Indivíduos com TDAH são mais propensos a participar da política diz estudo

Prévia do material em texto

1/3
Indivíduos com TDAH são mais propensos a participar da
política, diz estudo
Um estudo realizado em Israel antes das eleições nacionais em 2019 descobriu que indivíduos com
transtorno de déficit de atenção / hiperatividade (TDAH) são mais propensos a participar da política do
que indivíduos sem sintomas de TDAH. Os resultados foram realizados mesmo depois que os
pesquisadores controlaram a idade, sexo, educação, orientação política, terapia para sintomas de TDAH
e vários outros fatores. O estudo foi publicado na PLOS One.
O TDAH é um transtorno do desenvolvimento neurológico caracterizado por sintomas como dificuldade
em prestar atenção, hiperatividade e impulsividade. Embora inicialmente tenha sido pensado para afetar
apenas crianças, estudos recentes mostraram que os sintomas de TDAH podem persistir na idade
adulta, tornando-se uma condição ao longo da vida. A prevalência estimada de TDAH na população
varia de 1% a 7,3%.
A participação política, que se refere ao envolvimento voluntário em atividades políticas por parte dos
membros do público, é um aspecto crucial das democracias funcionais. Permite aos cidadãos que não
são políticos profissionais a influenciar políticas públicas e os funcionários eleitos que moldam essas
políticas. Consequentemente, muitos pesquisadores se concentram no estudo de fatores que
influenciam a participação dos indivíduos na política. Um tópico que recebe atenção significativa é como
as condições neuropsiquiátricas, como o TDAH, afetam o comportamento político.
O autor do estudo, Israel Waismel-Wanory, e seus colegas queriam explorar como o TDAH afeta a
participação política. Entre outras coisas, eles queriam saber se os indivíduos com TDAH diferem
daqueles sem esse transtorno em seus pontos de vista sobre a liberdade de expressão, tolerância a
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0280445
2/3
múltiplas opiniões e vozes, confiança nas instituições governamentais e em como se sentem sobre seu
nível de representação política.
Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram dados de um estudo de painel on-line de 5 ondas
conduzido em Israel. Eles se concentraram nos dados coletados antes das eleições nacionais
israelenses realizadas em abril de 2019. O estudo incluiu 1.369 adultos judeus israelenses recrutados
pelo iPanel, uma empresa de pesquisa on-line.
Os participantes completaram avaliações que mediram os sintomas de TDAH em adultos usando a
Escala de Auto-Reportagem de Adultos (ASRS). Eles também forneceram informações sobre sua
participação política, incluindo ações políticas tradicionais (por exemplo, votação, contato com políticos,
participação em manifestações) e atividades políticas digitais (por exemplo, conectar-se com políticos e
partidos através das mídias sociais, expressando opiniões políticas nas mídias sociais, compartilhando
notícias nas mídias sociais).
O estudo também coletou dados sobre os hábitos de consumo de notícias dos participantes (frequência
e engajamento ativo/passivo) e suas atitudes políticas (senso de representação política, liberdade de
expressão, normas democráticas, orientação política, confiança nas instituições políticas e interesses
políticos). Além disso, os participantes forneceram informações demográficas, como idade, sexo,
escolaridade e renda.
Os resultados mostraram que 14,6% dos participantes apresentaram sintomas de TDAH adulto. Essa
porcentagem foi maior do que em estudos anteriores, provavelmente porque a avaliação se baseou nos
auto-relatos dos participantes, em vez de diagnósticos clínicos. A proporção de participantes com
sintomas de TDAH diminuiu com a idade e foi maior entre aqueles com renda média em comparação
com níveis de renda mais baixos e mais altos.
Os participantes com sintomas de TDAH relataram níveis mais altos de participação política geral, tanto
em formas tradicionais quanto por meios digitais. No entanto, eles eram mais propensos a serem
consumidores passivos de notícias, o que significa que esperavam que as notícias políticas chegassem
a eles, em vez de procurá-las ativamente. Além disso, os participantes com sintomas de TDAH
apresentaram menos tolerância em relação a opiniões divergentes. Esses achados permaneceram
consistentes mesmo depois de controlar possíveis influências de idade, sexo, escolaridade, renda,
crenças políticas, religiosidade e terapia estimulante para sintomas de TDAH.
“No geral, encontramos evidências de que indivíduos com TDAH exibem um padrão único de atividade
política, incluindo maior participação e menor tolerância com as opiniões dos outros, mas não
necessariamente mostrando maior interesse ativo na política”, concluíram os autores do estudo.
O estudo faz uma contribuição importante para a compreensão científica das especificidades
psicológicas dos indivíduos com TDAH. No entanto, também tem limitações que precisam ser
consideradas. Notavelmente, foi realizada em uma situação política específica e em membros de um
pequeno grupo nacional homogêneo. Além disso, todos os achados foram baseados em auto-relatos.
Estudos sobre outras culturas e o diagnóstico clínico de TDAH podem produzir resultados diferentes.
O estudo, “TDAH e participação política: Um estudo observacional”, foi de autoria de Israel Waismel-
WanorI, Yael R. KaplanI, Shaul R. (em inglês) Shenhav, Yair Zlotnik, Shira Dvirsman e Gal Ifergane.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0280445
3/3