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GASTROENTEROLOGIA MÓDULO Discente: Melissa Cristina e Laís Sena MedFtc2021.2 – 5º semestre – Turma A Adaptação Anna Beatriz Fonseca 1. Introdução a Gastroenterologia 2. Doença do refluxo gastresofágico 3. Disfagia e distúrbios de motilidade 4. Dor abdominal 5. Hemorragia digestiva 6. Obstrução intestinal 7. Constipação intestinal 8. Diarreia 9. Cirrose hepática 10. Hepatites virais 11. Colestase 12. Neoplasias 2021.2 – MED UNIFTC Melissa Cristina Turma A | TUT 03 | 5º Semestre Nomenclaturas o Disfagia: Dificuldade de deglutir o alimento ingerido no trajeto da orofaringe até o estômago. o Odinofagia: Dor percebida em região retroesternal durante a ingestão de alimentos e deve-se a processos inflamatórios orofaríngeos ou esofágicos. o Globus faríngeo: Sensação de nó, bolo, aperto ou corpo estranho na garganta. o Halitose: Mau hálito. o Azia: Sensação de queimação em epigástrio. o Pirose: Sensação de queimação retroesternal que se irradia do manúbrio do esterno à base do pescoço. o Regurgitação: Retorno do conteúdo ácido ou alimentos para a cavidade oral. o Sialorréia: Secreção excessiva da saliva. o Borborigmo: Ruído gorgolejante provocado pelo deslocamento de gases em meio líquido. o Plenitude: Sensação de empachamento pós prandial, o Saciedade Precoce: Paciente se sente satisfeito antes de ingerir uma quantidade normal ou suficiente de alimentos. o Prurido: Sensação desagradável que gera o estímulo reflexo de coçar. o Icterícia: Coloração amarelada de pele e mucosas que pode ser reconhecida com bilirrubinas totais > 2mg%. o Colúria: Urina de coloração escura ou mais amarelada. o Acolia fecal: Fezes claras ou embranquecidas. o Tenesmo: Estímulo para defecação e saída de muco, pus ou sangue sem ou com pequena quantidade de fezes. o Obstipação ou Constipação: Evacuações infrequentes ou grande eforço defecatório. o Distenção Abdominal: Inchaço abdominal por gases. o Flatulência: Ato de flatar (eliminar gases via retal). o Eructação: Eliminação de gases pela boca – arroto. o Diarréia: Redução na consistência das fezes e aumento na frequência das evacuações. o Disenteria: Diarréia associada a perda de sangue, muco ou pus nas fezes. o Hematêmese: Vômitos com sangue que tem origem no trato gastrointestinal, acima do ângulo de Treitz. o Melena: é o nome dado às fezes negras, habitualmente pastosas, e com odor muito forte (cheiro de madeira molhada), que surgem nos sangramentos digestivos altos, geralmente acima do ângulo de Treitz. Apresentam sangue alterado pela flora intestinal (volume suficiente: 50-100ml). o Hematoquezia: Presença de sangue de pequeno volume com cor vermelha viva misturado com fezes. Ano-retal. o Enterorragia: é o nome dado à presença de sangue vivo em grande volume e habitualmente associado à dor abdominal. Neste caso, o paciente pode evacuar somente sangue, sem a presença de fezes. Intestino Grosso. o Esteatorreia: Aumento de teor de gordura nas fezes, que as tornam volumosas, brilhantes, podendo aparentar gotículas de gorduras sobrenadantes. • Endoscopia Digestiva Alta: Examina-se o esôfago, estômago e ate a 2º porção duodenal. o Preparo: — Jejum oral alimentar de 8h e de água 2h. — Sedação: tópica com Xylocaina Spray 3-4mg\kg (ex: 70kg = 3/4 borrifadas na garganta) ou venosa com Hipnóticos/Ansiolíticos (midazolam, diazepam, propofol) /Opióides (morfina, meperidina, fentanil). Observação: O diferencial é que, algumas substâncias podem-se utilizar sem a presença do anestesiologista. Porém, isso acontece com drogas antagonistas (substancias que revertem o efeito do sedativo), como o Flumazenil e Naloxane. — Utiliza-se o oxigênio úmido na via do cateter nasal de baixo volume (3-5-1). — É necessário acompanhante para a liberação. — Em pacientes com suspeita de retardo de esvaziamento esôfago-gástrico (chagas, gastroparesia diabética, lesão no nervo vago e entre outros), precisa-se de um jejum mais prolongado de 8-12h. Paciente em decúbito lateral esquerdo. o Indicações: Dispepsia funcional; disfagia; dor abdominal; sintomas ou sinais de alerta e entre outros. o Indicação de Emergência: Hemorragias digestivas e retirada de corpo estranho. o Contraindicações: Intolerância do paciente ou negação de fazer o exame; suspeita ou confirmação de perfuração gastrointestinal; descompensação cardíaca; doenças pulmonares graves; gestação (a não ser que seja um risco). • Colonoscopia: Exame feito para investigação e avaliação do intestino grosso e do cólon. Consegue-se chegar até 20cm do íleo distal. Gastroenterologia Gastroenterologia Introdução Exames Complementares 2021.2 – MED UNIFTC Melissa Cristina Turma A | TUT 03 | 5º Semestre o Preparo do cólon: — Ambulatorialmente ou internado. — Véspera: dieta líquida sem resíduos + laxantes orais (Bisacodil – na noite que antecede o exame; diarreia de fezes volumosas). — No dia do exame: solução laxativa (manitol 10%, polietilenoglicol, lactitol). Para que, o paciente evacue de forma diarréica sem resíduos. — Sedação aos cuidados da anestesiologia + O2 nasal úmido. — Monitoração de SatO2 e FC. — Necessário acompanhante para a liberação. o Indicações: Investigação de melena após a exclusão de hemorragia digestiva alta; anemia ferropriva de causa desconhecida; rastreamento e seguimento de neoplasia de cólon; seguimento de pacientes com pólipos neoplásicos; diarreia crônica de origem indeterminada; tratamento de hemorragia digestiva baixa e entre outros. o Contraindicações absolutas: diverticulite aguda; diagnóstico ou suspeita de perfuração; colite fulminante; consentimento não foi obtido para um procedimento não urgente. • Impedancio PHmetria Esogágica 24h: Exame feito para avaliar o movimento anterógrado (trânsito do alimento) e o retrógado (refluxo do alimento), independente do seu ph e para caracterizar o RGE quanto a sua composição (líquido, gasoso ou líquido-gasoso). Investiga-se doença do refluxo (diagnóstico feito clinicamente - pirose + regurgitação 2/3x na semana por um período de quatro semanas). Obtém-se informações de acidez e composição. Fluxo de descida normal do alimento. Refluxo – Ondas inversas. o Preparo: — Jejum alimentar de 8h. — Sem sedação. Paciente sentado. — Retorno à clínica em 24h. — Não precisa de acompanhante. — Coloca-se uma sonda no nariz que desce e fica posicionada adequadamente. Sua ponta fica localizada dentro da cavidade gástrica (local de acidez). Nessa sonda existem transdutores, seis campos de impedância e dois sensores de PH. Permitindo relatar se o refluxo é ácido ou não ácido e a composição. o Indicações: Quando não identifica-se a doença do refluxo clinicamente (paciente com sintomas atípicos – tosse crônica e eructações); pacientes sintomáticos mesmo em uso de anti-secretores (refluxo não ácido – bile); sintomas sugestivos de DRGE, mas com EDA e phmetria normais; diagnóstico de sobreposição com distúrbios funcionais. • Manometria Esofágica: Exame utilizado para fazer avalição de doenças esofágicas. o Preparo: — Paciente sentado. — Sem necessidade de acompanhante. — Sem sedação. — É introduzida em uma das narinas e é posicionada. Essa sonda tem sensores que irão avaliar a atividade elétrica que será convertida em tempo real ao software. o Indicações: Disfagia; pré-operatório DRGE (paciente que tem indicação para fazer cirurgia, irá documentar o antes e o depois – hipotonia do esfíncter); avaliação de disfagia pós TTO cirúrgico de acalásia (hipertonia do esfíncter). o Vantagens da Manometria esofágica de alta resolução: — Permite localização mais fácil e imediata de marcos anatômicos como os esfíncteres superior e inferior. — É possível aquisição simultânea de dados referentes ao esfíncter superior, corpo esofágico e esfíncter inferiordo esôfago. — Proporciona maior conforto ao paciente devido ao tempo reduzido de exame. 2021.2 – MED UNIFTC Melissa Cristina Turma A | TUT 03 | 5º Semestre — Não sofre influencia de artefatos de movimento. — Identificação de fenótipos clinicamente relevantes, como os subtipos de acalásia, que possuem respostas terapêuticas distintas. Na imagem acima, observa-se uma manometria de alta resolução. O paciente ao deglutir um copo de água e a medida que o líquido desce pelo esôfago, tem-se o desenho do comportamento esofágico. • Cápsula Endoscópica: Uso único, não recuperável. O paciente engole a cápsula, no qual fornece cerca de até 3 fotos por segundo transmitidas para o gravador. o Indicações: Sangramento gastrointestinal de origem indeterminada, incluindo anemia ferropriva; suspeita de doença celíaca ou quando esta é refratária ao tratamento aplicado; suspeita de tumores de intestino delgado; vigilância nas síndromes polipoides, especialmente Peutz-Jegher. o Contraindicações: Obstrução de TGI; fístula; gravidez. • ECOEndoscopia ou US Endoscópico: Transdutor acoplado na ponta do endoscópio alto ou baixo. Determina a mucosa, submucosa e a musculatura da parede do trato digestório. É avaliado o esôfago, estômago, reto, pâncreas, vias biliares e vesícula biliar. o Indicações: Estadiamento de neoplasias intraluminais gastrointestinais; avaliação de lesões submucosa, doenças pancreatobiliares, afecções mediastinais, lesões perianais, lesões extraluminais; punção de cistos. O exame permite que identifique e separe as camadas. Para assim, relacionar onde está a lesão. • CPRE – Colangio pancreatografia retrógrada por via endoscópica: Procedimento híbrido que precisa-se de médico radiologista, anestegiologista e endoscopista. Tem acesso lateralizado, que permite visualizar a papila duodenal, na qual, recebe o colédoco e o ducto pancreático. Logo, pode-se trabalhar com esse exame o pâncreas e as vias biliares. o Principal indicação: Coledocolitíase > 95%. o Indicações: 2021.2 – MED UNIFTC Melissa Cristina Turma A | TUT 03 | 5º Semestre Introdução É uma condição crônica que se desenvolve quando ocorre o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago e órgãos adjacentes, causando sintomas e/ou complicações. Depende de que tipo de material irá justificar ou não os sintomas, o material pode não ser necessariamente apenas ácido clorídrico, irá ocorrer também pela pepsina (pode causar lesões), sais biliares (refluxado não ácido) e tripsina (enzima produzida pelo pâncreas que reflui até chegar no esôfago). • Fatores de risco: Obesidade, baixo nível educacional, baixo status socioeconômico, genética, tabagismo, consumo de álcool, postura inclinada, refeições noturnas e estresse. • Classificação: o DGRE não erosiva: 50-70% de todos os casos (maioria). Observação: Não apresentam erosões (achados na endoscopia, são soluções de continuidade que tem na mucosa esofágica, geralmente acontece na transição da mucosa esofágica com a gástrica. E essa solução de continuidade é classificada dependendo do tamanho da erosão: é maior ou menor que 5mm – classificação de los angeles). o DGRE erosiva: Possui menor quantidade. Dúvida: — O que acontece para a doença do refluxo se desencadear? Quando há o aumento da presença de ácido mais localizado na parte do esôfago distal, acontece o aumento na produção de duas citocinas pró-inflamatórias (interleucina-8 e o fator ativador de plaquetas), que recrutam neutrófilos e acontece a inflamação aguda. Observe na imagem abaixo: Quanto maior for o tempo de exposição do terço distal do esôfago ao ácido, maior o grau de lesão será identificado na endoscopia. • DRGE X Pirose funcional: o Pirose: sensação de queimação retroesternal que se irradia do manúbrio esternal até a base do pescoço; ocorre em geral 30-60 minutos após a ingestão de alimentos, especialmente se a refeição copiosa (volumosa), ou rica em gordura ou ácido, podendo ser aliviada após a ingestão de antiácido, ou mesmo água. É uma sensação transitória; tem piroses recorrentes e continuas (em determinado momento, ex: jejum). o Existem dois diagnósticos funcionais: 1- Pirose funcional: O paciente possui pirose clinicamente estabelecida. Porém, com a endoscopia e Phmetria normais. 2- Hipersensibilidade visceral: Acontece pela hiper- ativação dos receptores sensitivos. ! Relembrando: o ser humano possui receptores sensitivos espalhados por toda a mucosa gastrointestinal. Porém, em determinados pacientes a uma sensibilidade maior nesses receptores e qualquer estímulo, mesmo que seja abaixo do limiar, ele amplifica o sinal no córtex aferente. Exemplo: pacientes com exposição ácida normal, com sintomas de DRGE. Observe a tabela abaixo: Essa tabela demonstra certos tipos de fármacos que podem causar pirose. Evidentemente, os sintomas são causados pelos pacientes que fazem o uso prolongado. Fisiopatogenia O DRGE acontece primeiramente pois, acontece uma ruptura do equilíbrio entre o mecanismo valvular e o gradiente de pressão transdiafragmático. ! Relembrando: o esôfago está na região cervical, torácica e abdominal. Possui mais de 40cm e está submetido a diferentes pressões. O gradiente de pressão transdiafragmática protege para que o refluxo não aconteça. Se não fosse por conta do gradiente e do mecanismo valvular (formado pelo esfíncter) o trânsito gastrointestinal seria anormal. Dúvida: — Quais mecanismos estão alterados/rompidos na DRGE? Gastroenterologia Gastroenterologia Refluxo 1- Depuração ácida esofágica ineficiente: é a capacidade que o organismo tem em que a secreção salivar (rica em bicarbonato) em tamponar/neutralizar o ácido refluído. Outro componente da depuração é a presença de ondas peristáltica – todo refluxo fisiológico quando chega no terço distal do esôfago é rapidamente iniciado o processo de depuração ácida através do aumento de produção de saliva e da motilidade esofágica, onde ondas peristálticas reflexas “empurram de volta” o ácido. Isso diminui o tempo de exposição do esôfago ao ácido. E esse mecanismo de exposição é rompido na doença do refluxo. 2- Defeito na resistência epitelial esofágica (muco e mecanismos celulares): O epitélio do esôfago é escamoso não queratinizado com complexos juncionais intercelulares firmes. Então, no DRGE haverá a “frouxidão” desses complexos, pois provoca edema e processo inflamatório (as citocinas são suficientes para romper os complexos). 3- Falha no mecanismo valvular: a válvula é formada pelo esfíncter inferior do esôfago e pela musculatura diafragmática. Então, quando tem-se uma lesão em ambos, haverá a possibilidade de desenvolver DRGE. Importante: Relaxamento transitório frequente que tem no complexo valvar: o indivíduo que possui DRGE tem relaxamento transitório frequente. E esses relaxamentos, permitem a subida do ácido. 4- Esvaziamento gástrico de pressão abdominal: existem pacientes que tem dificuldade de esvaziar o estômago (diabéticos ou com doenças neurológicas – gastroparesia). É o dificultamento do esvaziamento gástrico onde o alimento faz estase – acúmulo de ácido. O aumento da pressão (gestação, ascite e obesidade). ! A fisiopatologia do refluxo é uma gama de fatores que contribuem para a doença (citados acima). Além disso, a estudos que indicam que pode está relacionado também com a genética. É uma doença de tratamento a longo prazo, porém não há cura. • Hérnia de Hiato: Haverá a formação da bolsa de ácido pós prandial (reservatório de ácido). Ocorre uma protrusão de parte do fundo do estômago – a hérnia que se forma na cavidade intratorácica é parte do fundo do estômago, que caminha através do hiato diafragmático para a região intratorácica. ® As hérnias estão associadas a graus mais severos de doenças como: esofagite e esôfago de Barret (pré- maligna).• H. pylori X DRGE: relação de “proteção”: Essa bactéria coloniza a mucosa gástrica através da produção da uréase, tornando o ambiente mais propicio. Porém, existe certas cepas (CagA +) desse microorganismo que desenvolvem proteínas protetoras contra o desenvolvimento de esofagite intensa, esôfago de Barret e adenocarcinoma esofágico. Essas cepas causam gastrite do tipo atrófica (atrofia nas células parietais – produzem ácido clorídrico). Assim, explicando a “proteção” contra essas patologias. Manifestações Clínicas • Típicos: Pirose + Regurgitação. • Atípicos: Tosse crônica (mais comum), ronquidão e erosão dentária estão mais relacionados com DRGE. ® Pacientes com esse sintoma possuem baixa resposta ao tratamento com os inibidores de bomba de próton (Omeprazol, pantoprazol...). O teste terapêutico nesse caso é mais prolongado. Diagnóstico • Investigação: Tabagista? Irritantes ambientais? Exclusão de asma e secreção pós-nasal? RX de tórax e seios da face normais. • Clínico: Sintomas típicos com frequência mínima de 2/3x na semana Dor torácica não Cardiogênica: Cardíaca (DTNC): -> Retroesternal -> Pontada ou HTXE. -> Pós refeição -> intensa -> Dura segundos. -> irradia para -> irradia para o o braço esq. ou dorso região cervical -> Aperto -> após esforço fis -> alivia com . repouso -> >20min e pelo menos por um período de 4-8 semanas ou mais. Não é necessário exames complementares para dá o diagnostico de DRGE, ele é clínico. o Queixas típicas: teste terapêutico com Inibidores de bomba de próton (IBP)– principalmente em pacientes abaixo de 40 anos e que não tem sintomas de alarme, faz em dose padrão por 4 semanas. ® Teste positivo: Sintomas abolidos (pirose e regurgitação). ® Teste negativo: Sintomas presentes; submete o paciente ao EDA. o Queixas Atípicas: teste terapêutico com IBP em dose dobrada por 8-12 semanas. >40 anos. ® Teste negativo: Sintomas presentes; submete o paciente a uma Phmetria 24h de dois canais. ! Recomenda-se EDA em todos os pacientes com sintomas crônicos de DRGE. ! Critérios de Lyon: É um novo consenso de 2018. A endoscopia deve ser inicial, de preferencia sem IBP, é essencial para o diagnóstico, tratamento e manutenção da DRGE. Dúvida: — Quando a EDA fornece diagnóstico de DRGE? Existem achados endoscópicos em paciente com sintomas, que possuem um valor preditivo alto para DRGE alto. Ex: Esofagite C ou D; Esôfago de Barret; Estenose péptica. Isso significa que, é muito difícil esses achados não estarem relacionados com DRGE. • Impedâncio Phmetria 24h: Padrão ouro. É quando o tempo de exposição ao ácido maior que 6%. Lembrando-se que é considerado o Ph do ácido inferior a 4%. ! Relembrando: uma sonda é colocada no nariz, possui seis transdutores relacionado a impedância e dois relacionados ao ph. Esses oitos sensores medem e qualificam o refluxado. No período de 24h, se o paciente apresentar o TEA (período de exposição ao ácido) > 6%, significa que o diagnóstico é DRGE; TEA < 4% deve-se buscar outro diagnóstico. • Endoscopia digestiva alta: o Indicações: ® Sintomas crônicos, com idade > 40 anos. ® Teste terapêutico negativo. ® Sintomas de alarme: disfagia, odinofagia, perda de peso, hemorragia digestiva, náusea, vômitos e história familiar de câncer. o Achados: ® Esofagite: ate 40% dos pacientes com DRGE. ® Ulcera esofágica. ® Estenose péptica/Esôfago de Barret. ® Adenocarcinoma. Dúvida: — Quando fazer biópsia? Quando tem-se Estenose, Barret e ulcera esofágica. Esôfago de Barret É uma complicação da DRGE, acontece cerca de 10-15% dos pacientes. Aumenta a chance para adenocarcinoma em até 40x. Endoscopicamente, observa-se um prolongamento do epitélio escamoso do esôfago, onde é substituído por um epitélio colunar/intestinal (que possui células caliciformes e tem característica de ser resistente ao refluxo – mecanismo de defesa). • Diagnóstico diferencial: Esofagite eosinofílica; Esclerodermina/ diabetes/ acalasia/ espasmo; Esofagite infecciosa; Esofagite medicamentosa; pirose funcional; doenas benignas/malignas de órgãos adjacentes; desordens musculoesqueléticas. Esofagite Eosinofílica: É uma doença que acontece por uma infiltração dos eosinófilos na mucosa do esôfago. O diagnóstico é feito por biópsia esofágica com a presença de 15 ou mais eosinófilos no campo de grande aumento. ! Na imagem acima, observa-se anéis circulares que se relacionam com a doença. Tratamento É um tratamento medicamentoso e não medicamentoso. • Não medicamentoso: o Moderar a ingestão: o Outros tratamentos clínicos: ® É importante que conheça os alimentos desencadeares; ® Elevação da cabeceira da cama (15 cm); ® Não deitar após as refeições (2h); ® Redução do peso corporal (se sobrepeso ou obeso); ® Goma de mascar ou pastilhas orais com bicarbonato: para estimular a salivação – tamponamento; ® Evitar refeições de grande volume e gordurosos: pra evitar a lentificação do esvaziamento gástrico; ® Suspender tabagismo: pois, diminui a pressão do esfíncter esofágico e na secreção do bicarbonato salivar; ® Evitar situações que aumentem a pressão intra-abdominal: obesidade, gestação e grandes massas. • Medicamentoso: o Drogas anti-secretoras: ® IBP – 1º linha: bloqueia a produção de ácido. Promove uma alta resolução dos sintomas e da cicatrização (omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, rabeprazol, esomeprazol); tomar 30 minutos antes das refeições. Possui melhor resposta. ® Antiácidos: alívio temporário, neutralizam a acidez gástrica. Faz o uso antes da refeição (hidróxido de alumínio e de magnésio). Contribuem para a neutralização e aumento do ph > 4, diminuindo a produção de pepsina e gastrina. ® Bloqueadores H2: alívio dos sintomas noturnos (Cimetidina, Nizatidina e Famotidina). ® Procinéticos: Aumenta a pressão do esfíncter esofágico, a contração gástrica e o esvaziamento gástrico (bromoprida, domperidona e metoclopramida). • Cirúrgico: ® Indicações controversas: alguns pacientes após 10 anos de tratamento podem apresentar ainda sintomas de DRGE. Pois, é sujeito a falhas. É indicado quando o paciente tem esofagite recidivantes (após tratamento de pelo menos 6 meses), baixa qualidade de vida, perspectiva de IBP por uso prolongado, complicações da DRGE, hérnias volumosas, baixa idade e refratário ao tratamento com IBP. ® É feito por uma laparoscopia, onde é feito uma nova válvula pelo fundo do estômago. - Gordurosos - Café - Chocolate - Menta - Hortelã Diminui a pressão do Esfíncter esofágico - Bebidas alcoólicas; - Alimentos ácidos; - Bebidas gasosas Agravam a irritação quando regurgitados. Eructações forçam a abertura do esfíncter Alívio dos sintomas Cicatrização da mucosa Prevenção de recorrência 2021.2 – MED UNIFTC Melissa Cristina Turma A | TUT 03 | 5º Semestre Introdução • Conceito: É a dificuldade de deglutir os alimentos sólidos ou líquidos. Sensação que o alimento para em sua descida ao estômago, estacionando em algum ponto entre o esterno e o apêndice xifóide. O termo disfagia refere-se a um sintoma que está relacionado a qualquer alteração no ato de deglutir, desde a boca até o estômago, e pode ocasionar complicações pulmonares, desnutrição e desidratação no indivíduo. Consideram-se disfagia orofaríngea quaisquer alterações decorrentes das fases oral e faríngea de diversas etiologias Dificuldade de deglutição (latu sensu): ® Para que ocorra a deglutição, é necessário que ocorra uma contração da musculatura esofágica. Essa musculatura é formada pelas camadas: circular e longitudinal.A camada circular precisa contrair primeiro para que a camada longitudinal contraia em seguida; ® Quando a camada circular contrai, existe um relaxamento da túnica muscular para que o bolo alimentar possa descer. Essa sincronicidade ocorre ao longo de todo o esôfago; ® Por último, ocorre o relaxamento do esfíncter esofágico interior para permitir que o bolo chegue até o estômago. Observe a Imagem: • Anatomia do esôfago: o Existe a camada mucosa e logo depois a camada submucosa, que apresenta o Plexo de Meissner, que é o plexo submucoso neurológico; o Segue-se com a camada muscular, que é divida em circular e longitudinal. Entre elas existe o Plexo Mioentérico de Auerbach. Observação: É importante saber que um desses Plexos é submucoso e o outro é muscular porque eles serão afetados e alterados em determinadas patologias como a Doença de Chagas e Acalasia. o Camada muscular circular: ® 4 - 5,6% proximal: músculo liso; ® 54 – 62% distal: músculo estriado esquelético; ® Existe uma musculatura de transição que corresponde a porcentagem residual que ficou da diferença entre o músculo liso e o estriado esquelético. • Semiologia: Quando há suspeita de disfagia no paciente, é preciso saber diferenciar alguns quadros de acordo com a sintomatologia: ® Odinofagia: há dor no processo de deglutição (fase oral-faringe-esofágica). Sendo assim, a dor pode ser referida na região de orofaringe ou na região toráxica. Essa dor é classificada como dor torácica não cardíaca; ® Afagia: impossibilidade de o paciente fazer a deglutição seja por alguma condição psiquiátrica ou por uma questão neurológica (quando há alguma lesão no tronco encefálico com comprometimento do centro da deglutição); ® Globus pharyngeous: o paciente apresenta uma sensação de “bolo” que não sobe nem desce. A pessoa precisa ingerir líquido ou saliva e ele permanece preso. É um sintoma atípico de refluxo; ® Fagofobia: geralmente acomete pacientes psiquiátricos e é o medo de se alimentar; o Classificação da disfagia: ® Orofaríngea: condições que afetam a cavidade oral, faringe e, em especial, o esfíncter esofágico superior (EES); ® Esofágica: ocorre depois do ato da deglutição, afeta principalmente o esfíncter esofágico inferior (EEI). o História clínica: ® Disfagia orofaríngea: Engasgos, regurgitação de líquidos pelas fossas nasais, refeições longas, se alimenta tossindo, voz molhada (fala parecendo gargarejo), perda de peso e desnutrição; Gastroenterologia Gastroenterologia Disfagia Abdominal Observação: Engasgo é diferente de entalo. O engasgo é sucedido de tosse, então, todo paciente que engasga vai ter dificuldade de deglutição por causa da tosse que é um mecanismo reflexo. Entalo é quando alimento fica preso, parado em alguma região do tórax. 1- Início súbito com outros sinais neurológicos: evento cerebrovascular (por exemplo: AVC); ® Disfagia esofágica: entalos na região retroesternal ou do apêndice xifóide; 1- Pode acontecer com alimentos líquidos, pastosos ou sólidos; 2- Normalmente o paciente apresenta alguma comorbidade; 3- Há medicações que também podem desencadear o quadro de disfagia. • Fases da deglutição: o Fase oral: Inicia-se com a mastigação, é voluntária e ocorre o preparo do alimento para ejeção; a língua está envolvida na preparação e condução do alimento, e apresenta músculos extrínsecos que favorecem a protrusão, retrusão e lateralização, e músculos intrínsecos responsáveis por alterar a sua forma e o seu tamanho. Simultaneamente, ocorre o fechamento da nasofainge, isolando a rinofaringe e ampliando a zona do esfíncter glossofaríngeo, o qual permanece fechado na presença de alimento na cavidade oral, para prevenir o escape prematuro em direção à orofaringe, abrindo durante a deglutição o Fase faríngea: é uma fase extremamente rápida, de transição, mas muito importante. Nessa fase recebe-se o alimento depois da mastigação e é necessário que haja exclusão da rinofaringe para que o alimento não saia através das fossas nasais. Além disso, há abertura da transição faríngeo- esofágica (TFE) como mecanismo de proteção das vias aéreas. É uma fase involuntária que envolve nervos cranianos. Qualquer distúrbio que acontece nessa fase dá origem à disfagia; A fase faríngea inicia-se com a entrada do bolo na faringe. Tal fase é coincidente com a elevação do palato mole contra a parede faríngea posterior, permitindo que o bolo deixe a boca, além de isolar a nasofaringe da possibilidade de regurgitação. Essa fase requer a realização bem-sucedida de duas condições: transporte completo do bolo através da faringe para o esfíncter superior do esôfago e proteção do caminho aéreo de aspiração do material deglutido. o Fase esofágica: essa fase também é involuntária e é responsável pelo transporte do alimento até o estômago através do mecanismo de contração da musculatura circular e relaxamento da tônica mucosa. A transição entre as fases faríngea e esofágica da deglutição é marcada pela passagem da onda de con- tração peristáltica faríngea pelo cricofaríngeo, encer- rando o relaxamento do ESE. • Resumo da disfagia: o Orofaríngea: ® Causas: 1- Mecânica; 2- Neurogênica; 3- Drogas; 4- Envelhecimento; 5- Doenças sistêmicas; 6- Funcional do recém-nascido prematuro; 7- Psicogênica. o Esofágica: ® Causas orgânicas ou funcionais: 1- Mecânica: intrínseca ou extrínseca, benigna ou maligna; 2- Distúrbios de motilidade: alteração na peristalse esofágica ou de relaxamento do esfíncter esofágico inferior (EEI). Disfagia Orofaríngea: Disfagia Orofaríngea é a dificuldade de engolir, seja alimento, secreção e medicamento, considerando desde o momento de retirada do alimento do talher até a passagem desse alimento pela faringe. • Impacto epidemiológico: Neonatos prematuros (por isso eles ganham uma sonda nasoenteral para alimentação) e idosos; ® Identificar as doenças sistêmicas e metabólicas; ® Localizar a lesão neurológica; ® Detectar aspiração, desnutrição e sepse pulmonar: o Grupo de risco: doenças neurológicas, alterações mecânico-estruturais, ventilação mecânica prolongada, intubações ou extubações traumáticas, traqueostomias. • Avaliação inicial: o Estrutural: dentição, higiene oral, próteses dentárias; o Funcional (consistência): National Dysphagia Diet (líquido, néctar, mel, pudim). • Exames complementares: o Vídeo deglutograma ou videofluoroscopia de deglutição: método radiológico não invasivo, registro em tempo real da dinâmica da deglutição das fases oral e faríngea. Tem baixa radiação; ® Identifica escapes para rinofaringe, eficiência do mecanismo de proteção das vias aéreas e a ejeção do bolo alimentar; o Estudo endoscópico funcional ou da deglutição: introdução nasal, avalia a dinâmica da abertura e fechamento da TFE, capacidade reflexa da via aérea, fase faríngea apenas. Quadro de etiologia da Disfagia Orofaríngea: Disfagia Esofágica: • Apresentação clínica: o Súbita – impactação por corpo estranho, E. eosinofílica (que ocorre devido a formação daqueles anéis no esôfago); o Progressiva com perda de peso – neoplasia; o Disfagia exclusiva para sólidos de longa duração – estenoses benignas, principalmente a séptica; o Disfagia intermitente para sólidos e líquidos + dor torácica – espasmo esofagiano benigno; o Disfagia para sólidos e líquidos de longa duração com estado geral bom – Acalasia. Quadro de etiologia da Disfagia Orofaríngea: • Disfagia esofagiana funcional: distúrbios de motilidade o Etiologia desconhecida; o Fisiopatologia é controversa; o Exemplos: ® Acalasia; ® Espasmo esofagiano difuso; ® Esôfago em quebra nozes; ® Esfíncter inferior hipertenso; ® Distúrbio motor inespecífico (MEI). Observação: A disfagia esofágica funcional tem etiologiadesconhecida com exceção da Acalasia, que é conhecida como “Distúrbio de Motilidade verdadeiro” porque é possível definir a fisiopatologia desse distúrbio. o Esses distúrbios ocorrem quando há alguma alteração nos Plexos da camada circular (Plexo de Auerbach) e da camada submucosa (Plexo de Meissner). • Sintomatologia das anormalidades motoras do esôfago: • Exames complementares para o diagnóstico: o Esofagomanometria: Padrão de referência (critérios específicos para cada distúrbio: tônus e relaxamento do EIE) – Chicago 2010; o Endoscopia (EDA): afasta lesões orgânicas e funcionais; o Estudo radiológico do esôfago-estômago e duodeno (EREED) ou esofagografia: baixa sensibilidade. o EED: Espasmo esofagiano difuso: aspecto em terço de rosário ou espiral, não afeta a transição esôfago- gástrica; o Acalasia: dilatação a montante, nível hidro aéreo, aspecto “bico de pássaro”; o Esôfago em Quebra Nozes (EQN): achados inespecíficos, ondas peristálticas terciárias podiscinesia esofágica. Acalasia: É fator de risco para neoplasia de esôfago (10-50x); Acalasia é o único distúrbio motor universalmente aceito como verdadeiro (fisiopatologia conhecida); A = não Calasia = relaxamento Doença idiopática, secundária à perda seletiva da função dos neurônios inibitórios dos plexos mioentéricos; • Fatores desencadeantes: o Infeccioso ou ambiental (nutricional, toxinas): Infiltrado inflamatório de linfócitos T ao redor de neurônios do plexo mioentérico; o Resposta autoimune (HLA DQw1): destruição do plexo mioentérico em corpo distal e EEI. • Quadro clínico: o Fases iniciais: ® Dor torácica espontânea que alivia com líquidos (dura meses, anos após); ® Disfagia (70-90%): sólidos e líquidos com quadro geral bom, regurgitações semelhantes a clara de ovo e também de restos alimentares (70%); o Quadro avançado: Microaspirações crônicas eAnomalias pulmonares. • Diagnóstico diferencial: o DRGE; o Pseudocalasia (5% dos pacientes com suspeita de acalasia) que ocorre devido à obstrução neoplásica submucosa; o Operações na junção esôfago-gástrica; o A acalasia pode ocorrer também devido à doença de Chagas, que é caracterizada pela degeneração dos plexos mioentéricos pela ação do Trypanossoma Cruzi. • Distúrbio de motilidade funcional – causa secundária: Doença de Chagas ® 65 milhões de pessoas em 21 países endêmicos das Américas; ® 1950: 1ª campanha de profilaxia da doença de chagas; ® Brasil (2007): Região Norte > Região Nordeste; ® Protozoário flagelado Trypanossoma Cruzi (forma amastigota dentro das células); o Transmissão: ® Oral: acidental (mais frequente) – vetor infectado macerado nos alimentos como caldo de cana-de-açúcar e açaí; ® Vetorial: através das fezes do vetor; ® Vertical; ® Transfusão sanguínea/tecidos. o Classificação de Rezende para os graus de dilatação esofágica: ® Grau I: esôfago hipotônico e presença de bolha gástrica; ® Grau II: esôfago dilatado moderadamente e apresentando ondas terciárias frequentes; ® Grau III: esôfago dilatado e apresentando aspecto de “bico de pássaro” da cárdia. Apresenta ondas terciárias, mas pouco frequentes; • Tratamento: o Acompanhamento nutricional + orientação da consistência alimentar + relaxantes musculares (para reduzir o tônus do EIE): ® Nitratos, bloqueadores dos canais de cálcio, inibidores da fosfodiesterase (sildenafi), antidepressivos; o Acalasia: ® Toxina botulínica – FPP: Acalasia vigorosa / > 50 anos / boa resposta inicial; ® Dilatação pneumática – FPP: idade mais velha, redução do tônus basal > 50% após dilatação; ® Cirurgia: Miotomia de Heller. Os indivíduos com quadro clínico suspeito de acalásia devem passar por completa investigação diagnóstica, uma vez que os sintomas por si só não são suficientes para diferenciar esta de outras doenças do esôfago. Além disto, investigação detalhada e sistemática permite não apenas diagnóstico correto e rápido mas também contribui para melhor escolha do tratamento e prognóstico destes pacientes. 2021.2 – MED UNIFTC Melissa Cristina Turma A | TUT 03 | 5º Semestre Introdução • Conceito: É uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com um dano tecidual real ou potencial. Para que isso aconteça, faz-se necessário alguns componentes, como a percepção do tecido lesado (sensitivo) e interpretação de tal dano (cognitivo). A dor pode surgir pela: Parede abdominal (fibras rápidas), peritônio parietal (condução lenta) e pelas vísceras (condução lenta). O que diferencia essas dores é a fibra aferente que conduz essa dor. Dúvida — De onde vem a dor abdominal? 1- O nível um representa os neurônios aferentes. Os neurônios aferentes viscerais são fibras de condução lenta, que irá até o corno anterior da medula. A característica da dor é insidiosa e não localizada. 2- O nível dois representa os neurônios que cruzam até o lado contralateral da medula e sobe até o tálamo (recebe os neurônios dois e leva os neurônios três para o córtex – onde faz a interpretação da dor) e substancia reticular. 3- O nível três representam neurônios que levam até o córtex e sistema límbico. • Tipos: o Visceral: Decorrente de um estímulo mecânico (por uma distensão) ou químico. Essa dor tem característica de ser insidiosa, não localizada (Epigástrico, mesogástrio e hipogástrio), acompanha de sudorese, palidez, náuseas e vômitos. Pode ser causada por: obstrução intestinal, biliar e uretral. O processo dessa dor é encaminhado pelos neurônios aferentes de fibras de condução lenta. o Parietal: Decorrente quando existe o comprometimento do peritônio parietal. Essa dor tem característica de ser aguda, intensa, localizada (condução mais rápida), piora com a tosse, movimentos bruscos e palpação. Pode ser causada por uma apendicite aguda e diverticulite aguda. o Referida: Acontece no ponto diferente do local do órgão doente: IAM (refere for na região do epigástrico e hipocôndrio direito), gravidez ectópica (dor na região da escápula; os neurônios aferentes entram na mesma altura do corno anterior da medula, então tanto o aferente que trás a informação da sensibilidade da escápula, quanto o aferente da tuba uterina entram na mesma altura e ocorre uma “confusão” na orientação da dor no tálamo.) e dor diafragmática. • Raciocínio diagnóstico; A associação entre a localização da dor e a doença é tão variável que aproximadamente 1/3 dos pacientes submetidos à intervenção cirúrgica se apresentam com um padrão que os médicos retrospectivamente consideram atípico. ! Pancreatite: pode acometer a região umbilical, epigástrico, hipocôndrio direito e esquerdo. o Mecanismo da doença: ® Qualquer dor abdominal aguda acontecerá por: obstrução de víscera oca; distinção de superfície visceral; inflamação de víscera; irritação do peritônio parietal; distúrbios vasculares; distúrbios da parede abdominal. Observação: Lembre-se que, nem toda patologia vai está relacionada necessariamente com a posição do quadrante (exemplo pancreatite). • Decálogo da dor: Gastroenterologia Gastroenterologia Dor Abdominal É importante caracterizar a dor para que possamos fazer o diagnóstico adequado. Além disso, é importante perguntar ao paciente se teve cirurgias abdominais prévias, pois o quadro de sub-oclusão intestinal pode se apresentar com quadros atípicos. o Sinais de alerta: Dor intensa, sinais de choque (taquicardia, hipotensão, diaforese e confusão mental), sinais de peritonite e distensão abdominal. • Interpretação de dor abdominal: ® Obstrução intestinal: distensão, presença de cicatrizes, timpanismo à percussão e peristaltismo hiperativo ou borborigmos com oscilações. ® Colecistite e Apendicite (QID): dor intensa, abdome silencioso, paciente deitado o mais imóvel. ® Aneurisma da aorta abdominal roto:dor na região dorsal com choque hipovolêmico. ® Gestação ectópica rompida: choque hipovolêmico mais sangramento vaginal em uma mulher grávida. ® Pancreatite hemorrágica: Equimoses dos ângulos costovertebrais (sinal de Grey Turner) ou ao redor do umbigo (sinal de Cullen). ® Gastroenterite: Dor leve a moderada na presença de peristaltismo ativo normal. ® Mecanismo obstrutivo (cólica renal ou biliar): Paciente que está se contorcendo tentando encontrar uma posição mais confortável. ® Obstrução causada por adesões: Cirurgia abdominal prévia. • Etiologia: Doenças Agudas • Apendicite Aguda: o Fisiopatogenia: Acontece por uma obstrução da luz por fecalitos, tumores carcinoides, adenoCa, parasitas ou hiperplasias linfoides secundárias a infecção. 1- Obstrução. 2- Aumento da pressão dentro da víscera oca, o que causa estase de fluxo linfático e de pequenas veias. ! Relembrando: a camada muscular dos vasos linfáticos e da microcirculação é mais frágil do que a camada vascular de uma artéria. Assim, qualquer aumento de pressão acaba comprometendo o fluxo linfático e circulação de veias, podendo evoluir para trombose, isquemia, necrose e perfuração. o Quadro Clínico: Início com uma dor incendiosa abdominal difusa periumbilical ou epigástrio e anorexia. Após 24- 36 horas, há o quadro de dor na FID associada ao sinal de psoas. ! Além disso, em crianças terá descompressão brusca no ponto de McBurney (é um achado importante para fechar o diagnóstico). Crianças e idosos podem apresentar dor atípica. ! A dor em plastrão ocorre quando tem-se uma dor abdominal prolongada. o Sinais: ® Sinal de Rovsing: dor na FID quando comprimir o abdômen do lado esquerdo; sensibilidade rebote. ® Sinal de Psoas: dor na FID quando faz-se a flexão do quadril direito; apendicite retrocecal. ® Sinal do obturador: Apendicite pélvica. o Diagnóstico diferencial: A dor possui duas características nessa patologia, parietal e visceral (inicialmente). E por conta disso, é essencial fazer seu diagnóstico diferencial. ® É importante, que os pacientes com a suspeita de apendicite aguda realizem exames como: hemograma, PCR, beta HCG, urina tipo 1. ® O grande diagnóstico diferencial de apendicite aguda é a infecção do trato urinário e gestação. ® O diagnóstico padrão de referência é por imagem de tomografia com contraste venoso. Os exames de Raio-X e USG não possuem muita importância, pois possuem algumas situações de limitações. o Tratamento: É tratado cirurgicamente. Porém, utiliza-se também antibióticos (aeróbios e anaeróbios). • Colecistite Aguda: o Fisiopatogenia: Ocorre a obstrução da luz do infundíbulo ou ducto cístico, tendo aumento da pressão intraluminal, fortes cólicas, estase de fluxo linfático, oclusão de pequenas veias, trombose, isquemia de parede, necrose e perfuração. o Causas: ® Litíase (90%). ® Neoplasia (4%). ® Alitiásica: a colecistite é desenvolvida sem achados cálculos e neoplasias. As causas mais comuns são: nutrição parenteal prolongada, pós operatório de grandes cirurgias, politrauma (com muitos hematomas e reabsorção de hemácias e bilirrubina), pós colocação de próteses biliares e SIDA (pacientes imunossuprimidos). De uma forma geral, a causa alitiásica deve-se há uma má perfusão tecidual, comprometendo a microcirculação. o Clínica: ® Dor epigástrica em cólica contínua no HCD, escápula, náuseas, vômitos reflexos. Com evolução de dor localizada em HCD que piora com inspiração. ® Icterícia – 20%. Não é um sintoma comum, apresenta-se quando se tem uma inflamação e desaparece após 24 horas. ® Sinal de Murphy: quando se é presente, é um sinal patognomônico de colecistite aguda. o Diagnóstico: ® Exame abdominal (Murphy positivo ou dor abdominal HCD ou plastrão no HCD) + sinal sistêmico de inflamação (leucocitose ou aumento de PCR) + exame de imagem (USG abdômen, sugerindo inflamação). Observe a imagem: Nessa imagem, é possível observar uma vesícula normal e outra com colecistite aguda (com a presença de lama biliar preenchendo parcalmente a vesícula – cor acinzentada; e com sua parede de forma trilaminar – controno branco -> preto -> branco, é um edema de parede). ® TC de abdome e RM de abdômen: obesos, abscessos associados, alitiásica. ® Cintilografia de veias biliares: em causas atiliásicas; é um exame com contraste venoso que simula a produção da bile. Se caso acontecer o preenchimento da vesícula adequada pode ser de cauda alitiásica. ® Laboratório: é pouco específico; Leucocitose, aumento de PCR, aumento de BD, aumento de amilase e aumento de FAL. o Tratamento: ® Cirúrgico: Colecistectomia principalmente na fase aguda (precoce) + Antibióticos (gram negativos). • Pancreatite Aguda: Possui um amplo espectro de apresentação clínica. É a pancreática mais comum em adultos e crianças. Ademais, sua morbi mortalidade de padrão bimodal é automilimatada de 7 dias e em até 30% de mortalidade em casos graves. o Fatores de risco: sexo masculino, baixo nível socioeconômico e idade avançada. o Fisiopatogenia: ! Relembrando: o Pâncreas é um órgão exócrino e endócrino. Nessa patologia, refere-se a parte exócrina. 1- O que acontece é que na parte exócrina, haverá uma ativação prematura do tripsinogênio no interior das células pancreáticas. 2- Assim, haverá a ativação de zigmogênios e da fosfolipase A2 (que são enzimas responsáveis pelo processo de digestão – proteolíticas). 3- Dessa forma, promovendo uma autodigestão do pâncreas e de órgãos adjacentes. 4- Causando assim uma inflamação local ou sistêmica. ® Podendo ocorrer gravidades como: alterações microcirculatórias, vasoconstricção, estase capilar, shunts arteriovenosos, aumento da permeabilidade e isquemia. Assim, podendo causar extravasamento de água plasmática para o 3º espaço – chance de infecção. ® Fase tardia: tem-se infecções secundárias do tecido pancreático e peripancreático. o Diagnóstico: ® A dor abdominal (epigástrica ou no andar superior do abdômen) irradia para o dorso ou flancos, é contínua, mal definida, possui alívio na posição genupeitoral, é associada há náuseas/vômitos. Em casos graves: apresenta taxemia, respiração superficial, distensão abdominal, instabilidade hemodinâmica e íleo paralítico. Icterícia não é comum. ® Critérios diagnósticos: Paciente terá que possuir dois ou mais dos seguintes sintomas: dor abdominal + amilase e/ou lipase maior ou igual 3 vezes o limite superior da normalidade + achados de TC compatíveis. o Etiologia: o Classificação: ® A classificação é feita por dois critérios: 1- Ranson: há critérios na admissão do paciente e após de 48h iniciais. E com isso, faz-se a contagem dos itens para ver a pontuação final do paciente e sua chance de mortalidade. 0 a 2: <1% 3 a 4: 15% 5 a 6: 40% Mais de 6: 100% 2- Atlanta: Critérios que vão analisar se é leve, moderada ou grave. Além de seu prognóstico. ® Outro critério é o de prognóstico: APACHE II: É mais trabalhoso, pode ser calculado várias vezes ao longo do dia. É o somatório da avaliação de 4 sistemas que o compõe, dando o resultado final: 0 pontos: sem condições crônicas. 2 pontos: com história de condições crônicas, se o doente for admitido após cirurgia eletiva. 5 pontos: com história de condições crônicas, se o doente for admitido por cirurgia de urgência ou por outro motivo. Observe a tabela: o Tratamento: ® Medidas gerais mais analgesia. ® Reposição volêmica (sequestro de liquido no 3º espaço). ® Antibióticos em casos graves com necrose infectada (bolas no retroperitônio, persistência de dor abdominal, dificuldade de realimentar viaoral e disfunção orgânica persistente). ® Nutrição: jejum oral. Quando estável, pode-se colocar uma sonda nasojejunal, para não estimular o pâncreas. E dieta parenteral se o paciente está grave. Realimentar se caso houver melhora da dor e redução de amilase/lipase. • Diverticulite: Considerada apendicite aguda do lado esquerdo”. É uma doença diverticular com sinais e sintomas que refletem inflamação diverticular. Localizada no cólon sigmoide em mais de 90% dos casos. o Clínica: dor abdominal em QIE, febre, náuseas e vômitos. o Diagnóstico: TC de abdômen. o Tratamento: ® Ambulatorial: Hinchey I – dieta + antibióticos: o tratamento pode ser em casa. ® Internado: falha terapêutica, imunossupressos e múltiplas comorbidades. o Complicações: 1- Obstrução: tratamento clínico – cirúrgico. 2- Perfuração: Maiores dimensões; tratamento clínico – cirúrgico. 3- Hemorragia: mais frequente no colon direito; inversão do divertículo que traciona vasos ou fecalitos; tratamento com colonoscopia (só é contraindicada quando suspeita de obstrução). Doenças Crônicas • Dispepsia Funcional: o Conceito: é um grupo heterogêneo de sintomas recorrentes e crônicos localizados na parte superior do abdome. o Classificação: ® Funcional (desordem do eixo cérebro-intestinal): queixas iniciadas nos últimos 6 meses e mais frequentes nos últimos 3 meses. Ausência de lesões estruturais (EDA normal) que possam justificar o quadro clínico. Ainda, possui uma subdivisão em: 1- Síndrome da distensão pós-prandial (plenitude pós-prandial; saciedade precoce em 3x na semana). 2- Síndrome da dor epigástrica (dor e ardor epigástrico de forma intermitente). ® Orgânica: Possui um diagnóstico diferencial amplo de patologias orgânicas. Arsenal de patologias. Segundo o critério de roma IV 1- Um ou mais sintomas (plenitude pós-prandial; saciedade precoce; dor abdominal; ardor epigástrica; distensão abdominal. 2- Não há evidencias de patologias estruturais (endoscopia normal; ausência de infecção por H. pylori; ausência de patologia orgânica sistemática ou metabólica). 3- Sintomas ativos durantes os últimos 3 meses. o Fisiopatologia da dispepsia funcional: ® Multifatorial e controversa. ® Gatilhos das crises: os pacientes que possuem essa patologia, entraram em contato com alimentos que estimula a produção de ácido clorídrico (lipídios, polissacarídeos e fermentáveis). FODMAP: é um acrônimo para um conjunto de carboidratos osmóticos que podem ser de difícil digestão para algumas pessoas: Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides and Polyols. 1- Gastroenterite infecciosa: O paciente teve um quadro dessa patologia por vírus, desencadeando uma dispepsia funcional. 2- Eosinofilia gastro-duodenal. ® Sempre haverá um cenário psicossocial nesse paciente: ansiedade, depressão ou surto psicológico associada a uma sensibilidade visceral exacerbada. ® Independente de qual tenha sido o gatilho, acontece uma alteração da microbiota gerando uma micro inflamação de mucosa. Essa micro inflamação será percebida pelo cérebro, por uma percepção exacerbada e a resposta efetora será a diminuição de fatores inibitórios. Dúvida: — E o que causa esses fatores inibitórios? Diminuição da motilidade antral e relaxamento do fundo. Observação: O que ficou estabelecido no critério de roma, é que quando o médico for diagnosticar um paciente com dispepsia funcional (descartando patologias orgânicas) e tiver como um único achado a presença de infecção por H. pylori, é necessário o tratamento dessa infecção (apesar de não possuir úlceras e nem gastrite). o Diagnóstico: 1- Sintomas de alarme (afastar doenças orgânicas): Início >50 anos, emagrecimento, anemia ferropriva, vômitos recorrentes, disfagia progressiva, sangramento, tumoração abdominal palpável, HF neo gástrica, úlcera péptica anterior e icterícia. Esses sinais, precisam estar negados na anamnese quando tem-se um paciente com suspeita de dispepsia funcional. 2- Exclusão de AINEs eS: redução de ácido. 3- Se sintomas de DRGE típicos: fechar esse diagnóstico provisório e iniciar tratamento empírico, de houver persistência de sintomas, DRGE improvável. Observação: Pois, às vezes não consegue fechar o diagnóstico de dispepsia funcional em uma primeira consulta. Então, se o paciente tiver sintomas dispépticos e com suspeita de DRGE, ao paciente voltar sem melhora nenhuma, se duvida de novo de dispepsia funcional. 4- Afastar Estrongiloidiase e Giasdíase. 5- Afastar doença celíaca e intolerância a lactose. 6- EDA durante período sintomático e sem uso de terapia anti-secretora: Os pacientes não devem estar em uso de IBP e antiácidos para fazer a EDA. 7- US de abdome e exames laboratoriais. 8- Abordagem ampla e global: avaliar se o paciente precisa de psicoterapia. Roma IV, novos diagnósticos: ® Síndrome da hiperemese Canabinoide: pacientes que fazem o uso exarcebado de cannabis e acabam desenvolvendo náuseas e vômitos que confundem o quadro clínico com DRGE. ® Constipação induzida por opióide; ® Síndrome Narcótica intestinal; ® Esôfago hipersensível; o Tratamento: ® Recomendação de hábitos dietéticos (exclusão de FODMAPs) e atividade física. ® ARSENAL: faz-se o uso de procinéticos, anti secretores, psicotrópicos e psicoterapia. Observe a imagem: Se o paciente tiver uma dispepsia do tipo dor epigástrica: Inicia-se o inibidor de bomba de próton; se não houver sucesso, vai para os procinéticos e depois segue a sequência da imagem acima. Se o paciente tiver uma dispepsia do tipo desconforto pós- prandial: Inicia-se com procinéticos; se não houver sucesso, vai para os inibidores de bomba de próton e depois segue a sequência. • Síndrome do intestinal irritável: o Conceito: É uma doença do eixo cérebro-intestino; possui prevalência maior em mulheres e < 45 anos. o Fisiopatologia: É uma doença que possui muitos fatores; não há cura. ® Polimorfismo genético: justificando a síndrome do intestino irritável. Isso é uma variação na sequência do DNA; essa variação é às vezes troca de apenas um nucleotídeo, que dá origem a uma nova proteína/enzima que não a efeito adequado. ® Haverá o aumento da permeabilidade intestinal, má absorção de ácidos, alteração do metabolismo (leva a produção de serotonina – bactérias intestinais produzem serotonina, o que faz ter um efeito local e sistêmico), alteração da função neuromuscular do trato intestinal, alteração do microbioma (os pacientes com síndrome do intestino irritável se beneficiam de um “transporte fecal” de pacientes eubióticos), alteração imune (ex: mudanças na IgA – é uma imonoglobulina responsável pela proteção do trato-gastrointestinal), uso de antibióticos <2 anos, consumo de gordura, baixa ingestão de fibras, baixa atividade física e estresse. É um conjunto de achados que justificam a patologia. ® Sequência de fatos: Infecções ou os alimentos FODMAP: 1- causam aumento da permeabilidade intestinal que leva 2- A alterações nas junções intracelulares, permitindo 3- A absorção do material nocivo, pois se as junções estão “frouxas” o material nocivo passa entre as junções ocasionando 4- processo de inflamação local e influxo de células inflamatórias, o que altera 5- a função neuromuscular do trato intestinal. o Diagnóstico:É através dos critérios de ROMA IV. o Tratamento: 1- Exclusão dos FODMAPS: Primeiro retirando os monossacarídeos por 3 dias; se não houver melhora, retirar os mono e os dissacarídeos pelos próximos 3 dias; se persistência, adicionar a restrição dos oligossacarídeos por mais 3 dias (se houver melhora, entende-se que o agente causador do paciente está nos oligo). ® Mantém o paciente com as restrições por 30 dias (não esquecer de fazer a suplementação de probióticos e fibras solúveis prebióticas não fermentáveis). ® Após, faz os testespara a reintrodução (sempre feita do último para o primeiro – oli, di e mono). ® Fase de personalização da alimentação. Houve várias criticas quando essa proposta surgiu há 10 anos atrás, pois, ao retirar certos alimentos do dia a dia, iria alterar de qualquer jeito a microflora. Para da certo a restrição foi feito as seguintes fases citadas acima. 2- Redução das fibras insolúveis (não fermentáveis, para melhorar a consistência do bolo fecal) e aumento das solúveis (fermentáveis – produzem ácidos graxos de cadeia curta importantes para permanecer o trofismo das células intestinais). 3- Bifidobacterium spp. e Lactobacillus plantarum. 4- Drogas antiespasmódicas – hioscina/buscopan, pinavério e otilônio; Oleo de hortelã-pimenta. 5- Antidepressivos tricíclicos. 6- Lubiprostona. • Gastrite crônica: É uma condição pré cancerosa quando associada a atrofia avançada, metaplasia e alterações epiteliais displásicas. o Fatores causais: ® H. pylori: é a mais comum; é uma bactéria gram negativa, espiralada e que coloniza apenas o estômago; ® auto imunidade; ® irritação química (bile e AINE); ® irradiação, drogas, vasculites, glúten, crohn e sarcoidose. o Quadro clínico: Assintomático ou desconforto abdominal, dor abdominal, plenitude pós prandial, náuseas, vômitos relacionados com ingestão de certos alimentos, álcool e estresse. o Fatores de gravidade: virulência da bactéria H. pylori, suscetibilidade genética, resposta imune e fatores ambientais. o Doenças associadas: câncer gástrico, doença ulcerosa péptica, pólipos, tumores carcinoides e anemia perniciosa. o Carcinogenese: Quando a gastrite se torna crônica. Cascata de Pelayo correa: Existe dois tipos de pacientes: os que produzem alta ou baixa produção de ácido que ao longo do tempo irá estimular a metaplasia gástrica (transformação da célula epitelial intestinal em célula gástrica). ® Alta produção de ácido: leva uma carga aumentada de ácido para o duodeno e estimula a colonização da mucosa – desenvolvendo úlcera duodenal. ® Baixa produção de ácido: Quando esse paciente entra em contato com a bactéria H. pylori, desenvolve atrofia e maior probabilidade de ter úlcera gástrica: 1- O paciente com inflamação crônica quando entra em contato com a bactéria, desenvolve gastrite atrófica (perda da glândula), diminuindo a produção de ácido e pepsinogênio, o que favorece a proliferação de bactérias. 2- Formação de compostos nitrosos: compostos carcinogênicos. o Diagnóstico: Essencialmente histopatológico – evidência processo inflamatório. • Doença ulcerosa péptica: o Conceito: são soluções de continuidade da mucosa gastro-intestinal secundárias ao efeito corrosivo do HCL e da pepsina, atingindo a submucosa e muscular. Sem H. pylori não há úlcera. Erosão duodenal 5x > Úlcera gástrica o Complicações: sangramentos e perfurações são mais comuns na pequena curvatura e parede anterior do bulbo. o Etiologia: o Fisiopatologia: ® Afecção de origem multifatorial. É o desequilíbrio entre os mecanismos de defesa e agressão. ® Se há fenótipo secretor de ácido + infecção por H. pylori: 1- Alta secreção -> gastrite crônica de antro -> úlcera duodenal. 2- Baixa secreção -> gastrite crônica de corpo -> úlcera gástrica. 3- Normo secreção: gastrite crônica. Sem úlcera. o Diagnóstico: ® O sintoma básico referido pelo doente ulceroso é dor localizada no epigástrio, com característica de queimação. ® EDA: ® Diagnóstico de H. pylori: 1- Invasivos (EDA): histologia – natureza benigna e maligna, cultura, uréase. 2- Não invasivos: teste sorológico, teste respiratório, pesquisa de antígeno fecal. o Quadro clínico: o Tratamento: ® Se o paciente tem doença ulcerosa péptica sem H. pylori, trata-se a úlcera através do bloqueio de antiácidos. ® Se o paciente tiver positivo para H. pylori, trata-se a bactéria através de: AMOXILINA 1G, CLARITROMICINA 500 MG E IBP 20 MG. Todos em 12/12h por 14 dias de tratamento. E a úlcera que já vem como uma complicação, pode-se usar o plasma de argônio (irradiação de luz), tratamento através de esclerose e hemoclip. • Pancreatite crônica: o Conceito: É a substituição do parênquima pancreático normal por áreas de fibrose e pelo surgimento de estenoses e irregularidades dos ductos pancreáticos. É progressiva; quanto mais precoce intervir, melhor prognóstico do paciente. É uma mutação dos genes: FSTR, SPINK 1 e PRSS1. Doença da função exócrina (tem que ser diagnosticado antes de evoluir para uma pancreatite crônica). o Fatores de risco: álcool (apenas 5% desenvolvem PC), tabagismo e desnutrição protéica. ! Quantidade de álcool que pode consumir: Mulheres – 80ml de etanol puro diário >5 anos. Homens – 100 ml de etanol puro diário por >5 anos. o Classificação: Marselha-Roma 1988: mais utilizada 1- Calcificantes: patologias que levam ao longo do tempo calcificações no pâncreas – alcoolismo crônico e hereditária (mutação de genes). 2- Obstrutivas: obstrução benigna do ducto pancreático; estenose pós-pancreatite aguda; estenose traumática; estenose de esfíncter de Oddi; disfunção do esfíncter de Oddi; pâncreas divisum; obstrução periampular; obstrução maligna de ducto pancreático, adenocarcinoma de pâncreas, papila e duoedeno. 3- Hipercalcemia: idiopática. 4- Inflamatória: autoimune ou idiopática senil. o Quadro clínico: ! É necessário evitar que o paciente evoluía para outros quadros clíncos. Ex: Interver com suplementação de enzimas, para não se tornar diabético. Além de, melhorar a dor abdominal. ! dor é o sintoma mais precoce e mais encontrado. Ela se localiza na região epigástrica, podendo irradiar- se para as laterais e para as costas. É uma dor crônica, de caráter intermitente, por vezes contínua, e francamente piorada com a ingestão de alimentos e álcool, sendo frequentemente acompanhada de náuseas e vômitos. Apenas uma parte dos pacientes terão a chamada “dor em faixa”, classicamente associada à pancreatite crônica. o Diagnóstico: ® Laboratório: 1- Amilase e lipase normais, mas podem estar pouco elevadas. 2- Alteração na bilirrubina e fosfatase alcalina: causada por obstrução ductal? 3- Autoimune: marcadores de: ANCA, Fator reumatoide e anticorpo de músculo liso. ® Imagem: calcificação em 30% dos pacientes. 1- TC/ US / RM: identificam a calcificação, dilatação ductal, coleção de fluidos e alterações do parênquima. 2- Ecoendoscopia: pacientes com suspeita de pancreatite crônica e com insuficiência exócrina leve a moderada, é um exame mais apropriado que fornece informações (textura, cistos, dilatações e permite punções para a biópsia) quando a doença ainda está mais precoce. ® CPRE: reservada ao pré-operatório. Para pacientes com doenças obstrutivas. 2021.2 – MED UNIFTC Melissa Cristina Turma A | TUT 03 | 5º Semestre Introdução • Quadro Clínico: o 300.000 internações nos EUA (extremamente alto); o Índice de mortalidade: 5% ® Comorbidades e idosos; o Manifestações clínicas variáveis: história clínica + exame físico com toque retal. Observação: O exame de toque retal é importante porque ele vai trazer a informação do “dedo sujo / dedo limpo”. O dedo sujo vai evidenciar um sangramento digestivo baixo enquanto o dedo limpo vai falar sobre uma hemorragia digestiva alta. • Anatomia do ângulo de Treitz: o O ângulo de Treitz é formado pela flexura duodeno jejunal, feita pelo ligamento de peritônio chamado ligamento suspensório de Treitz; o Sangramentos digestivos acima do ângulo de Treitz são causa de hemorragia digestiva alta, enquanto os sangramentos abaixo do ângulo são causa das hemorragias digestivas baixas. o A Hemorragia digestiva alta é chamada de Hematêmese Melena e a Hemorragia digestiva baixa de Enterorragia ou Hematoquezia;Observação: há exceções! Por exemplo, quando um paciente tem trânsito intestinal acelerado e apresenta sangramento digestivo alto, mas a apresentação clínica é na forma de enterorragia é exceção, pois isso acontece apenas na minoria dos pacientes. O contrário também acontece, quando um paciente tem trânsito intestinal lento ou que tenha alguma obstrução para esse trânsito, ele pode ter algum sangramento na região do cólon e esse sangramento se apresentar não na forma de enterorragia mas na forma de melena (com sangramento de cor escura). Classificação: • Hemorragia Digestiva Alta (HDA): o Varicosa; o Não varicosa. o Localização: esôfago, estômago e duodeno. • Hemorragia Digestiva Baixa (HDB): o Aguda: hematoquezia (< 3 dias) ou enterorragia; o Crônica: PSOF positivo; o Localização: cólon, reto e ânus. • Hemorragia Digestiva Média (HDM): o Após o surgimento de um exame chamado “enteroscopia” foi possível uma nova classificação da hemorragia digestiva, surgindo também a Hemorragia Digestiva Média. A enteroscopia é um exame, uma espécie de endoscopia do intestino delgado; o Localização: entre a papila do duodenal e a válvula íleo cecal. • Quadro Clínico: o História clínica e diagnósticos mais prováveis: ® Uso de AINH ou warfarina (anticoagulante): úlcera gastroduodenal; ® Enxerto aortofemural ou aneurisma: fístula aortoentérica, íleoentérica...; ® Hepatopatia crônica: varizes esofagogástricas; ® Polipectomia prévia: HDB; ® Púrpuras e petéquias: vasculites, leucemia e plaquetopenias; ® Ausência de dor abdominal: angiodisplasias; ® SIDA: KAPOSI, CMV, herpes, fungos e micoabacterioses; ® Vômitos ou soluços intensos: Síndrome de Mallory Weiss. Hemorragia Digestiva Alta • Etiologia: o Incidência: 50-100 por 100.000hab/ano; o Mortalidade: 13,2% ® Maior número de casos em idosos e pessoas com comorbidades. o Autolimitada em 80% das vezes; o Não varicosa (85%): ® Doença ulcerosa péptica (55%); ® Má formação arteriovenosa (6%); ® Mallory-Weiss (5%); ® Tumores (4%); ® Erosões (4%); ® Outras (11%); Gastroenterologia Gastroenterologia Hemorragia Digestiva o Varicosa (15%): ® Varizes de esôfago; ® Varizes gástricas; ® Varizes duodenais. o Etiologia: causas raras. Septicemia; Leucemia; Uremia; Púrpura; Hemofilia; Terapia Anticoagulante; CA de pâncreas; Corpo estranho; Queimaduras extensas; Lesões neurológicas; 8% causa desconhecida. • Atendimento inicial: o Medidas específicas: ® Reanimação cardio-circulatória; ® Estratificação à emergência médica. ® “O famoso ABC”: 1- Proteção de vias aéreas graves: prevenção de broncoaspiração (idosos, instabilidade hemodinâmica, Hb < 10, DAC); 2- Acesso a v. periférica e/ou v. profunda (choque): solução salina imediatamente e hemoconcentrados; 3- Monitoração dos sinais vitais; 4- Coleta de exames laboratoriais; 5- Coleta de história clínica e exame físico. o Hemorragia autolimitada: 80% das vezes à EDA dentro de 24h; o Hemorragia persistente: 20% das vezes à EDA de urgência, em até 12h. • Critérios de Alto risco: o Idade acima de 60 anos; o Uso de AINEs, antiagregantes e anticoagulantes; o Comorbidades (cardíaca, hepática e renal); o Creatinina > 1,7mg/dl; o Hospitalizações; o Hematêmese ou enterorragia de vulto; o Melena persistente; o Hipotensão ortostática; ✓ Hemotransfusões: Meta: HB > 7mg/dl Se DAC: HB > 9mg/dl ✓ PAS < 100mmHg FC > 100bpm Ressangramento HTx > 4UI nas 24h e > 8UI após ressangramento. • Varizes esofágicas e gástricas: o Hipertensão Portal: ® Esquistossomose; ® Trombose venosa esplênica e venosa porta; ® Cirrose; ® Sind Budd Chiari; ® Trombose da veia cava inferior. • Suspeita de HDA Varicosa: Observação: Terlipressina, octreotide e somatostatina são vasoconstrictores esplâncnicos que diminuem o volume de sangue que está indo para o trato digestivo. Podem ajudar o paciente durante alguns dias e podem ser associados à reposição volêmica e antibiótico profilático. o Balão hemostático de Sengstaken Blackmore: Para pacientes graves (medida salvativa temporária). ® Sangramento refratário ou severo por até 24h; ® Hemostasia em 60-90% de HDA por VE; ® Ponte até o tratamento específico; ® Realizar o tratamento definitivo após a desinflação. o Derivação Portossistêmica transjugular intra-hepática – TIPS: ® Descompressão do sistema porta sem cirurgia; ® Procedimento radiológico percutâneo que consiste em estabelecer uma comunicação intra-hepática entre um ramo da veia porta e da veia cava inferior; ® Indicações: tratamentos farmacológicos e endoscopias falharam à ressangramento; 1- Child C < 14 2- Child B com sangramento 3- Ascite refratária • Tratamento clínico da HDA varicosa: o Profilaxia primária: Baveno VI. ® Sem varizes: não há indicação formal de betabloqueadores; ® Varizes de fino calibre: indicação de betabloqueadores não seletivos (BBNS) se houver sinais da cor vermelha ou Child C; ® Varizes de médio ou grosso calibre: betabloqueadores não seletivos ou ligadura elástica das VE; ® Betabloqueadores: pronanolol, nadolol ou carvedilol (todos os três são anti-hipertensivos). o Profilaxia Secundária: Baveno VI. ® Ligadura elástica da VE e betabloqueadores não seletivos; ® Falha na combinação de LE + BBNS à TIPS; Observação: Cirrose descompensada à CI BBNS. Ascite refratária à cautela com BBNS. • Úlcera Gástrica Duodenal: o Grande causa de hemorragia digestiva alta (HDA) não varicosa; o Causas de úlceras peptídicas: ® Causas comuns: 1- Infecção por HP; 2- Uso de AINEs; ® Causas raras: 1- Síndrome de Zollinger- Ellison; 2- Hiperpatireoidismo; 3- Doenças granulomatosas (Doença de Crohn e sarcoidose); 4- Neoplasias (carcinoma, linfoma, leiomioma, leiomiosarcoma); 5- Infecções (tuberculose, sífilis, herpes simples, citomegalovírus); 6- Tecido pancreático ectópico. o UD > UG; o Diagnóstico endoscópico: diferenciar lesões benignas de malignas (formato irregular, fundo do nicho é necrótico, bordos endurecidos); o Baixa incidência; o Complicações: ® Sangramentos (15-20%) e perfurações (5%) são mais comuns na pequena curvatura e parede anterior do bulbo; o A maioria cessa espontaneamente; Observação: Se houver algum tipo de sangramento após a lavagem da úlcera gástrica, faz-se o tratamento endoscópico com hemostasia utilizando: - Álcool absoluto; - Etanolamina; - Polidocanol; - Adrenalina. Analise o esquema a seguir: • Síndrome de Mallory-Weiss: o 5-10% das HDAs; o 80-90% cessa espontaneamente; o definida como uma ou mais lacerações longitudinais agudas da mucosa na região da transição esofagogástrica, lesando plexos venosos e arteriais. o Tratamento: endoscópico – cirurgia; • Lesão Aguda de Mucosa Gastro-duodenal: o 5-25% dos pacientes no CTI; o Profilaxia: método não farmacológico mais eficaz é a nutrição entera; o IBP se torna a droga escolhida; o Fisiopatologia: quebra da barreira da mucosa à concentração crítica de H+ na submucosa à alteração do fluxo sanguíneo à isquemia da mucosa; o Múltiplas lesões hemorrágicas, puntiformes, erosões superficiais. o Uma combinação de drogas também pode ser responsável por essa lesão aguda da mucosa. Por exemplo: anti-inflamatórios + álcool + AAS. Hemorragia Digestiva Média o Introdução: É a hemorragia no intestino delgado (um órgão com extensão de aproximadamente 4-6 metros). Antigamente, era denominado de sangramento gastrointestinal de origem obscura (SGOO). A HDID corresponde a 5% dos sangramentos do TGI e o íleo é a região mais acometida. o Etiologia: ® Angiodisplasias: 20-30% dos casos. ® Tumores de intestino delgado: 1- Adenocarcinomas (35-50%); 2- Tumores neuroendócrinos (20%); 3- Linfomas (15%); 4- Sarcomas (13%); ® Tumores estromais (GISTs)–tumores nas células de Cajal. ® Outros: AINES, doença de Crohn, divertículo de Meckel e fístulas aortoentéricas. o Quadro clínico: Choque hipovolêmico – por conta de um sangramento; tratamento hospitalar. Sangramento culto: anemia, ferropenia e sintomas astênicos; o Diagnóstico: 1- EDA e uma colonoscopia; fácil acesso e afastar outras causas de hemorragias. Nas situações de sangramento oculto. 2- Cápsula endoscópica; nas situações de sangramento oculto. 3- Enteroscopia com duplo balão (DBE), balão único (SBE) ou em espiral; é um procedimento endoscópico de difícil acesso. 4- Enterotomografia: doença de Crohn; onde se há complicações. Hemorragia Digestiva Baixa o Conceito: ® A hemorragia digestiva baixa (HDB) era historicamente definida por conter o ponto de sangramento localizado distalmente ao ângulo de Treitz. Com a chegada dos métodos endoscópicos de investigação do intestino delgado, uma nova definição tem sido proposta, caracterizando a HDB como um sangramento que ocorre distal à papila ileocecal. ® O sangramento tende a ser autolimitado e cessa espontaneamente em cerca de 80% dos casos, com mortalidade de 2 a 4% nos principais estudos. ® 95-97% tem origem no cólon; Cólon esquerdo: vermelho rutilante. Cólon direito: sangue escuro ou marrom. o Fatores de risco: ® História familiar de câncer e Síndromes polipoides; ® HDB prévia e Radioterapia pélvica; ® Uso crônico de (AINES, salicilatos e anticoagulantes); ® Coagulopatias, colonoscopia recente e dieta pobre em fibra. o Etiologia: As duas principais etiologias são a doença diverticular e as angiectasias; verificaram como causas de sangramento: doença diverticular (30% - mais comum): cólon direito com menos frequência que o esquerdo. Porém, é onde mais tem sangramento, pois é uma parede mais fina e está associada a angiodisplasia; câncer de cólon e pólipos (18%); colites (17%); sem diagnóstico (16%); angiectasias (7% - principalmente >60 anos); pós-polipectomia (6%); causas anorretais (4%); outras causas (8%). o Classificação: A HDB pode ser classificada em aguda e crônica. A aguda é definida como de início recente (arbitrariamente com menos de três dias de duração) e pode resultar em instabilidade clínica, hematoquezia (colón esquerdo, reto e ânus), anemia e/ou necessidade de hemotransfusão. Na HDB crônica o sangramento acontece por um período mais prolongado, de forma mais lenta ou intermitente e episódios de melena no cólon proximal ou delgado. Pesquisa de sangue oculto em fezes positivo. o Quadro clínico: As principais manifestações clínicas são: 1- a pesquisa de sangue oculto positivo nas fezes (PSOF); 2- episódios de melena ou pequenos sangramentos visíveis pelo reto. 3- Aproximadamente 60% das HDB têm como causa lesões orificiais (hemorroidas e fissuras), seguidas pelo câncer colorretal em 11%, colites, pólipos e doença diverticular. o Abordagem: Irá depender se o paciente será instável ou não. ® Assim como na hemorragia digestiva alta, a principal conduta antes da realização de qualquer método diagnóstico é a reposição volêmica e estabilização do paciente. 1- O manejo dos pacientes com HDB aguda deve iniciar com uma anamnese adequada (verificar uso prévio de anti-inflamatórios, anticoagulantes, antiagregantes plaquetários, polipectomia recente, radioterapia pélvica prévia e outros), exames laboratoriais (índices hematimétricos, coagulograma) e exame clínico completo, incluindo a realização de anuscopia e toque retal, que auxiliam no diagnóstico de afecções anorretais (neoplásicas ou orificiais), além de confirmarem o aspecto do sangramento relatado pelo paciente. ® Colonoscopia: primeiras 24h (após a estabilização e preparo do cólon). É o exame de maior importância. Contraindicado em suspeita ou confirmação de perfuração gastro-intestinal. 2- Sangramento volumoso: EDA antes da colonoscopia, pois o paciente tende a instabilidade hemodinâmica, sendo um exame mais fácil para fazer no paciente. 3- Na crônica: colonoscopia e EDA eletivas. ® PSOF positivas; melena sem repercussão hemodinâmica. o Diagnóstico: 1- Cintilografia com hemácias marcadas: ® Pouco invasivo; são indicadas antes de submeter a arteriografia. Consegue perceber baixos sangramentos 0,1 – 0,5 ml. ® Desvantagem: localização imprecisa do foco de sangramento. Impossibilidade terapêutica. 2- Arteriografia mesentérica: ® Invasiva; possui localização precisa e possibilidade terapêutica; Padrão ouro. Consegue observar sangramentos >0,5 ml. 3- Cápsula endoscópica: ® Não invasivo; indicada quando o sangramento digestivo tem origem indeterminada. ® Desvantagem: não permite biópsias ou terapêutica. • Doença diverticular dos cólons: Divertículos surgem pela herniação da mucosa e submucosa através do defeito na camada muscular da parede intestinal e são mais frequentes no intestino grosso. Causa mais comum em HDB. ® Estima-se que 30% da população acima de 60 anos – e talvez 60% acima de 80 anos – apresentam a doença diverticular do cólon (DDC). ® Os divertículos se desenvolvem em áreas de fraquezas; ® causada pela diminuição do consumo de fibras, que ocasiona diminuição do volume fecal, aumento da pressão intraluminal e tensão da parede colônia. Assim, tendo uma hipertrofia muscular e divertículo de pulsão. ® A apresentação clínica mais frequente é a hematoquezia, sem dor abdominal associada. ® O diagnóstico definitivo é feito em aproximadamente 22% dos pacientes e, nesses casos, o divertículo sangrante visualizado à colonoscopia está localizado mais comumente no cólon esquerdo, de 50 a 60%. o Tratamento da doença diverticular: 1- Tratamento endoscópico: quando existe estigmas de sangramento – vaso visível. 2- Colonoscopia de urgência: ® Injeção de solução de adrenalina: apresenta taxa de sucesso imediato superior a 90%. Entretanto, em razão do risco de ressangramento, recomenda-se a combinação com outro método térmico ou mecânico. A injeção de adrenalina associada à colocação de clipes metálicos consegue interromper o sangramento em até 100% dos casos. ® Eletrocoagulação capilar; ® Plasma de argônio; ® Clipes metálicos; 3- Indicação cirúrgica: se persistência de sagramento; impossibilidade de tratamento endoscópico e impossibilidade de arteriografia. ® Faz-se colectomia segmentar com anastomose primária. • Doenças orificiais: fissuras e hemorroidas o Fissura anal: dor e sangramento, espasmo anal e dificuldade evacuatória. Localizada na região posterior do canal anal. Pode ser aguda ou crônica. ® Causas: traumática (esforço evacuatório da obstipação e objetos corto contusos no canal anal). Quanto mais profunda a lesão maior a hipertonia do esfíncter anal interno e espasmo anal. ® Complicações: infecção secundária 30%. ® Tratamento: clínico (dieta laxativa; pomadas tópicas; anestésicas, óxido nítrico e bloqueio de canais de cálcio para causar relaxamento anal temporário); cirúrgico (Esfincetrotomia anal intensa). o Hemorroida: é uma doença vascular; o paciente apresenta dor em pontada, em ardência ou latejante, além de sangramento terminal (gotejamento anal de sangramento vivo), sensação de evacuação incompleta, prolapso hemorroidário/trombose. ® Tratamento: clínico (higieno-ditéticas; pomadas tópicas e anestésicas); Cirúrgico (hemorroidectomia). • Ectasias vasculares ou angiodisplasias: São más formações arterio-venosas com dilatações submucosas ou erosões, apresentando sangramento auto-limitante. Podem ser congênitas ou adquiridas; múltiplas e raras até os 60 anos. ® As angiectasias são responsáveis por 3 a 15% das HDB e podem ocorrer em qualquer ponto do trato gastrointestinal, porém, predominam no ceco e cólon direito. Apresentam-se como pequenas lesões avermelhadas, planas, com vasos ectasiados, variando de 2 a 10 mm de diâmetro. ® Causa mais comum em maiores de 60 anos. ® Síndromes relacionadas: síndrome
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