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AULA 04 - 11 04 - PROC ESP (AÇÕES POSSESSÓRIAS)

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AULA 04
11.04.2024
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS – AÇÕES POSSESSÓRIAS
ART. 554-568, CPC
Sobre a ideia de posse, podemos entender que:
· Posse não é um instituto com conceito, mas a lei diz o que é o possuidor (que é aquele que detém algum dos poderes inerentes a propriedade). É aquele que pode usar, fruir, dispor e reaver da coisa. 
No entanto, há problema em relação a própria constituição dessa situação de possuidor. Sabemos que ela tem esses poderes, mas como se torna possuidor. Propriedade é uma situação jurídica formal (sei como ele se torna). Por ato intervivos, em caso de bens imóveis, precisa de escritura pública e registro. Através da transmissão, ou originariamente por usucapião, como outros substitutos que se assemelham.
Só provo a propriedade da coisa com o documento.
Na constituição é uma situação fática (informal), não tenho necessariamente que ter o documento para dizer que sou possuidor. No direito civil, há uma situação jurídica formal.
Para eu proteger a propriedade, tenho um documento. Para proteger a posse, não tenho. Nasce então as ações possessórias para uma proteção própria (interditos possessórios).
Nota: Não é uma circunstância formalizada, mas protegida.
1. Noções Iniciais
· Efeitos da posse
Tratando-se de proteção da posse:
Art. 1.210, CC: O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
Art. 560, CPC: O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. Doutrina sobre este ato normativo. 
· A proteção da posse faz-se por meio dos interditos, que são apenas três:
• Ação de reintegração de posse, para a hipótese de esbulho; 
• Ação de manutenção de posse, para o caso de turbação; 
• Interdito proibitório, para a hipótese de grave ameaça (Art. 567, CPC).
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.
Turbação é todo ato que embaraça o livre exercício da posse; esbulho é o ato pelo qual alguém priva outra pessoa do poder, de fato, sobre a coisa. (Cf. Art. 1.223, CC/02)
Art.1.223, CC. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Nota: Interdito possessório se faz valer a existência da posse no nosso sistema jurídico, sem ele a posse não seria nada.
Nota: E como diferenciar esbulho de turbação
 ESBULHO
 TURBAÇÃO
GRAVE AMEAÇA
1º degrau: Grave ameaça
2º degrau: Turbação (seria o embaraço)
3º degrau: Esbulho (é como se fosse a privação, a invasão
Consideramos o seguinte: Posterior ao esbulho, há a perda da posse. No degrau 2 e 1 não há perda. Mas ocorre a limitação no degrau 2, no degrau 1 não há perda e limitação, pois é uma mera ameaça.
Por exemplo: 
um acampamento de universitários no estacionamento da universidade (é a grave ameaça)
animais em pastagem, material de construção (turbação; há uma limitação. Não houve a perda, mas o seu direito está limitado)
2. Fungibilidade
· Aplica-se o princípio da fungibilidade às possessórias, concedendo o juiz a tutela mais adequada ao caso concreto, independentemente do tipo de ação que foi proposta pelo autor.
Art. 554,CPC . A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados
Nota: Inexiste, porém, a fungibilidade entre um interdito possessório e um instituto que não o seja. 
Ex.: não pode o juiz valer-se da fungibilidade para julgar ação possessória como se fosse petitória e vice-versa.
Ação petitória: são aquelas em que o autor quer a posse do bem, e ele assim deseja pelo fato de ser proprietário. São exemplos de ações petitórias: ação reivindicatória, ação de usucapião, ação publiciana, ação de imissão na posse e a ação ex empto.
Ius possessioni – direito de posse – a posse já existe, a pessoa está sofrendo apenas algum constrangimento (ameaça, embaraço ou privaçã)
Ius possidendi – direito a posse – não tem a posse, mas há um direito real 
Ex: compra de casas em leilão, pessoa arremata um imóvel que foi penhorado pra hasta pública. No momento que essa pessoa adquire o imóvel no leilão, adquire o direito de propriedade, mas ainda não adquire a posse. Constatou que o imóvel está ocupado. Ela entra com ação de imissão na posse, pois ela ainda não teve posse. Qual ação deveria entrar?
Ação de imissão na posse é fundado no direito petitório.
Ação de reintegração na posse é somente se já detém a posse, nesse caso.
3. Legitimidade
a) Legitimidade ativa
Possuidor (Art. 1.196, CC)
Notas:
Justa posse: é aquela que não foi adquirida de forma violenta, clandestina ou precária (Art. 1.200 do CC/02);
Detentor: não tem a legitimidade para propor ação possessória, por não ter a posse. (Art. 1.198, CC). É a posse subordinada: caseiro, motorista, vigia.
Litisconsórcio ativo necessário – cônjuges: somente em caso de casamento que ocorra a composse (Art. 73, § 2º, CPC); Composse é quando os dois exercem simultaneamente a posse.
Possuidores diretos e indiretos: têm ação possessória contra terceiros – legitimação concorrente; e, também um contra o outro (artigo 1.197, CC)
Ex: tenho um terreno que já planto arroz, e tem uma pessoa que quer também plantar. Faço um contrato com essa pessoa que ela me pagará com parte da renda. Esses contratos geram comodato. O arrendante é o possuidor indireto, e o arrendatário é o possuidor direito.
b) Legitimidade passiva
· Regra geral:
· O autor da ameaça, da turbação ou do esbulho. 
· O terceiro que recebeu a coisa esbulhada, sabendo que o era, também é legitimado para figurar no polo passivo.
· Ação Possessória Plúrima (Art. 554, §1º e 3º, CPC)
Professor não colocou possessório coletiva, pois no nosso sistema ainda não existe a proteção de direitos coletivos, mas há uma realidade social como no caso das invasões. E como flexibilizar a citação deles (nesse caso, tem que citar todos).
→ os ocupantes serão citados pessoalmente, enquanto os demais serão citados por edital. Neste caso, deve ser intimado o MP, e, se houver pessoa hipossuficiente economicamente, a Defensoria Pública.
Nota: Defensoria pública entra como curadora nessa situação.
→ o juiz dará ampla publicidade da ação e de seu rito, por meio de anúncios em jornal ou rádio local, cartazes e outros meios.
· Correção do polo passivo (Art. 338 e 339, CPC)
· Alegação de ilegitimidade passiva pelo Réu – o juiz facultará ao autor sua substituição no prazo de 15 dias.
· Caso tenha conhecimento e não faça a correta indicação do polo passivo, o Réu arcará com as despesas processuais e indenizará o Autor pelos danos decorrentes dessa omissão.
Caso do professor: moradora entrou em posse de um município de Timon, mas tomaram conhecimento que a prefeitura iria tomar medidas. se antecipou, entrou com a ação de posse no município, onde tá o erro?
A ação possessória existe como ação plúrima, mas não coletiva.
4. Competência
· Trata-se de competência absoluta, não podendo ser derrogada ou modificada. 
Serão propostas, as ações possessórias de bens imóveis, no foro onde o imóvel violado estiver localizado (Art. 47, § 2º, CPC);
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
Em se tratando de bem móvel, será competente o foro do domicílio do réu (Art. 46, CPC).
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
Lembrando: O leasing é um tipo de negociação que envolve um arrendador (banco) e um arrendatário (cliente). O arrendamento do carro novoou seminovo dá direito de uso e posse ao motorista. É como um empréstimo com a chance de compra. No leasing, o consumidor se torna dono do veículo após pagar todas as prestações.
Se eu não pago as prestações do carro, qual a ação que o banco entra? A ação de reintegração de posse, pois o banco ‘’me emprestou’’.
5. Procedimento
· Ação de força nova
· É aquela intentada dentro de ano e dia – segue o rito especial, incidindo o rito comum apenas subsidiariamente (Art. 558, CPC). 
· Ação de força velha
· É aquela ajuizada depois de ano e dia e segue o rito comum (Art. 558, parágrafo único, CPC).
Nota: não nos interessa estudar ação de força velha, pois ela segue o rito comum.
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
Temos uma petição, e deverá haver:
Prova da posse
Prova do esbulho/turbação ou ameaça
Prova da data do fato
Mas como faço?
Prova da posse (contrato de comodato/arrendamento, por exemplo. No rural, pode ser demonstrada por meio de contas de prestação de serviços públicos)
Prova do esbulho/turbação ou ameaça 
Prova da data do fato (geralmente se comprova pelo boletim de ocorrência)
É um ilícito não fazer um b.o? Sim!
Art. 161,CPC:  - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
· Petição inicial
a) A petição inicial deve conter os requisitos dos artigos 319 do CPC.
b) São requisitos específicos os elencados no art. 561 do CPC, cabendo ao autor provar:
· a sua posse;
· a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
· a data da turbação ou do esbulho;
· a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração.
Nota: Preenchidos esses requisitos, a lei admite concessão de liminar sem a manifestação da parte contrária. Do contrário, caberá ao juiz determinar a justificação prévia, com a intimação do réu (Art. 562, CPC).
Na petição inicial, tratando-se de ação de força nova, o juiz na liminar pode:
Indeferir – não há o que fazer.
Deferir – faz-se a intimação e citação do réu (rito comum)
Os requisitos não estão preenchidos, e aí? É uma ação de força nova, mas o juiz não se convenceu? Indeferir de plano NÃO PODE. Deverá fazer a designação da audiência de justificação prévia (não é uma opção do juiz, ele é obrigado a designar uma justificação prévia). Se ele indefere e não justifica, sua decisão será agravada.
Depois da audiência de justificação, vai para o juiz, ele pode:
a) conceder a liminar
b) não concede a liminar
A justificação prévia serve como uma produção de prova testemunhal (para sanar alguma falha na petição inicial).
Depois de conceder ou não, vem a intimação e citação do réu, e vem o rito comum.
c) Cumulação de pedidos – Incidência do art. 555, CPC
· a condenação em perdas e danos (Art. 1.218, CC);
· a indenização dos frutos (Art. 1.216, CC); 
· a adoção de medidas necessárias a evitar nova turbação ou esbulho e obter o cumprimento da tutela provisória ou final.
5.2 Caução
(Continuação na próxima aula)
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