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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Introdução O que é deglutição? ● Mecanismo neuro-motor complexo que resulta no transporte efetivo do alimento, saliva e líquido da boca até o estômago6 pares de nervos Cranianos→ 5, 7, 9, 10, 11 e 12 (determinam impulsos sensoriais e motores). ● Exige controle neuro-motor com a participação do córtex cerebral, tronco, 30 músculos e 🍣 A alimentação deve ser segura e prazerosa Fases da Deglutição: ● Oral ○ Entrada do alimento na cavidade oral ○ Mastigação e formação do bolus ● Orofaríngeo ○ Elevação e propulsão do bolus pela língua ä faringe ○ Elevação do palato mole para ocluir a nasofaringe ○ Movimentação da epiglote para trás e ara baixo para oclusão ○ Interrupção na respiração ○ Encurtamento da faringe ○ Relaxamento do esfíncter superior do esôfago ● Esofágica ○ Passagem do bolus para o esôfago ○ Contração esofágica sequencial ○ Relaxamento do esfíncter esofágico inferior ○ Chegada do bolus ao estômago Causas da disfagia: ● Neurogênica→ qualquer causa que venha do cérebro ● Mecânica→ câncer, bariátrica, ● Decorrente da idade→ presbifagia ● Induzida por drogas ● Sarcopenia Presbifagia ● Específica do idoso! ● Problemas da mastigação ocasionados por falta de dentes ou por próteses antigas e mal adaptadas. ● Diminuição na quantidade e consistência da saliva, gerando sensação de boca seca e dificuldade para formar o bolo alimentar ● Diminuição de força na musculatura mastigatória → língua, lábios, bochechas. Pacientes com disfagia orofaríngea têm dificuldade em transferir o alimento da boca para a faringe e relatam sensação de obstrução no pescoço. Os pacientes geralmente apontam para a região cervical quando solicitados a identificar o local de seus sintomas. Outras queixas comuns incluem tosse, engasgo, baba e regurgitação ao engolir líquidos ou alimentos sólidos. Os pacientes podem ter história de pneumonia por aspiração e perda de peso. Causas São 2 os principais fatores: ● Doenças neurológicas → AVE, tumores cerebrais, TCE, Parkinson, ELA ● Alterações das estruturas que transportam o alimento da boca ao esôfago → CA de cabeça e pescoço, malformações congênitas e inflamações 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Substâncias relacionadas ● Ação central: fenotiazinas, metoclopramida, benzodiazepínicos, anti-histamínicos ● Ação na junção neuromuscular: toxina botulínica, procainamida, penicilamina, eritromicina, aminoglicosídeos ● Ação no músculo: amiodarona, álcool, estatinas, ciclosporina, penicilamina ● Inibição de salivação: anticolinérgicos, antidepressivos, opioides, antipsicóticos, anti-histamínicos, antiparkinsonianos, anti-hipertensivos, diuréticos ● Miscelânea: digoxina, tricloroetileno, vincristina Sintomas ● Dificuldade de mastigar, de preparar e manter o alimento dentro da boca e engolir. ● Apresentar dor→ odinofagia ● Sensação de alimento parado na garganta → peristáltico diminuído! ● Voz alterada ou rouca após a alimentação ● Perda de peso ● Febre sem causa aparente ● Permanência de resíduos na boca Avaliação História — Uma história de sintomas associados e fatores de risco para disfagia orofaríngea pode ajudar a determinar a etiologia subjacente: ● Paciente idoso, particularmente com história de transtorno por uso de álcool, tabagismo, sangue na boca ou perda de peso→ investigar causa maligna. Dor referida, como otalgia (dor de ouvido), pode indicar uma lesão hipofaríngea ou câncer de laringe, faringe e base da língua. ● Boca ou olhos secos pode indicar produção salivar inadequada. →Rever medicamentos que podem reduzir o fluxo salivar (por exemplo, anticolinérgicos, anti-histamínicos, agentes anti-hipertensivos), história de radioterapia na cabeça e pescoço ou síndrome de Sjögren. ● Alterações na fala sugerem a presença de disfunção neuromuscular. ● Regurgitação alimentar, halitose, sensação de plenitude no pescoço ou história de pneumonia acompanhada de disfagia podem ser o resultado de um divertículo de Zenker, que pode estar associado a um esfíncter esofágico superior não complacente ou hipertenso. ● A dor ao engolir (odinofagia) pode resultar de inflamação, infecção, malignidade ou neoplasia. ● A disfagia que se desenvolve tardiamente em uma refeição pode sugerir miastenia gravis. ● A disfagia orofaríngea é comum após a intubação, especialmente em pacientes com história de intubação prolongada. Exame físico ● Exame da cavidade oral, cabeça e pescoço e região supraclavicular, pois pode revelar linfadenopatia, massa, fraqueza muscular facial, má dentição ou outras anormalidades associadas à disfagia. 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Exame neurológico que inclui testes de todos os nervos cranianos, especialmente aqueles envolvidos na deglutição (componentes sensitivos dos nervos cranianos V, IX e X e componentes motores dos nervos cranianos V, VII, X, XI e XII). Exames laboratoriais e de imagem → podem ser necessários estudos de imagem ou laboratoriais para confirmar as condições infecciosas subjacentes (por exemplo, candidíase), metabólicas (por exemplo, doença de Cushing, tireotoxicose) ou neuromusculares (por exemplo, miopatia, miastenia gravis, esclerose múltipla). Avaliação subsequente depende da etiologia suspeita → identificar a etiologia subjacente + avaliar a gravidade da disfunção orofaríngea e o grau de aspiração. ● História ou suspeita de doença neuromuscular, realizamos videofluoroscopia com deglutição baritada modificada e manometria esofágica para permitir uma análise detalhada da mecânica e das pressões da deglutição. ● Pacientes sem evidência de doença sistêmica → avaliação endoscópica de fibra óptica da deglutição (nasoendoscopia) e videofluoroscopia com deglutição de bário modificado e manometria se nenhuma etiologia for encontrada. Gravidade Pode ser leve, moderada ou grave.→Relaciona à quantidade de engasgos, doenças associadas, tipo de alimento/bebida que está causando o engasgo 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Riscos e Prejuízos O principal risco da disfagia é a entrada de resíduos alimentares nos pulmões, o que pode causar uma pneumonia aspirativa. Devido à dificuldade de deglutir, os pacientes podem ficar desidratados e/ou desnutridos. Há fatores que podem agravar as dificuldades alimentares → alimentos muito secos ou líquidos, pedaços grandes, salivação inadequada, ventilação insuficiente, excesso de secreção nas vias aéreas, má postura. As dificuldades para deglutir também afetam a socialização e a autoimagem do indivíduo, bem como pode limitar a sensação de prazer que o ato de se alimentar proporciona, provocando impacto negativo na qualidade de vida. A disfagia orofaríngeas apesar de não ser uma doença, representa um sintoma que pode trazer prejuízo às condições pulmonares e nutricionais, como desnutrição, desidratação e pneumonias aspirativas de repetição, merecendo atenção da população e das equipes de saúde. Como Ajudar? ● Oferecer o alimento com a consistência mais adequada → buscar alguma que seja prazeroso ○ A equipe multi ajuda muito→ nutrição ● Evitar o pescoço estendido (posicionamento para trás), pois facilita a ocorrência de tosse e/ou engasgos. ● Pedir sempre a atenção do paciente quando ele estiver sendo alimentado. ● Certificar que o pct deglutiu toda a porção antes de oferecer mais. ● Alimentar o pct com paciência em ambiente tranquilo e sem distrações. ● Realizar a higiene oral após cada refeição e verificar o estado dentário do pct → mau estado dentário aumenta o risco de broncopneumonia ● Hidratação→ líquidos ● Intervenção fonoaudióloga ○ Avaliar alterações cognitivas, de linguagem, fala e deglutição ○ Orientar posturas, manobras e cuidados durante e após-alimentação ○ Melhorar condições de força, mobilidade e sensibilidade orofacial do paciente. ○ Sugerir diferentes consistências alimentares ○ Orientar→ Equipe e familiares ○ Reabilitação → Comunicação → Articulação, escrita, voz, mímica facial ○ Leitura labial→efetivar ○ Sugerir outras vias de nutrição → gastrostomia? Sonda?… ● Deglutição assistida 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Broncoaspiração A aspiração de corpos estranhos desencadeia a liberação de vários mediadores inflamatórios, como citocinas, quimiocinas e moléculas de adesão que orquestram a resposta inflamatória. ● Todas essas moléculas inflamatórias servem como mediadores para atrair células efetoras inflamatórias, neutrófilos e macrófagos alveolares, e para ativar leucócitos, apoiando ainda mais a cascata inflamatória. Fatores de risco ● Consciência reduzida; ● Distúrbios de deglutição / déficit neurológico; ● Doença do refluxo gastroesofágico; ● Lesão mecânica na glote ou no esfíncter esofágico inferior devido à traqueostomia, intubação endotraqueal, broncoscopia, endoscopia digestiva alta ou alimentação por sonda nasogástrica; ● Cirurgia que envolva a via aérea ou esôfago superior; 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Ausência de jejum adequado no processo de anestesia geral; ● Anestesia utilizando máscara laríngea; ● Outros: Gestantes; obesos; íleo adinâmico Diagnóstico→ é sugestivo: ● Visualização de conteúdo gástrico na orofaringe durante o processo de intubação orotraqueal; ● Hipoxemia durante a ventilação mecânica, apesar do correto posicionamento do tubo; ● Aumento da pressão inspiratória durante a anestesia geral; ● Dispneia, broncoespasmo e hiperventilação no pós-operatório. Manejo do quadro agudo 1. Posicionar o paciente na posição de Trendelemburg. 2. Aspirar a orofaringe do paciente; 3. Realizar intubação orotraqueal e aspirar a luz do tubo endotraqueal; 4. Radiografia de tórax deverá ser realizada precocemente, porém, em 25% dos casos, os sinais de broncoaspiração não serão evidentes; 5. Antibioticoterapia: apenas se constatada a infecção pulmonar (20 a 30% dos pacientes). Pneumonite broncoaspirativa A broncoaspiração também cursa com aumento da permeabilidade capilar pulmonar e diminuição da complacência exigindo. A aspiração geralmente segue um curso mais fulminante, pois a lesão pulmonar por aspiração de conteúdo gástrico ocorre em segundos. ● Fazer lavado broncoalveolar para ver qual bactéria Condições que predispõem à aspiração ● Consciência alterada → Alcoolismo, convulsões, traumatismo craniano, anestesia geral, overdose de drogas ● Disfagia → Distúrbios esofágicos incluindo estenose, neoplasia, divertículos, fístula traqueoesofágica, esfíncter cardíaco incompetente, acalasia , obstrução orofaríngea, xerostomia ● Distúrbio neurológico → Acidente vascular cerebral, esclerose múltipla, doença de Parkinson, miastenia gravis, paralisia pseudobulbar, esclerose lateral amiotrófica ● Ruptura mecânica das barreiras de defesa usuais → Sonda nasogástrica, intubação endotraqueal, traqueostomia, endoscopia digestiva alta, broncoscopia ● Outro→ Vômito prolongado, obstrução da saída gástrica, alimentação por sonda nasogástrica de grande volume, anestesia faríngea, debilidade geral, posição deitada, ascite, gastroparesia, íleo , insuficiência glótica Manejo: oxigenoterapia, com ventilação mecânica, se necessário. Broncoscopia para retirar os corpos estranhos. Pneumonite química refere-se à aspiração de substâncias (por exemplo, fluido gástrico ácido) que causam uma reação inflamatória nas vias aéreas inferiores, independente de infecção bacteriana. Pneumonia broncoaspirativa Causada por bactérias presentes na flora do TGI, sendo, portanto, menos virulentas. A maioria dos casos envolvem bactérias anaeróbias e estreptococos aeróbio ou microaerófilos. Manejo → o mesmo da pneumonite + antibioticoterapia (clindamicina, amoxicilina / clavulanato, ampicilina / sulbactam e imipenem/meropenem, etc.) ● Metronidazol 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Radiografia frontal mostrando infiltrados bilaterais (asteriscos) e broncogramas aéreos (setas) indicando infiltrados alveolares. Uma radiografia frontal (A) mostra um branco quase completo do tórax direito (asterisco) com desvio do mediastino (seta). → Material aspirado no brônquio fonte direito, um processo intersticial no pulmão aerado remanescente e infiltrados nos lobos médio e inferior. Observe as opacidades bilaterais, predominando no lobo inferior direito e com velamento do seio costofrênico direito, configurando derrame pleural (seta vermelha). Volumosa hérnia hiatal localizada posteriormente ao coração (seta amarela), que sugere que a etiologia possivelmente da pneumonia foi aspirativa. 7
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