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Curso de Comunicação e Escrita Científica Por: Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, Editor Executivo do Journal ACS Applied Materials & Interfaces, Professor do Instituto de Física da USP – São Carlos Perguntas & Respostas OBS.: Como muitas perguntas são similares e/ou abordam o mesmo tópico, algumas questões enviadas podem não constar na relação abaixo, mas certamente foram contempladas nas respostas às demais perguntas ou durante as aulas. Aula 01 01. Como melhorar as citações em um artigo? Suponho que a pergunta é a de como fazer com que um artigo seja mais citado, certo? Se é essa a pergunta, minha sugestão é enviar uma cópia do artigo para possíveis leitores e autores da mesma área. 02. A figura ilustrativa constitui um material obrigatório ou seria material suplementar? As revistas da ACS requerem uma figura ilustrativa, sendo portanto item obrigatório. 03. É importante que se use nas referências artigos dos últimos 10 anos ou 5 anos? Qual o melhor prazo? (Às vezes encontramos artigos em revistas melhores. Porém, eles são um tanto antigos.) É importante ter referências recentes, para comparar com as contribuições mais atuais na literatura. O período depende da área e tópico. Por exemplo, o uso de inteligência artificial em materiais é relativamente recente e um artigo submetido deve ter referências deste ano e do último. O período de 5 ou 10 anos seria muito longo para esse caso. Deve-se ressaltar, também, que as referências cruciais para o trabalho devem estar presentes, independentemente de quão antigas são. 04. Sobre preprints, como a revista/editor vê isso? Ainda considera o artigo como original? A maioria das revistas está aceitando submissões de artigos que foram colocados como preprints em algumas plataformas. No caso da ACS, aceitam-se submissões de artigos que já estejam no ChemRxiv (https://chemrxiv.org/). 05. Como escolher a minha audiência em termos de revista para publicação? A maneira mais direta se escolher a audiência é verificar quais revistas têm trabalhos mais similares aos seus. 06. Na introdução do meu trabalho, eu devo colocar apenas os artigos que concordam com meus resultados, ou devo também colocar os que dizem o contrário? Na Introdução é importante mencionar os resultados que discordam também. 07. Há alguma plataforma gratuita para realizar os desenhos do graphic abstract? Não tenho sugestão de plataforma para fazer o graphic abstract. Seria importante que grupos de pesquisa e instituições se organizassem para obter apoio, inclusive de artistas gráficos. 08. Sobre o gráfico ilustrativo, onde ele pode ser inserido no corpo do trabalho? O gráfico ilustrativo (table of contents graphic, TOC) não vai no corpo do artigo. É colocado em separado ao fim do manuscrito ou mesmo em arquivo independente. 09. Como saber se, de fato, preciso ser sucinto na carta ao editor. Na intenção de convencê-lo da qualidade do meu trabalho eu não deveria ser mais extenso? É importante convencer o(a) editor(a) da qualidade do trabalho com afirmações diretas, exemplos ou comparações ilustrativas. Isso pode ser feito de forma concisa. Se a carta for longa demais, o(a) editor(a) pode não ler cuidadosamente. 10. Quais são as principais considerações na hora de escolher a revista para publicação? Nos casos em que o trabalho é altamente inovador, com contribuições que vão além de uma determinada área, pode-se escolher uma revista de caráter abrangente. Ou seja, pode-se escolher revistas gerais que não são dedicadas a nenhuma área em particular, como o JACS (https://pubs.acs.org/journal/jaaucr). Nos demais casos, deve-se procurar revistas que publiquem artigos similares àquele que será submetido. 11. Quais critérios levar em consideração para escolher a melhor revista para a publicação, assim como em relação às figuras? Quais as principais dicas de plataformas para montagem de figuras? Quando o artigo é submetido, há um tempo mínimo/máximo para a etapa da revisão? Caso leve um tempo maior que três meses, por exemplo, o que é recomendado fazer? Os critérios para escolha da revista estão mencionados na resposta anterior. Sobre as figuras, não tenho sugestão de plataformas, mas incentivo aos autores buscarem softwares e maneiras de fazer figuras atraentes. O tempo de análise de um artigo varia de uma revista para outra. Nas revistas da ACS, se não houver resposta após 2 ou 3 meses, minha recomendação é que escrevam para o(a) editor(a) indagando sobre a situação do manuscrito. 12. Gostaria de receber dicas para as palavras-chave. As palavras-chaves podem ser escolhidas a partir da sentença que representa a principal contribuição do artigo. Deve-se tentar uma variedade nos termos escolhidos, para refletir a metodologia, o tópico principal e tipo de resultado discutido no artigo. 13. Quais cores são indicadas para os gráficos? O ACS Guide to Scholarly Communication (https://pubs.acs.org/doi/book/10.1021/acsguide) tem uma sessão específica dedicada a essa questão. 14. Existem revistas de assuntos amplos? Sim. Revistas como Science e Nature. No caso da ACS, a ACS Central Science (https://pubs.acs.org/journal/acscii), a ACS Omega (https://pubs.acs.org/journal/acsodf) e o JACS (https://pubs.acs.org/journal/jaaucr) são bons exemplos. 15. Quando se trata de revisão integrativa ou sistemática, isto deve constar no título? Como é importante informar o leitor sobre o conteúdo, o tipo de revisão deve constar no título. 16. Pode-se usar figuras/arte para ilustrar um procedimentos ou técnica que foi usado? Sim, com a observação de que se deve mencionar quando é ilustração. 17. Em relação ao "TOC", ele é colocado em que parte do artigo? Na introdução, resultados...? O TOC é colocado ao final do manuscrito ou em arquivo separado. 18. É recomendável adicionar material suplementar? Quando o trabalho tem vários resultados subsidiários, é recomendável colocá-los como Material Suplementar. 19. Quais as dicas para se escrever um bom artigo de revisão sobre um tema específico? Minhas recomendações são: i) Fazer uma busca na literatura com apoio de ferramentas computacionais; ii) Estabelecer um esboço dos principais tópicos, com hierarquização desses tópicos; iii) Apresentar uma análise crítica da literatura, e não apenas uma descrição dos artigos escolhidos para a revisão. 20. Como construir títulos e conclusões fortes sem inflar o alcance dos resultados da pesquisa? O título deve refletir a sentença que traz a principal contribuição do artigo. Identificar essa contribuição é essencial para o trabalho científico para gerar conclusões fortes, sem inflar o alcance dos resultados. 21. O trabalho deve ser escrito na língua do país em que estou realizando a pesquisa ou devemos montar na nossa língua materna? Devido à predominância do inglês para o mundo acadêmico, minha sugestão é usar o inglês para os artigos. 22. Quais os benefícios de ter um artigo publicado? A publicação de artigos é o critério mais importante na avaliação de um trabalho acadêmico. 23. Todo artigo necessita obrigatoriamente da metodologia? Sim. Como o relato da pesquisa no artigo deve ser suficiente para que um leitor capacitado possa reproduzir o estudo e os resultados, é essencial incluir a metodologia. Esta pode estar em material suplementar, mas sempre precisa ser incluída. 24. Os gráficos ilustrativos podem ser feitos por outra pessoa, que não o autor? Sim. Desde que o autor dos gráficos dê seu consentimento, por uma questão dos direitos autorais. 25. Existe alguma referência de um checklist completo para fazer a revisão do artigo? Não tenho uma “checklist”. Entretanto, há um curso da ACS chamado Reviewer Lab (https://www.acsreviewerlab.org/) , com treinamento para revisão de artigos. 26. Alguma dica sobre a carta aos Reviewers no caso de Major/Minor Review? A carta deve ser encaminhada ao (à) editor(a) mencionandoas alterações feitas, seguida de uma resposta às perguntas e críticas dos avaliadores, ponto por ponto. É importante responder de maneira direta cada pergunta ou crítica. 27. Qual a opinião sobre a publicação de trabalhos com as mesmas conclusões, ou conclusões similares, previamente publicadas em outros artigos: a) Usando a mesma metodologia. Aqui não existe novidade de conteúdo, mas pode comprovar as conclusões; Se as conclusões são as mesmas, a novidade do trabalho é pequeno e não se consegue geralmente publicar em revistas mais prestigiosas. b) Usando metodologias diferentes. Aqui a relevância é dada mais à metodologia? Sim. A ênfase tem que ser na metodologia, se esta for a novidade. 28. Muitos artigos apresentam o seguinte argumento para expressar a necessidade (novidade) de fazer uma pesquisa e publicar: "muito poucos trabalhos foram realizados nesse assunto...". Com isso, o autor quer justificar a necessidade da publicação e, muitas vezes, apresentar isso como sendo a novidade do trabalho. Sabemos que a replicação de conclusões são importantes para a ciência. Em função disso, gostaria de saber se há um número mínimo de trabalhos publicados com as mesmas conclusões para consolidar uma determinada conclusão? Não existe um número determinado de trabalhos para consolidar um resultado ou conclusão, pois depende do fenômeno ou objeto sob estudo. De qualquer forma, um novo trabalho tem que ter alguma inovação para justificar sua publicação. 29. Quando o revisor questiona a metodologia utilizada vale a pena investir na submissão, já que a metodologia é algo que não conseguimos mudar? Se você estiver seguro de que não há problemas na metodologia, pode insistir na submissão. Por exemplo, pedindo reconsideração no caso de rejeição do artigo. 30. Qual a relação entre o artigo científico enquanto gênero textual e a língua em que ele é escrito? Em escrita científica (ou seja, nas áreas de ciências exatas, engenharias, biologia, ciências da vida e saúde), excluindo-se as ciências sociais e humanidades, não se espera relação do conteúdo do artigo com a língua em que é escrito. 31. Qual seria a melhor estratégia: selecionar uma revista que publica muito sobre aquele tema, e seu artigo seria mais do mesmo, considerando, claro, que o artigo trará novas contribuições, ou selecionar uma revista que pode apresentar algo novo para seu público leitor, algo um pouco diferente? Acho que depende muito de cada situação em particular. Por um lado, há que se julgar se um novo artigo se sobressairá numa revista que publica e que já têm artigos relacionados; por outro lado, há que se avaliar se o artigo conseguirá chamar atenção numa revista cujo público alvo esteja menos acostumado ao tópico do artigo. A resposta pode variar de caso a caso. 32. Incluir ou não material suplementar tem implicações na aceitação do artigo? Não. 33. Nesse momento de pandemia da COVID muitos artigos estão sendo escritos. Como fazer o nosso artigo ter um deferencial para ser publicado? Com a pandemia não parece ter havido aumento do número de submissões. As recomendações para que um artigo se sobressaia são as mesmas. Buscar fazer um trabalho de qualidade, em que o artigo seja suficientemente bem escrito e preparado para ressaltar essa qualidade. 34. Quantos autores pode ter um artigo? É comum vermos artigos com mais de 10 autores. Isso pode afetar a credibilidade do artigo? Depende do tipo de trabalho. Não há limitações. 35. Se meu artigo foi aceito numa revista em um ano específico sobre um produto X, no ano seguinte eu possa indicar que sob certas condições esse mesmo produto não é tão "bom" quanto falei no ano anterior? A revista aceitaria? É possível fazer duas coisas a esse respeito: i) Escrever novo artigo com novas idéias e resultados, o que alterará as conclusões que foram feitas no artigo anterior; ii) Escrever uma Errata ou Corrigendum se for apenas para alterar algum resultado ou avaliação do artigo anterior. 36. Quantas páginas, no máximo, deve conter uma cover letter? Na minha opinião, não mais que uma página ou uma página e meia. 37. Existem diferenças particulares entre artigos submetidos a revistas e artigos de congressos? Depende da área. Em algumas, como computação, os artigos submetidos a alguns congressos são como os de revista. Em outras áreas, como a física e a química, já não há tradição de artigos completos em anais de congressos. 38. Pensando em estudo empírico, quando é necessário colocar o público-alvo no título? O título deve conter a principal contribuição do artigo e ter a terminologia adequada para o público-alvo. Ou seja, o público-alvo deve facilmente reconhecer a contribuição e conteúdo do artigo a partir do título. 39. O que são templates? Os “templates” são fornecidas por algumas revistas como guia do que se espera num artigo científico. São excelentes para verificar se o artigo tem o conteúdo adequado. 40. Existem revistas com foco ou que aceitam trabalhos da Educação em Química na ACS? Sim, a revista Journal of Chemical Education - https://pubs.acs.org/journal/jceda8. 41. Em algumas revistas os artigos não apresentam o capítulo “Considerações Finais”, mas em outras, sim. Qual seria o indicado? Há variação entre revistas e mesmo entre estilos de autores. Quando os autores julgam que não precisam repetir os principais resultados e sua interpretação, podem optar por escrever “Final Remarks” ao invés de uma Conclusão. Nesses “Final Remarks” esperam-se menções a implicações e limitações do estudo. 42. Quais as dicas para a sistematição de artigos na áreas de Humanidades? Para as Humanidades, minha recomendação é buscar uma sistematização dos artigos e revistas do tópico (ou área) de interesse, assim como já foi feito para as outras áreas por especialistas em escrita científica. 43. Existe algum preconceito em relação às revistas citadas nas referências? Por exemplo, eu submeto um artigo para alguma revista da ACS, mas a maioria dos artigos que eu citei é de outra editora. Isso influencia de alguma forma? Não deveria haver preconceito. Entretanto, espera-se que as revistas que são citadas nas referências sejam de áreas correlatas à revista que está avaliando o artigo para publicação. 44. A revista informa qual é sua audiência? No site da revista existe esta informação? Cada revista divulga seu escopo e o que se espera dos artigos nela publicados. Isso traz uma informação indireta da audiência. 45. Caso eu queira publicar um artigo e ser o único autor, sem, por exemplo, um professor orientador, há menos chances de ser aceito? Os editores levam isso em consideração? A princípio editores e avaliadores não deveriam considerar. Entretanto, em algumas áreas essa é uma situação atípica. É difícil encontrar um artigo escrito por estudante sem participação de um autor mais sênior. 46. Qual a opinião em relação ao título em forma de pergunta? O título pode vir em forma de pergunta, mas há que se julgar se a pergunta é suficientemente importante para fazer parte do título. 47. No caso de uma revista com uma boa audiência para um assunto, mas ainda sem avaliação de impacto, será que posso considerá-la mesmo assim? Publicar numa revista sem fator de impacto é como um investimento. Se você tem a expectativa de que a revista será de qualidade, será bom investimento. 48. Vale a pena investir em uma figura final compilando os resultados de forma artística (para aquelas revistas onde o TOC não é uma opção)? Sim. Vale a pena caprichar nas figuras. 49. Muitos artigos são frutos (recortes) de teses e dissertações. Nesse sentido, boa parte das revistas alegam que o trabalho tem muito em comum com a pesquisa que já foi publicada. Qual seria a dica para escrevermos um artigo de forma que não seja rejeitado por conta de "não" originalidade? A originalidade é essencial para um artigo científico, e o grau de novidade deveser alto para uma revista prestigiosa. Se o que se recorta de teses e dissertações tem muito em comum com a literatura, uma possibilidade que vejo de inovar é tentar extrair novas ideias e conceitos a partir dos resultados, principalmente com generalização ou racionalização do que já se sabe naquele tópico. 50. Pensando nas áreas de humanas, é possível usar o TOC também? Não sei se revistas de humanidades e ciências sociais utilizam TOCs, mas acho que é possível fazer TOCs criativas. Podem ser fluxogramas ou ilustrações artísticas de ideias contidas no artigo. É sempre possível criar arte em qualquer tópico. 51. Um aluno de graduação que está iniciando um projeto em determinado tema poderia escrever um artigo de revisão sobre este mesmo tema ou nao seria recomendado, pela falta de autoridade no assunto? Um artigo de revisão para uma revista prestigiosa sempre requer uma certa autoridade dos autores. Embora um aluno de graduação não preencha esse requisito, seu(sua) orientador(a) pode preencher e auxiliar na confecção do artigo. 52. Como lidar com trabalhos com pouco aprofundamento na literatura? Essa situação pode implicar na rejeição potencial do artigo? O nível de profundidade do estudo da literatura pode ser variável independentemente do tópico. Se há aparentemente poucos trabalhos para discutir é porque os autores do estudo estão considerando apenas um tópico muito específico. É sempre possível alargar o estudo, considerando áreas correlacionadas ao tópico em questão. Embora uma análise muito reduzida da literatura possa não acarretar em rejeição, uma visão mais abrangente da literatura ajuda na aceitação do artigo. 53. É comum encontrar dificuldades para discutir o artigo? Como melhorar isso? É muito comum, porque a discussão é uma das partes mais difíceis. Minha dica para lidar com essa dificuldade é ser sistemático na análise com duas ações: i) Analise cada resultado apresentado e compare com o que se sabe da literatura. Essa análise e comparação pode ser uma simples lista de observações para dar início à discussão; ii) Use um molde (vou apresentar exemplo na terceira aula) de como uma discussão é feita e tente preencher as lacunas do molde. 54. Devemos evitar a publicação de resultados negativos? Não se deve evitar publicar resultados negativos. Entretanto, há que se reconhecer que é mais difícil publicá-los. 55. Posso usar a primeira pessoa na escrita de um artigo? Sim. Pode-se hoje empregar a primeira pessoal do plural ou do singular. 56. Para quem está começando a escrever o primeiro artigo experimental, por onde começar a escrita e quais etapas podem ser feitas por último: Abstract, Intro, Material e Methods, Results, Discussion/Conclusion? Para quem está iniciando, minha recomendação é escrever o artigo na seguinte ordem: i) Metodologia; ii) Resultados e Discussão - com as dicas dadas acima, analise primeiro cada resultado apresentado e compare com o que se sabe da literatura. Essa análise e comparação pode ser uma simples lista de observações para dar início à discussão. Depois, use um molde (vou apresentar exemplo na terceira aula) de como uma discussão é feita, e tente preencher as lacunas do molde); iii) Introdução; iv) Conclusões e Resumo. 57. O que é mais recomendado: você mesmo traduzir o artigo e pedir revisão do nativo ou enviar para uma tradução direta? Se não for possível escrever o artigo diretamente em inglês, o mais eficaz é pedir a tradução do original em português. 58. O currículo do pesquisador é considerado na escolha de publicações? Serve como "filtro"? A princípio a identidade dos autores (ou suas instituições) não deve afetar a avaliação do artigo, e essa é uma recomendação nas revistas da ACS. Na prática, muitas vezes é difícil evitar o viés (positivo) para autores famosos, até porque provavelmente há uma correlação positiva entre a fama dos autores e a qualidade de seu trabalho. 59. O que é exatamente o "Manuscript" do artigo? O termo “Manuscript” é usado para o artigo submetido ou em processamento. 60. Existem ferramentas de verificação de autenticidade disponíveis à comunidade? Se sim, quais recomendaria? Há ferramentas que verificam a similaridade de um documento com a literatura. Algumas universidades brasileiras têm acordos para usar esse tipo de ferramenta. 61. Qual a política da ACS em relação aos Preprints? A ACS aceita artigos colocados em repositório como o ChemRxiv - https://chemrxiv.org/. 62. O que acontece quando uma revista recebe dois artigos com temas parecidos de dois grupos diferentes? A tendência é que os dois artigos sejam designados a um mesmo editor, que poderá verificar se a publicação de um artigo não invalida o outro. Provavelmente, os artigos serão enviados para os mesmos referees para comparação. 63. Em uma revisão, ao falar, por exemplo, sobre proteínas relacionadas com uma determinada doença, seria importante abordar também o papel fisiológico de tais proteínas? Depende do público-alvo do artigo de revisão. Se for um trabalho sobre biossensores, por exemplo, em que serão usadas proteínas na camada ativa ou forem detectadas as proteínas, os leitores provavelmente não estarão familiarizados com o papel fisiológico. Então, vale a pena incluir comentários. 64. Qual o limite de rejeição em revistas internacionais? Não há limite de rejeição, e sua taxa varia muito de uma revista para outra. 65. A divulgação prévia do artigo (como nas redes sociais, nos repositórios de preprints etc.) afeta a aceitação do artigo pelos revisores? Depende da revista. Algumas, como as da ACS, permitem que os autores coloquem os artigos em repositórios como o ChemRxiv. Outras revistas não permitem nenhuma divulgação prévia. Aula 02 01. Quanto ao nível de similaridade, qual a tolerância para um artigo de revisão ou qualquer outro artigo? Um artigo de revisão também não pode ter muita similaridade com itens da literatura e, portanto, a tolerância é a mesma. 02. Os valores das publicações em revistas internacionais giram em torno de quanto? A publicação em formato tradicional não custo algum. Os preços para publicação em Open Access podem variar muito. Nas revistas mais conceituadas, o valor pode ser de US$ 2.000 a US$ 5.000. 03. Poderiam indicar listagem de endereços com acesso a materiais complementares para o assunto em pauta? Minha sugestão é o Portal da Escrita da USP (http://www.escritacientifica.sc.usp.br/). 04. Os resultados colocados no abstract devem ser inseridos de forma quantitativa (valores) ou apenas de forma qualitativa (mencionar se houve melhora ou piora, por exemplo)? Podem ser colocados de forma quantitativa, preferencialmente. Tomar cuidado de só incluir valores de resultados essenciais, para não “poluir” o Resumo com números. 05. Um ‘gap’ bem definido teria 2 elementos: i) A especificação da lacuna (qual é); ii) Demonstrar porque é importante preencher esse gap. Essa colocação procede? Concordo. Muitas vezes a demonstração da importância de preencher o gap vem no propósito do Resumo. 06. É possível uma mesma pesquisa ser classificada como quantitativa e qualitativa? Sim. Uma pesquisa pode ter esses dois aspectos. 07. Seria correto/adequado colocar as técnicas e metologias em um só lugar no artigo? Sim. As técnicas e metodologias só devem ser separadas em subseções se forem descrições longas. 08. Pode haver uma sentença falando da aplicação do trabalho no Abstract? Sim. Pode ser a sentença de fechamento (conclusão) do Abstract. 09. Como distinguir de maneira clara os resultados e a discussão, para não deixar o leitor com dúvidas? Uma maneira de distinguir resultados e discussão é empregar afirmações que são inequívocas. Para os resultados, pode-se dizer “A figura X mostra ....” ou “Os resultados da Tabela X indicam....”. Para a discussão, usar expressões que indicam interpretação. Por exemplo, “Esse fenômeno pode ser explicado por...”ou “De acordo com a literatura, o aumento de X é devido a Y...” 10. Um artigo negado pode ser reenviado para a mesma revista depois de reescrito (com mudanças no título, introdução e discussão dos resultados)? A maioria das revistas aceita que um autor peça reconsideração de uma decisão de rejeição e o artigo pode ser ressubmetido. 11. Poderia utilizar o modelo de montagem da introdução para um resumo expandido? Essa é uma ótima ideia, pois um resumo expandido deve conter uma contextualização mais longa. 12. Como escolher para qual revista mandar meu manuscrito e onde encontrar as opções de revista? Posso mandar o mesmo artigo para mais de uma? Como proceder? Uma boa dica para escolher a revista é verificar quais são as mais frequentes nas referências do artigo a ser submetido. Provavelmente nessas revistas está o público-alvo. Para encontrar as melhores opções, há que se conhecer a literatura da área do artigo a ser submetido. Desse conhecimento deve ser possível identificar as revistas mais prestigiosas. Um artigo só pode ser submetido a uma única revista. Se não for aceito, pode ser submetido a outra. Mas em cada ponto no tempo o artigo só pode estar submetido a uma revista. 13. Pode-se colocar figura no resumo? Para revistas como ACS, o resumo só pode ser informativo? Não se colocam figuras no resumo. Nas revistas da ACS, o resumo sempre tem que ser informativo, com exceção dos artigos de revisão (reviews). 14. Qual a importância de contextualizar na introdução as histórias sobre a descoberta em questão e a técnica utilizada? E o que é melhor: trazer uma revisão sobre o que já se tem recentemente sobre o assunto ou relembrar a descoberta? Ou ambos? A decisão do que incluir na introdução depende do artigo em questão. Uma revisão de trabalhos recente é obrigatória, ao passo que incluir detalhes de história nem sempre é necessário. Depende também do público-alvo. Se a história do tópico é conhecida pelos leitores da revista, não é necessário recontá-la. 15. Para ensinar o uso da escrita científica e acadêmica na graduação, é melhor oferecer essa abordagem desde o início do curso, ou melhor seria “ir fazendo” através de um projeto de iniciação cientifica? Como ensinar abordagens atuais, sem peso dos mitos e abordagens antigas? O ideal seria ter um curso de escrita logo no começo da graduação. Para ensinar abordagens atuais, é necessário recorrer à literatura recente na área. 16. Se os dados estatísticos não tem diferença significativa, podem ser rejeitados pelas revistas? Sobre o material complementar, todas as revistas cobram isso? Posso enviar o resumo para um congresso e o artigo para outra revista sem perder a ineditismo? Se os dados estatísticos não têm diferença significativa é uma indicação de que dois fenômenos ou objetos não são distinguíveis. Este resultado pode ser muito importante e, portanto, passível de publicação. Se a não distinção não tiver relevância, então não se pode publicar. Nem todas as revistas incluem material complementar, e ele nunca é obrigatório. Um resumo em um congresso não tira o ineditismo do trabalho e, assim, pode-se publicar o artigo correspondente. Há que se tomar cuidado, de qualquer forma, em não ter resumos idênticos no congresso e no artigo. 17. É aceita a escrita em primeira pessoa nos artigos científicos? Atualmente é aceito usar a primeira pessoa e, em alguns casos, é até recomendado. Por exemplo, quando os autores estão emitindo opinião e descrevendo resultados. 18. Graduandos já podem começar a estudar e, principalmente, trabalhar como editores(as)? É difícil imaginar que estudantes possam atuar como editores de revistas, mas certamente já devem começar a estudar escrita científica e como fazer revisão e avaliação de artigos. 19. Vale a pena publicar em boletins ou revistas de Qualis mais baixas? É sempre recomendável publicar em revistas prestigiosas, que normalmente têm classificações altas no Qualis. Entretanto, pode-se publicar em revistas novas, promissoras, que ainda não têm essa classificação. 20. Se não entendemos o que o revisor pediu em uma correção, devemos responder que não ficou claro ou devemos tentar escrever de um jeito diferente aquele trecho? Como não há diálogo direto com o revisor, há que se interpretar o que ele (ou ela) disse. O melhor é verificar quais são as possibilidades e respondê-las todas, para que o comentário do revisor não fique sem resposta. 21. Quanto à identificação de plágio num trabalho científico, como saber se o que você fez é original, já que temos milhares de pesquisas sobre o mesmo tema? Hoje isso é feito através de ferramentas de software que verificam a coincidência de palavras do artigo submetido com outros documentos da literatura (ou Internet). Não há uma ferramenta eficaz para detectar plágio propriamente dito. 22. Em relação ao Graphical Abstract e ao Highlights, quais informações devemos focar? Resultados, processamento etc.? O Graphical Abstract é um item separado do artigo. Ele deve ser feito de maneira a expressar a principal contribuição do mesmo, podendo incluir figuras, gráficos, imagens. Recomenda-se que ele seja feito de forma artística, ou seja, que se empregue arte na elaboração. 23. Mesmo que o editor já tenha lido o resumo, colocar algumas coisas do resumo, não seria bom? Porque ele pode esquecer das ideias apresentadas, não? Pode-se incluir informação do resumo na carta, mas deve-se evitar o uso do mesmo texto (copia do resumo). 24. Como fazer um título impactante? É correto descrever o resultado da pesquisa nele? Sim. O título deve conter o resultado mais importante. 25. Sobre a elaboração da tese ou dissertação em formato de artigo, é recomendável? Só se recomenda fazer na forma de artigo se houver três ou mais contribuições que gerem artigos independentes. 26. Sobre o tempo de espera da resposta das revistas, as da enfermagem, por exemplo, levam meses ou até anos para responder se vão submeter aos revisores por pares. Isso é normal? O tempo de espera varia muito de uma revista para outra. Nas revistas da ACS, o tempo nunca é tão longo. 27. É correto ou não fazer a contextualização na introdução? Isso não seria “batido”…? Você deve incluir a contextualização na Introdução. Entretanto, não deve incluir informações que já são de amplo conhecimento dos leitores, que é o que você chama de “batido”. 28. Se eu tenho um trabalho escrito é seguro/necessário que eu o registre em cartório para resguardar minha produção científica? Não é necessário registrar em cartório um trabalho. Pode fazer submissão a uma revista, colocar em um repositório de artigos ou submeter uma patente. 29. É o autor quem escolhe se a discussão deve estar junto com os resultados ou é a revista? Em geral é o autor que escolhe. 30. No processo de submissão da ACS Nano, além de perguntar se o manuscrito já foi submetido, também é perguntado a qual revista foi feita a submissão anterior. Qual a necessidade de saber isso? Os editores da ACS Nano querem saber se o artigo já foi submetido a outra revista da ACS, por exemplo. 31. Se os resultados não dão suporte à hipótese ou rejeitam a mesma, o trabalho deixaria de ter uma contribuição? A hipótese deve ser repensada? O que fazer com todo o trabalho e energia investidos? Um trabalho que refuta uma hipótese pode ter grande valor. Minha recomendação é que você analise a contribuição do seu trabalho à luz da literatura. Pode ser que a contribuição de um resultado supostamente “negativo” seja considerável. 32. Em síntese, podemos dizer que os resultados são os dados, a discussão são as informações e as conclusões são as evidências? Grosso modo, a classificação está boa. 33. Qual o objetivo que devo ter em mente ao escrever a seção de revisão da literatura? Você precisa decidir qual é o objetivo de incluir a revisão. Se você acha que é importante contar a história de um tópico, ou o histórico decontribuições de autores, ou uma avaliação geral dos avanços e desafios relacionados ao tópico. Com essa decisão, você pode escolher os subcomponentes da introdução. 34. Como devemos incluir as informações sobre a metodologia, resultados e discussão na introdução? A introdução pode ter alguma informação sobre metodologia, se for importante já informar o leitor. Porém, não é item obrigatório. O mesmo se aplica a resultados e discussão. De qualquer forma, informações sobre esses itens têm que ser sucintas. 35. O material suplementar pode ter a discussão dos resultados? Ou só devemos colocar como material suplementar tabelas ou figuras quando se excede o número de paginas permitido pela revista? O Material Suplementar pode ter a descrição e discussão de resultados que não são essenciais para o artigo. Mesmo não sendo essenciais, esses resultados precisam ser discutidos. 36. Em relação aos dados negativos ou dados que vão “contra” a nossa hipótese, mas que acabam por confirmar se algo funciona ou não, o que fazer? Por exemplo, ao estudar se dez compostos funcionam contra um fungo Y e descobrir que apenas três realmente tiveram o efeito previsto, não deveríamos publicar na mesma revista esses dados para que a comunidade científica tenha conhecimento? No exemplo que você deu, todos os resultados têm que ser relatados, e não apenas os dos compostos que funcionaram. 37. Como a ACS trata dos casos envolvendo plágio e autoplágio, lembrando que autoplágio não é uma figura jurídica, mas ligada à ética em pesquisa científica”? O reuso de texto não é aceito, independentemente de ser autoplágio. 38. Há algumas revistas que solicitam informar o arcabouço teórico no resumo a partir da citação de alguns autores. É correto ou não trazer autores no resumo? Raramente são colocados nomes de autores no resumo. Mas isso poderá ocorrer quando o trabalho de um autor é essencial para o artigo que está sendo submetido. 39. Algumas revistas cobram uma taxa adicional de publicação por excesso de palavras (por exemplo, livre de taxas até 12 mil palavras). No entanto, a revista ressalta que essa taxa pode não ser cobrada a critério do editor da revista. Quais critérios são esses? Eu não saberia responder quais critérios os editores usam para cobrar ou não. 40. Posso usar o autor central da pesquisa como uma palavra-chave na string de busca para limitar a quantidade total de trabalhos filtrados? Eu não aconselharia, pois você pode perder trabalhos importantes na sua busca. 41. Posso usar exatamente as mesmas figuras que publiquei em um artigo no meu trabalho de tese? Sim. Mencionando a fonte. 42. Ao escrever um manuscrito de continuação de um trabalho publicado, se alterar levemente algumas figuras-chave posso reusá-las para completar o novo trabalho? Você só pode reusar figuras se houver permissão. Raramente isso é feito em revistas da ACS, porque se figuras estão sendo reusadas, provavelmente não há grande novidade no artigo e o mesmo não será adequado a uma revista da ACS. 43. Qual a recomendação em relação ao apud? Nas áreas de ciências exatas, da vida, e engenharias o “apud” é muito pouco usado. Hoje há acesso a quase toda literatura relevante, dispensando o uso do apud. 44. Na revisão sistemática da literatura podemos adicionar outras referências pertinentes ao tema (Ex.: autores clássicos e outros)? Será que isso tira o peso da RSL? E qual a diferença entre as considerações finais e conclusão em uma tese ou dissertação? Incluir referências que são importantes para o tópico (área), como as de autores clássicos, é sempre recomendado. Numa conclusão retomam-se os principais resultados da tese. 45. Sobre a carta ao Editor, o que é interessante apontar? Duas informações principais que precisam ser incluídas: a razão pela qual você acha que a revista é adequada para o seu trabalho, e quais são as principais contribuições do trabalho. 46. Em um artigo de revisão quantos artigos devem ser utilizados? Isso depende muito do tipo de artigo que se está fazendo. Certamente deve ser de muitas dezenas para valer a pena fazer a revisão. 47. Se não citar a estatística utilizada (Ex.: Tukey, com interação a 5% de significância) e delineamento no Abstract, estarei cometendo um erro? Depende do resultado que se quer passar. Se a relevância estatística pode ser questionada, então vale a pena incluir a estatística utilizada. 48. Qual o objetivo que devo ter em mente ao escrever a seção de revisão da literatura? O objetivo dependerá da mensagem global do seu artigo. Se você está apresentando uma inovação que resolve um problema da literatura, terá que esclarecer a situação da área no que tange o seu trabalho. Por outro lado, você pode querer contar um histórico da área para contextualizar sua contribuição. 49. Quais seriam os principais tópicos e características a serem abordadas em um artigo de revisão para que ele possa ser considerado um bom artigo? Os tópicos dependem do assunto que está sendo abordado no artigo de revisão. Já sobre as características, um bom artigo de revisão tem que conter uma análise crítica da área, comentando avanços, limitações e o que se espera no futuro. 50. Generalizar as conclusões também é sempre um problema. Poderia comentar sobre isso? Um bom exercício é se perguntar (e responder): Para que servem os resultados e ideias que estou mostrando no artigo? O que se pode fazer no futuro na área ou em outras, empregando os conhecimentos passados no artigo? O que meus resultados trazem de avanço para a área e mesmo outras áreas? 51. Nas conclusões podemos/devemos dizer se os objetivos do trabalho foram alcançados e o que ocorreu para que estes resultados fossem observados? Correto. Retomam-se os objetivos, comentando se e como foram obtidos. 52. Algumas revistas separam os resultados da discussão. Nesse caso, os resultados seriam descritivos e na discussão eu poderia retomar valores, remeter as figuras que foram descritas para discutir meus resultados, ou ficaria repetitivo? Correto. E de fato pode ficar repetitivo, razão pela qual a maioria dos autores (e revistas) agora adotam uma seção única para resultados e discussão. 53. Quais as principais dicas para um trabalho de conclusão de curso? A estruturação de um artigo pode ser estendida para um trabalho de conclusão de curso (TCC). O resumo, por exemplo, tem as mesmas características. A Introdução será obviamente mais longa no TCC, mas deve obedecer ao movimento do geral para o específico. A apresentação dos resultados será mais detalhada, provavelmente em mais de um capítulo, mas as recomendações sobre como fazer uma seção de resultados e discussão permanecem as mesmas do que para um artigo. 54. É fato que a diversidade linguística ajuda a expressar a mesma coisa de maneira diferentes ao longo do paper. Quais leituras um autor deve ter para obter essa diversidade, além dos papers da própria área? Artigos de revistas de outras áreas, artigos de revistas abrangentes (como Journal of the American Chemical Society, Nature, Science) e livros/obras em geral. 55. Qual a opinião sobre "Salami Science" e "Your Paper, Your Work", que algumas revistas tem utilizado? Deve-se evitar a chamada “Salami Science”, porque ao se fatiar as contribuições em vários artigos, perde- se densidade. Ou seja, a contribuição de cada artigo fica diluído e a chance de ter impacto diminui. 56. Num artigo devemos citar as limitações do mesmo? Isso é relevante para o editor do periódico? As limitações trazem informação relevante para o leitor, e devem ser incluídas. 57. Na introdução, qual a importância dos trabalhos "seminais"? Devem aparecer ou preciso me preocupar mais com trabalhos atuais? Os trabalhos seminais são sempre relevantes para uma pesquisa. A descrição e discussão deles num artigo, entretanto, pode não ser necessária, dependendo do público-alvo. 58. Sobre o tópico “Discussão”, geralmente as revistas nãodesejam mais artigos antigos, com mais de dez anos, por exemplo, e também limitam o número de referências. Alguma orientação nesse sentido? Para fazer uma boa discussão, vale a pena verificar quais são os componentes e subcomponentes (como no software Scipo-Farmácia), e verificar se estão incluídos na sua discussão. Se houver restrição ao número de referências, escolha só as mais relevantes. 59. Nas conclusões, no parágrafo de "contibuição para o campo de estudo", posso falar também sobre quais perguntas o meu trabalho não respondeu e poderiam ser investigadas em trabalhos futuros? Sim. 60. Um artigo descritivo tem menos mérito do que aquele que se propõe a realizar prognósticos e construir soluções para os problemas da pesquisa? Depende muito do caráter da descrição. Se a descrição for pioneira e muito relevante para um tópico ou área, o artigo pode ter muito valor. 61. Na metodologia, é importante dar um panorama geral logo no primeiro parágrafo, como amostra, gênero etc.? Em geral não se coloca um panorama geral, e já se faz a descrição. 62. Em um artigo científico é interessante haver uma seção de revisão bibliográfica para servir também como suporte a discussões dos resultados obtidos? Na maioria das áreas de química e física não se tem uma seção separada para a revisão. Por outro lado, isso é comum em revistas de ciência da computação. Depende, então, da área. 63. Quais as principais dicas para construir o título do artigo? Existem restrições em termos de número de palavras, uso de adjetivos ou advérbios ou questões extremamente especificas? É recomendável fazer isso ao início ou ao final do processo de escrita? O título não pode ser longo demais, porque se torna difícil compreendê-lo; não pode ser curto demais, pois corre-se o risco de não mencionar a principal contribuição do trabalho. Deve-se evitar o uso de adjetivos e advérbios ou incluir detalhes. O melhor é escolher o título ao final do processo de escrita, embora uma ideia sobre o título deva estar presente desde o início. 64. Sobre citações, existe um número de citações diretas ou indiretas que devo usar? Não existe um critério único para escolher citações. Devem ser as mais relevantes para o artigo que está sendo escrito. 65. Alguns editores pedem que sejam destacadas as limitações do estudo. Como essa informação deve ser colocada para não desmerecer o trabalho? As limitações podem ser escritas no contexto das contribuições do trabalho. Ou seja, você pode exaltar as contribuições, mas mencionar que há limitações. 66. Existe um limite de autores para o referencial teórico em um artigo? Existem alguns orientadores que dizem que o ideal são 25 autores ou mais. Essa informação procede? Não há um limite para o número de autores de um referencial teórico. Ou, se houver, deve ser específico de uma área. 67. Há um número ideal para referências no artigo? Não. Depende do artigo. 68. Preciso descrever as metodologias no resumo ou apenas citá-las? As metodologias só devem ser descritas no Resumo se apresentarem inovações. Caso contrário, basta citar ou mesmo dar os resultados a elas relacionados. 69. Vale a pena publicar um protocolo de revisão sistemática (Por exemplo, registrado na Próspero)? Se o protocolo for inovador, com potencial de ser útil para os leitores da revista, então vale a pena. 70. Atualmente, são vários os artigos científicos publicados somente com discussão de resultados (resultados incorporados). Qual a opinião sobre isso? Se entendi bem, você pergunta sobre colocar resultados e discussão numa única seção. Se é esta a pergunta, então a resposta é sim. 71. Se na parte experimental eu utilizar mais de uma seção, na parte dos resultados e discussões é interessante apresentar tudo junto ou por seção? Não necessariamente. Depende dos resultados considerados essenciais que serão colocados no corpo do artigo. Pode ser que resultados referentes a alguma subseção da metodologia sejam colocados como Material Suplementar. 72. Poderia falar um pouco mais sobre a metodologia na área de humanas, já que é bem diferente da metodologia nas áreas de exatas e biológicas. Não tenho experiência com os textos na área de humanas. Minha sugestão é você fazer uma análise de corpus para saber como os autores consagrados descrevem a metodologia. 73. Quais as principais recomendações sobre os títulos de tabelas e figuras? Posso utilizar as legendas para descrever os resultados relacionados? A descrição dos resultados de tabelas e figuras na legenda é uma boa prática. Por outro lado, a legenda não pode ficar grande demais. 74. Sobre a Conclusão, é recomendável que seja apresentada em parágrafo único? Isso depende da extensão do artigo e da quantidade de resultados apresentados. Se houver resultados de mais de um tipo, é provável que a Conclusão tenha mais que um parágrafo. 75. Sobre a seção de Fundamentação Teórica, o que deve ser apresentado? Numa Seção de Fundamentação Teórica você deve descrever os principais conceitos e teorias utilizadas na análise dos resultados. 76. A realização de “Revisão Sistemática” potencializa a chance de aceitação para publicação? Em princípio ajuda, porque mostra ao editor e revisores que foi feita uma análise cuidadosa da literatura. 77. Como proceder na discussão quando há pouco material disponível na literatura sobre o tema? Por exemplo, quando você está abordando um antimicrobiano nunca antes utilizado para aquele propósito. Sempre é possível encontrar literatura em temas correlatos. Ainda que um antimicrobiano nunca tenha sido utilizado (o que é bom para o seu trabalho, pois traz inovação), há muitos antimicrobianos empregados para aplicações semelhantes. Então, a literatura deve ser vasta. 78. O que seria mais fácil para publicar: revisão sistematica ou revisão de literatura? Qual seria a mais aceita? Uma revisão da literatura pode também ser uma revisão sistemática. A aceitação de um artigo de revisão depende da qualidade do trabalho que foi feito. Minhas recomendações são: i) Fazer uma busca na literatura com apoio de ferramentas computacionais; ii) Estabelecer um esboço dos principais tópicos, com hierarquização desses tópicos; iii) Apresentar uma análise crítica da literatura, e não apenas uma descrição dos artigos escolhidos para a revisão. 79. Por quanto tempo esperar pela resposta de uma revista? Isso varia muito de uma revista para outra. Na ACS, isso geralmente não passa de 2 ou 3 meses. 80. Como é vista a nova revisão do Qualis? Parece que será extinto e será levado em consideração o fator de impacto. Isso não prejudica de alguma maneira as ciências humanas? Não vi em detalhes o novo Qualis. O uso do fator de impacto é uma boa medida para algumas áreas, por empregar uma métrica aceita internacionalmente (apesar de seus defeitos). Para as ciências humanas, o fator de impacto não me parece tão útil. Não sei se haverá prejuízo para as ciências humanas porque a classificação das revistas depende da área. 81. Quais as diferenças entre Academic e Scientific Writing? O termo “Scientific Writing” é mais empregado para áreas em que os artigos são padronizados, como mencionei nas aulas. Essas áreas não incluem as humanidades e ciências sociais. Já o termo “Academic Writing” é aplicado a todas as áreas. Por isso é importante fazer a distinção. 82. Posso submeter um artigo que foi apresentado em um Congresso? Depende da política editorial da revista. Normalmente isso só é possível se houver uma expansão considerável do artigo apresentado no congresso. 83. Na discussão dos resultados de um artigo, geralmente vemos alguns autores descrevendo fenômenos associados aos seus resultados e, em seguida, estes citam uma determinada referência que foi usada para embasar a discussão. Qual a maneira correta de citar um artigo nesta situação, no sentido de se evitar uma confusão na interpretação dos resultados? Na discussão do resultado deve-se deixar claroque a interpretação é baseada no artigo da literatura, e portanto, não deve haver confusão para o leitor. 84. Como funciona a questão da citação de artigos em um artigo de revisão, para que ele não seja considerado plágio? Mesmo num artigo de revisão, não se pode copiar trechos de outros artigos (ainda que sejam dos mesmos autores). 85. Há alguma limitação em relação ao número de figuras principais e suplementares dentro do artigo? Algumas revistas impõem limite de figuras, e então você precisa verificar nas Instruções para os Autores. 86. Principalmente em Journals da ACS, a realização da “Revisão Sistemática” deve ser mencionada no texto do artigo? Espera-se que para cada artigo tenha sido feita uma revisão sistemática, de maneira que não é preciso citar. Entretanto, se houve um trabalho adicional com ferramentas para busca e análise da literatura, então vale a pena mencionar. 87. Quais profissionais/empresas fazem boas revisões da qualidade do inglês do artigo? É frequente receber críticas sobre a qualidade do inglês do artigo que submetemos para revistas do exterior. Não tenho indicações, mas sei que há muitos profissionais fazendo esse trabalho. 88. Para escrever e publicar um artigo de revisão (Review) os autores precisam (obrigatoriamente) ter experiência de publicação de artigos nesse tema específico? Sim. 89. Dados numéricos retirados dos resultados devem ser colocados nas conclusões? Resultados numéricos podem ser colocados, se forem importantes na contextualização da conclusão. 90. Quando fazemos uma revisão de literatura para fundamentar um artigo, existe alguma regra em termos de período temporal e sobre a quantidade de artigos? Não há nenhuma regra sobre isso. O mais importante é que a literatura seja relevante para o seu trabalho. 91. Na descrição do resultados no Abstract é necessário citar valores, ou basta afirmar que um tratamento foi estatísticamente melhor ou pior? Se os números forem essenciais para mostrar a contribuição, devem ser mencionados. 92. Quanto à apresentação em congressos e afins, alguns eventos não pedem trabalhos originais. Ou seja, podemos/devemos apresentar o mesmo trabalho em diversos eventos? Não faz sentido apresentar o mesmo trabalho em vários eventos, a não ser que sejam públicos muito distintos e os trabalhos multidisciplinares. 93. No caso de uma revisão sistemática de intervenção da saúde mental infantil, é relevante que ela seja qualitativa ou quantitativa? O ideal é que seja qualitativa e quantitativa. 94. Como estruturar uma revisão bibliografica frente a uma grande gama de informações? Minhas recomendações são: i) Fazer uma busca na literatura com apoio de ferramentas computacionais; ii) Estabelecer um esboço dos principais tópicos, com hierarquização desses tópicos; iii) Apresentar uma análise crítica da literatura, e não apenas uma descrição dos artigos escolhidos para a revisão. 95. Qual a principal dica para quem pretende escrever o primeiro artigo? Fazer um amplo trabalho de análise do Corpus relacionado. 96. Qual é a diferença entre considerações finais e conclusão? Podemos colocar os dois em uma tese? Quando os autores julgam que não precisam repetir os principais resultados e sua interpretação, podem optar por escrever “Final Remarks” ao invés de uma “Conclusão”. Nesses “Final Remarks” esperam-se menções a implicações e limitações do estudo. Numa tese acho que devem ser colocadas “Conclusões”, e as “Considerações Finais” aparecerão ao final do capítulo (que não precisa ser curto, se houver muitas conclusões). 97. Quando a pesquisa envolveu seres humanos com aprovação pelo comite de ética, como mencionar isso? Há que se mencionar o número da aprovação e por qual comitê de ética. 98. Alguns autores compartilham seus artigos em redes como ResearchGate. Existe algum problema nisso? É algo mal visto pela revista? Os artigos só devem ser disponibilizados para público em geral no ResearchGate se a política da revista permitir. As revistas da ACS, por exemplo, não permitem. 99. Sobre a revisão sistemática da literatura, posso usar artigos de autores de referência e livros fora desta revisão? Pode, se os tópicos forem relacionados com os da sua revisão. 100. Autocitação – usar ou não? E citar artigos da própria revista: isso é bom? É melhor usar o menor número possível de autocitações. Incluir referências da própria revista pode ser positivo, pois é indicação de que os leitores do seu artigo são os mesmos da revista. Mas só devem ser incluídas referências que realmente sejam relevantes, não só porque são da revista. 101. Se escrevi um capítulo de livro, posso transformá-lo em um artigo e submetê-lo a um periódico? Isso pode ser considerado autoplágio? Se o capítulo de livro já foi publicado, não pode ser usado como artigo. 102. Quando cito um parágrafo de um Review, geralmente ele é composto por várias citações. Ao citar de maneira geral a ideia do parágrafo, devo mencionar apenas o autor do Review? Um parágrafo pode conter referências de vários autores. Não há problema nisso. 103. Sobre o material suplementar com DOI, algumas revistas falam sobre um Data of brief também com DOI. Como saber ou se preparar para um artigo assim? Ele seria semelhante ao "short communication"? Se um documento tem DOI, então ele serve como referência e não precisa ir para o material suplementar. 104. Quanto tempo, após a publicação, os dados do material suplementar devem ser disponibilizado para os solicitantes? O Material Suplementar tem que ser incluído junto com o artigo e tem a mesma data de publicação. 105. Como faço para ser revisor de periódicos? Você pode escrever para editores de revistas e dizer que é voluntário para ser revisor. Recomendo fazer o minicurso online e gratuito da ACS, o “ACS Reviewer Lab” - www.acsreviewerlab.org . 106. Quais critérios devemos usar na hora de indicar revisores quando a revista exige isso? Os revisores precisam ser especialistas no assunto. É importante demonstrar que os revisores sugeridos não têm conflito de interesse com você e com os co-autores. Por isso, os revisores sugeridos não podem ser colaboradores seus, nem da mesma instituição. Para uma revista internacional eu também não indicaria brasileiros. 107. Enquanto revisora, posso acrescentar conteúdos literários? Se você está atuando como revisora, pode sugerir aos autores incluírem referências. Eu sempre evito sugerir uma referência minha para não revelar a minha identidade (porque o revisor deve ser anônimo na maioria das revistas). 108. Posso submeter tópicos da minha dissertação/tese em artigos? Sim. Informando que o material já está contido na tese. 109. Quando estamos procurando artigos de determinado assuntos para referência, como saber a relevância de um artigo no meio científico? Não há uma métrica única para indicar a relevância de um artigo. Uma maneira indireta é o número de citações. Mas eu não acho que você deva se preocupar com isso. O mais importante é citar os artigos que são os mais relevantes para a sua pesquisa, independentemente de serem considerados importantes ou bem citados. 110. Adaptar figuras de outros artigos em um Review ou Mini-review seria mal visto? Além disso, seria necessário pedir Copyright mesmo se essas figuras fossem adaptadas? Num artigo de Review você pode não só adaptar como reproduzir figuras da literatura. Nos dois casos é necessário pedir permissão. 111. No resumo, devo trazer na parte da metologia o nome de alguns autores utilizados durante a pesquisa? Normalmente não se coloca nomes de autores no Resumo, a não ser que o artigo tenha como base um trabalho do autor mencionado. 112. Como é feita a autorização para utilizar uma figura de um artigo já publicado? Fala-se com a revista onde foi publicado o artigo ou com autor? Ou basta apenas citar a fonte da figura? As revistas têm políticas diferentes para autorizar o uso de uma figura de artigosque elas publicaram. Algumas, inclusive, cobram para autorizar a reprodução de figuras. Então, é necessário saber qual é a política da revista de onde você quer reproduzir a figura. 113. Imagine um artigo no qual é abordada, num certo parágrafo, uma visão geral sobre metais detectados. Isso é achado em um Review que tem conclusões importantes para o parágrafo, mas também para a detecção de metais X, Y e Z. Eu devo citar apenas o Review e/ou cada um dos artigos que fizeram o estudo da detecção de cada metal? Eu costumo fazer os dois, mas tenho dúvida se isso é redundante. O melhor é fazer os dois, como você costuma fazer. Pode colocar as referências no mesmo local, o que elimina a redundância. 114. Como evitar a redundância entre a contextulização presente na introdução e a discussão/ comparação dos resultados com as referências já citadas na introdução? É necessário ser sucinto nas descrições e usar frases diferentes nas menções a essas referências. 115. Porque valores tão elevados para publicação? Algumas chegam a 2 ou 3 mil dólares. Se os Referees não recebem pelo trabalho e se as publicações hoje são online (com baixíssimos custos), qual a razão? Eu não tenho informações detalhadas sobre custos de publicações em Open Access para responder com precisão. De qualquer forma, lembro que os custos de edição podem ser altos, mesmo para revistas online, por que há que se pagar o serviço dos editores (cientistas) e profissionais que auxiliam no processo de edição, além de ferramentas tecnólogias, de armazenamento e busca dos artigos científicos etc. 116. Em relação à defesa de dissertação de mestrado por artigo no qual você não é primeiro autor, como proceder? Se a dissertação for baseada apenas em artigos, o autor precisa esclarecer suas contribuições para justificar que não é o primeiro autor dos artigos. 117. Devo citar que o artigo foi primeiro feito como tese ou dissertação? Qual melhor lugar pra citar isso? Provavelmente o artigo que você está submetendo tem menos informações do que está na tese ou dissertação, principalmente na metodologia e resultados. Então, você pode mencionar que informações adicionais estão na tese, e colocá-la como referência na metodologia. 118. Uma vez enviei artigo para uma determinada revista e o avaliador solicitou algumas alterações; fiz, reenviei e outro avaliador me pediu outras coisas; novamente refiz e reenviei, e novamente caiu para outro avalilador. Porque isso acontece? Um editor raramente toma decisão com apenas uma opinião de um revisor. Então, na ressubmissão pode ser que o editor tenha acrescentado revisores. Aula 03 – 21/10/20 01. Quais as principais dicas para fazermos a escrita no formato de divulgação científica e construirmos um texto que possa, ao mesmo tempo, ter a precisão científica e alcançar o público leigo? Os textos de divulgação científica são muito distintos porque a linguagem precisa ser acessível a não especialistas. É muito difícil aprender a escrever artigos de divulgação que sejam eficazes. Só a prática e análise de bons textos de divulgação podem ajudar. 02. As palavras-chave têm que obrigatoriamente constarem no título do artigo? Há regras para elas? As palavras-chave não precisam estar no título. Por outro lado, espera-se que o título reflita a contribuição mais relevante do artigo, e talvez deva incluir alguma palavra-chave. 03. As referências utilizadas no trabalho influenciam na aceitação do artigo? Por exemplo, eu submeto um artigo para alguma revista da ACS, mas os artigos que utilizei como referência são, na maioria, de revistas de outra editora. Isso influencia de alguma forma? Nas revistas da ACS não há preocupação de que as referências sejam da própria revista. Entretanto, as referências dão o indicador do público-alvo e, assim, espera-se que sejam de revistas de áreas correlatas à revista escolhida para a submissão. 04. Como se deve construir uma resenha? Assim como na construção de um artigo, é necessário analisar resenhas bem feitas na área para você verificar quais estruturas e conteúdos são eficientes. Ou seja, fazer análise de Corpus de resenhas. 05. Como classificar um bom artigo para montar o Corpus. Teríamos que observar os autores (nativos) ou só a revista (boa qualidade) ou os dois aspectos? Eu escolheria livros (que são quase sempre bem editados) e artigos de revistas e autores importantes (nativos). 06. Qual seria a melhor ferramenta gratuita para traduação automática? O Google tradutor, por exemplo, apresenta algumas falhas. Não acredito haver tradutores gratuitos melhores. 07. Sobre o uso de conectivos, acredito que um bom texto não precisaria de muitos deles para deixar claro os seus argumentos, principalmente os de conclusão. Os conectivos muitas vezes não seriam palavras em excesso? Concordo que há um excesso de uso de conectivos. Eles só devem ser usados se forem essenciais para a coesão e coerência do texto. 08. Quando escrevemos um artigo, começamos escolhendo frase à frase do Corpus para preencher a estrutura, ou se faz uma escrita “corrida” primeiro e depois se edita o texto usando as expressões, conectivos etc. do Corpus em questão? Você pode empregar qualquer dessas estratégias, dependendo da sua confiança no texto que consegue gerar sem se apoiar no Corpus. 09. Nos muitos artigos que tenho visto na licenciatura, inclusive os mais recentes, percebo a utilização de muitas palavras inúteis ou rebuscadas que não contribuem para a objetividade e clareza do texto. Eu tenho a mesma constatação. 10. Qual é o caminho (formação, especialização) para se tornar um editor de uma revista científica (ou, especificamente, da ACS)? Não se pode estabelecer como meta ser editor de uma revista, nem se oferecer para sê-lo. O que nossa comunidade deve buscar é produzir ciência que seja cada vez melhor e com maior visibilidade, para que alguns de nossos cientistas sejam escolhidos como editores. 11. Temos o Lattes para encontrar pesquisadores brasileiros. Qual a melhor plataforma para encontrar pesquisadores estrangeiros e suas produções? Não há uma plataforma única para essa busca. As bases de dados como Web of Science ou SciFinder podem ser usadas. 12. Quando uma citação direta originalmente em outro idioma é traduzida, ela pode ser considerada uma citação indireta, devido à tradução feita pelo autor? É uma citação direta, que deve aparecer com a informação de que foi traduzida pelo autor. 13. Qual a relação entre a linguagem do Corpus e a noção de estilo autoral? Empregar um Corpus como base pode reduzir as chances de um texto “autoral”. Entretanto, um texto científico já é naturalmente estereotipado e a criatividade dos autores aparece no conteúdo, não na forma. 14. Até que ponto as partes retiradas do Corpus podem ser consideradas como plágio? Em outras palavras, as partes retiradas de um Corpus correriam risco de serem consideradas como plágio? Não se pode usar sequências de mais do que algumas palavras. Eu, por exemplo, não usaria uma sequência de mais de 3 ou 4 palavras. 15. Como utilizar o Scipo-Farmácia? Mais informações podem ser encontradas em http://www.nilc.icmc.usp.br/scipo-farmacia/ . 16. A leitura de outras literaturas que não estão exatamente relacionadas à nossa pesquisa pode auxiliar no ganho de vocabulário ou pode atrapalhar na escrita em inglês? Auxiliará e muito, sem dúvida! 17. Na elaboração do artigo, qual é a importância de um parágrafo com as "limitações" do trabalho? Se as limitações forem relevantes e puderem levar à rejeição do artigo, é melhor explicitá-las de antemão. 18. Quais os principais exemplos de mensagens retóricas? Mensagens retóricas são “definir”, “descrever”, “contrastar”, “comparar” etc. Minha sugestão é buscar no Corpus expressões que sirvam para essas mensagens. 19. Quais as principais diferenças entre artigo, case report, technical note e research? Um “case report” é um trabalho científico específicopara um estudo de caso, normalmente menos abrangente do que um artigo. Uma “technical note” normalmente é sobre metodologias e procedimentos, também menos abrangente do que um artigo (full research paper). 20. Ao publicar um artigo numa revista internacional, é obrigatório o auxílio de um tradutor para que o texto seja publicado ou isso varia de acordo com cada revista? Depende não da revista, mas da qualidade do inglês do texto. Se os autores conseguem produzir um texto de qualidade, não precisam de tradutores. 21. Editores de revistas européias são mais familiarizados com o inglês britânico? Isso pode influenciar na análise? Não acho que esse fator seja relevante. 22. Sobre a expressão “To the best of our knowledge” em artigos científico, por que ela é comum? Essa expressão é comum em artigos para dizer que os autores fizeram uma busca na literatura e não encontraram evidência contrária ao que estão afirmando. Não vejo problema em seu uso. 23. Existe alguma ferramenta para verificar o quão formal é uma conexão? Artigo com muitos contrapontos exigem muitos links, e talvez o Corpus não venha a contribuir tanto. Não tenho ferramenta para indicar. 24. Quantos artigos devemos ler a fim de criar um Corpus? Segundo minha experiência, são necessários cerca de 100 artigos. 25. Há uma tendência de diminuição no tamanho de artigos publicados? Podemos chegar ao ponto em que artigos longos (com mais de 12 páginas, por exemplo) não sejam publicados? Também percebo essa tendência. É provável que artigos terão limitações de páginas, pois hoje é possível colocar conteúdo em Material Suplementar. 26. Como podemos ultrapassar a barreira do "artigo regional"? Qual seria a sugestão ou estratégia para se conseguir publicar em boas revistas internacionais? O primeiro passo é escolher problemas científico-tecnológicos que sejam de interesse global, e não apenas regional. Depois, é preciso estar a par da literatura para que você produza trabalho de pesquisa (e artigos) que sejam competitivos com aquilo que se publica nas melhores revistas da área. 27. Sobre os repostiórios de preprint, devemos submeter o manuscrito na versão original ou numa versão beta? Como preprint deve-se colocar o artigo em sua forma final, como será submetido. 28. Quais os principais conselhos acerca de pesquisas que abordam temas de regiões virgens, onde quase não se têm informações científicas sobre o assunto? O trabalho científico para resolver questões locais (geográficas) pode ser de interesse internacional e global, de maneira que pode-se buscar publicações de qualidade. 29. É necessário colocar referências bem antigas, por exemplo, na definição da doença? Ou somente referências dos últimos cinco anos? Isso depende da revista em que será publicado o artigo. Se a audiência da revista já estiver familiarizada com a doença, não é necessário incluir referências antigas. 30. Sobre os tempos gramaticais em cada seção do artigo, o que devo levar em conta? Não há regras bem definidas. Na metodologia, deve-se usar o passado, porque é descrição do que foi feito; nos resultados, usa-se o presente na descrição de figuras e tabelas, mas emprega-se o passado quando for se referir a um resultado obtido. Ferramentas citadas durante o curso: The Best Referee Report - https://app.acspubs.org/e/er?s=1913652004&lid=30801&elqTrackId=76A7DCB2D4EA67F01A4DD90897 91B716&elq=ac2c8b2bd8144f68802d27a06a9312ec&elqaid=14450&elqat=1 The Art of the Cover Letter - https://app.acspubs.org/e/er?s=1913652004&lid=30800&elqTrackId=930849BA5CBCECD5344FBFB64B5 CFDD8&elq=ac2c8b2bd8144f68802d27a06a9312ec&elqaid=14450&elqat=1 Summarize Your Work in 100 Milliseconds or Less... The Importance of the Table of Contents Image - https://app.acspubs.org/e/er?s=1913652004&lid=30799&elqTrackId=22C90B9C4C0E1C4620B73ABF3D9 437D9&elq=ac2c8b2bd8144f68802d27a06a9312ec&elqaid=14450&elqat=1 Redefining the Experimental and Methods Sections - https://app.acspubs.org/e/er?s=1913652004&lid=30797&elqTrackId=B535FF8B8BBB28EB158324267DA 0D1C5&elq=ac2c8b2bd8144f68802d27a06a9312ec&elqaid=14450&elqat=1 Using network science and text analytics to produce surveys in a scientific topic - https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1751157715301966?via%3Dihub Vis-KT - Interactive keyterm-based document clustering and visualization via neural language models - https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/55/55134/tde-20082020-093906/pt-br.php