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CBI of Miami 2 DIREITOS AUTORAIS Esse material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos sobre ele estão reservados. Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou quaisquer veículos de distribuição e mídia. Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações legais. CBI of Miami 3 Ensino Avançado de Operantes Verbais Iara Carvalho Aula 1: Ouvinte por Função, Característica e Classe As pessoas costumam dizer a mesma coisa de diferentes maneiras, usando palavras diferentes e algumas vezes de forma indireta. Em virtude dessa característica dinâmica do comportamento verbal pode ser especialmente difícil para crianças com autismo e outros atrasos de linguagem entender o que estão ouvindo ao seu redor, embora, em muitos casos, tenham um repertório amplo de tato e discriminações de ouvinte simples. Um aspecto importante do desenvolvimento verbal corresponde a compreender sentenças mais complexas e abstratas. Nesse sentido, uma habilidade importante que a criança precisa adquirir é identificar um objeto ou atividade a partir de informações sobre ele sem que esse seja nomeado, o que podemos chamar de Responder como Ouvinte por Função, característica ou Classe (ROFCC). É comum que as pessoas falem sobre coisas ou atividades relacionando-as a esses aspectos (por exemplo, chamar de animais organismos vivos de diferentes formas). Assim, o ROFCC corresponde a uma resposta não verbal (identificar objetos) sob controle de estímulos antecedentes verbais. Embora parecido com o intraverbal, a diferença entre os dois é que, nesse último, tanto o antecedente quanto a resposta são verbais. Por exemplo, numa tentativa de ROFCC o terapeuta diz para a criança: “Mostra quem faz miau!” e, em meio a um conjunto de outros itens a criança aponta para figura de um gato. Já no intraverbal, ao ser perguntada “Qual o animal que faz miau?” a criança deve falar “gato” sem a presença do animal, objeto ou figura que o represente. Ambos os repertórios são a base de uma comunicação mais complexa e da habilidade de raciocinar. Enquanto discriminações de ouvinte comuns a criança ouve o nome do item (por exemplo, “Aponta a bola”) e deve identificar ao que se refere, no ROFCC ela deve responder a instruções do tipo: “Aponta o objeto redondo” (característica); “Aponta o que você joga?” (função) e “Aponta o brinquedo” (classe). CBI of Miami 4 Sundberg & Partington (1998) sugerem que após a aquisição de 50 palavras como mandos, tatos e discriminações de ouvinte, a maioria das crianças com déficits verbais já está apta a iniciar o treino de ROFCC. Porém é necessário que as respostas de mando, tato e ouvinte sejam consistentes, ocorrendo e alta frequência e em uma latência curta, ou seja, que a criança não demore para responder. Além disso, elas devem ser generalizadas e o responder correto deve se manter mesmo quando as perguntas ou instruções iniciais variarem. Por exemplo, no caso do tato a criança deve responder a diferentes frases como “Me diga o que é isso?”, “O que você tá vendo?” e nas discriminações de ouvinte, ela deve responder a frases como “Me mostra o ,” ou “Pega o .” Os primeiros alvos de ensino do ROFCC devem ser selecionados de itens já conhecidos pela criança, que ela sabe nomear ou identificar como ouvinte. Os demais aspectos relevantes citados por Sundberg & Partington (1998) são descritos abaixo: 1. Inicia com uma discriminação entre dois itens bem diferentes e de categorias diferentes. 2. O terapeuta começa fazendo as tentativas de tato e ouvinte para aquecer. 3. Se a criança responder corretamente, o terapeuta deve apresentar uma tentativa de ROFCC contendo dois itens. (Se a criança errar deve ser feito um procedimento de correção. Vários erros consecutivos indicam que a criança ainda não tem os pré-requisitos para esse ensino). 4. Quando a criança estiver respondendo corretamente aos dois itens (objetos ou figuras), novos itens devem ser gradualmente inseridos e intercalados com os já conhecidos, bem como novas frases (instruções/perguntas). 5. É interessante começar com frases associadas aos itens alvos (Por exemplo, “Onde você senta?”), que descrevam a função, sons de animais ou sinônimos (“Aponta o cachorro” / “Aponta o cão”). 6. Em seguida o terapeuta pode passar para frases mais difíceis relacionados a características, por exemplo, “Mostre o animal que tem pelos”. 7. Posteriormente podem ser utilizadas frases que envolvam a categoria ou CBI of Miami 5 classe. 8. O passo seguinte é ir tornando a discriminação mais complexa, o que pode ser feito aumentando o tamanho do conjunto que a criança tem que rastrear, colocando itens distratores, utilizando livros, figuras de cenas ou mesmo realizando as tentativas em ambiente natural. Os autores aqui citados também afirmam que é muito importante que o terapeuta tenha habilidade de elaborar diferentes estímulos verbais, de modo a tornar o ensino mais próximo do que ocorre no ambiente natural e variar o treino para evitar que a criança aprenda respostas prontas. Além disso, o treino deve ser intercalado a tentativas dos demais operantes verbais e que siga os procedimentos de fornecimento e esvanecimento de dicas, modelagem, reforçamento e generalização. Aula 2: Ensino de Intraverbais Avançados Intraverbal é uma resposta verbal que é evocada por um estímulo também verbal diferente (sem correspondência ponto-a-ponto) e tem como consequência reforço generalizado. Por exemplo, completar lacunas em frases, fazer associações entre palavras e responder perguntas se caracterizam como respostas intraverbais. Esse operante é essencial ao desenvolvimento das interações sociais e comunicação, bem como grande parte dos nossos conhecimentos das mais diversas áreas são aprendidas como cadeias intraverbais, por exemplo, raciocínio lógico, matemática, ciências em geral. O intraverbal se diferencia do mando e do tato, pois esses têm antecedentes não verbais, operação motivadoras e estímulos não verbais, respectivamente. Também é diferente do ecoico, pois nesse o antecedente e a resposta são a mesma palavra, ou seja, há correspondência ponto a ponto. Para crianças com autismo e outros atrasos, responder sob controle de estímulos verbais é uma habilidade bem difícil, ainda mais porque esses estímulos variam constantemente. Por exemplo, quando quero saber o nome de alguém eu posso perguntar “Como você se chama?”, “Qual seu nome?”, “Seu nome é?”. Algumas crianças com autismo e atrasos de linguagem tem dificuldades em lidar com essa variação e outras demonstram uma tendência em repetir a última palavra ou CBI of Miami 6 frase que ouviram (ecolalia), o que impossibilita a continuidade de interações verbais funcionais. Desse modo, é muito importante que os pré-requisitos do comportamento intraverbal sejam adquiridos o quanto antes. Sundberg & Partington (1998, p. 154) recomendam que o treino de intraverbal deve começar após a criança ter adquirido aproximadamente 50 mandos e tatos e paralelamente ao treino de ouvinte por função, característica e classe. Algumas crianças podem precisar de mais treino de mando, tato e ouvinte antes de iniciarem o treino de intraverbal. O objetivo do treino de intraverbal é começar a estabelecer o repertório, ou seja, que a criança consiga responder verbalmente às palavras de outra pessoa utilizando palavras diferentes das que ouviu. Uma formade começar é utilizando músicas e deixando lacunas para a criança completar. Por exemplo, o terapeuta ou o cuidador podem cantar uma música diversas vezes enquanto a criança vai imitando e, numa próxima vez, ele deve deixar a última palavra incompleta (“O sapo não lava o ”). Se a criança completar (dizendo “o pé”), a resposta deve ser reforçada com a continuação da música ou outros reforçadores. Quando a criança completar a lacuna referente a uma palavra em diversas músicas, podem ser retiradas as duas últimas palavras. Essas lacunas intraverbais devem ser divertidas e de acordo com os interesses da criança e podem incluir rimas (Um, dois, feijão com...), sons de animais (A galinha faz ...) e associações (sapato e ...), dentre outros. Outro procedimento de ensino de intraverbais pode ser feito a partir de uma operação motivadora (OM) e de um estímulo discriminativo não-verbal (SD não verbal) e consiste na transferência de função da resposta de mando para intraverbal. Por exemplo, sabendo que a criança está privada de biscoito (OM), o terapeuta pode apresentar o biscoito (Estímulo discriminativo não verbal) juntamente com a frase “Você come...” (Estímulo discriminativo verbal) e fornecer a dica ecoica para a criança responder, caso seja necessário. Ao responder corretamente a criança deve receber o item. Note que até esse momento a resposta está sob controle de múltiplos antecedentes e tendo como consequência reforço específico, o que a caracteriza, em parte, como um mando. O próximo passo é retirar o estímulo não verbal (nesse caso, o biscoito), o que pode ser feito com o atraso da apresentação. Em seguida, deve ser CBI of Miami 7 esvanecida a OM e o reforçador específico, o que pode ser feito usando uma figura do biscoito no lugar do item em si. Por fim, devem permanecer apenas o Estímulo discriminativo verbal (Você come...) e o reforço condicionado generalizado para as respostas corretas da criança. Antecedentes Resposta Consequência Operação motivadora (Você come...) SD verbal (o biscoito) SD não verbal (“biscoito”) Dica ecoica falar “biscoito” Receber o biscoito Elogio (RCG) Contato físico Operação motivadora (“Você come...”) SD verbal (o biscoito) SD não verbal falar “biscoito” Receber o biscoito Elogio (RCG) Contato físico Operação motivadora falar “biscoito” Receber o biscoito (“Você come...”) SD verbal falar “biscoito” Elogio (RCG) (“Você come...”) SD verbal falar “biscoito” Elogio (RCG) Quando a criança conseguir responder unicamente sob controle do estímulo discriminativo verbal podemos afirmar que houve a transferência de função e que ela está emitindo um intraverbal puro. Esse repertório precisa ser cuidadosamente treinado em algumas crianças com autismo e atrasos de linguagem, pois mesmo que elas tenham vastos repertórios de tatos e respostas de ouvinte, isso não significa que irão utilizar essas palavras na função intraverbal. Com o aprendizado dessa função, a criança será capaz de responder ao conteúdo da fala de outras pessoas e participar de interações verbais que CBI of Miami 8 constituem boa parte da socialização. Aula 3: Ensino de Tato e Responder de Ouvinte Avançados O repertório de tato é a base da linguagem funcional (GREER & ROSS, 2008). Desse modo, quando a criança adquire o vocabulário básico, o foco do ensino deve ser os aspectos mais avançados de cada um dos repertórios verbais. É importante que o ensino de tato seja feito juntamente com o de ouvinte, de modo a proporcionar o desenvolvimento da habilidade de nomeação (naming). Em relação ao tato, as crianças precisam aprender a nomear objetos e ações menos comuns, propriedades dos objetos e ações (adjetivos e advérbios) relações entre objetos e ações (preposições) e pronomes. Além disso, devem aprender a tatear os estímulos do ambiente utilizando seus demais sentidos (auditivo, olfativo, tátil, gustativo) e eventos privados ocorrendo em seu corpo, como emoções e dores. Nesse sentido, algumas características dos estímulos não verbais devem ser observadas ao se introduzir palavras novas para crianças autistas, visto que eles podem ter uma ou muitas partes, afetar diferentes modalidades sensoriais, ser fixos ou transitórios, observáveis ou não. Outro modo pelo qual o repertório de tato se torna mais complexo é com a formação de sentenças. Enquanto no tato a complexidade é relacionada a resposta, consistindo em emitir mais palavras para descrever um evento ambiental (O menino chutou a bola rapidamente), no ouvinte é mais relacionada aos estímulos, pois a criança deve aprender a discriminar estímulos verbais e não verbais mais complexos. Por exemplo, para realizar a ação relacionada à frase “Pegue a blusa azul que está em cima da cômoda”, a criança precisa compreender todos os elementos da sentença e distinguir entre os estímulos do ambiente que estão dispostos em arranjos maiores (cômoda, blusa azul). Todavia, embora as tarefas sejam mais difíceis, podem ser utilizados os mesmos procedimentos de transferência de controle de estímulos empregado no ensino de tatos e ouvinte básicos. Quando a criança tiver aprendido a nomear diferentes objetos e figuras, deve ser iniciado o treino de tato de ações, pois ações são mais difíceis de ensinar em virtude de seu caráter temporário. No treino, o terapeuta deve realizar uma ação, perguntar “O que eu estou fazendo?” e utilizar um procedimento de CBI of Miami 9 transferência de controle de estímulos que consiste na apresentação e esvanecimento de dica ecoica. O treino de ouvinte de ações pode ser feito de maneira intercalada ao de tato de duas formas, na primeira o terapeuta solicita que a criança realize uma ação, por exemplo, “correndo” e na outra, ele pede que a criança aponte a figura de uma pessoa correndo em meio a um arranjo de figuras. Na etapa seguinte, pode ser ensinada a combinação dos substantivos e verbos já conhecidos pela criança, de modo que ela aprenda a descrever movimento relacionados a objetos, por exemplo, “Bola pulando”. Paralelamente deve ser feito o treino de ouvinte para que a criança identifique a bola pulando em meio a outros objetos. Posteriormente ao tato de ações deve ser iniciado o de adjetivos, que corresponde ao aprendizado de características de objetos, tais como cor, forma, tamanho, peso, textura, sabor, cheiro, do que são feitos. Adjetivos possuem peculiaridades que tornam difícil sua aquisição por crianças autistas e com atrasos no desenvolvimento, pois muitos objetos diferentes podem ter as mesmas características, o que requer a abstração de determinada característica em detrimento de outras. Exemplos de erros que podem ocorrer no ensino são, por exemplo, se a criança aprender a dizer bola apenas na presença de uma bola vermelha, essa resposta pode ficar sobre controle da cor e não das demais caraterísticas da bola, assim, ela pode chamar outros objetos vermelhos de bola. Também é possível que, se ela aprender a nomear o objeto pela cor, por exemplo, falar vermelho para nomear um carrinho, fique confusa ao encontrar mais objetos vermelhos. Outro erro comum é ensinar a criança a dizer bola vermelha antes que ela aprenda a nomear separadamente bola e tenha compreendido o que é vermelho, porque ela pode usaressa expressão para todas as bolas como um tato simples. O treino com múltiplos exemplares pode ajudar nesse sentido. O terapeuta pode ensinar o tato das cores, por exemplo, apresentando diferentes objetos da mesma cor e perguntar “Qual é a cor disso?”. O treino de ouvinte também deve ter vários itens para cada uma das cores alvo, (por exemplo bola, carrinho e copo verdes). Um objeto da cor verde então deve ser disposto num arranjo com objetos de outras cores e a criança deve ser solicitada a tocar o CBI of Miami 10 verde. Numa próxima tentativa deve ser utilizando outro objeto de modo que a única característica mantida constante seja a cor. Ainda em relação aos adjetivos, alguns deles também dependem da comparação com outros objetos, por exemplo, grande e pequeno, pesado e leve, o que torna mais difícil sua aquisição. Um próximo passo no ensino de tatos avançados consiste na combinação de substantivo, adjetivo e verbo, como na frase “Pássaro preto voando”. O terapeuta apresenta o estímulo, pergunta “O que você está vendo?” e fornece a dica ecoica para a criança responder corretamente. Seguindo o mesmo princípio devem ser ensinados os advérbios e preposições, sempre partindo de habilidades menos complexas para as mais complexas. O tato de eventos privados, por exemplo, é uma habilidade bastante complexa de ensinar visto que o terapeuta não tem acesso ao que ocorre dentro do corpo da criança, sendo possível observar apenas os correlatos tais como expressões faciais e gestos. Todos esses procedimentos devem ser feitos cuidadosamente a fim de promover um comportamento verbal funcional. Aula 4: Ensino de Mandos Avançados Os mandos são a primeira forma de comportamento verbal que as crianças aprendem, mesmo antes de efetivamente falar, elas já emitem mandos através do choro, e gestos. Depois elas aprendem a usar palavras para pedir, principalmente por reforçadores primários. No entanto, para o desenvolvimento desse repertório e de uma comunicação funcional, é importante que a criança aprenda a pedir por outras coisas além de comida e atividades preferidas. A emissão de mandos está diretamente ligada à presença de operações motivadoras, que consistem em eventos ambientais que alteram a efetividade de um estímulo como reforçador, evocam os comportamentos que, no passado, tiveram como consequência esse estímulo. Considerando que o mando é o operante verbal que tem como consequência o reforçador específico, uma operação motivadora pode evocar a emissão de mandos como forma de obter o reforçador por meio da mediação de um ouvinte. Porém, em crianças com autismo ou atrasos de linguagem esse repertório pode ser deficitário, sendo necessário seu ensino. CBI of Miami 11 Contudo, só é possível ensinar mando se houver uma OM forte. Tendo em vista que as OMs mudam ao longo do tempo, o terapeuta deve saber tanto capturar quanto planejar a ocorrência de OMs para poder conduzir o treino de mando. Um primeiro procedimento com o objetivo de incrementar os mandos de uma criança consiste em ensiná-la a solicitar por itens ausentes. No entanto, o terapeuta deve se certificar de que esses são, de fato, reforçadores. Um exemplo de ocorrência natural que de OM que pode ser aproveitada para o ensino é quando a criança se aproxima da geladeira. Essa pode ser uma oportunidade para ensinar mandos como “comida”, “suco” ou “água”. Porém as ocorrências naturais de OM’s podem não ser tão frequentes quanto o necessário para promover a aprendizagem. Nesse caso, uma maneira que permite mais tentativas consiste em forjar operações motivadoras. Uma forma de fazer isso é retendo um item necessário para que a criança acesse o reforçador. Por exemplo, sabendo que a criança gosta de pintar, o terapeuta pode entregar um desenho, mas não entregar o lápis e ajudá-la a pedir pelo item. Incialmente o lápis pode estar no campo de visão da criança, mas sua presença deve ser esvanecida de modo que a emissão do mando fique sob controle apenas da OM. Também é importante que a criança aprenda a emitir mandos por ações, ou seja, solicitar a outra pessoa que realize uma ação que lhe é reforçadora ou que dê acesso ao reforçador. Por exemplo, o brinquedo que a criança gosta pode ser colocado dentro de um recipiente que ela não consegue abrir sozinha de modo a estabelecer uma operação motivadora para a ação de abrir. O terapeuta ou adulto presente deve perguntar a criança “O que você quer?” como uma dica intraverbal juntamente com a dica ecoica para que ela possa responder “quero abrir”. Outros tipos de mando que a criança precisa aprender são os mandos por atenção e por remoção de estímulos aversivos, pois esses frequentemente ocorrem como comportamentos negativos. A criança pode ser ensinada a chamar a atenção de um adulto para uma atividade que está realizando, usando frases do tipo “Olha para mim”, “Veja o que eu sei fazer!”. Já os mandos por remoção de estímulos aversivos são mais difíceis de ensinar porque requerem a apresentação de eventos aversivos a serem removidos. No entanto, a CBI of Miami 12 aquisição desse tipo de mando é extremamente importante como estratégia de autoproteção para a criança, bem como, para evitar a ocorrência de comportamentos negativos associados. Por exemplo, um adolescente autista com muita sensibilidade a sons, ao ficar incomodado com o barulho de um lugar pode pedir um tampão para pôr nos ouvidos ou pedir para sair desse ambiente. Outro passo importante no desenvolvimento do repertório de mandos ocorre quando a criança passa a perguntar, o que é chamado de mando por informação. Nesse sentido, “perguntas são mandos porque ocorrem sobre controle de operações estabelecedoras e são consequenciadas por reforçamento específico” (Sundberg & Partington, 1998, p. 194). Além disso, elas desempenham um papel importante na aquisição de comportamento verbal adicional. Quando uma criança aprende, por exemplo, a perguntar “O que é isso?”, ela terá acesso a diversos tatos de objetos. Aprender a utilizar os pronomes interrogativos (o que, quem, qual, onde, como e por que) dará a ela acesso a uma infinidade de informações, bem como, promoverá a possibilidade de trocas verbais efetivas. Também é importante que a criança seja ensinada a produzir mandos mais elaborados que contenham, por exemplo, propriedades do reforçador que ela deseja, bem como, que palavras como por favor, o que aumenta a probabilidade de que o ouvinte medeie o reforço. Assim, um repertório de mandos bem desenvolvido a ajudará a lidar melhor com o seu ambiente e a evitar que comportamentos negativos adquiram essa função. Referências Bibliográficas GREER, R. D., & ROSS, D. E. Verbal Behavior Analysis: Inducing and Expanding Complex Communication in Children with Severe Language Delays. Boston: Allyn & Bacon. (2008). SUNDBERG, M. L., & PARTINGTON, J. W. Teaching language to children with autism and other developmental disabilities. Pleasant Hill, CA: Behavior Analysts. (1998).