Buscar

82 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS MONTESSORIANA

Prévia do material em texto

Papel do educador como observador e guia 
No que diz respeito à aplicação do Método Montessori, Antunes (2005) 
destaca que, para um educador ser reconhecido como "montessoriano", é 
necessário cumprir certas características. Em suas atividades, destaque-se pela 
prática de observação, pela tendência a não falar tranquilamente, uma vez que 
o silêncio é considerado mais relevante. Além disso, é crucial que o educador 
não seja orgulhoso e mantenha um equilíbrio pessoal, transmitindo esse 
equilíbrio para as crianças. 
Na abordagem Montessori, o papel do educador assume uma dimensão 
única, destacando-se como observador atento e guia facilitador no processo de 
aprendizagem das crianças. Maria Montessori concebeu o professor não como 
uma figura autoritária, mas como um parceiro no desenvolvimento da criança, 
comprometido em criar um ambiente que estimule a autodireção e a autonomia. 
“A escola como antinodo à ignorância. O mestre-
escola será o artífice dessa grande obra. A escola 
se organiza, pois, como uma agência centrada no 
professor, o qual transmite segundo uma 
gradação lógica, acervo cultural aos alunos. A 
estes cabe assimilar os conhecimentos que lhes 
são transmitidos”. (SAVIANI, 1985, p. 10). 
Como observador, o educador montessoriano dedica-se a entender as 
necessidades individuais de cada criança. Ao monitorar suas atividades e 
interações, o professor obtém insights valiosos sobre os interesses, desafios e 
estilos de aprendizagem de cada aluno. Essa observação cuidadosa é uma base 
para a personalização do ensino, permitindo que o educador adapte o ambiente 
e os materiais de acordo com as características específicas de cada criança. 
O educador montessoriano desempenha o papel crucial de guia 
facilitador. Em vez de importar um currículo predeterminado, ele responde às 
necessidades emergentes das crianças, fornecendo orientação quando 
necessário e permitindo que os alunos escolham suas atividades. Essa 
abordagem promove a autonomia, a autoconfiança e o desenvolvimento de 
habilidades de tomada de decisão nas crianças, preparando-as para se tornarem 
aprendizes independentes e autossuficientes. 
A liberdade concedida às crianças na abordagem Montessori não significa 
ausência de orientação, mas sim uma direção cuidadosa. O educador está 
presente para fornecer suporte quando solicitado, oferecer introduções a novos 
materiais e propor desafios adequados ao nível de desenvolvimento de cada 
criança. Essa interação orientada pelo respeito ao ritmo individual de 
aprendizagem cria um ambiente educacional dinâmico e enriquecedor. 
Em resumo, na abordagem Montessori, o educador é mais do que um 
transmissor de conhecimento; ele é um coletor sensível, um guia habilitado e um 
facilitador do crescimento integral das crianças. Ao exercer esses papéis, o 
educador montessoriano contribui para o florescimento de uma educação que 
respeita a individualidade, promove a autoeducação e prepara as crianças para 
se tornarem cidadãos independentes e curiosos em seu percurso de 
aprendizagem ao longo da vida. 
Antunes (2005) cita que a fase inicial é crucial para que a criança 
internalize tudo o que está por perto. Durante esse período, são desenvolvidos 
os aspectos psicológicos da criança, abrangendo sua cultura, primeira língua, 
personalidade, entre outros. Esses elementos são moldados pelo ambiente, 
proporcionando à criança estímulos iniciais e aprendizado inicial por meio de 
imitação. 
Antunes (2005) lembra que Montessori apontava que esse período além 
de perigoso é difícil para a pessoa, visto que é nesse momento que o indivíduo 
começa a desenvolver a consciência crítica e reflexiva, pois é marcado pela 
puberdade e adolescência, saída da fase infantil e entrada na penúltima fase do 
desenvolvimento humano, é que o indivíduo vai começar a escolher suas 
amizades por conta de afinidades. É nessa fase também que o adolescente 
passará por inúmeras transformações. 
O autor ainda enfatiza que Montessori indicava dificuldades e desafios 
associados ao período que, além de ser considerado perigoso, é também 
complexo para o indivíduo. Esse momento é marcado pela transição para a 
puberdade e adolescência, representando a saída da fase infantil e o ingresso 
na penúltima fase do desenvolvimento humano. Durante esse período, o 
indivíduo inicia o desenvolvimento da consciência crítica e reflexiva, começando 
a fazer escolhas de amizades com base em profundezas. Além disso, a 
adolescência é descrita por inúmeras transformações. 
Na abordagem Montessori, o desenvolvimento de habilidades sociais e 
emocionais é considerado tão vital quanto ao progresso acadêmico, refletindo o 
compromisso integral com o crescimento da criança. Maria Montessori 
reconhece a importância do cultivo não apenas do intelecto, mas também das 
dimensões emocionais e sociais da criança. No ambiente Montessori, as 
interações entre as crianças são incentivadas, promovendo o desenvolvimento 
de habilidades sociais, como comunicação eficaz, cooperação e empatia. 
“O método Montessori é fundamentalmente 
biológico. Sua prática se inspira na natureza e 
seus fundamentos teóricos são um corpo de 
informações científicas sobre o desenvolvimento 
infantil. Segundo seus seguidores, a evolução 
mental da criança acompanha o crescimento 
biológico e pode ser 14 identificada em fases 
definidas, cada uma mais adequada a 
determinados tipos de conteúdo e aprendizado. ” 
(FERRARI, 2008, p.08). 
A prática da vida em comunidade é uma parte fundamental da abordagem 
Montessori, proporcionando às crianças oportunidades regulares para interagir, 
colaborar e resolver conflitos de maneira construtiva. As atividades práticas no 
ambiente preparado Montessori são projetadas para fomentar a cooperação 
entre os alunos, desenvolvendo habilidades sociais que serão essenciais ao 
longo da vida. O educador desempenha o papel de facilitador nesse contexto, 
incentivando o respeito mútuo e a compreensão, criando uma atmosfera de 
aprendizagem socialmente rica. 
Além disso, a abordagem Montessori valoriza a educação emocional, 
monitorando a importância de ajudar as crianças a compreenderem e 
gerenciarem suas emoções. O ambiente preparado é concebido para ser um 
espaço seguro no qual as crianças podem expressar seus sentimentos e 
aprender a lidar com eles de maneira construtiva. Ao identificar e compreender 
suas próprias emoções, à medida que as crianças desenvolvem a capacidade 
de empatia e compreensão emocional pelos outros, construindo uma base sólida 
para relacionamentos saudáveis e positivos.

Continue navegando

Outros materiais