Buscar

Dermatofitoses (malassezia)

Prévia do material em texto

Malassezia
Características do gênero:
Encontra-se taxonomicamente posicionado junto ao:
Reino Fungi
Filo Basidiomycota
Sub-Filo - Ustilaginomycotina
Classe Exobasidiomycetes
Ordem Malasseziales
Família Malasseziaceae
Gênero Malassezia
Louis Charles Malassez – Final do Século XIX
Raymond Sabouraud – identificou o microrganismo causador da caspa e denominou de Pytirosporum
malassez – 1904
1951 – Verificou –se os micro-organismos eram os mesmos e decidiu-se pelo termo Malassezia spp
O posicionamento neste grupo deve-se a:
Estrutura da parade celular constituída de lâminas espiraladas.
Microorganismo produtor de uréase (enzima que faz a hidrólise da uréia – o pH vai mudando de
ácido para alcalino, até o ponto de viragem, onde do meio que era amarelo muda para a cor pink). O
vermelho de fenol é um indicador de ph no meio.
Reação positiva ao azul de diazônio B: teste que se faz com o indicador que é o azul de diazônio
mudando de cor, revela essa condição.
Parede Celular resistente à ação da enzima β – (1,3) – glucanase, ou seja, a Malazessia é
resistente a essa enzima rompe as ligações beta 1-3 glucano.
São lipofílicas, ou seja, possui afinidade pelos ácidos graxos de cadeia longa.
Constituido por espécies lipofílicas, podendo ser dependentes ou não
As espécies lipofílicas dependentes são aquelas incapazes de sintetizarem ácidos graxos de
cadeia longa.
OBS: Tem várias espécies e todas são lipofílicas (apresentam afinidade por ácidos graxos de cadeia
longa). E a maioria são lipodependentes. Ex: M. pachydermatis – ela é lipofílica mas não é
lipodependente. Ela gosta do meio com ácidos graxos, porém ela crescerá sem essa fonte de suprimento.
M. furfor – ela é lipodependente precisa de uma suplementação de ácidos graxos, sem isso ela não se
desenvolve.
O aspecto é globoso ou elipsoide, com reprodução por brotamento unipolar, sendo cada brotamento
separado por um septo em torno do qual pode ser observado um colarete.
Algumas espécies também filamentam (pode-se encontrar alguns filamentos nessas leveduras)
As leveduras podem ter reprodução sexuada ou assexuada. Na reprodução assexuada pode ter uma
reprodução por divisão binária ou por brotamento (pode se dá em diversas partes da célula ou nos
2
polos: bipolar). A Malassezia possui brotamento unipolar (brotamento de base estreita). No local que
ocorre esse brotamento fica uma cicatriz chamada de colarete.
Não preciso saber tudas as espécies de Malassezia. Mas devo saber as 2 acima e mais algumas.
3
Malassezia furfur
Já foi isolada de animais, porém não causa nenhum problema. É isolada em humanos (do
homem).
Possui brotamento unipolar – em algum momento vai se soltar.
É mais globosa, arredondada do que a pachydermatis. Pode filamentar um pouco, possui hifas
Malassezia pachydermatis
Já foi isolada de humanos, mas predomina em animais, principalmente do cão.
Possui brotamento unipolar, mais cumprida (lembra o pino/garrafa de boliche)
Serume: possui coloração enegrecida, cor quase sempre negro, marrom escuro, odor fédito. Faz parte da
biota animal dos animais, como por ex: no cão. Se tiver em grande quantidade, mais de 7 células por
campo, pode ser o causador da otite. Pode ter associação com bactérias nas otites. Precisando tratar
com antifúngico e com antibiótico.
Malassezia furfur
Não existe distinção em relação a raça. Pessoas mais morenas é mais fácil de verificar. Lesão: promove
despigmentação da pele (manchas claras). Recebe o nome de Pitiríase, pois antes o nome da Malassezia
4
era Pitirosporum. Todos nós temos na nossa pele. Pode desacerbar seu desenvolvimento e pegando sol,
percebe a área mais clara (despigmentada). O microrganismo produz uma substancia que inibe a ação da
enzima tirosinase (enzima responsável pela melanização da pele, que faz a pigmentação da pele).
(Pitirosporum ovale, Pitirosporum orbiculare)
Pitiríase versicolor (tinea versicolor) – devido a cor. Normalmente são manchas claras, mas pode
ter manchas de outras cores, pode ser amarronzada, cobre, etc.
Lat versicolore
Epidemiologia/causas
Adultos jovens
Regiões de clima tropical e subtropical – fungos adoram umidade e calor
Possível causa :
dermatite seborreica
dermatite atópica
Fatores exógenos e endógenos
Alta temperatura e umidade do ar – predileção dos fungos
Pele oleosa (tem a ver com a oleosidade da pele devido a afinidade pelos ácidos graxos de
cadeia longa), elevada sudorese, fatores hereditários, dermatite, tratamentos com corticosterápicos, uso
de terapia imunossupressora, uso de cosméticos, hidratantes a base de óleo de amêndoas (o Malassezia
gosta).
Sepsis associada a catéter (neonatos e imunocomprometidos) - Existe micoses superficiais e em
alguns casos invasivamente causar uma sepse pelo uso de catéter. Qualquer falta de cuidado pode
introduzir a levedura (que se encontra na pele) e ir para a corrente sanguínea.
Hiper-alimentação – lipídeos – neonatal
Pneumonia
Peritonites
Para aquelas espécies que são lipofílicas lipodependente pode suplementar o meio com azeite de oliva.
● Lipofílica – ácidos graxos de cadeia longa
● Suplementação dos meios com gotas de azeite de oliva
● Sabouraud dextrose com óleo de oliva (fonte de ácidos graxos de cadeia longa) e ciclohexamida
(inibe os fungos saprófilos)
● Tween 80 incorporado ao ágar (fonte de ácidos graxos)
● Meio com glicose, extrato de levedura (enriquece o meio), peptona, azeite de oliva,
monoesterato de glicerol e tween 80.
● Incubação a 35ºC – 37ºC – colônias cremes em 2 a 4 dias
A despigmentação observada da pele em lesões pela Malassezia furfor, na presença da luz solar, essas
leveduras produzem uma substância chamada de Ácido azaléico. O ácido azaléico vai impedir a ação da
tirosinase, a enzima responsável pela melanogênese (melanização das células). Inibe a tirosinase,
levando a região ficar esbranquiçada.
5
Existe cremes a base de ácido azaléico que é usado por dermatologistas, porém não se pode pegar sol.
M. pachydermatis
É uma levedura apenas lipofílica, não é lipodependente (tem predileção pelas fontes de ácidos
graxos, porém não depende disso, pode crescer sem ele)
Pode ser entendido como uma levedura lipofílica, não micelial e saprofítica, ovóide a elipsóide,
com brotamento unipolar que pode ser encontrada no canal auditivo, nos sacos anais, vagina, reto e
pele principalmente de cães, fazendo parte da micobiota cutânea normal (por algum momento pode
exacerbar esse crescimento e provocar problemas)
Fatores que fazem com que a malassezia se torne um patógeno:
Predisposição do animal - Raças predisponentes de cães, como por exemplo, aquelas com orelha
caída. Circula menos ar, faz um microclima com mais umidade, maior acumulo de cerumem e
probabilidade de desenvolvimento de microorganismo.
Alterações no microambiente e nas defesas do animal
Microambiente da pele pode ser alterado pela:
Excessiva produção de gordura
Alterações na qualidade da gordura
Aumento de umidade
Rachaduras na superfície epidérmica
Doenças que levem a inflamação cutânea e alterem a produção de gordura
Alergias (atópica, alergia de contato, alergia alimentar, por pulgas)
Desordens de queratinização como a seborréia
Endocrinopatias (hiperadrenocorticismo, diabetes, hipotiroidismo)
Doenças bacterianas da pele
Neoplasias internas ou externas
*Raças mais suscetíveis de cães:
West Highland White Terrier
Dachshund
Setter Inglês
Basset hound
Cocker Spaniel
6
Shih Tzu
Springer Spaniel
German Shep-herd
Pastor Alemão
OBS: O vira-lata é mais resistente. Porém, pode ocorrer nele também, inclusive na pele.
Por qual motivo Malassezia é patogênica (fatores de virulência):
Produção de protease (exoenzima – produzida por muitos microorganismos e as células liberam
essa enzima para o meio externo- vai para o tecido onde o microorganismo está se desenvolvendo e
promove a degradação de proteínas)
Produção de fosfolipase (degradação de fosfolipideos)
Produção de urease (tem relação com a patogenicidade, virulência do microorganismo)
Produção de fosfatases
O que ocorre? Sinais clínicos
Prurido moderado a intensoOdor intenso
Localização generalizada
Ou dermatite localizada: focinho, rosto e orelhas, incluindo conduto auditivo
Serúmem escurecido.
Pode ocorrer nas áreas interdigitais
Área ventral e membros
Região perianal
Podem ser ligeiramente amareladas a acizentadas
Às vezes hiperpigmentadas, crostosas, escamosas, secas ou úmidas
Em cavalos, exemplo: Tennessee Walking Horse apresentando alopecia difusa
Diagnóstico laboratorial da Pitiríase
Na pele: Fluorescência verde amarelada – UV 360 nm – ressalva para lesões não escamosas e em
casos de uso de antifúngicos tópicos. Pode ser mascarada por alguns antifúngicos, por exemplo.
Possibilidades de coleta de material:
- Esfregaço com carpete esterilizado - – pressionado na
pele do animal, os microorganismos ficam aderidos.
- Swab seco ou úmido - Coleta com swab do serumem
(conduto auditivo). Coloca uma lâmina, rolar na superfície, corar a
lamina (fixar, corar) para fazer uma contagem do número de
células no campo.
- Lavado da superfície
- Técnica de placas de contato
Observação microscópia – levedura com brotamento em colarete (unipolar)
Isolamento: Ágar seletivo para fungos patogênicos (sabouroud + cloranfenicol + ciclohexamida)
Meio de Dixon
7
Sabouroud acrescido de azeite de oliva – é importante porque estimula o
crescimento e podemos pegar uma outra espécie.
35-37ºC por 3 a 6 dias
É importante colocar azeite, pode estimular o crescimento fungico e identificar outras possíveis espécies.
Colônias de textura globosa e cor creme amarelada
Chave para identificação de espécies:
8

Continue navegando