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Coerência e Coesão Textual

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ESCRITA 
LITERÁRIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Reconhecer a importância da coerência na construção do texto.
 > Justificar a coesão como elemento estruturante do texto.
 > Demonstrar os processos semânticos e sintáticos envolvidos na cons-
trução de sentidos no texto.
Introdução
O processo de escrever pode ser comparado a um projeto construtivo, no qual 
cada tijolo, viga, argamassa e telha unem-se para fazer surgir a edificação. 
Assim como um tijolo, a palavra solta pode ter pouca ou quase nenhuma 
serventia. É necessário ligar-se a outras ou compor um contexto comunicativo 
para haver texto. E, da mesma maneira que na construção não se aprende a 
assentar tijolos intuitivamente, o ato de escrever requer treino e técnica, seja 
em que gênero literário for. 
Mesmo no texto literário, no qual se permitem transgressões da variante 
padrão da língua, é preciso entender o funcionamento da língua e conhecer as 
normas que a regem, nem que seja para, com a devida licença poética, quebrá-
-las. Mas, haja ou não transgressão da norma padrão, não se pode abrir mão da 
coerência, afinal, todo texto quer comunicar algo. Por isso, a coerência acaba 
sendo algo muito relevante, já que, se o texto está confuso ou há incoerências, 
O texto como 
processo de 
construção
Karla Menezes Lopes Niels 
a leitura é prejudicada, potencialmente impedindo que a comunicação se 
estabeleça. Assim, se desejamos ser lidos, precisamos ser coerentes.
Neste capítulo, você verá um pouco sobre esse processo de construção, 
especialmente qual é a argamassa que liga os tijolos dessa obra chamada 
texto. Verá, também, o que é, de fato, um texto para a linguística e qual é a 
importância dos processos de coesão — os processos semânticos e sintáticos 
—, bem como da coerência como elementos essenciais para a sua edificação.
O texto e sua coerência 
Antes de falarmos sobre coerência e coesão textual, é preciso conceituarmos 
texto. O que é um texto? Qualquer conjunto de palavras? De orações? De 
parágrafos? Imagens são textos? O discurso oral constitui texto? O senso 
comum costuma pensar que texto é tudo aquilo que é escrito e de extensão 
razoável. Contudo, essa noção está absolutamente equivocada. 
A linguagem é o meio pelo qual nos relacionamos, nos comunicamos 
e trocamos ideias. Segundo Chomsky (2009), é ela, não a capacidade de 
raciocínio, o que nos difere dos animais, dado o alto grau de elaboração de 
nossa linguagem frente à comunicação animal. Já imaginou como poderíamos 
viver em sociedade sem nos comunicarmos uns com os outros? É evidente 
que os animais também convivem em comunidades e se comunicam entre si, 
a exemplo da dança que as abelhas realizam para avisar umas às outras do 
local onde encontrar néctar, mas, por mais elaborada que seja a linguagem 
animal, é sempre instintiva. Já conosco, seres humanos, nada ocorre por 
mera intuição, haja vista sermos dotados, como considera Chomsky (2009), 
de funções cerebrais específicas que nos permitem a aquisição da linguagem.
Para entender melhor as diferenças entre a linguagem humana e 
a comunicação animal, leia o artigo “Sobre mentes e linguagens”, 
de Chomsky (2018). 
Mas que relação tem isso com a conceituação de texto? Imagine que al-
guém gritasse “Fogo!” ou “Socorro!”. O que você pensaria? Certamente que há 
algum incêndio em um local próximo e que alguém está em perigo. Isso por 
quê? Porque essas duas pequenas palavras, sozinhas, expressam um sentido 
O texto como processo de construção2
completo e comunicam uma informação que é passível de pôr em contato 
locutor — o sujeito a gritar — e interlocutor — o sujeito a ouvir os gritos. 
Será que poderíamos considerar essas simples frases nominais, oraliza-
das, como texto? Para um linguista chamado Marcuschi (2008, 2012), todo o 
enunciado que comunica uma mensagem é um texto. O linguista refere-se 
exclusivamente ao enunciado verbal, no entanto, autores como Antunes (2017) 
e Koch (1989, 2009) reconhecem como texto toda comunicação que ocorra 
tanto por meio verbal como não verbal, por meio oral ou escrito. Assim, 
poderíamos considerar até mesmo imagens como textos, já que comunicam 
uma informação. Quem, dirigindo, ao ver uma placa com imagem de animais 
na pista (Figura 1) não tomará cuidado, a fim de evitar acidentes ao cruzar 
com algum animal? 
Figura 1. Placa indicando animais na pista.
Fonte: Pixabay.
Talvez você esteja se perguntando: de que forma? O texto não é um todo 
encadeado de frases e proposições que formam um todo significativo? Para 
entender melhor essa questão, veja mais alguns exemplos.
Exemplo 1 
Lesão
Desafio, máquina, tempo, banco, gente, milhas, mundo, momento, flocos, repor-
tagem. Turbulência, início, passeio, caminho, verdade, luz, orgulho, missão, jovem, 
dinheiro, sabor, sol. Proteção, barraco, ideia, concorrência, perda, promoção, 
amigos, história, excesso, mês. 
O texto como processo de construção 3
Exemplo 2
Lesão
Lesão é quando minha cunhada vai ao banco comprar sorvete e a galinha chora 
pedindo leite. Desse modo, tem-se uma profunda lesão cervical, seguida de uma 
lesão ortodoxo-moral. Fato muito triste, que acontece toda vez que chovem 
gravetos na minha rua. Ao pousar em um coqueiro, mata a sua sede e retorna. 
Exemplo 3
Lesão
sf.
1. Ação ou resultado de lesar(se).
2. Pat. Dano em qualquer órgão ou estrutura corporal. [+ de, em : lesão do /no pé.]
3. Pat. Uma das partes do corpo onde se manifesta uma doença sistêmica.
4. Prejuízo moral ou material. [+ a : lesão à honra/lesão aos cofres públicos.]
5. Jur. Violação de um direito praticada com intenção ou por negligência. [+ de, em : 
lesão dos /nos direitos de cidadão.]
6. Jur. Em direito penal, dano à integridade física de alguém (LESÃO, 2021, documento 
on-line).
Exemplo 4
No jargão médico, lesão é um termo que congrega todas as modifi-
cações anormais de um tecido biológico. Ela pode se tratar de um simples corte, 
uma queimadura ou uma ferida. A lesão pode igualmente resultar da ação de 
um agente patogênico, bem como de um problema metabólico, fisiológico ou 
imunológico. Em todos os casos, a lesão diz respeito a um dano provocado aos 
tecidos corporais do paciente. Por fim, vale ressaltar que algumas lesões podem 
ser provocadas para tratar uma patologia. Por exemplo, a retirada cirúrgica 
de parte do cérebro é realizada em alguns pacientes que sofrem de epilepsia. 
Fonte: CCM Saúde (2021, documento on-line). 
O texto como processo de construção4
No primeiro exemplo temos um grupo de palavras que não se ligam entre 
si sequer pelo campo lexical. No segundo, um parágrafo bem escrito, cuidado 
na norma padrão da língua, mas cujos enunciados não fazem sentido lógico 
e não comunicam qualquer mensagem. No terceiro, temos um verbete de 
dicionário que expressa o significado do vocábulo lesão. Nesse, como há 
comunicação e um expresso objetivo comunicativo — explicar o significado 
de uma palavra — temos texto. No entanto, observe que, como é próprio do 
gênero verbete de dicionário, não há elementos que ligam as orações. Já no 
quarto exemplo, um verbete enciclopédico, o conceito de lesão já aparece 
explicado por meio de orações que se conectam entre si, formando um todo 
coeso. 
Vejamos, ainda, mais um exemplo.
Exemplo 5
Canção do Exílio Facilitada 
lá?
ah!
sabiá…
papá…
maná…
sofá…
sinhá…
cá?
bah! (PAES, 2003, p. 130)
Assim como no primeiro exemplo, no quinto temos um conjunto de palavras 
aparentemente soltas e sequer coordenadas por vírgulas, mas que aparecem 
em versos e são estruturadas em estrofes. A forma, portanto, já nos convida 
a procurar um sentido. Ainda, o título e a autoria de José Paulo Paes nos 
permitem entrever esse texto como um poema — um poema modernista que 
parodia A canção do Exílio, de Gonçalves Dias. Essa percepção nos motiva 
a tentar entender quais os possíveis significados expressos por esse texto. 
O texto como processo de construção 5
Por fim, a palavra “facilitada”, no título, adiciona a ideia de supressão de 
termos adjacentes. Daí,os versos formados por apenas uma palavra. 
Para isso, acionamos o nosso conhecimento de mundo para lembrar dos 
famosos versos de Gonçalves Dias e compreender o diálogo que se estabelece 
entre o poema modernista e o romântico. Com isso, percebemos que, mesmo 
que esse texto careça de elementos coesivos, isto é, de termos que liguem 
as palavras que constituem cada verso, o texto é coerente especialmente em 
razão da sua intertextualidade. 
Caso eu fornecesse apenas o poema, sem o título e o nome do autor, muitos 
leitores não fariam o esforço de compreender o seu sentido. Saber que se trata 
de um poema modernista já solicita alguns movimentos interpretativos. Talvez 
pensar no lá como o lugar do eu-lírico e o cá como o lugar do exílio anunciado 
pelo título. O lá guardando coisas boas, como o “sabiá” e o “sofá” que o cá 
talvez já não guarde. Mas ao fornecer a informação de que esse poema dialoga 
com outra Canção do Exílio, a de Dias, outros sentidos são incorporados ao 
texto, ampliando suas possiblidades significativas, sobretudo no que diz 
respeito aos advérbios de lugar lá e cá, Brasil e Portugal, respectivamente. 
O mesmo ocorre com poemas concretistas que, a despeito de carecerem 
de elementos coesivos, são coerentes, já que transmitem uma mensagem. 
Veja o sexto exemplo, a seguir. Trata-se de um poema concreto de Ronaldo 
Azevedo, que, por meio de uma única palavra e da reiteração da consoante 
fricativa V no início do substantivo, cria a ideia de aceleração e velocidade.
Fonte: Campos, Pignatari e Campos (1975, p. 92).
O texto como processo de construção6
Os exemplos, especialmente os exemplos 5 e 6, nos mostram que um texto 
pode prescindir de coesão, isto é, de elementos sintáticos que conectem os 
seus termos constitutivos, mas jamais poderá abrir mão da coerência, isto 
é, da produção de sentido. O segundo exemplo tornou-se incompreensível, 
não porque não apresentasse conexões gramaticais, mas justamente porque 
relacionou elementos que extratextualmente não se coadunam. Ninguém 
compra sorvete em banco, galinha não chora, nem bebe leite e muito menos 
existe uma lesão ortodoxo-moral. 
Como dito antes, o nosso processo de linguagem não ocorre por mera 
intuição, mas parte de elaboração prévia. Mesmo quando se trata do discurso 
oral, que geralmente ocorre sem muito planejamento, precisamos pensar 
para construí-lo, a fim de sermos compreendidos pelo nosso interlocutor, 
o que se dá fora do texto. 
De acordo com Antunes (2017, p. 45): 
Para que um conjunto de palavras ou de frases seja um texto é necessária uma 
condição básica: que esse conjunto possa satisfazer as exigências de uma ‘ação 
de linguagem’, semântica, cognitiva e socialmente relevante; o que, mesmo intui-
tivamente, se percebe com certa facilidade. 
Isso significa dizer que produzimos textos a fim de que cumpram uma 
função “socialmente relevante”, isto é, um objetivo comunicativo. Uma placa 
de animais na estrada é colocada em uma rodovia para alertar motoristas; um 
verbete de dicionário ou enciclopédico para informar; um poema para entreter 
e fazer pensar. Sendo assim, para cumprir o seu papel dentro da sociedade, 
o texto produzido pelo locutor precisa ser decodificado e compreendido pelo 
seu interlocutor ou receptor, pois, caso contrário, não haverá comunicação. 
Texto é todo o enunciado que transmite uma mensagem, com ex-
presso objetivo comunicativo e função social facilmente reconhecida 
pelos sujeitos atuantes no processo de comunicação (ANTUNES, 2017).
Para saber mais sobre o conceito de texto, veja o verbete homólogo 
no Glossário Ceale, da Universidade Federal de Minas Gerais, fazendo 
uma busca pela internet.
O texto como processo de construção 7
Da produção de sentidos ou da coerência
Como vimos em nossa introdução, não é suficiente que o texto seja escrito 
obedecendo à norma padrão da língua e que apresente exemplar coesão 
sequencial e referencial; é preciso, sobretudo, que o texto faça sentido, que 
tenha coerência. Afinal, todo texto expressa um ato comunicativo. Produzimos 
textos para comunicar algo a alguém. Mesmos textos de natureza artística, 
como os literários, transmitem uma ou várias mensagens aos seus leitores. 
Sendo assim, se os enunciados que eu produzir não forem coerentes, isto é, 
não produzirem quaisquer sentidos, não haverá comunicação e, portanto, 
não haverá texto. Mas o que é a coerência? 
Coerente é aquilo que apresenta sentido lógico. Quando nos referimos 
a textos, segundo Koch e Travaglia (1990, p. 21), mais do que um simples 
conceito, a coerência 
é o que faz com que o texto faça sentindo para os usuários, devendo, portanto, 
ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à integibilidade 
do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para 
calcular o sentido deste texto. Este sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois 
a coerência é global.
A coerência, portanto, não é uma mera propriedade do texto, mas o resul-
tado de uma boa construção que lhe permitirá veicular sentidos que serão 
interpretados pelos interlocutores/receptores. Sendo assim, a coerência 
“se estabelece em diversos níveis: sintático, semântico, temático, estilístico, 
ilocucional” (KOCH, 2009, p. 53) a fim de permitir o sentido global. 
Mesmo que seja possível falar em uma coerência semântica, uma coerência 
sintática, uma coerência pragmática, etc, como apontam alguns autores, Koch 
(2009) defende a existência de uma coerência local, que pode unir mais de um 
nível linguístico, e uma global. Enquanto a primeira envolverá tudo aquilo que 
diz respeito à construção da superfície textual, isto é, à semântica, à sintática, 
a temática, à estilística, ou seja, tudo aquilo que se localiza dentro do texto; 
a segunda extrapola os limites desse texto e do contexto, pois é entendida 
como aquela que permite a sequência dos atos de fala, que, como você viu, 
podem ser tanto orais como escritos. 
Imagine um diálogo em que alguém segurando uma jarra de cafeteira 
elétrica olha para o seu interlocutor e pergunta “Quer?” O contexto comu-
nicativo, ou seja, o locutor estar segurando uma jarra com café, permite ao 
interlocutor entender a pergunta e respondê-la. No entanto, apesar de ser 
O texto como processo de construção8
algo muito simples em situações comunicativas corriqueiras, quando no 
texto escrito, nem sempre será assim tão simples. Para compreendermos 
melhor a coerência pragmática no texto escrito, retomemos o exemplo 5 da 
seção anterior. 
Se o leitor não souber que o modernismo parodiou textos literários de 
escolas anteriores, especialmente as românticas, e que uma dessas obras foi 
justamente a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, parodiada não apenas por 
Paes, mas também por Oswald de Andrade e outros poetas, terá maior dificul-
dade de interpretar o poema do exemplo. Compreender que os advérbios “lá” 
e “cá” são recuperados da Canção do Exílio golçavina é essencial, assim como 
o substantivo “sabiá” é fundamental para compreender os demais versos da 
segunda estrofe que constituem uma síntese da história colonial brasileira. Se 
essa história também não for de conhecimento do leitor, este certamente terá 
dificuldade na inferência dos sentidos desses versos, que ainda recuperam 
outra situação: no terceiro verso da segunda estrofe, “maná...” alude à uma 
passagem bíblica do antigo testamento — mais precisamente ao alimento 
que Deus fez cair dos céus para alimentar os judeus enquanto estavam no 
deserto —, que, associada ao nosso processo colonizador, conduz o leitor a 
associar o “maná” às benesses vividas pelos senhores. 
Isso nos mostra que a coerência global aponta para fora do texto. Ela não 
se encontra na superfície textual, como, por exemplo, a coerências sintática 
que é local, mas é aquela que sempre solicita o contexto comunicativo e, por 
conseguinte, o conhecimento de mundo do leitor, seus horizontes de expecta-
tiva (JAUSS, 1994), porque extrapola o texto ao acionar outros textos, orais ou 
escritos, bemcomo outras situações comunicativas. Nesse sentido, os fatores 
de intertextualidade são essenciais para a formulação dos sentidos do texto. 
A coerência, portanto, longe de constituir mera qualidade ou propriedade do 
texto, é resultado de uma construção feita pelos interlocutores, numa situação de 
interação dada, pela atuação conjunta de uma série de fatores de ordem cognitiva, 
situacional, sociocultural e interacional (KOCH, 2009, p. 52).
Para saber mais sobre a importância da intertextualidade para a 
coerência do texto, leia o artigo “A intertextualidade como um critério 
de coerência/coesão”, de Garantizado Júnior e Cavalcante (2017). 
O texto como processo de construção 9
Entrementes, mesmo que a coerência não esteja exatamente dentro do 
texto, ela se constrói a partir da relação de seus elementos constitutivos, 
como os extratextuais. São os recursos coesivos, isto é, da estrutura textual, 
que podem ter um efeito diferenciado no texto literário. No caso do exemplo 
5, o título do poema, os advérbios lá e cá e o substantivo sabiá, por exemplo.
Com isso, a ausência de conectivos, como conjunções, pode ter objetivos 
estilísticos, isto é, artísticos, como ocorre no caso dos poemas considerados. 
No entanto, se essa ausência não for consciente, proposital, o texto, que 
carecerá de recursos coesivos, pode também ficar incoerente, à medida 
que surgirem diversos problemas, como repetição de termos, ambiguidade 
e circunlóquios que prejudicam a interpretação e a compreensão por parte 
do leitor.
Veja, portanto, a seguir, como a coesão textual contribui para a construção 
de um texto coerente. 
Para saber mais sobre coerência pragmática, busque pelo verbete 
homólogo no Glossário Ceale, da Universidade Federal de Minas 
Gerais.
Das tramas do texto ou da coesão textual
A coerência semântico-sintática é aquela que emerge da superfície textual e 
de suas tramas. Já teve a oportunidade de ver um tecido em um microscópio 
ou mesmo em uma lente de aumento? O que você viu? Fios que se entrelaçam 
formando uma trama. Ficam tão unidos que sequer percebemos a existência 
dos fios, apenas do tecido. Assim é o texto; quando bem construído, sequer 
nos damos conta das partes que o formam, apenas do todo, o que Koch e 
Travaglia (1990) chamaram de coerência global. A comunicação de um texto 
bem construído flui sem ser necessário parar e pedir ao locutor que repita o 
que disse ou ficar indo e vindo na leitura do texto para tentar compreender 
uma oração ou parágrafo que parece não fazer sentido. 
Grosso modo, para que o meu texto apresente coerência textual, é preciso 
que os fios que o constituem estejam bem tramados, amarrados. Em outras 
O texto como processo de construção10
palavras, é preciso que haja coesão. Na física, coesão (2021, disponível on-line) 
é a “propriedade que define o grau de união das moléculas ou partículas”. 
Os termos que formam os nossos textos, isto é, os substantivos, adjetivos, 
advérbios, verbos, conjunções, etc., precisam estar bem unidos, a fim a formar 
um todo que faça sentido, o texto. 
Ao produzirmos texto, acionamos os elementos que a língua nos disponibi-
liza em seus eixos paradigmáticos e sintagmáticos, isto é, fazemos a escolha 
tanto dos vocábulos que usaremos (semântica) como das relações que se 
estabelecerão entre eles (sintática). É a partir de como essas escolhas são 
feitas que poderei, ou não, conferir coesão ao meu texto e, por conseguinte, 
coerência.
A coesão é um recurso linguístico que permite haver relação entre as 
partes de um texto e clareza na mensagem a ser transmitida ao interlocutor. 
Segundo Fávero (2007), a coesão poderá ser de três tipos: referencial, recor-
rencial e sequencial. 
Coesão referencial 
O que você entende pelos termos referente, referência, referencial? O que 
é o referente dentro uma oração, dentro de um texto? Quais os riscos de 
perdermos o referente dentro de um texto?
Veja o exemplo. 
Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis) é jornalista. 
Machado de Assis é contista. Machado de Assis é cronista. Machado 
de Assis é romancista. Machado de Assis é poeta. Machado de Assis é teatrólogo. 
Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839. Machado 
de Assis faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. Machado 
de Assis é o fundador da cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras. Machado 
de Assis é velho amigo e admirador de José de Alencar, que morrera cerca de 
vinte anos antes da fundação da ABL, era natural que Machado escolhesse o 
nome de José de Alencar para seu patrono. Por mais de dez anos a presidência 
da Academia foi de Machado de Assis, que passou a ser chamada também de 
Casa de Machado de Assis.
Fonte: Adaptado de Academia Brasileira de Letras (2010).
O texto como processo de construção 11
Referente seria, grosso modo, aquilo sobre o qual algo diz respeito. 
No mundo linguístico, ou seja, do texto, o referente é aquele sobre o qual fala 
o discurso. No caso do exemplo, Machado de Assis. Mas, conforme aponta 
Koch (1989, p. 31), “a noção do elemento de referência [...] é bastante ampla”, 
podendo representar desde um substantivo, como no exemplo, a uma oração 
ou período, como ocorre especialmente na referenciação interparágrafos. 
Sintaticamente, poderá surgir ora como sujeito, ora como objeto.
Voltando ao exemplo, observe que há um grave problema no texto, 
a reiteração do referente, o que que constitui um grave vício de linguagem. 
Para resolvê-lo, é preciso recorrer à coesão referencial, ao substituir o nome 
de Machado pelo pronome ele, por um epíteto, pela redução do nome, ou 
mesmo por omiti-lo (elipse). É o que chamamos de coesão referencial, que 
pode ocorrer tanto por substituição como por reiteração:
 � substituição (anafórica e catafórica) — uso de pronomes pronominais 
(do caso reto e oblíquos), de pronomes demonstrativos, proformas 
verbais, proformas adverbiais, proformas numerais;
 � reiteração — redução; sinonímia; hiponímia; hiperonímia; uso de 
epítetos.
Mas não seria justamente a reiteração do nome Machado de Assis o pro-
blema coesivo desse texto? Sim. No entanto, ao proceder-se a coesão refe-
rencial por reiteração, não se repete o nome, mas uma redução deste, um 
sinônimo, um epíteto. Veja como fica o mesmo texto após aplicarmos alguns 
procedimentos de coesão sequencial, a fim de eliminar a repetição.
Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis) é jornalista, 
contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo. Ele nasceu no 
Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839. Faleceu na mesma cidade, em 29 
de setembro de 1908. O Bruxo do Cosme Velho é o fundador da cadeira nº 23 
da Academia Brasileira de Letras. Como velho amigo e admirador de José de 
Alencar, que morrera cerca de vinte anos antes da fundação da ABL, era natural 
que Machado escolhesse o seu nome para seu patrono. Por mais de dez anos, 
a presidência da Academia foi sua, e, por isso, esta passou a ser chamada também 
de Casa de Machado de Assis.
Fonte: Adaptado de Academia Brasileira de Letras (2010). 
O texto como processo de construção12
Ao eliminar as repetições dos nomes “Machado de Assis”, “José de Alencar”, 
“Rio de Janeiro” e “Academia”, conseguimos um texto mais limpo e de mais 
fácil entendimento, resolvendo, inclusive, a ambiguidade da última oração. 
Sobre esse procedimento, Koch (1989, p. 31) afirma: 
O referente se constrói no desenrolar do texto, modificando-se a cada novo “nome” 
no desenrolar do texto, modificando-se a cada novo “nome” que se lhe dê ou 
a cada nova ocorrência do mesmo “nome”. Isto é, o (re)referente é algo que se 
constrói textualmente.
Daí temos de “Machado de Assis” a “ele”, a “Bruxo do Cosme Velho” a 
simplesmente “Machado”, assim como de “Rio de Janeiro” a “mesma cidade”. 
Observe, ainda, que a elipse, apesar de não ser propriamente um procedimento 
de coesão referencial, propicia um texto mais limpo ao coordenar informações 
sobre um referente que permanece próximo, como verifica-se na primeiraoração do texto corrigido, ao omitir-se a reiteração do nome “Machado de 
Assis”. Trata-se do que alguns preferem chamar de coesão por elipse. 
No entanto, nem sempre a elipse ocorre sozinha. Veja o caso da elipse que 
se propicia com a inserção da oração subordinada adjetiva explicativa “que 
morrera cerca de vinte anos antes da fundação da ABL”, que elimina a repetição 
do nome de José de Alencar, e cujo pronome relativo “que” funciona como um 
elemento que retoma por remissão ou referenciação o nome do autor romântico 
antes mencionado. Nesse caso, temos uma coesão referencial por substituição, 
em que o pronome “que” retoma por remissão o nome José de Alencar. 
Para saber mais sobre coesão referencial por substituição, faça uma 
busca pelo artigo “O texto em perspectiva sistêmico-funcional: uma 
análise de coesão referencial no ensino de língua portuguesa”, de Brito (2019).
Coesão recorrencial
A coesão recorrencial, como o próprio nome sugere, relaciona-se com a re-
corrência, isto é, com a repetição dos mesmos termos. Parece paradoxal dizer 
isso, após termos visto que a repetição é um vício de linguagem que costuma 
ser resolvido pelo uso dos procedimentos de coesão sequencial. Mas não se 
trata da repetição que vimos anteriormente, pois esse tipo de coesão está 
especialmente atrelado aos paralelismos sintáticos e semânticos do texto. 
Ou seja, mantém-se a estrutura, mudando-se os conteúdos.
O texto como processo de construção 13
Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis) é jornalista, 
contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo. Ele nasceu no 
Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839. Faleceu na mesma cidade, em 29 
de setembro de 1908. O Bruxo do Cosme Velho é o fundador da cadeira nº 23 
da Academia Brasileira de Letras. Como velho amigo e admirador de José de 
Alencar, que morrera cerca de vinte anos antes da fundação da ABL, era natural 
que Machado escolhesse o seu nome para seu patrono. Por mais de dez anos, 
a presidência da Academia foi sua, e, por isso, a Academia passou a ser chamada 
também de Casa de Machado de Assis.
Fonte: Adaptado de Academia Brasileira de Letras (2010). 
Como na primeira oração do exemplo usou-se o verbo ser no presente 
do indicativo, manteve-se esse mesmo tempo e modo na quarta oração. Não 
que haja erro neste caso, pois há ali o emprego do presente histórico, mas 
ao passar esses verbos para forma do pretérito perfeito do indicativo, “foi”, 
tornaria o texto mais “limpo” ao estabelecer um paralelismo sintático também 
com os verbos nascer e falecer da segunda e terceira orações. 
Coesão sequencial
O termo sequencial nos remete à sequência — e é exatamente isso. É a co-
esão sequencial que nos permite fazer o texto fluir, seguir adiante, ao unir 
sintagmas nominais, sintagmas verbais e parágrafos. Se deixamos esses 
termos soltos sem quaisquer ligações entre eles, poderemos incorrer em 
alguns vícios de linguagem e, com isso, prejudicar a coerência global do texto. 
Na introdução deste capítulo, comparamos as partes de um texto a tijolos 
que devem ser unidos com argamassa a fim de formar uma edificação sólida. 
Se você empilhar um tijolo em cima do outro, não terá uma parede e, quando 
chegar à determinada altura, essa pilha de tijolos cairá. Para termos uma 
parede precisamos de argamassa; para termos uma edificação precisamos, 
ainda, que as paredes sejam “amarradas” por colunas e vigas de concreto. 
No texto, os períodos simples funcionam como tijolos que se conectam uns 
com os outros por meio de termos — advérbios, conjunções, preposições, 
locuções — que funcionam como a argamassa. 
Veja o exemplo. 
O texto como processo de construção14
O combate ao verbalismo do barroco literário, já extenuado, conferiu 
à Arcádia Portuguesa um caráter polêmico de renovação, prol [sic] 
de uma literatura mais simples, mais natural, de acordo com os ideais do século 
XVIII. Como se sabe, este preconizava a busca do que chamava a natureza por 
meio da valorização dos sentimentos, da clareza nas ideias, da imitação estrita 
dos antigos escritores gregos e romanos. Por isso, há no arcadismo um desejo de 
simplicidade intelectual — baseada na influência do racionalismo filosófico — e, 
também, de simplicidade afetiva, devida ao reconhecimento da dignidade e beleza 
que pode haver na manifestação das emoções. Este último traço diferencia os 
árcades de seus antecessores cultistas e, sobretudo, dos clássicos franceses do 
século XVII (que tomaram em grande parte por modelo), pois tanto uns quanto 
outros procuravam dar à emoção um caráter mais abstrato e geral, além de atri-
buírem maior valor ao domínio sobre elas por meio da vontade. Embora também 
os árcades sigam essa orientação, como tendências de inspiração clássica, vão 
aos poucos caindo para um individualismo mais confidencial e sentimental, que 
acaba em manifestações nitidamente pré-românticas. Além disso, os renovadores 
operaram uma transformação dos temas ideológicos (CANDIDO; CASTELLO, 1997).
As palavras grifadas são chamadas de operadores discursivos, conectivos 
ou conectores. Trata-se da argamassa que liga uma oração a outra, fazendo 
com que mantenham uma relação ou sentido lógico entre elas. Muitas vezes, 
são esses conectivos que estabelecem as relações de subordinação das 
orações, e a escolha por um ou outro dependerá da carga semântica, isto 
é, do significado desses conectivos que se deseja imprimir ao período. Por 
exemplo, em "por isso", há uma relação de consequência; em "também", 
de adição; em "pois", de explicação, etc.
É fato que, ao escrever, o escritor não se preocupa com a classificação 
da oração; se ela se trata de uma oração adjetiva restritiva ou explicativa; 
de uma completiva nominal ou uma adverbial concessiva ou conformativa. 
No entanto, é essencial entender as relações de sentido estabelecidas pe-
los conectivos que introduzem essas orações, a fim de construir o sentido 
requerido do todo textual. 
Os conectivos e as relações de sentido 
Certas palavras ou expressões podem ser empregadas para estabelecer 
diferentes relações de sentido entre as orações e os parágrafos de um texto, 
favorecendo, assim, a sua progressão. As palavras ou expressões que de-
sempenham essa função podem ser chamadas de conectores ou operadores 
discursivos (KOCH, 1989). Independentemente das relações de coordenação e 
O texto como processo de construção 15
subordinação, observe que podemos agrupá-los de acordo com a relação de 
sentido que estabelecem, como você pode ver no Quadro 1, a seguir.
Quadro 1. Os conectivos e as relações de sentido
Relação de 
sentido Conectivo
Adição E, nem (= e não), não só... mas também, ainda, também, além 
de, além do mais
Oposição Mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto, 
embora, se bem que, apesar de, ainda que
Conclusão Logo, pois (colocada após o verbo), portanto, por isso, por 
conseguinte, então, assim
Alternância Ou ... ou, ora... ora, quer...quer, nem ... nem, seja ... seja
Explicação Como, uma vez que, porque, que, isto é, ou seja, quer dizer
Causa Pois (colocada antes do verbo), porque, que, visto que, uma 
vez que, já que, dado que
Condição Se, a menos que, desde que, contanto que, caso, salvo se, 
exceto se
Consequência (tão)... que, (tanto)... que, (tamanho)... que, de forma que, de 
modo que
Conformidade Como, conforme, segundo, consoante
Concessão Embora, mesmo que, ainda que, se bem que, conquanto
Proporção À proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais... 
tanto mais
Comparação (mais)... que, (menos)... que, (tão)... quanto, como
Tempo Ao, mal, quando, sempre que, assim que, desde que, logo 
que (tempo exato, pontual, simultâneo); enquanto (tempo 
progressivo, contínuo), apenas, antes que, depois que, todas 
as vezes que, cada vez que 
Finalidade A fim de que, para que
Continuidade E, ainda, assim, desse modo, além disso, ademais
Retificação ou 
esclarecimento
Aliás, assim, a saber, isto é, ou seja
Fonte: Adaptado de Koch (1989).
O texto como processo de construção16É importante observar que a escolha de um conectivo por outro de mesmo 
sentido pode resultar em sutis diferenças na produção dos significados de 
um texto. Dizer “quando chegou...” não é o mesmo que dizer “ao chegar...” 
e tampouco semelhante a “mal chegou...”. Assim como a escolha de um ad-
vérbio, em vez de outro; de um adjetivo; de um verbo e não outro implica a 
carga semântica que esses vocábulos carregam, mesmo quando se trata de 
sinônimos. Afinal, os advérbios de modo “evidentemente” e “obviamente” 
não são exatamente a mesma coisa! Apesar de sinônimos, a carga semântica 
de um difere da do outro. Enquanto o primeiro aponta para a existência de 
evidências, de elementos que corroborem uma dada situação; o segundo 
aponta para a facilidade de observação de uma determinada situação. 
Substantivos, verbos e adjetivos são vocábulos carregados de sig-
nificação, mas mesmo termos como as conjunções e as locuções 
conjuntivas, apesar de não apresentarem sentido isoladamente, quando ligando 
orações contribuem para a construção dos sentidos a serem construídos no texto.
Para saber mais sobre coesão sequencial, leia o artigo “A coesão 
sequencial em ‘Moça tecelã’: breve estudo”, de Santos (2012).
Como você pôde ver ao longo deste capítulo, texto é um enunciado de sen-
tido completo que comunica uma mensagem a alguém. Pode ser verbal ou não 
verbal; oral ou escrito. Você viu, também, que para que o locutor — que produz 
o texto — seja compreendido pelo seu interlocutor, é imprescindível que o seu 
texto seja coerente, quer no que diz respeito aos elementos que constituem 
o texto, quer em relação aos elementos que estão para fora dele. É certo que 
mesmo que um texto literário possa abrir mão de recursos coesivos como os 
listados, isto é, das conexões gramaticais entre os termos, não pode abrir mão 
da coerência, pois, seja qual for o gênero textual, textos são produzidos para 
comunicar uma mensagem, ou seja, para serem compreendidos e interpretados 
pelo leitor, receptor ou interlocutor. Assim, se a ausência de conectivos não tiver 
objetivos estilísticos, prejudica a coerência textual, por permitir que o texto 
incorra em vícios de linguagem como a repetição e a ambiguidade.
O texto como processo de construção 17
Referências 
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Brasileira de Letras, [2010]. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/
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KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2009. 
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JAUSS, H. R. A história da literatura como provocação à teoria literária. São Paulo: 
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https://www.aulete.com.br/lesão. Acesso em: 18 out. 2021.
MARCUSCHI, L. A. Linguística de texto: o que é e como se faz? Rio de Janeiro: Parábola, 
2012.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: 
Parábola, 2008. 
PAES, J. P. [Poemas]. In: ARRIGUCCI JR., D. (org.). Seleção. São Paulo: Global, 2003. 
Leituras recomendadas
ANTUNES, I. Lutar com as palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2006.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BRITO, J. N. O texto em perspectiva sistêmico-funcional: uma análise da coesão refe-
rencial no ensino de língua portuguesa. Mosaico, v. 18, n. 1, p. 480-501, 2018.
CHOMSKY, N. Sobre mentes e linguagem. ReVEL, v. 16, n. 31, p. 11–37, 2018.
FÁVERO, L. L.; KOCH, I. G. V. Linguística textual: introdução. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
GARANTIZADO JÚNIOR, J. O. S.; CAVALCANTE, M. M. A Intertextualidade como um critério 
de coerência/coesão. Línguas & Artes, v. 18, n. 41, p. 132–150, 2017.
KRISTEVA, J. História da Linguagem. Lisboa: Edições 70, 1969.
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SANTOS, P. S. A coesão sequencial em “a moça tecelã”: um breve estudo. Universitas 
Humanas, v. 9, n. 2, p. 1–12, 2012.
WACHOWICZ, T. C. Análise linguística nos gêneros textuais. São Paulo: InterSaberes, 2012.
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