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Clínica Médica Resumo da Prova de Clínica Médica Internato 2023 SUMÁRIO ICTERÍCIA......................................................................................................................................... 2 ASCITE.............................................................................................................................................. 3 PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE................................................................................6 TROMBOSE VENOSA PROFUNDA.................................................................................................7 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR............................................................................................... 8 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA....................................................................................... 10 HAS secundária......................................................................................................................... 15 INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO................................................................................................ 19 INSUFICIÊNCIA RENAL................................................................................................................. 21 Lesão renal aguda......................................................................................................................21 Doença renal crônica................................................................................................................. 24 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.......................................................................................................... 27 Insuficiência cardíaca crônica.................................................................................................... 27 Insuficiência cardíaca aguda......................................................................................................32 DERRAME PLEURAL..................................................................................................................... 35 DIABETES MELLITUS.................................................................................................................... 37 Complicações Agudas do DM.................................................................................................... 38 Complicações Crônicas e microvasculares do DM.................................................................... 40 Tratamento medicamentoso da DM........................................................................................... 41 SÍNDROME CORONARIANA AGUDA........................................................................................... 44 Síndrome coronariana aguda sem supra de ST........................................................................ 44 Síndrome coronariana aguda com supra de ST........................................................................ 47 Diagnóstico diferencial de IAMCSST................................................................................... 49 Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 1 ICTERÍCIA É a coloração de pele amarela decorrente do acúmulo de bilirrubina. É evidente quando níveis acima de 2-3 mg/dL ou 2-3x da normalidade. Indireta: está relacionada a aumento da produção, problema na captação e conjugação hepática. Em hemólise, sepse, extravasamento de sangue para os tecidos e deseritropoise. Direta: problemas hepáticos ou canaliculares. Etiologias: Febre amarela há sinal de Faget (bradicardia com febre alta). Hepatite viral é BD. Sinais de alarme: hipotensão, alteração do nível de consciência, dor abdominal, insuficiência respiratória, febre, sangramentos. Exames: hemograma completo, BT e Frações, TGO e TGP, GGT, FA, TP e TTPA. Outros pela suspeita: → Hemólise: ● Reticulócitos: aumentados na hemólise ● LDH aumentado ● Haptoglobina diminuída ● Esquizócitos: hemólise intravascular (malária, microangiopatia trombótica) ● Teste de Coombs: positivo na anemia hemolítica autoimune → Lesão hepatocelular ● LDH ● Tempo de protrombina, fator V e albumina (gravidade da doença hepática) ● Função renal → Canaliculopatias ● USG de vias biliares e TC de abdome ● Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica Etiologias Canaliculares aumentam FA 2x mais que ALT(TGP) ● Etiologias hepáticas aumentam ALT 2x a FA. Diferencial ● Betacarotenemia ● Hipotireoidismo Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 2 ASCITE A ascite decorre de extravasamento de linfa para a cavidade peritoneal. Isso pode ocorrer por diversas etiologias: 1) Cirrose (80%) - Alcoólica, hepatites B e C, doença hepática gordurosa não alcoólica 2) Neoplasias (10%) - ovário, TGI e metástase hepáticas 3) ICC (5%) 4) TB 5) Insuficiência renal O mecanismo principal da ascite decorre da patologia hepática. Tal órgão possui baixa resistência vascular e capacidade infiltrativa do sangue proveniente do sistema esplâncnico. Diante disso, quando o paciente apresenta cirrose, há aumento da resistência e consequentemente estase venosa, esse ambiente é ideal para proliferação de bactérias gram negativas provenientes do TGI, estimulando a resposta inflamatória, aumentando a vasodilatação e permeabilidade vascular piorando o quadro. Diante disso, há a diminuição do retorno venoso e consequentemente queda do débito cardíaco. Os rins percebem essa queda e ativam o SRAA retendo sódio e água, aumentando o volume circulatório e causando mais edema e ascite. Ocorre peritonite bacteriana espontânea em cirróticos. Diagnóstico: depende do grau de ascite. No geral, exame físico e exame de imagem (USG). Exame físico: ● Macicez móvel - mais sensível, presente em ascite de 1,5 L ● Semicírculo de Skoda - em ascite > 5 L ● Piparotes - em ascite > 5 L Imagem: quando suspeita clínica, mas não há alteração no exame físico. Realiza USG. Paracentese - É o método mais rápido e eficaz na determinação da etiologia da ascite. É indicada quando: ● Primeiro episódio de ascite Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 3 ● Quando sabe diagnóstico, mas: desconforto, suspeita de PBE (Leucocitose, acidose, IR) ● Piora clínica: febre, dor abdominal, alteração da consciência, hipotensão ● Hemorragia digestiva Contraindicação ● Coagulação intravascular disseminada ● Fibrinólise primária ● Distensão abdominal importante ● Cicatriz no local da punção Exames a solicitar: Séricos Líquido ascítico Proteínas totais e frações (albumina) Tempo de protrombina Avaliação macroscópica BT e frações Proteína total Ur e Cr Albumina Amilase e lipase Glicose TSH e T4L DHL Marcadores tumorais (CA 19-9, alfafetoproteína, CEA) Amilase Hemograma completo Marcadores tumorais AST e ALT ADA GGT e FA Triglicerídeo Glicose Bilirrubina DHL Bacterioscopia (Gram e Ziehl -Nielsen) Lipidograma Citologia BNT nas suspeitas de IC Cultura *DHL no líquido é indicativo de neoplasia ou infecção. Não deve faltar: celularidade total e diferencial, albumina sérica e soro, proteína total soro e sangue. GASA: Gradiente albumina sérica - albumina líquido. ● > 1,1: hipertensão portal ● < 1,1: Ascite não é causada por hipertensão portal GASA > ou = 1,1 GASA < 1,1 Cirrose Carcinomatose peritoneal Hepatite alcoólica Tuberculose Insuficiência cardíaca Ascite pancreática Síndrome de Budd-Chiari Ascite biliar Metástases hepáticas (compressão dos vasos intra hepáticos) Serosite Pericardite constritiva (congestão hepática) Síndrome nefrótica Trombose de veia porta Fibrose portal idiopática Hipotireoidismo Achados típicos de líquido ascítico Cirrose Macroscopia Claro, transparente e amarelado. Líquido hemático. GASA > ou = 1,1 Proteína total < 2,5 g/dl Glicose acompanha os valores de glicose do soro DHL Valor menor que o valor do soro. Relação DHL do líquido ascítico/DHL sérico: 0,4 CA125 pode estar aumentado independente da causa de ascite. #Quando por ascite, parâmetros semelhantes à cirrose, mas com proteína total geralmente > 2,5 g/dl. Neoplásica Macroscopia Hemorrágico, amarelado, quilosa (pensar também em TB)GASA < 1,1 ou >=1,1 se metástase hepática Proteína total > 2,5 g/dl DHL no líquido > no soro Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 4 Celularidade >= 500 células (leucócitos), com predomínio de linfócitos Citologia oncótica Positiva quando carcinomatose peritoneal, negativo nas outras situações (metástase hepática, hepatocarcinoma na cirrose e obstrução linfática) Cultura Geralmente negativa Glicose Semelhante à glicose do soro OU reduzida. Tuberculose Microscopia Hemorrágico, amarelada, quilosa GASA < 1,1 Proteína total > 2,5 ADA Aumentado Celularidade 150 - 4.000 leucócitos com predomínio de mononucleares (linfócitos) Bacterioscopia Positiva em 2% dos casos Cultura Positiva em até 50% dos casos Em cirrose, ADA perde a sensibilidade. Pancreatite Macroscopia Amarelado, hemorrágico GASA < 1,1 Proteína > 2,5 Amilase > 1000 UI/L Budd-Chiari: GASA >= 1,1 e PT > 2,5 - pois há aumento da pressão hidrostática e sinusóides preservados, deixando a proteína sair. Ascite quilosa: lesão ou obstrução dos vasos linfáticos. A principal causa é neoplasia, com destaque para linfoma. Pode ocorrer em cirrose. Quilosa Macroscopia Leitoso GASA < 1,1 Proteína total 2,5 - 7 g/dl Triglicerídeos > 200 mg/dl (comum > 1000) Celularidade > 500 (predomínio linfócitos) DHL Entre 110-200 Citologia Positiva em malignidade Glicose < 100 mg/dl Amilase aumentadas em pancreatite aguda ou crônica (> 40 UI/L) Peritonite bacteriana espontânea Macroscopia turvo GASA < 1,1 Celularidade > 250 às custas de neutrófilos Tratamento ASCITE - Tratar doença de base - Evitar AINES - Evitar hipotensão (cuidados com anti-hipertensivos) são mal distribuídos Com cirrose ● Abstinência de álcool ● Repouso ● Restrição de sódio (< 2g/dia) ● Diuréticos (espironolactona só ou com furosemida) ○ 100 mg Espirono : 40 mg Furosemida ○ Não pode furosemida monoterapia devido a precipitação de sd hepatorrenal ou encefalopatia e nem IV devido a risco de IR ● Paracentese terapêutica ○ > 5 litros tirados repor 6-8 g de albumina por litro tirado Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 5 ● Restrição hídrica - somente em hiponatremia (< 120-125). Ingerir < 1-1,5 L dia. ● TIPS - Shunt hepático sistêmico Avaliação do tratamento: pesar todos os dias e verificar as perdas: ● Ascite sem edema: 300-500g/dia ● Ascite com edema: 800-1000g/dia #Se ginecomastia dolorosa, trocar espironolactona por amilorida. Tratamento da PBE ● Antibiótico: cefalosporina de 3ª geração - Ceftriaxona e cefotaxima por 7 dias e depois iniciar profilaxia por tempo indeterminado. ● Reposição de albumina intravenosa: ○ 1,5 g/kg no primeiro dia ○ 1g/kg no 3º dia ● Suspender o diurético durante o tratamento Profilaxia: quando episódio anterior de PBE, proteína total do líquido < 1,5g/dl, hemorragia associada, doença hepática avançada (Child > 9 / BT > 3) ou “doença renal” (Cr >= 1,2 / Ur >= 53 ou Na <= 130) ● Norfloxacino 400 mg/dia ● Ciprofloxacino 750 mg/dia ● Sulfametoxazol + trimetoprima #Por no mínimo 1 ano; evitar IBP. PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE Pneumonia adquirida até 48 horas do internamento hospitalar. São causados por germes típicos: streptococcus pneumoniae, haemophilus influenza, vírus respiratórios; e atípicos chlamydia, mycoplasma pneumoniae, legionella. É a maior causa de sepse. Quadro: Tosse, dispnéia, febre, dor torácica ventilatório dependente. ● Idosos: quadro sem febre, com alteração do nível de consciência no fim do dia e dor abdominal. Laboratório: Leucocitose (ou leucopenia) e PCR aumentados; procalcitonina. ● Outros: Gasometria, sorologia HIV, função hepática e renal, eletrólitos, transaminases e glicemia. Diagnóstico: Quadro clínico + RX PA e perfil (consolidação com broncograma aéreo). EF: área de macicez, com redução do MV, FTV aumentado, estertores, sopro tubário, voz (broncofonia, egofonia, pectorilóquia afônica). Diferencial: ● TB: mais longo, 2-3 semanas, sudorese noturna, perda de peso, astenia. ● Derrame pleural Estratificação de risco: CURB-65 ● Confusão ● Uréia > 50 mg/dl ● FR: > 30 ● Pressão Baixa: PAS < 90 / PAD < 60 ● > 65 anos PSI é indicador de gravidade, com dados laboratoriais, indica mortalidade. Critérios de gravidade: Leucopenia < 4K / PCR mantido por 72 horas / Ureia > 65. Tratamento: de acordo com a estratificação de risco. 1. Reposição volêmica 2. O2 suplementar 3. Antibioticoterapia < 2 pontos 3 pontos > 3 pontos Hígido: Betalactâmic o OU Macrolídeo Macrolídeo + betalactâmic o OU Quinolona-R espiratória* Betalactâmic o + Macrolídeo OU quinolona-R espiratória Comorbidad e: Beta lactâmico + Macrolídeo Pseudomon as: Beta-Lactâm icos + Quinolona respiratória Duração do antibiótico cerca de 7 dias. Se legionella, MRSA ou empiema, faz 14 dias. *Levo/Gemi/Moxifloxacino. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 6 TROMBOSE VENOSA PROFUNDA A trombose venosa é decorrente de uma formação de trombo na circulação venosa profunda, é uma importante causa de mortalidade intra-hospitalar, não por si próprio, mas decorrente de suas complicações. Pode ocorrer devido a alterações nos componentes da tríade de virchow - hipercoagulabilidade, estase e lesão endotelial. Suas principais complicações são o tromboembolismo pulmonar (TVP), as flegmasias (albans - palidez - ou cerulea - gangrena) e a síndrome pós trombótica (varizes, alterações de pele - dermatite ocre, lipodermatoesclerose, úlcera, prurido). Quanto mais proximal for o trombo, maior o risco de TVP. Trombose de veia superficial é dita como tromboflebite superficial onde vai ter um cordão varicoso palpável e doloroso, por vezes acompanhado de febre. Diagnóstico: Baseia em sinais e sintomas do exame físico, escores clínicos adicionados a exames de imagem. Por vezes a investigação diagnóstica exige outros exames complementares. Clínica: Dor aguda que melhora ao movimentar e levantar subitamente o membro. Dor em peso, queimação, ardência, cãibras e formigamento. Com piora no final do dia. Exame físico: edema assimétrico (mole, depressível, perimaleolar); dolorimento em região com piora à palpação local; dermatite ocre; úlcera irregulares seropurulenta com fundo róseo que melhora à elevação do membro; sinal de Bancroft (compressão da panturrilha contra osso), sinal de bandeira (empastamento da panturrilha), sinal de Homans (dor nas panturrilhas na dorsiflexão dos pés). Critérios: Wells para TVP e GENEVA (inclui gasometria e RX de tórax) Exame diagnóstico: USG doppler venoso de MMII é o melhor na prática. O padrão ouro é a flebografia, invasivo e pouco utilizado. Laboratório: D-Dímero - valor preditivo negativo em Wells Baixo Diferencial: infecções (celulite, linfangite e erisipela), obstrução e linfedema, insuficiência venosa, cisto de baker, trauma, síndrome da pedrada. Tratamento: o principal método é a anticoagulação, mas em casos especiais é possível fazer cirurgias como a trombectomia e o filtro de veia cava. ● Anticoagulação Heparina de baixo peso molecular/Enoxeparina/Clexane ● 1mg/kg de 12/12h SC (em desuso) OU ● 1,5 mg/kg 1x/dia SC #Não fazer em pacientes com disfunção renal grave (clearance < 30), a não ser que possa ser monitorado fator Xa. Nesses casos preferir a: HEPARINA NÃO FRACIONADA ● 80UI/kg IV E ● BIC 18 UI/Kg/h → TTPA alvo 1,5-2,5 (monitorar 6/6h) → Diluição 7500 UI HNF em 150 ml SF0,9% → Ampola contém 5000 UI/ml Cálculo da BIC: Quanto o paciente de 60 Kg precisa: 60x18 = 1080 UI/h Na solução encontramos: 1,5 (HNF) em 150 ml = 7500 UI em 150 ml = 50 UI/ml O paciente precisa 1080 UI / 50 UI = 21,6 ml/h. ● Trombectomia - Paciente jovens com risco de síndrome pós trombótica ● Filtro de veia cava - em contraindicação à anticoagulação Duração do tratamento clínico: depende se o episódio é provocado ou não provocado, se tem fatores de riscos não transitórios e níveis de complicações. No geral são 3 meses; só faz 6 meses quando é TEV não provocado. A tendência à extensão quando fatores de riscos. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 7 Tratamento profilático: em pacientes com fatores de riscos para desenvolver trombose- imobilização, gravidez, puerpério, > 40 anos, trombofilias, traumas, desidratação, varizes, cirurgias prévias, neoplasias, anticoagulantes orais - podemos lançar mão de escores para avaliar a chance de TVP: ● Escore de Caprini (cirúrgico) ● Escore de Pádua (Clínico) ○ Baixo risco = Deambulação e elevação de membros ○ Alto risco ■ HNF 5000 UI 8/8h OU HBPM 40 mg/dia ■ Mecânica se contraindicação Para iniciar profilaxia usamos escores de exclusão de sangramentos: IMPROVE ou HAS-BLAD. Pesquisa de trombofilias se: TVP < 40 anos, sítios incomuns, história familiar, sem fatores de riscos. Para diagnóstico TROMBOEMBOLISMO PULMONAR A doença se manifesta através de dispneia súbita (>80%), dor torácica tipo pleurítica (piora com inspiração) em 50% dos casos e hemoptóicos (<10%). Ainda, pode apresentar hipotensão (TEP maciço), taquicardia, febre (dependendo da extensão do trombo). O TEP ocorre em 90% dos casos secundário à TVP. Seu diagnóstico é após a suspeita clínica, associar os escores + exame de imagem. O TEP maciço é quando há obstrução > 20%, causando sobrecarga de VD, um aumento na pressão desviando o septo para esquerda e diminuindo sua câmera de VE. Além disso, diminui o retorno venoso e consequentemente a queda do débito cardíaco. Os achados são: hipotensão (ou queda importante), TEC aumentado, oligúrico, alteração do nível de consciência, dor torácica (pode IAM). Fatores de risco: imobilização, ACO, neoplasia, HAS, doença coronariana, autoimunidade e os demais semelhantes a TVP. Diagnóstico: Através do escore de Wells, determinamos a probabilidade pré-teste para pedir novos exames. Caso Wells baixo-intermediário, solicitar D-Dímero, que possui alto valor preditivo negativo, logo, se este negativo, exclui TEP. Caso o escore Wells alto ou D-Dímero positivo (> 500), faça angioTC com protocolo para TEP. Caso não tenha D-Dímero, pode ser excluído TEP se PERC todo negativo: Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 8 PERC: se não para todos, exclui TEP. Achados na angioTC: São sinais diretos: a oclusão do trombo no vaso (trombo é hipotenuado). Sinais indiretos: ● Infarto pulmonar (10%): Opacidade em cunha com base pleural e ápice para vaso ● Sinal do vaso: vaso calibroso em direção ao ápice - reforça possibilidade de infarto ● Sinal do halo invertido: opacidade com vidro fosco central ● Oligoemia: área de hipoperfusão com diminuição do calibre dos vasos ● Derrame pleural - pequeno volume e de conteúdo hemático ● Sinais de hipertensão pulmonar - obstrução do leito pulmonar em > 30% - Aumento do diâmetro de artérias pulmonares e sua relação com a aorta > 1,0 ● Sobrecarga de VD e AD sem hipertrofia de VD em casos de obstrução do leito vascular > 50% #Se alergia ao contraste faz antialérgico; se insuficiência renal, pedir outros exames e fazer TC sem CE. ECG: Taquicardia / S1Q3T3 < 10% das vezes (sobrecarga de VD). RX de tórax: Atelectasias e derrame pleural. E em < 1% sinal de Westermark (oligoemia) e corcova de hampton (infarto). Gasometria: alcalose respiratória até a FR segurar → alcalose respiratória → acidose metabólica. Fluxograma de exames; Tratamento: ANTICOAGULAÇÃO: quando sem instabilidade hemodinâmica, fazer esquema semelhante ao TVP. Ainda pode usar fondaparinux. E para casa: ● Warfarina (associar sempre 5mg/dia - usar pelo tempo recomendado - 3 a 6 meses ou vida toda). Monitorar INR diário e com antídoto (vitK). ● Rivaroxabana (xarelto) e apixabana - Sem monitorização e sem antídoto. ANGIOGRAFIA: quando alteração de TC confirmada e paciente não melhorou com Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 9 tratamento clínico. É contraindicada em HAP e instabilidade hemodinâmica. TEP MACIÇO: ● Suporte ventilatório - IOT ○ Evitar propofol, midazolam e fentanil, caso só tenham eles fazer preparo com DVA. ● Suporte hemodinâmico - Fazer volume SF 0,9% de 250-500 ml e reavaliar. O aumento do volume causa distensão de VD (frank-starling) aumentando força. Monitora PA, diurese e nível de consciência. ○ DVA: noradrenalina em choque. Para iniciar dobutamina precisa ter mínimo de PAS 90 ● Fibrinólise ○ HNF ataque 4-5000 UI bolus e BIC 1000 UI/h E ○ Fibrinolítico: estreptoquinase (1.500.000 UI unidade), alteplase (100 mg) ou tenecteplase (depende do peso). FILTRO DE VEIA CAVA EMBOLECTOMIA: contraindicação de trombolíticos com choque refratário HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA No primeiro momento é preciso diagnosticar, classificar e estratificar. Em seguida é importante pedir os exames complementares obrigatórios que tem como função rastreio de lesão de órgão alvo, estratificar, busca de HAS secundária e escolher medicação adequada. Diagnóstico: é feito por meio de 2 visitas com pressões arteriais alteradas (>140x90). A segunda visita pode ser através do MRPA e MAPA. Existem exceções à regra: ● Paciente com PA > 180 x 110 OU ● > 140 x 90 com risco cardiovascular alto Forma de medição: 5 minutos de repouso, sentado de pernas descruzadas, com braço na altura do coração. Divergência de PA: ao parear as pressões nas duas consultas, temos alguns diagnósticos: Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 10 PA MRPA ou MAPA NORMAL MRPA OU MAPA ALTERADO < 140 x 90 Normotensão / hipertensão controlada Hipertensão mascarada > 140 x 90 Hipertensão do avental branco HAS verdadeira A hipertensão mascarada pode ter lesão de órgão alvo. E a HAS do avental branco pode ser indício de HAS futura. Classificação: para memorizar, de normotenso até hipertensão estágio I, os saltos de intervalos são de 10 mmHg para PAS e 5 mmHg para PAD. Acima de estágio 1 os saltos de intervalos são de 20 mmHg para PAS e 10 mmHg para PAD. ● Sem que haja pressão limítrofe (ex.: 140 ou 160) considerar a pior classificação; ● Sempre que haja pressão divergente (ex.: 160x70) considerar a pior classificação. A PAS isolada é comum em idosos. Exames complementares iniciais obrigatórios: EXAME FUNÇÃO Urina (EAS + LOA microalbuminúria) Ácido Úrico Não fazer tiazídico em hiperuricemia Glicemia Risco cardiovascular Hemoglobina glicada Risco cardiovascular Potássio Medicação, LOA, hiperaldosteronismo Filtração glomerular LOA Creatinina LOA Lipidograma Risco Cardiovascular ECG LOA Ainda, outros exames fazem parte do exame físico obrigatório: fundoscopia e índice tornozelo-braquial. Para memorizar, existe o mnemônico: Um único grande homem pode facilmente conseguir lembrar ou esquecer. Estratificação: Para estratificar temos que ter algumas informações já em mãos: 1) Nível de PA 2) Se existe LOA / DRC / DCV / DM 3) Se não tem os supracitados, verificar fatores de riscos adicionais IMPORTANTE: se PA estágio 3 OU qualquer um das quatro doenças do ítem 2, classificamos com HAS alto risco. Nas demais situações, precisamos parear de acordo com a tabela abaixo: Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 11 Tabela: Fatores de riscos adicionais. Mnemônico - TIFOIDS (Tabagismo / Idade / Família / Obesidade / Insulina / Dislipidemia / Sexo masculino Tabela: Lesões de órgãos alvo (LOA) Tratamento: após determinar o risco, indicará a agressividade do tratamento, quais drogas começar e pressão alvo. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 12 Iniciar o tratamento no momento do diagnóstico. Exceto em pré-hipertensos de risco alto ou com DCV pré-existente ou HAS-estágio 1 e risco baixo. Nestes estão indicadas a mudança de hábitos. Tratamento combinado: é o ideal, pois utiliza em dose menores, ação em diversas vias, alcance de meta pressórica. São 3 classes de medicamentos que são primeira linha em HAS: 1) Diuréticos 2) iECA / BRA 3) Inibidores dos canais de cálcio A 4ª droga, espironolactona, entra em hipertensão refratária, quando paciente usa esquema tríplice acima em doses topadas. Os betabloqueadores são primeira linha somente em pacientes com HAS que tenham insuficiência cardíaca ou doença arterial coronariana. CLASSE SUBCLASSE DROGAS EFEITOS COLATERAIS INDICAÇÕES CONTRAINDICA ÇÃO Diuréticos Tiazídicos(Bloqueia Na/Cl em TCD) Clortalidona > Indapamida > HCTZ 4Hiper: Ca, Ur, glicemia e lipidemia 5HIPO: Volemia, Na, K, Mg, Sexual Piora da TFG Gota. Insuficiência renal. Alça Furosemida DRC < 30 clearance ou edema Poupadores de K Espironolactona e amilorida Espirono em hipertensão refratária iECA/BRA iECA Captopril (Risco maior de angioedema 30% na prática clínica - pode trocar para BRA) Aumenta bradicinina causando tosse seca (5-20% iECA), angioedema e erupção cutânea. Piora transitória da função renal. Hipotensão, proteinúria, ageusia, neutropenia. HiperK. Primeira linha é preferível ao BRA, pois bradicinina é vasodilatadora. Retardar declínio da função renal. Diabéticos, IC e IAM. Ao dilatar arteríola eferente, reduzindo microalbuminúria Grávidas e estenose bilateral de artérias renais BRA (receptor de angiotensina) Losartana - Menor risco de angiedema Retardar declínio da função renal. Losartana é uricosúrico. Diabéticos, IC e IAM. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 13 iCCA++ Diidropiridínico s (Bloqueia nas células musculares lisas) Nifedipina, anlodipina. Edema maleolar, cefaleia, dermatite ocre e hipertrofia gengival Disfunção renal sem controle prévio, com precaução em usar IECA/BRA. Idosos. IC Não-Diidropiridí nicos Não - hipotensor: efeito cardíaco com diminuição da FC (Verapamil e Diltiazem) Betabloqueador es Reduzem débito cardíaco e secreção de renina. Não seletivos Propranolol, nadolol, pindolol Risco de AVE, broncoespasmo, vasoconstrição periférica, bradicardia, insônia, pesadelos, astenia, disfunção sexual. IC e DAC asma, DPOC, BAV 2º e 3º, DAOP grave. Cardioseletivos Bisoprolol, metoprolol, atenolol Vasodilatador Nebivolol, carvedilol #Diuréticos: efeitos anti hipertensivos não dependem da dose, mas efeitos colaterais dependem. Associação de fármacos: veja os casos especiais de monoterapia. Tabela de combinações de classes / Casos especiais *Idoso é com H.S.I. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 14 Fluxograma de tratamento HAS secundária Suspeitamos quando há hipertensão resistente (3 drogas sendo uma tiazídico), refratária (> 5 drogas), jovens (< 30 anos) e início súbito. As etiologias são diversas, sendo a principal divisão: Não endócrinas: Hipertensão renovascular, Apneia obstrutiva do sono, Doença renal parenquimatosa, Coarctação de aorta. Hipertensão renovascular: é causada por aterosclerose (homens idosos) ou displasia fibromuscular (mulheres jovens). A suspeita é quando: Início súbito ou piora da pressão base Sopro abdominal EAP súbito Alteração da função renal após uso de medicação que bloqueia SRAA (iECA, BRA e espironolactona) Assimetria entre tamanhos renais > 1,5 cm Investigação diagnóstica: após a clínica suspeita é feito USG doppler de artérias renais: ● Doppler sugestivo = Partir para angiografia intervencionista ● Doppler não sugestivo = acompanhar paciente até apresentar piora clínica sugestiva do quadro para pedir angioRNM ou TC, daí caso esse positivo fazer angiografia intervencionista. Tratamento: ● Inibidores do SRAA e acompanhar FR ● Procedimento de revascularização, se HAS refratária ou em piora ○ Aterosclerose = angioplastia com stent ○ Displasia = Angioplastia por balão Apneia obstrutiva do sono Uma anamnese é sugestiva quando apresenta: roncos altos e frequentes, Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 15 sonolência excessiva diurna, engasgos noturnos, fadiga excessiva, obesidade. Diagnóstico: polissonografia Tratamento: CPAP e anti hipertensivos Endócrinas: Hiperaldosteronismo primário, Feocromocitoma, Sd de Cushing, Hipo/hipertireoidismo, Hiperparatireoidismo, Acromegalia, Obesidade. Hiperaldosteronismo primário É causada pela produção excessiva e autônoma de aldosterona pelo córtex adrenal, causada por hiperplasia adrenal cortical bilateral (+ comum) ou adenoma de suprarrenal. ● Aldosterona - reabsorção de sódio e água e excreta K+ e H+ - Alcalose metabólica e hipocalemia. Palavras chaves: HA resistente ou refratário, hipopotassemia espontânea, alcalose metabólica, nódulo adrenal. Diagnóstico: Dosagem de aldosterona (>15), relação entre aldosterona e atividade renina plasmática (>30). ● Hiperaldosteronismo hiporreninêmico e hipocalemia = sem indicação de teste confirmatório ○ Caso ausentes, fazer testes confirmatórios: sobrecarga salina, captopril, teste da fludrocortisona ou furosemida IV. #Caso sugestivo ou testes confirmatórios positivos = Exame de imagem TC com cortes finos de suprarrenais ou RNM. Tratamento: Adenoma faz cirurgia, hiperplasia faz espironolactona. Feocromocitoma: tumor de células cromafins da medula adrenal produtora de catecolaminas. Cerca de 15% são paragangliomas - extra suprarrenal. A clássica tríade: cefaléia, sudorese e palpitação. Associado com hipertensão e paroxismos. Diagnóstico: clínica + ● Laboratoriais: catecolaminas e metanefrinas urinária/plasmática ● Imagem: TC/RNM Tratamento: Operatório - fazer preparo pré operatório com hidratação, bloqueador alfa adrenérgico e sódio. Crises Hipertensivas Classicamente quando apresenta PAS >= 180 ou PAD >= 120. Pseudocrise hipertensiva: secundária a evento definido como cefaleia, pânico, ansiedade. Tratamento: ambiente calmo, sintomáticos (analgésicos e ansiolíticos), ajuste de anti-hipertensivos em paciente que já trata (geralmente são mal aderentes ou subdose). Urgência hipertensiva: Sem lesão de órgão alvo e sem risco de morte. Tratamento: Anti-hipertensivos VO, baixar pressão em 24-48 horas. Emergência hipertensiva: LOA e risco de morte. O tratamento é com nitroprussiato de sódio. No geral as metas são: ● Reduzir PAM <= 25% na 1ª hora ● Atingir PA 160/110-100 em 2-6 horas ● PA 135x80 em 24-48 horas Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 16 Em duas etiologias, a encefalopatia hipertensiva e hipertensão acelerada maligna o controle pressórico será menos intenso pois existe acometimento cerebral, a queda brusca de PA causa hipoperfusão. As metas são: ● Redução da PAM <= 25% em 24 horas ● PAM 10-15% na 1ª Hora ● Associar orais a partir das 24-48h Encefalopatia hipertensiva: HAS, confusão mental e papiledema/exsudato ou hemorragia retiniana. O diagnóstico é clínica + TC de crânio que mostra edema cerebral de substância branca com predomínio parieto occipital. Hipertensão acelerada maligna: HAS, confusão mental, edema de papila + piora da função renal (diferencial com encefalopatia). Outras causas: ● Dissecção aguda de aorta ● AVE ● Síndrome coronariana aguda ● Edema agudo de pulmão hipertensivo ● Pré-eclâmpsia/eclâmpsia ● Drogas ilícita Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 17 Achados de fundoscopia na HAS: Como faz parte do exame físico é preciso saber. Existem achados agudos: exsudatos algodonosos (isquemia), hemorragias, edema macular, edema papilar, Degeneração macular exsudativa. Hemorragia e exsudato algodonoso. Existem achados crônicos: aumento dos reflexos dorsais dos vasos, cruzamento patológico, exsudato duro (depósitos de lipídios), aneurismas, manchas de elschnig. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 18 Mancha de Elschnig - alteração pigmentar do epitélio retiniano que recobre coriocapilares infartados. INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO A infecção do trato urinário decorre principalmente por bactéria e seu principal agente etiológico é a escherichia coli. Os sintomas baixos são disúria, polaciúria e urgência miccional. No entanto, se a urocultura é negativa, mas o paciente apresenta sintomas, podemos suspeitar de TB urinária, uretrite por clamýdia e neoplasma. Rastreio: são poucas situações clínicas que é preciso urocultura para rastreio ● Gestantes 1º e 3º T ● Pré-operatório de Cx urológica com risco de sangramento de mucosa ● Transplante renal recente 1-3 meses (depende da prova) Demais situações como DM, idoso, cateter vesical, pré-operatório não urológico. Síndromes Clínicas CISTITE: infecção da bexiga, sintomas baixo como disúria, polaciúria, urgência urináriae dor hipogástrica. Classicamente mulheres jovens, com estado geral bom e sem febre. Diagnóstico: Clínico, não precisa de exames complementares. Pedir urocultura somente nas situações apresentadas acima. Tto: Antibiótico por 3-5 dias (7 dias em homens) ● Nitrofurantoína 100 mg 6/6h ● Fosfomicina dose única Reavaliar e se persistir sintomas, ver diferenciais com culturas, pois tem chance de ser Proteus, pseudomonas e serratia. Nesses casos usar: ● Piperacilina + tazobactam ● Carbapenêmicos (exceto ertapenem - não cobre pseudomonas) ● Ceftazidima CISTITE DE REPETIÇÃO: quando há 2 infecções no período de 6 meses ou 3 infecções em 1 ano. A recomendação geral: ingestão de fluidos, terapia estrogênica pós-menopausa, evitar espermicidas, cranberry VO, urinar pós coito. É recomendado uso de antibioticoprofilaxia por 3-6 meses. Se associada a coito, fazer logo após. Se não associado ao coito, fazer ¼ da dose à noite ● Nitrofurantoína 100 mg 1x ao dia ● Fosfomicina ● Sulfametoxazol + trimetropina ● Amoxicilina + clavulanato ● Cefalexina PIELONEFRITE AGUDA: Além dos sintomas urinários, o paciente apresenta febre, calafrios e queda do estado geral. Desconforto lombar (com Giordano positivo). Piúria e/ou bacteriúria. Diagnóstico: clínico + exames laboratoriais gerais e urocultura. Só pede imagem em situações específicas: ● Se grave (sepse/choque) - cálculo associado? ● Ausência de melhora após 48-72 horas de ATB Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 19 ● Suspeita de obstrução - oligúria e FR em queda Tratamento: em pacientes não complicadas devemos verificar se tem risco de resistência: Urocultura prévia com MDR Institucionalizados Uso recente de quinolona, SMT+TMP, cefalosporina de 3ª ou 4ª Se SIM: Ertapenem 1 dose e liberar com quinolonas até a urocultura. Se NÃO: Ceftriaxona (dose inicial), ertapenem, aminoglicosídeo E libera com ATB VO Internar para tratar somente gestantes, choque ou sepse, não tolera VO e febre persistente. Nestes casos a conduta depende de presença de sepse ou choque: ● SIM: Fazer imagem (TC ou USG), conectar cultura e iniciar esquema antibiótico empírico duplo para beta-lactamase de espectro estendido (ESBL) e Stafilococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). ○ Carbapenêmicos + Vancomicina. Direcionar com urocultura e trocar VO quando possível. ● NÃO: Fazer imagem se somente suspeita de obstrução e antibiótico empírico guiado pela suspeita de MDR: ○ SIM: Tazocin ou Carbapenêmicos ○ NÃO: rocefin ou quinolona ○ Caso haja suspeita de Gram + associar Vancomicina. Pielonefrite enfisematosa: quando há formação de gás. É causada por E. coli (70%), K. pneumoniae (30%), associada a DM. A conduta envolve drenagem percutânea e por vezes nefrectomia. ● TTO KPC: Polimixina + Aminoglicosídeo / Ceftazidima + Avibactam Candidúria: ITU baixa geralmente após instrumentalização em pacientes em uso de antibióticos. Já o acometimento renal é por disseminação hematogênica e GI, em diabéticos, imunocomprometidos. Sintomas: geralmente assintomático em mulheres; sintomático em homem com prostatite (secreção serosa, prurido e disúria). Na infecção alta pode ocorrer febre que não cede com antibióticos. ● Causa de cistite/pielonefrite enfisematosa Tratamento: somente em sintomáticos e de alto risco, se assintomáticos, tratar se neutropenia, transplante renal ou manipulação urológica. Fluconazol ou Anfotericina B em resistentes. ITU e cateter vesical: quando há sintomas urinários após 2 dias com cateter. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 20 Sintomas como desconforto com necessidade de urinar e dor suprapúbica; na pielonefrite são sintomas inespecíficos (mal estar, febre, dor em flanco, alteração do estado mental, sepse) ● Exame de urina e cultura (após substituição do cateter) em pacientes com sepse ou sintomas ● Mulheres que retiraram sonda, recomenda urocultura em 48h independente de sintomas Tratamento: somente paciente sintomático e alto risco. Esquema semelhante à ITU complicada (pielonefrite aguda) é comumente adicionar vancomicina ao esquema. Prevenção: utilizar sonda o menor tempo possível ● SVA oferece mais risco de SVD Particularidades em gestantes: nessas pacientes, a progesterona causa relaxamento da musculatura lisa estase do urinária o que aumenta risco de pielonefrite e complicações como prematuridade e aumento da morbimortalidade perinatal. O rastreio é feito na 12-16 semanas e em caso de DM, ITU prévio, prematuridade prévia e hemoglobinopatia fazer de rotina mensal. Bacteriúria assintomática: paciente sem sintomas e urocultura positiva com > 10^5 UFC em diurese espontânea. Tratamento: em gestantes, imunocomprometidos e no perioperatório de cirurgia genitourinária. - Não usamos quinolona e evitamos trimetropina no 1º T. Evitamos nitrofurantoína no fim da gestação por risco de icterícia neonatal. Preferência para ● Cefalexina ● Nitrofurantoína (início da gravidez) ● Fosfomicina ● Amoxicilina + clavulanato - Urocultura de controle após 7 dias de tratamento. Se persistir fazer o tratamento por tempo estendido. Cistite aguda: precisa de urocultura de controle mensal. Pielonefrite: internar e ATB EV por 10 -14 dias. Não usa nitrofurantoína e nem fosfomicina. INSUFICIÊNCIA RENAL Lesão renal aguda A lesão renal aguda é definida quando há aumento da creatinina sérica ou diminuição do débito urinário. ● Aumento de 0,3 de creatinina com relação ao valor basal em 48 horas ● Aumento de 50% em relação ao valor basal em 7 dias ● Diminuição da diurese < 0,5 ml/kg/h no período de 6 horas A TFG e o clearance são para avaliar DRC, portanto não são usadas na LRA. Após definir, devemos classificar essa lesão de acordo com o KDIGO Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 21 Caso a classificação for divergente quanto à creatinina ou volume urinário, considerar o pior. Etiologias: as doenças são divididas em três grandes grupos quanto ao segmento que afeta. Pré-Renal: principal causa de LRA, tem como principal etiologia a hipovolemia. É reversível na maioria dos casos. A função tubular está preservada, sentindo variação de volemia e ativando SRAA que vão caracterizar parâmetros para o diagnóstico diferencial com necrose tubular aguda, que é a segunda maior causa de LRA. Etiologias: hipoperfusão (causando isquemia); grandes queimados; pancreatite; distúrbios hemodinâmicos (IC); AINEs e hipercalcemia vasoconstrição da arteríola eferente. A função tubular preservada ativa SRAA que causa aumento da reabsorção de sódio e água. Com o sódio, também é reabsorvida a ureia. Diante disso: *fração de excreção urinária, digo uréia A fração de excreção de sódio urinário baixa devido à reabsorção de sódio. Sódio urinário baixo pelo mesmo motivo. Osmolaridade é aumentada pois absorve água, logo densidade urinária aumenta para > 1020. Fração de excreção de uréia diminui, pois é reabsorvida com o sódio. Como há aumento de ureia, a relação ur/cr aumenta > 40. Cilindros hialinos são característicos da pré-renal. Tratamento: causa base + hidratação com cristalóides. Renal: quando há dano a qualquer estrutura renal. Também é subdividida com relação às estruturas afetadas. ● Vasculopatias ○ Grandes: estenose de a. renal e trombose de v. renal ○ Pequenos: microangiopatias trombóticas - SAF, púrpura trombocitopénica ● Glomerulopatias ○ Sd nefrótica ■ Perda de proteína: hipoalbuminemia < 3,5 ■ Proteína nefrótica > 3,5 h/24h ■ Edema Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 22 ○ Sd nefrítica: HAS, edema e hematúria. Cilindros hemáticos. ○ Glomerulonefrite rapidamente progressiva ○ Doença de cadeia leve - mieloma múltiplo e amiloidose ● Tubulopatias ○ Nefrite intersticial aguda ○ Necrose tubular aguda (2ª principal causa de LRA) - Decorre da hipoperfusão prolongada, choque, pós operatório, sepse, nefrotoxicidade, medicação, contraste, rabdomiólise,. ■ Incapacidade de reabsorver sódio e água ○ Neoplasias do epitéliorenal ○ Metástases renais Tratamento: tratar causa base, suspender medicação nefrotóxica. Diferencial com EAS: ● NTA: sem proteinúria e hematúria - possui cilindros granulomatosos com células epiteliais em excesso ● Nefrite intersticial aguda: lesão no glomérulo - discreta proteinúria, hematúria e leucocitúria. ● Glomerulonefrite e vasculite: proteinúria maior e hematúria. Pós-renal: é a menos comum. Decorre da obstrução da via urinária em qualquer ponto. A sintomatologia é dor lombar, diminuição do débito urinário, bexigoma, hematúria sem dismorfismo eritrocitário. Etiologias: cálculo bilateral em ureter ou único em uretra; HPB; compressão tumoral. Tratamento: reverter causa, quanto mais demorar, maior chance de lesão irreversível. Etiologias específicas de LRA Rabdomiólise Contraste Embolia por colesterol Síndrome hepatorrenal Síndrome de lise tumoral Gadolínio Síndrome hemolítico-urêmica Leptospirose Sepse Isquemia Síndrome cardiorrenal Lesão aguda da gestação Animais peçonhentos Complicações: ● Hipercalemia por redução da excreção ● Acidose metabólica ● Hipervolemia ● Síndrome urêmica Diálise na LRA: basicamente quando há complicações refratárias. - Hipercalemia refratária - Acidose metabólica refratária à reposição de bicarbonato - Hipervolemia grave refratária - Síndrome urêmica - Intoxicação por substância dialisáveis (metanol, etilenoglicol, metformina, lítio, salicilatos). Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 23 Doença renal crônica É definida como TFG < 60 ml/min/1,73m2 OU presença de alteração estrutural do rim por período acima de 3 meses. ● Passado de transplante renal ● Anormalidade anatômica (ex. doença renal policística autossômica dominante) ● Anormalidade histológica ● Distúrbio hidroeletrolítico secundários e doenças tubulares (Síndrome de Bartter) ● Anormalidade do sedimento urinário (hematúria dismórfica) ● Albuminúria > ou = 30mg/24h Estadiamento: depende da albuminúria e taxa de filtração glomerular. ● TFG: Estimada pela fórmula CKDEPI através da Cr sérica. Etiologias 1) Hipertensão arterial HAS de longa data (>10 anos), persistentemente elevada, com uso de diversos anti-hipertensivos. Pesquisar outros órgãos: fundo de olho, eletrocardiograma, ecocardiograma. O rim está reduzido de tamanho, sem hematúria, proteinúria ausente ou pequena quantidade. 2) DM (no Brasil inverte - primeiro HAS e depois DM) Filtração de glicose, que reabsorve com sódio, a mácula densa percebendo o sódio causa vasodilatação da arteríola aferente e Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 24 vasoconstrição da arteríola eferente. Aumento da pressão intraglomerular - hiperfiltrando, causando albuminúria → proteinúria crescente. Histopatologia - hipertrofia de glomérulo. Rins de tamanho variável; sem hematúria; retinopatia diabética. Pode ter proteinúria nefrótica. 3) Glomerulonefrite crônicas 4) Doença renal policística História familiar, rins de tamanho aumentado, manifestações extra renais: aneurisma intracraniano, cistos hepáticos, prolapso de valva mitral, divertículos colônicos, cistos pancreáticos, Causas de DRC com rins de tamanho normal ou aumentado: DM, HIV, doenças granulomatosas (sarcoidose e tuberculose), anemia falciforme, amiloidose, DR policística. Sinais e sintomas ● Hipervolemia ● Distúrbios HEL ● Uremia (estágio 5) - sd urêmica (náusea, vômito, encefalopatia) ● Distúrbios metabólicos ● Hematológico: anemia (redução da eritropoetina); inflamação diminui ferro. Coagulopatia - risco de sangramento. Em estágio IV. ● Distúrbio mineral ósseo: hiperparatireoidismo secundário - redução de fósforo → aumento de PTH / menos vitD ativada → hipocalcemia → aumento de PTH. ● Risco aumentado de DCV e baixo ganho ponderal ● Dislipidemia Tratamento Conservador: Hábitos: ingestão de sódio < 2g/dia, ingestão de proteínas < 0,8g/kg/dia, cessar tabagismo, perda de peso, realizar atividade física regular, evitar drogas nefrotóxicas (AINES, CE iodado). HAS: metas pressóricas < 120 mmHg. Medidas de restrição salina. Uso de iECA ou BRA se proteinúria. Pode haver aumento transitório de creatinina em 30% em 4 semanas. ● Trocar tiazídicos por diuréticos de alça se TFG < 30 ml/min DHE: Acidose - meta é bicarbonato >= 22 mmol/L. Atentar hipercalemia ou reposição de bicarbonato de sódio VO, sempre manter em níveis ideais. Anemia: alvo hemoglobina 10-12g/dl + Ferritina > 100-200 ng/mL + índice de saturação de transferrina de 20%. Medida: repor estoques de ferro e utilizar eritropoetina (se Hb < 10). Volemia: verificar no exame físico. Medida: restrição hidrossalina + uso de diuréticos de alça. Vitamina D: Alvo > 30 ng/ml - normocalemia e normofosfatemia. Medida: limitar consumo de fósforo, utilizar quelantes de fósforo (carbonato de cálcio e sevelamer), repor vitamina D ativa (colecalciferol) + drogas específicas (calcitriol ou calcimiméticos), tratamento cirúrgico. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 25 DM: metformina dose a 1g/dia se TFG entre 45-30 ml/min. Suspender se < 30 ml/min. ● Inibidores de SGLT2 nefroprotetor ● Alvo de Hb1Ac em 7% Vacinação: COVID, hepatite B, pneumococo, zoster. Hepatite A. Terapia renal substitutiva ● TFG: < 15 ml/min/1.73m2 em indivíduos DM ou < 18 anos; < 10 em todos os outros. E ● Sintomas: hipercalemia, acidose metabólica, sintomas urêmicos, hipervolemia (todos refratários). A diálise melhora potássio, acidose, uremia e hipervolemia, mas não melhora anemia, doença mineral óssea e doença cardiovascular. Opções: é individualizada de acordo com paciente, não existe uma primeira opção. ● Hemodiálise: precisa de FAV precisa de maturação de 6 semanas. Mas se for de urgência precisa de acesso venoso profundo (principal jugular direito e último é subclávia - risco de estenose). ○ Contraindicação só em falência de acesso vascular, daí passa para as próximas e Tx de urgência. ● Diálise peritoneal: em casa, menos usada no Brasil. ● Transplante renal: doador vivo e cadáver. Melhor que diálise, mas não é curativa. Riscos inerentes à imunossupressão. A escolha do método leva em consideração fluxo de sangue, altura do indivíduo e tempo de diálise. LRA X DRC Primeiro é preciso diferenciar LRA de DRC. Pode ser feito através de USG tamanho renal (9-11cm); córtex renal (espessura > 1,3cm); diferenciação córtico medular. ● Diferenciação corticomedular normal + Cr aumentada = LRA Sumário de urina sugestivo de LRA. Em seguida, pela clínica do paciente, com estigmas de DRC: anemia, aumento de PTH, lesão em outros órgão-alvo, nível de escórias nitrogenadas (sem sintomas). Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 26 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Insuficiência cardíaca crônica Doença caracterizada por disfunção sistólica e/ou diastólica. Sintomas: Direita: decorre da congestão sistêmica. Turgência jugular, hepatomegalia, ascite, anorexia, refluxo hepato jugular, edema de MMII. Esquerda: decorre da congestão pulmonar, baixo débito, aumento do tônus simpático. Cansaço aos esforços, ortopnéia, DPN, pressão venocapilar aumentada, estertores, tosse e cianose; taquicardia, B3 (ICFER) e B4 (ICFEN). Etiologias: IC sistólica IC diastólica IC direita IC alto débito DAC HVE (fase inicial de cardiopatia hipertensiva) Cor pulmonale Hipertireoidismo Valvulopatias que geral sobrecarga ventricular Cardiomiopatia hipertrófica TEP Beribéri HAS (fase final da cardiopatia hipertensiva) Miocárdio não compactado HAP primária Cirrose hepática Álcool/Droga Amiloidose Estenose mitral Sepse Doença de Chagas Endomiocardiofibrose Doença de Paget Miocardite DAC Obesidade Cardiomiopatia periparto Estenose aórtica Shunt arteriovenoso Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 27 Classificações Por sintomas: NYHA Por fração de ejeção: 41-49% = Levemente reduzida Quanto ao estágio ● A: Risco ● B: Dano ● C: Sintomas ● D: Falência FISIOPATOLOGIA O coração é um grande mola, ditada pelo mecanismo de Frank-Starling- quanto mais distenção da fibra, mais força de ejeção. Na hipovolemia há diminuição da distensão das fibras; em contrapartida, em hipervolemia há muita distensão não conseguindo ejetar (FE reduzida). Fluxograma: mostra o mecanismo hormonal e os pontos de ação das medicações para tratamento da IC. A apoptose dos miócitos leva a remodelamento cardíaco. Fisiopatologia da IC com FE normal: decorre do aumento da pressão arterial, precisando de maior força miocárdica esquerda e contração atrial. O AE vai dilatar fazendo surgir B4 e aumentando risco de fibrilação atrial. Na fase inicial evolui com hipertrofia concêntrica e depois excêntrica. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 28 Diagnóstico: Clínico, não precisa de exames. No entanto, quando há dúvida diagnóstica por nível de BNP pode ajudar a descartar diagnóstico, USG para classificar a doença; ECG ajuda na etiologia; Rx PA (índice cardiotorácico, inversão de trama vascular, infiltrado em asa de borboleta, linhas B de Kerley - Sugestivo de aguda). Utiliza-se os critérios abaixo para diagnóstico: Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 29 ECG na IC: ● BRE: QRS largo > 120 ms ou 3 quadradinhos - Se [V1 para baixo = BRE] | Ausência de Q em D1, V5 e V6 | Onda R monomórfica em D1, V5 e V6 | Depressão do ST e inversão da onda T em relação ao QRS. ● BRD: QRS largo (> 120 ms ou 3 quadradinhos) [V1 para para cima = BRD] | Onda S empastada em parede lateral (D1, aVL, V5 e V6) | rSR’ em V1 | Eixo elétrico variável, tendendo à direita | Inversão da onda T em relação ao QRS ECO: para todos no momento inicial e quando houver mudança do status clínico. Cateterismo: para investigar em dor torácica anginosa, história de arritmia ventricular sintomática, pós parada, alta probabilidade pré-teste (fatores de risco para DAC), isquemia em exame não invasivo.. Exames laboratoriais: Hemograma; Gasometria (se hipoxemia e diminuição da perfusão tecidual); eletrólito (hiponatremia tem pior prognóstico); Função renal (síndrome cardiorrenal); troponina (valor prognóstico); BNP (VPnegativo); Hepatograma - elevação de BT é comum; Cinética do ferro (confere pior prognóstico na deficiência do Fe). Tratamento Após diagnóstico e classificação pelo ECO. Vamos tratar de acordo com a classificação. Há drogas para ICFER e fração de ejeção reduzida. Tratamento Não Medicamentoso: adesão medicamentosa; reabilitação - exercício aeróbio regular; vacinação (influenza, pneumococo); ômega 3 (reduz mortalidade e internamentos); restrição salina (evitar ingesta > 7g/dia equivalente à 2,8 gramas de sódio). Restrição hídrica somente se sódio < 130. Medicamentos na ICFER: Inicia com terapia tríplice em doses baixas, mas aumentar as doses visando a máxima sempre que possível e tolerado. Todos abaixo mudam a mortalidade. 1)ICA/BRA: prefere iECA. Somente BRA se não tolerar ● Cuidado: piora da função renal, toleramos Cr aumentando 50%; contraindicada se Cr > 3 ou K > 5,5. ● iECA causa tosse crônica e angioedema → trocar para BRA ● Contraindicação das duas drogas: K > 5,5, estenose renal bilateral ou estenose de artéria renal de rim único, história de angioedema documentado em uso prévio de iECA (só iECA), hipotensão sintomática, Cr > 3, gestação. 2)Betabloqueador: só inicia quando paciente compensado, pois existe piora transitória por reduzir inotropismo. Começa com dose baixa, aumenta dose a cada 7-14 dias e reavalia. ● B1: reduz contratilidade cardíaca, poupando os miócitos; B2: vasoconstrição periférica e broncoconstrição. ● Carvedilol (não cardiosseletivo B1-B2); Bisoprolol; Succinato de Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 30 metoprolol, Nebivolol (em idade > 75 anos). 3)Antagonista mineralocorticoide: Espironolactona 4)Se paciente continua NYHA II com esquema tríplice otimizado, podemos fazer a 4ª droga: ● Sacubitril + Valsartana em substituição ao iECA/BRA ○ BNP fica alto (sacubitril inibe neprilisina que degrada BNP) - Então, não usar BPN para avaliar compensação, então dosa NT-pro BNP (pró-hormônio). ● Inibidor da SGLT2 (dapa ou empa) Após a otimização do esquema com drogas acima, se o paciente persistir os sintomas, deve ser encaminhado para centro especializado. Terapêuticas adicionais: ● Hidralazina + Nitrato: FEVE <= 35% - afrodescendente autodeclarado E se insuficiência renal/hipercalemia substituindo iECA/BRA ● Ivabradina: Quando paciente em uso de betabloqueador, chega na dose máxima, mas tolera outro bradicárdico OU quando não tolera betabloqueador por broncoespasmos, piora de doença arterial periférica. Quando FEVE <= 35%, ritmo sinusal, FC > 70 Bpm. ● Digoxina: Melhora a contratilidade cardíaca e FC. Indicado se FA persistente apesar de dose otimizada de BB. Alto potencial toxicológico. FEVE <= 45%, ritmo sinusal, fibrilação atrial. Não reduz mortalidade, somente sintomas e hospitalização. ○ Inotrópico positivo e bradicardia ○ Intoxicação: alteração do ECG (Bloqueios AV, extrassístoles, bigeminismos), prostração, náuseas e vômitos, xantopsia (visão amarelada) Achado na impregnação digitálica, infra de ST com T bifásica, indica que está tomando o remédio, mas não intoxicação. ● Diuréticos: podem ser usados em qualquer momento quando há sintomas de hipervolemia. Prefere furosemida e acrescentar tiazídicos. ● Terapia de ressincronização cardíaca (TRC): quando bloqueio de ramo esquerdo (+ em > 150 ms), FE < 25%, refratário à terapia medicamentosa, ritmo sinusal. ● Cardiodesfibrilador implantável (CDI): abortamento da morte súbita. Indicado para ICFER <= 35%, prevenção primária, se isquêmico esperar 45 dias da data do infarto, com tratamento otimizado, ou evento. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 31 ICFEP: tratar sintomas e comorbidades. Não usa digitálicos, pois não precisa melhorar contratilidade cardíaca. Medicações contraindicadas: ● Cardiodepressora: bloqueadores de canais de cálcio não-diidropiridínicos (verapamil, diltiazem); propafenona; antidepressivo tricíclicos ● Retenção hidrossalinas: AINE, corticoides, glitazonas ● Arritmias malignas: Cilostazol, sotalol, quinidina. Insuficiência cardíaca aguda Falência cardíaca de início rápido e progressivo. Por vezes, o paciente não tem história de IC. Em vigência de um fator causal. Fatores de descompensação: Síndrome coronariana aguda, taquiarritmia, elevação da PA, infecção, má aderência, bradiarritmias, intoxicação, substância cardiotóxica, DPOC, embolia pulmonar. Clínica: Dispneia progressiva súbita. Congestão e baixo débito. Fisiopatologia: aumento importante da pós carga com EAP; disfunção diastólica com hipertrofia de VE; IAM. ● IC aguda nova: Hipervolemia pulmonar é o principal: eliminação de secreção rósea, dispneia, PAS alta, PAD alta, FEVE e DC normal ou reduzido, edema infrequente, sem ganho de peso. ● IC aguda crônica descompensada: perda crônica da contratilidade que leva à congestão global, início de sintomas gradualmente piorando. O principal sintoma é dispneia, com PAS normal ou baixa, PAD final menos aumentada, FEVE e DC reduzidos, edema de MMII frequentes, ganho de peso. Classificação: perfil hemodinâmico de Stevenson Hipoperfusão: extremidades frias, baixo débito urinário, estado mental alterado, pouca resposta à diuréticos, azotemia pré-renal. Sinais de congestão: turgência jugular, refluxo hepato jugular, edema periférico, terceira bulha (B3), falta de ar, ortopnéia, crepitações, ganho de peso. Quente e úmido (49%) > Frio e úmido (20% - choque cardiogênico) > Quente e seco (27% - compensado) > Frio e seco (3%). Tratamento: é importante pensar nos pilares abaixo que estão alterados: ● Aumento da pré-carga: Diurético ● Diminuição da contratilidade: Inotrópicos ● Aumento da pós carga (HAS): Vasodilatadores Fase urgente 1)Choque cardiogênico? 2)Insuficiência respiratória? Suporte ventilatório (oxigênio, VNI, VM) Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 32 ● Quando: hipoxemia ( Sat < 90% ou PO2 < 60 mmHg) ● Como? ○ Sem esforço:cateter nasal, venturi. ○ Com esforço ou distúrbio ventilatório (DPOC): VNI ou intubação ■ VNI: Cuidado com hipotenso - pode cair PA ■ DPOC: fazer em dois níveis para lavar CO2 Fase inicial: procurar diagnóstico diferencial - (mnemônico “CHAME o médico”) ● Coronária ● Hipertensivo ● Arritmia ● Mecânico ● Embolia pulmonar Confirmar IC e condutas iniciais Diurético: Se hipervolemia. ● Furosemida: nunca usou = 1-2 ampolas (20-40 mg); crônico 2,5x a dose habitual (Lembre: 40 mg VO = 20 mg EV) OU se desconhecido, fazer 1 mg/kg (1 ampola = 20 mg). Vasodilatador: Hipertenso e pode em normotenso. ● Infusão contínua ○ Nitroglicerina: IAM ○ Nitroprussiato: mais potente, usar em muito hipertensos. Vai dilatar mais os vasos sadios roubando o fluxo do vaso doente = roubo coronariano - por isso evitar em IAM. Inotrópico: hipoperfusão (também causam vasodilatação, ao iniciar tende a cair PA, então usar vasopressor para subir - NORA). todos em BIC ● Dobutamina: agonista B1 e A1 - ● Levosimendan (sensibilizador de canal de cálcio): se uso de BB previamente. Evitar em PAS < 85. ● Milrinona: evitar em PAS < 85, isquêmicos, disfunção de VD, hipertensão pulmonar. Vasopressores: Hipotensão (PAS < 90). Em BIC ● Noradrenalina: meta PAS 90-100 ○ Vasopressina quando aumenta muito noradrenalina ● Dopamina Digitálico: quando tem FC refratária (não pode utilizar BB). FA > 110 bpm - Deslanosídeo. Opióides: edema agudo de pulmão hipertensivo, em dispneia severa. Depressão do sistema respiratório e aumenta chance de vômito. Evitar em sonolentos. ● Morfina endovenosa 2-4 mg Dispositivos de assistência ventricular: quando medidas anteriores falham ● Balão intra aórtico Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 33 ● ECMO: venoarterial (substitui pulmão e coração) e veno-venosa (substitui pulmão) Exames complementares: auxiliar o raciocínio, mas nenhum fundamental para guiar a conduta imediata. ● RX de tórax PA: acompanhamento de congestão: inversão de trama vascular apical, infiltrado em asa de borboleta, linhas B de Kerley. ● ECG: em todos. Ajuda etiologia. ● ECO: imediatamente em paciente com instabilidade hemodinâmica (rotura de cordoalha, infarto). Fazer precocemente em paciente com primeira descompensação. ● Lab: BPN (exclui quando muito baixo), função renal (Sd cardiorrenal), eletrólitos, função hepática, função tireoidiana, hemograma, gasometria arterial (lactato - pouco perfundido), D-dímero, troponina (prognóstico). Metas terapêuticas Metas da fase precoce Diminuir sinais e sintomas de congestão em 6 horas; adequar oxigenação SatO2 > 90%; manter diurese adequada > 0,5 ml/kg/h; evitar PAS < 90 mmHg; reversão de distúrbio hemodinâmico. Metas fase tardia Prevenção de re-hospitalização; introduzir medicamentos que diminuam a mortalidade e que reduzam o tempo de internação. Metas laboratoriais Normalidade eletrolítica; evitar elevação de creatinina > 0,3 mg/dl; redução de BNP; redução de troponina; redução de PCR-t. Metas hemodinâmicas: reduzir pressões de enchimento; otimizar débito cardíaco. Metas metabólicas: normalização do lactato arterial; SvO2 > 70%. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 34 Algoritmo de tratamento da IC aguda DERRAME PLEURAL Acúmulo de líquido anormal em espaço pleural. Os sintomas são dispnéia, dor torácica, tosse, e trepopneia. Ao exame físico apresenta MV diminuído ou abolido; FTV diminuído ou abolido; Macicez à percussão, egofonia; abaulamento torácico; desvio do ictus e traqueia para o lado contralateral. Investigação inicial: Velamento de seio costofrênico - Rx de tórax, em PA só verá derrame entre 175-200 ml; perfil se 75-100 ml; Laurel entre 50-75ml sendo a melhor incidência. Caso derrame pleural em laurel de 1 cm de nível, considera volume de 200 ml e está indicada a toracocentese com segurança. As 5 principais etiologias são: 1) Insuficiência cardíaca 2) Pneumonia 3) TB 4) Tumores 5) TEP Toracocentese: está indicada quando novo derrame pleural sem causa aparente; quando diagnóstico firmado, mas suspeita de complicações adjacentes; alívio de dispneia. O que pedir: Bioquímica (ADA, proteína total, glicose, DHL, celularidade com diferenciação), pH, microbiologia (cultura, gram, BAAR), histopatologia. Critérios de Light: diferenciar entre transudato e exsudato. Se um abaixo positivo = Exsudato. 1) Proteína líquido/Proteína soro > 0,5 2) DHL líquido/DHL soro > 0,6 3) DHL do líquido > ⅔ do valor de referência do DHL sérico #Cerca de 15-25% dos transudatos são classificados como exsudatos. Se há suspeita clínica de transudato na ICC e faz uso de Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 35 diurético, pode confundir. Diante disso faz o gradiente soro pleural, se positivo um dos dois = exsudato. 1) Gradiente soro-pleural de proteína > 3,1 g/dl 2) Gradiente soro-pleural albumina < ou = 1,2 g/dl Os transudatos são tratadas as doenças de base; no exsudato devemos prosseguir com investigação etiológica pois a pleura está acometida. Etiologias Transudato Exsudatos Insuficiência cardíaca Pneumonia Sd. nefrótica TB Cirrose hepática Malignidade TEP (20%) TEP (80%) Diálise peritoneal Hipotireoidismo Hipoalbuminemia Artrite reumatóide Hidrotórax hepático Colagenose Nefropatias Quilotórax Pancreatite #Quando evidências claras de derrame pleural associado à ICC, pode prescindir da toracocentese. Exames do líquido e etiologias Parâmetro Etiologias Glicose < 60 e pH < 7,3 Derrame parapneumônico, empiema, malignidade, TB, LES, ruptura de esôfago, artrite reumatóide. Glicose pleural = sérica Transudato Amilase > 200 Ruptura de esôfago, pancreatite, cisto pancreático, CA pâncreas, CA pulmão. ADA > 40-60 TB, empiema, AR, linfoma, CA pulmão. Derrame pleural INFECCIOSO Quando há infecção de parênquima + Derrame pleural chamamos de parapneumônico. Ele é formado passando por três fases. 1) Exsudato com líquido asséptico 2) Fibrinopurulenta, com septos de fibrina e bactérias 3) Organizante - com espessamento pleural e encarceramento Diante do quadro, são subdivididos em 3 tipos com condutas diferentes. DIAGNÓSTI CO ANÁLISE Conduta Não complicado Estéril; DHL < 1000; pH > 7,2; Glicose > 60 - pouco consumo de componentes. Antibiótico por 3 ou mais semanas Complicado Gram positivo; DHL > 1000; pH < 7,2; glicose < 60 Abordagem cirúrgica. Também quando há derrame loculado, acometimento de ½ do hemitórax; split pleural sign (hipercaptação de contraste na pleura sugestivo de empiema) Empiema Aspecto leitoso (Pus); gram positivo; pH < 7,2; DHL > 1000; glicose < 60. #pH ácido, pois as bactérias anaeróbias produzem lactato. Antibióticos: amoxicilina + clavulanato; ampicilina + sulbactam; piperacilina + tazobactam; carbapenêmicos; ceftriaxona + clindamicina ou azitromicina. Derrame neoplásico Quando presente, péssimo prognóstico, com sobrevida de 3-12 meses. É decorrente de Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 36 infiltração metastática (adenocarcinoma de pulmão, CA de mama e linfoma correspondem a 75%). Geralmente são unilaterais, volumosas e recorrentes. Os marcadores tumorais têm pouca relevância. Diagnóstico: citologia oncótica tem S50-65%E97%; biópsia às cegas S40-75%; Biópsia por toracocentese S92-96%, pois as lesões pleurais são espaçadas. Tratamento: paliativo, objetiva conforto, se o paciente tolera pode ser feita até 1 por mês. Caso passe disso faz a pleurodese (fusão das pleuras) ou dreno tubular permanente. Se presença de linfangite, toracocentese pouco indicada para melhorar a qualidade de vida, pois o prognóstico é reservado.. Derrame pleural por tuberculose A pleura é o 2º sítio de TB em indivíduos imunocompetentes. Líquido: exsudato, glicose baixa, linfomononucleares, eosinófilos ausentes, < 5% de células mesoteliais, ADA > 40-60 ml/DL. Exame sugestivo (principalmente ADA) + história compatível com TB = tratamento empírico enquanto espera cultura por biópsia que dura 45-75 dias. Diagnóstico: biópsia pleuralàs cegas - microscopia com aspecto caseoso; cultura para BK. Tratamento: RIPE 2 meses e RI 4 meses. Quando. ● Sugestivo: Líquido característico + Clínica sugestiva ● Presuntivo: biópsia com microscopia caseosa ● Definitivo: Cultura de biópsia positiva DIABETES MELLITUS Existem alguns tipos de DM, autoimunes (DM1 e LADA), DM 2 e gestacional. Outros tipos são a MODY, insuficiência pancreática e hemocromatose. DM1: diagnosticada na infância, é preciso fazer rastreio de outras doenças autoimunes. Doença celíaca ao diagnóstico; Hashimoto no diagnóstico e a cada 1 ano. Existem alguns marcadores anti ilhota (ICA), anti-insulina (IAA), antidescarboxilase do ácido glutâmico (Anti-GAD65), anti tirosina/insulinoma (IA2 e IA2b) e anti transportador de zinco 8 (Zbt8). DM2: há resistência à insulina, podendo haver diminuição da produção pelas células beta pancreáticas em caso de descompensados, podendo ser reversível. Aumenta a secreção de glucagon, lipólise (trigliceridemia), diminuição de efeitos incretínicos (GLP 1), disfunção de neurotransmissores (mais fome). Peptídeo C é um marcador de produção de insulina. Surge a acantose nigricans, pois a pele não tem resistência à insulina. Histórico familiar: concentração familiar de DM tipo 2 é 70%; a DM1 é 4% mãe, 8% pai, 10% irmão, 30% ambos os pais, irmãos gêmeos 50%. Diagnóstico: um dos 3: ● Glicemia de jejum >= 126 mg/dL ● TOTG 2h > 200 mg/dl após 75 g glicose anidra em água ● Glicemia > 200 na presença de sintomas sistêmicos de hiperglicemia: 4Ps (poliúria, polifagia, polidipsia, perda de peso). Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 37 ● HbA1c >= 6,5; lembrar que esse valor pode alterar com algumas patologias. Pré-diabetes ● GJ 100-125 mg/dL = glicemia de jejum alterada ● TOTG 2h após 75 g: entre 140-199 = intolerância à glicose ● HbA1c: entre 5,7 e 6,4% Complicações Agudas do DM A EHH tem mortalidade de 15% e a CAD < 5%. Se paciente em coma, não sabe se é hipo ou hiperglicemia, trata a mais grave (hipoglicemia). Cetoacidose diabética: mais comum em crianças 71% em < 2 anos. Pode ser a primeira manifestação da DM1. Ocorre na DM2 também. Pode ter superposição com EHH em 30%. Ocorre por diminuição de insulina. Decorre do tratamento inadequado, doenças agudas (infecção, IAM), medicamentoso, doenças (cushing, hipoT, feocromocitoma, acromegalia, DM gestacional), drogas (álcool, ecstasy, maconha), desidratação, ingestão de líquidos com açúcar. Clínica: evolução rápida com taquipneia, desidratação, dor abdominal, náusea e vômitos, hálito cetônico, respiração de kussmaul, leve hipotermia, letargia e coma (raros). Pode haver CAD euglicêmica: gestantes, uso de inibidores da SGLT2, uso de cocaína, excesso de álcool e inanição. Diagnóstico: O principal produto metabólico é beta hidroxibutirato (BHB) pode ser dosado para diagnóstico e monitoramento da CAD: < 0,6 normal; > 0,5 hipercetonemia; > 3-3,5 CAD. ● Osmolaridade plasmática aumentada, no geral > 320 mOsm/kg ● Glicemia > 250; 7% euglicêmicos 150-200. ● Sódio e potássio séricos geralmente baixos. Potássio pode estar alto na cetoacidose por troca com H+. ● Anion GAP aumentado ● Cetonúria ● BHB > 3 ● Bicarbonato baixo (<7,3) ● Leucocitose sem ou com desvio até 25.000 ● Amilase, lipase e transaminases ocasionalmente Osmolaridade plasmática = 2x[Na] + Glicemia/18 + Ureia/6 Tratamento: corrigir distúrbio ácido básico, corrigir fator desencadeante e insulinoterapia 1) Hidratação de 500-1000 ml de SF0,9% em 1-2h 2) Verificar sódio sérico: a) Se alto-normal: hidratar com SF 0,45% 250-500 ml/h b) Se baixo: hidratar com SF 0,9% 250-500 ml/h 3) Quando glicemia atingir 200-250 fazer alternância do soro fisiológico 0,45% com SG5% até resolução da CAD. 4) Potássio sérico: a) <3,3 não fazer insulina: corrigir com KCl 10-20 mmol/h b) > 5,0: não iniciar KCl, fazer monitorização de K a cada 2h c) entre 3,3 e 5,0: adicionar 20-40 mmol para cada litro de líquido EV. Objetivo manter K entre 4-5. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 38 Na medida em que se resolve CAD, potássio vai caindo. A insulina faz hipocalemia. 5) Insulinoterapia: regular 0,1UI/Kg em Bolus IV; 0,1UI/Kg/h em bomba IV. a) Checar glicemia de 1/1h b) Objetivo manter glicemia 150-200 até resolução da CAD c) Trocar para SC se paciente VO pérvia, Anion GAP < 12 e BHB normal. Alguns autores consideram BIC > 18 e pH > 7,3. Iniciar a subcutânea 1-2h antes de desligar a bomba. 6) NaHCO3 (Bicarbonato): se pH < 6,9 - diluir 50 mmol de BIC diluir em 500 ml de SF 0,45% e infundir 250ml/h até atingir pH > 7,0. Tem risco de alcalose metabólica, hipocalemia e hipocalcemia, acidose paradoxal do LCR e edema cerebral. Critérios de resolução: Glicemia < 200; HCO3 >= 18 e pH > 7,3 Estado hiperosmolar hiperglicêmico Clínica; início incidioso, com maior déficit sensorial e desidratação, taquipneia geralmente ausente Diagnóstico: Osmolaridade plasmática sempre > 320 (VR > 280). . Tratamento: 1) Hidratação 500-1000 ml de SF0,9% em 1h. Bolus de 500 ml em IC e IR, fazer mais se hipotensos. a) Verificar o sódio corrigido: se baixo, fazer SF 0,9% 250-500 ml/h b) Se sódio normal ou alto, fazer SF 0,45% c) Adicionar SG5% quando glicemia 250-300 2) Correção de hipocalemia 3) Insulinoterapia IV: 0,1UI/Kg bolus seguida de 0,1UI/Kg/h - Visar 250-300. Com queda de 50-75mg/dl/h e depois de < 300 pensar em alterar dose para 0,05-0,1. A hidratação pode por si só causar redução da glicemia. Quando o paciente alcança HGT de 300, podemos diminuir a dose de insulina para basal (1-2U/h) e avaliar parâmetros hemodinâmicos e clínicos para manter hidratação. Trocar para SC quando paciente aceitar dieta VO. CUIDADO: não baixar bruscamente a glicemia e a osmolaridade, há risco de edema cerebral. → Velocidade de queda da insulina: 50-75 mg/dl/Hora. Ajustar as doses para manter esse valor. Hipoglicemia: complicação mais comum, geralmente decorre do uso inadequado da insulina e sulfoniluréias. Os efeitos metabólicos começam a surgir em glicemia < 80 (diminuição de insulina, aumento de GH e cortisol), mas < 60 mg/dl começam os sintomas: ● Neurogênicos (autonômicos): Tremor, fome, sudorese, palidez (pele fria e úmida), palpitação, taquicardia, náusea, vômitos. ● Neuroglicopênicos: se leve-moderada - tontura, cefaleia, fraqueza, parestesias, distúrbios visuais, distúrbios do comportamento, Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 39 confusão mental. Se grave - convulsões, torpor, hemiplegia, dilatação pupilar, decorticação. ● Grave por insulina: taquicardia, elevação da PA, arritmias, distúrbios de conduta, torpor, coma. Tratamento: em conscientes faz alimentos com açúcar, preferência por líquidos. Em torporosos e comatosos: glicose 50% 2-3 ampolas IV; manitol 20% (200ml EV) em casos refratários. Complicações Crônicas e microvasculares do DM Macrovasculares; doença cardiovascular, doença cerebro-vascular e vascular de MMII. Microvasculares; retinopatia, nefropatia e neuropatia. Nefropatia diabética: se manifesta com albuminúria, diminuição da TFG, aumento de creatinina (DRC), HAS. Fazer rastreio imediato em DM 2 e 5 anos após a DM1. Pensar em outras causas se: uremia sem proteinúria; proteinúria sem retinopatia; DRC < 5 anos do diagnóstico de DM1; sedimentos ativos na urina. #A disfunção renal está intimamente relacionada à retinopatia. Tratamento: controle glicêmico e pressórico (IECA/BRA), controlar peso e triglicerídeos. Medicação são os iSGLT2. Neuropatia diabética: complicação crônica mais frequente. Radial = sd. Da mão caída; fibular = síndrome do pé caído. NC III (sem midríase) e VI. Excluir: Def. B12, B6, HIV, hepatite, hanseníase, doença autoimune, hipotireoidismo. Polineuropatia sensitivo motora crônica simétrica distal: sintomas incluem diminuição da sensibilidade, sensação de formigamento, dor. Há diminuição da sensibilidade dolorosa, térmica e tátil. Neuropatia sensitiva se monofilamento 10g= pés desprotegidos. ● Úlcera plantar neuropática: sem sensibilidade, fundo limpo, sem granulação, seca. ○ Indolor, pulsos presentes ○ Tto: limpeza, ATB (amoxi+Clav para leves e vanco+mero para graves). ● Artropatia de charcot: processo inflamatório descontrolado que atinge os ossos. Diagnóstico por Rx e RNM Neuropatia diabética autonômica ● Cardiologia: taquicardia em repouso, hipotensão ortostática, arritmias e isquemias silenciosas. ○ PA ao se levantar fixa ● Gastrointestinal: gastroparesia, dispepsia, diarreia/constipação, incontinência fecal. Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 40 ● Genitourinário: disfunção erétil, ejaculação retrógrada e bexiga neurogênica. #O tratamento não reverte, só impede progressão. Tratamento: controle do DM, perda de peso e da disglicemia. Analgésico tópico e fármacos para dores crônicas (pregabalina, gabapentina, duloxetina, amitriptilina, nortriptilina). Retinopatia diabética: causa de cegueira irreversível (3-4º Brasil). Pode ser não proliferativa (microaneurismas); proliferativa (formação de neovasos com perda visual), hemorragia em chama de vela (grave), edema macular clinicamente significante em qualquer fase. Está associada a aumentos de HbA1c. ● Não proliferativa: microaneurismas, hemorragia intrarretinianas, exsudatos moles e duros, aneurismas, tortuosidade venosa, má perfusão capilar. Não atravessam membrana limitante interna da retina ● Proliferativa: neovasos, deslocamento tradicional e regmatogênico, hemorragia pré-retiniana, hemorragia vítrea. ○ Leve: microaneurismas ○ Moderado: exsudatos e microaneurismas ○ Grave: Anormalidades vasculares ● Edema macular: que envolve ou ameaça a fóvea - principal causa de cegueira Evitar exercícios de alta densidade por risco de descolamento de retina. Tratamento: controle dos parâmetros; fotocoagulação à laser, infiltração de antiangiogênicos e esteróides intravitricos, vitrectomia. Tratamento medicamentoso da DM A modificação do estilo de vida é o melhor tratamento, aliado com medicamento no momento do diagnóstico. Iniciar basicamente com 2 drogas e atingir as metas. Caso não atinja vai adicionando as medicações e insulina noturna. Caso não atinja, fazer insulina basal + prandial. Metas: HbA1c < 7% e GJ < 130 mg/d. SENSIBILIZADORES DE INSULINA: ganho de peso e não hipoglicemiantes. Biguanidas: Metformina ● Redução da gliconeogênese hepática (75%); Redução da resistência periférica e sensibilizador de insulina ● Neutra ou discreta perda de peso ● Baixo risco de hipoglicemia em monoterapia ● Contraindicação: hepatopatia ativas e insuficiência renal (Clearance >60 pode 2.550 mg/dia; se entre 30-60 usa 1g/dia; se < 30 não fazer). ● Colaterais: GI (20-30%) sem gravidade - fracionar a dose, junto Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 41 das refeições, liberação prolongada (XR); risco de acidose láctica (raro) - retirar quando risco de acidose.. Suspender antes de Cx, sepse, insuficiência renal, uso de contraste nefrótico, alcoolismo ativo. ○ Absorvida no íleo distal local da B12 - 5-10% anemia por B12. Tiazolidinediona (Glitazonas): Final “-ONA” - Pioglitazona ● Sensibilizador de insulina - agonista do PPAR gama ○ Formação de glicogênio hepático e muscular e tecido gorduroso ■ Ganho de peso periférico (não visceral) ● Não dá hipoglicemia ● Colateral: retém líquido (não utilizar em IC III e IV; Insuficiência renal; edema de mácula; anemia por diluição; inibição de osteoblástico (fratura osteoporótica). ESTIMULADORES DA SECREÇÃO DE INSULINA: ganho ponderal e hipoglicemia. Sulfonilureia: Fechamento do portão de potássio- despolarização - entrada de cálcio e aumento de insulina com efeito longo. Clorpropamida, Glibenclamida, glimepirida, gliclazida MR em potência de hipoglicemia. ● Força a secreção pancreática de Insulina independente dos níveis glicêmicos- gliconeogênese hepática e muscular: ganho de peso ○ Favorece perda de células beta - em desuso ● Hipoglicemia dependente da dose #Glibenclamida é um nome grande que forma a GLI be N clam IDA → Glinida. Glinidas: Repaglinida e nateglinida. Faz tudo que a sulfonilureia faz, mas em período de ação menor. Serviria para pós prandial, mas com as novas medicações está em desuso. EFEITOS INCRETÍNICOS: se assemelha ao GLP-1 formado no ílio em resposta a chegada do alimento - aumenta a secreção de insulina e reduz secreção de glucagon DEPENDENTES DOS NÍVEIS GLICÊMICOS. Inibidores da DPP-4: (-GLIPTINAS) - DPP-4 é responsável pela degradação de GLP-1. ● Não causam hipoglicemias ● Reduz glucagon → diminui produção hepática de glicose ● Bem tolerada por idosos: colaterais são rinofaringites leves. ● DRC: em qualquer fase, mas precisam de ajuste de dose (exceto linagliptina). Análogos de GLP-1 e Agonistas de receptor de GLP-1: são resistentes à degradação da DPP-4. Sufixo (-IDA) ● Aplicação subcutânea de uso diário (liraglutida, exenatida, lixisenatida) e semanal (semaglutida e dulaglutida). ● Promove o retardo do esvaziamento gástrico e diminuição da velocidade de absorção de glicose; Reduz apetite no hipotálamo (perda ponderal). ● Benefícios extra glicêmicos: diminuição de risco CV com doença Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 42 estabelecida (liraglutida e semaglutida). PROMOTORAS DE GLICOSÚRIA Inibidores da SGLT2: empagliflozina, dapagliflozina, canagliflozina. Diminui a reabsorção renal de glicose. ● Glicosúria com balanço energético negativo = Perda de peso ● Não causa hipoglicemia ● Podem ser usadas com TFG > 30 e com proteinúria significativa (mesmo não sendo diabéticos) ● Adverso: ITU (+ candidíase), aumenta amputações, CAD euglicêmica em DM2 de longa duração. ● Contraindicação: vários episódios de ITU, pé diabético em risco. ● Benefícios além do controle glicêmico: redução de mortalidade em doença CV estabelecida; diminuição para progressão da DRC. INIBIDORES DA REABSORÇÃO GI Inibidores de alfa-glicosidase: Acarbose: bloqueia a alfaglicosidase (formaria a monossacarídeo), diminui a absorção no TGI. Serviria para pós refeição. ● Colateral: flatulência, diarreia e meteorismo (empachamento). ● Não causa hipoglicemia e nem ganho ponderal Potência em redução de HbA1c ● Metformina, sulfonilureia e glinidas: redução de 1,5-2% ● Tiazolidinedionas e análogos de GLP1: 0,8-1,4% ● iDDP-4 e iSGLT-2: 0,5-1% ● Inibidores da alfa-glicosidase: 0,5-0,8% Clínica Médica - Eduardo Ferreira | 43 Como escolher a segunda droga para associar à metformina. SÍNDROME CORONARIANA AGUDA É a principal causa de morte no Brasil e no mundo, ocorre por dois mecanismos: ruptura da placa aterosclerótica com formação de trombo com oclusão total (Supra de ST) ou parcial (sem supra ST). Clínica: A sintomatologia é a dor retroesternal, epigástrica ou precordial em aperto, peso ou queimação com irradiação para fúrcula, mandíbula, membros superiores ou dorso, de início súbito, crescente e de grande intensidade. Associada a outros sintomas: náusea, vômitos, palidez e sudorese. Decorre de fator desencadeante, exercício físico, emoção, frio, refeições copiosas. Alivia com repouso e nitrato. Duração variável, cerca de 30 min. Troponina: é marcador de dano miocárdico, não de IAM. A ultrassensível está elevada 1-2h após evento e a sensível 3-6 horas após. A normalização ocorre em 7-8 dias. IAM: troponina elevada > percentil 99 + curva de troponina + 1 ou mais dos achados abaixo: Quando há aumento > 20% da troponina, é indicativo de reinfato. Síndrome coronariana aguda sem supra de ST Ocorre por obstrução parcial por trombo branco. É dividida entre: Angina instável: Dor em repouso, início recente, em crescente, pós IAM. Troponina negativa. IAMSSST: Troponina positiva. Existem alguns escores para guiar condutas, são eles: TIMI RISK, GRACE (>140 indica alto risco - é o mais acurado) e o Escore HEART. Tratamento: UTI cardiológica. 1) Monitorização + ECG em 12 derivações 2) Oxigênio se satO2 < 90% 3) Acesso venoso 4) Evitar AINES
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