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fungos causadores de mastite e aborto aula 27

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FUNGOS PRODUTORES DE MASTITE E ABORTO
Aborto
→ A primeira vez que uma infecção do aparelho reprodutor
foi diagnosticado como sendo produzida por um
fungo foi em 1920, quando Teobald Smith isolou Mucor
rhizopoformis de uma placentite em vaca. Como nos
EUA o clima é predominantemente frio, o gado que fica
confinado, muitas vezes com suspensão de partículas
fúngicas no ar proveniente do feno, se torna susceptível a
essas infecções. No Brasil, o primeiro caso foi
relatado em 1977.
→ Um grande número de espécies de fungos está envolvido
na causa de abortos, ocorrendo tanto leveduras
quanto as formas filamentosas. São três os fatores que
facilitam a infecção:
Temperatura
Umidade
Anatomia animal: principalmente no quis diz respeito ao fato
de que o nariz está logo acima da boca,
o que facilita a inalação de partículas fúngicas provenientes
do alimento.
→ Aborto por fungos é bastante subestimado, até porque
normalmente os abortos são causados
principalmente por bactérias (Brucella abortus e
Trichomonas faetus). As principais vias de infecção sõa:
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1. Via cópula: ocasionada principalmente por Absidia
corymbifera, isolado normalmente de prepúcio.
A hifa é não-sepstada e a columela é em forma de cálice.
2. Via inalação: poeira com fungo em suspensão. O elemento
do fungo alcança o pulmão, germinando
neste em hifa, no caso de conídio. Se ali tiver um vaso
sanguíneo, essa hifa será atraída para esse
vaso, passando para dentro deste. O fragmento dessa hifa
navega pela corrente até a placenta. Logo,
o foco primário, na maioria dos casos, é o pulmão.
3. Via ingestão: o animal ingere o vegetal com fungo. Caso
haja ulcerações no estômgo (estômago
verdadeiro, no caso de ruminantes) a o fungo se adere a
ferida, se desenvolve e, da mesma maneira
que pela inalação, alcança o vaso e chega até a placenta.
→ Materiais para coleta: feto, conteúdo estomacal fetal,
placenta, líquido amniótico, fragmentos de pele
fetal.
→ Outra possibilidade para causas de aborto em animais é a
micotoxina zearalenona, produzida pelo gênero
Fusarium. Quando a fêmea inicia a gestação o seu sistema
imune se modifica de tal modo que se volta para
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o feto, que é considerado um organismo estranho. A
ingestão de ZEN modifica o sistema imune fazendo com
que o feto seja expulso antes que esteja formado
completamente.
→ As principais espécies isoladas são:
• Aspergillus fumigatus, A. flavus, A. niger, A. nidulans, A.
terreus.
• Absidia corymbifera, A. ramosa.
• Mucor rhizopodiformis, M. dispersus, M. pussilus.
• Rhizopus bovinus, R. oryzae.
• Syncephalastrum racemosum.
• Scopulariopsis brevicaulis..
• Candida guilliermondii, C. tropicalis, C. krusei.
• Saccharomyces fragilis...
• Trichosporum capitatum.
→ Os cotilédones e as carúnculas aparece amarelados ou
marrons, com bordas salientes e engrossadas.
Focos necróticos com bordas elevadas podem ser
observadas nas áreas centrais dos cotilédones, estrutura
essencial para a troca de sangue maternofetal. O feto
apresenta lesões de pele semelhantes ás produzidas
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por dermatófitos (tinhas). Localizam-se com maior
frequência no pescoço, axila, tórax e região lombar. São
lesões circunscritas, pouco elevadas e não inflamadas.
→ Coleta do material: normalmente coleta-se duas amostras
do mesmo material, um para histopatologia e
outro para isolamento e identificação. Também coleta-se
além do tecido afetado, tecido sadio para fazer a
comparação.
→ Como o animal não aborta em locais limpos normalmente,
são necessários alguns cuidados com o material
coletado. No laboratório, inicialmente é necessário lavar o
material com bastante água destilada estéril para
retirada de microrganismos. Para a histopatologia o
fragmento deve ser mantido com formol a 2%. Na área
de necrose, é possível visualizar as hifas, além da morte do
tecido. No caso de hifas não septadas é esperado
que no isolamento cresça fungo do grupo dos Mucorales,
como Absidia. Para microscopia direta, usa-se azul
de algodão normalmente.
→ Isolamento: usa-se o meio seletivo para fungo patogênico
ou Mycosel (Sabouraud + cloranfenicol
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+cicloheximida). Pegar o fragmento sob refrigeração,
cortá-los e inocular no meio de cultura. É importante
também fazer o isolamento sem cicloheximida, pois alguns
fungos são sensíveis a este. O meio ágar sangue
também pode ser usado no caso de Actinocymes (bactéria
causadora de aborto). O melhor é o Ágar dicloran
rosa de bengala, uma vez que é útil tanto para fungo
unicelular quanto pluricelular. Se o material coletado
for conteúdo estomacal, fazer estrias sobre o meio. Fungos
filamntosos demoram em torno de uma semana
para crescer; fungos unicelulares ou leveduras, 72 horas e
Actinomyces, em torno de oito horas. A principal
espécie fúngica que produz aborto é o Arpergillus fumigatus.
Mastite
→ Da mesma forma que para os casos de aborto, para a
mastite um grande fator de facilitação é a anatomia,
uma vez que a tetas estão facilmente em contato com o solo,
sendo bastante suscpetíveis a infecção. Esta é
dada como ascendente pois tem como porta de entrada o
esfíncter da teta. O epitélio interno que reveste a
teta é oleoso e esta oleosidade é importante na lubrificação e
impede que o fungo uma vez adentrando o
esfíncter da teta alcance o tecido glandular, saindo na
ocasião da ejeção do leite. Porém, normalmente a
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pressõa do leite é grande, principalmente nos grandes
produtores, fazendo com que ocorra o rompimento
desse epitélio. Dessa forma, o fungo consegue se
desenvolver no tecido glandular e produzir mastite.
→ A mastite oriunda de fungo e bactéria apresentam
sintomatologia semelhante tornando difícil a
identificação apenas pelos sinais clínicos, que se
caracterizam basicamente pelo rubor, alta temperatura e
edema.
→ Principais espécies fúngicas isoladas:
Aspergillus fumigatus, A. terreus,
Cryptococcus neoformans,
Candida albicans,
Pichia farinosa,
Rhodotorula mucilaginosa,
Saccharomyces fragilis,
Trichosporum cutaneum,
ALGAS: Prototheca spp e Chlorella spp.
→ Ordenhadeiras mecânicas também podem ser fatores
facilitadores da formação de mastite, uma vez que
a pressão feita por estas pode romper o epitélio igualmente.
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→ Coleta do material: deve-se desprezar os três primeiros
jatos para evitar a contaminação da amostra por
outros microorganismo. Se houver mastite, o fungo sairá no
leite. Inicilamente é necessário fazer a
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higienização do úbere, coletar o leite de cada quarto e
armazenar em tubo de ensaio, transportados sob
refrigeração até o laboratório microbiológico.
→ Os meios de cultura mais usados são:
AGAR SELETIVO PARA FUNGO PATOGÊNICO
AGAR SABOURAUD + CLORANFENICOL
AGAR DOPAMINA (Cryptococcus spp)
AGAR SANGUE.
→ Deve-se fazer estriasdo precipitado de leite com alça de
platina na superfície da colônia. Para a
microscopia direta, coletar uma gota de leite e adicionar
nigrisona. Esperar a secagem e observar a presença
de hifa septada, não-septada, leveduras ou Actinomyces. A
nigrosina é preferível, mas pode ser usados azul
de algodão ou fuccina.
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→ Tratamento: antifúngicos.

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