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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 14 2. TECIDOS E CÉLULAS VEGETAIS Célula vegetal: possui parede celular e protoplasto (conteúdo delimitado pela membrana plasmática) Célula Animal X Célula Vegetal Célula vegetal: • Presença de Parede celular • Presença de plastídios • Vacúolos • Presença de amido (a reserva das células animais é o glicogênio) • Presença de plasmodesmos (conexão entre membranas plasmáticas que permitem a troca de substâncias) Célula animal: lisossomos e centríolos PAREDE CELULAR. A membrana vegetal é dupla, isto é, possui membrana celular e parede celular. Todas as células vegetais têm a parede primária, e a parede secundária surge em células mais velhas. A parece celular permite que a célula murche e volte a ficar túrgida, importante meio de regulação osmótica. - Parede primária: paredes finas, que permitem o crescimento (são formadas na divisão celular). Formadas por polissacarídeos e proteínas, principalmente celulose, hemicelulose e pectina. Se cora em azul com o corante azul de astra. Reagentes para colorir a parede primária: cloreto de zinco (específico da celulose, corando-a em azul), fuccina básica e hematoxilina de Delafield (cora em roxo ou azul). As paredes primárias são feitas de microfibrilas de celulose (celulose = polímeros de glicose). São fibrilas longas e cristalinas. Ligada a elas temos as hemiceluloses – porção aderida à celulose. Entre as fibrilas temos as moléculas de pectina neutras e ácidas. São polissacarídeos ramificados que conectam as fibrilas de celulose. - Parede secundária: lignificada Lignina: ocorre principalmente nos tecidos esclerenquimáticos e xilemáticos. Lignina → polímeros de fenilpropano (C6C3) da via do chiquimato. São paredes espessas e se formam quando as células não crescem mais. A parede secundária se forma no interior da parede primária. Dessa forma, temos externamente na célula a parede primária, que é fina, e a parede secundária localiza-se internamente, sendo muito espessa. Entre elas temos a lamela média que “cola” uma célula na outra. Lamela média é pectina que mantém unidas as células adjacentes. Somente em alguns casos excepcionais, a lamela é digerida. Lignina cora-se especificamente de roxo-avermelhado com floroglucina clorídrica (sol. sat. de floroglucinol em ác. clorídrico a 20%), em vermelho com Safranina e em amarelo pelo cloreto de zinco iodado. Conexões entre as células: Os plasmodesmas são conexões entre as membranas celulares onde não há deposição de parede celular. conectam as células vivas entre si. A limitação para a passagem de substâncias diretamente entre as membranas através do plasmodesma é o tamanho: se a molécula tiver tamanho suficiente para passar pelo canal de plasmodesma (30 – 60 nm), a passagem ocorre. Uma molécula de água pode passar diretamente entre uma célula e outra diretamente pelo citoplasma via plasmodesmo. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 15 PROTOPLASMA Plastídios. Cloroplasto é o plastídio mais famoso. Possui dupla membrana (uma da bactéria original fagocitada (evolução) e outra do fagossoma). A origem aceita atualmente é pela endosimbiose do ancestral das plantas com uma bactéria fotossintetizante. Possui DNA próprio e circular (como das bactérias) e um sistema de membranas internas chamadas de tilacoides. Versatilidade no metabolismo energético → podem se converter de um tipo em outro. (Ex: A batata, que possui muitos amiloplastos, porém quando começa a receber luz transforma os amiloplastos em cloroplastos, e por isso fica verde e brota). Proplastideos – plastídios indiferenciados, ocorrem em células meristemáticas de raízes, caules e folhas. Possuem lamelas simples. São precursores de plastídios mais diferenciados. Estioplastos – são plastídios que ocorrem em plantas que cresceram no escuro. Cloroplastos – sist. de membranas tilacoides. Germinaram em condição de luz fazendo fotossíntese. Cromoplastos – armazenam pigmentos Leucoplastos (amiloplastos, oleoplastos, proteoplastos) – plastídios brancos que tem subst. de reserva. Amiloplastos, elaioplastos (reserva de óleo) e proteoplastos (proteína). Vacúolo. Bolsa citoplasmática. Organela característica das células vegetais. Possui uma membrana única chamada de tonoplasto. Contém água, cristais e secreções. Muito importante para manter a pressão osmótica das plantas. Quando a planta está murcha e é regada, o vacúolo absorve água e pressiona o citoplasma contra a parede celular. Muitas substâncias de interesse farmacêutico podem estar armazenadas no vacúolo. Inclusões celulares: substâncias resultantes da atividade química do protoplasma. Podem ser orgânicas ou inorgânicas. ❖ Inclusões ORGÂNICAS: grãos de amilo, grãos de aleurona, inulina e gotículas de óleo. Amido ou amilo: polímero de glicose formado na fotossíntese (amilose ~20% + amilopectina ~80%). Cora-se em azul com iodo. Adota-se o termo amido para o amilo obtido de órgãos aéreos (amido de milho, amido de arroz, amido de trigo) e fécula (fécula de mandioca, fécula de batata) para o amilo obtido de órgãos subterrâneos. Identificação: - Quanto à forma: esféricos, ovoides, poliédricos, cupuliformes (em formato de cúpula C), riniformes (forma de rim), halteriformes (em formato de halter); - Quanto à estrutura: homogêneos ou estratificados; - Quanto ao tipo de hilo: puntiforme, linear, cruciforme, estrelado, circular, poliédrico - Quanto ao estado de agregação: simples ou isolado, composto. Prova de identificação: amido aquecido com 15 partes de água e resfriado forma um líquido viscoso e translúcido, que se cora com lugol. Caracterização: - Quando observados à luz polarizada: podem apresentar a Cruz de Malta. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 16 - Azul com reagente lugol (iodo). O iodo se intercala no meio da cadeia de amido, promovendo a coloração. - Quando tratados com água aquecida, intumescem, perdendo a estriação - Aspecto microscópico quando tratado com KOH 0,9% → alguns gelificam, outros não - Insolúveis em água fria, acetona, éter e etanol Amidos incluídos na farmacopeia: milho, arroz, trigo, mandioca e batata. Muito utilizados na obtenção de formas farmacêuticas como comprimidos e pomadas e adjuvantes para facilitar a compressão do pó (lubrificantes e diluentes). Conteúdo e fotos da Farmacopeia 6ª edição: Amido de trigo: obtido de frutos de Triticum vulgare L., Poaceae Apresentam dois tipos de grãos: os maiores são lenticulares quando vistos de frente ou biconvexos quando vistos de lado, arredondados ou ovalados, com estrias pouco visíveis e hilo pontuado em raros grãos. Os menores têm forma arredondada ou ligeiramente poligonal. Em média medem 20 a 30 μm. Amido de milho: obtido de sementes de Zea mays L., Poaceae Os grãos oriundos da periferia da semente são poliédricos achatados, ligeiramente abaulados. Os da parte interna são ovoides e menores, apresentando hilo pontuado ou estrelado. Medem em média 30 μm. Amido de arroz: obtido de frutos de Oryza sativa L., Poaceae Apresenta tamanho muito pequeno e contorno poliédrico. São amidos do tipo compostos, portanto em microscopia são visualizados em pequenos grupos ou agregados irregulares. Medem de 2 a 8 μm, podendo chegar a 10 μm. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 17 Fécula de batata: obtida de tubérculos de Solanum tuberosum L., Solonaceae Os grãos são elipsoides, ovais, periformes, arredondados, subtriangulares, com lamelas excêntricas e bem visíveis.O hilo é pontuado e excêntrico. Os grãos menores, de 6 a 15 μm, formam geralmente agrupamentos de dois ou mais grãos. Os grãos maiores variam de 40 a 70 μm, podendo chegar a 100 μm. Fécula de mandioca: obtida de tubérculos de Manihot esculenta Crantz., Euphorbiaceae Grãos esféricos ou irregularmente arredondados, em forma de dedal ou de esferas truncadas em uma ou mais facetas. Possuem hilo pontuado, linear ou estrelado, central e bem nítido. As lamelas são pouco evidentes. Medem de 25 a 35 μm. Tanto os grãos pequenos como os grandes formam agregados de dois a três elementos. Inulina: polissacarídeo resultante da polimerização da frutose com glicose. O nome é devido o gênero Inula, da família Asteraceae. Pouco solúvel em água fria. Para ser observada no microscópio é necessário ser cristalizada, tratando-se o órgão vegetal com álcool absoluto por vários dias. Retira-se o fragmento do órgão do líquido desidratante e efetuam-se os cortes histológicos para visualizar os esferocristais: cristais em agulha distribuídos em círculo. É um frutooligossacarídeos - FOS → açúcares não convencionais não metabolizados pelo nosso organismo. Substituir o açúcar ou a gordura sem ganho calórico. Óleos: podem ser fixos (ácidos graxos) ou voláteis (mono/sesquiterpenos e fenilpropanoides). Podem ocorrer tanto no interior das células (idioblastos secretores) como no interior de estruturas especializadas, como as glândulas e os canais secretores. Coram-se em laranja com Sudan III. Aleurona: do grego, significa “farinha”. São corpúsculos de reserva proteica que se formam no interior dos vacúolos de inúmeras sementes e que, com o processo de maturação e diminuição do teor de água se solidificam. Frutos de funcho e erva doce possuem grãos de aleurona. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 18 ❖ Inclusões INORGÂNICAS: oxalato de cálcio → ácido oxálico precipitado com Ca+2 extraído do solo pelos vegetais. OXALATO DE CÁLCIO - CaC2O4 Rafídeos: cristais aciculares (forma de agulha). Encontrados principalmente entre as monocotiledôneas. Com frequência as células que apresentam rafídeos contêm mucilagens. Drusas: cristais em forma de roseta. Mais comuns nas dicotiledôneas. Areias cristalinas: aglomerados de microcristais. Cristais prismáticos ◊ e cristais estiloides П Identificação química do oxalato de cálcio: CaC2O4 + H2SO4 → CaSO4 + H2C2O4 CARBONATO DE CÁLCIO - CaCO3 - Inclusões de carbonato de cálcio (cistólitos). Célula chama-se litocisto. - Ocorrem na forma de cistólitos em células do parênquima fundamental ou em células epidérmicas - Cistólito é constituído de 2 partes: pedicelo e matriz incrustada de cristais de carbonato de cálcio - Maconha: pelos tectores com inclusões de carbonato de cálcio CaCO3 + H2SO4 → CaSO4 + H2CO3 cristal de oxalato de cálcio cristal aciculado CO2 + H2O UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 19 ESTRUTURAS SECRETORAS ou glândulas: células individualizadas especializadas ou estruturas multicelulares especializadas que liberam variados tipos de substâncias que não são estocadas para remobilização e que são retiradas de outros processos metabólicos. Estão geralmente relacionadas ao metabolismo secundário. - Pigmentos, componentes de paredes (cutina) não são considerados secreção. - Todas as células possuem algum tipo de secreção (exocitose). Como reconhecer uma estrutura secretora ao microscópio: (1) apenas paredes primárias finas presentes; (2) citoplasma denso; (3) núcleo grande e nucléolo evidente; (4) presença de secreções. Tricomas: podem ser tectores ou glandulares. - Unicelulares: uma única célula - Multicelulares - Unisseriados: uma única série de células enfileiradas - Multisseriados: várias células, podendo estar uma do lado da outra - Simples ou ramificados Funções: resiníferos, oleíferos, mucilaginoso, nectário, glândula digestiva e urticantes. Tricoma urticante: causam irritação, reações alérgicas. Caracterizados por possuírem uma célula apical em formato de espinho → ponta que se quebra dentro da pele. Quimicamente podem ser formados com aminoácidos e proteínas, acetilcolina, histamina. Ducto ou canal resinífero: resina que em contato com o ar se polimeriza e endurece. Ocorrem bastante em madeiras de Pinus sp. Anacardiaceae → Schinus terebinthifolius (pimenta rosa). O ducto é um epitélio de células secretoras. Selam ferimentos das plantas. Formam um sistema conectado por todos os órgãos do vegetal. Formados por substâncias terpênicas e/ou fenólicas; ou lipídicas. Cavidades secretoras: se diferenciam dos ductos por serem estruturas esféricas. Epitélio de células secretoras que secretam para o lúmen. Em algum momento essa estrutura é rompida e libera para o ambiente. Às vezes a própria movimentação natural das folhas fazem a liberação. Típico de várias famílias: Myrtaceae, Rutaceae, algumas Malvaceae. É possível realizar o reconhecimento de plantas da família pelo aroma da família. Idioblastos secretores: a secreção é armazenada dentro de si mesma, dentro do próprio vacúolo. Muitas famílias são caracterizadas por idioblastos secretores, como a família Lauraceae (ex. abacateiro). Plantas que possuem idioblastos secretores são mais indicadas que se rasure antes de fazer um chá, por exemplo. Idioblastos secretores de mucilagem → babosa. Podem produzir óleo ou substâncias fenólicas. Laticíferos: produzem látex (ex: papoula, borracha). Podem ter diversos compostos químicos. Hevea brasiliensis. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 20 MERISTEMAS (Meristos = divisível). Tecidos que dão origem aos demais tecidos. Características de um meristema – células totipotentes (são como as células-tronco animais). Células pequenas, com paredes finas e capazes de crescer. Figuras mitóticas podem estar presentes no corte histológico. Citoplasma denso e núcleo condensado com nucléolos evidentes. São pouco vacuoladas ou apresentam pequenos vacúolos. Sem espaços intercelulares. Meristemas de dois tipos: - Apicais (primários) Nos ápices de caules e raízes e nas gemas axilares das folhas (gemas da base das folhas) Se diferenciam em 3 meristemas: protoderme, procâmbio e meristema fundamental → esses 3 meristemas dão origem ao corpo primário da planta Meristema apical no ápice caulinar Protoderme → epiderme (sistema dérmico) primeiro tec de revestimento do vegetal Procâmbio → xilema, floema (sist. vascular primário), câmbio e ao periciclo Meristema fundamental → parênquima fundamental (que faz o preenchimento) – parênquima, colênquima e esclerênquima Meristema sub-apical no ápice radicular: muito parecido com o ápice, porém tem tecidos adicionais, como a coifa, que faz a proteção do meristema da raiz (órgão que tem que perfurar a terra!) e o caliptrogênio, que é o tecido que dá origem a coifa. Portanto no ápice da raiz, temos: - Caliptrogênio – dá origem à um tecido de proteção da raiz denominado coifa - Protoderme - Procâmbio - Meristema fundamental - Laterais (secundários) Estão presentes na periferia de órgãos que se espessam – caules, raízes, pecíolos de folhas. Se formam no corpo primário e geram o corpo secundário – madeira e casca. - Câmbio (câmbio vascular) e felogênio (câmbio da casca) CÂMBIO: Onde que o câmbio vai se instalar? Entre o xilema e o floema! Dessa forma, é denominado câmbio fascicular (entre xilema e floema) e interfascicular (entre os feixer). Formam um cilindro contínuo que vai formar madeira para o interior (xilema secundário) e floema secundáriopara o exterior. FELOGÊNIO: à medida que o câmbio vai se expandindo por dentro, também ocorre a ruptura da epiderme. Se um órgão interno está aumentando de diâmetro, o órgão externo tem que acompanhar. Assim, surge o felogênio, que dá origem ao tecido de revestimento secundário: feloderme para dentro e súber para fora. O conjunto súber, felogênio e feloderme é denominado UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 21 periderme. O súber é um tecido muito importante contra o fogo (também é a parte utilizada para fazer rolhas - cortiça). Retornaremos neste assunto na aula de caule! TECIDOS A. Sistema dérmico ou de revestimento – isolamento e proteção 1ário = Epiderme: Origem → protoderme. Quando as plantas são jovens, possuem apenas epiderme. 2ário = Periderme: Tem origem do felogênio Epiderme – características histológicas: células vivas na maturidade; unisseriada (uma única camada de células) ou multisseriada (pluriestratificada; como na orquídea, também chamado de velame). Recobre todo o corpo da planta. Paredes justapostas, sem espações intercelulares (o que faz sentido: deve impedir a entrada de microorganismos e perda de água). Outras funções: trocas gasosas através dos estômatos, absorção de água e nutrientes. Parede externa da epiderme possui lipídeos impermeabilizantes. Esta camada é denominada cutícula, sendo uma camada acelular. A epiderme possui células comuns e sem cloroplastos (apenas as células-guarda do estômato que possuem cloroplasto), e vários tipos celulares, como estomáticas e tricomas. Tricomas: podem ser simples (unicelulares), ou multicelulares. Quando multicelulares, podem ter uma única fileira de células (unisseriado) ou mais (multisseriado). Células estomáticas: células-guarda e células-subsidiárias. Ostíolo (abertura). Células-guarda possuem cloroplastos. Células estomática reniformes (em formato de rim): ocorrem principalmente nas eudicotiledôneas e algumas monocotiledôneas. Gramíneas é comum ter estômatos na forma de alteres. Hipoestomática – estômatos na face abaxial. Epiestomática – face adaxial. Anfiestomáticas – ambas as faces. B. Sistema fundamental – fotossíntese, armazenamento, preenchimento, sustentação, metabolismo, secreção, etc Parênquima, esclerênquima e colênquima (origem – meristema fundamental) Critérios para o reconhecimento dos tec. fundamentais: - Célula viva ou morta - Espessura da parede - Presença de parede secundária - Química da parede (lignina) - Espaços intercelulares Parênquima: tecido fundamental mais abundante da terra. Ocorre em todos os órgãos e é potencialmente meristemático, ou seja, se houver uma lesão o parênquima pode se desdiferenciar e gerar um tecido de cicatrização, ou até mesmo outros órgãos. Geralmente possui apenas parede primária sem lignina. PAREDES FINAS, EXISTEM ESPAÇOS INTERCELULARES E AS CÉLULAS SÃO MUITO VACUOLIZADAS → estas são as principais características desse tecido. Funções: fotossíntese, armazenamento, preenchimento transporte a curta distância. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 22 Especializações do parênquima: (1) aerênquima ou parênquima aerífero. Grandes reservas de ar, grandes espaços intercelulares. Muito abundante em plantas aquáticas. (2) hidrênquima ou parênquima aquífero. Estoca água no interior dos grandes vacúolos que possui. (3) amilífero. Grandes grãos de amido na forma de amiloplastos. Coloração com lugol. Tem parênquimas que reservam óleo (elaioplastos) e proteoplastos (proteína). (4) parênquima de reserva – cromoplastos (plastídeos que reservam pigmentos). (5) parênquima clorofiliano – apresenta grande número de cloroplastos para a realização de fotossíntese. Colênquima e esclerênquima. Tecidos de sustentação. Indicação histológica do tecido de sustentação: CÉLULAS DE PAREDE ESPESSA. Colênquima - Apresenta células vivas na maturidade. Apresenta apenas paredes primárias, sem lignificação. O colênquima ocorre em um órgão que ainda está crescendo. Diversos tipos de espessamento são possíveis, normalmente com celulose. Possui ampla distribuição na planta, exceto raízes. Esclerênquima - Possui tipicamente células mortas na sua maturidade. Possui paredes celulares lignificadas (células muito impermeabilizadas e morrem). Fluoroglucinol acidificado e safranina → corantes que tingem a lignina em vermelho! Diversas formas de células de esclerênquima existem, mas 2 são principais: as fibras, que são alongadas e pontiagudas (elaboração do papel); e as esclereides, que possuem diversas formas. As fibras são facilmente observadas em macerações ou drogas vegetais → parecem agulhas. As esclereides possuem diversas formas e são muito bonitas. Formatos de estrela (astroesclereides), de osso (ou clava), colunas. Peras e goiabas têm esclereides chamadas células pétreas. Corantes: SAFRABLAU: Safranina (1%) + azul de astra (1%) (misturados na proporção 5:95) Safranina cora fortemente células lignificadas e azul de astra cora células que tem apenas a parede celulósica. C. Sistema vascular – condução e sustentação (sistema integrador) - Xilema Xilema e floema 1ários (origem: pró-câmbio) Xilema e floema 2ários (origem: câmbio) Xilema (significa madeira) – tecido complexo vivo, isto é, formado por vários tipos celulares: parênquima, elementos condutores (traqueais), fibras, células secretoras. Algumas células estão mortas, mas o tecido é considerado vivo. Ocorrência em todos os órgãos vegetais: folhas, caule, raiz, flor, fruto e semente. Condução de seiva do xilema: por células mortas – células que possuem apenas parede. Sofrem morte celular programada, possuem apenas parede (1ária e 2ária), sem protoplasto. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 23 Protoxilema são células que podem crescer. Metaxilema são células que não crescem mais (maiores). Seiva do xilema: água, sais, hormônios e outras subst. - Floema Tecido complexo vivo, formado por células vivas: parênquima, elementos crivados, fibras, células secretoras. Ocorrem em todos os órgãos vegetais. Condução por células vivas com protoplasto – lento Seiva do floema. Elementos crivados são as células condutoras nas “gimnospermas” – tem muitos poros revestidos por membrana plasmática. Elementos de tubo crivado são as células condutoras das angiospermas. Não possuem núcleo e são controladas por células companheiras. Alongadas (200 µm até 1000 µm). Terminações com placa crivada (poros maiores). Áreas crivadas laterais. O conjunto é chamado de tubo (nunca chamar de vaso). EXERCÍCIOS 1. O que são inclusões? Como são classificadas? Qual a importância das inclusões celulares (substâncias ergásticas) na análise de drogas vegetais? 2. Qual a diferença entre amilo, amido e fécula? Qual a natureza química? Quais são suas características físicas? 3. Quais os principais amilos de importância farmacêutica? Quais seus usos? A que se deve a necessidade de diferenciá-los ao microscópio? 4. Como são identificados os amidos? Qual é o principal reagente para coloração? O que é observado quando submetido à luz polarizada? 5. Quais são os 5 principais tipos de amilos descritos na farmacopeia 6ª edição? Quais são as principais diferenças quando são observados ao microscópio? Esquematize! 6. O que é inulina? Esquematize sua estrutura. 7. A inulina encontra-se dissolvida no suco vacuolar, mas é cristalizada ao ser submetida a um procedimento. Qual é o procedimento? 8. O que são grãos de aleurona e como são observados ao microscópio? UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICASDisciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 24 9. Quais os tipos de óleos? Qual o reagente é utilizado para a coloração? 10. Quanto à química, quais são os 2 tipos de inclusões inorgânicas? Quais são suas estruturas quando observadas ao microscópio? Esquematize! 11. Como diferenciar em cortes histológicos: grãos de aleurona, amilos, gotas de óleo (fixo e essencial)? 12. A espécie conhecida popularmente como Barbatimão possui o nome científico Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (família Fabaceae). As cascas do caule são utilizadas para distúrbios gastrointestinais e em pomadas cicatrizantes (Fitoscar®), devido a presença de taninos. Com base no exemplo citado, explique o sistema de nomenclatura botânica. 13. Considere as afirmativas. I - O fruto é uma estrutura presente nas gimnospermas e angiospermas, sendo importante para a dispersão e a proteção da semente. II - As plantas vasculares, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas, são dotadas de xilema e floema, estruturas responsáveis pelo transporte de seivas. III - Os tecidos meristemáticos são responsáveis pelo crescimento dos vegetais e a partir deles são formados os tecidos adultos da planta. IV - Vacúolo, plastídios e membrana plasmática são típicos de célula vegetal. Estão corretas: a. I, II e III b. II, III e IV c. II e III d. I, III e IV e. Todas as afirmativas estão corretas 14. Assinale verdadeiro (V) ou falso (F). ( ) Fitoterápico é o medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas ou substâncias isoladas a partir de vegetais. ( ) O produto da extração da planta medicinal fresca ou da droga vegetal, que contenha as substâncias responsáveis pela ação terapêutica e sem a presença de estruturas celulares é considerado o princípio ativo. ( ) Fitocomplexo é a classe de substâncias (ex.: alcaloides, flavonoides, ácidos graxos, etc.) utilizada como referência no controle da qualidade da matéria-prima vegetal e do fitoterápico, preferencialmente tendo correlação com o efeito terapêutico. ( ) Infusão é a preparação que consiste no contato da droga vegetal com água, à temperatura ambiente. ( ) Planta medicinal é a espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos. 15. Dê os nomes dos tecidos. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 25 ______________________: tecido complexo vivo, formado por células vivas: parênquima, elementos crivados, fibras, células secretoras. Ocorrem em todos os órgãos vegetais. A condução de seiva ocorre por meio de células vivas com protoplasto, sendo um processo lento. ______________________: tecido de sustentação com células de parede espessa e que permite a flexibilidade de alguns órgãos. Apresenta células vivas na maturidade e apenas paredes primárias, sem lignificação. _______________________: tecido de sustentação que possui tipicamente células mortas na sua maturidade. As células possuem paredes lignificadas que se coram em vermelho com safranina. _______________________: tecido complexo vivo, isto é, formado por vários tipos celulares: parênquima, elementos condutores (traqueais), fibras, células secretoras. Algumas células estão mortas, mas o tecido é considerado vivo. Ocorre em todos os órgãos vegetais: folhas, caule, raiz, flor, fruto e semente. _______________________: é o tecido fundamental mais abundante da terra. Ocorre em todos os órgãos. Geralmente possui apenas parede primária sem lignina. Possui células com paredes finas, existem espaços intercelulares e as células são muito vacuolizadas. Tem como funções: fotossíntese, armazenamento, preenchimento transporte a curta distância. _______________________: células totipotentes, pequenas, com paredes finas e capazes de crescer. Figuras mitóticas podem estar presentes no corte histológico. Citoplasma denso e núcleo condensado com nucléolos evidentes. São pouco vacuoladas ou apresentam pequenos vacúolos. Sem espaços intercelulares. 16. Assinale verdadeiro (V) ou falso (F). 1. ( ) Análises macroscópicas e microscópicas são suficientes para assegurar a qualidade de drogas vegetais. 2. ( ) Durante a colheita em habitats naturais, a identificação deficiente ou controles de manuseio insuficientes permitem que uma planta medicinal seja misturada com outra. 3. ( ) Chá é o produto constituído de uma ou mais partes de espécie(s) vegetal(is) inteira(s), fragmentada(s) ou moída(s), com ou sem fermentação, tostada(s) ou não. 4. ( ) Qualquer espécie vegetal pode ser comercializada como chá, mas não como chá medicinal. 5. ( ) As limitações de impurezas são citadas nas farmacopeias, que estabelecem especificações e testes para a determinação de matéria estranha. 6. ( ) Nenhum produto natural está livre de impurezas no momento da colheita, mas são utilizados processos de manuseamento adequados, tais como lavagem, peneiração e classificação, para minimizar a presença de tais impurezas. 7. ( ) O cultivo é a forma de evitar que erros de identificação da planta medicinal aconteçam. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Farmacobotânica – FBF0606 | 26 17. Defina: A. Fitoterápico: _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ B. Princípio ativo: _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ C. Marcador: _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 13: c; 14: F, F, F, F, V; 16: F, V, V, F, V, V, F.
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