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Livro Geografia I para Ensino Fundamental -píginas-27

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CARVALHO, L. V.; MOURA, M. L.38
criar os meios para que ela (a criança) torne-se apta a buscar por ela mesma 
a informação de que necessita e os contextos adequados para a aquisição 
desse conhecimento. 
O desenvolvimento humano, incluindo o desenvolvimento da criança, 
se dá em relação, sendo exatamente isso o que faz do aprendizado de geo-
grafia, do espaço, uma atividade social e não um pensamento do espaço de 
origem misteriosa. Deste modo, a apreensão dos conceitos geográficos nos 
primeiros anos de escolarização deve-se partir do entendimento de que os 
objetos que transversa o cotidiano da criança não são objetos isolados dos 
objetos do mundo e as ações da criança se articulam indissociavelmente com 
esses objetos que ocupam um determinado lugar no espaço e estão situados 
entre outros objetos do mundo de forma correspondente. 
Nas palavras de Bittencourt (2004), situações sociais familiares, econô-
micas e de saúde, por exemplo, são interferência no cotidiano dos indivíduos 
que lhes forçam a busca por soluções e “...se ‘requilibrar’ de modos diversos em 
seu processo cognitivo e nem sempre dentro da faixa etária prevista” (p. 188).
O conceito geográfico de lugar, por exemplo, como produto da atividade 
pensante, não existe enquanto ideia separada do mundo dos sentidos. O lugar 
é dinâmico, se forma, progride e se enriquece sendo, portanto, um conceito 
objetivo, prático, concreto. A prática pedagógica, por sua vez, reclama pela in-
tencionalidade de suas ações. 
Nesse sentido, a tarefa dos (das) professores (as) dos primeiros anos de 
escolarização é pensar situações pedagógicas que assegurem a articulação 
entre o movimento do pensamento e a o mundo real, levando em consideração 
o nível do desenvolvimento dos significados e das estruturas de generalizacão 
predominante em cada nível desse mesmo desenvolvimento. 
Contudo, por vezes, os educadores não respeitam a interação da crian-
ça com o seu ambiente natural. Por vezes, isolam a criança das relações en-
tre as ações e os objetos do mundo, preocupando-se em transmitir a realidade 
do espaço natural, inclusive social, através de conceitos formais muitos dos 
quais sem interagir com o mundo de significados da criança e menos ainda 
com a preocupação de estimular situações práticas de aprendizagem que 
favoreçam a criança a aquisição de novos signos, para além da experiência 
puramente vivida. 
Isso significa dizer que existem diferenças entre a formação dos concei-
tos espontâneos e os conceitos científicos. A formação dos conceitos científi-
cos não pode se confundir com os conceitos espontâneos que a criança traz 
do ambiente extra-escolar, como ressalta Nurez e Pacheco (1997):

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