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Patologia Geral Caso SI 2 1. Citar as principais patologias da hipófise e compreender os tumores de hipófise (ênfase nos prolactinomas) Introdução A hipófise é o órgão formado pela união de duas glândulas totalmente distintas, a adenohipófise e a neurohipófise. Enquanto a adeno deriva de uma invaginação do ectoderme da boca primitiva, a neuro deriva de uma evaginação do diencéfalo. Em um adulto, a hipófise pesa cerca de 0,6 g e tem cerca de um centímetro de diâmetro. A síntese e secreção dos hormônios da adenohipófise são reguladas por estimuladores ou inibidores hipotalâmicos. A neurohipófise é formada por axônios de neurônios localizados nos núcleos paraventricular e supra-óptico do hipotálamo. Patologias de hipófise podem ser investigadas de diversas formas. Tendo colhido a história clínica, pode-se solicitar dosagem de hormônios, tomografia computadorizada e ressonância magnética (melhor exame para avaliar tecidos moles como a hipófise) da região da sela turca. Existem várias doenças da hipófise, sendo as principais as anomalias congênitas, necrose, apoplexia, traumatismos, inflamações, hiperplasias e neoplasias (incluindo adenomas e adenocarcinomas). O foco será dado às neoplasias, especialmente aos adenomas, sendo que todas as outras patologias serão descritas de forma bem superficial. *Neoplasia é uma proliferação celular descontrolada onde são formadas várias células diferentes. Adenoma é um tumor benigno cujas células que iniciaram esse tumor são do tipo glandular. Adenocarcinoma é o tumor maligno que se desenvolve a partir de células glandulares. Anomalias Congênitas e Necrose Dentre as anomalias congênitas mais comuns de hipófise, pode-se mencionar a agenesia, a hipoplasia da adenohipófise e a hipófise faríngea (migração da adeno da boca até a sela é afetada) que podem se associar a várias anomalias do SNC. A necrose pode ser focal ou maciça. A focal geralmente é causada por diabetes, sepse, meningites, TCE e outros. Ao comprimir as artérias da haste hipofisária ou em uma lesão da parede arterial, ocorre a necrose. A necrose maciça (pode levar à morte) tem as mesmas causas da focal, mas sua principal causa é a hemorragia uterina pós-parto. Apoplexia, Inflamações e Hiperplasias A apoplexia é o infarto hemorrágico que acontece em 15% dos adenomas de hipófise. Geralmente causa cefaleia e perda de consciência progressiva. As inflamações de hipófise podem ser confundidas com adenomas e podem ser primárias (causadas por doenças auto-imunes) ou secundárias, quando causadas por bactérias, fungos ou vírus. As hiperplasias de hipófise são proliferações celulares que podem ser fisiológicas na gravidez, ou patológicas, onde se tem um diagnóstico difícil pois se confunde com adenomas. Adenomas Os adenomas de hipófise são classificados seguindo vários critérios. Quanto ao tamanho, podem ser microadenomas quando tem até um cm de diâmetro ou macroadenomas quando tem mais de um cm de diâmetro. Quanto ao quadro clínico, podem ser tumores ativos quando há alteração na secreção hormonal ou tumores silenciosos em que não há alteração na secreção hormonal. Os sintomas de tumores silenciosos geralmente são compressivos. Clinicamente, os adenomas de hipófise se manifestam com a elevação dos níveis circulantes de hormônios hipofisários (ou de hormônios cuja secreção é regulada pela hipófise). Macroscopicamente, adenomas de hipófise vão se apresentar na forma de aumento do tamanho da glândula e na compressão das estruturas adjacentes. *Tumores de hipófise são importantes também pela possibilidade de compressão de estruturas nervosas adjacentes, sendo a principal acometida o quiasma óptico, que se encontra imediatamente acima da hipófise. Pode haver compressão de nervos cranianos (3,4 5 ou sexto par) também. Microscopicamente, esses adenomas são formados por células uniformes, arredondadas, com citoplasma acidófilo e núcleos arredondados. Há uma hialinização dos capilares da glândula, sendo que esse depósito de colágeno perivascular provoca diminuição da luz do capilar e pode-se encontrar locais com isquemia na glândula. Além desses detalhes, as células presentes em uma neoplasia tendem a se corar mais que as normais. Como já é sabido, a adenohipófise apresenta cinco tipos celulares agrupados em núcleos na glândula, que são produtores de hormônios, dessa forma, de acordo com qual grupo celular o adenoma envolver, se terá um tipo diferente de adenoma. . Adenoma de células mamotróficas (PRL) Também chamado de prolactinoma, é mais comum em mulheres, é o adenoma de hipófise mais comum sendo a principal causa de hiperprolactinemia (excesso de prolactina circulante), condição essa que pode causar tanto infertilidade quanto a síndrome da amenorreia-galactorreia. Outros sintomas comuns são a perda de libido, galactorreia, impotência sexual e alterações ósseas O aumento da prolactina (PRL) circulante geralmente inibe a produção do hormônio liberador de gonadotrofinas, o que reduz a síntese de FSH e LH resultando em alterações do ciclo menstrual e infertilidade. *Em homens, redução de FSH e LH diminuem a testosterona e causam oligo ou azoospermia Vale mencionar que a hiperprolactinemia pode ser causada também por perda de inibição hipotalâmica por desconexão hipotálamo-hipófise. Nessa situação, os níveis de PRL geralmente não passam de 100 ng/ml, enquanto em prolactinomas geralmente os níveis estão acima de 100 ng/ml. Adenoma de células somatotróficas Esse tipo de adenoma provoca uma secreção excessiva de GH que pode gerar duas principais condições. Quando ele acontece antes da puberdade, causa gigantismo, quando acontece depois da puberdade, causa acromegalia (crescimento das extremidades). Adenoma de células adrenocorticotróficas Esse adenoma causa secreção excessiva de ACTH e geralmente acomete a linha média da hipófise. O ACTH é o hormônio que atua estimulando as glândulas suprarrenais (ou adrenais), que produzem o cortisol e vários outros hormônios. Excesso de ACTH geralmente provoca aumento de cortisol circulante podendo resultar na síndrome de Cushing ou na síndrome de Nelson. As células adrenocorticotróficas que estão fora do adenoma sofrerão degeneração hialina graças a uma supressão delas causada pelo aumento do cortisol circulante. Adenoma de células tireotróficas São adenomas raros que provocam aumento da secreção de TSH e geralmente são secundários a um hipotireoidismo que leva ao aumento compensatório da hipófise (primeiro acontece uma hiperplasia e depois o adenoma). Geralmente, mesmo com o aumento do TSH não se desenvolve hipertireoidismo pois esse TSH em excesso se apresenta em uma forma inativa. Adenoma de células gonadotróficas Assim como o adenoma anterior, geralmente não apresenta manifestações relacionadas à secreção hormonal pois os hormônios geralmente estão na forma inativa. Carcinoma Sendo muito raros, os carcinomas de hipófise diferem dos adenomas pela existência de metástase. A maioria deles levam à produção excessiva de ACTH ou PRL 2. Descrever a fisiopatologia da hiperprolactinemia A secreção da prolactina é regulada pela dopamina produzida pelo hipotálamo. A dopamina é responsável por realizar um tônus inibitório da secreção de prolactina agindo através de receptores do tipo 2 (como a isoforma curta) reduzindo a proliferação das células mamotrófica (também chamadas de lactotrófos) transcrição e secreção de PRL. Além da inibição, a regulação da secreção de PRL é feita também por fatores estimulantes que inibem o tônus dopaminérgico, podendo citar os opióides, a neurotensina, a amamentação (via inervação intercostal), estresse e o peptídeo intestinal vasoativo como exemplos de estimulantes. Além desses exemplos, existe também a ação dos estrogênios, que atuam diretamente nos lactotrófos estimulando a secreção de PRL e ainda reduzem a ação dopaminérgica local. Quanto ao ritmo circadiano da PRL, durante o sono noturno há um aumento e uma quedaao despertar. Durante o ciclo menstrual a secreção é estável, aumentando apenas um pouco na fase lútea. A hiperprolactinemia causa hipogonadismo hipogonadotrófico principalmente por inibir a secreção do GnRH, além de inibir diretamente a esteroidogênese gonadal. Os sinais e sintomas relacionados à hiperprolactinemia estão presentes tanto em estados fisiológicos, como na gestação e amamentação, como em decorrência do uso de drogas relacionadas ou mesmo de prolactinomas. O hipogonadismo pode causar irregularidade menstrual e amenorreia em mulheres, disfunção sexual, infertilidade e perda de massa mineral óssea em ambos os gêneros. A galactorreia não é um sinal específico e pode estar presente em indivíduos normoprolactinêmicos. A hiperprolactinemia é uma importante causa de infertilidade na prática clínica. Em mulheres, pode caracterizar-se por fase lútea curta, ciclos anovulatórios, oligo e amenorreia, enquanto, em homens, alterações da viabilidade e quantidade de espermatozoides podem ocorrer. Os pacientes com hiperprolactinemia frequentemente apresentam redução da densidade mineral óssea, a qual está relacionada a fraturas vertebrais em ambos os sexos.
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