou em declínio, sazonalidade); � comportamento do consumidor (dimensão psicológica: preocupação com a saúde, dentre outros); � dispersão do setor de produção agropecuária; � concentração do setor de distribuição; � importância das cooperativas no negócio de transformação de produtos de origem agropecuária. Análise estratégica em agronegócios10 Uma cadeia de produção agroindustrial pode ser dividida em três grandes macrossegmentos: produção de matérias-primas, industrialização e comercia- lização. No caso mais geral, existem mercados, potenciais ou reais, que servem para articular esses macrossegmentos. É evidente que também podem existir mercados (reais ou potenciais) no interior de cada um dos macrossegmentos. É o caso, por exemplo, das indústrias agroalimentaresde primeira transforma- ção, ou seja, que vendem produtos semiacabados (p. ex., o couro) para indústrias agroalimentares de segunda ou terceira transformação (que transformam o couro em bolsas, jaquetas, botas, dentre outros produtos). A Figura 3 ilustra os diferentes enfoques de marketing no setor do agronegócio. Figura 3. Diferentes enfoques do marketing no agronegócio. Fonte: Adaptada de Batalha (2014). Marketing rural Marketing agrícola Marketing agroindustrial Marketing alimentar Distribuição Produto Consumidor nal Insumos Produção agrícola Indústria Distribuição Fertilizantes Sementes Rações Maquinário Sistemas de produção diferenciados Agroindústria de processamento Atacadistas Varejista tradicional ou de autosserviço Restaurantes Fast-foods 11Análise estratégica em agronegócios Veja, a seguir, a descrição dos diferentes enfoques do marketing no setor do agronegócio. � Marketing alimentar: situa-se no nível do consumidor final e é caracterizado pela interface entre o comércio varejista e o consumidor. � Marketing agroindustrial: está localizado entre os macrossegmentos de industriali- zação e a distribuição, bem como entre os vários segmentos de produção. � Marketing agrícola: os mercados relacionados estão situados entre as agroindústrias e a agricultura e são caracterizados por um grande número de produtores em face do reduzido número de compradores. Como exemplo, podemos citar as cooperativas. � Marketing rural: situa-se entre os produtores de insumos agropecuários e os pro- dutores rurais. Estratégias de atuação em agronegócios Quando falamos de estratégias de atuação, seja no agronegócio ou em outro setor da economia, Jabbour e Jabbour (2013) mencionam que um Sistema de Gestão Ambiental tem fundamental importância, gerando benefícios econô- micos, sociais e ambientais. Quanto mais evoluída a gestão de uma organi- zação, mais intensos e mais diversificados poderão ser os benefícios obtidos. Geralmente, essas vantagens estão associadas a dois tipos de benefícios, conforme veremos a seguir. � Benefícios internos: estão relacionados às melhorias observadas nas diversas dimensões do desempenho organizacional, tais como: os de- sempenhos operacional, em inovação e de mercado. � Benefícios externos: podem ser entendidos como contribuições que se estendem à sociedade de forma mais ampla, como a influência sobre as regulamentações ambientais, as contribuições para o desenvolvimento sustentável e as parcerias com outras organizações. Análise estratégica em agronegócios12 Os principais objetivos de um Sistema de Gestão Ambiental são: � fornecer ferramentas necessárias para alcançar metas ambientais e melhoria con- tínua do desempenho de uma empresa; � buscar a qualidade ambiental; � avaliar a estratégia da empresa (fator de diferenciação no mercado); � adotar medidas de prevenção da poluição ambiental. Quando falamos de gestão empresarial, precisamos, além de analisar todos os processos da empresa, fazer uma análise de mercado, incluindo a análise do ambiente/setor, do segmento de mercado, da concorrência e dos consu- midores. Para isso, existem algumas ferramentas que auxiliam no processo de geração de ideias, as quais são apresentadas por Zuin e Queiroz (2006), como veremos a seguir. � Listagem de atributos: envolve a listagem dos principais atributos de um produto já existente, e, em seguida, a modificação de cada um desses atributos para se chegar a um produto melhorado. � Análise morfológica: faz uso de dimensões estruturais de um deter- minado problema visando a resolvê-lo. Para facilitar o entendimento, apresenta-se, no Quadro 3, um exemplo de análise morfológica que pode ser utilizado/adotado no agronegócio. Ordem Questões/perguntas Escala de medida 1 2 3 4 5 1 O produto pode ser a base para uma categoria ou um negócio de múltiplos produtos? 2 O produto oferece “algo a mais”, em comparação aos produtos apresentados pelos concorrentes? Quadro 3. Lista para avaliação de novas ideias de produtos (Continua) 13Análise estratégica em agronegócios Fonte: Adaptado de Zuin e Queiroz (2006). Quadro 3. Lista para avaliação de novas ideias de produtos Ordem Questões/perguntas Escala de medida 1 2 3 4 5 3 A ideia está relacionada a alimentos convencionais (fácil preparo, embalagem funcional)? 4 A ideia está relacionada a alimentos saudáveis? 5 O ciclo de vida do produto é longo? Sendo que: 1 – discordo totalmente; 2 – discordo plenamente; 3 – indiferente; 4 – concordo par- cialmente; 5 – concordo totalmente. (Continuação) � Identificação do problema/necessidade: esta técnica inicia com o consu- midor, o qual é questionado sobre suas necessidades, problemas e ideias. � Brainstorming: este termo significa “tempestade de ideias”. Esta visa a reunir uma equipe de colaboradores de diferentes setores da empresa, ou, então, reunir profissionais de diferentes áreas, em que a ideia de uma pessoa acaba inspirando as outras pessoas, e, dessa forma, as ideias vão fluindo. � Método delphi: um painel de especialistas é selecionado e chamado para preencher um questionário. Em seguida, um pesquisador tabula os resultados e os envia aos membros do painel. O processo é repetido até que o painel chegue a um consenso ou a um impasse, o que pode gerar uma boa ideia para o desenvolvimento de um novo produto ou serviço. � Análise de benefícios: listam-se todos os benefícios que os clientes recebem do produto estudado/analisado. Em seguida, os clientes são levados a pensar em benefícios que estão faltando na lista, gerando novas possibilidades de inovação. Análise estratégica em agronegócios14 Um alimento pode proporcionar benefícios ao consumir, como saúde, segurança e praticidade. Porém, por meio de uma análise de benefícios, o cliente poderá identificar questões que precisam ser melhoradas, tais como: � melhorias nas informações nutricionais e nos ingredientes utilizados, visto que cada vez mais as pessoas estão preocupadas com o que consomem; � sugerir melhorias no produto, ou, então, solicitar novos sabores; � quantidades maiores ou menores do produto. � Calcanhar de Aquiles: é realizada uma pesquisa com os clientes/consu- midores sobre os pontos fracos de um determinado produto ou, então, de uma linha de produtos. Dessa forma, a empresa busca soluções para tentar resolver os problemas apontados. � Estudo de fracassos de outros produtos: é importante estudar os moti- vos que fizeram com que um determinado produto não tenha atingido sucesso nas vendas. � Briefing: procura especificar o produto a ser desenvolvido, o seu con- ceito e para quem se destina. Para isso, o briefing é definido como um conjunto de ideias, como uma pauta de intenções, que possibilitará à equipe de trabalho compreender e mensurar o projeto. O agronegócio, da mesma forma que outros setores da economia, enfrenta alguns problemas, logo, as ferramentas anteriormente citadas buscam encontrar soluções para resolver ou minimizar os impactos. Dentre alguns problemas enfrentados pelo agronegócio, estão: � Desperdício de produção: muitos alimentos (como frutas e verduras) acabam sendo danificados durante o manuseio, a armazenagem e o transporte, o que, além de gerar prejuízos, acarreta no aumento dos custos operacionais. � Logística de transporte e entrega falha: em território nacional, a grande parcela dos produtos é escoada pela rede rodoviária. Dessa forma, os produtos agrícolas percorrem longas distâncias, e, muitas vezes, não estão sob as condições de temperatura ideais e não são armazenados de forma adequada. 15Análise estratégica em agronegócios � Burocracia em excesso: a burocracia, não apenas no setor do agronegó- cio, mas como em toda a economia nacional, é um grande problema que provoca prejuízos. Por exemplo, existem muitas restrições em relação à importação ou à exportação de produtos. Dessa forma, os países estrangeiros muitas vezes optam em comprar os produtos de outros fornecedores.Além disso, o Brasil tem uma alta taxa de impostos, o que elevada os custos de produção e inibe investimentos estrangeiros. � Falta de mão de obra no campo: mesmo as pesquisas mostrando que o índice de jovens que permanecem no meio rural está aumentando, segundo Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio ([2017]), ainda há um longo caminho a percorrer. A grande parcela dos jovens abandona a área rural e busca conhecimento e uma vida melhor nas grandes cidades. Dessa forma, ocorre uma redução da disponibilidade de mão de obra na área rural. Sendo assim, percebe-se que a agricultura e o agronegócio precisam ser encarados como uma empresa como qualquer outra. É importante analisar a demanda de mercado, a qualidade esperada, o capital necessário para in- vestir ou melhorar a produção, os eventuais problemas que podem surgir no decorrer do processo/produção, dentre outros. Para isso, a análise estratégica é fundamental, pois visa a analisar se as metas e os objetivos traçados para o negócio realmente estão sendo respeitados, e quais são os reais lucros obtidos. Além disso, é fundamental estar atento às exigências do mercado, visto que elas podem mudar rapidamente. Caso um determinado produto apre- sente diminuição de venda ou procura, deve-se analisar e propor ações para reestruturá-lo ou, então, analisar se vale a pena manter a produção dele. Essas são ações básicas para garantir o sucesso, não apenas do agronegócio, mas de qualquer empreendimento em especial. ARAÚJO, L. A. Planejamento de propriedades rurais: livro didático. Palhoça: UnisulVirtual, 2013. Disponível em: http://intranetdoc.epagri.sc.gov.br/producao_tecnico_cientifica/ DOC_33631.pdf. Acesso em: 4 dez. 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MARKETING RURAL E AGRONEGÓCIO. Pesquisa ABMRA. ABMRA, São Paulo, [2017]. Disponível em: http://abmra.org.br/pesquisa-abmra/. Acesso em: 3 dez. 2019. Análise estratégica em agronegócios16 BATALHA, M. O. (coord.). Gestão agroindustrial: GEPAI: Grupo de estudos e pesquisas agroindustriais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. v. 1. DINO. 1 a cada 4 empresas fecha antes de completar 2 anos no mercado, segundo Sebrae. Exame, [s. l.], 15 ago. 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/ dino/1-a-cada-4-empresas-fecha-antes-de-completar-2-anos-no-mercado-segundo- -sebrae/. Acesso em: 4 dez. 2019. ESTRUTURA de mercado no agronegócio: cinco forças competitivas de Porter. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (5min7s). Disponível em: https://qrgo.page.link/ufmXB. Acesso em: 4 dez. 2019. JABBOUR, A. B. L. de S.; JABBOUR, C. J. C. Gestão ambiental nas organizações: fundamentos e tendências. São Paulo: Atlas, 2013. NOBRE, D. P. Ferramentas estratégicas em uso: uma investigação prática às empresas em Portugal. 2016. Dissertação (Mestrado em Gestão) — Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, 2016. Disponível em: https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/12461/1/ FERRAMENTAS%20ESTRATE%CC%81GICAS%20EM%20USO.pdf. Acesso em: 3 dez. 2019. O QUE é análise PEST. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (10min32s). Disponível em: https://qrgo. page.link/5mtPk. Acesso em: 4 dez. 2019. SOUZA, K. T. S. de; CRUZ, H. A. da. Planejamento estratégico: uma análise estratégica de uma IES privada de Palhoça/SC. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TEC- NOLOGIA, 9., 2012, Resende. Anais [...]. Resende: AEDB, 2012. p. 1–16. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos12/55716704.pdf. Acesso em: 3 dez. 2019. ZOGBI, E. Como fazer uma análise PFOA (SWOT) com números: guia prático de marketing para comércio e serviços. São Paulo: Atlas, 2013. v. 3. ZUIN, L. F. S.; QUEIROZ, T. R. Agronegócio: gestão e inovação. São Paulo: Saraiva, 2006. Os links para sites da Web fornecidos neste livro foram todos testados, e seu funciona- mento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 17Análise estratégica em agronegócios
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