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Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas Conceitos importantes quando se fala de educação infantil Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conceituar criança em sua singularidade, respeitando a infância como uma etapa primordial da vida do ser humano e para o processo de ensino e aprendizagem; • refletir o processo de cuidar na perspectiva da educação infantil; • compreender o processo de ensino e aprendizagem instaurado no conceito de educar crianças de zero a três anos; • analisar o contexto histórico em que está inserida a educação infantil para que possamos elucidar questões relevantes • acerca a educação infantil dos dias atuais; • perceber como a legislação ao longo da história da educação infantil brasileira influenciou o sistema educacional como um todo. Vamos recordar alguns conceitos sobre a criança em seus diversos aspectos para que a partir daí possamos compreender esse universo magnífico dos princípios e métodos de cuidar e educar crianças de zero a três anos na Educação Infantil. Estudar sobre os princípios e métodos de educar e cuidar crianças de 0 a 3 anos é de suma importância, pois quando estiverem atuando como professores(as) de educação infantil terão a compreensão de como se organiza o processo de ensino e aprendizagem nesta primeira etapa da educação básica. Para pessoas leigas aos assuntos educacionais, as crianças da faixa etária de zero a três anos ainda não estão propensas ao aprendizado, mas essa afirmação não é verdadeira. Estudos comprovam que quanto mais cedo a criança estiver inserida no ambiente escolar maiores são suas chances de apropriação do conhecimento. Bons estudos! 5º Aula 43 1 - A criança 2 - O conceito de cuidar 3 - O conceito de educar 4 - A educação infantil no contexto histórico 5 - Aspectos legais da educação infantil no Brasil 1 - A criança Quando se fala em criança pode-se pensar em uma concepção já historicamente definida, mas com o passar do tempo muitas mudanças vem surgindo, considerando principalmente a sociedade e o período em que vivemos. Disponível em: http://ouniversodaeducacaoinfantil.blogspot.com/ 01/09/22 blog- post.html. Acesso em: 01 set. 2022. Os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil (RCNEI), de 1998, em seu volume 1, afirma que: A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que desenvolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais. (p. 21) A criança nesse contexto apresentado pelo documento do Ministério da Educação (MEC) apresenta uma natureza singular e heterogênea, ou seja, cada criança pensa de um jeito, anda, fala, se expressa, enfim, cada uma possui características próprias. Assim como o convívio com outras pessoas se estabelece muito cedo e dessa forma começa a compreender o mundo que a cerca. Seções de estudo Disponível em: http://catarinaprofessora.blogspot.com/2010/03/poemas-para- brincar-jose-paulo-paes.html. Acesso em: 01 set. 2022. Nesse contexto da concepção de criança torna-se difícil não vincular a figura criança ao processo em que esta contextualizada na educação infantil. O mesmo documento mencionado anteriormente ainda salienta a respeito dessa etapa da educação básica: Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem o mundo é o grande desafio da educação infantil e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia, sociologia, medicina etc. possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil apontando algumas características comuns de ser das crianças, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças (p. 22). Contudo, cabe ainda dizer que a criança possui uma identidade e esta precisa ser respeitada pelo adulto, tem suas necessidades e devem consideradas, bem como vive a infância, que é considerada por especialistas em desenvolvimento infantil, principalmente psicólogos como etapa primordial para o bom desenvolvimento cognitivo e interpessoal do indivíduo. VOCÊ SABIA? A Constituição Federal de 1988 afirma: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Na próxima seção iremos conceituar o cuidar na perspectiva da educação infantil. 2 - O conceito de cuidar Acima de tudo precisa-se considerar que cuidar é: “valorizar e ajudar a desenvolver capacidades” (RCNEI, 1998. p. 24), para que a partir daí possa se começar a elucidar o conceito de “cuidar”. Quando se fala nesse termo precisa-se considerar o contexto de uma instituição de educação infantil, para que partindo disso 44Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas compreenda-se o cuidar como parte integrante da educação. Já que o ato de cuidar requer o desenvolvimento de habilidades e instrumentos que se reportam as questões de cunho pedagógico. Disponível em: tvdegraca.com.br. Acesso em: 01 set. 2022. Para que haja o desenvolvimento integral da criança muitos fatores influenciam no cuidar, como as questões relacionadas à afetividade e os aspectos biológicos do próprio corpo da criança, além da alimentação, saúde, bem como a oportunidade de acesso aos mais variados conhecimentos de mundo. Veja o que o RCNEI afirma sobre o assunto: As atitudes e procedimentos de cuidado são influenciadas por crenças e valores em torno da saúde, da educação e do desenvolvimento infantil. Embora as necessidades humanas básicas sejam comuns, como alimentar-se, proteger-se etc. as formas de identificá-las, valorizá-las e atendê-las são construídas socialmente. As necessidades básicas, podem ser modificadas e acrescidas de outras de acordo com o contexto sociocultural. Pode- se dizer além daquelas que preservam a vida orgânica, as necessidades afetivas são também base para o desenvolvimento infantil (RCNEI, 1998, p. 24-25). Nessa perspectiva, torna-se fundamental compreender as necessidades das crianças e o papel do adulto diante desse contexto. Um exemplo simples, mas que explica claramente esse poder de compreensão que parte do adulto, ocorre quando um bebê chora, pois a partir daí precisa prestar atenção na razão desse choro: o que levou a criança a dar essa resposta? Ao adulto cabe buscar meios de solucionar a situação, seja embalando o bebê no colo ou conversando, verificando as fraudas ou se há fome, enfim, o importante é encontrar um meio de melhor resolver o problema. Disponível em: tribunadonorte.com.br. Acesso em: 01 set. 2022. O RCNEI de 1998 aponta: O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de promoção à saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando em consideração as diferentes realidades socioculturais (p. 25). Sendo assim, o ato de cuidar requer comprometimento por parte do adulto, respeitando a singularidade da criança bem como asnecessidades e potencialidades. Contudo, torna-se também primordial a construção de um vínculo afetivo entre quem cuida e o ser humano cuidado (a criança). Diante disso, a figura do professor é fundamental para que assim possa levar a criança a identificar suas próprias necessidades garantindo assim um contínuo crescimento e desenvolvimento infantil. Já que é papel do professor conhecer como a criança sente, pensa, interage e vê a si mesma bem como o mundo, para que partindo disso possa ampliar seus conhecimentos e suas habilidades. CONCEITO Portanto, cuidado não pode ser compreendido na Educação Infantil como era antigamente, ou seja, apenas como a realização das tarefas de alimentação, higiene etc. O cuidado é mais que isso: o cuidado tem uma dimensão filosófica. A atenção, a ternura, o carinho, a gentileza, a generosidade, a simpatia, “o sentimento, a coisa mais fina do mundo” são dimensões do cuidado que precisam estar presentes nas relações entre as pessoas, tanto na Educação Infantil como em todas as outras atividades educativas”. Na próxima seção, vamos conferir os principais conceitos sobre o educar no contexto das instituições de educação infantil. 3 - O conceito de educar Com o passar dos anos percebeu-se que o processo de educar e cuidar caminham juntos, houve então a necessidade de instauração de instituições de educação infantil para que assim houvesse a integração do cuidar e educar. 45 Disponível em: clickgratis.com.br. Acesso em: 01 set. 2022. As novas propostas hoje para a educação infantil apontam para padrões de qualidade da educação ofertada, ou seja, profissionais qualificados para atuar como infraestrutura para receber a criança no ambiente escolar. A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a freqüentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação. (RCNEI, 1998, p. 23) As instituições de educação infantil ou centros de educação infantil precisam oferecer às crianças situações de socialização que ocorram por meio da brincadeira oriundas de situações pedagógicas organizadas e orientadas por profissionais da educação, os professores. Sendo assim, acaba por ser instaurado o processo de aprendizagem infantil. No RCNEI (1998, p. 23) afirma ainda que: Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. Assim sendo, a missão maior apresentada pela educação infantil e a arte de cuidar e educar fica amparada no compromisso que há com o processo de ensino e aprendizagem das crianças na faixa etária de zero a três anos de idade. A seguir, trataremos do contexto histórico em que está inserida a educação infantil dos primórdios aos dias atuais. 4 - A educação infantil no contexto histórico Inicialmente, o papel de cuidar e educar era uma tarefa essencialmente da mãe e do pai, ou seja, da família. Entretanto, nos últimos vinte anos essa perspectiva foi ultrapassada, pois houve compreensão de que a criança necessita de garantias de um desenvolvimento motor, cognitivo, social, cultural, dentre outros aspectos que podem ser trabalhados na educação infantil, como forma de garantia do processo de aprendizagem da criança. Disponível em: themewordpress2011.com. Acesso em: 01 set. 2022. Para se ter uma ideia, historicamente falando sobre a criança, no Brasil Colônia, a partir de 1500, a infância demorou a ser reconhecida, pois tinha-se como ideal o modelo europeu de vida. E, nessa perspectiva, a criança era tida como no período de infância até os sete anos de vida, após essa faixa etária acompanhava a vida dos adultos, sendo também incluídas no processo educativo. Disponível em: saibaja.com.br. Acesso em: 01 set. 2022. VOCÊ SABIA? Neste período da história brasileira a educação também estava limitada aos pertencentes à burguesia (pessoas de posse) enquanto que os trabalhadores (plebeus) aprendiam trabalhos manuais e braçais. Sendo assim, a infância não era vista como uma fase e não tinha seus direitos assegurados, bem como a distinção de raça, cor e posição social influenciava o convívio em sociedade, conforme relata Espindola (2006): 46Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas Na sociedade colonial-escravista, por um longo período da história brasileira, a infância esteve socialmente à margem de qualquer valorização. Consequentemente, sua educação não se traduziu em objetivo a ser alcançado. Ao contrário da criança escrava e indígena, a criança branca, filha do fazendeiro da casa- grande, tinha uma ama negra para dela cuidar (p. 41). Dando continuidade ao desenrolar da história da infância no Brasil, vale salientar que no Brasil Império (1822-1889) houve a institucionalização da educação para a criança. E, essa conquista está garantida até hoje por meio da Constituição Federal de 1988, pois está assegurado na lei o direito à educação para crianças a partir dos seis anos. Embora haja tramitação legal no legislativo federal para assegurar o direito a educação a partir dos quatro anos de idade, ainda há muita discussão a ser feita sobre a inserção da criança de quatro anos no ensino obrigatório. Ainda na evolução da história da infância no Brasil, houve um tempo no período do Brasil Império em que a educação das crianças estava a cargo de pessoas vinculadas à igreja como padres-mestres, capelães de engenho, ou seja, pessoas portadoras de certo grau de instrução e que eram respeitadas perante a sociedade. VOCÊ SABIA? Capelães de engenho eram pessoas que tinham a função de cuidar da vida espiritual da comunidade que vivia no engenho (grandes fazendas) e em terras vizinhas, bem como lavradores e mecânicos, com suas famílias que prestavam serviço ao engenho. Disponível em: http://www.uel.br/grupo-estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesan ais/anais9/artigos/mesa_redonda/art9.pdf. Acesso em: 01 set. 2022. Neste período também encontra-se situações de abandono de crianças e em função disso criaram-se locais chamados de casas de abrigo, que eram apropriados para cuidar e educar. A partir das publicações de Lourenço Filho houve preocupação oficial com a educação infantil no Brasil e a educação de uma forma geral. SABER MAIS Manoel Bergström Lourenço Filho (1897-1970) publicou vários livros, textos, artigos sobre a literatura infantil e juvenil. Sendo assim, começou-se a pensar sobre a criação de um jardim-de-infância, que se tratava de um local propício ao desenvolvimento infantil e à formação de sua personalidade. Contudo, surgiram também as creches que representavam espaços onde as mães trabalhadoras, pobres e operárias, deixavam seus filhos antes de ir para o trabalho. Nesta nova perspectiva da educação para a infância pode-se perceber que a criança começou a ser vista com outros olhos, ou seja, com um olhar para a conscientização da sua importância e singularidade. Disponível em: educacaodeinfancia.com. Acesso em: 01 set. 2022. Em 1878, um projeto da reforma de Leôncio de Carvalho tinha como ponto chave a liberdade de ensino. No artigo n. 2 do mesmo projeto garantia a obrigatoriedade de frequência às escolas primárias, a partir dossete anos de idade. SABER MAIS Carlos Leôncio de Carvalho, segundo Lira (1949), nasceu em 18 de junho de 1847, na cidade de Iguaçu, na província do Rio de Janeiro, era filho do Dr. Carlos Antonio de Carvalho. Reformou por meio do Decreto de 19 de abril de 1879 a instrução pública primária e secundária no Município da Corte. Sua reforma educacional marcou uma etapa importante na educação brasileira. Percebe-se que a partir desse período da história da infância no Brasil há uma preocupação com a sistematização da instrução pública no país. E, a partir desse período a criança começou a receber o atendimento em instituições especializadas, conforme modelo europeu de ensino. Ainda na análise histórica, a partir da Primeira República (1889-1930), período de grande desenvolvimento econômico, por meio do café, viu-se que a política entrou em uma nova fase e a educação passou por muitas reformas, sem grandes progressos para a educação infantil. Para melhor expressar a afirmação acima, salienta Espíndola (2006) na p. 106: Pode-se afirmar que a Educação Infantil tem um pouco mais de cem anos no Brasil. O primeiro jardim-de-infância oficial brasileiro, no período republicano, começou a funcionar em 18 de maio de 1896, anexo à Escola Normal Caetano de Campos, em São Paulo. (grifos do autor). Neste período histórico o jardim de infância representou uma oportunidade de desenvolvimento integral da criança, por meio de jogos, brincadeiras, música, cantos, pintura, criação de animais, contos, ou seja, a criança tinha todos os seus sentidos explorados. O contrário que se vê nos dias atuais, pois preocupa-se muito com o processo de leitura e escrita, ou seja, as instituições de educação infantil estão fugindo da proposta inicial da Primeira República. Já na República Nova (1910-1920) a busca por melhores condições de vida e de trabalho marcaram esta nova fase 47 da história brasileira, inclusive na educação, pois todas as camadas sociais reivindicavam creches para deixarem seus filhos no período em que estavam trabalhando. Logo, pode-se afirmar que este período da história da educação foi marcado por revoluções e grandes debates também no setor educacional. Nesta vertente, torna-se relevante salientar que neste período tanto a educação infantil quanto o ensino primário não ganharam grande prospecção uma vez que o ensino secundário e o ensino superior foram os que sofreram reformas. Diante dessa situação, educadores e intelectuais da época que vislumbravam uma reforma educacional, organizaram um documento intitulado de Manifesto dos Pioneiros, o qual propunha ideais de uma escola pública gratuita e obrigatória para ambos os sexos nas escolas. Disponível em: coladaweb.com. Acesso em: 01 set. 2022. Avançando um pouco no período histórico, entre as décadas de 1930 e 1950 as instituições de educação infantil criadas se caracterizavam por sua postura paliativa, ou seja, preocupavam-se com a alimentação, higiene e segurança das crianças, uma vez que a grande maioria dessas instituições eram organizações filantrópicas. E, em 1940 foi criando o Departamento Nacional da Criança (DNCr) que preocupava-se principalmente com a saúde e o processo educativo das crianças. Contudo, o grande marco da história da educação infantil brasileira foi a aprovação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), as quais exigiam a criação de creches sob responsabilidade de empresas privadas para atender os filhos dos próprios funcionários. Já na década de 1960 a educação foi marcada pelo movimento da Escola Nova, a qual trazia a preocupação de natureza pedagógica ao lidar com as crianças. VOCÊ SABIA? Escola Nova é um dos nomes dados a um movimento de renovação do ensino que foi especialmente forte na Europa, na América e no Brasil, na primeira metade do século XX . “Escola Ativa” ou “Escola Progressiva” são termos mais apropriados para descrever esse movimento que, apesar de muito criticado, ainda pode ter muitas ideias interessantes a nos oferecer. Disponível em: http://www.educacional.com.br/glossariopedagogico/verbete. asp?idPubWiki=9577. Acesso em: 01 set. 2022. Em seguida trataremos dos principais aspectos legais que norteiam a história da educação infantil, desde a primeira LDB n. 4.024/1961 a de n. 5.692/1971. 5 - Aspectos legais da educação infantil no Brasil A preocupação com a criança em sua essência, respeitando sua singularidade, fez com que a educação infantil fosse vista como uma etapa do processo educacional e não meramente cuidados com a alimentação, bem como higiene da criança. Sendo assim, houve a necessidade de organizar leis que garantissem o direito à educação. Para tanto, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) n. 4024 promulgada em 1961, no Título VI do Capítulo I, aponta os seguintes artigos: Art. 23. A educação pré-primária destina-se aos menores até sete anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins-de-infância. Art. 24. As emprêsas que tenham a seu serviço mães de menores de sete anos serão estimuladas a organizar e manter, por iniciativa própria ou em cooperação com os poderes públicos, instituições de educação pré-primária. Os artigos citados acima deixam claro que a lei não determina ao poder público a obrigatoriedade em garantir recursos financeiros para a educação infantil. Sendo assim, mais uma vez a educação infantil sofreu mudanças, pois profissionais de áreas afins a educação ocuparam também espaço nas creches, como psicólogos, pedagogos e recreacionistas. Na década de 1960 a influência desses novos profissionais da educação resultou em uma nova mudança na rotina das instituições de educação infantil. Passou-se a ter uma preocupação maior com o desenvolvimento das habilidades infantis, a organização do espaço, a inserção de atividades diversificadas, dentre elas, os jogos e brincadeiras, de tal modo que a criança não ficasse na ociosidade(Espindola, 2006, p. 91) Todavia, a questão da qualidade do ensino ofertado não apresentou progressos, e um dos fatores determinantes desse fato respalda-se na grande expansão do setor em todo o país, impossibilitando um atendimento de qualidade devido ao quantitativo na demanda ser expressivo. Disponível em: isaude.net. Acesso em: 01 set. 2022. 48Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas Em 1971, surgiu uma nova LDB a de n. 5.692, que trouxe diretrizes e bases para o ensino ofertado no 1º e 2º graus. Essa lei surgiu em um contexto de regime militar e a educação infantil não sofreu grandes mudanças. Como pode- se perceber nos artigos de n. 17 a 20, os quais estão presentes no Capítulo II e reportam-se exclusivamente ao Ensino de 1º Grau: Art. 17. O ensino de 1º grau destina-se à formação da criança e do pré-adolescente, variando em conteúdo e métodos segundo as fases de desenvolvimento dos alunos. Art. 18. O ensino de 1º grau terá a duração de oito anos letivos e compreenderá, anualmente, pelo menos 720 horas de atividades. Art. 19. Para o ingresso no ensino de 1º grau, deverá o aluno ter a idade mínima de sete anos. § 1º As normas de cada sistema disporão sôbre a possibilidade de ingresso no ensino de primeiro grau de alunos com menos de sete anos de idade. § 2º Os sistemas de ensino velarão para que as crianças de idade inferior a sete anos recebam conveniente educação em escolas maternais, jardins de infância e instituições equivalentes. Art. 20. O ensino de 1º grau será obrigatório dos 7 aos 14 anos, cabendo aos Municípios promover, anualmente, o levantamento da população que alcance a idade escolar e proceder à sua chamada para matrícula. Parágrafo único. Nos Estados, no Distrito Federal, nos Territórios e nos Municípios, deverá a administração do ensino fiscalizar o cumprimento da obrigatoriedade escolar e incentivar a freqüência dos alunos. Sendo assim, pode-seobservar que a Lei n. 5.692 não referencia a educação infantil. E, este setor da educação ainda aguardava uma legislação que contemplasse as especificidades da educação infantil. Na próxima aula vamos analisar à atual LDB, a de n. 9.394/1996 a qual representou um grande avanço para a educação infantil, mas ainda há muitos pontos que precisam ser revistos visando assegurar a qualidade do ensino ofertado. CHEGAMOS AO FINAL DA NOSSA QUINTA AULA!! Nesta quinta aula pudemos melhor compreender alguns conceitos fundamentais sobre a criança e seu desenvolvimento histórico. Além disso, também podemos dizer que a evolução da educação infantil no Brasil foi muito grande, uma vez que no Brasil Colônia a infância não era considerada uma etapa da vida da criança sendo então precocemente considerada como um adulto. Entretanto, com o passar das décadas e com a transformação socioeconômica do brasileiro verificamos que em função da necessidade dos trabalhadores em deixar seus filhos em instituições que pudessem dar continuidade ao processo educativo, surgiram as creches. Essas, por sua vez, inicialmente tinham como objetivo principal cuidar da alimentação e higiene das crianças que ali passavam horas enquanto os pais trabalhavam. Contudo, no decorrer dos anos percebeu-se que o papel das creches deveria ir além do cuidar, necessitava-se desenvolver o processo educativo também. Sendo assim, houve a necessidade da instauração de leis, diretrizes que norteassem a educação infantil e o ensino obrigatório no Brasil. Lembrando que, a educação infantil nas décadas de 60, 70 e até os dias atuais é um direito da criança mas não representa uma obrigatoriedade. Nesse sentido, passou-se muito tempo em que o Estado não detinha o compromisso em oferecer e atender a toda a demanda da educação infantil. Logo, percebemos que a evolução do processo de ensino e aprendizagem na educação infantil é nítido e de fundamental importância para as crianças e para o enriquecimento do sistema educacional no Brasil. Chegamos, assim, ao final da quinta aula. Espera-se que agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre o conceito sobre crianças. Vamos, então, recordar o que vimos: Retomando a aula 1 - A criança Nesta primeira seção, estudamos conceitos sobre a criança no contexto da Educação Infantil. 2 - O conceito de cuidar Nesta seção, tivemos a oportunidade de melhor compreender o processo de cuidar no contexto educacional. 3 - O conceito de educar Nesta terceira seção, compreendemos que o educar não está distanciado do cuidar, pois ambas as ações caminham juntas em prol do aprendizado da criança. 4 - A educação infantil no contexto histórico Na quarta seção, fizemos uma retrospectiva histórica da evolução da educação infantil no Brasil. 5 - Aspectos legais da educação infantil no Brasil Nesta última seção, pudemos melhor compreender a legalidade da educação infantil em nosso país. 49 Minhas anotações ROSSETTI-FERREIRA, Maria C.; AMORIM, Katia S.; VITÓRIA, Telma. A creche enquanto contexto possível de desenvolvimento da criança pequena/ The crèche as a possible context of development for the child Disponível em: http://bases.bireme.br/cgi- bin/ wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah. MUSATTI, Tullia. Programas educacionais para a pequena infância na Itália. Rev. Bras. Educ., dez. 2003, n. 24, p. 66-77. ISSN 1413-2478. Disponível em: http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis. exe/iah/. Vale a pena ler Vale a pena www.omep.org.br revistaescola.abril.com.br www.brasilescola.com www.estimulando.com.br www.scielo.br Vale a pena acessar h t t p : / / w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=SMaJQX9NVmI&feature=related Vale a pena assistir