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AULA 05 16.04.2024 CONTINUAÇÃO PROC. ESPECIAIS – AÇÕES POSSESSÓRIAS A pessoa entrou com ação de reintegração de posse, o juiz actou e concede a liminar Se concede: rito comum (réu citado, juiz designa audiência de conciliação/mediação e julgamento) O problema está na liminar possessória quando criar perigo de dano ao réu, ao sofrer prejuízo em detrimento a liminar. Ex: em posse de terreno, estou com plantação feita com benfeitorias, e se dá a liminar do juiz para que eu saia do imóvel. Deixou plantação, máquinas e benfeitorias. Estou correndo risco e prejuízo em razão da liminar. Como se prevenir por eventual sucumbência da parte autora? 5.2 CAUÇÃO Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. O autor seja obrigado a prestar caução, para garantia de dano a que se possa sofrer o réu. Qualquer tempo: depois da concessão da liminar. Prazo: 5 dias p/ requerer caução real ou fidejussória. Ex: Réu alega e prova a falta de capacidade financeira (se dá como um incidente, lembrar) do autor. Vai para o juiz, onde intimará o autor (c/ prazo de 5 dias para escolher que tipo de caução vai querer oferecer) Caução real – dar um determinado bem em garantia Fidejussória - fiança bancária... Ele pode: Prestar a caução – continua mantido em posse Não prestar a caução – estará sob pena de ser depositada a coisa litigiosa (juiz converte a reintegração da posse; passa de ser reintegrante para depositário) Se reintegro a posse de imóvel, tenho direito de usar e fruir da coisa (plantar, fazer cerca, etc). Mas, se sou depositário, só posso apenas cuidar (dever de cuidar e devolver, é o do depositário). 5.3 DEFESA (Art. 564, CPC) Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias. A citação na ação possessória se dá por diligências, ações pelo correio. Promover significa providenciar os meios (pagar as custas da diligência) a) É ónus do autor promover, nos 5 dias subsequentes à apreciação da liminar, a citação do Réu. b) O prazo para resposta é de 15 dias. Ver CPC – Art. 231 Por carta – começa a contar da juntada do AR; Por edital – a partir da sua publicação; c) Contagem: · Se a liminar foi negada ou concedida diretamente, aplicam-se as regras gerais do CPC – Art. 231 (Cf. Art. 566, CPC – aplicação do procedimento comum); · Se o juiz designou audiência de justificação, o prazo para responder irá fluir da decisão que deferir ou não da liminar (Art. 564, parágrafo único do CPC). Juiz concede: Intimação e citação do réu (deverá ser pessoal, pois estamos diante de uma ação de reintegração de posse) – entra a regra: vai acontecer por oficial de justiça, e por edital (em caso de ações possessórias de várias pessoas). Intimação do autor (no próprio PJE) Juiz não concede, e designou a justificação prévia: · Ao designar, expede dois mandados: intimação do autor e a intimação e citação do réu. · O réu deverá comparecer a justificação prévia, e o juiz designará a audiência. Portanto, o processo foi concluso (esperando a decisão do juiz) · Vai sair uma decisão, e dessa decisão vai sair um mandato de intimação (tanto para o autor, como para o réu) · Dessa decisão da intimação, é que começa o prazo para contar. (Art. 564, Par. Único CPC) d) Caráter dúplice da possessória (Art. 556, CPC) O que é o caráter dúplice? De um lado a petição inicial (peça de ataque) e a contestação (peça de bloqueio). No caso da possessória, a petição também será uma peça de ataque. Tudo que se pedir numa petição, também poderá pedir numa contestação aqui. Se o autor pediu reintegração, o réu também pode. Se pediu indenização por perdas e danos, o réu também pode. Petição inicial – ataque Contestação – bloqueio + ataque Nota: no juizado especial, alguns até chamam de ‘’pedido contraposto) Indo para o rito comum, como é esse caráter? Petição inicial é a peça de ataque. Temos a contestação, que será uma peça de bloqueio. Dentro dela, teremos a reconvenção (ataque) RITO COMUM – PETIÇÃO INICIAL (ATAQUE) > Contestação (bloqueio) + reconvenção (ataque) Alegando que foi ofendido em sua posse, o réu pode requerer: · Proteção possessória – que a possessória seja declarada em seu favor; · Indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. e) Exceção de domínio O que é? É a defesa com fundamento do domínio. · Incidência do art. 557 do CPC – embora não haja proibição, prevalece a proteção possessória, mesmo que se alegue a defesa da posse com fundamento na propriedade. Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa. Nota: na prova terá ‘’autorizado’’, ‘’permitido’’. Atenção aqui! No parágrafo único, só o fato de ser dono não é suficiente! Ex: entrei com ação possessória em face de uma pessoa, contesta ela pedindo em face de usucapião. Pode? Não pode nem o autor e réu, em face da ação possessória, reconhecer o domínio. O objeto do reconhecimento de domínio a usucapião, mas não pode se utilizar como matéria de defesa. A regra é que na ação possessória, tanto na defesa como no ataque, o que deve se celebrar é a posse. Ex: João e Pedro em ação possessória, e Astrovaldo é o dono do imóvel. Astro que não é parte no processo quer dizer: ‘’essa liminar possessória não pode ser dada em favor de Pedro’’. Pedro é dono, e como vai defender sua propriedade nesse processo? Poderia dizer que não é legitimado passivo, mas estrategicamente não é bom. Pode defender a propriedade e domínio em face de Astro, através de EMBARGOS DE TERCEIROS (cenas do próximo capítulo) · Obs1.: Súmula 487, do STJ - alegação de domínio no curso da ação possessória, quando ambos os litigantes disputam a posse afirmando-se proprietários da coisa litigada – está superada, tendo em vista que a proteção será dada apenas sobre a posse. · Obs2.: Aspecto novo – a ação de reconhecimento de domínio pode ser alegada se a pretensão for deduzida contra terceira pessoa (Art. 557, parte final; Art. 1.213, CC) f) Embargos de terceiro (Art. 674-681, CPC) · O Art. 674 expõe um rol não exaustivo de cabimento dos embargos de terceiro, nele se abrangendo a posse, conforme diz o Art. 674, § 1º expressamente. g) Retenção por benfeitorias úteis ou necessárias · Conforme abalizada doutrina, não são cabíveis da sentença possessória. Pode o réu, no entanto, arguir o direito de retenção de benfeitorias na contestação. · Ensina Theodor Jr. que “... os embargos de retenção atualmente previstos no CPC aplicam-se apenas às execuções para entrega de coisa fundadas em título extrajudicial. (CPC, Art. 917, IV c/c Art. 806 e ss.). Os embargos de retenção são cabíveis no processo de execução. Nota: Retenção é fim. Indenização é meio. Direito de retenção - desocupo um imóvel hoje, basta me pagar. 5.4 RECURSO a) Proferida a sentença, cabe contra ela o recurso de apelação, Art. 1.009-1.014, CPC. b) Efeito: A posição dominante é a de que essa apelação será recebida nos efeitos suspensivo e devolutivo, visto que a ação possessória não se enquadra em nenhuma das situações do artigo 1.012, CPC. c) Das decisões interlocutórias - da decisão que concede ou não a liminar cabe agravo de instrumento - Art. 1.015-1.020, CPC. Recurso cabível da decisão interlocutória – agravo de instrumento. Da liminar, cabe agravo de instrumento. 5.5 EXECUÇÃO DA SENTENÇA · A execução das ações possessórias se dá diretamente, considerada ação executivalato sensu, sem a necessidade de um processo de execução. Quando o juiz profere a sentença, já determina a execução (sentença executiva) 6. AÇÃO POSSESSÓRIA CONTRA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO A doutrina e jurisprudência aponta apenas algumas peculiaridades: · O juiz não pode deferir a liminar antes de ouvir o representante do Poder Público (Art. 562, parágrafo único do CPC). · Se o Poder Público já deu ao imóvel uma destinação pública, não é possível a ação possessória. Nesse caso, cabe ação de desapropriação indireta para pleitear perdas e danos. Nota: o juiz pode conceder a liminar sem ouvir a outra parte, mas atenção no 1º comentário acima. Se o imóvel, objeto da possessória, contra o público já é uma praça, rua, abs. O que deve acontecer? Se o poder público já deu ao imóvel uma destinação pública, não é possível ação possessória. Em caso de ocupação, esbulho possessório praticado pelo poder público, cabe ação de desapropriação indireta para pleitear perdas e danos.
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