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Daniel P. Demarque UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacognosia Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 1. Introdução 22 1.1. Quem são os “alcaloides”? Substâncias naturais que reagem “como álcalis” (W. Meiβner, 1819) Compostos básicos, nitrogenados, de origem vegetal ou animal (Winterstein & Tier, 1910); No entanto, nem todos alcaloides são básicos Um alcaloide é uma sustância orgânica cíclica que contêm um nitrogênio em estado de oxidação negativa e cuja distribuição é limitada entre os organismos vivos. (Pelletier, S.W. 1983) Produtos naturais nitrogenados Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 1. Introdução 33 1.2. Histórico • Alcaloides→ em geral são substâncias notadamente psicoativas • Emprego em assassinatos, feitiçaria e rituais religiosos • Época da “Caça as bruxas” (~ 1500 – 1650) • “Bruxas”→ herboristas - Sapos; Unguentos do voo (Solanaceae): - Mandragora officinarum Bertol. (Mandrágora) “... Com cheiros repugnantes e guinchos como mandrágoras arrancadas da terra / Que mortais, ouvindo- os, enlouquecem.” Romeu e Julieta, de Shakespeare - Atropa belladonna L. “Através de todas as tuas veias correrá / Um humor frio e letárgico, pois nenhuma pulsação restará ”, mas ao fim “Nessa semelhança emprestada de morte constrita / Permanecerás por quarenta e duas horas, / E então despertarás como de um sonho bom.” Romeu e Julieta, de Shakespeare Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 1. Introdução 44 1.3. Alcaloides no nosso dia-a-dia Solanina Cafeína Piperina Nicotina Tomatina 2 kg de batata →130 mg de SOLANINA dose letal: 200 a 400 mg Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 1. Introdução 55 1.4. Diversidade de alcaloides • Já foram isolados mais de 27000 alcaloides desde a descoberta da morfina (1806); • Representam aproximadamente 20% dos metabólitos secundários descritos; • Diversos efeitos fisiológicos em humanos e outros animais; • Funções em plantas ainda não totalmente compreendidas; • Estruturalmente diversificada; Coniina (127 u.m.a.) Vincristina (825 u.m.a.) Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 2. Propriedades gerais 66 • A maioria é pouco ou nada hidrossolúvel (forma livre); • Sais formados com reações com ácidos são totalmente hidrossolúveis; • Alcaloides livres são solúveis em éter, clorofórmio e outros solventes orgânicos apolares, nos quais seus sais são insolúveis; • A maioria se apresenta como sólidos cristalinos (característica relacionada à presença de hidroxilas); • Alguns possuem a característica de sublimar: cafeína, teofilina e teobromina; • Alcaloides que não possuem oxigênio em sua estrutura são, geralmente, líquidos a temperatura ambiente. Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 77 3.1. Alcaloides verdadeiros 3.2. Protoalcaloides 3.3. Pseudoalcaloides 3.4. Alcaloides purínicos ou metilxantinas Aminoácidos pimenta-malagueta Capsicum frutescens L. Apocynaceae, Asclepiadaceae, Bruxaceae, Solanaceae e Liliaceae morfina Papaver somniferum L. (Papaveraceae) 3. Classificação Pela atividade biológica e ecológica; Pelas estruturas químicas; Rota biossintética. Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 88 3.1. Alcaloides verdadeiros • Derivados de aminoácidos; • Possuem um anel heterocíclico com um nitrogênio; • Atividades biológicas mesmo em pequena concentração; • Gosto amargo; • Normalmente são sólidos (derivados oxigenados) – Exceções (nicotina); • Ocorrem como: Bases livres Sais N-óxidos 3. Classificação Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 99 3.2. Protoalcaloides • Derivados de aminoácidos; • O nitrogênio não se encontra em um anel heterocíclico; • Possuem estruturas simples; • O mais comuns são derivados da tirosina ou triptofano; Peiote Echinocactus sp (Cactaceae) Pimenta-malagueta Capsicum frutescens L. Capsaicina Mescalina 3. Classificação Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 1010 3.3. Pseudoalcaloides 3. Classificação • Possuem nitrogênio, porém não são derivados de aminoácidos; • Podem ser formados a partir de aminação ou transaminação • Alcaloides esteroidais Solanaceae - gênero Solanum • Esqueleto de 27 carbonos – agliconas hexacíclicas solanidanoespirosolano Piperidina Indolizidina Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 1111 3.4. Alcaloides purínicos ou metilxantinas Biossíntese intimamente ligada com as bases nitrogenadas adenina e guanina 3. Classificação Coffea arabica Chocolate Theobroma cacao Cafeína Teobromina Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 4. Nomenclatura 1212 4.1. De acordo com a espécies ou gênero • Todos os alcaloides terminam com o sufixo “ina” Efedrina Ephedra sinica Papaverina Papaver sp. 4.2. De acordo com a atividade farmacológica Atividade Emética Emetina Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 5. Distribuição dos alcaloides 1313 • Vegetais • Organismos marinhos • Fungos • Bactérias • Animais *Alguns alcaloides são amplamente distribuídos; outros são mais restritos Salamandra de fogo Salamandra salamandra (LD50 = 70 µg/kg) Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 14 6. Localização nos vegetais Annu. Rev. Plant Biol. 2008. 59:735–69 • Células → frequentemente a biossíntese é no RE, armazenamento no vacúolo • Biossíntese → em diferentes tecidos de forma complementar • Acúmulo Tendência de maior acúmulo em: - Tecidos em crescimento ativo - Células epidérmicas e hipodérmicas (tecidos externos) – Podem ser encontrados em todos os órgãos Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 15 6. Localização nos vegetais 6.1. Sementes Noz-de-areca Areca catechu L. Semente Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 16 6. Localização nos vegetais 6.2. Raízes Ipeca Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes Beladona Atropa beladona L. Indutor de vômito, expectorante Entamoeba histolytica Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 17 6. Localização nos vegetais 6.2. Raízes • Rauvolfia serpentina (L.) Benth. ex Kurz • A reserpina foi isolada e sua estrutura determinada na década de 1950; • Na década seguinte, ela representou uma revolução no tratamento da hipertensão; *Primeiro fármaco a atuar no sistema nervoso simpático dos humanos Anti-hipertensivo (10 – 15% → depressão) Hipótese monoaminérgica da depressão Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 18 6. Localização nos vegetais 6.3. Frutos • Papaver somniferum L. - fruto do tipo cápsula – Ópio • Látex: 9,5 % de morfina anidra 6.4. Cascas do caule Cinchona Cinchona sp.0,5% de Quinina Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 19 6. Localização nos vegetais 6.6. Folhas Coca Erythroxylum coca Lam. Até 1903 a Coca-Cola tinha 240 mg/L Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 20 6. Localização nos vegetais 6.7. Outras ocorrências Epipedobates tricolor oToxicidade elevada; oEfeito analgésico 200 vezes maior do que a morfina. 500 derivados oNão apresenta toxicidade; oNão causa dependência; oEfeito analgésico 200 vezes maior do que a morfina.Tebaniclina Epibatina Aula: Alcaloides| Disciplina deFarmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 21 7. Métodos de extração • Extração Ácido-Base – baseada nas propriedades químicas e solubilidade • bases fracas: convertidas em sal em soluções aquosas de ácidos minerais • quando tratados com soluções alcalinas o N libera um íon H formando amina livre – Forma molecular: em solução são sensíveis ao calor, luz e oxigênio – Forma salina: conservam-se bem, é a forma comercial forma livre (neutra) Forma protonada Sal de amônio Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 22 7. Métodos de extração Alcalóide Água Álcool Solvente orgânico apolar Base livre Insolúvel Solúvel Solúvel Sal Solúvel Solúvel Insolúvel ➢ Os sais de amônio quaternário só são solúveis em água; Exceção Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 23 7. Métodos de extração Droga vegetal Resíduo Solução de alcaloides (base livre) + impurezas Extração com ácido diluído Solução orgânica (impurezas) Solução aquosa ácida (Alcaloides na forma de sais) Fração aquosa alcalina (impurezas) Solução de alcaloides totais (base livre) 1- Alcalinização 2-Extração com solvente orgânico apolar 1- Alcalinização 2-Extração com solvente orgânico apolar 7.1. Solvente orgânico apolar em meio alcalino RCOOH + NaHCO3 → RCOO- Na+ + H2O + CO2 RNH2 + HCl → RNH3 +Cl- Ph—OH + NaOH → Ph—O- Na+ + H2O Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 24 7. Métodos de extração Droga vegetal Resíduo Solução de alcaloides (sais de amônio) + impurezas Extração com solvente orgânico Solução orgânicaSolução aquosa ácida (Alcaloides na forma de sais) Fração aquosa alcalina (impurezas) Solução de alcaloides totais (base livre) 1- Alcalinização 2-Extração com solvente orgânico apolar Extração com água/ácido 7.2. Extração com água em meio ácido Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 25 8. Caracterização - Alcalóides formam sais complexos com METAIS, reagindo com compostos de mercúrio, ouro, platina e outros metais - Precipitam de soluções neutras a levemente ácidas, com os reativos que contêm estes metais Reativo de Bouchardat ou Wagner - solução de iodo e iodeto de potássio Reativo de Mayer- solução de iodeto de potássio e cloreto de mercúrio Reativo de Dragendorff- solução de iodeto de potássio e subnitrato de bismuto Reativo de Bertrand - solução de ácido sílico-túngstico Reativo de Hager - solução saturada de ácido pícrico Os precipitados formados podem ser: - Amorfos ou cristalinos - Coloridos - variando do branco ao castanho-alaranjado - Podem ser solubilizados em meio alcalino ou em excesso de reativo LIMITAÇÃO: Possíveis resultados falso-positivos com: proteinas, purinas, alfa-pironas, algumas cumarinas, hidroxi-fenois, lignanas 8.1. Reações de precipitação Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 26 Reagente Composição Cor do precipitado Dragendorff Iodo bismutato de potássio Alaranjado Mayer Iodo mercurato de potássio Branco Bertrand Ácido sílico-túngstico Branco Bouchardat/Wagner Iodo-iodeto de potássio Marrom Sonnenschein Ácido fosfomolíbdico Branco Ácido tânico Bege Hager Ácido pícrico Amarelo 8. Caracterização 8.1. Reações de precipitação Extrato alcaloídico Reagente de Dragendorff Resultado negativo → ausência de alcaloides Resultado positivo → presença apenas provável Reagentes gerais de alcaloides http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/solucoes_e_reagentes.html http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/solucoes_e_reagentes.html http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/solucoes_e_reagentes.html http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/solucoes_e_reagentes.html http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/solucoes_e_reagentes.html Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 27 8. Caracterização - HPLC - LC-MS - GC-MS (quando volátil) - Cromatografia (reveladores) 8.2. Outras técnicas Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 28 https://www.youtube.com/watch?v=p0bYoBB-loA&t=102s https://www.youtube.com/watch?v=kNXXQeOEchg Explique a utilização dos reagentes Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 29 Em uma indústria farmacêutica ocorreu a mistura acidental dos compostos abaixo: Utilizando NaHCO3, HCl, H2O e acetato de etila, proponha uma partição para separá-los. Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 30 Em uma indústria farmacêutica ocorreu a mistura acidental dos compostos abaixo: CLASSES DE ALCALOIDES 31 Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 32 Classes de alcaloides 1. Alcaloides derivados da ornitina 2. Alcaloides derivados da lisina Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 33 3. Alcaloides derivados da tirosina 4. Alcaloides derivados da fenilalanina Classes de alcaloides Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 34 5. Alcaloides derivados do triptofano Classes de alcaloides Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 35 6. Alcaloides derivados da histidina 7.1 Derivados do ácido nicotínico 7.2 Metilxantinas (bases nitrogenadas – Guanina, adenina) 7. Outros alcaloides Classes de alcaloides Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 36 1. Alcaloides derivados da ornitina • Ornitina → aa não proteico • Fornece a unidade C4N para construir os alcaloides • Formação de poliaminas – Putrescina – Espermidina – Espermina Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 37 1. Alcaloides derivados da ornitina Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 38 1. Alcaloides derivados da ornitina 1.1 Alcaloides tropânicos • Historicamente → bruxaria, rituais, envenenamentos • Alcaloides de Solanaceae: – Atropa belladonna L. (beladona): hioscina, S-hiosciamina, atropina* – Datura stramonium L. (estramônio); D. suaveolens Humb. & Bonpl. ex Willd. , D. arborea L. (saia-branca, trombeterira) – Hyoscyamus niger L. (meimendro) – Mandragora officinarum Bertol. (mandrágora) – Duboisia sp: escopolamina (Buscopan®) • Erytroxylon coca (coca, Erytroxylaceae): cocaína – Solução a 2% de Co(SCN)2 → azul (tiocianato de cobalto) antiespasmódico midriático Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 39 Whalen, Karen et al. Farmacologia ilustrada. 6. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2016. 1. Alcaloides derivados da ornitina • Parassimpaticolíticos estimulantes do SNC midriáticos anestésicos locais 1.1 Alcaloides tropânicos fármacos antimuscarínicos Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 41 1. Alcaloides derivados da ornitina • Parassimpaticolíticos – alcaloides tropânicos inibem as ações da acetilcolina em efetores autônomos inervados pelos nervos pós-ganglionares colinérgicos • Escopolamina → antiespasmódico, cinetose – Ação no SNC (diferente da atropina) • Atropina →midriático • Ipratrópio→ DPOC – Broncodilatador • Benzocaína, lidocaína, procaína... – Anestésicos locais – Canais de Na+ são bloqueados → bloqueio do potencial de ação 1.1 Alcaloides tropânicos Whalen, Karen et al. Farmacologia ilustrada. 6. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2016. Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 42 1. Alcaloides derivados da ornitina 1.1 Alcaloides tropânicos Caracterização: Reação de Vitali-Morin: - Secar um extrato de alcaloide com gotas de HNO3 conc. - Resfriar- Gotejar sol. alcoólica de KOH a 10% https://illumina-chemie.de/viewtopic.php?t=3349 Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 43 1. Alcaloides derivados da ornitina 1.1 Alcaloides tropânicos Caracterização: Reação Wasicky Ao resíduo do extrato alcaloídico, adicionar 2 gotas de reativo de Wasicky (p-dimetilaminobenzaldeído e H2SO4) e aquecer em chama Resultado positivo: cor vermelha, inicialmente nas bordas e depois em toda a região das gotas Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 44 1. Alcaloides derivados da ornitina • Toxicidade elevada – RESOLUÇÃO - RDC Nº 26, DE 13 DE MAIO DE 2014 • Exposição diária máxima de 1 ppm (1 µg/g) – Ocorrem como N-óxidos (não tóxicos) • Senecio → intoxicação por exposição crônica em bovinos • Symphytum officinale L. (Boraginaceae – confrei) – Indicado em diversas farmacopeias • Contusões, anti-inflamatório tópico e torções • Apenas em pele intacta • *Uso externo 1.2 Alcaloides pirrolizidínicos 2.3 Alcaloides pirrolidínicos Senecio sp. Reduzida no trato digestivo Oxidada novamente por herbívoros adaptados Symphytum officinale L. Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 45 • Lobelia inflata (lobélia, Campanulaceae) • lobelina e derivados – Estimulante do SNC (centro respiratório); – Contra asma, bronquite; antídoto para morfina e heroína (injetável); ação semelhante à nicotina – Parar de fumar 2. Alcaloides derivados da lisina 2.1 Alcaloides piperidínicos Iodeto de potássio; extrato fluido de Lobélia inflata; extrato fluido de Hyoscyamus niger (Meimendro). Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 46 2. Alcaloides derivados da lisina 2.1 Alcaloides piperidínicos N O O O • Piper nigrum L. (pimenta-do-reino, Piperaceae) - origem: Índias Ocidentais e América do Sul; trepadeira cultivada - parte usada: frutos - constituintes principais: 1-2,5% de óleos essenciais; 5-9% de alcaloides; piperina - usos: especiaria (condimento); ação nas mucosas, estimula digestão; sem uso terapêutico Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 47 3.1 Alcaloides isoquinolínicos 3. Alcaloides derivados da tirosina • Chondrodendron tomentosum Ruiz & Pav (Menispermacea) • Chondrodendron sp. (curare) - Origem: América do Sul (Amazônia) - Parte usada: casca e caules - Constituinte principal: tubocurarina → surgimento da classe terapêutica dos bloqueadores ganglionares Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 48 3.1 Alcaloides isoquinolínicos 3. Alcaloides derivados da tirosina • Peumus boldus Molina (boldo-do-chile) - Monimiaceae - origem: Chile - parte usada: folhas - constituinte(s) principal(is): boldina; outros alcalóides, flavonóides - usos: ação no fígado, diurético, colagogo SOLUÇÃO ORAL - cada mL contém extrato de Peumus boldus Molina (boldo)............................................... 0,70 mL (correspondente a 0,7 mg de alcalóides totais expressos em boldina). essência de menta, álcool etílico, metilparabeno, sacarina sódica, água purificada q.s.p ....................................................................................................... 1,00 mL 1 mL corresponde a 20 gotas Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 49 3.1 Alcaloides isoquinolínicos 3. Alcaloides derivados da tirosina Ipeca - Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes Sin. Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A. Rich. Carapichea ipecacuanha (Brot.) L. Andersson Parte utilizada: raíz Indutor de vômito, expectorante Entamoeba histolytica Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 50 3.1 Alcaloides isoquinolínicos 3. Alcaloides derivados da tirosina • Tratamento do Mal de Alzheimer Doença de Alzheimer → deficiência de neurônios colinérgicos no SNC Inibidor competitivo e reversível AchE; Modulador alostérico do receptor nicotínico; Galantamina (Reminyl®) Leucojum aestivum L. (Amaryllidaceae) Whalen, Karen et al. Farmacologia ilustrada. 6. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2016. Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 51 • Papaver somniferum - fruto do tipo cápsula – Ópio • látex 3.2 Alcaloides morfinanos 3. Alcaloides derivados da tirosina Codeína: analgésico (dor) Papaverina: indicado em todo tipo de espasmos intestinais e gástricos, em espasmos bronquiais, angina de peito e disritmias cardíacas. Por ser um poderoso vasodilatador é usado em embolia arterial, periférica e pulmonar. Solução injetável. Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 52 4. Alcaloides derivados da fenilalanina “Ma Huang” Ephedra sinica Stapf Ephedraceae • Ephedra sinica Stapf (Ephedraceae) – (*PROTOALCALOIDES) • Efedrina e pseudoefedrina → adrenérgicos de ação mista: - Liberam a norepinefrina armazenada nos terminais nervosos como também estimulam diretamente os receptores α e β. Efedrina I.V.→ tratamento da hipotensão pós-raquianestesia Pseudoefedrina → descongestionante nasal Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 53 5. Alcaloides derivados do triptofano Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 55 5.1 Alcaloides indólicos simples 5. Alcaloides derivados do triptofano • Serotonina→ neurotransmissor (7 diferentes tipos de receptores) - Contração do músculo liso, vasoconstrição, ingestão de alimentos, sono, percepção da dor e memória, uma consequência da ação em vários tipos distintos de receptores - Maioria dos antidepressivos potencializa, direta ou indiretamente as ações da norepinefrina e/ou da serotonina (5-HT) no cérebro • Melatonina - Ritmo circadiano, regulação do sono, fotoperíodo • Psilocibo – cogumelo mágico https://pt.wholecelium.com/articles/psychedelic-culture/the-shroom-hunters-guide/ Psilocibo cubensis Os triptanos são agonistas da serotonina, agindo em um subgrupo de receptores de serotonina encontrado em pequenos nervos periféricos que inervam os vasos intracranianos. Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 56 5.1 Alcaloides indólicos simples 5. Alcaloides derivados do triptofano • Ayahuasca/ Santo Daime • Preparado com plantas ricas em dimetiltriptana - DMT – Índios da América do Sul – Psychotria viridis Ruiz & Pav. – Rubiaceae (Chacrona) • Partes aéreas • Metabolismo de primeira passagem→ inibe a DMT • DMT→ agonista serotoninérgico (receptores 5-HT2A) – Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb.) C.V. Morton Malpighiaceae (Cipó-mariri) • Parte aéreas • Alcaloides β-carbolínicos: harmina, harmalina e tetra-hidroarmina – Inibem enzimas que degradam a DMT Chacrona Cipó-mariri 5.2 Alcaloides β-carbolínicos Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 57 5.3 Alcaloides pirroloindólicos 5. Alcaloides derivados do triptofano Fisostigmina Physostigma venenosum Balf. Fabaceae • Sementes → veneno de sentenças • Anticolinesterásico (inibe a enzima AChE) • Isolam.: Julius Jobst e Oswald Hesse • Síntese: 1935 Percy Lavon Julian, Josef Pikl - Foi importante para a descoberta das funções da ACh como neurotransmissor - Aumenta a motilidade do intestino e da bexiga, servindo no tratamento de atonia nos dois órgãos - Tratamento de doses excessivas de fármacos com ações anticolinérgicas, como a atropina Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 58 5.4 Alcaloides indólicos terpênicos 5. Alcaloides derivados do triptofano • Rauvolfia serpentina (L.) Benth. ex Kurz (Apocynaceae) • Parte utilizada: Raízes • Medicina popular: tratar mordidasde sepentes, doenças mentais e epilepsia • Uso em larga escala: 1952, após o isolamento da reserpine • Antagonista adrenérgico: diminui a ação do sist. Simpático o Bloqueia o transporte de noraepinefrina, DO, SE para dentro das vesículas de armazenamento o Depleção das aminas biogênicas • Anti-hipertensivo https://www.chabeneficios.com.br/combata-insonia-cha-de-rauwolfia-e-um-tranquilizante-natural/ Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 59 5.4 Alcaloides indólicos terpênicos 5. Alcaloides derivados do triptofano Catharanthus roseus (L.) G. Don (Apocynaceae) Vinca, Maria-Sem-Vergonha • Sin. Vinca rosea • Parte utilizada: partes aéreas • Chá→ utilizado para diabetes • Testes in vivo utilizando animais→morte por leucopenia e infecção bacteriana • Hoje→ tratamento de leucemias Strychnos nuxvomica L. (Loganiaceae) – Nux-vômica • Parte utilizada: sementes • Estricnina: tóxico! 100 mg →morte • Ação na medula espinhal → bloqueio dos neurônios inibitórios - Hiperexcitação, convulsão generalizada The American Journal of Chinese Medicine, Vol. 46, No. 1, 1–23 Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 60 5.5 Alcaloides quinolínicos 5. Alcaloides derivados do triptofano • Cinchona sp. (Rubiaceae) ~40 espécies • Parte utilizada: cascas do caule • Malária • Doenças reumáticas, lupus (mec. desconhecido) 0,5% de Quinina Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 61 5.6 Alcaloides de Ergot (esporão) 5. Alcaloides derivados do triptofano • Claviceps purpurea (fungo) + centeio - Fungo pode produzir sozinho também • Cravagem → doença causada pelo fungo no centeio • “Fogo de Sto Antônio” → sintomas produzidos pelo consumo de centeio contaminado (dores, vômito, diarreia, alucinações, doenças circulatórias) • Vasoconstritor - Ergotamina (enxaqueca, vasoconstritor dos vasos intracraniais) - Ergometrina (prevenção e tratamento de hemorragias pós-parto e pós-aborto) Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 62 6. Alcaloides derivados da histidina • Pilocarpus jaborandi Holmes (Rutaceae) - Jaborandi - Parassimpaticomimético - Xerostomina (produção insuficiente de saliva) - Salagen® - Radioterapia para cânceres da cabeça ou pescoço → boca seca - Colírio - Ação colinérgica (estimula parassimpático) - Diminuição da pressão intraocular. Aula: Alcaloides| Disciplina de Farmacognosia FBF – FCF – USP | Prof. Daniel P. Demarque | 63 7. Outros alcaloides 7.1. Derivados do ácido nicotínico 7.2. Metilxantinas (bases nitrogenadas – Guanina, adenina) • Nicotiana tabacum L. (Solanaceae) – folhas • Vit. B3 – formadora dos cofatores enzimáticos NAD+ e NADP+ Droga Vegetal Cafeína (%) Teobromina (%) Teofilina (%) Café 0,9-2,6 0,002 0,0005 Noz de Cola 2,00 0,05 n.d. Folha de Chá Verde 2,5-5,5 0,07-0,17 0,002-0,013 Fruto do Cacau 0,2 1,2 n.d. Erva Mate 0,5-1,5 n.d. n.d. Guaraná 2,9-5,8 0,03-0,17 0,02-0,06 • Estimulantes do SNC DANIEL P. DEMARQUE (danieldemarque@usp.br) UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacognosia
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