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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Classificação Metabólicas ● Hipercalcemia ● Hiponatremia por SIADH ● Síndrome de lise tumoral Mecânicas ● Tamponamento pericárdico ● Derrame pleural ● Síndrome da veia cava superior ● Hipertensão intracraniana induzida por neoplasia ● Síndrome de compressão medular ● Síndrome de hiperviscosidade ● Obstrução intestinal Relacionadas ao tratamento ● Mucosite ● Neutropenia febril ● Trombocitopenia ● Efeitos tóxicos diretos de quimioterápicos em órgãos e sistemas Introdução Representam um amplo espectro de doenças que podem se apresentar no departamento de emergência (DE) como a manifestação inicial de uma neoplasia maligna previamente não diagnosticada, a progressão de uma doença já conhecida ou o efeito colateral do tratamento oncológico. A condição clínica do paciente previamente à admissão, o prognóstico oncológico e a expectativa de vida devem ser levantados, e o planejamento terapêutico e os objetivos do cuidado devem ser discutidos durante a avaliação inicial. 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Neutropenia Febril Urgência oncológica do tipo hematológica, a qual é associada a quimioterapia citotóxica e, por isso, todos os pacientes submetidos à quimioterapia têm risco de desenvolvê-la. ● Mielodepressão → deixa o paciente mais suscetível a infecções, especialmente por patógenos oportunistas, oriundos da pele, da cavidade oral e do trato gastrointestinal. ● Elevada morbimortalidade ● Contagem absoluta de neutrófilos menor que 500 células/µL ou com expectativa de decréscimo abaixo de 500 células/µL nas próximas 48 horas. ○ Pessoa infectada ou sem sinais de infecção! ● Pacientes com câncer que recebem terapia antineoplásica citotóxica suficiente para afetar adversamente a mielopoiese e a integridade do desenvolvimento da mucosa gastrointestinal correm risco de infecção invasiva devido à colonização de bactérias e/ou fungos que se translocam através das superfícies da mucosa intestinal. 💣 Maneiras em que a quimioterapia citotóxica deprime a imunidade e predispõe à infecção: ● Neutropenia compromete sensivelmente a resposta imune inata → prejudica a fagocitose e a produção de mediadores inflamatórios. ● Lesão à barreira mucosa gastrointestinal → provoca dano a células epiteliais que alteram a produção de peptídeos antimicrobianos reguladores da flora local, compromete o tecido linfóide associado a mucosa (placas de Peyer, células dendríticas, linfócitos), alteram a composição da flora e comprometem a integridade da barreira mucosa por apoptose. ● Quebra da barreira cutânea secundária à frequente necessidade de cateteres de longa permanência. 🚨 O tipo de tumor também afeta a incidência da neutropenia!! → Enquanto a febre pode ocorrer em 10 a 50% dos pacientes com tumores sólidos, em neoplasias hematológicas acomete mais de 80%. 🦠 O uso de antimicrobianos profiláticos ou terapêuticos pode facilitar o supercrescimento bacteriano devido à pressão seletiva. Além da neutropenia, outros fatores desempenham um papel importante no aumento do risco de infecção em pacientes neutropênicos com febre: ● Quimioterapia ● Dispositivos intravenosos ou implantados ● Hipogamaglobulinemia (leucemia linfocítica crônica, mieloma múltiplo, esplenectomia) ● Defeitos da imunidade celular (leucemia linfoblástica aguda, linfoma não Hodgkin, doença de Hodgkin, tratamento com fludarabina e alentuzumabe ● Terapia com glicocorticóides ● Destruição da integridade das estruturas anatômicas normais. Febre + neutropenia ● 👄 Temperatura ORAL → ≥ 38,3ºC (pico isolado) OU ≥ 38ºC sustentada por + de 1h. ○ Retal não pode e axilar pouco fidedigna, mas aí como no Br não usa muito oral, considera a diferença entre as duas e usa temperatura axilar > 37,8ºC (isolado) ● Neutrófilos < 500/mm³ OU neutrófilos < 1000/mm³ reduzindo para 500 nas próximas 48h. ● 🕳 A neutropenia PROFUNDA é definida por leucócitos ≤ 100/mm³, confirmada por contagem manual. Neutropenia funcional → defeitos QUALITATIVOS nos neutrófilos, como o prejuízo à fagocitose ou ao combate a microrganismos, sem alteração na sua contagem absoluta. ☠ Complicações podem ocorrer em 25 a 30% dos casos e a mortalidade do paciente é de 11%. 🤔 MESMO NA AUSÊNCIA DE FEBRE, ALGUNS PACIENTES NEUTROPÊNICOS DEVEM SER ABORDADOS COMO SE TIVESSEM NEUTROPENIA FEBRIL, desde que existam indícios clínicos de infecção. ● Ex: pacientes idosos que além de QT também recebem corticoterapia no tratamento de neoplasias hematológicas. Este grupo pode não desenvolver febre na vigência de infecção!!! ● Outros sinais de deterioração clínica (ex.: dispneia, hipotermia, hipotensão arterial etc.) podem sinalizar a existência de um processo infeccioso, demandando o pronto início de antibioticoterapia empírica. Possíveis causas não infecciosas de febre em neutropenia febril ● Tromboflebite. ● Medicamentos. ● Febre tumoral. ● Reação transfusional 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Mucosite sem infecção ● Doença enxerto versus hospedeiro. ● Reabsorção de grandes hematomas. Etiologia 85 a 90% das infecções documentadas são BACTERIANAS, das quais 80% são oriundas da flora endógena. ● A partir dos anos 1990, houve um aumento na infecção por Gram-positivos → uso de cateteres venosos centrais, quinolonas profiláticas, cefalosporinas de amplo espectro e quimioterapia de alta intensidade. ○ Sthaphylococcus epidermidis, S. aureus e estreptococos. ● Após os anos 2000, está tendo uma progressão de Gram-negativos também. ○ Gram-negativos: Psedomonas aeroginosa. A incidência de infecções fúngicas está em crescimento → utilização de corticosteroides, de antimicrobiano de amplo espectro, de leucemias e transporte aogênico de medula óssea. → acometem, tipicamente, pacientes após a 1ª semana de neutropenia prolongada. ● Após a 2ª semana de neutropenia: + comum a Candida (principalmente a albicans). ● Após a 3ª semana de neutropenia: + comum o Aspergillus e Fusarium. ● Raramente uma infecção fúngica será responsável pela "primeira febre" do paciente → O prognóstico das fungemias é sensivelmente pior que o das infecções bacterianas → duração da neutropenia é um fator essencial na estratificação do risco 🤗 A flora comensal pode atuar de maneira oportunista no contexto de imunossupressão. O uso de antimicrobianos profiláticos ou terapêuticos pode facilitar o supercrescimento de bactérias patogênicas devido à pressão seletiva. Pelo exame clínico, somente 20-30% das neutropenias febris se acompanham de outros indícios sugestivos de infecção (ex.: diarreia aguda, tosse produtiva, celulite cutânea). Pelo rastreio microbiológico, apenas 10-25% têm hemocultura positiva (bacteremia). → Na maioria dos casos de neutropenia febril, nenhuma infecção será documentada! Mesmo assim, TODA neutropenia febril deve ser encarada como "infecção grave" e tratada de acordo. Medicamentos → Além dos agentes quimioterápicos, outros medicamentos podem causar neutropenia!! ● Antibióticos ○ Macrolídeos ○ Vancomicina ○ Cloranfenicol ○ Trimetoprima-sulfametoxazol ○ Sulfonamidas ● Antimaláricos ○ Hidroxicloroquina ○ Amodiaquina ○ Quinina ● Medicamentos antiinflamatórios ○ Antiinflamatórios não esteróides ○ Penicilamina ○ Leflunomida ○ Metotrexato ○ Sais de ouro ○ Sulfassalazina ● Drogas psicotrópicas ○ Antidepressivos tricíclicos e tetracíclicos ○ Clozapina ○ Fenotiazinas ● Medicamentos antitireoidianos (tionamidas) ○ Propiltiouracil ○ Metimazol ○ Carbimazol ● Drogas cardiovasculares ○ Inibidores da ECA (enalapril, captopril) ○ Agentes antiarrítmicos (tocainida, procainamida, flecainida) ○ Propranolol ○ Digoxina ○ Dipiridamol ● Medicamentos anticonvulsivantes ○ Etossuximida ○ Carbamazepina ○ Fenitoína ● Deficiência nutricional: ○ Deficiência grave de vitamina B12, folato ou cobre também pode resultar em neutropenia. Avaliação História Clínica ● Tipo de quimioterapia e o tempo transcorrido desde a última sessão; ● Associação de outrasdrogas imunossupressoras; ● Expectativa do nadir da contagem de neutrófilos. 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Sintomas localizatórios de infecção; ● História pregressa de infecções passíveis de reativação (tuberculuse) e/ou associadas a multidroga resistente (MDR); ○ História de colonização ou infecção prévia documentada por germes multirresistentes ou fungos, assim como a história de hospitalização recente, que também aumenta a chance de colonização por tais germes ● Uso recente de antimicrobianos; ● Exposição a contactantes doentes, animais e viagens. ● 🔍 INVESTIGAR CAUSAS NÃO INFECCIOSAS DE FEBRE, como medicações e hemoderivados. ● Existem dois sinais clínicos além da febre que devem ser exaustivamente pesquisados: dor e eritema. ⏰ O atendimento deve ser iniciado com até 15 minutos da chegada do paciente. Exame físico ● Buscar sinais que auxiliem na identificação do foco, mas principalmente em marcadores de gravidade que identifiquem disfunções orgânicas e sepse. ● A resposta inflamatória é pouco exuberante → não é incomum pacientes sépticos sem alterações clínicas sugestivas de resposta inflamatória sistêmica (taquicardia, taquipneia). → piora do estado geral, alteração do nível e conteúdo da consciência e outros sinais inespecíficos podem ser as únicas manifestações observadas. ● Deve-se avaliar a pele, sítios prévios de inserção de cateter, orofaringe, pulmões e região perineal. Sítios Considerações específicas Pulmões ● Sítio frequente de infecção; ● Neutropenia febril + raio X tórax normal → infiltrado pulmonar na TC em 40% dos casos; ● Tosse produtiva → cultura de escarro para bactérias e fungos; ● Piora em 24-48 h de antimicrobiano→ considerar lavado broncoalveolar precoce Abdome e TGI ● Pode estar distendido, com dor no quadrante inferior sugestiva de enterocolite neutropênica. Defesa e descompressão busca podem estar positivas. ● Sinais de peritonite ou dor abdominal podem ser ocultos em pacientes neutropênicos; ● Atentar para colite por Clostridium e enterocolite neutropênica → TC de abdome com contraste EV e VO; ● Diarreia → pesquisa de Clostridium, coprocultura, PPF. Bacteremia e cateteres ● Aproximadamente 20% dos pacientes possuem infecção de corrente sanguínea → coletar 2 amostras (20 mL cada uma) de hemocultura periférica; ● Discreta hiperemia ou dor podem ser sinais de tunelite ou infecção da “bolsa” do cateter Mau funcionamento (infusão ou refluxo) → trombose infectada?; ● Avaliar sítios recentemente trocados; ● CVC → coletar hemocultura simultânea de cada via do cateter e periférico → pareamento por tempo ou por UFC (caso hemoculturas quantitativas sejam disponíveis). Partes moles e mucosas ● Eritema, dor, mucosite, vesículas, furúnculos, lesões dentárias, dentre outras; ● Lesões de pele podem ser manifestação de infecção sistêmica: ○ Úlceras → fungos e micobactéria não tuberculose (aspirado, biópsia e culturas), vírus; ○ Vesículas → vírus (PCR para Herpes simplex e varicela-zóster) ○ Nódulos → fungos, micobactária não tuberculosa ○ Ectima→ S. aureus; Pseudomonas ○ Lesões necróticas → infecções fúngicas invasivas (Fusarium, Aspegillus) Região perianal ● Inspeção e palpação da região → eritema, dor, doença hemorroidária sintomática; ● Evitar toque e medida de temperatura retais (→ risco de translocação bacteriana por trauma de mucosa). Trato urinário ● EAS e urocultura; ● ITU e contagem de neutrófilos < 100/µL → apenas 44% com disúria e 11% com piúria. SNC ● Se sintomas neurológicos (cefaleia, rigidez de nuca, alteração de nível ou conteúdo de consciência) → imagem e LCR; ● Atentar para pesquisa no LCR de antígeno Criptococcus e PCR para herpes, CMV e varicela-zóster. 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Exames Complementares →A Infectious Diseases Society of America (IDSA), sugere que os exames iniciais devem ser: ● Hemograma; ● Ureia e creatinina; ● Eletrólitos, transaminases, bilirrubina total e frações; ● Lactato sérico; ● Hemoculturas → mínimo 2 amostras simultâneas em sítios diferentes, periféricas e/ou de cada via de cateter venoso central se presente; ● Urocultura ou cultura de outros sítios se indicado clinicamente; ● RX tórax para todos os pacientes com sinais e sintomas respiratórios. ● PCR e PCT (procalcitonina) NÃO são obrigatórios. ○ A procalcitonina pode estar elevada nas primeiras 24h do início da neutropenia febril em pacientes com bacteremia, sobretudo em infecções por Gram-negativos. ● Pesquisa individualizada de marcadores de infecção fúngica, como galactomanana e 1,3-beta-D-glucana. ○ Galactomanana é um componente da parede celular de Aspergillus. → detectável no sangue e no lavado broncoalveolar, muitas vezes antes da ocorrência das manifestações clínicas da doença.→ ELISA ○ 1,3-beta-D-glucana é presente na parede celular de diversos fungos → marcadores inespecífico. ● Exames como endoscopia digestiva ALTA e broncofibroscopia acarretam risco relativamente baixo de bacteremia; logo, podem ser realizados conforme indicação clínica no doente neutropênico. ● Colonoscopia e retossigmoidoscopia, por outro lado, são PROIBIDAS! ➕ Testes adicionais conforme suspeita clínica: ● TC de tórax→ se raio X inconclusivo ● Swab nasal p/ pesquisa de viroses respiratórias comuns e pacientes com sintomas de vias aéreas superiores em época de inverno ou de surtos. ● Testes para C. difficile→ se diarreia ● Culturas virais p/ herpes simplex e varicela-zóster→ se lesões orais ulcerativas ou vesículas ● Análise de líquor→ suspeita de infecção do SNC ○ Meningite SEMPRE solicitar!! ○ Febre + alteração do nível ou conteúdo de consciência é a alteração MAIS sugestiva de infecção do SNC em neutropênicos. ● Culturas adicionais ou imagem conforme sinais e sintomas localizatórios → TC de seios de face, crânio, abdome, pelve… ● A broncoscopia e o lavado broncoalveolar podem ser úteis no diagnóstico etiológico de pacientes com neutropenia febril e infiltrado pulmonar. Os diagnósticos mais comuns são pneumonia fúngica provável e hemorragia alveolar. 📷Métodos de imagem ● Raio X de tórax → avaliação inicial de todo paciente com sinais e sintomas respiratórios. ○ Adição de tomo se pct com sinais e sintomas sem achados no raio X ou em pacientes com suspeita de infecção fúngica invasiva 🩸 Se o paciente estiver com plaquetopenia < 50.000, é necessário transfundir plaquetas para realizar o procedimento. Estratificação de risco ● Identificar os pacientes que necessitam de internação, administração de drogas endovenosas ou orais, a duração do tratamento e um prognóstico. Alto risco se: ● Neutropenia prolongada predita (> 7 dias de duração) e profunda após quimioterapia citotóxica. ● Condições clínicas exuberantes, como hipotensão, pneumonia, dor abdominal nova ou alterações neurológicas; ● Disfunções orgânicas crônicas, como DPOC, IRC, cirrose hepática, etc. ● Sintomas gastrointestinais compatíveis com mucosite intensa (ex.: dor abdominal, náuseas, vômitos e/ou diarreia). ● Sinais de infecção em cateter venoso profundo (ex.: flogose local). ● Escore MASCC < 21 pontos. MASC PONTOS Intensidade dos sintomas Assintomático 5 Sintomas leves 5 Sintomas moderados ou graves 3 Ausência de hipotensão 5 Ausência de DPOC 4 Tumor sólido ou neoplasia hematológica SEM infecção fúngica prévia 4 Ausência de desidratação 3 Não hospitalizado ao aparecimento da febre 3 Idade < 60 anos 2 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Baixo risco: ● Neutropenia breve predita (≤ 7 dias); ● Sem alterações clínicas importantes; ● Função hepática e renal adequadas e estáveis; ● Escore MASCC ≥ 21 pontos. 🤔 Em 2015, foi proposto um novo modelo para predição de risco de complicações graves em pacientes neutropênicos febris com tumores sólidos aparentemente estáveis clinicamente → CISNE. CISNE Pontos Performance status do Eastern Cooperaive Oncology Group (ECOG) ≥2 2 Hiperglicemia induzida por estresse 2 DPOC 1 Doença cardiovascularcrônica 1 Mucosite grau ≥2 pelo National Cancer Institute 1 Monócitos < 200 1 ● ECOG ≥ 2 → capaz de autocuidado, porém sem atividades de trabalho e permanece > 50% do dia fora da cama. ● Glicose inicial ≥ 121 mg/dL, ou ≥ 250 mg/dL em diabéticos ou em usuários de corticosteroides. ● Enfisema, bronquite crônica, redução dos volumes expiratórios forçados ou terapia com um dos demais: corticosteroides, O2 suplementar ou broncodilatadores. ● História de doença cardiovascular → insuficiência cardíaca, cardiomiopatia, miocardiopatia hipertensiva, arritmias, doença valvar, outras cardiomiopatias estruturais, cor pulmonale. Exclui história de episódio único de fibrilação atrial. ● Eritema doloroso, edema, ulcerações irregulares ou pseudomembranas ou dor suficiente para modificação de dieta. A prevalência de complicações graves na coorte de validação foi: ● Classe 1 (0 ponto)→ 1,1%. ● Classe 2 (1 – 2 pontos)→ 6,2%. ● Classe 3 (≥ 3 pontos)→ 36% As diretrizes de 2018 da IDSA/ASCO recomendam que pacientes com escore MASSC de baixo risco devem ser avaliados com escore CISNE. → Os escore CISNE 1 e 2 são candidatos ao tratamento ambulatorial e para isso é necessário: ● Paciente deve ter a possibilidade de procurar o hospital em até 1 hora se apresentar piora dos sintomas. ● Familiar ou responsável ao paciente 24 horas por dia. ● Acesso rápido a equipe oncológica e capacidade de manter consultas oncológicas. ● Retornos frequentes idealmente diários para reavaliação com a equipe oncológica. ● Repetir exames de hemograma completo e contagem de plaquetas para observar recuperação mieloide. ● Observação por pelo menos 4 horas antes da alta. ● Repetir avaliação no departamento de emergência em 48 a 72 horas se febre mantida. Administrar a primeira dose da antibioticoterapia no departamento de emergência. 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Tratamento Fazer Hemocultura e já inicia o ATB!! Alto risco→INTERNAÇÃO→ ATB parenteral Monoterapia com betalactâmico antipseudomonas: ● Cefepime 2g IV 8/8h ● Piperacilina-tazobactam 4,5g IV 8/8h ● Imipenem-cilastina 500mg IV 6/6h ● Meropenem 1g IV 8/8h Terapia dupla ● Piperaciclina ou ticarcilina ou mezlocilina + gentamicina ou tobramicina ou amicacina ● Piperaciclina ou ticarcilina ou mezlocilina + ciprofoxacino Vancomicina ● Como tratamento inicial só é indicado em: ○ Instabilidade hemodinâmica; ○ Suspeita de infecção relacionada a cateter; ○ Infecção de pele e partes moles; ○ Pneumonia. ○ Considerar em pacientes com mucosite, cultura prévia positiva para germe sensível somente a vancomicina ou em profilaxia com quinolonas. ● Não para o cefepime quando usa p/ complementar Modificações no esquema inicial são feitas se: ● Instabilidade hemodinâmica; ● Suspeita ou documentação de microrganismos multidroga resistente; ● Epidemiologia local; ● Ajuste conforme sinais, sintomas ou provas complementares que localizam o foco. Sim fofa, e aí uso o que p/ esses multirresistentes? ● MRSA → Staphylococcus aureus resistente à meticilina→ vancomicina, linezolida ou daptomicina. ● VRE → Enterococcus resistente à vancomicina → linezolida ou daptomicina. ● ESBL → bactérias produtoras de betalactamases com espectro→ carbapenêmicos. ● KPC → bactérias produtoras de carbapenemase→ polimixina/colistina ou tigeciclina. Terapia antifúngica → Não é recomendada no tratamento inicial.→Considerar se: 7 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Instabilidade hemodinâmica APÓS doses iniciais de terapia empírica adequada; ● Persistência de febre APÓS 4-7 dias de terapia empírica antibacteriana e duração da neutropenia esperada para além de 7 dias; ● TTC de tórax ou de seios da face sugestiva de infecção fúngica; ● Outros indicadores sugestivos de infecção fúngica → cultura positiva para fungo de qualquer sítio e biomarcadores positivos. ● Quais os esquemas possíveis? ○ Voriconazol 6mg/kg IV 12/12h por 24h, seguido de 4mg/kg IV de 12/12h; ○ Anfotericina B lipossomal 3-5mg/kg/dia; ○ Equinocandinas: ■ Micafungina 100-150 mg IV 24/24h; ■ Caspofungina 70mg IV por 24h, seguido de 50mg/dia. ○ Esquemas alternativos com triazóis: ■ Posaconazol 200 mg VO 6/6 h até estabilização, seguido por 400 mg 12/12 h. ■ Itraconazol. 🚨 Em pacientes que não recebem fluconazol profilático como parte do protocolo de quimioterapia, o fungo mais provavelmente envolvido é a Candida sp. Pacientes que recebem fluconazol profilático têm chance aumentada de apresentar infecções fúngicas por espécies de Candida naturalmente resistentes ao fluconazol (como C. krusei e C. glabrata), ou então por fungos filamentosos ("bolores") – principalmente Aspergillus. Nestes casos, a droga mais indicada é o voriconazol (primeira escolha para o tratamento da aspergilose invasiva). 8 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Recomendações da IDSA para tratamento de candidíase invasiva em neutropênicos: ● Considerar remoção de cateteres de maneira individualizada. ● Exame oftalmológico dentro da primeira semana após recuperação neutrocítica. ● Tratamento por pelo menos 14 dias após primeira hemocultura negativa, resolução dos sinais e sintomas e da neutropenia. ● Terapia inicial com equinocandina: ○ Caspofungina 70 mg IV por 24 horas, seguido de 50 mg/dia. ○ Micafungina 100 mg IV 24/24 h. ○ Anidulafungina 200 mg IV por 24 horas, seguido de 100 mg/dia. ○ Esquema alternativo com Anfotericina B lipossomal 3-5 mg/kg/dia. ● Em pacientes menos críticos, sem exposição recente azólicos: ○ Fluconazol 800 mg (12 mg/kg) VO ou IV em dose de ataque, seguido de 400 mg (6 mg/kg) VO ou IV uma vez ao dia. → VO possui 90% da biodisponibilidade do EV. Pode ser utilizado como opção de step down em neutropenia persistente em pacientes clinicamente estáveis e com hemoculturas negativas. ○ Voriconazol 400 mg (6 mg/kg) 12/12 horas por 2 duas, seguido de 200-300 mg (3-4 mg/kg) 12/12 horas.→Recomendado quando é necessária cobertura adicional contra leveduras. ■ Reduzir a dose em pacientes com disfunção hepática. ■ Pode ser utilizado como opção de step down em neutropenia persistente em pacientes clinicamente estáveis e com hemoculturas negativas. Consenso da IDSA não recomenda o uso rotineiro de fatores estimuladores de colônia em pacientes com neutropenia febril. → Já as recomendações da American Society of Clinical Oncology de 2015 incluem: ● Considerar em pacientes de alto risco para complicações associadas à infecção ou que presentam fatores preditores de desfechos desfavoráveis, como: ● Expectativa de neutropenia profunda (< 100 células/µL) e prolongada (> 10 dias). ● Maiores que 65 anos. ● Doença primária não controlada. ● Pneumonia. ● Disfunção orgânica múltipla. ● Infecção fúngica invasiva. ● Paciente hospitalizado no advento da febre. ● Evitar em pacientes em tratamento quimioterápico e radioterápico concomitantes, especialmente envolvendo o mediastino. 🤔 O benefício da utilização de fatores estimuladores de colônias é controverso. Evidências apontam para possível redução na duração de internação, no tempo necessário para suspensão dos antibióticos e no tempo de recuperação neutrocítica, porém sem impacto na mortalidade. Baixo risco → ambulatorial ou em internação → ORAL ou ENDOVENOSO Onde eu trato?→ IDSA recomenda ● Estratificação adequada de risco na iminência da febre. ● Pacientes de alto risco estratificados clinicamente ou pelo MASCC devem ser conduzidos em regime de internação hospitalar. ● O tratamento como drogas VO e/ou ambulatorial pode ser considerado num subgrupo de pacientes de baixo risco que obedeçam integralmente aos seguintes critérios: ○ Expectativa de resolução da neutropenia dentro de 7 dias. ○ Ausência de comorbidades clínicas ativas. ○ Função hepática e renal estáveis. ○ MASCC ≥ 21 Terapia empírica por via oral ● Ciprofloxacino 750 mg 12/12 horas + amoxicilina-clavulanato 500/125 mg 8/8 horas. ● Esquemas alternativos, embora menos estudados (não são recomendadas pelas diretrizesIDSA/ASCO de 2018.: ○ Monoterapia com fluorquinolonas (ciprofloxacino ou levofloxacino). ○ Ciprofloxacino + clindamicina. ○ Pacientes em profilaxia com fluorquinolonas não devem receber esquema oral empírico com essas drogas. Antifúngicos NÃO são recomendados. 🌡 A persistência de febre ou sinais e sintomas sugestivos de piora indica internação hospitalar independentemente da terapia inicial. 9 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● A utilização de fatores estimuladores de colônia (G-CSF) não é rotineiramente recomendada pela IDSA, mas a ASCO (American Society of Clinical Oncology) orienta seu uso em alguns pacientes de alto risco. Pacientes que continuam com febre inexplicada por > 3 dias a despeito do tratamento antimicrobiano empírico devem ter um novo set de hemoculturas coletado, além de uma TC de tórax + seios da face realizada. → detectar sinais precoces de infecção fúngica (ex.: sinal do halo - aspergilose) No caso de queixas abdominais importantes (dor + diarreia), recomenda-se realizar: pesquisa de toxina do C. difficile (colite pseudomembranosa) e TC de abdome, para pesquisar sinais de enterocolite neutropênica ("tiflite") Seguimento do tto A duração deve ser baseada na infecção específica diagnosticada. ● 10-14 dias para ttgo da maioria das bacteremias, infecção de partes moles e pneumonias; ● Antibioticoterapia adequada deve ser continuada ao menos até contagem absoluta de neutrófilos ≥ 500 células/mm3 ou o tempo necessário para melhora clínica e ausência de infecção garantidas. ● Nos casos em que a febre é inexplicada, continuar o esquema até concreta recuperação medular, ou seja, defervescência ≥ 2 dias e neutrófilos ≥ 500 células/mm3. Em pacientes com neutropenia febril estabelecida, o uso de fatores estimuladores de colônia (os "CSF", ou Colony Stimulating Factors) não tem qualquer respaldo científico. ● Antes de dar início a um ciclo de QT, existem meios formais para estimar o risco de neutropenia febril (não abordaremos este assunto aqui). →Quando o risco for ≥ 20%, existe indicação para o uso profilático de fatores estimuladores de colônia!!!→ reduz as chances de neutropenia ● Risco 10- 20% para neutropenia febril (intermediário): caso o risco seja devido a condições inerentes ao paciente, utilizar GCSF; caso o risco seja relacionado ao tratamento, avaliar objetivo terapêutico e custo-benefício. Prognóstico A administração atrasada de terapia antimicrobiana adequada aumenta consideravelmente o risco de óbito. A IDSA recomenda que o intervalo máximo entre a admissão e o início da antibioticoterapia empírica seja de 30 minutos. A American Society of Clinical Oncology aceita até 1 hora da triagem. Fatores associados a pior prognóstico: ● Idade avançada ● Necessidade de vasopressores ● Comorbidades agudas não infecciosas ● Disfunção hepática, neurológica ou respiratória. O MASCC está associado a desfechos desfavoráveis. Em pacientes com pontuação < 21, a taxa de óbito associada à infecção é de 12,5% e 0% naqueles ≥ 21. Dois terços dos pacientes com > 15 pontos evoluem a óbito em até 30 dias Infecção de catéter As partes de um cateter que mais se infectam são o lúmen e o túnel subcutâneo. O diagnóstico de infecção neste último local é feito pelo exame clínico (inspeção e palpação → presença de sinais flogísticos evidentes). Demonstra-se que o cateter é a fonte da bacteremia quando a hemocultura coletada através de seu lúmen se torna positiva > 120min antes da hemocultura coletada simultaneamente em veia periférica. 10 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA O que fazer em relação ao cateter? ● Na maioria dos casos recomenda-se a retirada do cateter, porém certos germes menos virulentos podem ser tratados sem obrigatoriedade de retirar o corpo estranho. ● Deve-se avaliar a real necessidade de manutenção do cateter → se o mesmo não for imprescindível, o melhor a fazer é retirá-lo! ● Quando se opta pela manutenção do cateter é recomendável que a administração do antimicrobiano seja feita através de seu lúmen. Que medidas devem ser empregadas para prevenir a infecção do cateter venoso profundo? ● Higienização das mãos antes e depois de manipular o cateter – SEMPRE; ● Assepsia e antissepsia rigorosas durante o procedimento de implantação do cateter ● Uso de clorexidina como degermante (em vez de PVPI). Categorias de risco para induzir neutropenia febril Precauções ambientais Excetuando-se o receptor de transplante de células hematopoiéticas, todos os demais neutropênicos febris – na ausência de contraindicações (ex.: herpes-zóster) – poderão ser internados em enfermaria comum. ● O receptor de transplante deve ser internado em quarto individual com pressão positiva, equipado com filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air) e programado para realizar continuamente > 12 trocas de ar por hora. Dieta ● Alimentos bem cozidos. ● Garantir a qualidade e a higiene dos ingredientes que compõem a dieta. Na vigência de menstruação está CONTRAINDICADO o uso de tampões intravaginais (maior risco de bacteremia)! Em neutropênicos com mucosite significativa é essencial manter uma boa higiene oral. Deve-se escovar os dentes pelo menos duas vezes ao dia, com pasta e escova comuns. Caso a escovação seja muito dolorosa, deve-se recorrer às escovas ultramacias ou à escovação com cotonete. Além disso, é preciso enxaguar a cavidade oral entre 4-6 vezes ao dia, com soro fisiológico ou solução bicarbonatada. O fio dental pode ser utilizado desde que com muito cuidado para não traumatizar a gengiva (ainda mais se o paciente estiver com plaquetopenia)... Plantas e animais estão terminantemente proibidos no quarto de um paciente neutropênico, assim como qualquer pessoa que apresente sintomas de uma doença infectocontagiosa aguda (ex.: resfriado, gastroenterite, herpes-simplex ou herpes-zóster). Medicamentos: ● Fluoroquinolonas como profilaxia para pacientes de alto risco ● Profilaxia antifúngica com triazol oral em pacientes com neutropenia profunda ● Sulfametoxazol-trimetoprima (TMP-SMX) é o tratamento recomendado para pacientes recebendo regimes de quimioterapia associados a risco superior a 3,5% de pneumonia por Pneumocystis jirovecii. ● A vacinação anual contra influenza é recomendada para todos os pacientes que recebem quimioterapia. ● O tratamento com um inibidor nucleósido da transcrição reversa é recomendado para pacientes com alto risco de reativação do vírus da hepatite B. ● Pacientes soropositivos para vírus herpes simples submetidos a TCTH alogênico ou terapia de indução de leucemia devem receber profilaxia. ● Pacientes com risco ≥ 20% de neutropenia febril podem se beneficiar do uso de fatores estimuladores de colônias. ● Filgrastim (granulokine), pegfilgrastin (neulastim) 11 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA 12 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Síndrome da Lise Tumoral ● Emergência oncológica que se caracteriza por um conjunto de distúrbios hidroeletrolíticos (emergência metabólica) que surge devido à rápida destruição de muitas células malignas, liberando seu conteúdo intracelular na circulação (ácidos nucleicos, eletrólitos e citocinas). ● Mais comum em pacientes com tumores sólidos Incidência A incidência e a gravidade dependem da massa tumoral, do potencial para a lise das células tumorais, das características do paciente e do tratamento empregado. ● ↑ massa ↑ quantidade de conteúdos celulares liberados após a administração de terapia antitumoral eficaz. ● É muito associada a cânceres hematológicos, como linfomas, leucemias e mielomas. 🔍 Parece estar aumentando devido ao rápido crescimento do arsenal de terapias biológicas e direcionadas altamente eficazes!! 🤔 Ocorre principalmente após quimioterapia convencional, mas corticoides, radiação, agentes hormonais e terapias imunobiológicas também podem precipitá-la. Mais raramente, pode ocorrer SLT de maneira espontânea – que ocorre antes do início da terapia antineoplásica – ou após procedimentosinvasivos, como biópsias, embolização e cirurgias. ● Terapias citorredutoras implicadas no desenvolvimento → anticorpos monoclonais, imunoterapias, agentes biológicas e outras terapias, como os inibidores de tirosina quinase. Etiologia A maioria dos sintomas observados em pacientes com síndrome de lise tumoral está relacionada à liberação de substâncias químicas intracelulares que causam prejuízo nas funções de órgãos-alvo. Isso pode levar a lesão renal aguda (LRA), arritmias fatais e até morte. Raramente está associada à administração de esteróides, imunomoduladores biológicos e anticorpos monoclonais. ● Talidomida ● Bortezomibe ● Hidroxiureia ● Paclitaxel ● Fludarabina ● Etoposídeo ● Ácido Zoledrônico Estratificação de risco Tumores com alto potencial para desenvolver SLT → principalmente linfomas de alto grau e leucemias agudas com > 100.000 leucócitos. 13 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Outras variáveis que predizem o risco são DHL e função renal. ○ o DHL serve como substituto para a raída renovação celular (lise tumoral), e níveis mais altos equivalem a um risco maior. ● Linfoma de Burkitt avançado ● Leucemia avançada ● Leucemia em estágio inicial ou linfoma de Burkitt com lactato desidrogenase elevada ● Leucemia linfocítica aguda com contagem de glóbulos brancos superior a 100.000/microlitros, ou se o aumento da lactato desidrogenase em relação ao valor basal for duas vezes o limite superior do normal ● Linfoma difuso de grandes células B (DLBCL) e doença volumosa com lactato desidrogenase basal duas vezes o limite superior do normal ● Leucemia mieloide aguda (LMA) com contagem de glóbulos brancos maior ou igual a 10.000/microlitros Risco intermediário ● LMA com contagem de glóbulos brancos entre 25.000 e 100.000/microlitros ● Leucemia linfocítica aguda (LLA) com contagem de glóbulos brancos inferior a 100.000/microL e LDH inferior a duas vezes o limite superior do normal ● DLBCL com um aumento basal na lactato desidrogenase duas vezes o limite superior do normal, mas a doença não volumosa ● Leucemia em estágio inicial e linfoma de Burkitt com lactato desidrogenase inferior a duas vezes o limite superior do normal ● Linfoma difuso de grande células B Tumores de baixo risco ● Cânceres sólidos ● Mielomas múltiplos ● Linfomas indolentes ● Leucemia linfocítica crônica ● Leucemia mielóide crônica ● LMA com contagem de leucócitos inferior a 25.000/microlitros e lactato desidrogenase elevada para menos de duas vezes o limite superior do normal 14 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA 🥌 Os principais fatores de risco para tumores sólidos são neoplasias metastáticas, diminuição da função renal, elevação do LDH e níveis elevados de fósforo, potássio e ácido úrico. ● Tem sido relatado aumento da incidência de SLT em pacientes com várias formas de malignidades sólidas, incluindo cânceres pulmonares, ginecológicos, gastrointestinais, neurológicos e sarcomas e mesmo em doenças hematológicas como a leucemia linfocítica crônica (LLC) 💊 Novas medicações, como venetoclax, obinituzumab, dinaciclib e alvocidib, utilizadas para tratamento de linfomas e leucemias, aumentaram o risco de SLT em situações em que não era esperada essa complicação. Manifestações Clínicas ● Os sinais e sintomas relacionam-se às anormalidades eletrolíticas e metabólicas subjacentes e não são específicos para essa síndrome Tem duas formas: ● SLT laboratorial → apenas os DHE da síndrome, sem nenhum tipo de repercussão clínica ● SLT clínica → além dos DHE o paciente desenvolve alterações clínicas que demandam intervenções para o seu tratamento adequado (p. ex., insuficiência renal aguda, arritmias cardíacas etc.). Geralmente ocorre dentro de 12 a 72 horas após o início da terapia citotóxica ou podem se estender além dessas 72h. Além disso, tem as espontâneas. Os sintomas refletem as anormalidades metabólicas e podem incluir: ● Náuseas ● Vômitos ● Diarreia ● Anorexia ● Fraqueza ● Letargia ● Hematúria ● Arritmias cardíacas ● Convulsões ● Cãibras musculares ● Tetania ● Síncope Os achados característicos incluem: ● Hiperuricemia ● Hiperfosfatemia ● Hipercalemia ● Hipocalcemia secundária ● Uremia 🚨 São esses achados que podem levar a arritmia cardíaca, convulsões, insuficiência renal e morte súbita → insuficiência renal e cardíaca são as + comuns. ☹ A insuficiência renal é um indicador de mau prognóstico associado ao aumento de mortalidade e leva a um maior uso de recursos e internações hospitalares mais longas e dispendiosas. 🚫 As complicações relacionadas a SLT podem impedir a administração adicional de terapias antitumorais. 15 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Patogênese Causada pela liberação maciça de íons intracelulares, como potássio, fósforo e ácidos nucléicos, que foram metabolizados em ácido úrico. O principal órgão responsável pela excreção dessas substâncias é o rim. Quando a resposta compensatória do rim se esgota como resultado da liberação maciça de íons intracelulares, desenvolve-se uropatia obstrutiva por ácido úrico, que pode então progredir para lesão renal aguda. Hiperuricemia ● Junto com a hiperfosfatemia pode levar à lesão renal aguda. ● Os ácidos nucleicos são metabolizados em hipoxantina e xantina, que são convertidos em ácido úrico.→ ácido úrico é pouco solúvel em água e a solubilidade é reduzida no ambiente fisiologicamente ácido dos túbulos distais e do sistema coletor.→ cristais de ácido úrico precipitam prontamente quando concentrados na circulação renal, levando à obstrução dos túbulos renais e uropatia obstrutiva, com comprometimento da filtração glomerular e redução do débito urinário. ● A nefropatia e a litíase por xantina podem ocorrer em pacientes com lise tumoral em uso de alopurinol → bloqueia a síntese de ácido úrico através de seu metabólito ativo, oxipurinol, que é um análogo da xantina e inibidor competitivo da xantina oxidase.→ há acúmulo de xantina e hipoxantina, dos quais a xantina é menos solúvel que o ácido úrico. ● Rubiscarise → não apresenta risco de nefropatia por xantina pois não aumenta seus níveis. → preparação recombinante biossintetizada que codifica a urato oxidase, enzima presente na maioria dos mamíferos (mas não nos humanos) que transforma o ácido úrico em alantoína, a qual é de 5 a 10x mais solúvel que o ácido úrico ● Doença renal preexistente, obstrução renal, estados urinários de baixo fluxo (ex.: hidratação inadequada ou hipotensão) e uso concomitante de agentes nefrotóxicos comprometem a capacidade adaptativa do rim para lidar com os efeitos metabólicos→↑ o risco de desenvolver SLT e podem exacerbar complicações. Hiperfosfatemia e hipocalcemia ● As células tumorais geralmente contêm concentrações mais altas de fosfato. → Na lise tumoral maciça, os mecanismos de excreção tubular renal de fosfato ficam saturados e esse excesso de fosfato sérico liga-se ao cálcio e resultam em hipocalcemia secundária e deposição de fosfato de cálcio em todo o corpo. ● A hipocalcemia pode variar de assintomática a anormalidades de condução cardíaca ou convulsões. ● A deposição de fosfato de cálcio no coração pode causar arritmias fatais. ● A nefrocalcinose é a precipitação de cristais de fosfato de cálcio nos túbulos renais que podem resultar em nefrolitíase e causar uma uropatia obstrutiva. ● O risco de precipitação de fosfato de cálcio nos tecidos aumenta quando o produto de fosfato de cálcio (fosfato x cálcio) excede 60 mg²/dl² e um produto de ≥ 70 mg²/dl² pode ser uma indicação de terapia de substituição renal. ● Diversos fatores contribuem para a hipocalcemia assintomática, como a hipoalbuminemia, hemotransfusões repetidas que podem causar hipocalcemia transitória pelo uso de citrato como agente anticoagulante. ● A hipocalcemia prolongada pode ser responsável por sintomas clínicos → parestesias, hipotensão arterial, laringoespasmo, espasmos musculares, tetania, convulsões e arritmia cardíaca. Hipercalemia ●Mais grave alteração eletrolítica ● A concentração de potássio dentro da célula é de cerca de 120 a 130 meq/L. ● O potássio é regulado pela excreção renal ● Quando há lise tumoral maciça, pode ocorrer a hipercalemia, a qual tem como consequência a precipitação de arritmias cardíacas e morte súbita. ● O cálcio ajuda a estabilizar a membrana cardíaca, bloqueando diretamente os efeitos do potássio no potencial de repouso da membrana dos cardiomiócitos. → hipocalcemia exacerba a cardiotoxicidade induzida pela hipercalemia e as arritmias cardíacas. ● Potássio > 7 mEq/L geralmente é considerado uma emergência hipercalêmica e pode ser potencializado por lise tumoral continua, hipocacalcemia e/ou insuficiência renal. 16 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Fazer ECG sempre ● Evitar AINEs e IECA Lesão renal aguda ● Mecanismos dependente de cristal → uropatia obstrutiva, resultado da precipitação de ácido úrico ou fosfato de cálcio. ● A ↓ do débito urinário pode resultar em sobrecarga de volume e insuficiência cardíaca, e os estados de baixo fluxo podem, por sua vez, exacerbar a precipitação de cristais. Diagnóstico Avaliação inicial ● O momento do início da malignidade deve ser obtido com atenção à presença de sintomas constitucionais, como perda de peso ou anorexia. ● A presença de sintomas respiratórios dispneia, ortopneia e taquipneia pode ser um sinal de compressão das vias aéreas por um tumor primário. ● Sintomas urinários como disúria, dor no flanco e hematúria ● Os sinais e sintomas que podem estar associados à hipocalcemia incluem náuseas, vômitos, convulsões, espasmo tetânico e alteração do estado mental. ● Outras manifestações clínicas da síndrome de lise tumoral incluem, mas não estão limitadas a, ataque de síncope, palpitações, letargia, edema depressível, edema facial, distensão abdominal e outros sinais de sobrecarga de líquidos. Exame físico ● O exame físico deve focar nas anormalidades eletrolíticas associadas à síndrome de lise tumoral. ● Hipocalcemia ○ Espasmo do carpo ○ Espasmo do pedal ○ Tetania ○ Sinal Chvostek ○ Sinal de Trousseau ○ Chiado associado a broncoespasmo ○ Convulsão ● Uremia para hiperuricemia e uropatia obstrutiva ○ Fraqueza ○ Letargia ○ Mal-estar ○ Náusea ○ Vômito ○ Gosto metálico na boca ○ Irritabilidade ○ Prurido generalizado ○ Rales e Ronchi por sobrecarga de volume ○ Bulha cardíaca abafada por pericardite secundária à uremia ○ Dor nas articulações ○ Dor cólica renal ○ Depósitos de cristais de fosfato de cálcio na pele ○ Prurido ○ Gangrena 🩺 O diagnóstico é realizado por critérios laboratoriais, os quais distinguem pacientes com SLT laboratorial (LTLS) daqueles com SLT clínica (CTLS), que tem pior prognóstico e maior risco de morte. SLT laboratorial ● Tem pelo menos 2 distúrbios metabólicos isolados - incluindo hiperuricemia, hiperfosfatemia, hipercalemia ou hipocalcemia -, que ocorrem dentro de 3 dias antes e até 7 dias após o início do tratamento citotóxico. ● O nível elevado de DHL sérico é um importante biomarcador substituto para a rápida renovação celular e é importante para a avaliação do risco de SLT, mas NÃO é um critério diagnóstico. SLT Clínica ● Inclui consequências renais, cardíacas ou neurológicas resultantes dos distúrbios metabólicos subjacentes. Diagnóstico Clínico→ laboratorial + 1 dos seguintes: ● Creatinina ≥ 1,5x o limite normal ● Arritmia cardíaca ● Convulsões ● Morte súbita Definição de Cairo-Bishop ● Sistema de classificação para medir a gravidade da SLT clínica, se baseando no grau de elevação da creatinina e o grau de intervenção médica necessária ou na 17 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA refratariedade à intervenção médica de arritmias cardíacas ou convulsões: 2 ou mais dos seguintes critérios dentro de 3 dias antes e até 7 dias após: 1. Ácido úrico ≥ 8 mg/dL ou aumento de 25% em relação ao valor basal 2. Potássio ≥ 6 mEq/L ou aumento de 25% em relação ao valor basal 3. Fosfato ● ≥ 6,5mg/dL em crianças ● ≥ 4,5mg/dL em adultos ● ou aumento de 25% em relação ao valor basal 4. Cálcio ≤ 7 mg/dL ou diminuição de 25% em relação ao valor basal Imagem ● Radiografia e tomografia computadorizada de tórax para avaliar a presença de massa mediastinal e a presença de derrame pleural concomitante Tomografia computadorizada e ultrassonografia do abdômen e da estrutura retroperitoneal se a lesão de massa estiver localizada no abdômen ou retroperitônio. ● Deve-se ter cuidado com o contraste intravenoso (IV) devido à presença de LRA na síndrome de lise tumoral. ECG ● Avaliação de pacientes com síndrome de lise tumoral para verificar achados associados a hipercalemia e hipocalcemia. A hipercalemia é uma causa potencial de arritmia fatal na síndrome de lise tumoral. Hemograma ● A marca registrada da maioria das malignidades é a leucocitose com anemia e trombocitopenia. Análise de urina ● A precipitação do sal de ácido úrico pode causar uropatia obstrutiva. No tratamento da síndrome de lise tumoral, a alcalinização da urina com bicarbonato de sódio é o tratamento padrão. A análise frequente da urina com avaliação do pH, gravidade específica e débito da urina é obrigatória. Tratamento ● Sem intervenção imediata, pode resultar em morbidade significativa relacionada a arritmias cardíacas, convulsões, insuficiência renal e morte. A PREVENÇÃO é a MELHOR forma de manejar a SLT. 18 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● As medidas são hidratação e terapia para redução do ácido úrico, focadas na preservação da função renal e monitoramento próximo; A prevenção é realizada de acordo com a estratificação de risco: ● Baixo risco→ vigilância dos parâmetros laboratoriais e estado de fluidos, com baixo limiar para fluidos intravenosos e consideração profilática com alopurinol. ● Risco intermediário → hidratação intravenosa agressiva e administração de alopurinol profilático, com monitoramento vigilante dos parâmetros laboratoriais e do estado hídrico. A rasburicase pode ser considerada no lugar do alopurinol se ocorrer hiperuricemia. ○ Recomenda-se 3L de fluidos por dia, objetivando o débito urinário em torno de 2ml/kg/h. ○ Alopurinol → 200 a 400mg/m²/dia (máx 800mg/dia), divididos em 1 a 3 tomadas por dia. ○ Se houver disfunção renal, a dose deve ser ajustada. ○ A droga deve ser mantida por até 7 dias após a quimioterapia de indução. ● Alto risco → hidratação intravenosa agressiva e administração profilática de rasburicase, com monitoramento vigilante dos parâmetros laboratoriais e do estado hídrico. Pacientes com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) NÃO podem usar rasburicase. ○ Rasburicase: 0,15 a 0,2mg/kg, 1x, infundida em 30 minutos. Se confirmado→ conduta igual!! ● A menos que o paciente esteja com anúria, devem receber fluidos intravenosos com o objetivo de débito urinário de pelo menos 2 mL/kg/hora. ○ Cristaloides ● A fluidoterapia intravenosa deve ser iniciada 48 horas antes do início da quimioterapia e deve ser continuada por 48 horas após a quimioterapia. Pode ser necessária hidratação com cerca de 3 a 3,5 litros/m² por dia ou 4 a 5 litros por dia para fornecer hidratação adequada. ● Indivíduos com risco aumentado de sobrecarga volêmica (doenças renais ou cardíacas previas) → considerar a administração de diuréticos de alça endovenoso, como a furosemida, com o intuito de diminuir o risco de edema pulmonar e aumentar o débito urinário. ● Todos os pacientes com SLT estabelecida devem receber rasburicase, com exceção daqueles com contraindicação à droga. ● Por definição, pacientes com SLT estabelecida terão anormalidades eletrolíticas e/ou metabólicas, as quais devem ser manejadas. F ● A hipocalemia assintomática NÃO deve ser manejada. Indicações específicas de terapia de substituição renal: ● Anúricos ● Hipercalemia refratária; ● Hipocalcemia sintomática; ● Produto cálcio-fósforo igual ou maior do que 70; ● Pacientes que apesar de tratamento agressivo desenvolvereminjúria renal aguda. ● A hemodiálise convencional é mais eficaz na eliminação de ácido úrico e fosfato do que na diálise peritoneal. Monitorização laboratorial ● Baixo risco→ 1x ao dia ● Risco intermediário → dosagem de eletrólitos, creatinina e ácido úrico a cada 8 a 12 horas após o início da terapia ● Alto risco → dosagem de eletrólitos, creatinina e ácido úrico a cada 4 a 6 horas após o início da terapia. Alopurinol ● Pode diminuir a produção de ácido úricol, mas é ineficaz no tratamento da hiperuricemia associada à síndrome de lise tumoral. ● O alopurinol é um agente muito útil para prevenir o desenvolvimento da síndrome. ● Seu uso está associado ao desenvolvimento de erupção cutânea, eosinofilia e hepatite aguda. A combinação desses sintomas é chamada de síndrome de hipersensibilidade ao alopurinol. Urato Oxidase Recombinante ● Usado para tratar hiperuricemia em pacientes com leucemia, linfoma e tumor sólido submetidos a quimioterapia. ● Administrado por via intramuscular. Também pode ser administrado por via intravenosa em doses entre 50 a 100 U/kg por dia. Bicarbonato de Sódio para Alcalinização da Urina ● A urina normal é ácida com um pH de cerca de 5. A solubilidade do ácido úrico na urina aumenta cerca de 10 vezes com a alcalinização da urina. Isto pode ser conseguido adicionando cerca de 40 a 50 mEq/litro de 19 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA bicarbonato de sódio ao fluido utilizado para hidratação na síndrome de lise tumoral. ● O risco de alcalinização da urina é uma diminuição no nível de cálcio ionizado, pois há menos ligação do cálcio à albumina. Isto pode piorar a hipocalcemia associada à síndrome de lise tumoral, levando a arritmia ou tetania. ● Além disso, a alcalinização da urina pode favorecer a precipitação de sais de cálcio e fosfato nos túbulos renais, piorando a LRA na síndrome de lise tumoral. ● Só é aconselhável se a rasburicase não estiver prontamente disponível. Mesmo assim, o nível de cálcio deve ser monitorado seriadamente. Cálcio ● Cloreto de cálcio e gluconato de cálcio podem ser administrados por via parenteral para tratar hipocalcemia. ● Pode potencializar a deposição de cristais de fosfato de cálcio nos tecidos moles e nos rins, piorando a LRA. ● Às vezes, isso pode exigir o uso de hemodiálise. Hipercalemia ● A administração de gluconato de cálcio endovenoso tem como finalidade diminuir a excitabilidade da membrana celular, porém seu efeito é fugaz. ● A administração de glicose com insulina, na dose de 10 a 20 UI de insulina com 25 a 50 g de glicose, tem a capacidade de reduzir os níveis de potássio sérico, por redirecionar o potássio para o meio intracelular, mas deve ser utilizada com cuidado nos pacientes com hiperglicemia. ● A hemodiálise é o método mais eficaz no controle da hiperpotassemia, sendo o procedimento de escolha nos pacientes com doença renal prévia ou insuficiência renal. Hiperfosfatemia ● Expansão de volume→ aumenta excreção de fosfato ● Antiácidos orais à base de alumínio são também eficazes no tratamento por meio da ligação com o fósforo no tubo digestivo e a diminuição da absorção. Hemodiálise ● Esta é uma opção disponível para uso em situações graves, se o nível de potássio e fósforo estiver muito alto diante da LRA associada à síndrome de lise tumoral. ● Se a hemodiálise intermitente for utilizada para depuração extracorpórea, poderá ocorrer hipercalemia de rebote ou hiperfosfatemia. Por isso, a terapia renal substitutiva contínua é a melhor modalidade para remoção de solutos. Isto é feito com uma alta taxa de fluxo para o dialisante ou fluido de reposição. 20 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Para hipercalemia com risco de vida, recomenda-se hemodiálise precoce. ● Para hiperfosfatemia grave, a terapia renal substitutiva contínua também pode ser a melhor modalidade de tratamento. Coisa aleatória→ quais as indicações de diálise? ● Agudas ○ Hiperpotassemia → deve estar embasada tanto em exames laboratoriais quanto em análises circunstanciais para gerar essa elevação de potássio, deve-se avaliar o quadro clínico do paciente como um todo ○ Hipervolemia → indicação de início imediato para a diálise. O uso de ultrafiltração (UF) na diálise reverte os sintomas de hipervolemia. ○ Sinais e sintomas urêmicos → caracterizam a falência funcional renal e são eles: desorientação, redução do nível de consciência, soluções persistentes, anorexia, náuseas e vômitos. Além de serem indicativos de início urgente da diálise, estão associados a outras complicações provavelmente fatais, como hiperpotassemia, pericardite e complicações hemorrágicas. ○ Pericardite urêmica → indica fase final de falência renal ● Existem 3 critérios que pautam a decisão de iniciar a diálise: a impossibilidade de manejo clínico das alterações metabólicas e da volemia, a presença de sinais e sintomas urêmicos que indicam falência renal e a deterioração do estado nutricional. Esses indicativos ocorrem, geralmente, com a TFG entre 10 mL/min/1,73 m² e 5 mL/min/1,73 m². Síndrome de Hiperviscosidade ● A viscosidade do sangue é normalmente 1,4 a 1,8 vezes a da água. Quando esse valor atinge 4 a 7 vezes, o paciente desenvolve sinais e sintomas resultantes diretamente do aumento dessa viscosidade. ● Acarreta efeitos adversos na perfusão tecidual. 🩸 No sangue normal, o principal determinante da viscosidade sanguínea (VS) é o hematócrito, com a concentração sérica das proteínas desempenhando um papel menor. ● Na maioria dos casos de SHV, quantidades excessivas de imunoglobulinas (Igs) circulantes são produzidas. → Aumenta a pressão osmótica e a resistência ao fluxo sanguíneo. E qual a principal causa? ● Macroglobulinemia de Waldenström. ● Mieloma múltiplo→ etiologia importante por disproteinemia. ● São descritos casos em pacientes com distúrbios benignos de uma única gamaglobulina com ou sem crioglobulinemia e em pacientes com artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico e outras colagenoses menos bem definidas em que imunocomplexos são considerados patogênicos. 21 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Também pode resultar do aumento dos componentes celulares do sangue em estados hiperproliferativos como leucemias, policitemia e distúrbios mieloproliferativos Clínica ● Não existe uma relação concisa entre a VS e os sintomas clínicos!!!!!!! ● Os sintomas e sinais não são específicos! A variação normal da VS é de 1,2 a 2,8 centipoise (cP). Em geral, os pacientes não são sintomáticos com uma VS inferior a 3. ☘ Tríade clássica → alterações neurológicas, visuais e hemorrágicas, mas não é necessária a presença de todos estes para se estabelecer o diagnóstico. ● Alterações neurológicas podem variar desde cefaléia, parestesias e vertigem até ataxia e coma. ● Acometimento visual inclui turvação visual, alterações venosas típicas no fundo de olho (hemorragias e veias congestas e tortuosas) e oclusão da veia central da retina. → Está indicado fundo de olho em pacientes com suspeita de hiperviscosidade. ● Manifestações hemorrágicas → sangramentos oronasais, como gengivorragia e epistaxe. ● Outras consequências da SHV incluem tromboses (AVC, IAM, TVP, Budd-Chiari) e insuficiência cardíaca. ● Pacientes com macroglobulinemia de Waldenström podem apresentar hiperviscosidade sintomática após o início do tratamento com rituximab, por aumento transitório da IgM. Exames complementares O diagnóstico exige um alto grau de suspeita clínica, e é firmado com base nos achados clínicos associados às evidências laboratoriais de aumento dos níveis séricos de proteína e de hiperviscosidade. Valores de viscosidade superiores a 4 cP são consistentes com SHV. ● Na impossibilidade de dosagem de VS, hemograma com evidência de rouleaux ou leucometria ≥ 100.000/uL ou gap proteínas totais – albumina ≥ 4 são achados laboratoriais sugestivos de SHV em paciente com quadro clínico compatível. Tratamento ● A decisão de tratar um paciente com SHV se baseiana clínica Para pacientes com hiperviscosidade relacionada a imunoglobulinas (p. ex., MW, MM), a plasmaférese é o tratamento de escolha. ● Pacientes com SHV sintomática devem ser submetidos à plasmaférese de urgência ● O objetivo principal do tratamento é a resolução dos sintomas clínicos e não a normalização da viscosidade sérica. Tratamento de suporte envolve evitar aumentar a viscosidade sanguínea. ● O deslocamento de fluidos induzidos pela paraproteinemia pode induzir uma anemia dilucional. Como a transfusão de concentrado de hemácias pode exacerbar a SHV, idealmente esta deve ser adiada até que a plasmaférese reduza a viscosidade sérica. Para a SHV relacionada a hiperleucocitose, trombocitemia e policitemia, indica-se em geral leucoaférese, plaquetaférese e flebotomia. ● É necessário envolvimento da equipe de hematologia para definição do tratamento da doença de base. Se a plasmaférese não puder ser instituída prontamente, pode-se tentar flebotomia em conjunto com hidratação como medida de resgate. Mucosite Etiologia e fisiopatologia ● Resposta inflamatória que afeta a mucosa do trato gastrointestinal em consequência a radioterapia e/ou quimioterapia. ● Maior incidência em pctes jovens Achados clínicos ● Pode resultar em dor intensa, dificuldade de comunicação verbal e de alimentação, podendo haver formação de erosões e úlceras dolorosas. ● Em geral, os efeitos começam precocemente e atingem o pico por volta de 1 semana do tratamento. ● VAria de lesões eritematosas pouco sintomáticas a quadros severos de ulceração e dor. 22 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Complicação especialmente comum em pacientes que recebem quimioterapia mieloblástica agressiva como durante o condicionamento para transplante de medula óssea (TMO) e em pacientes que recebem terapia com radiação para cânceres de cavidade bucal, orofaringe, nasofaringe e de glândulas salivares. Linfoma de Hodking tbm aumenta as chances Oral ● Em sua forma leve, apresenta-se como lesão atrófica, eritematosa, na qual a mucosa permanece intacta. ● Paciente pode ter sensibilidade, como a observada nos casos de queimadura por alimentos quentes, e pode ser facilmente tratado. ● Pacientes com formas mais severas de mucosite desenvolvem ulcerações que penetram profundamente na submucosa e causam dor severa, o que rotineiramente exige uso de analgésicos potentes. ● Afeta principalmente as superfícies não queratinizadas da mucosa bucal, provavelmente devido ao menor índice de renovação celular dessas áreas. ● As lesões tendem a recorrer na mesma localização em cada episódio. ● Tendo em vista que a boca possui uma ampla variedade de microrganismos, a perda da integridade epitelial, aumenta o risco de bacteremia, fungemia e sepse. ● Em pacientes submetidos a TMO, observa-se um risco maior de desenvolvimento de febre e infecções sistêmicas na presença de mucosite, quando comparado aos pacientes sem. ● Graus de mucosite oral: A quebra de barreira predispõe a infecções locais e sistêmicas. ● Suspeita de infecção secundária ou concomitante em lesões de mucosite oral, principalmente fúngicas (candidíase) e herpéticas (HSV-1). Tratamento A mucosite é autolimitada e tende a se resolver em até 2 semanas. O objetivo do tratamento é a analgesia e tratar infecção secundária. 23 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA O tratamento da mucosite oral envolve estratégias de cuidado local e, se necessário, analgesia sistêmica. Cuidados locais envolvem higiene oral adequada com escova macia que não lese a mucosa e bochechos com solução com sal e bicarbonato de sódio (p. ex., 1 colher de chá de sal com 1 colher de chá de bicarbonato de sódio em 1 litro de água) 4 a 6 vezes por dia, lembrando que soluções que contêm álcool podem piorar os sintomas. Além disso, deve-se recomendar evitar alimentos que piorem a dor (p. ex., picantes, secos etc.). Náuseas e Vômitos ● Efeitos adversos comuns relacionados ao tto do câncer ● Podem resultar em complicações para o ● paciente, como desequilíbrio hidroeletrolítico, metabólico, depleção nutricional, anorexia, deterioração do índice de desempenho e do estado mental, deiscência de sutura cirúrgica, além de poder determinar a recusa do paciente em prosseguir o tratamento oncológico Fisiopatologia da êmese Centro do vômito ● Localiza-se na formação reticular da medula. ● Está adjacente a outras estruturas envolvidas na coordenação da êmese, incluindo os centros respiratório, vasomotor e salivar, e os nervos cranianos VIII e X. Zona de deflagração dos quimiorreceptores (ZDQ) ● Localizada na área postrema (face ventral do quarto ventrículo). ● Situada fora da barreira hematoencefálica, fica exposta a várias toxinas oriundas do sangue e do líquor, que são capazes de excitar essa zona, resultando em episódio emético. 🤮 Após a ingestão de substâncias tóxicas, a irritação da mucosa do trato gastrintestinal inicia o reflexo do vômito, por acionar diretamente o centro do vômito, por meio de estímulos aferentes provenientes de fibras vagais. ● Esse mecanismo independe da ação da ZDQ. ● As toxinas ou substâncias nocivas ao trato gastrintestinal podem ser, além de ingeridas, oriundas do sangue, como, por exemplo, agentes quimioterápicos, que, da mesma maneira, são capazes de deflagrar o reflexo do vômito pela via aferente vagal. ● Dois componentes adicionais nesse complexo sistema envolvem o aparelho vestibular e as estruturas superiores do córtex cerebral. ○ Perturbação do sistema vestibular → iniciação do reflexo do vômito, como em pacientes que sofrem de cinetose ou outras afecções do ouvido interno. ○ Estímulos sensoriais, como odor, dor, estímulo visual e uma variedade de condições psicossomáticas, como medo e ansiedade, podem estimular estruturas corticais superiores e, consequentemente, o centro do vômito. Neurotransmissores ● Serotonina (5-hidroxitriptamina – 5-HT), substância P, dopamina, histamina, noradrenalina e acetilcolina. ● Há outras substâncias envolvidas como apomorfina, neurotensina, angiotensina II, gastrina, vasopresina, hormônio liberador de tireotrofina entre outros. 24 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Os principais neurorreceptores envolvidos são o receptor tipo 3 de serotonina (5-HT3) e os dopaminérgicos. ● Outros receptores implicados incluem os de acetilcolina, corticosteroides, histamina, canabinoides, opioides e neurocinina (NK-1). → Localizados no centro do vômito e no centro vestibular cerebral. 🖥 Estudos recentes comprovam a importância de dois neurorreceptores, 5-HT3 e NK-1, na gênese do vômito induzido por quimioterapia. ● O primeiro é encontrado em grande quantidade em fibras aferentes vagais e esplâncnicas do trato gastrintestinal. → A administração de um agente quimioterápico pode causar irritação à mucosa gastrintestinal, levando à liberação de serotonina pelas células enterocromafins do intestino delgado. Tal neurotransmissor irá ativar os receptores 5-HT3 vagais periféricos que por sua vez emitirão sinais para o centro do vômito deflagrar a êmese. ● O receptor NK-1 tem a capacidade de mediar a ação biológica da substância P. → Peptídeo regulatório encontrado em áreas do sistema nervoso central (incluindo o núcleo do trato solitário e a área postrema) e no trato gastrintestinal (via aferente vagal) de importância fundamental no reflexo emetogênico. ● O desenvolvimento de drogas que são antagonistas específicas dos receptores 5-HT3 e NK-1 contribuiu de forma significativa no controle e tratamento de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia. Tipos Induzida por QT ● Aguda → náusea e/ou vômito que ocorre nas primeiras 24 horas da administração da quimioterapia. Geralmente se inicia 1 a 2 horas após aplicação endovenosa (EV) de quimioterápicos e o pico de intensidade acontece após 5 a 6 horas; ● Tardia → náusea e/ou vômito que ocorre após 24 horas da administração da quimioterapia. Acontece principalmente após aplicação de cisplatina,carboplatina, ciclofosfamida e/ou doxorrubicina. ● Antecipatória → náusea e/ou vômito que ocorrem quando o paciente experimentou episódio de êmese mal controlada durante ciclo prévio de tratamento quimioterápico. O início dos sintomas ocorre antes mesmo do paciente receber novo ciclo de tratamento. Por ser uma resposta condicionada, qualquer estímulo e/ou ambiente que remeta à administração de qt, como estímulo visual, olfativo, gustativo, ambiente hospitalar, consultório médico ou clínica oncológica pode deflagrar no paciente o início dos sintomas; ● De escape → náusea e/ou vômito que escapa da profilaxia antiemética apesar de essa ter sido feita adequadamente ou requer o uso de drogas antieméticas de resgate. ● Refratária → náusea e/ou vômito que ocorre nos ciclos subsequentes de tratamento quimioterápico quando a profilaxia ou o tratamento antiemético de resgate falhou de forma precoce. Relacionada a radio ● Pacientes recebendo tratamento radioterápico de corpo inteiro ou de região abdominal superior têm 25 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA grande chance de apresentar náuseas e/ou vômitos durante o tratamento ● O trato gastrintestinal, em especial o intestino delgado, contém células em rápido processo de divisão, particularmente sensíveis aos efeitos da radiação. ● Dentre os fatores que podem aumentar ou diminuir o potencial emetogênico da radioterapia estão o número de campos irradiados, a dose total da radiação e o número de fracionamentos diários dos ciclos. ● Quanto maior a dose e o número de campos irradiados, maior a probabilidade de desenvolvimento de náusea e/ou vômito. Êmese crônica ● Ocorre geralmente em pacientes com doença avançada. ● Associa-se a causas não relacionadas ao tratamento quimioterápico: ○ Uso de medicações: opióides, anti-inflamatórios não esteroidais, inibidores seletivos de recaptação da serotonina; ○ Hipertensão intracraniana; ○ Distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos: hipercalcemia, ○ Hiponatremia, desidratação, uremia; ○ Afecções do trato gastrintestinal: úlceras duodenais, esofagite, infecção da cavidade oral, obstrução intestinal. ○ Disfunção autonômica: redução da peristalse, saciedade precoce, náusea crônica. Fatores predisponentes ● História de êmese anterior→ controle inadequado nos cursos anteriores de vômito por QT ● História de ingestão de álcool → mais fácil de controlar em pacientes com história de alta ingestão alcoólica crônica (> 100 g/dia de álcool – cerca de cinco unidades de álcool) ● Idade→ mais fácil controlar em idosos ● Sexo→ mais fácil em homens ● História de cinetose → Pacientes com história de enjoo durante o movimento são mais propensos a desenvolver náusea e vômitos induzidos por quimioterapia Antieméticos ● Entre os mais estudados estão ondansetron, granisetron, dolasetron, palonosetron, metoclopramida, haloperidol, dexametasona, aprepitante, lorazepam, dronabinol (não disponível no Brasil), proclorperazina e clorpromazina. ● Gengibre, em combinação com um antiemético antagonista 5-HT3 pode reduzir significativamente náuseas relacionadas à quimioterapia em pacientes com câncer ● Todos os agentes devem ser administrados antes da quimioterapia, geralmente 30 minutos antes, embora os antagonistas 5-HT3 sejam eficazes mesmo se utilizados no início da quimioterapia. ● Lorazepam é indicado somente como adjuvante aos antieméticos ● Dexametasona é um excelente agente para uso em esquemas de combinação de antieméticos e como um agente único em pacientes submetidos à quimioterapia de baixo risco emético. ○ Mecanismo de ação permanece obscuro ● Metoclopramida → tem seu uso na prevenção de náusea e vômito cada vez mais reduzido nos pacientes em quimioterapia. Nessas doses podem observar sedação, reações distônicas, acatisia, ansiedade e depressão. ● Haloperidol→ tá em desuso ● Benzo ñ deve ser usado como agente único 26 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Combinação de esquema ● Corticoide + antagonista 5-HT3 Tto do vômito Êmese aguda ● Tabela abaixo Êmese Antecipatória ● Terapia ● Benzo pode ser útil Diarreia ● Muitos agentes quimioterápicos usados para tratar o câncer têm como alvo as células que se dividem rapidamente, e os efeitos sobre essas células no epitélio do trato gastrointestinal podem levar a vários sintomas gastrointestinais. ● Os quimioterápicos mais frequentemente associados à diarreia são as fluoropirimidinas (particularmente fluoruracila e capecitabina) e irinotecano. No entanto, em adição às drogas citotóxicas convencionais, vários agentes dirigidos, incluindo inibidores de tirosina quinase (TKIs), anticorpos monoclonais anti-EGFR e os inibidores orais das quinases dependentes de ciclina (CDK) 4 e 6, especialmente o abemaciclibe, também estão associados a diarreia. ● Os exames laboratoriais devem abordar as complicações e as causas da diarreia. Isso inclui hemograma completo, análise bioquímica e eletrólitos. Para pacientes com diarreia grave (graus 3 ou 4), diarreia persistente leve a moderada (graus 1 ou 2) ou diarreia acompanhada por neutropenia, febre ou sangue nas fezes, hemocultura, cultura de fezes e teste diagnóstico para toxinas cepas produtoras de C. difficile são indicadas 27 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Fatores de risco: ● Náuseas/vômitos ≥ grau 2. ● Performance status em deterioração. ● Febre. ● Cólicas abdominais moderadas a intensas, refratárias à medicação. ● Desidratação. ● Neutropenia. ● Fezes sanguinolentas. ● Sepse. ● Admissão prévia por diarreia relacionada à quimioterapia. Diarreia não complicada ● Definição→ graus 1 ou 2 e sem fatores de risco. ● Pacientes podem inicialmente ser tratados conservadoramente em casa com hidratação oral, modificação da dieta e terapia antidiarreica (loperamida 4 mg dose inicial e, em seguida, 2 mg a cada quatro horas ou após cada episódio de diarreia). 28 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Se os sintomas persistirem após 12 a 24 horas, mas não forem piores ou associados a sinais e/ou sintomas de alarme, a dose de loperamida pode ser aumentada para 2 mg a cada duas horas. ● Se a diarreia leve a moderada persistir 12 a 24 horas depois, apesar da dose mais alta de loperamida, os pacientes devem ser quanto ao estado de hidratação, neutropenia e anormalidades eletrolíticas, além de cultura de fezes e teste de diagnóstico para cepas produtoras de toxinas C. difficile. ● Na ausência de um fator de risco adicional para diarreia complicada, octreotide na dose inicial de 100-150 mcg de 8/8 h é o próximo passo. Diarreia complicada ● Definição → graus 3 ou 4 e aqueles com diarreia graus 1 ou 2 associada a pelo menos um fator de risco. ● Na maioria desses pacientes devem ser administrados fluidos intravenosos, octreotide, monitoramento do estado cardiovascular, avaliação seriada de eletrólitos e antibióticos, se necessário. ● Se ainda não tiverem sido realizados, culturas de fezes e testes de diagnóstico para cepas produtoras de toxinas de C. difficile devem ser realizados. ● Para pacientes com diarreia sanguinolenta, pelo menos dois patógenos, E. coli entero-hemorrágica (EHEC) e Entamoeba histolytica, justificam testes adicionais. ● Além da cultura, as fezes com presença de sangue devem ser verificadas quanto à toxina Shiga e leucócitos fecais ou lactoferrina, se disponíveis. Colite neutropênica ● Em pacientes sem complicações, ou seja, peritonite, perfuração ou sangramento grave, o tratamento não cirúrgico com repouso intestinal, sonda nasogástrica, fluidos intravenosos, suporte nutricional, suporte de hemoderivados conforme necessário e antibióticos de amplo espectro é uma abordagem inicial razoável. ● Embora a cirurgia seja tipicamente evitada em pacientes neutropênicos e trombocitopênicos, a intervenção cirúrgica é recomendada em pacientes com perfuração livre ou outro processo que não pode ser controlado clinicamente. Diarreia induzida por radioterapia ● A diarreia induzida por radioterapiatende a ser mais branda e, em geral, não é necessário o uso de antibióticos, octreotide e exames complementares, sendo suficientes as medidas gerais e a loperamida. Profilaxia? ● Recomenda-se o tratamento antidiarreico profilático durante os dois primeiros ciclos de neratinib, para reduzir a incidência e a gravidade da diarreia relacionada ao tratamento. Lesão Renal ● O paciente oncológico necessita de uma avaliação precisa da função renal antes de iniciar e durante qualquer tipo de tratamento, seja ele quimioterapia ou radioterapia. ● Uma série de eventos (nefrotoxicidade por drogas, obstrução da via urinária, lise tumoral etc.) pode comprometer a função renal, levando à insuficiência renal. ● No início do tratamento uma avaliação precisa da função renal é necessária, pois muitos pacientes oncológicos já se apresentam ao médico com algum grau de disfunção renal prévia, muitas vezes não diagnosticada. ● Creatinina em níveis normais sugere boa função renal, mas não é certeza. Por isso, pequenas elevações nos níveis de creatinina plasmática podem significar grandes perdas de função renal e devem ser confirmadas com a realização do clearance de creatinina. Nefrotoxicidade por drogas ● Há vários sítios renais que podem estar envolvidos num quadro de lesão renal mediada por droga. ● Lesões exclusivamente tubulares, que comumente não levam à proteinúria nem hematúria significativas, podem desencadear várias alterações metabólicas, como hipocalemia, hipomagnesemia, acidose metabólica e síndrome de Fanconi, além, de insuficiência renal. ● Os túbulos também podem ser afetados por deposição de cristais dentro de sua luz, como ocorre em certos casos de lise tumoral, com deposição de cristais de urato e em casos de nefrotoxicidade por drogas, como em casos de uso de doses elevadas de sulfa e metotrexato (MTX). ● As lesões que comprometem os glomérulos podem se manifestar com ou sem insuficiência renal, mas têm tipicamente um sedimento urinário mais rico, com proteinúria e/ou hematúria, que podem estar associadas à hipertensão arterial e/ou edema. ● Na microangiopatia trombótica (síndrome hemolítico-urêmica – SHU), a típica lesão endotelial 29 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA pode causar, em nível renal, perda de função renal, hematúria e roteinúria não nefrótica. Porém, o que chama atenção nos casos de SHU são as manifestações extrarrenais, como uma anemia desproporcional ao nível de perda de função renal, plaquetopenia e hemólise, essa última com características de microangiopatia, caracterizada pela presença de hemácias crenadas e esquizócitos no sangue periférico. Síndrome da lise tumoral ● A hiperuricemia leva à deposição de cristais de urato nos rins. Os cristais de urato podem levar à obstrução tubular renal, mas há também mecanismos de lesão renal desencadeados pelo ácido úrico, independentes da obstrução por cristais de urato, como vasoconstrição renal, alteração da autorregulação renal e efeito direto do urato sobre as células epiteliais e endoteliais. ● A hiperfosfatemia pode levar à disfunção renal por precipitação intrarenal de fosfato de cálcio, além da toxicidade direta do fosfato sobre o túbulo renal. ● Condições nefrotóxicas são exacerbadas por desidratação, acidose e condições outras que levem à hipoperfusão renal. ● O uso de 3.000 a 4.000 mL endovenoso por dia parece ser adequado para aumentar o fluxo sanguíneo renal e o volume urinário. Nos pacientes que estão realmente hidratados, mas que permanecem oligúricos, pode-se associar um diurético de alça, como furosemida, para que se atinja uma diurese de pelo menos 2 L por dia. ● Uma complicação rara do uso de alopurinol é a nefropatia por acúmulo de xantina, já que esta também pode precipitar nos túbulos renais. Além disso, o alopurinol reduz a produção e não aumenta a excreção do ácido úrico o que faz com que seja necessário até alguns dias para que o nível de urato baixe, o que pode ser um tempo precioso para prevenção da lesão renal aguda. Bifosfonatos ● Os principais bifosfonatos utilizados em Oncologia são o pamidronato e o zoledronato. ● São excretados pelos rins e há relatos de elevação de ureia e creatinina após sua infusão ● Essa nefrotoxicidade parece estar relacionada ao uso endovenoso e é dose-dependente e tempo de infusão-dependente. ● As lesões renais mais frequentemente relacionadas ao uso endovenoso de bifosfonato são a NTA e a glomeruloesclerose segmentar e focal colapsante (GESF colapsante). ● Os casos descritos de NTA manifestaram-se por elevação progressiva dos níveis de creatinina, sem hematúria, mas alguns casos podem apresentar proteinúria não nefrótica. ● A função renal tende a melhorar, como nos casos descritos em que o bifosfonato foi suspenso. ● A lesão renal caracteriza-se por síndrome nefrótica clássica, com proteinúria elevada, associada à insuficiência renal. Há relatos de recuperação da função renal com a suspensão da medicação, porém há pacientes que evoluíram com insuficiência renal dialítica, mesmo após a suspensão da medicação. Insuficiência renal de causa obstrutiva ● Sempre deve ser considerada no paciente oncológico. ● As principais causas são fibrose retroperitoneal e/ou pélvica, tumor retroperitoneal e/ou pélvico, obstrução por gânglios retroperitoneias e/ou pélvicos, tumores de bexiga, tumores prostáticos e bexiga neurogênica. ● Na insuficiência de causa obstrutiva espera-se um paciente oligúrico ou anúrico, com ultrassom renal mostrando hidronefrose bilateral, ou unilateral em rim único. Glomerulonefrites ● Algumas doenças glomerulares estão associadas às neoplasias malignas. Essas glomerulopatias podem se manifestar somente com alterações no sedimento urinário ou podem desencadear quadros mais exuberantes, como síndrome nefrótica, com ou sem insuficiência renal, síndrome nefrítica ou até formas rapidamente progressivas. ● É importante a análise do sedimento urinário, com intuito de se identificar presença de proteínas na urina, hematúria e até cilindros hemáticos. ● A elevação nos níveis de creatinina ocorrerá nos casos de síndrome nefrótica grave, com hipoalbuminemia e alterações hemodinâmicas renais ou nos casos de síndrome nefrítica, notadamente nas formas rapidamente progressivas; ● As glomerulopatias mais comumente associadas a neoplasias são a glomerulonefrite membranosa (GNM), lesão mínima (LM), vasculite pauci-imune ANCA relacionada e amiloidose. 30 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Outras Emergências Metabólicas Acidose metabólica ● Uma das complicações mais complexas e menos identificadas das emergências metabólicas nos pacientes com câncer. Pode estar presente em pacientes com doença metastática avançada, especialmente nos pacientes com múltiplas metástases hepáticas. ● Os sintomas clínicos mais frequentes são náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, alteração do nível de consciência, desidratação, hipotensão e choque. ● Os exames laboratoriais mostrarão aumento do lactato sérico, pH arterial em valores inferiores a 7.25 e usualmente um ânion gap maior que 22 meq/L. ● O objetivo principal do tratamento será a correção do pH, que não deverá ser corrigido para valores superiores a 7.2 e a manutenção do bicarbonato de sódio sérico entre 8 e 10 mmol/L por meio da administração de bicarbonato de sódio endovenoso Hipercalcemia ● É a emergência metabólica mais frequente nos pacientes com câncer e deve ser considerada um fator de mal prognóstico. Existem 3 principais mecanismos relacionados à hipercalcemia de malignidade: ● Liberação de citocinas locais pelas metástases osteolíticas – responsável por 20% dos casos; ● Secreção do peptídeo paratireoideano hormônio relacionado (PTHrP); ○ A produção de PTHrP é responsável por 80% dos casos de hipercalcemia da malignidade. ○ Ocorre mais frequentemente em pacientes com carcinomas de células escamosas (pulmão e cabeça e pescoço), tumores de rim, bexiga, mama e ovário, além demalignidades hematológicas, como os linfomas não Hodgkin, leucemia mielóide crônica e leucemia linfoma de células T. ○ Promove aumento da reabsorção óssea, aumento da reabsorção de cálcio nos túbulos distais e inibição do transporte proximal de fósforo!!!! ● Produção de 1,25 diidroxivitamina D (calcitriol) pelo tumor. ● O aumento na produção de 1,25 diidroxivitamina D é causa de, praticamente, todos os casos de hipercalcemia em pacientes com linfoma de Hodgkin e de, aproximadamente, 1/3 dos casos em pacientes com linfoma não Hodgkin. Nestes pacientes, o aumento na produção de 1,25 diidroxivitamina D leva ao aumento na reabsorção óssea pelos osteoclastos, além de aumentar a absorção intestinal de cálcio. Como o cálcio sérico encontra-se ligado à albumina, os valores séricos irão variar de acordo com as concentrações de albumina sérica. Nos pacientes com câncer, a dosagem de cálcio iônico deve ser priorizada sobre a fórmula de correção do valor de cálcio ajustada para a albumina sérica. Manifestações clínicas ● Sintomas constitucionais, neurológicos, gastrintestinais, renais e cardíacos. ● O paciente pode apresentar sinais e sintomas variados, que incluem: perda de peso, anorexia, polidipsia, náuseas e vômitos, poliúria, azotemia, insuficiência renal, constipação e íleo metabólico. ● Diurese osmótica e inibição do hormônio antidiurético → poliúria, náuseas, vômitos, desidratação e desorientação. ● Valores de cálcio sérico não superiores a 13 mg/dL. Se não tratada, a hipercalcemia evoluirá para fraqueza muscular, torpor, convulsões e coma. ● Normalmente esses pacientes apresentam valores superiores a 16 mg/dL. ● Os sintomas cardíacos são menos frequentes, mas podem causar arritmias fatais. Conduta ● Solicitar ECG ● Tratamento relacionado ao tratamento da doença de base, devendo-se evitar drogas que possam interferir na excreção do cálcio, como os diuréticos tiazídicos, os anti-inflamatórios não hormonais e os antagonistas de receptores da histamina. ● A Primeira preocupação deve ser a instituição de hidratação vigorosa com solução salina, de forma a restabelecer a euvolemia. → além de elevar o fluxo renal, também aumenta a excreção do cálcio. 31 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Após o restabelecimento da volemia, diuréticos de alça, como a furosemida, devem ser iniciados, de maneira a controlar o balanço hídrico. ● A medida mais eficaz para o controle da hipercalcemia associada ao câncer é a utilização dos bifosfonatos: pamidronato e zolendronato. → Administrados via endovenosa, na dose de 60 a 90 mg para o pamidronato e de 4 mg para o zolendronato. O zolendronato deve ter sua dose ajustada nos pacientes em insuficiência renal. Hipercalcemia leve (cálcio 10,5 – 11,9) → pacientes assintomáticos não necessitam de tratamento. → Devem ser orientados a evitar diuréticos tiazídicos, carbonato de lítio, dieta rica em cálcio e desidratação. É importante a hidratação para evitar nefrolitíase. Hipercalcemia moderada (cálcio 12 – 13,9) → pacientes assintomáticos ou oligossintomáticos não necessitam de tratamento imediato Hipercalcemia severa (cálcio ≥ 14)→ tratamento agressivo. ● Expansão volêmica com solução salina isotônica 200-300ml/h, de modo a manter o fluxo urinário 100-150 ml/h. ● Diuréticos de alça podem ser administrados após o restabelecimento da volemia (furosemida 20-40mg), uma vez que estimulam a excreção de cálcio. ● Administração de calcitonina na dose inicial de 4UI / kg por via SC ou IM. ● Administração de ácido zoledrônico (4mg EV em 15 min) ou pamidronato (60-90mg EV em 2h). O ácido zoledrônico é superior ao pamidronato na reversão da hipercalcemia da malignidade. Mesmo administrando a calcitonina, o bisfosfonato deve ser feito, pois tem início de ação mais tardio (48-72h). Porém, confere proteção a mais longo prazo. ● Pacientes com hipercalcemia severa (18-20mg/dL) e sintomas neurológicos devem ser submetidos à hemodiálise, além das medidas já citadas. ● Os glicocorticóides reduzem a produção de calcitriol (1,25 -diidroxivitamina D), por isso podem ser uma opção no tratamento de hipercalcemia, em alguns casos de linfoma e em pacientes com doenças granulomatosas crônicas (sarcoidose). A prednisona, na dose 20- 40mg/dia, reduz a concentração de cálcio dentro de 2-5 dias. Hiponatremia ● A síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIADH) é a causa mais comum de hiponatremia nos pacientes com volemia normal. ● Resultado da liberação não fisiológica de arginina vasopressina, e é frequentemente causada nos pacientes com câncer por produção ectópica de substâncias semelhantes ao ADH. Clínica ● Depende do grau de hiponatremia e da velocidade com que se instala ● Quando os pacientes apresentam níveis de sódio entre 125 e 135 mEq/L, geralmente são assintomáticos ou apresentam sintomas inespecíficos; ● Quando os níveis encontram-se abaixo de 124 mEq/L, podem apresentar náusea, vômito, anorexia, fraqueza geral e confusão mental; ● Níveis abaixo de 120 mEq/L pode ocorrer crise convulsiva, torpor e coma. Laboratório ● Concentrações plasmáticas de ADH excessivamente altas para a Posm, hiponatremia (Na < 135 mEq/L) e redução da Posm (< 280 mOsm/kg), e por um aumento da excreção urinária de sódio (UNa > 100 mEq/L) . ● Deve-se sempre lembrar de checar o sódio, bem como a osmolalidade urinária e sérica para determinação da presenca de SIADH, já que outras causas de hiponatremia, como hipovolemia por exemplo, são comuns em pacientes com câncer. Tratamento ● Aumentar a concentração sérica do sódio. ● Em pacientes com hiponatremia leve, a primeira medida é restringir a ingesta hídrica. 32 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● A restrição de fluido tende a aumentar as concentrações de sódio em torno de 2 a 4 mEq/L por dia. ● A hiponatremia de instalação rápida e persistente predispõe a sequela permanente de sistema nervoso central, por edema cerebral. Esses pacientes necessitam de correção de seus níveis de sódio como tratamento de emergência. ● Em pacientes para quem a restrição hídrica não é suficiente, pode-se utilizar a demeclociclina, um potente inibidor da ação do ADH, na dose de 900 a 1.200 mg/dia. Insuficiência Adrenal ● A insuficiência adrenal causada por disseminação metastática e consequente destruição das adrenais é relativamente rara. ● A causa mais frequente é o uso crônico de corticosteroides. ○ Pacientes com risco elevado são os portadores de tumores do sistema nervoso central, leucemias e linfomas. Sinais e sintomas ● Secundários à redução da produção de glicocorticoides e mineralocorticoides pelas adrenais. ● Fraqueza muscular, perda de peso, anorexia, náuseas e vômitos, e hipotensão postural. ● A hiperpigmentação da pele e mucosas é normalmente encontrada em casos mais crônicos. Alterações laboratoriais ● Acidose metabólica, hiponatremia e hipopotassemia. Em pacientes com suspeita de insuficiência adrenal e que apresentem instabilidade hemodinâmica, deve-se iniciar de imediato reposição de corticosteróides. ● Hidrocortisona 10 a 200 mg a cada 8 horas e hidratação venosa vigorosa. ● Após a normalização do quadro, a dose de corticoide deve ser reduzida e a reposição de corticoide pode ser feita com prednisona 25 mg pela manhã e 12,5 mg à tarde, via oral. ● Eventualmente pode ser necessária a administração de um mineralocorticóide, fluocortisona na dose de 0,1 a 0,3 mg/dia oral, em conjunto. ● Em situações de estresse, como cirurgias e infecções, pode ser necessário o aumento da dose de corticoide. Toxicidade Relacionada à Quimio Pneumonite ● Evento adverso raro e potencialmente grave, descrito para quimioterapia citotóxica convencional, terapias-alvo e imunoterapia. ● Manifestações clínicas, radiológicas e funcionais inespecíficas dessa condição admitem uma ampla lista de diagnósticos diferenciais, incluindo doenças infecciosas, progressão de doença neoplásica, hemorragia alveolar ou doenças cardiovascularesEpidemiologia ● Evento raro→ incidência em torno de 3% ● Maioria dose-cumulativa, podendo de manifestar de forma idiossincrática ou desencadeada por tratamentos concomitantes, como a radioterapia. ● Maior letalidade Fatores de riscos e de predisposição ● Combinação de agentes quimioterápicos ● Doença pulmonar preexistente → como doença intersticial e DPOC ● Tto com radioterapia ● Presença de metástase pulmonar ● Efeitos sinérgicos de outros agentes ● Presença de doenças autoimunes ● Tipo histológico do tumor ● Pneumonite induzida pelo T-Dxd ○ Dose > 4,4 mg/kg a cada 3 semanas aumentou risco ○ Idade < 65 anos ○ SatO2 < 95% ○ IRA moderada/grave ○ COmorbidades pulmonares ○ Tempo > 4 anos desde o diagnóstico inicial Sinais e Sintomas ● Pneumonite, lesão pulmonar aguda, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), pneumonia eosinofílica, pneumonia em organização, 33 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA broncoespasmo, reações de hipersensibilidade e edema pulmonar não cardiogênico, entre outras. ● Maioria das manifestações é inespecífica → tosse (ñ produtiva geralmente), dispneia, hipoxemia, febre, dor torácica e perda ponderal ○ Graus variáveis → evolução progressica → pode culminar para Insuficiência respiratória e SDRA ● EF pode ser normal, mas geralmente tem crepitações na ausculta pulmonar ● Sinais de desconforto respiratório são comuns ● Sibilos se hipersensibilidade com broncoconstricção Como posso fazer o diagnóstico do meu pcte? ● É um diagnóstico de exclusão🥴 ○ Pode ser firmado quando as manifestações ocorrem temporalmente após a exposição, e na ausência de achados que sugiram outro diagnóstico diferencial. ○ A melhora clínica com a suspensão do agente causal corrobora o diagnóstico, mas alguns pacientes continuam a piorar mesmo após suspensão do agente causal e instituição de corticoterapia ● TC de tórax ○ Opacidades em vidro fosco, consolidações e espessamento de septo interlobular ou intralobular. ○ Derrame pleural e opacidades nodulares podem estar presentes → progressão de doença oncológica em seu diferencial. ○ Padrão tomográfico pode lembrar o aspecto de pneumonia em organização, pneumonia eosinofílica, pneumonia intersticial não especifica, pneumonia de hipersensibilidade, ou até sarcoidose ou doença veno-oclusiva pulmonar. ● Função pulmonar → redução da capacidade de difusão de CO é a alteração encontrada + precocemente e pode ser o único achado ○ Casos avançados →distúrbio ventilatório restritivo, com redução de capacidade vital forçada na espirometria e capacidade pulmonar total em pletismografia ● Broncoscopia e lavado broncoalveolar → ñ tem achados específicos ○ Servem p/ excluir processos como infecção oportunista, hemorragia alveolar difusa e propagação linfática do tumor. ● Biópsia pulmonar ○ Quando o quadro é compatível, ñ é necessária → ñ tem padrão histopatológico específico p confirmar o diagnóstico ○ Pode ajudar nos diagnósticos diferenciais como essas bomba de exame tudo 🤔 Mulher de 63 anos com carcinoma ducal invasivo localmente avançado, em uso de trastuzumabe deruxtecan, internada por insuficiência respiratória 15 semanas após início da medicação. Tomografia de tórax evidenciando opacidades em vidro fosco bilaterais associadas a espessamento septal e consolidações (A). Tratada com suspensão da medicação e prednisona. Após 1 mês apresenta melhora clínica e imagem do tórax demonstra redução da extensão das opacidades pulmonares E como eu trato? ● Tto empírico e de suporte ● Para a maioria dos antineoplásicos o que mais adianta é suspender → tem que ponderar a decisão quando ñ tem outra alternativa ● Corticoterapia de altas doses pode ajudar ○ Lenta retirada ao longo de 4-6 semanas ○ A necessidade de uso prolongado de corticoterapia ou imunossupressores pode predispor o paciente ao risco de infecções oportunistas, sendo recomendada instituição de profilaxias ● Cuidados de suporte → O2 suplementar nos caos de dessaturação, medicação broncodilatadora quando houver evidência de broncoconstrição e ventilação mecânica se indicado ● Com a resolução do quadro, reinsere a droga → decisão individualizada! 34 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Cardiotoxicidade Avaliação cardiológica inicial ● Pacientes com doenças cardiovasculares estabelecidas, com fatores de risco, ou ainda os que serão submetidos a tratamento com potencial cardiotoxicidade devem ser avaliados por especialista ● Exames complementares → ECG, raio-x de tórax, glicemia, hemograma, dosagem de eletrólitos, ácido fólico, vit D e B12, perfil lpídico e funções renal, hepática e tireoidiana ● Biomarcadres → troponina I ou T ultrassensível e BNP ● Avaliação de função ventricular → ecodopplercardiograma transtorácico Sim, e como eu defino a cardiotoxicidade em pctes oncológicos? ● A disfunção ventricular relacionada à cardiotoxicidade é definida como: ○ Redução de fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) ≥ 10% (para FEVE <50%) - para um valor absoluto. ○ Redução de strain longitudinal global (GLS) ≥ 15% - em relação ao valor basal. ● A disfunção ventricular pode ser classificada conforme a sua evolução → sintomática ou assintomática, reversível ou irreversível, aguda (até 14 dias após a quimioterapia), crônica precoce (em até 1 ano após o término do tratamento) ou crônica tardia (após 1 ano). ○ Conforme mecanismo de lesão em tipo I (lesão estrutural irreversível) e tipo II (dano funcional reversível). ● Disfunção diastólica → não há evidência de que o tratamento deva ser interrompido apenas considerando essa disfunção. ● A ressonância magnética cardíaca (RMC) é considerada padrão-ouro dentre os métodos não invasivos e pode ser usada para avaliar disfunção ventricular e tem boa acurácia para análise da estrutura cardíaca, massas, tumorações e fibrose. ● Para a ventriculografia radioisotópica, atualmente é considerado critério diagnóstico queda maior do que 10 pontos percentuais na FEVE para FEVE menor do que 50%. → por conta da emissão de radiação, é reservada a situações especiais. 35 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA IC e disfunção ventricular ● Disfunção ventricular é uma das complicações mais temida do tto oncológico ● Grande parte da disfunção ventricular em pacientes oncológicos é causada pelo uso de antraciclinas, utilizadas comumente para o tratamento de sarcoma, linfoma, câncer de mama e leucemia. ● Grande parte da disfunção ventricular é causada pelo uso de antraciclinas, utilizadas comumente para o tratamento de sarcoma, linfoma, câncer de mama e leucemia. ○ A cardiotoxicidade aguda às antraciclinas em geral é irreversível e associada a disfunção ventricular ou arritmias. → Pode ser precoce (até um ano da quimioterapia) ou tardio (após um ano, ou anos após a conclusão do tratamento). ● Estratégias para minimizar os efeitos cardiotóxicos: ○ Usar antraciclinas modificadas estruturalmente (epirrubicina/idarrubicina) ○ Reduzir a dose cumulativa ○ Prolongar a duração da infusão ○ Fracionar a dose ○ Utilizar formulações lipossomais ○ Usar dexrazoxane (quando indicado). ● Outra medicação de importante impacto na evolução com disfunção ventricular é o trastuzumabe. → reversível na maioria dos casos. → Aspectos determinantes da reversibilidade são a função cardiovascular prévia e a extensão do declínio da FEVE. ○ A interrupção do tratamento aumenta a recorrência do câncer→ na maioria dos casos os pacientes seguem recebendo o tratamento. ● Pacientes usuários de inibidores de checkpoint imunológico também estão vulneráveis a cardiotoxicidade grave, com disfunção ventricular. → Pode acarretar miocardite, pericardite, vasculite, síndrome de Takotsubo-like, arritmias e choque cardiogênico. ● Como investigo? ○ Diagnóstico diferencial com miocardites virais → biomarcadores, ecocardiograma, proteína C-reativa, eletrocardiograma (ECG), painel viral, ressonância nuclear magnética (RNM), angiotomografia de coronárias ou angiografiade coronárias. ○ Biópsia endomiocárdica quando da suspeição diagnóstica, mesmo se a investigação inicial for negativa. ● A Cardiotoxicidade pela radioterapia pode ser induzida por efeito direto nos músculos cardíacos, válvulas cardíacas, pericárdio, coronárias, sistema de condução, doença vascular carotídea e aórtica. ○ Seu efeito pode ser agudo (com pericardite ou miocardite), mas é correntemente tardio, 10 a 15 anos após a radioterapia, dificultando o diagnóstico. 36 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA HAS secundária à QT ● Inibidores de tirosina quinase anti-VEGF e inibidores de tirosina quinase BCR-ABL frequentemente induzem HAS. → redução da produção de óxido nítrico, restrição de angiogênese, retenção fluida por comprometer a natriurese, vasoconstrição mediada por aumento de endotelina-1, microangiopatia trombótica e lesão glomerular. ● Os agentes alquilantes induzem HAS por nefrotoxicidade. A ciclofosfamida também tem sido associada a doença trombótica por injúria endotelial e alteração do sistema renina-angiotensina-aldosterona. ● A cisplatina se relaciona com nefrotoxicidade; agentes antimicrotúbulos e inibidores de BRAF e MEK também têm associação com hipertensão e inibidores de proteassoma podem estar associados a microangiopatia trombótica. ● Medicações adjuvantes como corticosteróides, eritropoietina, inibidores de calcineurina e anti-inflamatórios também se associam ao aumento de níveis pressóricos. HAS relacionada à neoplasia ● Carcinoma hepatocelular, câncer renal e doença carcinoide, dentre outras. ● Pode ser desencadeada por produção de renina, angiotensinogênio, angiotensina, catecolaminas (feocromocitoma e paraganglioma) e peptídeos vasoativos como a endotelina 1 (carcinoma de células renais). ● Tto de pacientes com proteinúria ou disfunção ventricular→ indicado usar IECA ou BRA ○ Bloqueadores de canal de cálcio não diidropiridínicos (verapamil e diltiazem) devem ser usados com cautela → metabolizados no citocromo P450 3A4 → podem alterar os níveis séricos de alguns dos quimioterápicos. Doença coronariana ● Câncer aumenta a predisposição à doença coronariana → disfunção endotelial, aumento da atividade inflamatória, estresse oxidativo e inflamação crônica. ● Fatores de risco como idade avançada, tabagismo, diabetes, HAS, dislipidemia e obesidade tbm aumentam os riscos ● Muitas medicações antineoplásicas aumentam o risco de vasoespasmo, lesão endotelial, aterosclerose acelerada e trombose. Também é importante considerar que anemia, hipoxemia e hiperviscosidade podem contribuir para o agravamento ou precipitação do quadro. ● Aterosclerose acelerada é estabelecida em pacientes em uso de inibidores de tirosina quinase de segunda ou terceira geração. ● Pacientes em uso de inibidor de fator de crescimento endotelial (bevacizumabe, sorafenibe, sunitinibe) ou de 37 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA inibidores de checkpoint imunológico também estão relacionados com a aterosclerose acelerada. ● Radioterapiaé associada ao desenvolvimento de DAC por lesão miocárdica direta, alteração do tônus vascular, ativação inflamatória e aumento do estresse oxidativo. ● Paciente oncológicos com síndrome coronariana aguda devem receber dupla antiagregação plaquetária, exceto se contagem de plaquetas menor do que 30 mil (por microlitro de sangue). Trombose venosa ● Evento muito comum em pacientes com câncer → neoplasias produzem partículas trombogênicas, têm propriedades antifibrinolíticas, induzem ativação plaquetária, produção de trombina e acionam a cascata inflamatória. ● Pacientes em regime ambulatorial devem receber profilaxia farmacológica de trombose venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar (TEP) com apixabana, rivaroxabana ou enoxaparina quando possuírem alto risco para TEV, mensurado pelo escore de Khorana (≥ 2) ou alto risco pelo nomograma CAT score (cancer-associated venous thromboembolism) que inclui a mensuração de dímero-D e avaliação do tipo de câncer. ● O escore de Khorana pontua como baixo risco 0, risco intermediário 1 ou 2 e alto risco ≥ 3. → risco de sangramento deve ser avaliado → maior em tumor de TGIl ● A heparina de preferência é a de baixo peso molecular (HBPM) naqueles pacientes sem disfunção renal ou outras contraindicações ao seu uso. Em pacientes com disfunção renal, é possível o uso com monitorização do fator anti-Xa. ● A anticoagulação em pacientes submetidos a cirurgia de grande porte deve se estender de 7 a 10 dias no pós-operatório até 4 semanas em cirurgias abdominais ou pélvicas (recomendação IIa, nível de evidência B) ● A anticoagulação deve ser considerada por tempo superior a 6 meses em pacientes com câncer ativo ou metastático (recomendação IIa, nível C de evidência).1 ● O filtro de veia cava deve ser considerado em TEV aguda (<4 semanas) com contra indicação definitiva ao uso de anticoagulantes e se TEV com alto risco. Trombose arterial ● Menos frequentes e estão associados a um pior prognóstico. ● IAM, AVE e isquemia de membro. ● Geralmente ocorrem em pacientes com neoplasias avançadas de pâncreas, mama, colorretal e pulmão em uso de antraciclinas, taxanos e platina, inibidores da VEGF. Uso de terapia hormonal (inibidores de aromatase, tamoxifeno), radioterapia e de eritropoietina também incrementa o risco. 38 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● O tratamento é uma urgência médica e envolve o tratamento da trombose arterial conforme localização, incluindo desde anticoagulação, trombólise e até embolectomia. Arritmia cardíaca ● Complicações frequentes!!! ● Fibrilação atrial → + frequente → relacionada ao estado pró-inflamatório + efeitos cardiotóxicos da terapia antineoplásica. → Descartar manifestações paraneoplásicas como o hipertireoidismo. ○ Os anticoagulantes orais diretos (DOACs como dabigatrana, rivaroxabana, apixabana e edoxabana) são superiores à varfarina em termos de eficácia e sangramento na população com FA ● Alargamento de intervalo QT ○ Prolongamento de intervalo QTc > 500 ms e/ou variação do QT > 60 ms do basal.1 ○ Em caso de alargamento de intervalo QT, outras medicações devem ser reavaliadas, como antieméticos (droperidol), psicotrópicos (clorpromazina, haloperidol), antiarrítmicos (amiodarona, procainamida, quinidina, sotalol) e anti-infecciosos (macrolídeos, sulfonamidas, quinolonas, antifúngicos do grupo dos azóis, antivirais, antimaláricos como a cloroquina). ○ Realizar a correção de distúrbios hidroeletrolíticos. Doenças do pericárdio ● Frequentemente se relaciona com metástase pericárdica. → Neoplasias de pulmão, mama e hematológicas são as mais comuns ● Quimioterápicos como trióxido de arsênico, ácido transretinoico, imatinibe, desatinibe, citarabina, ciclofosfamida, metotrexato e pantostatin, além da radioterapia –< acometimento pericárdico secundário. ● Outras situações clínicas são hipoalbuminemia e lentificação da drenagem linfática. ● A clínica pode variar de pericardite, derrame pericárdico e pericardite constritiva até tamponamento cardíaco. Doença valvar ● Associada a lesões valvares preexistentes, radioterapia, endocardite infecciosa ou secundária à disfunção do ventrículo esquerdo. ● Doença cardíaca carcinoide → forma rara de acometimento valvar por tumores neuroendócrinos .→ Acomete as valvas cardíacas direitas, levando à disfunção valvar e à insuficiência cardíaca direita. → TGI como sítio preferencial para o tumor primário.8 Síndrome metabólica ● Relacionada com a terapia de privação hormonal androgênica (orquiectomia, agonistas de GnRH, antagonistas de GnRH, inibidores de receptor androgênico adrenal e inibidores diretos androgênicos) realizada no tratamento de neoplasias de próstata localmente avançadas. 39 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● A terapia antiandrogênica tem efeitos metabólicos como a hipercolesterolemia e hiperinsulinemia. ● Pacientes devem ser avaliados de forma rigorosa em relação a outros fatores de risco de doençascardiovasculares, ajustando a terapia hipolipemiante, o controle pressórico e glicêmico, além de cessação do tabagismo. Manejo ● Devem ser estimuladas mudanças de estilo de vida e controle de fatores de risco, controle de peso, cessação de tabagismo e etilismo. ● Tratar HAS com IECA ou BRA → atuam evitando o remodelamento cardíaco. ● Objetiva-se manter os níveis de LDL < 100 mg/dL. ● Em casos de IC, além da terapia habitual, podemos também utilizar os inibidores do SGLT2 (empaglifozina, dapaglifozina e canaglifozina). Na doença coronariana, por outro lado, deve-se dar preferência aos agonistas do GLP-1 (liraglutida, dulaglutida e semaglutida) (recomendação IIa, nível de evidência C), em associação à terapêutica habitual. ● A quimioterapia não deve ser suspensa com base apenas em alterações do strain ou biomarcadores. Em determinados casos é necessário excluir doença cardíaca isquêmica, controlar melhor os fatores de risco e iniciar medidas de cardioproteção. ● Dexrazoxano é uma droga cardioprotetora que age por meio da inibição da topoisomerase IIb (impedindo a ligação a doxorrubicina) e da quelação do ferro que 40 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA reduz o estresse oxidativo causado pela cardiotoxicidade induzida pela antraciclina. ● Em pacientes com suspeita de miocardite, comumente associada a inibidores de checkpoint imunológicos, a terapia quimioterápica deve ser prontamente interrompida. → Tratamento imediato com corticosteroide deve ser iniciado (metilprednisolona IV, 1 g/dia, por 3 a 5 dias, seguida de prednisona, 1-2 mg/kg/dia). → deve ser continuado até a resolução dos sintomas e a normalização da troponina, da função sistólica e das anormalidades de condução; ● Outras terapias imunossupressoras podem ser preconizadas em pacientes que evoluam com gravidade ou choque cardiogênico, como globulina antitimócito, infliximabe (exceto em pacientes com insuficiência cardíaca), micofenolato mofetil, ciclofosfamida ou abatacepte (recomendação IIa, nível de evidência C) Toxicidade Cutânea Terapia convencional citotóxica → bloqueio da divisão celular→ efeito em órgãos com altas taxas de renovação celular: ● Alterações pigmentares na pele e pelos (hiperpigmentação e hipopigmentação). ● Alterações ungueais (pigmentação, onicólise e inflamação). ● Reações de fotossensibilidade. ● Síndrome mão-pé (hand-foot syndrome – HFS). Terapia-alvo → medicamentos são direcionados para moléculas que sofreram mutação e/ou têm expressão aumentada no tumor, porém têm distribuição na pele normal → agentes que interferem na transdução do sinal celular, como inibidores do fator de crescimento epidérmico (EGFRi), inibidores da tirosina quinase (TKIs) e inibidores da molécula BRAFErupção papulopustular. ● Alterações cutâneas (xerose, proliferações epidérmicas). ● Alterações ungueais (paroníquia, granuloma piogênico). ● Alterações nos pelos Terapia imunológica com inibição de check-points ● Erupção maculopapular. ● Prurido. ● Mucosite. Orientações gerais: ● Uso regular de emolientes ou cremes de barreira, com preferência para produtos com baixo pH. ● Aplicação dos emolientes imediatamente após o banho auxilia na maior retenção da umidade na pele. ● Usar roupas leves e folgadas. ● Tempo de banho de até 15 minutos, no máximo. ● Temperatura da água do banho de morna para fria, pois água quente pode ressecar a pele. ● Evitar produtos de limpeza da pele com pH elevado ou contendo álcool. ● Manter unhas curtas. ● Utilizar proteção solar (proteção com roupas ou protetor solar com FPS ≥ 30). Alterações pigmentares ● Hiperpigmentação pode ocorrer na pele, unhas e membranas mucosas no tratamento com drogas citotóxicas, com distribuição localizada (tiotepa, ifosfamida, docetaxel) ou difusa (bussulfano, doxorrubicina, hidroxiureia, permetrexed). → Geralmente se resolve com descontinuação da droga Alterações ungueais ● A terapia convencional pode ocasionar melanoníquia (pigmentação marrom a negra da lâmina ungueal), leuconíquia (descoloração branca da unha), onicólise (descolamento da lâmina ungueal a partir da porção distal da unha), linhas de Beau (sulcos horizontais na placa ungueal), onicomadese (descolamento da lâmina ungueal na porção proximal) e onicorrexe (estriações longitudinais na superfície da placa ungueal). ● Hiperpigmentação das unhas é descrita com fluoracil, hidroxiureia e ciclofosfamida ● O uso de luvas e meias congeladas durante a quimioterapia tem sido sugerida como prevenção da toxicidade ungueal dos taxanos, porém a tolerância é baixa. ● As terapias-alvo também podem ocasionar onicosquizia e síndrome das unhas frágeis. Esses casos são manejados com redução do contato com água, emolientes para unhas e evitando procedimentos abrasivos nas unhas. Síndrome mão-pé e reação cutânea mão-pé ● Associada à terapia convencional ● Conhecida por diversos nomes → disestesia palmoplantar, eritema acral, eritema tóxico das palmas e plantas ou eritrodistesia palmoplantar ● Caracterizada por lesões eritematosas, edematosas, dolorosas, bem demarcadas acometendo palmas, plantas e dedos, podendo evoluir para bolha e descamação. ● As mãos podem ser as únicas áreas acometidas. 41 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● As lesões podem surgir após dias do início da quimioterapia, porém podem ocorrer também entre 2 e 10 meses no curso do tratamento. ● O curso natural da síndrome é autolimitado desde que ocorra redução da dose do medicamento causador, porém no manejo podemos utilizar resfriamento regional das extremidades e corticoides tópicos potentes. ● Há relatos de uso de anti-inflamatório não esteroide tipo celecoxib no manejo da síndrome, bem como na prevenção da HFS induzida por capecitabina. Rash cutâneo ● Reações decorrentes de infusão dos medicamentos que geralmente são IgE-mediadas e tratadas com corticoides e anti-histamínicos pré-infusão. ● Exantema maculopapular ou morbiliforme pode acontecer com qualquer classe dos medicamentos utilizados, iniciando gradativamente ao longo de semanas após o uso da droga, com prurido. ● A primeira manifestação de reações cutâneas mais graves pode ser como um rash morbiliforme, evoluindo posteriormente para síndrome de Steven-Johnson (SJS)/necrólise epidérmica tóxica (NET) e reação à droga com eosinofilia e sintomas sistêmicos (DRESS), sendo necessário ter atenção a sinais de alerta ● A erupção papulopustular é a toxicidade mais comum dos EGFRi → apresentação acne-símile, com pápulas e pústulas foliculares sem comedões, surgindo entre 1 e 2 semanas do início da medicação e presente em mais de 2/3 dos pacientes. → se distribuem pela face, couro cabeludo, tórax e dorso, geralmente poupando extremidades. ● O prurido está associado em um terço dos pacientes. ● No manejo preventivo, é recomendado o uso sistêmico de derivados da tetraciclina (doxiciclina 100 mg 2x dia) por 6 a 8 semanas, além de usar corticoide tópico de baixa potência. ● Tratamento → nos casos mais leves é possível utilizar somente produtos tópicos, como corticoide e antibiótico tópico, enquanto em casos mais avançados já usando doxiciclina, tem como opção sulfametoxazol/trimetoprim, cefalexina ou cefadroxila, por pelo menos 4 semanas, devendo reavaliar o paciente a cada 2 semanas. ● As reações de fotossensibilidade podem se apresentar com eritema importante minutos a horas após exposição a luz (reação fototóxica) ou se desenvolver pelo menos 24 h após exposição solar, com surgimento de dermatite em áreas fotoexpostas e disseminação para áreas não expostas à luz solar (reação fotoalérgica). ● A reação fototóxica se assemelha a uma queimadura solar, com uma delimitação evidente entre áreas expostas versus não expostas à luz solar. → tto baseia-se em suspensão da droga suspeita, utilização de protetor solar físico (contendo óxido de zinco ou óxido de titânio), compressa fria e corticoide tópico nas áreas mais inflamadas. ● Nas reações fotoalérgicas, os pacientes reclamammais de prurido, com erupção papulovesicular, eritema e descamação, sendo comum a resolução 4 a 8 semanas após a suspensão da droga. Alteração nos pelos ● A alopecia induzida pela terapia convencional é causada por eflúvio anágeno, podendo afetar 65% dos pacientes, e os agentes com maior risco de causar essa reação são agentes alquilantes (ciclofosfamida, ifosfamida, bussulfano, thiotepa), antibióticos antitumorais (dactinomicina, doxorrubicina), agentes com ação nos microtúbulos (paclitaxel, docetaxel) e inibidores da topoisomerase (irinotecano, etoposide). ● Quadro geralmente reversível 2 a 6 meses após tratamento oncológico finalizado. ● Entre as medidas para prevenção destaca-se o benefício do resfriamento do couro cabeludo com aparelhos específicos → não deve ser utilizada em neoplasia de origem hematológica devido ao relato de recorrência da neoplasia. ● Os medicamentos de terapia-alvo podem induzir alteração no crescimento dos pelos, com crescimento lento e textura modificada. 42 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Toxicidade Neurológica ● As alterações neurológicas associadas ao tratamento podem se apresentar em um espectro que vai de uma forma aguda e transitória até uma forma tardia, progressiva e irreversível, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes.→ SNC ou SNP ● As formas mais comuns de neurotoxicidade aguda-subaguda incluem encefalopatia e neuropatia periférica, e as formas crônicas, disfunção cognitiva, atrofia cerebral, leucoencefalopatia, alterações cerebrovasculares, até desenvolvimento de tumores neurais secundários. → nem sempre existe correlação entre a intensidade dos sintomas descritos pelo paciente e os achados do exame físico e exames de imagem. Alterações no SNP ● Neuropatia periférica á a forma mais frequente ○ Polineuropatia predominantemente sensitiva, dependente de comprimento, inicialmente desmielinizante, que pode evoluir para axonal, associada a alodinia, disestesia e hiperalgesia. ● Plexopatia (mais comumente descrita em associação com infiltração direta pelo tumor e/ou decorrente da radioterapia), radiculopatia (também nas formas secundárias à infecção por herpes-zóster, em situações de imunocomprometimento severo decorrente do emprego da quimioterapia, corticoterapia e da própria neoplasia subjacente). ● O surgimento de miopatia associada, com padrão proximal de acometimento, sobretudo nos membros inferiores e histologicamente caracterizada por atrofia de bandas tipo 2, é relacionado sobretudo ao uso de corticosteróides, bem como ao tempo e dose utilizados. ● Os agentes quimioterápicos que mais podem causar neuropatia periférica são compostos de platina, taxanos, vinca alcalóides, inibidores de proteosoma, agentes antiangiogênicos e os novos agentes antimicrotúbulos. ● Vários agentes antineoplásicos podem comprometer os neurônios ganglionares dorsais e/ou axônios, já que, funcionalmente, a barreira hematoneural é menos seletiva que a hematoencefálica (BHE), resultando em uma maior toxicidade, o que também explicaria o predomínio de sintomas sensitivos. ● Os sinais e sintomas apresentados pelos pacientes com podem ser puramente sensitivos, sensitivo-motores ou motores, sendo mais frequentemente observado o comprometimento sensitivo. ● Acontecem mais frequentemente durante a terapia e tendem a reduzir ou desaparecer quando há diminuição ou suspensão da dose ao longo do tempo. ● Dentre os sintomas relatados, observam-se parestesias e distúrbios da percepção dolorosa como disestesias, alodinia e hiperalgesia. Foram descritos movimentos pseudoatetóticos espontâneos dos dedos e artelhos secundários ao comprometimento proprioceptivo severo associado ao uso dos sais de platina. ● EF → diminuição da sensibilidade vibratória e perda do reflexo aquileu, com padrão simétrico ou assimétrico, sinal de Lhermitte. ● Neuropatia autonômica em graus variáveis, desde hipotensão ortostática, íleo metabólico, disfunção erétil e vesical até bradicardia. ● Comprometimento de nervos cranianos, com envolvimento dos nervos oculomotores, trigêmeo, facial e recorrente laríngeo, resultando em oftalmoparesia, paralisia facial, ptose, diplopia, paralisia das cordas vocais e dor facial é menos comum que o de nervos periféricos. ● Diagnóstico estabelecido por história clínica e exame físico cuidadosos e a investigação com exames neurofisiológicos como a eletroneuromiografia (ENMG) e eletromiografia (EMG) ● A abordagem terapêutica → essencialmente sintomática, incluindo a redução da dose do agente antineoplásico associado e eventualmente a sua suspensão. → não existe consenso em relação ao uso de fatores neuroprotetores como antioxidantes, glutamina, magnésio, tiamina, fármacos antiepilépticos e vitamina B12. ○ Sintomático → amitriptilina, gabapentinoides, carbamazepina, oxcarbazepina, topiramato, lamotrigina e, mais recentemente, duloxetina, ○ Duloxetina é o único fármaco com comprovada eficácia ○ Medidas não farmacológicas como fisioterapia podem ser úteis, visando melhor controle postural e do padrão de marcha. SNC ● Podem ter apresentação aguda ou crônica, com reversibilidade variável e com a via de administração do quimioterápico (sistêmica ou localizada). ● Quadros de encefalopatias agudas, caracterizadas por comprometimento do nível e/ou conteúdo da consciência, cefaléia e crises convulsivas são frequentes e geralmente reversíveis, frequentemente 43 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA associados com alterações do equilíbrio hidroeletrolítico (hiper-hidratação, hiponatremia, hipomagnesemia, hipercalcemia, secreção inapropriada do hormônio antidiurético – ADH). ● As crises convulsivas podem ser precipitadas por efeitos neurotóxicos diretos dos fármacos empregados, bem como decorrer das alterações metabólicas secundárias. → uso concomitante de outros medicamentos (fármacos antiepilépticos, fatores de crescimento, antidepressivos, benzodiazepínicos, analgésicos) também pode contribuir para o quadro. ● Exames de neuroimagem podem estar normais ou alterados ● Nos casos de LPR, são observáveis alterações nas sequências T2/FLAIR da ressonância decorrentes de edema vasogênico com áreas focais de hipersinal com distribuição subcortical parietais e occipitais posteriores e que costumam ter resolução espontânea em duas semanas. ● De modo geral, o tratamento das encefalopatias agudas envolve suporte clínico, suspensão do agente relacionado e tratamento dos distúrbios metabólicos associados. ● Crises convulsivas são frequentes nos casos de encefalopatias agudas/subagudas, mas também nos pacientes com comprometimento estrutural encefálico tanto por doença primária quanto metastática. → quando necessário o uso de fármacos antiepilépticos, deve-se escolher preferencialmente drogas não indutoras, visando menor interação medicamentosa. ● O comprometimento cognitivo progressivo é identificado nos casos de encefalopatias crônicas principalmente nos casos em que se utiliza quimioterapia e radioterapia em associação → não há uma recomendação definitiva para o tratamento dessa 44 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA complicação →a partir do observado em algumas séries, pode-se utilizar o cloridrato de memantina, metilfenidato ou modafinila. ● Distúrbios do movimento como discinesias focais ou difusas e síndromes parkinsonianas, também são observados sinais de comprometimento cerebelar ● Doença cerebrovascular na forma de acidentes vasculares, tanto arteriais como venosos, estão associados ao uso intratecal de metotrexato, infusão contínua de sais de platina, alcaloides da vinca, bleomicina, ciclofosfamida e 5-fluoracil. O emprego de L-asparaginase e de drogas anti-VEGF como o bevacizumabe associa-se aos quadros de trombose venosa cerebral e de hemorragias intraparenquimatosas. ● Com relação ao uso de quimioterápicos por via intratecal, seja por meio de punção lombar ou por dispositivos como cateteres espinhais ou reservatório de Ommaya,uma complicação observada é meningite asséptica e, muito raramente, quadro de mielopatia transversa. Eventos Adversos Imuno-Relacionados São toxicidades relacionadas ao tratamento com inibidores de checkpoint imunonológicos (ICIs). Os inibidores são anticorpos monoclonais que bloqueiam moléculas responsáveis pelo controle/inibição da resposta imunológica. → Aumentam a ativação dos linfócitos T contra os antígenos. ● No caso do tratamento do câncer, essa tecnologia se baseia no reconhecimento de neoantígenos tumorais pelos linfócitos T. Então, os ICIs promovem aumento da resposta imunológica contra as células tumorais. ● Dentre esses anticorpos, os atualmente empregados na prática clínica são anti-CTLA4, anti-PD1 e anti-PDL1.1-3 Por que ocorrem? ● Com a ativação da resposta imunológica, pode haver um desbalanço da homeostase do sistema imune, o que favorece não só o combate às células tumorais, mas também a ocorrência de manifestações autoimunes ● As mesmas moléculas que inibem a resposta antitumoral também atuam evitando a autorreatividade. Manifestações ● Podem acometer qualquer órgão do corpo. ● Entre os mais comuns estão os eventos dermatológicos, endócrinos, gastrointestinais, hepáticos e pulmonares. ● Usualmente, surgem nas primeiras doze semanas de tratamento, entretanto podem ocorrer mesmo após interrupção da imunoterapia. A frequência dos EAIrs depende do esquema de tratamento (terapia combinada versus monoterapia), do imunoterápico, da dose, do tempo de exposição, da neoplasia em tratamento e de fatores intrínsecos ao paciente, como doenças autoimunes de base e, possivelmente, composição da microbiota intestinal. Os eventos são dose-dependentes e, em geral, mais frequentes e de maior gravidade. O fator intrínseco mais influente é doença autoimune preexistente, em especial quando esta está ativa no início da imunoterapia. Alguns EAIrs não apresentam clínica exuberante e são diagnosticados com base em exames complementares. ● Os principais exames que devem ser solicitados antes e durante o tratamento são hemograma, função tireoidiana, transaminases e função renal. → Antes de bater o martelo, excluir diagnósticos diferenciais 45 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Classificação dos eventos 5 categorias: ● Assintomático/leve (grau 1) ● Moderado (grau 2) ● Grave (grau 3) ● Rsco de morte (grau 4) ● Morte (grau 5). Eventos adversos fatais relacionados aos ICIs são raros e costumam ocorrer no início do tratamento, com mediana de tempo de 40 e 14,5 dias para esquemas em monoterapia e em imunoterapia combinada, respectivamente. →Miocardite, apesar de rara, demonstrou a maior proporção de casos fatais, considerando o número total de casos. EAIRs dermatológicos ● Acometem entre um terço a mais da metade dos pacientes que recebem ICIs ● Normalmente, ocorrem nas primeiras semanas de tratamento. ● Os eventos mais comuns são rash, prurido e vitiligo, ● Para pacientes tratados com anti-PD1, a incidência de rash é de aproximadamente 15%, de prurido, acima de 20% e de vitiligo, menor que 10%. ● Eventos cutâneos grau ≥ 3 são observados em cerca de 2 a 3% dos pacientes em regime de tratamento com ICI em monoterapia e em 4 a 10% com ICIs combinados.1 ● A maioria das manifestações cutâneas são maculopapulares, afetam menos de 30% da superfície corporal e são de gravidade leve e moderada (graus 1/2). Manejo ● Determinação da área de superfície corporal acometida (incluindo mucosas), documentação com fotos e consideração de diagnósticos diferenciais, como infecção ou outra doença sistêmica. ● Com o manejo efetivo, o rash geralmente apresenta resolução em um a dois meses, embora alguns pacientes manifestem a toxicidade de forma mais persistente ou recorrente. EAIRs gastrointestinais ● Mais comuns são diarreia e colite. ● Diarreia devido à inflamação colônica ● Geralmente, ocorrem a partir da sexta semana após início do tratamento. ● Colite é mais frequentemente associada ao tratamento com anti-CTLA4. ● No diagnóstico de colite, ao exame endoscópico, a mucosa se apresenta com ulcerações difusas e edema. Pode haver dissociação entre o quadro clínico e os achados endoscópicos. Em geral, recomenda-se realizar colonoscopia para diarreia de grau 2 ou maior. Avaliação e o manejo de colite devem descartar outras possíveis etiologias ● Infecções (parasitoses, infecção viral, infecção por Clostridium difficile), causas metabólicas e doenças autoimunes (doença celíaca) ● Mesmo na ausência de alterações macroscópicas, biópsias devem ser realizadas, a fim de descartar alterações microscópicas. Exames são úteis, por exemplo, para definir o manejo, pois a presença de úlceras largas (> 1 cm de diâmetro) e profundas (> 2 mm), com um envolvimento extenso de mucosa, prediz a necessidade de tratamento com biológicos! EAIRS hepático ● Hepatotoxicidade ocorre em torno de 5-10% no tratamento com ICIs em monoterapia e em 30% em terapia combinada. ● A toxicidade geralmente se apresenta em paciente assintomático com elevação de transaminases.→ obter exames de função hepática antes de iniciar o tratamento e a cada ciclo. ● Quando há aumento de transaminases durante a imunoterapia, é importante descartar outras etiologias como infecções virais e danos induzidos por drogas e álcool, além de revisar medicações concomitantes com potencial de serem hepatotóxicas. ● Em relação ao tratamento, quando houver necessidade de outros imunossupressores além de corticosteroides, infliximabe está contraindicado por ser hepatotóxico. 46 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA EAIRS pulmonar ● A pneumonite é a inflamação difusa ou focal do parênquima pulmonar.13 Corresponde a um dos eventos adversos de maior gravidade e de diagnóstico difícil, sobretudo em pacientes com câncer de pulmão ou doença pulmonar prévia. ● A principal manifestação clínica é a dispneia e o diagnóstico passa pela exclusão de outras possíveis causas, como infecções e progressão da neoplasia de base. ● O principal exame de imagem para a avaliação de pneumonite é a tomografia computadorizada (TC) ● Pneumonite por ICIs, em geral, apresenta boa resposta a corticosteroides, com sintomas melhorando na maior parte dos casos em 72 h. EAIRS endócrinos ● Ocorrem normalmente na 4ª a 18ª semana após início do tratamento ● Disfunção tireoidiana, hipofisite, insuficiência adrenal e diabetes. → Em geral não são graves, mas costumam ser permanentes. Distúrbios tireoidianos ● Mais frequentes, reportados em 5 a 20% dos tratamentos com anti-PD1/PDL-1. ● A incidência em tratamentos com anti-CTLA4 varia de acordo com a dose do imunoterápico, variando entre 1 e 10%. ● Geralmente, os pacientes são assintomáticos ou oligossintomáticos e a gravidade do evento é leve ou moderada (graus 1 ou 2). ● Deve-se solicitar dosagem hormonal ao longo do tratamento. ● Hipotireoidismo é mais frequente que hipertireoidismo. ● Hipertireoidismo pode ser transitório→ destruição da glândula e evoluir para hipotireoidismo, ou ocorrer devido à doença de Graves induzida pela imunoterapia. ● O manejo do hipotireoidismo se baseia na reposição hormonal. Internação e reposição endovenosa podem ser necessárias quando o paciente desenvolve sintomas mais graves, como hipotermia e bradicardia. ● O manejo do hipertireoidismo depende da gravidade e pode incluir o uso de betabloqueadores. Hipofisite ● Está mais associada à terapia com anti-CTLA4, em monoterapia ou em terapia combinada ● Decorrem deficiências hormonais centrais, incluindo hipotireoidismo, insuficiência adrenal, diabetes insipidus e hipogonadismo hipogonadotrófico. ● O diagnóstico pode ser desafiador, devido ao quadro clínico geralmente inespecífico. ● Piora de fadiga, fraqueza, hipotensão e náusea deve levantar suspeita de hipofisite ● Em alguns casos, devido ao aumento do volume da glândula pituitária, pode haver compressão do quiasma óptico, causando sintomas mais chamativos, como cefaleia e distúrbios visuais● A investigação diagnóstica se baseia em dosagens laboratoriais de hormônios (TSH, LH, FSH, ACTH, cortisol, testosterona ou estradiol) e em ressonância magnética cerebral, que pode evidenciar um aumento da glândula e ajudar a descartar diagnósticos diferenciais, como metástase. ● O manejo consiste em terapia com corticosteroide e na reposição hormonal, de acordo com a clínica do paciente e dos exames laboratoriais. EAIRS raros ● Podem acometer qualquer órgão e alguns eventos raros, mas potencialmente graves, são os eventos neurológicos, cardíacos, renais e reumatológicos. EAIrs neurológicos → Incluem casos de síndrome de Guillain-Barré, miastenia gravis, meningite asséptica, polineuropatia e mielite transversa, dentre outros. Miocardite → Na maioria das vezes, ocorre nos primeiros 3 meses de tratamento e está mais frequentemente associada à imunoterapia combinada. ● Sinais de insuficiência cardíaca e dor torácica devem levar a considerar esta hipótese diagnóstica. Nefrotoxicidade Acometimentos reumatológicos e musculoesqueléticos incluem, principalmente, miosite, artrite e síndrome polimialgia-like. 47 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA 48 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Síndrome da VCS ● Sinais e sintomas resultantes da obstrução parcial ou total do fluxo sanguíneo pela VCS VCS ● União das braquiocefálicas direita e esquerda ● Retorno de sangue da cabeça, pescoço, extremidades superiores e tronco para o coração. ● Faz parte do sistema venoso de baixa pressão → facilmente compressível! ● Tem paredes finas e suscetíveis a danos por uma variedade de mecanismos patológicos. ● Tem cerca de 7 cm de extensão e desemboca no átrio direito. ● Recebe a veia ázigos na transição de seu terço médio para caudal. Relaciona-se com a aorta ascendente (medialmente), traqueia e linfonodos paratraqueais (posteromedialmente), timo e linfonodos mediastinais anteriores (anteriormente), artéria pulmonar (posteriormente em seu terço caudal) e pleura mediastinal (lateralmente). ● A severidade da obstrução varia conforme o nível em que se instala (acima ou abaixo da veia ázigos) e da velocidade em que ocorre. ○ Em obstruções supra-ázigos, as colaterais mais utilizadas são o arco venoso jugular, as veias torácicas laterais, as veias torácicas internas e o plexo venoso vertebral, que, por meio do sistema ázigos e hemiázigos, levam o sangue ao átrio direito. ○ Quando a oclusão envolve a veia ázigos, a drenagem se faz pela veia cava inferior, utilizando principalmente os sistemas torácica lateral e epigástrica superior, torácica interna e epigástrica inferior, plexo cervicovertebral e ázigos e torácica lateral, intercostal posterior e ázigos. Fisiopato ● Comprometimento da anatomia do vaso, comprometimento do fluxo venoso e perda da integridade da parede do vaso. → Frequentemente coexistem!!! 49 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Causas ● Mais comum→ massa no mediastino! ○ Compressão extrínseca leva à obstrução ● Inflamação da parede venosa, fibrose e eventual trombose, que pode levar à estenose do vaso. ● Secundária a neoplasia de pulmão e linfomas e, apesar de não alterar a mortalidade de forma independente, os pacientes que a apresentam costumam ter sobrevida média de cerca de 6 a 9 meses. ● Linfoma não Hodgkin → 2ª principal causa, sefuido por doença metastática 🤯 O aumento da pressão venosa na parte superior do corpo resulta em edema de segmento cefálico, pescoço e membros superiores, muitas vezes com cianose, pletora e vasos subcutâneos distendidos. 🐡 O edema pode causar obstrução mecânica da laringe ou faringe, que se manifesta como tosse, rouquidão, dispneia, estridor e disfagia. O edema cerebral pode levar a cefaleia, confusão e coma. A diminuição do retorno venoso pode resultar em comprometimento hemodinâmico. Etiologias malignas (60-80% dos casos) → neoplasia maligna de pulmão, principalmente o de não pequenas células, e linfoma não Hodgkin. Etiologias benignas → trombose secundária ao uso de dispositivos intravenosos, como cateter de hemodiálise, marca-passo e cateteres de longa permanência Clínica A congestão venosa resultante da diminuição de drenagem do fluxo sanguíneo resulta em um quadro clínico relacionado ao aumento das pressões venosas na parte superior do corpo. ● Edema de segmento cefálico, pescoço e MMSS, muitas vezes com cianose, pletora e vasos subcutâneos distendidos. ○ O edema pode causar obstrução mecânica da laringe ou faringe → tosse, rouquidão, dispneia, estridor e disfagia. ○ Edema cerebral→ cefaleia, confusão e coma. ● Comprometimento do retorno venoso → comprometimento hemodinâmico. 💨 A velocidade de instalação é crucial para a gravidade dos sintomas. A instalação mais lenta tende a ter maior formação de colaterais e, consequentemente, menor aumento da pressão a montante. ● Os sintomas que são subagudos (ao longo de algumas semanas), não costumam ser ameaçadores à vida e tendem a melhorar com o surgimento dos colaterais. 50 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Sintomas clássicos ● Edema de face e de membros superiores, com distensão de vasos superficiais e eventualmente associado a cianose ou pletora facial. ● Apesar de exuberantes, esses sintomas não costumam trazer consequências mais graves. ● O paciente sofre dispneia progressiva, ortopneia e tosse que se agravam em posição prona. ● Em pouco tempo, é capaz de respirar apenas em posição ereta e fica impossibilitado de deitar-se. ● Conforme o aumento da pressão venosa intracraniana observa-se o aparecimento de cefaleia, vertigem, confusão mental, estupor e até perda da consciência ○ Morte por anóxia cerebral e/ou insuficiência respiratória Demais sintomas→ organizados de maneira topográfica. ● Edema de laringe e faringe pode levar a rouquidão, tosse, dispneia, disfagia e em casos graves estridor. ● Edema cerebral pode levar a cefaleia, confusão e coma. ● Obstrução importante ao fluxo pode gerar comprometimento hemodinâmico. ● Estridor e sonolência ou coma são exemplos de manifestações que, apesar de incomuns, são graves e potencialmente fatais. Diagnóstico A identificação clínica do paciente com SVCS costuma ser simples, uma vez que os sintomas e sinais são típicos, e o exame físico, rico. Exame físico: O diagnóstico é clínico-radiológico e o exame mais empregado é a TC de tórax com contraste. → Preciso confirmar radiologicamente!! ● Radiografia de tórax costuma ser o 1º exame a ser solicitado→ mostra alargamento do mediastino ● TC → + utilizado → acurácia diagnóstica próxima de 100% ○ As imagens podem mostrar a presença de tumores causando compressão extrínseca, além da posição anatômica dos mesmos. ○ Define trombose de cava (não opacificação da veia) e detalhamentos sobre a circulação colateral, além de permitirem um estudo adequado do parênquima pulmonar A RM é uma alternativa para pacientes alérgicos ao contraste ou com dificuldade de acesso venoso para sua injeção. ● Boas imagens multiplanares e dispensa uso de contraste USG pode visualizar trombos em veias como a braquiocefálica, a axilar e a subclávia. → Com Doppler pode revelar reversão de 51 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA fluxo na veia torácica interna, que é indicativo de obstrução da VCS, além de poder mostrar a resolução do bloqueio e retorno ao fluxo normal após o tratamento bem-sucedido. A cavografia da VCS geralmente é realizada antes do implante de stent, e é considerada o padrão-ouro para detectar obstrução trombótica e extensão da trombose.→Não consegue avaliar as estruturas além do vaso, não podendo identificar causas de obstrução extrínseca. Para confirmar a presença de condições malignas é necessário realizar o diagnóstico histológico. ● Pode ser por biópsia de linfonodo periférico, exame citológico de escarro e toracocentese com análise citológica do líquido pleural. ● Alternativas de diagnóstico mais agressivas → broncoscopia, biópsia transtorácica e mediastinoscopia ou mediastinotomia. ●Na ausência de compressão da via aérea ou de progressiva piora clínica e neurológica, não devemos iniciar uma terapêutica específica antes de obter a amostra cito-histológica, com risco de haver interferência na correta interpretação do material ● Tratamento Dividido em terapia de suporte e terapia definitiva para a doença de base. O tratamento de escolha depende da gravidade dos sintomas e do tipo histológico do tumor. ● Maneira + prática e óbvia → elevar a cabeça do paciente para diminuir a pressão hidrostática e, consequentemente, o edema ● Suporte de O2. Pacientes que se apresentam com sintomas graves ameaçadores à vida como estridor, desconforto respiratório ou coma devem ser abordados como uma emergência, avaliando a estabilidade e necessidade de via aérea avançada.→Nesses casos, é utilizado o stent endovascular. ● A terapia endovascular também pode ser considerada para alívio sintomático em pacientes cuja neoplasia não tenha boa resposta ao tratamento com quimioterapia ou radioterapia, como os mesoteliomas e 52 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA eventualmente neoplasia de pulmão não pequenas células. ● A resposta costuma ocorrer em horas a dias. Complicações ocorrem em 3 a 7% dos pacientes e envolvem infecção, sangramento, embolia pulmonar e lesão vascular. Pacientes que não apresentam sintomas ameaçadores à vida devem ser tratados com base no diagnóstico oncológico. ● QT costuma ser efetiva na resolução dos sintomas relacionados a linfomas e neoplasia de pequenas células de pulmão, tendo menor sucesso no caso de neoplasia de pulmão não pequenas células. ● Radio é uma terapia em potencial, tendo em vista que a maior parte dos tumores que causam SVCS são radiossensíveis.→ não deve ser usada de rotina para o tratamento de sintomas de SVCS→ stent tende a ser mais rápido no alívio dos sintomas e por poder dificultar o diagnóstico histológico se realizada antes da biópsia. Outras abordagens possíveis: ● Glicocorticóides (dexametasona 4 mg a cada 6 horas) é comumente prescrita, mas não há evidência contundente para o seu uso. → Podem reduzir a carga tumoral em linfomas e timoma, mas pode prejudicar a biópsia ● Radioterapia ● Diuréticos→ controverso Caso seja detectada trombose na veia cava, considera-se anticoagulação após ponderação do risco de sangramento. → indicações são controversas. Seguimento ● SVCS grave → internação hospitalar e tratamento inicial com elevação de cabeceira e oxigenioterapia suplementar, se necessário. Se houver sinais de edema laríngeo ou cerebral importantes, deve-se admitir o paciente em sala de emergência ou UTI. Síndrome da Compressão Medular É definida como a compressão do saco dural e de seu conteúdo (medula espinal ou cauda equina) por massa tumoral extradural. É a segunda complicação principal dos doentes oncológicos. ● A coluna é o local mais frequente de metástases ósseas, mas nem toda metástase causa compressão!!!!!! ● Em até 20% dos doentes, os sintomas relacionados à metástase vertebral correspondem à manifestação inicial do câncer ● Diversos fatores→ crescimento de massa epidural, fratura vertebral… ● Se o tempo de evolução da compressão medular for curto, há possibilidade de recuperação da função neurológica. Entretanto, se a compressão for mantida por um período prolongado, há maior risco de dano neurológico definitivo por infarto da medula espinal e pouca probabilidade de recuperação funcional significativa, independentemente do tratamento instituído 53 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Etiologia e fisiopatologia ● Pode ser causada por diversas etiologias de doenças que envolvem a coluna vertebral e estreitam o canal espinal, em particular as neoplasias metastáticas, e podem causar perda neurológica irreversível. A maioria dos casos é em decorrência das metástases hematogênicas para os corpos vertebrais. ○ Minoria delas causa a sd ● Os 3 tumores mais comuns são → carcinoma de pulmão, mama, próstata e o mieloma múltiplo. ● Outras causas: linfomas, carcinoma renal e câncer de próstata. ● Em crianças, a síndrome de compressão medular aguda secundária a neoplasia tem etiologia diferente, sendo os sarcomas, linformas e os neuroblastomas as causas mais comuns. A SCMA se desenvolve em cerca de 5%-14% dos pacientes com câncer. Em cerca de 60% desses casos a neoplasia acomete coluna torácica, 30% a coluna lombossacral e 10% a coluna cervical. ● O maior risco de acontecer na coluna torácica provavelmente está relacionado ao menor espaço do canal medular em relação ao diâmetro da medula, à menor perfusão medular entre a região T4 a T9, ao alinhamento cifótico da coluna torácica e ao maior número de vértebras torácicas do que vértebras cervicais ou lombares Fases: ● Fase inicial → compressão e estase venosa, com consequente edema vasogênico→ déficit neurológico. ● Mais tardiamente → lesão hipóxico-isquêmica-neuronal, edema citotóxico e consequente lesão irreversível. Manifestações Clínicas ● Em até 20% dos doentes, os sintomas relacionados à metástase vertebral correspondem à manifestação inicial do câncer. ● Os sinais e sintomas ocorrem em sequência, à medida que há maior compressão medular e de raízes nervosas. Dor→ sintomas motores→ sintomas sensitivos→ disfunção autonômica ● Dor é o sintoma mais comum e precoce, ocorrendo em 85 a 95% dos casos. → Caracteristicamente pode piorar em posição supina, acordando o paciente à noite. Além disso, ela antecede as perdas funcionais e motoras em até semanas. ○ Dores sugestivas de metástase → dor na coluna torácica média e alta, progressiva, que piora a manobra de valsalva e noturna. ○ Pode ter início espontâneo, após esforço ou traumatismo de baixa energia ● Hipersensibilidade à percussão sobre o sítio afetado. ● Disfunção neurológica motora ocorre em 80% dos pacientes → “pernas cansadas e dificuldade de subir escadas ou levantar da cadeira” ○ História de quedas frequentes, distúrbios de equilíbrio e marcha, déficit de força, alteração da sensibilidade, incontinência ou retenção urinária (esses 2 é mais tardio) e piora da capacidade para atividades que exigem controle motor fino. ● Depois disso pode haver o acometimento sensitivo → pode se manifestar em padrão radicular ou anestesia em sela. ● Mais tardiamente, ocorre disfunção autonômica com impotência e incontinência de esfíncteres. ● Observe limitações de movimento ou redução da amplitude, bem como deformidades vertebrais. A síndrome da compressão medular evolui ao longo de um período de horas ou dias e, apesar de tipicamente ausentes em lesões medulares agudas, pode apresentar sinais de primeiro neurônio motor, como exaltação dos reflexos profundos e de Babinski. 54 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● A presença de paralisia flácida e reflexos profundos abolidos podem ser sugestivos de choque medular ou comprometimento radicular de ≥ 1 raiz, como na síndrome da cauda equina. 😢 É muito difícil fazer o diagnóstico precoce, pois dor na coluna é só dor na coluna Sinais de alarme para lombalgia por doença metastática ● > 50 anos; ● História de neoplasia (principalmente câncer); ● Vários retornos ao PS em um período inferior a 1 mês Com destruição óssea e fratura vertebral patológica, a coluna vertebral eventualmente se torna instável, levando a dorsalgia mais intensa. Em pacientes que se apresentam com déficit motor grave por mais de 72 horas, o prognóstico de recuperação funcional neurológica é ruim. Sintomas sugestivos de comprometimento neurológico devem ser valorizados e podem ser a queixa inicial do doente em alguns casos. ● Exame neurológico deve ser documentado para controle evolutivo ● O nível motor geralmente tem uma correlação maior com o local da compressão medular do que o nível sensitivo, com exceção da compressão medular da coluna torácica em que o nível sensitivo é fundamental para auxiliar na localização. ● No exame do tônus muscular, pode-se encontrar algum grau de espasticidade.● Os reflexos profundos geralmente estão exaltados. ● Deve-se procurar também por reflexos patológicos, como o sinal de Babinski. Diagnóstico Existem 3 tipos de exame de imagem na SCMA → radiografia simples, tomografia computadorizada e ressonância magnética. → O exame de escolha para definir o diagnóstico é a RM, porém nem sempre é acessível nos PS e a TC tem um fácil acesso. O raio-x é bem mais acessível, mas não tem valor significativo para a patologia pois não afasta a possibilidade de metástase vertebral ou compressão medular. → Pode ser útil para demonstrar fraturas patológicas devido à compressão, sinais de doenças degenerativas da coluna que possam ser responsáveis pelos sinais e sintomas do paciente e, também, avalia o alinhamento da coluna e auxilia na análise da sua estabilidade. ● DEVE ser feito em pacientes com DOR AXIAL PERSISTENTE ou na presença de SINAIS DE ALARME. A TC permite obter imagens de alta definição da anatomia óssea. → Adequada para avaliar o alinhamento da coluna e da anatomia tridimensional da lesão. → É possível identificar a presença de compressão medular por massa tumoral, apesar da menor capacidade de diferenciação de tecidos moles quando comparada à RM. 55 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● A TC de coluna é mais barata e mais acessível, ela permite visualizar lesões ósseas e colapso vertebral, mas não detecta adequadamente a compressão medular. Ressonância magnética → define o diagnóstico e o local da compressão com alta sensibilidade. É o melhor exame para avaliar tecidos moles, como medula, raízes, meninges, musculatura paravertebral e a relação das estruturas com o tumor. Quando a compressão medular é reconhecida, é recomendado realizar a RM da coluna inteira em busca de outras metástases, já que tem risco de compressão medular multifocal. A ressonância magnética com contraste deve ser considerada nos pacientes em que há suspeita de carcinomatose leptomeníngea, lesões intramedulares ou naqueles em que processos infecciosos devam ser considerados como diagnóstico diferencial da lesão vertebral. 56 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Critérios de instabilidade São controversos. → No entanto,pode ser presumida se houver: ● Deformidade translacional ● Colapso superior a 50% da altura da vértebra ● Deformidade angular causada por colapso vertebral superior a 20 graus. OU, pelos critérios de Kostuik e Weinstein: dividiram a vértebra e 6 zonas, se tiver destruição tumoral em ≥ 3 = instabilidade. Spinal Instability Neoplasic Score (SINS) → emergência USP usa esse ● Escore ≤ 6: coluna estável ● Escore 7-12: coluna potencialmente instável ● Escore 13-18: coluna instável 🚨 Coluna instável necessita de avaliação cirúrgica de urgência. Se houver instabilidade de modo geral, o tratamento cirúrgico costuma ser indicado. Tratamento ● Os objetivos primários são recuperação do déficit motor e tratamento da dor. ● O sucesso no tratamento é extremamente dependente do tempo de instalação da síndrome, o que implica a necessidade de rápida avaliação diagnóstica e decisão terapêutica. ● A escolha da modalidade de tratamento definitivo é definida pela estabilidade, pela sensibilidade do tumor a radioterapia e pela extensão das lesões. Repouso no leito→ quando devo indicar? ● Pacientes com dor mecânica intensa, sinais ou sintomas de comprometimento neurológico ou suspeita de instabilidade → repouso no leito até que a estabilidade da coluna seja avaliada adequadamente. MUDAR A POSIÇÃO DO PACIENTE A CADA 3-4H. ● Sonda vesical → Em pacientes com retenção urinária → evitar bexigoma Corticóides ● Reduzir o edema vasogênico, visando melhora do déficit e da dor como ponte para o tratamento definitivo. ● Instituir imediatamente se não houver contraindicação ● Dexatametasona 10mg, EV, seguida por 4mg, 6/6h, com posterior desmame. ● O uso em doses elevadas de corticoide aumenta o risco de complicações, como intolerância à glicose, sangramento digestivo, aumento do risco de infecção e complicações de ferida operatória. Para o controle da dor também é utilizado opioide (1ª linha de tratamento para dor em pacientes oncológicos). 57 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Tratamento definitivo Radioterapia → empregada principalmente em pacientes com coluna estável e tumor radiossensível. → Pode ser isolada ou associada à cirurgia. ● Tumores que respondem bem a RT→ linfoma, mieloma e seminoma. ● Tumores de mama, próstata e ovário respondem de maneira menos eficaz, mas podem ser tratados com radioterapia, sendo a cirurgia considerada em casos mais graves. ● Tumores de maior resistência → câncer de pulmão de não pequenas células, rim e melanoma. 🥃 A dose de radioterapia varia de acordo com o objetivo do tratamento e prognóstico do paciente. Doses únicas podem ser empregadas para paliação de dor, enquanto esquemas fracionados mais longos podem ser usados para melhor controle da doença. Cirurgia ● Descomprimir a medula de maneira efetiva com preservação ou restabelecimento da deformidade e evitar a recorrência local. ● Deve-se considerar os riscos x benefícios e mesmo os doentes que perderam a capacidade de andar mas que mantêm algum grau de sensibilidade ou motricidade distal devem ser operados na tentativa de obter melhora funcional. ● Aqueles com paraplegia ou tetraplegia completa por um período superior a 24 a 48 horas apresentam pouca chance de melhora e devem ser operados somente se houver sinais claros de instabilidade que necessite de estabilização para tratamento de sintomas. Os cirurgiões de coluna consideram que o doente deve ter + do que 3 meses de expectativa de vida para considerar a indicação do procedimento cirúrgico. Indicado para: ● Tumores resistentes à RT com acometimento grave ● Quando há instabilidade ● Quando há necessidade de diagnóstico histopatológico ● Quando a causa da compressão é hemorrágica ou uma vértebra fraturada ● Casos de progressão clínica em vigência de RT. O prognóstico funcional varia de acordo com o tempo até o tratamento, com o tipo histológico do tumor e com o tempo de instalação, entre outros. Laminectomia sem fixação ● Laminectomia isolada → adequada somente para os doentes com déficit neurológico por metástase isolada dos elementos posteriores da vértebra ou por massa epidural, sem sinais de instabilidade. ● Como a maior parte dos doentes apresenta lesões metastáticas no corpo vertebral, a laminectomia isolada não promove descompressão efetiva, não resseca o tumor e ainda pode aumentar a instabilidade por ressecar os únicos elementos íntegros da vértebra. Laminectomia com fixação ● Técnica clássica e consiste na descompressão aguda com laminectomia, acompanhada de estabilização ACIMA dos níveis afetados para evitar o desenvolvimento da instabilidade ou suas complicações. Descompressão circunferencial e estabilização ● É + efetiva quando a abordagem permite o acesso da região de maior compressão. ● É realizada a descompressão e depois reconstrói com materiais de síntese para obtenção da estabilidade imediata → permite que o doente levante em 24 a 48h pós cirurgia. Vertebrectomia total em bloco 58 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Técnica que foi desenvolvida para obter uma ressecção oncológica completa do tumor, incluindo uma margem de tecido saudável quando possível, para reduzir o risco de recorrência local. ● A indicação é para doentes com tumores benignos agressivos, tumores malignos de baixo ou alto grau sem metástases ou para metástase isolada de coluna em doentes com expectativa de vida longa. ● Pode ser feita por via posterior combinada a uma via anterior ou por uma via posterior ampla isolada nas lesões craniais a L3 ou na coluna torácica. ● Espera-se que os pacientes submetidos à vertebrectomia total em bloco tenham expectativa de sobrevida longa. ● É necessário o uso de enxerto ósseo ou substituto ósseo para que a fusão estável seja obtida para preservar bons resultados a longo prazoe evitar falha do material de síntese. Emergências Neurológicas Hipertensão Intracraniana As metástases são o tipo mais comum de tumor intracraniano e ocorrem em até 25 a 40% dos pacientes oncológico, embora 59 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA neoplasias malignas primárias do SNC (como linfoma ou tumores gliais) também existam. ● Melanoma tem a maior propensão para metástase cerebral, seguido por câncer de pulmão e mama. ● Pacientes com melanoma tendem a desenvolver múltiplas metástases cerebrais, enquanto malignidades pélvicas e abdominais tendem a gerar metástases cerebrais únicas. A metástase cerebral geralmente ocorre por disseminação hematogênica e tem uma predileção pelos hemisférios cerebrais. Lesões no SNC acarretam déficits neurológicos, convulsões e aumento da pressão intracraniana (PIC). A PIC normal em um adulto é de 5 a 15mmHg. ● HIC leve→PIC entre 20 e 30 mmHg ● HIC grave e com risco à vida→ > 40mmHg. Cérebro, o líquido cefalorraquidiano e sangue → qualquer aumento no volume desses 3 aumentará a pressão intracraniana. Quando ocorre aumento de um desses componentes, os outros diminuem para compensar → As causas mais comuns em HIC induzida por neoplasia são: ● Edema cerebral vasogênico, que ocorre provavelmente por quebra da barreira hematoencefálica. ● Hemorragia, comum em melanoma. ● Hidrocefalia por obstrução ventricular direta da drenagem liquórica. ● Efeito da massa do próprio tumor. ● Edema perilesional e vasogênico, o qual ocorre por lesão da microvasculatura e alteração da barreira hematoencefálica; As metástases cerebrais podem, mais frequentemente, apresentar-se com sangramento quando comparadas aos gliomas, principalmente de coriocarcinoma, melanoma, carcinoma renal e carcinoma broncogênico e o local mais comum é o sangramento intraparenquimatoso: ● Bloqueio da circulação de líquor, como, por exemplo, na carcinomatose meníngea; ● Infiltração tumoral e trombose de seio venoso intracraniano. Manifestações Clínicas ● O aumento da pressão intracraniana causa a síndrome de hipertensão intracraniana, caracterizada por cefaleia, náusea, vômitos e alteração do nível de consciência. Outras manifestações também podem fazer parte do quadro, dependendo da localização dos tumores, como sinais neurológicos focais e crises convulsivas ● Cefaleia com característica de piora ao encurvamento. → holocraniana, opressiva, que se agrava com o decúbito e à noite, podendo despertar o paciente durante o sono. Isso se deve ao ↑ da pressão hidrostática por ↑ da PCO2 durante o sono por hipoventilação→ induz a vasodilatação cerebral. ○ Seguida por náusea, vômitos e rebaixamento do nível de consciência, podendo se associar a 60 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA posturas patológicas (ex.: decorticação), papiledema e paralisia de pares cranianos (6 e 3). ■ Vômitos em jato!! ○ A depender do local do tumor, pode haver outras manifestações, como sinais neurológicos focais e crises convulsivas. ○ Pode ocorrer paralisia do VI par de nervo craniano (abducente) e papiledema. ● Tríade de Cushing → hipertensão arterial, bradicardia e depressão respiratória → achado tardio e indica uma resposta vasomotora a isquemia cerebral. ● Alterações pupilares, como midríase unilateral e paralisia de III par craniano, podem indicar síndromes de herniação ● A diminuição do nível de consciência é em decorrência à herniação cerebral rostrocaudal por compressão do diencéfalo. → se não tratada, pode evoluir para compressão do mesencéfalo, ponte e bulbo, abolição dos reflexos do tronco, alteração do padrão ventilatório, resposta motora de descerebração e morte. Se existe efeito de massa assimétrico nos hemisférios cerebrais, pode ocorrer herniação uncal Exame clínico que sugere HIC ● Início recente de cefaléia intensa refratária a analgésicos comuns que piora com decúbito, pupilas fixas e dilatadas, posição de decorticação ou descerebração, bradicardia, hipertensão e depressão respiratória. 61 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Diagnóstico ● Suspeitado pela história clínica e exame físico, especialmente exame neurológico completo. Após isso, o paciente deve ser rapidamente submetido à avaliação por imagem do crânio por TC ou RM. ● Pode ser sugerido pela USG de bainha de nervo óptico → dm da bainha > 5-6mm. → No entanto, o primeiro exame a ser solicitado na suspeita de HIC é a TC de crânio. Achados na TC → lesão expansiva, desvio de estruturas normais de sua posição original, desvio da linha média, desaparecimento dos ventrículos laterais e do terceiro ventrículo, dilatação do sistema ventricular, desaparecimento das cisternas perimesencefálicas e visualização de sangramentos e de herniações intracranianas. ● A TC com contraste faz o diagnóstico da maioria das lesões encefálicas tumorais. Nessa imagem, as setas apontam para áreas hipodensas, evidenciando edema. Ao aplicar o contraste, os tumores são evidenciados. ● A RM é melhor que a TC, mas é mais difícil o acesso. Os achados de imagem sugestivos de aumento da PIC variam de apagamento de cisternas e sulcos a desvio da linha média e franca herniação uncal. Tratamento ● Monitorização e avaliação da necessidade de via aérea avançada. ● Tratamento inicial da PIC causada por metástase → alívio sintomático a curto prazo, seguido pelo tratamento definitivo da malignidade primária. 62 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Medidas gerais: ● Manter a cabeceira em 30º; ● Controlar fatores que agravam o quadro, como hipoventilação, hipóxia, hiperglicemia, hipertermia, convulsões e dor. ● Ofertar O2 Peloamor lembra da hipotensão permissiva!! O paciente com hipertensão intracraniana precisa de rápida intervenção, principalmente na presença de quadro clínico sugestivo, sobretudo na presença de tumores que frequentemente podem estar associados a metástases para encéfalo, tais como o carcinoma de pequenas células pulmonar e o melanoma: ● Quando fatores que podem causar alteração do estado mental estão ausentes, como hipoxemia, hipotensão, intoxicação exógena, alterações metabólicas e hipotermia. Pacientes com hipertensão intracraniana devem ser mantidos no estado de euvolemia, com osmolaridade entre 280 e 305 mOsm/L. Deve-se, para tanto, administrar apenas soluções isotônicas. A pressão arterial deve ser mantida suficientemente alta para proporcionar uma pressão de perfusão cerebral > 60 mmHg HIC induzida por edema vasogênico: corticoides. ● Dexametasona 10mg, EV, seguida por manutenção com 4mg, 6/6h. Com o intuito de reduzir a permeabilidade vascular e reduzir o edema. Terapia osmótica → administração de solução salina hipertônica ou manitol. ● Deve-se monitorizar os níveis de sódio e evitar níveis > 155-160 mEq/L, além de atentar para o risco de acidose hiperclorêmica associada a essas soluções. J ● Manitol 20% pode ser administrado na dose de 0,5 a 1 g/kg, utilizando como parâmetro de segurança a osmolaridade sérica (manter < 320 mOsm/kg) e o gap osmolar (manter < 20), além de se atentar para o risco de hipovolemia, uma vez que o manitol é um diurético. É Importante tratar a causa base da HIC, ou seja, da lesão expansiva cerebral. O manejo pode ser através da radioterapia, radiocirurgia ou cirurgia seguida ou não de RT externa. Casos de hidrocefalia obstrutiva devem ser tratados com derivação liquórica como uma ventriculostomia. Por outro lado, hemorragias extensas acessíveis cirurgicamente podem ser removidas de imediato, visando à diminuição da pressão intracraniana. Como última linha de tratamento, pode-se considerar coma barbitúrico, o qual tem poucas evidências para desfechos clínicos e é de difícil manejo, uma vez que necessita monitorização com EEG. 63 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Durante o manejo da HIC, é imprescindível o exame neurológico seriado para avaliar a eficácia das intervenções e curso clínico. Além disso, exames de imagem podem auxiliar no manejo e, mais raramente, pode-se recorrer à monitorizaçãoinvasiva da PIC. Fora do contexto de trauma, há poucas evidências que guiem a instalação e uso da monitorização invasiva de PIC, não sendo rotineiramente indicada na HIC por neoplasia. Os anticonvulsivantes costumam ser indicados para os pacientes que apresentaram crise convulsiva, mas em geral não devem ser empregados de maneira profilática. Convulsões ● Crises convulsivas que ocorrem pela primeira vez na vida adulta são, frequentemente, causadas por lesões cerebrais focais, principalmente acidentes vasculares e neoplasias, sendo essas últimas relacionadas a até 20% das crises que se iniciam após os 40 anos de idade ● São uma complicação comum e potencialmente devastadora de tumores cerebrais primários e metastáticos. Tais crises são de origem focal e podem permanecer focais ou secundariamente generalizadas. ● Em pacientes com neoplasia, as convulsões podem ser consequentes ao comprometimento cerebral e/ou das meninges por doença metastática, decorrentes de complicações metabólicas, consequência do tratamento oncológico, ou secundária a infarto ou hemorragia cerebral, além de infecções no SNC em imunodeprimidos. Status epilepticus ● Crise convulsiva com duração de mais de 30 minutos ou com 2/+ crises que ocorrem de forma sequencial e sem recuperação do nível de consciência entre elas, ● Está associado à elevada morbimortalidade, sendo considerado uma emergência médica que necessita de imediato diagnóstico e instituição de tratamento Etiologia ● Os tumores cerebrais podem causar convulsões por vários mecanismos, como alterações na neutrotransmissão excitatória e nas correntes iônicas extracelulares. ● Pode ser devido á hipoxia, acidose, inflamação, efeitos mecânicos e interrupção da homeostase local com alterações nos eletrólitos, perfusão e metabolismo. Epidemiologia ● São relativamente comuns em pacientes com tumores cerebrais, principalmente os primários. ● Uma revisão sistemática analisou + de 2.000 pacientes com doença metastática intracraniana e descobriu que as convulsões afetaram cerca de 15% destes. Manifestações Clínicas ● São focais ou secundariamente generalizadas e as manifestações ictais e peri-ictais específicas geralmente refletem a localização do tumor. Avaliação diagnóstica inicial ● Excluindo fatores precipitantes identificados por história e exame clínico inicial, alguns testes diagnósticos devem ser realizados→ glicemia, eletrólitos, dosagem sérica de cálcio, magnésio, funções hepática e renal, hemograma, gasometria, tomografia computadorizada de crânio e punção lombar. 64 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Indicação de anticonvulsivante: ● Pacientes que apresentam uma convulsão ● Pacientes com histórico sugestivo de atividade convulsiva não relatada ou não reconhecida anteriormente ● Fenantoína, carbamazepina ou ácido valproico → 1ª linha ● Terapia inicial preferível → levetiracetam, topiramato, lamotrigina, lacosamida, pregabalina e zonisamida. ● Para minimizar a toxicidade, os pacientes devem ser tratados com monoterapia usando a MENOR dose eficaz na medicação anticonvulsivante. ● Além da terapia medicamentosa, deve-se tratar a causa base. ● Momento da retirada do medicamento → Para a maioria dos pacientes com tumores cerebrais, um período mínimo de um ano de ausência de convulsões após o término do tratamento antitumoral parece ser apropriado antes de iniciar a retirada do medicamento. No entanto, o momento ideal de retirada da medicação anticonvulsivante para pacientes com tumor cerebral é desconhecido Tto status epilepticus ● Avaliação inicial e suporte→ exame neurológico rápido como objetivo de estabelecer o tipo de crise convulsiva e possível etiologia, além de instituição de coleta rápida de exames laboratoriais, monitorização cardíaca, oximetria, acesso venoso, posicionamento adequado do paciente, oxigenioterapia, instituição de ventilação mecânica se necessário e suporte circulatório; ● Terapia farmacológica inicial → lorazepam ou diazepam intravenosos são as drogas recomendadas inicialmente. Se as crises persistirem, fenitoína deve ser administrada como terapia de segunda linha e fenobarbital como terceira opção. ○ No caso do tratamento inicial não ser eficaz no controle das crises ou se o paciente não recuperar a consciência, terapia combinada com sedação e atendimento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com uso de agentes anestésicos de uso intravenoso são necessários e, nessa condição, as medicações utilizadas poderão ser os barbitúricos e propofol; ● Prevenção de recorrência das crises → após o tratamento inicial e a cessação das crises convulsivas, geralmente é recomendada a administração de fenitoína para a prevenção de novos episódios Profilaxia ● Pacientes sem convulsões → Medicamentos anticonvulsivantes profiláticos geralmente não são recomendados para pacientes com tumor cerebral 65 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA primário ou metastático e sem história de convulsão antecedente. Uma exceção pode ser metástases cerebrais de melanoma. No caso da semana, o Sr. Roberval teve um quadro clássico de crise convulsiva: “caiu no chão se atendo muito e depois que parou não acordou mais”. Nesse caso, não é necessário realizar mais nenhum exame CONFIRMATÓRIO, entretanto, é preciso fazer a RM para identificar a lesão metastática. Além disso, a TC é útil para descartar hemorragia ou grande acidente vascular cerebral. Sobre os exames laboratoriais, é indicado solicitar glicemia, eletrólitos, dosagem sérica de cálcio, magnésio, função hepática e renal, hemograma e gasometria. Hemorragia intracerebral ● Comparando com a população geral, os pacientes com câncer tem maior chance de ter um evento hemorrágico cerebrovascular do que um evento isquêmico. ● As causas de hemorragia cerebral em pacientes com câncer diferem da população geral e variam de acordo com o tipo da doença de base. ○ Pode ocorrer por um efeito direto do tumor, por consequência do tratamento da neoplasia, ou, ainda, por um efeito indireto na coagulação causado pelo câncer ou pelo próprio tratamento. ● As causas mais comuns de hemorragia intracerebral em pacientes com câncer são a doença metastática cerebral, a trombocitopenia induzida pelo tratamento oncológico e a leucoestase.. ○ Se tumor sólido → causa + comum é a hemorragia de uma metástase → qualquer metástase cerebral pode causar sangramento → alguns tipos de tumores têm maior propensão a esse tipo de evento, como o melanoma, tumores germinativos especialmente coriocarcinoma, e carcinoma de células renais. Fatores de risco para doença cerebrovascular ● Tabagismo ● HAS ● DM ● Uso de etanol Etiologia ● Hemorragia intratumoral+ coagulopatia → causas mais comuns de sangramento população com neoplasia ● Entre as causas menos comuns se encontram trauma craniano, hipertensão, hemorragia após evento isquêmico, e trombose venosa. ● Multifatorial em ⅓ dos casos → alteração nas provas de coagulação e hemorragia secundária a metástase cerebral ● Pode ocorrer Hemorragia intratumoral isolada ● Pacientes com neoplasias hematopoiéticas → coagulopatia ou coagulopatia associada com outras causas como trauma craniano ● Outras → leucemia, aneurisma, angiomase tumores sólidos ● Tumores mais frequentes que se apresentam com hemorragia → neoplasia de pulmão não pequenas células, melanoma e tumores primários do sistema nervoso central (glioblastoma e astrocitomas de alto grau). ● O local da hemorragia tem considerável importância na busca da etiologia, pois múltiplos focos de sangramento são vistos em pacientes com alterações na coagulação, como leucemia, falência hepática, entre outros. ○ As hemorragias cerebelares são vistas em tumores e em hipertensão não controlada e as hemorragias lobares também são vistas em tumores primários e neoplasias metastáticas. Manifestações clínicas ● Os sinais e sintomas dependem da topografia cerebral em que ocorre, da velocidade e do volume do sangramento. ●Sangramento que ocorre em uma metástase cerebral, os sintomas geralmente são súbitos→ cefaleia ou crise convulsiva. ○ Outros sinais neurológicos podem aparecer em seguida → afasia, hemiplegia, sinais neurológicos focais e perda de sensório. ● Quando ocorre hemorragia de maior volume, sinais de hipertensão intracraniana ocorrem, indicando o aumento do risco de herniação cerebral. ● Pacientes com hemorragia causada por coagulopatia desenvolvem sinais e sintomas mais graduais do que aqueles que tiveram sangramento intratumoral, porém, esse quadro pode progredir, tornando o quadro tão grave quanto as hemorragias de maior volume. ● Sintomas mais comuns → hemiparesia, cefaleia e queda do nível de consciência . 66 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Diagnóstico ● TC sem contraste → A imagem característica é de área de hiperdensidade, com ou sem desvio de linha média. ● A ressonância com gadolíneo ajuda a esclarecer a presença de metástases e detecta trombose de seio venoso. Tratamento ● Depende de muitas variáveis, incluindo a etiologia, o tamanho e o local do hematoma e as condições clínicas do paciente ● Manejo intensivo inicial é comum a todos os casos e inclui a proteção da via aérea, o tratamento da pressão arterial, da coagulopatia e do aumento da pressão intracraniana. ● Outra medida precoce a ser realizada é o manejo do aumento da pressão arterial sistêmica → aumento rápido da pressão arterial pode aumentar a área e o volume de sangramento e provocar ainda novos eventos hemorrágicos. ○ Recomendado que valores de pressão arterial média superiores a 125 a 135 mmHg sejam tratados rigorosamente. ○ Outros autores recomendam estabilizar os níveis de pressão do paciente anteriores ao evento ● A droga anti-hipertensiva ideal tem de possuir um tempo de ação curto e que tenha o mínimo de ação na vasodilatação cerebral para não aumentar a pressão intracraniana. → labetalol, alfa e beta- -bloqueador adrenérgico, é muitas vezes a droga de escolha, além de nitroC ● A correção dos fatores de coagulação também é essencial → pacientes com trombocitopenia devem receber transfusão de plaquetas→ manter um nível superior a 50.000/μL + elevação do tempo de protrombina deve ser revertida com vitamina K (5 a 25 mg) e plasma (10 a 20 mL/kg).. ● O uso de heparina em nível terapêutico deve ser revertido com sulfato de protamina na dose de 1 mg para cada 100 U de heparina presentes no plasma e deve ser dada em infusão lenta de 10 minutos por injeção em dose máxima de 50 mg pelo alto risco de hipotensão severa. ● Pacientes com leucemia e com leucoestase têm indicação de leucoferese e de receber radioterapia de todo crânio nas doses de 1.200 a 2.400 cGy. ● A hiperviscosidade sanguínea é geralmente tratada com plasmaferese para remover o excesso de proteínas. ● Todos os pacientes que apresentam sinais e sintomas de aumento de pressão intracraniana devem ser tratados imediatamente para prevenir herniação cerebral e morte. ● No caso de hemorragia por metástases cerebrais, os pacientes devem ser tratados com corticoesteroides para diminuição da área de edema e, posteriormente, estudar a terapêutica definitiva apropriada. ● Em situações em que a deterioração clínica é persistente, cirurgia deve ser o tratamento considerado e programado de acordo com o local do hematoma, o estado de coagulação, e a condição clínica do paciente. ● Hemorragia maciça, particularmente associada à coagulopatia e à trombocitopenia tem alta mortalidade → pequenas hemorragias muitas vezes podem ter boa evolução. 67