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3ºAula Estimulação precoce Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • definir, cientificamente, estimulação; • compreender a importância da estimulação no desenvolvimento de habilidades motora, cognitiva, afetiva e social; • discutir, criteriosamente, sobre estimulação precoce; • identificar os construtos teóricos da estimulação enquanto recurso pedagógico. FIGURA 25 - ESTIMULANDO O BEBÊ Disponível em: http://yourcorebalance.com/massageyour-way-to-good-health/infant-babymassages/. Acesso em: 04 jun.2013. Os bebês precisam de experiências táteis para o cérebro se desenvolver, e também para desenvolver a conexão entre o cérebro e o resto do corpo, essas experiências são tão vitais quanto os nutrientes e vitaminas (Silberg, 2011). Na aula passada, vimos toda a evolução do conceito de afetividade e sua relação com a aprendizagem e como o afeto influencia no processo de ensino e aprendizado atingindo assim o desenvolvimento da criança. Neste momento, abordaremos sobre a estimulação precoce e a evolução dos conceitos relacionados a ela. Bons estudos! 26Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas Seções de estudo 1- Estimulação precoce 2- Estimulação e os benefícios para o desenvolvimento 1- Estimulação precoce FIGURA 26 - ESTIMULAÇÃO Disponível em: http://arquidiocesedecampogrande.org.br/arq/formacao-familia/ pais/2793-como-multiplicar-a-inteligenciado-bebe.html?start=2. Acesso em: 04 jun.2013. O exercício ajuda o cérebro a refinar os circuitos para o desenvolvimento da coordenação motora. A estimulação precoce é uma ciência baseada principalmente nas neurociências, na pedagogia e nas psicologias cognitivas e evolutiva; é implementada através de programas construídos com a finalidade de favorecer o desenvolvimento integral da criança (Legarda; Miketta, 2008). Vamos definir, antes de tudo, a palavra estimular de acordo com (Aurélio, 1995): 1. excitar, incitar, instigar; picar, espicaçar, ativar. 2. Encorajar, animar”. Quando pensamos em estimular, pensamos em algo que irá alavancar, melhorar, excitar o desenvolvimento de algo. Neste caso, falaremos sobre a estimulação em bebês. Faremos um panorama pelos conceitos e autores que discutem este tema. Avançaremos no assunto e investigaremos o sentido do termo estimulação precoce. Veremos então o que dizem os teóricos: Conceito O termo estimulação precoce é derivado da tradução dos termos em espanhol – estimulacion precoz e estimulacion temprana e do inglês, erly stimulation ou early intervention. O que pode ser ainda intervenção precoce e educação precoce. A palavra estimulação vem do latim stimulatione, e significa ato de aguilhoar, ação de aguçar, coisa que estimula. Já a palavra precoce originária do latim praecox, significa prematuro, temporão, antecipado (Brasil, 1995). FIGURA 27 - BEBÊ BRINCANDO Disponível em: http-//1.bp.blogspot.com/_zogJRc5g_Q0/TCvVJ4U0gkI/ AAAAAAAAAig/UBznuPdPeMg/s400/mamaebrincando-bebe-grande.jpg. Acesso em: 04 jun. 2013. Para Houaiss et al. (2001) a definição de estimulação seria o ato ou efeito de estimular, que significa incitar, promover, empenhar-se para algo seja intensifi cado ou realizado. Pode-se, ainda, encontrar na literatura o termo estimulação essencial, advindo de uma crítica de alguns profi ssionais que acreditam que o emprego da palavra precoce não seria adequado, devido a sua relação com o entendimento de que nada poderia realizarse antecipadamente no que se refere ao desenvolvimento e à educação (Cabral, 1989). Contudo, para Pérez- Ramos (1996), o sentido da palavra estimulação, está ligada a sua natureza preventiva. Neste momento, é relevante explicar que a ação preventiva ocorre em três níveis: primário, secundário e terciário, o Ministério da Saúde (Brasil, 1994) define que: a prevenção primaria caracteriza-se pela promoção da saúde por meio de saneamento básico, condições de higiene pessoal e ambiental, fortalecimento de vínculos familiares, renda adequada as necessidades básicas, nutrição balanceada e sufi ciente, etc. Vacinação, pelos cuidados de puericultura, pelo controle de gestação de alto risco, pela atenção à desnutrição da gestante e da criança. Já a secundaria está relacionada a detecção precoce, a avaliação clinica global da mulher e do bebe, a exames para identificação de erros inatos do metabolismo, a prevenção de incapacidades, à intervenção precoce, a procedimentos imediatos e adequados para evitar e ou minimizar sequelas, à intervenção precoce, a procedimentos imediatos e adequados para evitar e ou minimizar sequelas, à intervenção em berçários destinados a bebes de alto risco e ao acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento de crianças ate 3 anos de idade. Enquanto que a prevenção terciária, trata-se da reabilitação. Fiquem atentos! A quem se destina todo este conjunto de técnicas de estimulação? 27 A estimulação precoce se destina às crianças de 0 a 3 anos de idade e, como medida de prevenção. Ou seja, desde o nascimento ou mesmo antes, já que os três primeiros anos de vida são os mais relevantes para o desenvolvimento do bebê, pois é até esta idade que o cérebro se forma em 60%. Desta forma, fica evidente que a estimulação da criança, desde a mais tenra idade, é fundamental para que ela desenvolva a capacidade. É a fase na qual a criança poderá adquirir qualquer habilidade com muito mais facilidade, ocorrendo a maior maturação do sistema nervoso central. Tendo em vista, que a estimulação precoce pode, ainda, reduzir consideravelmente o índice de pessoas com deficiência em um pais ou atenuar seus efeitos (Safar, 2011). É importante considerar que é nessa fase que se dá as mudanças de crescimento mais incríveis e que o ser humano é inteiramente sensível aos efeitos do meio que vive, durante o período da primeira infância (Fonseca, 1995 apud Safar, 2011, p. 12). De acordo com as Diretrizes Educacionais sobre a Estimulação Precoce (Brasil, 1995, p. 11): Estimulação precoce é o conjunto dinâmico de atividades e de recursos humanos e ambientais incentivadores que são destinados a proporcionar à criança, nos seus primeiros anos de vida, experiências significativas para alcançar pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo. Tendo em vista que o termo, “pleno desenvolvimento”, significa: desenvolvimento integral das potencialidades da criança, com suas diferenças em relação aos padrões regularmente previstos. FIGURA 29 - CRIANÇA COM TINTA Disponível em: http-//revistacrescer.globo.com/Revista/ Crescer/0,,EMI17793-10510,00.html. Acesso em: 04 jun. 2013. E quais seriam, então, os objetivos da estimulação precoce? O objetivo principal da estimulação precoce seria propiciar o desenvolvimento de habilidades básicas da criança com atraso no desenvolvimento em seus primeiros anos de vida ou ainda bebês de alto risco, com o intuito de prevenir ou minimizar déficit futuros. Os autores acreditam que as intervenções realizadas durante a etapa sensóriomotora (do nascimento até 2 anos) são determinantes para o desenvolvimento posterior e que capacitam a criança à aprendizagem futura (Pérez-Ramos, 1996). Segundo Herren e Herren (1989), com a finalidade de garantir à criança uma melhor interação com o meio em que criança vive, a estimulação precoce lança mão de uma série de processos preventivos e ou terapêuticos. A estimulação tenta, por meio de técnicas, anular as reações patológicas, direcionando a criança para aquisições das etapas do desenvolvimento motor e fundamentos do desenvolvimento, e preparando-a para uma atividade motora posterior mais complexa. Quando falamos em estimulação precoce, não falamos apenas na área motora, mas sim em um desenvolvimento geral da criança. É uma área abrangente que incluem noções de saúde, higiene, sociabilidade, a utilização da musica, de atividades que englobem passeios, diversão, jogos, recreação, trabalhos com lápis, giz de cera,pintura, recortes etc... E também a implantação de atividades básicas de vida diária (AVD e prática AVP). Hoje sabemos que o portador de deficiência tem apenas um ritmo de aprendizagem mais lento, embora as etapas ultrapassadas sejam as mesmas. O objetivo da estimulação é justamente acelerar esse processo, que foi retardado pela síndrome (TISI, 2010, p. 19). A estimulação precoce utiliza de experiências significativas, nas quais participam os sentidos, a percepção e o prazer da exploração, o autocontrole, o descobrimento, a expressão artística e o jogo. É importante o reconhecimento dos vínculos afetivos sólidos e uma personalidade segura, já que seu o objetivo principal é desenvolver a inteligência (Legarda; Miketta, 2008). FIGURA 30 - BEBÊ COM JOGO DE MONTAR Disponível em: http://arquidiocesedecampogrande.org.br/arq/formacao-familia/ pais/2793-comomultiplicar-a-inteligencia-do-bebe.html?start=3. Acesso em: 04 jun.2013. Quanto mais cedo e mais intensamente a criança usufruir a mediação intencional dos seus processos de aprendizagem, tanto mais tranquilamente se dará o seu desenvolvimento cognitivo (Feuertein apud Safar 2011, p. 4). Para o bebê, tudo é estimulo: sons, odores, cores, luminosidade, entre outros. Por outro lado, bebês que sofrem carência de estímulos corporais e ambientais adequados podem apresentar difi culdades no decorrer de outros estágios do desenvolvimento (Safar, 2011, p. 12). 28Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas Neste sentido, a detecção precoce de retardo no desenvolvimento ou situação de risco, torna-se tão importante quanto o atendimento propriamente dito em estimulação, já que quando mais cedo, melhores serão os resultados (Pérez- Ramos, 1996). No século XIX, deu-se início aos trabalhos de educação compensatória com Pestalozzi, Frobel, Montessori e McMillan. Neste momento, a intenção era compensar as defi ciências culturais e do próprio desenvolvimento de crianças de classe baixa. Acredita-se que a partir daí surgiram os programas de estimulação precoce (PÉREZ-RAMOS, 1996). Curiosidade Segundo a Organização Mundial de Saúde, o termo Deficiência trata- se da ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica, inserida na biologia da pessoa. Dessa forma, o termo pessoa com deficiência refere-se a qualquer pessoa que possua uma deficiência. É preciso observar, pois, em contextos legais, o termo pessoas com deficiências é utilizado de forma mais restrita, estando estas sob o amparo da lei. Faremos agora, um paralelo ao conteúdo de estimulação e realizaremos um breve retrocesso na história para entendermos a conotação do termo deficiência e a evolução da ciência para os dias atuais, nos quais falamos em estimulação precoce. Entre as décadas de 60 e 80, muitas terminologias foram aplicadas a fim de tentar esclarecer a diversidade, vejamos algumas delas: indivíduos “defeituosos”, “deficientes” ou “excepcionais”. Nesse período, a sociedade não se direcionou para a ausência de qualquer capacidade mental ou física das pessoas. Passando para os anos 90, o termo que mais se utilizou foi “pessoa portadora de deficiência”, passando a atribuir a deficiência como um valor agregado à pessoa. Dessa forma, substituiu-se o termo deficiência por “necessidade”, contudo, esse também foi eliminado. E, na atualidade, o termo aplicado é “pessoas com deficiência”, dando lhes o aumento da autonomia na tomada de decisões e aumento das responsabilidades no sentido de favorecer a inclusão (ZAVAREZSI, 2009). Um significativo avanço na história é que podemos contar, hoje, com as Diretrizes Educacionais sobre a estimulação precoce, como um marco para o desenvolvimento e estimulação de crianças em situação de risco e deficientes. Elaborada em 1995 pela secretaria de educação especial, tem como objetivo uniformizar os princípios e definir a abrangência de programas de estimulação precoce, assim como promover serviços, diretrizes, normas e procedimentos que norteiam suas atividades conforme progressos científicos e tecnológicos relativos à estimulação precoce e fundamentar a implantação e a atualização adequada dos programas destinados às crianças com necessidades especiais em seus primeiros anos de vida (Brasil, 1995). Curiosidade Entende-se por crianças portadoras de necessidades especiais com distúrbios no desenvolvimento originados por acidentes ocorridos durante a gestação, nascimento ou primeiros anos de vida: deficiência sensorial (auditiva e visual); defi ciência física; deficiência mental; deficiência múltipla e condutas típicas (síndrome do autismo e outras psicoses) (Brasil, 1994). De acordo com as Diretrizes Educacionais sobre a Estimulação Precoce: Toda criança tem condições e assimilar, de alguma forma, os benefícios da estimulação que lhe for proporcionada em função de suas características individuais, seja qual for o tipo e a intensidade de sua defi ciência; Os benéfi cos da estimulação precoce serão mais efetivos quando o processo for organizado e aplicado de maneira gradual, variada e motivadora, seguindo o desenrolar do progresso que a criança for alcançando em seu desenvolvimento; Toda família que possui criança portadora de necessidades especiais tem direito a receber apoio e orientação específi cos, face à problemática que decorre de tal condição, além de ter o dever de participar do processo de estimulação, assumindo o papel que lhe cabe. FIGURA 31 - CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA E SUA FAMÍLIA Disponível em: http://www.movimentodown.org.br/wp-content/uploads/2012/10/ movimento_down_header_sindrome.jpg. Acesso 04 em jun. 2013. Bolsanello (1998 apud Safar, 2011, p.14) esclarece que uma das funções da estimulação precoce é oferecer suporte e apoio à mãe com o intuito de facilitar a interação mãe-bebê e para que ela perceba o que seu filho é capaz de realizar. As mães devem perceber que, embora seus filhos apresentem deficiências, também possuem potencialidades que poderão ser desenvolvidas. Desta forma, é importante que os pais conheçam os estímulos e as atividades que serão desenvolvidas em um programa de estimulação, as quais irão favorecer o desenvolvimento de seus filhos, visto que a eficácia dos programas estaria justamente na disponibilidade afetiva da família (Shonkoff; Hauser-Cram, 1987 apud Safar, 2011). 2- Estimulação e os benefícios para o desenvolvimento FIGURA 32 - BEBÊ E JOGO DE XADREZ Disponível em: http://www.ciamaterna.com.br/wpcontent/ uploads/2013/06/ baby-genius.jpg. Acesso em: 05 jul. 2013. 29 Jogos e brinquedos ajudam a manter tônus muscular e o controle da postura. As brincadeiras são importantes nos primeiros anos de vida da criança, pois permitem a repetição de diversos movimentos fundamentais para o desenvolvimento saudável do bebê. Tendo em vista os conceitos de estimulação descritos acima, estudaremos agora os benefícios da mesma para o desenvolvimento saudável da criança. Veremos a seguir o que Perin (2010) descreve sobre o desenvolvimento nos primeiros anos de vida. E porque a estimulação seria tão importante nesta fase. O autor coloca que se trata de: um período no qual ocorrem diversas modificações importantes e se apresentam características de desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras. É nesta etapa de maturação que o organismo tornase apto ao aparecimento dos marcos do desenvolvimento que possibilitam as crianças o processo linear de seu crescimento global. A carência da estimulação nos primeiros anos de vida de uma criança diminui o ritmo do processo evolutivo e aumenta as chances de transtornos psicomotores, sócio-afetivos, cognitivos e da linguagem. O autor apresenta, ainda, os principais fatores que interferem no desenvolvimento infantil, na área médica: Nos fatores Pré-natais observa-se: Alteração de genes ou cromossomos (Down); • Fatores ambientais ligados a saúde da gestante; • Erros inatos do metabolismo (fenilcetonúria,hipotiroidismo congênito); • Microcefalia, hidrocefalia; • Infecções na gravidez (rubéola, toxoplasmose, sífi lis, AIDS); • Desnutrição, alcoolismo, fumo, uso de remédios, exposição à radiação. Fatores Perinatais (durante o nascimento): • Prematuridade; • Baixo peso ao nascer; • Problemas de parto (partos demorados, circular de cordão, parto pélvico); • Icterícias graves por incompatibilidade sanguínea; • Infecções; • Hemorragia cerebral; • Uso de fórceps; • Anóxia (falta de oxigênio). Fatores Pós-natais: • Prematuridade; • Deficiência alimentar (desnutrição); • Infecções agudas; • Parasitoses intestinais; • Doenças metabólicas; • Problemas emocionais (privação de afeto e de estímulos); • Violência, traumas. O trabalho de estimulação precoce apresenta como objetivo central o acompanhamento clínico e terapêutico de bebês em risco e com patologias orgânicas, uma vez que intervém junto aos familiares, com o intuito de gerar benefícios no desenvolvimento podendo propiciar: […] que os fatores estruturais (maturação, estruturação psíquica e cognitiva) e instrumentais (linguagem e comunicação, brincar, aprendizagem, psicomotricidade, início da autonomia e socialização), possam se articular de forma que a criança consiga o melhor desenvolvimento possível. O ponto central de referência é a estruturação ou reestruturação da função materna, abrindo espaço para a constituição da criança como sujeito psíquico capaz de autosignifi car-se (Brandão; Jerusalinsky, 1990, p. 55). A fase estipulada como mais propensa e de maiores resultados para a estimulação se deu, também, pela descoberta da “migração neuronal”. Evidenciou-se que até os dezoito primeiros meses, criam-se novas conexões neuronais, que podem vir a substituírem os neurônios prejudicados ou lesados. Sendo assim, a “migração neuronal” possibilita o surgimento de novas conexões, e o que tudo indica são eliciadas por infl uência do meio externo (Alves, 2007). Outro fenômeno importante para o entendimento da aquisição de conhecimento é a mielinização, que segundo Tisi (2010, p. 39) consiste: no aparecimento de uma substância, a mielina, ao redor de cada neurônio, permitindo que essas células nervosas se comuniquem entre si. A mielina funciona como um condutor elétrico da informação e só se forma a partir da soma de dois fatores internos e externos: O interno depende de uma constituição orgânica saudável e efi ciente. O externo, de estímulos percebidos através dos cinco sentidos e das experiências motoras, por exemplo. São os fatores ambientais, e neles incluímos uma alimentação correta, estímulos táteis e visuais variados, afetos etc... assim a criança que nasce com defi ciência tem uma estrutura interna deficitária, a estimulação adquire importância maior ainda. Desta forma, fica evidente que a interação da criança com o meio gera a estrutura de funcionamento de seu sistema nervoso central, uma vez que todo este mecanismo cerebral se desenvolve em maior velocidade nos primeiros dois anos de vida. Do ponto de vista clínico, qualquer evento ambiental nocivo, que ocorra na vida fetal (infecções congênitas, fumo drogas, etc.), durante o parto (anóxia, hemorragias maternas, etc.) e nos primeiros anos de vida (infecções, desnutrição, etc.), pode lesar o sistema nervoso central. Esse é um período 30Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas de grande plasticidade cerebral, sendo o cérebro capaz de realizar novas funções, transformando de maneira duradoura, com auxílio do meio ambiente, seja os elementos que o compõem, seja a rede de conexões que os une. Quanto mais jovem o indivíduo, mais plástico é o seu cérebro, apesar de que essa plasticidade também ocorre na idade adulta, porém é menos do que na infância (Nielsen- Ojd, 2013, p. 3). FIGURA 33 - VIDA UTERINA Disponível em: http://3. bp.blogspot.com/-fBAvQkbmip8/ TV5B366rTsI/ AAAAAAAAAJY/ EO5mtjb3WTY/s320/feto-it1.jpg. Acesso em: 04 jul.2013. O desenvolvimento integral do indivíduo, por meio da plasticidade que o cérebro apresenta, se torna fundamental para a prática de atividades de estimulação tendo em vista que: […] o comando genético do processo de maturação precisa de alimento funcional dos estímulos adequados. Também sabemos da plasticidade funcional e da capacidade compensatória deste sistema nervoso central. A maioria das células do sistema nervoso central é adquirida até os seis meses de vida extrauterina. Como consequência, o sistema nervoso central é muito vulnerável durante a gestação, o parto, o período pré natal e os primeiros anos de vida (Brasil, 2002b). Com todo o avanço das pesquisas em neurociências e suas descobertas sobre a plasticidade cerebral e o desenvolvimento de novas conexões neuronais, não se pode perder de vista a importância da relação mãe-bebê neste processo. Vejamos como é importante e adicional! Nas observações em lactentes normais, vemos que as crianças estimuladas têm, dentro de certos limites, um processo de maturação mais acelerado do que os não estimulados. Estes limites estão definidos por um automatismo genético, que provê a base material para a habilidade respectiva, mas que requer ser suscitado pela atividade materna, desde o exterior. Em caso contrário, a maturação sofre alterações, como é demonstrado pelo atraso que registram crianças com graves problemas emocionais e sem afecções neurológicas demonstráveis (Foster; Jerusalinsky, 1989, p. 171). É importante que o processo de estimulação seja acompanhado e realizado pela mãe, uma vez que o vínculo da relação mãe-bebê sustentado em uma relação de segurança facilita o processo. Pois, neste momento, está se estabelecendo uma gama de oportunidades e experiências, nas quais o bebê poderá adquirir destreza e habilidades, explorar e entender o que está acontecendo ao seu redor da forma mais natural e confortável. A estimulação precoce o que faz é unir esta adaptabilidade do cérebro à capacidade de aprendizagem, e fazer com que os bebês saudáveis amadureçam e sejam capazes de adaptar-se muito melhor ao seu ambiente e às diferentes situações. Não se trata de uma terapia nem de um método de ensino formal. É apenas uma forma de orientação do potencial e das capacidades dos mais pequenos. Quando se estimula um bebê, está-se abrindo um leque de oportunidades e de experiências que o fará explorar, adquirir destreza e habilidades de uma forma mais natural, e entender o que ocorre ao seu redor (Nielsen, 2013, p. 2). Para refletir O planejamento de atividades e de rotina de trabalhos seja no âmbito familiar ou escolar cria ambientes acolhedores e agradáveis, facilitando à criança uma aprendizagem pela convivência e experiências com o outro e também com afeição, amor e paciência. Após terem realizado uma boa leitura dos assuntos abordados em nossa aula, na Sala Virtual estão disponíveis os arquivos com as atividades (exercícios) que deverão ser respondidas e enviadas. Chegamos, assim, ao final da terceira aula. Espera-se que agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre a estimulação precoce. Vamos, então, recordar: “A estimulação precoce utiliza de experiências signifi cativas nas quais participam os sentidos, a percepção e o prazer da exploração, o autocontrole, o descobrimento, a expressão artiistica e o jogo. É importante o reconhecimento dos vínculos afeitvos sólidos e uma personalidade segura, já que seu o objetivo principal é desenvolver a inteligência” (Legarda; Miketta, s/d). Desta forma, será necessário o conhecimento adquirido nesta aula para seguirmos adiante e aprofundarmos nos programas de estimulação precoce. Retomando a aula 1 - Estimulação precoce A estimulação precoce se destina às crianças de 0 a 3 anos de idade e, como medida de prevenção. Ou seja, desde 31 o nascimento ou mesmo antes, já que os três primeiros anos de vida são os mais relevantes para o desenvolvimento do bebê. Poisé até esta idade que o cérebro se forma em 60%. Desta forma, fica evidente que a estimulação da criança, desde a mais tenra idade, é fundamental para que ela desenvolva a capacidade. É a fase na qual a criança poderá adquirir qualquer habilidade com muito mais facilidade, ocorrendo a maior maturação do sistema nervoso central. Tendo em vista, que a estimulação precoce pode, ainda, reduzir consideravelmente o índice de pessoas com defi ciência em um país ou atenuar seus efeitos (Safar, 2011). 2 - Estimulação e os benefícios para o desenvolvimento Jogos e brinquedos ajudam a manter tônus muscular e o controle da postura. As brincadeiras são importantes nosprimeiros anos de vida da criança, pois permitem a repetição de diversos movimentos fundamentais para o desenvolvimento saudável do bebê. Disponível em: http://criancaemfoco.com.br/index. php?option=com_content&view=article&id=126& Itemid= 117. Vale a pena acessar PERIN, A. E. Estimulação precoce: sinais de alerta e benefícios para o desenvolvimento. Revista de educação do IDEAU. Auto Uruguai. v. 5, n. 12, jul./dez. 2010. Disponível em: http://www. ideau.com.br/getulio/upload/artigos/ art_116.pdf. Acesso em: jul.2013. ALMEIDA, I. C. Intervenção precoce: Focada na criança ou centrada na família e na comunidade? Análise Psicológica, v. 1, n. XXII, p. 65-72, 2004. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v22n1/ v22n1a07.pdf. Acesso em: 06 jul.2013. BRASIL. Diretrizes Educacionais sobre estimulação precoce: o portador de necessidades educativas especiais. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Especial, 1995. http://www.portalinclusivo. ce.gov.br/phocadownload/car t i lhasdef ic iente/ diretrizeseducacionaissobreestimulacaoprecoce. pdf. Acesso em: 06 jul.2013. PINHEIRO, M. Fundamentos de neuropsicologia: o desenvolvimento cerebral da criança. Disponível em: http://www.fug.edu.br/revista/artigos/Organizados/ desenvolvimentosn.pdf. Acesso em: 06 jul.2013. Vale a pena ler Vale a pena Minhas anotações
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