Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Clínica Médica I Anemia Megaloblástica ❖ O quadro de anemia é definido sempre o homem tiver hemoglobina < 13, a mulher < 12 e gestantes < 11. ❖ As anemias megaloblásticas são um subconjunto das anemias macrocíticas, especificamente, ocorrendo por carência de vitamina B12 e/ou ácido fólico. Nestas anemias, ocorre aumento do VCM, implicando no aumento do volume citoplasmático, com a fase de maturação da eritropoiese na medula óssea sendo anormal e resultando em falha da maturação nuclear (precursores eritróides grandes - magaloblastos). ❖ As anemias macrocíticas também ocorrem por mieloma múltiplo, anemia hemolítica autoimune, hipertireoidismo, hepatopatias, dentre outras. ETIOLOGIAS ➢ Resultam de condições nas quais a síntese do ácido nucleico é anormal. ❖ Redução dos níveis de vitamina B12; ❖ Ácido fólico deficiente; ➢ Pode ocorre também por associação entre deficiência de vitamina B12 e ácido fólico. O ácido fólico é o substrato na qual a cobalamina trabalha e, após algumas fases, resulta em uma base nucleotídea exclusiva para o DNA, a timina. Logo, se há falta de algum destes componentes resulta na falha de produção das bases nucleotídeas para realizar o pareamento do DNA (para a divisão celular), incapacitando o processo de divisão celular. Desta forma, ocorre o aumento da quantidade de DNA no citoplasma, porém não o suficiente ara realizar a divisão celular, resultando em células grandes (macrocíticas). Ademais, a falta de vitamina B12 leva a síntese anormal de mielina (pode levar a parestesia), provavelmente devido a deficiência de metionina. VITAMINA B12 ❖ Consumo inadequado: muito raro, ocorrendo só em vegetarianos estritos, pois a B12 é uma vitamina exclusiva de origem animal. ❖ Falha na absorção: ocorre devido a deficiência de fator intrínseco, geralmente ocorrendo em pessoas com processos autoimunes que destroem as células parietais, doenças inflamatórias ou após gastrectomias. Anemia Perniciosa ❖ Fruto da gastrite atrófica (destruição das células parietais) + anemia megaloblástica. ❖ Doenças do íleo terminal: doença de Crohn, estenoses/fístulas que isolam este segmento e remoção cirúrgica. Estas doenças causam deficiência de vitamina B12 pois há a retirada ou destruição do íleo (local de absorção de vitamina B12). ❖ Competição com microrganismos intestinais: supercrescimento bacteriano e infecção por Diphyllobothrium latum. ❖ Drogas: para aminossalicílico. ❖ Deficiência congênita de transcobalaina II: pois é a proteína de transporte de vitamina B12 no sangue. ÁCIDO FÓLICO ❖ Ingestão inadequada: por alcoolismo crônico ou desnutrição grave. ❖ Falha de absorção: espru tropical e outros estados de má absorção. ❖ Aumento da demanda: ocorre na gravidez e na infância e estados de maior síntese de DNA (neoplasias malignas). ❖ Drogas com atividade antagonista do ácido fólico: quimioterápicos e anticonvulsivantes (hidantal). PATOLOGIA ❖ Série vermelha: ocorre mudanças na eritropoiese normoblástica para megaloblástica, no entanto a anemia megaloblástica também é hemolítica (se destrói ao cair na circulação). Os megaloblastos são maiores (citoplasma aumentada) e mostram atraso na maturação nuclear e assincronia com citoplasma. ❖ Para identificar a hemólise, pede-se como exames laboratoriais, DHL (devido sua grande presença no núcleo celular), bilirrubina indireta (discretamente aumentada – pois mesmo com a grande destruição de hemácias, não há passagem pelo baço), reticulócito (normal – pois noção há capacidade suficiente de produção) e haptoglobina. ALTERAÇÕES DE NEUTRÓFILOS ❖ Os precursores de neutrófilos na medula óssea indicam aumento marcante de metamielócitos gigantes e, além disso, ocorre hipersegmentação do neutrófilo (devido grande quantidade de DNA – mais de 5 lóbulos). ASPECTOS CLÍNICOS E DIAGNÓSTICOS ❖ Os pacientes apresentam sintomas de anemia grave, como fraqueza, parestesia, esplenomegalia discreta e alterações do hemograma marcantes (anemia macrocítica com neutrófilos hipersegmentados. Há também alterações neurológicas, principalmente a degeneração combinada subaguda (desmielinização das colunas posterior e lateral de nervos) e neuropatia periférica (devido desmielinização segmentar dos nervos), induzindo ataxia, perda de posição e sentido de vibração e espasticidade. ❖ Ocorre também a glossite (língua maior com perca de gustação) e lesões vitiguliformes (manchas acrômicas). EXAME FÍSICO ❖ Observa-se leve icterícia, língua atrófica, queilite angular, esplenomegalia discreta à palpação profunda e mucosas hipocoradas. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Anemia macrocítica; DHL aumentada; BI discreta aumentada; Reticulócitos normais; B12/ ácido fólico baixos. TRATAMENTO ❖ Usa-se vitamina B12 5000 UI por 5 semanas, com redução para 1000 UI, de forma intramuscular e, se necessário, usa-se ácido folínico EV ou ácido fólico VO. SEGUIMENTO DOS PACIENTES ❖ Deve-se realizar EDA anual, pois a gastrite atrófica é precursora de câncer. Deve-se fazer exames de função tireoidiana e reposição da vitamina por tempo indeterminado.
Compartilhar