Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU - UNINASSAU AGRONOMIA ANDRESSA GABRIELLA BARBOSA DOS SANTOS XAVIER IGOR HENRIQUE AIRES BARBOSA ROBSON RAMOS MONTEIRO VITÓRIA FUKAMATSU MARIANO DA SILVA WDSON DE ARAUJO PEREIRA METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS: RESPIRAÇÃO CELULAR DOS VEGETAIS CACOAL 2023 ANDRESSA GABRIELLA BARBOSA DOS SANTOS XAVIER IGOR HENRIQUE AIRES BARBOSA ROBSON RAMOS MONTEIRO VITÓRIA FUKAMATSU MARIANO DA SILVA WDSON DE ARAUJO PEREIRA METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS: RESPIRAÇÃO CELULAR DOS VEGETAIS Trabalho apresentado ao Curso de Agronomia do Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU, como parte das exigências da disciplina de Bioquímica. Orientador: Dr. Mateus Aparecido Clemente. CACOAL 2023 3 RESUMO O processo de metabolismo dos carboidratos envolve uma série de reações químicas, a primeira delas, a glicólise, ocorre ainda no citoplasma da célula vegetal, as etapas seguintes: ciclo de ácido cítrico e cadeia de transporte de elétrons ocorrem dentro da mitocôndria. Diferentemente de como ocorre o processo de respiração celular em outros organismos, a glicose não é o carboidrato mais encontrado nas plantas e sim a sacarose, portanto, a mesma deve ser “quebrada” e convertida em monossacarídeos (glicose e frutose) para que possa participar do processo de glicólise. O principal objetivo do processo de respiração celular é a síntese/produção de energia que, neste caso, é armazenada em ATP e, posteriormente, é utilizada em outros processos metabólicos da célula. O principal objetivo desta pesquisa é explicar como ocorre o processo de respiração dentro das células vegetais. Foi elaborada por meio de pesquisas em sites, artigos acadêmicos, revistas e livros. Palavras-chave: Cadeia de transporte de elétrons; Ciclo de ácido cítrico; Glicólise; Metabolismo; Respiração. 4 SUMÁRIO RESUMO........................................................................................................................................... 3 1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................................5 2. METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS: RESPIRAÇÃO CELULAR......................................... 7 2.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O METABOLISMO.................................................................7 2.2 A MITOCÔNDRIA.................................................................................................................. 8 2.3 A RESPIRAÇÃO CELULAR DAS PLANTAS......................................................................... 9 2.4 DEGRADAÇÃO DE CARBOIDRATOS: AMIDO E SACAROSE............................................ 9 2.5 GLICÓLISE: VIA GLICOLÍTICA E A FORMAÇÃO DO ACETIL-COA..................................11 2.6 FERMENTAÇÃO.................................................................................................................. 15 2.7 CICLO DE KREBS............................................................................................................... 16 2.6 CADEIA TRANSPORTADORA DE ELÉTRONS..................................................................18 3. CONCLUSÃO.............................................................................................................................. 19 REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 20 5 1. INTRODUÇÃO Para que os organismos sejam capazes de realizar suas diversas funções biológicas, estes necessitam de energia de forma contínua. Diferentemente de como dita a tendência termodinâmica sobre atingir equilíbrio constante, os organismos vivos são constituídos por reações químicas estáveis que não são mantidas em um equilíbrio e, para tal, eles são obrigados a “perder” e “ganhar” energia do meio em que vivem. Existem alguns organismos que são capazes de obter a energia de que precisam através da luz solar, também chamados de fototróficos e, aqueles que são adaptados para converter outros tipos de compostos encontrados no meio ambiente, sendo estes chamados de quimiotróficos. Dentro deste último grupo, existem organismos que realização a oxidação de substâncias inorgânicas, denominados de quimiolitotróficos e, outros, como os animais e a grande parte dos organismos, que são capazes de oxidar apenas compostos orgânicos, ou seja, são quimiorganotróficos (MARZZOCO & TORRES, 1999). As reações orgânicas que os organismos vivos realizam com a finalidade de obter energia para a síntese das substâncias necessárias são chamadas, em conjunto, de metabolismo (BARREIROS & BARREIROS, De uma forma geral, as substâncias oxidáveis que são utilizadas pelos humanos estão presentes no consumo dos alimentos. Estas substâncias podem ser encontradas sob a forma de carboidratos, lipídios e proteínas (MARZZOCO & TORRES, 1999). Os carboidratos, denominados também de glicídios ou açúcares, juntamente com os lipídios e as proteínas, participam das diferentes reações bioquímicas que ocorrem no interior das células e, permitem, assim, garantir sua integridade e a regulação de processos metabólicos, fisiológicos e/ou genéticos. Acreditava-se que os carboidratos estariam envolvidos somente em funções estruturais e energéticas dos organismos, mas com os avanços científicos e o surgimento de um ramo especializado no estudo destes compostos - a glicobiologia - facilitou a compreensão de como realmente essas substâncias agem dentro das células. Atualmente, sabe-se que os carboidratos participam também da sinalização que ocorre entre as células e de interações com outras moléculas, estas ações são fundamentais para a manutenção da vida (POMIN & MOURÃO, 2006). De acordo com Liberato & Oliveira (2019), os carboidratos constituem cerca de ¾ do mundo biológico e, aproximadamente 80% do aporte calórico do corpo humano são de carboidratos. A forma pela qual os carboidratos podem ser aproveitados tanto pelos humanos, quanto outros seres vivos, é através da molécula de glicose, sendo esta o carboidrato mais importante. Através da análise realizada na fórmula química da glicose revelou que estes compostos são constituídos de um forma geral pela molécula CH2O. Ela representa a proporção entre um átomo de carbono (C) para uma molécula de água (H2O). Portanto, o nome carboidrato advém desta descoberta (POMIN & MOURÃO, 2006). 6 Um importante processo celular que envolve os carboidratos é a respiração. Esta pode ser definida como o processo de metabolização de compostos orgânicos através da oxidação controlada para a liberação de energia em forma de ATP (Adenosina Trifosfato) e, assim, garantir a manutenção e o desenvolvimento da célula. A respiração celular pode ocorrer na presença ou na ausência de oxigênio e é através deste processo metabólico que há produção de energia, calor e os compostos necessários para o metabolismo celular (VIEIRA et.al, 2010). O presente trabalho busca apresentar todas as etapas do processo de respiração celular através do metabolismo de carboidratos. A pesquisa está dividida da seguinte maneira: primeiramente será introduzido alguns tópicos gerais sobre o conceito de metabolismo e bioenergética; em seguida já será apresentado ao processo de glicólise, processo o qual há a quebra das moléculas de glicose e sua conversão em piruvato e, posteriormente, em acetil COA; depois será descrito o processo pelo qual este último passa pelo ciclo de Krebs; posteriormente, as moedas energéticas produzidas no ciclo de krebs e na quebra da glicose serão convertidas em ATP através do processo de fosforilação oxidativa, também chamada de cadeia transportadora de elétrons; em seguida, uma segunda rota também adotada pelo acetil será explicada, a via das pentoses; logo mais, alguns processos importantes serão apresentados como a quebra de algumas moléculas tais como o glicogênio, o amido, a sacarose e a lactose e o processo de produção de glicose a partir de compostos que não são carboidratos, a gliconeogênese;por último, se discorre sobre um processo caracterizado pelo inverso do processo de respiração celular, a fotossíntese. 7 2. METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS: RESPIRAÇÃO CELULAR 2.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O METABOLISMO Barreiros & Barreiros (2012; apud LEHNINGER, NELSON & COX, 2006 ) o metabolismo pode ser definido como “Conjunto de reações orgânicas que os organismos vivos realizam para obter energia e para sintetizar as substâncias de que necessitam”. O metabolismo é um sistema demasiadamente coordenado, podendo ocorrer por sistemas multienzimáticos, ou seja, há diversas vias metabólicas pelas quais estes processos podem ocorrer. Juntas, elas são capazes de capturar energia do sol ou degradar substâncias do meio ambiente e, assim, produzir energia; além de transformarem moléculas relativamente simples provenientes dos mesmo nutrientes e obter moléculas que possuem propriedades distintas e próprias para cada célula; podem ainda polimerizar, ou seja, transformar moléculas monoméricas (pequenas) em macromoléculas, tais como as proteínas, os ácidos nucleicos e os polissacarídeos; e, por fim, possuem a capacidade de sintetizar (produzir) ou degradar os compostos necessários para a realização das diferentes atividades celulares, sendo estas especializadas, como por exemplo: os lipídios presentes na membrana plasmática, mensageiros intracelulares e pigmentos como aqueles presentes no cloroplastos das células vegetais (NELSON & COX, 2014). Atualmente, os organismos vivos são classificados quanto à forma química com a qual obtêm carbono através do meio ambiente. Aqueles que são capazes de utilizar o dióxido de carbono (CO2) proveniente da atmosfera terrestre e, partir deste, sintetizar as suas biomoléculas, são chamados de autotróficos, alguns exemplos são: bactérias fotossintéticas, algas verdes e plantas vasculares. Por outro lado, alguns organismos não conseguem utilizar o carbono atmosférico e, dessa forma, devem obtê-lo a partir do meio em que vivem, geralmente na forma de moléculas complexas, tais como a glicose. Outra importante diferença a ser destacada entre os organismos autotróficos e heterotróficos é que, estes primeiros, são capazes de absorver a luz solar e obter a energia necessária para a realização de suas reações através dela, enquanto que, os organismos heterotróficos precisam realizar a degradação de compostos orgânicos para produzir energia (NELSON & COX, 2014). O metabolismo pode ocorrer de duas formas: primeiro, o catabolismo, é o processo pelo qual moléculas complexas são degradadas e, assim, pode-se obter células simples e energia proveniente da quebra de ligações; segundo, o anabolismo, que, como se pode constatar, trata-se do processo inverso ao anterior, ou seja, realiza a síntese de moléculas complexas a partir de moléculas simples e, neste caso, para que essas reações ocorram, é necessário um gasto energético. Através do catabolismo, as moléculas de polissacarídeos são quebradas e se tornam monossacarídeos, os lípidos são transformados em ácidos graxos e as proteínas em aminoácidos (Figura 1). O metabolismo destes três tipos de compostos oxidáveis convergem em um mesmo ciclo (Ciclo de Krebs), onde o acetil-CoA é convertido em dióxido de carbono (CO2) e água (H2), e a energia obtida através da quebra de ligações é “armazenada” em moedas energéticas como 8 ATP, GTP (equivalente ao ATP, produzida a nível de substrato), NADH e FADH2. No final, a energia armazenada é convertida totalmente em ATP no processo de fosforilação oxidativa. Figura 1: Resumo do processo do Metabolismo catabólico Fonte: https://canal.cecierj.edu.br/recurso/7596 2.2 A MITOCÔNDRIA As mitocôndrias (Figura 2) podem ser descritas como organelas citoplasmáticas presente nas células eucarióticas, animais ou vegetais, formadas por estruturas complexas, com duas membranas que são altamente especializadas: uma interna e outra externa. A principal função destas organelas está na produção de energia (ATP) que o organismo irá utilizar em outras atividades. Além disso, essas organelas possuem seu próprio DNA, diferente do DNA encontrado no núcleo da célula. Foi em 1946, que a mitocôndria foi reconhecida como parte crucial para o metabolismo energético acontecer. E, em 1950, as principais etapas do processo de metabolismo energético foram desvendadas (LIMA, DUARTE & SÁ, 2011). Na matriz mitocondrial estão presentes: DNA mitocondrial, ribossomos mitocondriais, os RNAs e algumas enzimas que são necessárias para a expressão dos genes mitocondriais. Os principais eventos do processo de respiração celular ocorrem na Mitocôndria: o Ciclo de Krebs e a Cadeia Transportadora de Elétrons. Além de produzir energia, a Mitocôndria atua ainda na morte celular por apoptose - uma forma de morte celular programada, ou "suicídio celular" -; produção de calor; e contribuição na genética humana através do DNA mitocondrial (LIMA, DUARTE & SÁ, 2011). 9 Figura 2: Mitocôndria Fonte: https://descomplica.com.br/d/vs/biologia/citologia/respiracao-celular-e-fermentacao/ 2.3 A RESPIRAÇÃO CELULAR DAS PLANTAS Assim como a fotossíntese, o processo de respiração celular é fundamental para garantir a vida na Terra. Em sua grande maioria, os organismos vivos utilizam oxigênio molecular (O2) e são capazes de quebrar compostos de carbono e aproveitar a energia contida dentro destes para o desenvolvimento e a manutenção dos seus corpos. A energia, em regra, é armazenada com os carboidratos. O processo respiratório pode ser descrito da seguinte forma: C6H12O6 + O2 6 CO2 + 12 H2O + energia→ Resumidamente, o processo de fotossíntese consiste na captura do dióxido de carbono e luz do sol e, a partir destes, sintetizar os açúcares. É possível afirmar então que a fotossíntese é o processo reverso da respiração celular e, de certa forma, são complementares um ao outro. Para que o metabolismo das plantas venha a ocorrer, dois processos são necessários: para que as plantas possam realizar a fotossíntese, elas precisam respirar, uma vez que a através da respiração elas obtêm a energia de que precisam, e, para respirar, elas necessitam dos açúcares produzidos na fotossíntese, que contém a energia necessária. O processo de respiração celular é definido em três etapas: a glicólise, processo o qual ocorre no citosol; a segunda é ciclo de ácido cítrico, ou ciclo de Krebs, que ocorre na matriz mitocondrial; e, por fim, a cadeia de transporte de elétrons, ou cadeia respiratória que ocorre nas cristas mitocondriais (KERBAUY, 2004). 2.4 DEGRADAÇÃO DE CARBOIDRATOS: AMIDO E SACAROSE A glicólise ocorre em todos os organismos, sejam eles procariotos ou eucariotos. As principais reações que ocorrem na respiração celular das plantas também ocorrem nos animais, no entanto, a glicólise das plantas possui características reguladoras singulares, com rotas alternativas para várias etapas e uma rota parcial que ocorre paralelamente em plastídios. No 10 entanto, diferentemente dos animais, os principais carboidratos encontrados nas plantas são o amido e a sacarose (Figura 3 e 4) (TAIZ et.al, 2017). A sacarose é o principal carboidrato que é translocado pelo floema, enquanto que o amido é utilizado como armazenamento, devido a sua insolubilidade (OLIVEIRA, 2023). O amido é constituído por grânulos que podem ser isolados e armazenados. Os mesmos são encontrados de forma organizada dentro de plastídios específicos: os amiloplastos. A degradação do amido ocorre devido a ação de diversas enzimas que podem coexistir em múltiplas formas e estar localizadas fora do plastídeo (ROSSETO, LAJOTO & CORDENUNSI, 2004). A síntese e catálise dos amidos é realizada somente nos plastídios e o carbono que é obtido durante o processo de quebra ingressa na via glicolítica da glicólise no citosol primariamente como glicose (TAIZ et.al, 2017). A quebra da sacarose ocorre através de duas rotas diferentes: rota da invertase e a rota da sacarose sintase. As enzimas invertases hidrolisam a molécula da sacarose naparede celular, no vacúolo ou no citosol em duas moléculas: glicose e frutose. Adiante, essas moléculas (glicose + frutose) serão fosforiladas e formarão glicose-6-fosfato e frutose-6-fosfato. Enquanto que, a sacarose sintase combina a sacarose com UDP e, assim, produz frutose e UDP-glicose no citosol. Depois, a UDP-glicose pirofosforilase converte o USP-glicose e pirofosfato em UTP e glicose-6-fosfato. A reação da sacarose sintase é próxima ao equilíbrio, mas a invertase é praticamente irreversível. Ainda mais, mesmo que tais enzimas estejam disponíveis para realização do processo de quebra, outras enzimas podem manter a respiração celular. O mecanismo pelo qual diferentes rotas podem trabalhar e substituir-se sem alterar a função com a qual trabalham é chamada de redundância metabólica (TAIZ et.al, 2017). Figura 3: Quebra do amido Fonte: https://www.todaciencia.com.br/bioquimica/digesto_do_amido.html 11 Figura 4: Quebra da sacarose Fonte: https://www.todaciencia.com.br/bioquimica/hidrlise_da_sacarose.html 2.5 GLICÓLISE: VIA GLICOLÍTICA E A FORMAÇÃO DO ACETIL-COA Em análises quantitativas, a glicose é o principal substrato oxidável para a maioria dos organismos. A mesma pode ser considerada como uma fonte universal que praticamente todas as células possuem a capacidade de utilizar para atender suas demandas energéticas (MARZZOCO & TORRES, 1999). A glicólise pode ser definida como o processo pelo qual ocorre a quebra da molécula de glicose, onde a mesma, que possui 6 carbonos (C6H12O6) será convertida em duas moléculas com 3 carbonos cada, o piruvato (BARREIROS & BARREIROS, 2012). O processo de glicólise ocorre no citosol, onde a degradação da glicose pode ocorrer de duas formas (Figura 4): a via das pentose - associada a produção de compostos intermediários como a ribose dos nucleotídeos e também na redução do NADP que, posteriormente, será utilizado em alguns processos de biossíntese -; ou pela via glicolítica - processo inteiramente relacionado à produção de energia e contendo pontos de controle que são altamente regulados através de indicadores do estado energético da célula (KERBAUY, 2004). 12 Figura 4: Destinos da glicose Fonte: Barreiros & Barreiros (2012) O processo de glicólise pode ser dividido em duas etapas com cinco reações cada: a primeira, denominada como fase preparatória (Figura 5), consiste no consumo de ATP para ativação da glicose e, assim, convertê-la em gliceraldeído-3-fosfato. A segunda etapa, ou etapa de compensação (Figura 6), o gliceraldeído-3-fosfato é convertido em piruvato, e a energia é armazenada na forma de ATP e NADH (BARREIROS & BARREIROS, 2012). A glicólise tem seu início com a fosforilação da glicose. Durante esta etapa, a enzima hexoquinase utiliza uma molécula de ATP para converter a glicose em glicose-6-fosfato. Na segunda etapa, a enzima fosfo-hexose-isomerase irá, através de quatro reações sucessivas de catálise enzimática e ácida geral, converter a glicose-6-fosfato em frutose-6-fosfato. Na terceira etapa, a enzima fosfofrutoquinase realiza a catalisação de um fosfato do ATP para o carbono 1 da frutose-6-fosfato e, consequentemente, a frutose 1,6-bifosfato é formada (BARREIROS & BARREIROS, 2012). A quarta etapa do processo de glicose é realizada pela enzima aldolase, que irá converter a frutose 1,6-bifosfato em diidroxiacetona fosfato e gliceraldeído 3-fosfato (MARZZOCO & TORRES, 1999). Em um processo parecido com o da conversão da glicose-6-fosfato em frutose-6-fosfato, mas ocorrendo em um menor número de etapas, ocorre a quinta fase do processo de glicólise e a última etapa da etapa preparatória (BARREIROS & BARREIROS, 2012). Neste processo ocorre a conversão do diidroxiacetona em gliceraldeído 3-fosfato, o que possibilita que todos os carbonos da glicose sejam oxidados a piruvato, uma vez que, apenas o gliceraldeído 3-fosfato pode ser substrato da próxima enzima e, portanto, somente ele tem a capacidade de prosseguir pela via glicolítica (MARZZOCO & TORRES, 2012). Uma vez que o gliceraldeído 3-fosfato é formado, a rota glicolítica pode extrair energia utilizável na fase de conservação de energia. A sexta etapa marca o início da fase de compensação, onde a enzima gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase irá catalisar a oxidação de aldeído para um ácido carboxílico e, assim, reduzindo o NAD+ em NADH. A energia desprendida 13 da reação permite que ocorra a fosforilação do gliceraldeído-3-fosfato para a produção de 1,3-bifosfoglicerato. Adiante, na sétima etapa, a enzima fosfoglicerato quinase transfere o carbono 1 para uma molécula de ADP, resultando na produção de um ATP e 3-fosfoglicerato. Este tipo de produção de ATP é chamado de fosforilação a nível de substrato (TAIZ et.al, 2017). A oitava etapa consiste na transformação do 3-fosfoglicerato em 2-fosfoglicerato, através da ação da enzima fosfoglicerato-mutase. Na nona etapa da glicólise, o 2-fosfoglicerato será desidratado pela enzima enolase e formará fosfoenolpiruvato. Por fim, na décima e última etapa da glicólise, o fosfoenolpiruvato transfere o seu fosfato para o ADP, gerando o enol do piruvato que se transforma em piruvato e gera uma molécula de ATP (BARREIROS & BARREIROS, 2012). Figura 5: Fase preparatória da glicólise Fonte: Barreiros & Barreiros (2012; apud. Nelson & Cox, 2011) 14 Figura 6: Fase compensatória da glicólise Fonte: Barreiros & Barreiros (2012; apud. Nelson & Cox, 2011) Em condições aeróbicas, ou seja, com a presença do oxigênio, para que o piruvato tenha sido totalmente oxidado, o mesmo precisa ser convertido em acetil-CoA (Figura 7) . Em células eucarióticas, o piruvato produzido a partir da glicólise é transportado do citosol até a Mitocôndria. Portanto, o piruvato deixa de ser um aceptor dos elétrons provenientes do NADH que foi produzido na glicólise e esta coenzima é oxidada pelo oxigênio, o receptor final de elétrons no metabolismo aeróbio. O processo com o qual o piruvato é convertido em acetil-Coa ocorre por meio da descarboxilação oxidativa. Este processo de conversão é irreversível. De forma básica, o processo consiste na transferência do grupo acetila, oriundo da descarboxilação do piruvato, para a coenzima A (MARZZOCO & TORRES, 2015). 15 Figura 7: Descarboxilação do piruvato Fonte: Fonte: Barreiros & Barreiros (2012; apud. Nelson & Cox, 2011) 2.6 FERMENTAÇÃO O processo de fosforilação oxidativa não ocorre na ausência do oxigênio. Logo, a glicólise não poderá continuar sem o suprimento necessário de NAD+ que, por sua vez, se torna limitado, uma vez que o mesmo fica aprisionado no estado reduzido, o NADH. Pelo fato do NAD+ estar aprisionado, o gliceraldeído-3-fosfato chega a um impasse. Em resposta a essa limitação, a planta pode prosseguir por outras rotas de metabolização do piruvato: a fermentação (Figura 8). Muito comum em plantas, a fermentação alcoólica é caracterizada pelo processo no qual duas enzimas, piruvato descarboxilase e álcool desidrogenase, atuam sobre a molécula de piruvato e, produz etanol, oxidando também o NADH durante o processo. Por outro lado, na fermentação do ácido lático, que também pode ser encontrado em plantas, a enzima lactato desidrogenase utiliza o NADH para reduzir a molécula de piruvato em lactato e, dessa forma regenera o NAD+ (TAIZ et.al, 2017). 16 Figura 8: Processos de fermentação alcoólica e láctica Fonte: http://www.teliga.net/2013/01/fermentacao-o-destino-anaerobico-do.html 2.7 CICLO DE KREBS O Ciclo de ácido cítrico, ou ciclo de Krebs (Figura 9), é a próxima etapa do processo de respiração celular após a quebra da glicose e a formação do Acetil-CoA. Através dele, o Acetil-CoA será convertido em moléculas de CO2, e a energia liberada pela quebra das ligações é conservada na forma de 3 NADH, 1 GTP e 1 FADH2 (BARREIROS & BARREIROS, 2012). Este ciclo ocorre dentro da matriz mitocondrial dos eucariontes, e no citoplasma dos procariontes. Este processo necessita do oxigênio para que todos os processos ocorram. Durante todopercurso, diversas reações anabólicos e catabólicas ocorrem, cujo principal objetivo é oxidar o acetil coenzima A (CÔRREA, 2009). 17 Figura 9: Ciclo de Krebs Fonte: https://cerebromedico.com/en/citric-acid-cycle/ O ciclo de Krebs é dividido em 8 etapas. Na primeira etapa, quando o Acetil-CoA entra no ciclo ocorre um processo de condensação de Claisen com o oxaloacetato, formando assim o citrato. Este mecanismo é realizado pela enzima citrato-sintase. Na segunda etapa, o citrato é isomerizado - ou seja, sua estrutura molecular é modificada - e transformado em isocitrato. Desta vez, a enzima aconitase é quem realiza o processo. A terceira etapa ocorre quando o isocitrato é oxidado pelo NAD+, seguido de uma descarboxilação e, assim, formando o -cetoglutarato. Naα quarta etapa, o alpha-cetoglutarato é oxidado novamente pelo NAD+ catalisado pela enzima α -cetoglutarato-desidrogenase, sofrendo uma descarboxilação e sendo adicionado à CoASH e formando succinil-CoA e NADH. Na quinta etapa do ciclo de Krebs, o succinil-CoA é convertido a succinato, sendo que a energia liberada forma uma molécula de GTP - ATP a nível de substrato. Na sexta etapa do ciclo, o succinato é oxidado a fumarato através da enzima succinato-desidrogenase, com o auxílio de um FAD e, assim, formando um FADH2. Na sétima etapa do ciclo de Krebs, o fumarato sofre um processo de hidratação pela enzima fumarato-hidratase, formando L-malato. Por fim, na última etapa, o L-malato é oxidado pela enzima L-malato-desidrogenase, sendo auxiliado por um NAD+, o'que forma o oxaloacetato e mais um NADH, dando início novamente ao ciclo (BARREIROS & BARREIROS et.al, 2012). 18 2.6 CADEIA TRANSPORTADORA DE ELÉTRONS O ATP é o carregador de energia utilizado pelas células para impulsionar os processos vitais, portanto, a energia conservada nos processos de glicólise e no ciclo de ácido cítrico em forma de NADH e FADH2 devem ser convertidos em moedas de ATP. Todo esse processo de conversão demanda a presença de oxigênio, por isso este processo tem o nome de fosforilação oxidativa ou cadeia transportadora de elétrons. Mesmo que este processo seja similar ao que ocorre em outros organismos, as plantas possuem muitas NAD(P)H-desidrogenase e uma oxidase alternativa, e nenhuma destas pode ser encontrada dentro das mitocôndrias dos mamíferos (TAIZ et.al, 2017). Como dito anteriormente, uma das principais moléculas de carboidratos que é encontrada nas plantas é a sacarose. Para cada uma dessas moléculas que são oxidadas no processo de glicólise e pelo ciclo de krebs, ocorre a formação de 4 moléculas de NADH mais 4 moléculas de FADH2 que são geradas na matriz mitocondrial. Todo o processo da cadeia transportadora de elétrons ocorre dentro da membrana interna da mitocôndria e, há um conjunto de quatro complexos transmembranares multiproteicos que são identificados por números romanos (Figura 10), sendo três deles envolvidos com bombeamento de prótons (I, III e IV) (TAIZ et.al, 2017). Figura 10: Cadeia Transportadora de Elétrons Fonte: https://br.pinterest.com/pin/191191946660991229/ A cadeia de transporte de elétrons é a principal fonte de ATP das células. Para cada NADH oxidado, cerca de 3 ATPs são produzidos, e 2 ATPs através do FADH2, uma vez que este entra somente a partir do complexo II. Portanto, o rendimento final do processo de respiração das plantas em ATP é de 60 moléculas. 19 3. CONCLUSÃO Através da presente pesquisa é possível constatar a complexidade que um complexo de reações, muitas vezes considerado simples, químicas. Tal complexidade envolve, principalmente, a participação de diversas enzimas para os processos de oxidação, quebra, descarboxilação, entre outras. Além disso, entender como as plantas funcionam a nível celular corrobora com a formação de futuros profissionais da área de Agronomia. Ademais, foi possível compreender todos os processos e mecanismos que envolvem o processo de respiração celular nas plantas. 20 REFERÊNCIAS CÔRREA, E. R. Fisiologia Vegetal. São Cristóvão/SE: Universidade Federal do Sergipe/CESAD, 2009. 14p. BARREIROS, A. L. B. S.; BARREIROS, M. L. Química Biomoléculas. São Cristóvão/SE: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2012. 33P. KERBAUY, G. B. Fisiologia Vegetal. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 470p. LIMA, T. F. O. de; DUARTE, D. A.; SÁ, A. L. B. (2010). Mitocôndria Revisada. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2, 94-107. Recuperado de https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/6752. Acesso em 23 de Novembro de 2023. MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica Básica. 2 ed. Rio de Janeiro/RJ: Guanabara Koogan, 1999. 355p. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1250p. OLIVEIRA, Luiz E. M. O. Síntese de Sacarose e Amido; Universidade Federal de Lavras/UFLA. Disponível em: http://www.ledson.ufla.br/fotossintese-em-plantas-superiores/ciclo-de-reducao-do-co2/sintese-da-s acarose-e-amido/. Acesso em 23 de Novembro de 2023. POMIM, V. H.; MOURÃO, P. A. S. Carboidratos. Revista Ciência Hoje. v 39. n 233. ROSSETO, M. R. M.; LAJOLO, F. M.; CORDENUNSI, B. R. Influência do ácido giberélico na degradação do amido durante o amadurecimento da banana. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 24(1). p 76-81. 2004. TAIZ, L. et.al. Fisiologia e Desenvolvimento Vegetal. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 888p.
Compartilhar