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IanCrofton-OPequenoLivroDaGrandeHistoriaMundo-141-230-píginas-14

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CRÉDITO,	DÉBITO	E	INVESTIMENTO
Mesmo	algumas	das	primeiras	economias	já	tinham	sistemas	de	crédito.	E,	onde
há	 sistemas	 de	 crédito,	 há	 crises	 periódicas	 de	 dívida.	 Muitas	 guerras	 e
revoluções	tiveram	suas	origens	em	problemas	de	dívida	ou	remissão	de	dívida.
Bastões	de	contagem	e	registros	similares	de	crédito	remontam	a	civilizações
tão	antigas	quanto	a	Mesopotâmia	–	assim	como	as	ofertas	de	empréstimos	com
juros.	Onde	quer	que	esses	empréstimos	estivessem	disponíveis,	havia	sempre	a
chance	de	que	os	tomadores	de	empréstimos	ficassem	em	atraso	e	tivessem	suas
posses	confiscadas	–	ou,	pior,	que	membros	de	sua	família	fossem	levados	como
“escravos	 por	 dívida”.	 Para	 resolver	 os	 problemas	 sociais	 que	 isso	 causava	 e
manter	 a	 lealdade	 de	 seus	 súditos,	 os	 reis	 sumérios	 e	 babilônicos	 anunciaram
“jubileus”	 periódicos,	 nos	 quais	 as	 dívidas	 dos	 consumidores	 eram	 anuladas.
Mais	 tarde,	 líderes	 gregos	 e	 romanos,	 diante	 de	 ameaças	 de	 revolta	 dos
devedores,	 anunciaram	 pagamentos	 aos	 cidadãos,	 por	 exemplo,	 por	 meio	 de
alíquotas	de	impostos	negativas.
A	 consciência	 em	 relação	 aos	 problemas	 que	 as	 dívidas	 poderiam	 causar
também	se	refletia	em	pronunciamentos	morais,	 religiosamente	sancionados	ou
não.	 Em	 A	 república,	 o	 filósofo	 grego	 Platão	 levantou	 a	 seguinte	 questão
retórica:	“A	justiça	não	é	apenas	uma	questão	de	pagar	as	dívidas	de	alguém?”,
para	a	qual	a	resposta	era	que	a	justiça	é	muito	mais	complexa	que	isso.	A	usura
(a	prática	de	empréstimos	com	juros)	foi	proibida	pela	igreja	cristã	medieval.	Ao
mesmo	tempo,	o	Islã	permitia	apenas	empréstimos	em	troca	de	participação	nos
lucros	 (em	 que	 o	 credor	 podia	 reivindicar	 apenas	 uma	 parte	 dos	 lucros	 do
investimento	dos	devedores,	não	juros)	e	baniu	a	escravidão	por	dívida.	Mas	os

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