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A DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR ADRIANA

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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em Gestão Escolar
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em Gestão Escolar 
A DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BASICA NO BRASIL DURANTE O TEMPO E QUAIS AÇÕES DOS GESTORES PODEM AJUDAR A REVERTER ESTE QUADRO
Adriana Aparecida Ramos Miron Ferreira
Orientadora: Aparecida Leonir Silva
MBA EM GESTÃO ESCOLAR
SÃO PAULO
2020
A DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BASICA NO BRASIL DURANTE O TEMPO E QUAIS AÇÕES DOS GESTORES PODEM AJUDAR A REVERTER ESTE QUADRO
Resumo 
O descaso do governo com a situação dos professores no Brasil contribui para a precarização do ensino. Muito se discute sobre a desvalorização da carreira de professor no Brasil; os mais saudosistas relembram que há algumas décadas o profissional era tratado com ele ou mais respeito que os trabalhadores inseridos em altos cargos da sociedade. A situação da educação no Brasil é extremamente preocupante. A desvalorização dos professores não está apenas na questão salarial e no acúmulo de períodos de trabalho, mas também no descaso do governo com a educação pública. O objetivo desta monografia é aprofundar-se um pouco mais na desvalorização sofrida pelos educadores no Brasil, e o que os levam a essa desvalorização causando assim a desmotivação no ensino e na educação.
Palavras-Chave: Governo; Brasil; Professores.
INTRODUÇÃO
Este estudo tem como objetivo analisar a história da profissão docente no Brasil, observando os fatos que levaram o atual quadro de desvalorização do magistério como um todo e em especial na educação de básica e também pesquisar estratégias de como o Gestor da Escola pode contribuir para reverter este quadro nos dias de hoje. 
Essa docência é muito heterogênea, e os critérios de entrada e permanência na carreira são muito diferentes, as formações, condições de trabalho e consequentemente diferenças salariais (Gondra, 2005). 
Levando em consideração a lógica de valorização de profissionais em geral e refletindo sobre a cultura da profissão em nosso pais, a educação de base vem sendo especializada a pouco tempo e mesmo com esse despertar da importância da formação, essa nova característica veio se reformulando de maneira muito desproporcional, pois nos anos 60 tivemos uma universalização da educação no pais, onde desde então o número de matrículas aumentou consideravelmente, os investimento em estrutura física não foi acompanhado com igualdade em investimentos em mão de obra especializada, por isso com a demanda de profissionais crescendo, começou então um movimento de profissionais com formação inadequadas, descaracterizando ainda mais a visão técnica deste seguimento.
Perante a esse fenômeno acontecendo surgiu a necessidade de agilizar a formação desses profissionais, trazendo para nossa realidade cursos superiores rápidos e de pouca qualidade, defasando e desqualificando ainda mais a profissão. 
Tínhamos até pouco tempo cursos universitários de dois anos que habilitavam os professores para atuar na educação básica e segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas) até 1996 mais de 61% do professorado de Ensino Fundamental 1ª a 4ª série, era constituído de profissionais que só tinham o ensino médio completo (magistério), mais de 15% apenas com Ensino Fundamental e apenas 18,5% superior com licenciatura. 
Outro fator que contribuiu com este contexto é a figura que representa esse professor de Educação Básica, durante muito tempo foi tida como uma profissão de maioria feminina e que ainda hoje podemos ver essa prevalência, misturando muito com a função do cuidar (maternagem). O trabalho feminino até hoje tem a característica de ser menos valorizado que o masculino, trazendo ainda mais essa desvalorização e profissionalização deste seguimento.
O Gestor de Escola tem um papel fundamental para contribuir no reverso deste quadro, apoiando e qualificando esses profissionais de maneira que a sociedade tome consciência de sua importância e caminhemos para a devida valorização da profissão.
Com base no estudo histórico esta pesquisa irá aprofundar seu tema, conhecendo esses profissionais que hoje atuam em nossa Educação Básica por meio de questionamentos que fará com que possamos nos familiarizar com suas frustações e angustias e refletir sobre a postura esperada do seu gestor para reverter este quadro e assim contribuir para a valorização desta profissão no Brasil. 
Uma Nação só é verdadeiramente independente quando todos os seus cidadãos têm acesso a uma educação de qualidade.
A educação é a base para o desenvolvimento social e político. Ela promove crescimento econômico e é uma das principais ferramentas para diminuir a desigualdade, reduzir a criminalidade e promover a Paz. Contudo, ao olhar para o cenário atual da educação brasileira, fica claro que estamos muito longe desse ensino de qualidade. Segundo dados do Inep, hoje, 97% dos alunos têm acesso ao Ensino Fundamental, mas apenas 52% deles conseguem concluí-lo.
Materiais e Métodos
A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas, buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema.
Desta forma para atingir os objetivos, a metodologia de pesquisa a ser utilizado é de caráter teórico bibliográfico, de cunho qualitativo, onde as seguintes técnicas e instrumentos de pesquisa são delineadores: leitura, análise e interpretação de texto.
 A primeira etapa voltou-se a da coleta de dados através da leitura analítica que, conforme Severino (1985), é um método de estudo de texto de natureza teórica, que visa fornecer uma compreensão global do significado das ideias dos autores sendo os processos básicos: analise textual, analise temática, analise interpretativa, problematização e síntese pessoal.
Desta forma, os autores e obras foram analisados a luz de fichamentos bibliográficos , onde o foco norteador recaiu sobre as informações completas sobre autores e obras, informações do contexto histórico da produção da obra, o resumo do conteúdo, identificação do objetivo, identificação da tese, identificação do referencial teórico, dados sobre as fontes e referencias utilizadas pelo autor. 
Atualmente o que se observa nas escolas é uma forte tendência do professor a se manter preso aos conhecimentos que construiu durante toda a sua vida de discente e incluindo-se aí o período do curso de formação.
Neste contexto, é relevante apontar aqui os questionamentos feitos por Nóvoa (1991, p 166):
Fazer, construir as aulas ou dar aulas? Não se continua a esperar do professor, principalmente, que de aulas e, assim, a condicionar a sua atuação? O que significa dar uma aula para além de transmitir, passar qualquer coisa definitiva, acabada, morta? Que limites impõe a profissão a imagem feita de dar aulas, como correspondendo a função de professor? (NÓVOA, 1991, p 166).
Questionamentos assim reforçam a necessidade de se pensar um professor, que a partir de uma visão de totalidade, de uma tentativa de reflexão cuidadosa, possa rever conceitos e tomar decisões que dirijam o seu trabalho.
Quanto a teoria e a prática, evidencia-se um discurso convincente, inovador e embasado em teoria atuais, mas a prática não o acompanha. 
Para discutirmos sobre os profissionais da educação, partiremos dos termos legais, mais precisamente da Lei de Diretrizes e Bases da EDUCAÇÃO Nacional.
Em termos legais o profissional da educação é aquele que atua na educação escolar e que tenha sido formado em curso dessa natureza.
Podemos dizer que atualmente são muitos e diversos os profissionais da educação. Professores de vários níveis de ensino, oriundos de diferentes formações, além de especialistas como também, distintos percursos formativos. Visando assegurar a formação de todos os profissionais que são considerados na referida lei.
FONTE: IBGE
Questionar o sentido dos acontecimentos do dia a dia constitui uma exigência fundamental para qualquer proposta de educação.Entende-se que
(...) para transformar a realidade é necessário trabalhar o cotidiano em toda a sua complexidade. São no tecido diário de relações, emoções, perguntas, socialização e produção de conhecimento e construção de sentido que criamos e recriamos continuamente nossa existência. (CANDAU, 2002, p. 110)
 
A desvalorização da profissão docente não afeta apenas o professor como profissional em sua individualidade, afeta todo o futuro de uma nação, na medida em que, se a carreira docente não é atraente, não atrai os melhores talentos, que disputariam uma vaga em concurso público que acene com salários mais convidativos.
A continua desvalorização da profissão docente, que se manifesta não apenas na remuneração aviltante que percebe um professor, se considerarmos que nenhuma outra profissão tem sobre si a responsabilidade de educar, como compete ao professor que, além de ensinar, deve se dedicar a nobre missão de formar cidadãos, outras carreiras com nível de estudo equivalente são muito mais valorizadas.
A educação de qualidade não é favor, não é benesse que o Estado concede ao povo é um direito lidimo de todo cidadão, é obrigação do estado, do município, é a devolução do pagamento de tantos impostos que todos pagam.
O professor não possui a valorização merecida. De acordo com muitos educadores, a relação entre professor e aluno se encontra comprometida em razão de vários fatores, dentre eles a perda do respeito pelo professor, pois é notável a desvalorização por parte da sociedade e dos alunos. 
Fonte: Blog Spot
Quando se fala em alfabetização, os números preocupam ainda mais. O Saeb de 2003 mostra que apenas 4,8% dos alunos da 4ª série do Ensino Fundamental estão plenamente alfabetizados, 39,7% está medianamente e 55,5% não estão corretamente alfabetizados. Ou seja, a grande maioria dos estudantes brasileiros passa pelo Ensino Fundamental sem, ao menos, aprender a ler e entender um texto simples.
Mudar este cenário é possível e depende do esforço de todos e de cada um. Passar da educação que temos para a educação que queremos depender, fundamentalmente, de uma nova atitude e de conquistas do dia-a-dia por parte de alunos, professores, pais, cidadãos e governo.  
É uma longa trajetória, que depende de atitudes concretas, desenvolvidas dentro de um planejamento integrado, que permita a unidade de propósitos e a continuidade de motivações e ações.
 FONTE: IBGE 
O Brasil precisa fazer da educação sua prioridade número um, se quiser oferecer às novas gerações um futuro melhor e criar as condições necessárias para seu desenvolvimento social e econômico. 
Como aparece na Declaração de Jomtien, “se quisermos ter educação de qualidade para todos, temos que ter Todos pela qualidade da educação”.
Dificuldade de organização, baixo rendimento escolar, falta de concentração, pouco prazer para estudar. Alunos com dificuldade de aprendizagem são comuns em todas as escolas e, na maioria das vezes, fatores de ordem emocional, como baixa auto- estima, timidez e complicações familiares, são os responsáveis por esta situação. Mas o que fazer para motivá-los? Algumas instituições de ensino de São Paulo usaram a criatividade e até o trabalho voluntário para reverter este quadro e vêm conseguindo ótimos resultados.
O programa chamado Perach, criado há quatro anos, convida ex-alunos do colégio, que já estão na faculdade, para atuarem como uma espécie de irmãos mais velhos, seja como um amigo, um guia ou um conselheiro. 
O trabalho é voluntário durante um ano, os jovens tutores repassam suas vivências saudáveis aos pequenos aprendizes enquanto recebem capacitação especializada e acompanhamento contínuo de pedagogos, psicólogos e psicopedagogos.
De acordo com o coordenador do projeto, o psicólogo Bruno Weinberg, o sucesso do Perach superou as expectativas. Nós falamos para o aluno que ele vai ganhar um amigo mais velho para brincar. Geralmente é algo tão legal que acontece na vida desta criança que ela sai fortalecida para superar dificuldades, melhora sua autoestima, além de garantir um melhor desempenho escolar; comenta.
A solução foi encontrada dentro da própria sala de aula. Desde o ano passado, foi criado o Grupo de Estudos para alunos da 5ª à 8ª série. Uma vez por semana, os colegas de sala se ajudam após a hora de aula. Ele divide com outros alunos o que têm de melhor, se um é bom em matemática, ensina matemática, o outro, que é bom em português, ensina português e assim vai, explica a orientadora educacional do Fundamental dois, Alessandra Ramos.
Ela conta que a iniciativa criou uma mobilização dentro de sala de aula, onde uma passa a ajudar o outro e o resultado vem surpreendendo. Além de criar um clima de união e cooperação, o rendimento escolar dos alunos que tinham dificuldades de aprendizagem melhorou muito, comemora. Dificuldade de aprendizagem pode ter causa clínica.
Em alguns casos, as dificuldades de aprendizagem têm outras causas que não as emocionais. Quando isto acontece, só o apoio extra na escola não é suficiente. Segundo a psicopedagoga Sílvia Amaral, do CAD - Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento, especializado no tratamento de crianças com transtorno de comportamento e aprendizagem, cabe à instituição de ensino ter um olhar individualizado para perceber as necessidades de cada aluno. “Orientamos as escolas a sempre tentarem resolver o problema dentro da própria escola”. Quando detectada uma dificuldade de um aluno, é importante conversar com a família para saber o que pode estar levando o estudante a se comportar daquela maneira. 
Não adianta só mandar um bilhete para a mãe pedindo para o filho estudar mais alerta Sílvia explica que quando há um distúrbio maior é necessário que a criança seja avaliada por uma equipe multidisciplinar que fará um diagnóstico e poderá orientar a escola e a família sobre a melhor maneira de estimular o seu desenvolvimento.
O mais importante é a tolerância, a compreensão e o acolhimento por parte dos profissionais que lidam com a criança na escola e da família; recomenda. Entre os problemas clínicos mais comuns estão os transtornos do déficit de atenção, hiperatividade e dislexia. O Magister é uma das escolas que valorizam o acompanhamento individual do desempenho do aluno.
A psicopedagoga e orientadora educacional do Fundamental Alessandra Ramos, está sempre alerta. 
Quando observa dificuldades específicas que só o grupo de estudos não irá ajudar, conversa com os pais do aluno. Em alguns casos, quando os pais autorizam, ela contacta profissionais especializados em distúrbios de aprendizagem para que seja feita uma avaliação detalhada e a partir daí, pais, escola e especialistas passam a trabalhar em equipe. 
O resultado de tanta dedicação aparece na melhora da autoestima do estudante e no boletim escolar - que registra notas muito mais altas. 
Às vezes o aluno é taxado negativamente por outros ou ele mesmo se coloca em condição inferior porque não consegue acompanhar o desempenho da classe. Quando é diagnosticado o problema é um alívio para ele. A partir daí, ele passa a tentar superar as dificuldades, passa a acreditar nele mesmo. A melhora é surpreendente finaliza.
Alguns teóricos distinguem as estratégias cognitivas. Para Dembo, enquanto as estratégias cognitivas se referem a comportamentos e pensamentos que influenciam o processo de aprendizagem de maneira que a informação possa ser armazenada mais eficientemente, as estratégias metacognitivas são procedimentos que o indivíduo usa para planejar, monitorar e regular o seu próprio pensamento.
Dansereau e colaboradores julgam necessário diferenciar estratégias primárias das estratégias de apoio. Para esses pesquisadores, as estratégias primárias são as destinadas a ajudar o aluno a organizar, elaborar e integrar a informação. As estratégias de apoio, por sua vez, são responsáveis pela manutenção de um estado interno satisfatório que favoreça a aprendizagem.
Apesar das distinções mencionadas, o termo estratégias de aprendizagem vem sendo amplamente utilizado num sentido que inclui todos os tipos deestratégias. No âmbito das teorias autoritárias há, no entanto, outra perspectiva que tende a analisar os indivíduos como função de racionalidade a otimizar no mercado.
Nesta assunção, os constrangimentos estruturais e institucionais do Estado e do mercado capitalista nunca poderão inviabilizar, em absoluto, as expectativas racionais dos indivíduos no campo educacional e pedagógico. Integrados numa lógica de ação social pautada pela percepção da análise de custo-benefício, os indivíduos são capazes, por si só, de desenvolver o seu potencial físico e cognitivo de forma a melhorarem as suas performances no quadro da mobilidade e da estratificação social.
A ideologia burguesa da plena cidadania e a função positiva da democracia representativa otimiza-se plenamente, já que, nesta perspectiva, pode-se passar de burguês a operário, de ministro a sacerdote, e bastando somente que os indivíduos maximizem as suas expectativas racionais nos sistemas educacionais e pedagógicos vigentes.
No fundo, todas as experiências e as teorias identificadas com as características da educação e pedagogia autoritária capitalista apontam para uma condição-função homológica do ser humano em termos das suas capacidades e possibilidades sócias cognitivas e físicas. 
Baseiam-se numa educação e pedagogia que procura formar, treinar, domesticar, desenvolver e aperfeiçoar o indivíduo desde o seu nascimento até à morte, permitindo-lhe funcionar como objeto de aperfeiçoamento sistemático no acesso ao conhecimento, mas constrangendo-o sempre a assumir um caráter competitivo, concorrencial, hierárquico e castrador. 
Obedece a uma racionalidade instrumental que é bem visível nas interdependências e complementaridades que as instituições escolares mantêm com o Estado, o mercado e os múltiplos locais de trabalho e vida quotidiana em geral. Ou seja, o indivíduo forma e treina o seu físico e a sua mente nas instituições escolares de maneira a evoluírem posteriormente como padrão de comportamento tipificado de papéis e profissões que a sociedade e o mercado lhes permitem exercer.
Assumamos com todos os nossos conhecimentos, com toda nossa dedicação, os princípios da normalização e individualização do ensino, optando pela compreensão ao invés da exclusão. 
Esta é uma visão que tenta superar a concepção patológica tradicional dos problemas escolares que se apoiam em enfoques clínicos centrados nos déficits dos alunos e em tratamentos psicoterapêuticos em anexo aos processos escolares.
Partindo da realidade plenamente constatada que todos os alunos são diferentes, tanto em suas capacidades, quanto em suas motivações, interesses, ritmos evolutivos, estilos de aprendizagem, situações ambientais e entendendo que todas as dificuldades de aprendizagem são em si mesmas contextuais e relativas, é necessário colocar o acento no próprio processo de interação ensino/aprendizagem.
Sabemos que este é um processo complexo em que estão incluídas inúmeras variáveis: aluno, professor, concepção e organização curricular, metodologias, estratégias, recursos. Mas, a aprendizagem do aluno não depende somente dele, e sim do grau em que a ajuda do professor esteja ajustada ao nível que o aluno apresenta em cada tarefa de aprendizagem. Se o ajuste entre professor e aprendizagem do aluno for apropriado, o aluno aprenderá e apresentará progressos, qualquer que seja o seu nível.
É óbvio a grande dificuldade que os professores sentem quando se
 deparam com alunos que se lhes apresenta como com “dificuldades de aprendizagem”. Nessa altura do artigo, coloco “dificuldades de aprendizagem” entre aspas, pois, muitas vezes me pergunto, se estas dificuldades são de ensino ou de aprendizagem. Ambas estão juntas, é difícil dizer qual das duas tem mais peso. 
O que acontece quando o docente se esquece que a escola é um universo heterogêneo, tal como a sociedade? Devemos ter em mente que nem todos aprendem da mesma maneira, que cada um aprende a seu ritmo e em seu nível.
De acordo com alguns educadores sem subestimar o efeito de fatores externos à escola, variadas pesquisas sobre a eficácia do ensino têm demonstrado a influência dos professores e da maneira como conduzem a ação pedagógica, não somente sobre a forma como se dá a aprendizagem dos alunos, mas também sobre o modo com que se comportam em aula.
O conhecimento dos processos associados ao ato de aprender e uma prática didática capaz de facilitá-los pode minimizar grande parte dos problemas e dos rótulos colocados nos alunos com “dificuldades de aprendizagem”.
Segundo Perrenoud (2001) pode-se duvidar que, mesmo em uma classe tradicional em que se pratica o ensino frontal, que o professor se dirija constantemente a todos os alunos, que cada um deles receba a mesma orientação, as mesmas tarefas, os mesmos recursos. E, coloca três motivos para isto:
O professor interage seletivamente com os alunos e, por isso, alguns têm, mas lhe outros, a experiência de serem ouvidos ou questionados, felicitados ou repreendidos. Pergunta ele: quanto à comunicação não verbal, como ela poderia ser padronizada?
A diversidade dos ritmos de trabalho pode levar ao enriquecimento ou ao empobrecimento das tarefas. Assim, sempre há aqueles que terminam primeiro e em tempo para brincar, ler, enquanto outros demoram para terminar e é preciso esperá-los.
Coloca ainda o autor se considerarmos o currículo real como uma série de experiências, chegaremos, grosso modo, a uma conclusão evidente: o currículo real é personalizado, dois indivíduos nunca seguem exatamente o mesmo percurso educativo, mesmo se permanecerem de mãos dadas durante anos.
A individualização de itinerários educativos é possível para os professores, pois ao invés de uma individualização deixada ao acaso, pode ser feita uma individualização deliberada e pertinente dos percursos educativos às diferentes características, às possibilidades, aos projetos e às necessidades diferentes dos Indivíduos (obra citada) Alunos que reprovam vários anos na mesma série são mais comuns do que se pode imaginar. Essas crianças sentem que a escola não foi feita para eles e se evadem.
Segundo Freire (1999, p.35), “os alunos não se evadem da escola, a escola é que os expulsa”. Quem realmente falhou, o aluno ou a escola? Esses alunos reprovados retornarão no ano seguinte?
Uma criança curiosa que está descobrindo o mundo e suas possibilidades não progrediu nada em um ano, dois ou três. Isto nos faz questionar o atual sistema de ensino, pois, parece-nos que busca uma produção em série e com isso apenas evidencia as diferenças sem nada fazer por elas.
Vários autores, como Sara Pain, Alicia Fernández, Maria Lucia Weiss, chamam atenção para o fato de que a maior percentual de fracasso na produção escolar, de crianças encaminhadas a consultórios e clínicas, encontram-se no âmbito do problema de aprendizagem reativo, produzido e incrementado pelo próprio ambiente escolar. (WEISS et. al, 1999, p.46)
É importante considerar que a escola deve valorizar os muitos saberes do aluno, e que seja oportunizado a ele demonstrar suas reais potencialidades. 
A escola tem valorizado apenas o conhecimento verbal e matemático, deixando de fora tantos conhecimentos importantes para sociedade.
O sentimento de pertença deve ser estimulado, alguém acuado, jamais vai demonstrar as potencialidades que possui. Tornando o ambiente escolar acolhedor, aceitando a criança como ela é, oferecendo meios para que se desenvolva, já é uma garantia de dar certo o trabalho em sala de aula.
É necessário que os profissionais da educação adotem uma postura ética em relação ao aluno, que assim como eles convivem em uma sociedade excludente. Portanto, diversificar as situações de aprendizagem é adaptá-las às especificidades dos alunos, é tentar responder ao problema didático da
 heterogeneidade das aprendizagens, que muitas vezes é rotulada de dificuldades de aprendizagens.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em concordância com o decorrer deste trabalho, ser professor é algo importante e significativo socialmente. Escolher esta profissão deve ser uma decisão tomadade forma reflexiva e consciente porque muitos são os desafios desta carreira. 
Na pesquisa bibliográfica foi apresentada em forma textual, respostas de profissionais de diversas áreas: Alves (apud BENCINI, 2001) afirma que o principal motivo para ser professor é "Amar as crianças e querer tê-las como companheiras."
Ser Revolucionário. Resgatar o ideal de transformar o mundo por meio das pessoas e, assim fazer com que as gerações aprendam a respeitar o ser humano e o planeta em que vivemos é o principal motivo para escolher a profissão de professor". Ser professor é no mínimo uma obrigação política. Não podemos aceitar uma população de excluídos da educação e da cultura. Nossa profissão só tem sentido se despertar a consciência social por meio do conhecimento e promover o exercício da razão como forma de libertação.
Na pesquisa de campo em que sessenta acadêmicos ingressantes em cursos de licenciaturas, de uma universidade, em São Paulo, responderam a um questionário anônimo foram evidenciadas diferentes respostas. Fator econômico (bolsa de estudo, cursos mais acessíveis), o gosto pela disciplina específica a ser lecionada e busca do conhecimento foram as razões que motivaram a escolha da minoria dos acadêmicos que estão em um curso de licenciatura, mas não refletiram especificamente sobre o ser professor.
Para a maioria dos acadêmicos dos cursos de licenciatura a quem direcionamos esta pesquisa, os motivos para escolher a profissão docente resumem-se nas seguintes categorias: amor, identificação, compromisso, responsabilidade social, querer formar cidadãos melhores para um mundo melhor. Sendo que este último fora enfatizado em grande parte das respostas.
A pesquisa realizada obteve dados interessantes e motivadores. Segundo os acadêmicos participantes, existem muitas razões para escolher a profissão docente e acreditar na importância do professor na sociedade é uma delas. A grande maioria dos acadêmicos concebem o ser professor de maneira responsável, entendendo a relevância deste profissional na sociedade. O que leva a concluir que, ao optarem por um curso que forma professores, o fizeram de maneira consciente e reflexiva.
Num contexto cultural onde ser professor não é uma carreira muito atrativa devido a vários fatores, de modo especial o fator econômico, os cursos de licenciaturas são procurados. Muitas pessoas ainda querem dedicar-se ao educar enquanto profissionais docentes. Atesta, também, que é no íntimo de cada pessoa, na sua história de vida, que residem às razões de suas escolhas. Por ser a profissão docente de grande relevância social, o optar por ser professor (a) deve ser uma escolha consciente e assumida a partir de reflexões considerando os desafios e responsabilidades inerentes à profissão.
A pesquisa também apontou que um percentual de acadêmicos das licenciaturas, no entanto, não fez uma escolha pautada pela reflexão. Optar reflexivamente é imprescindível ao processo de formação, pois conscientes das motivações de estar num curso de licenciatura assumem o processo formativo com esmero e seriedade objetivando qualificar a práxis pedagógica.
Na atualidade, inúmeros são os desafios impostos pela sociedade à escola, demandando profissionais reflexivos e conscientes de sua função educacional-social. Cabe aos cursos de formação docente proporcionar momentos de reflexão em torno da profissão escolhida e a razão da escolha, pois a universidade constitui-se num espaço dedicado à construção do conhecimento e à formação profissional.
Cunha (1999) assinala três pontos para a desmotivação do docente: “desvalorização do magistério, relacionada com a questão salarial; a estrutura do ensino, determinada pelo modelo de escola da legislação contemporânea e as condições de trabalho, como espaços físicos e materiais didáticos, que impossibilitam um ensino de melhor qualidade”.
Para Ryan (2004), a ausência de motivação autônoma dos estudantes gera, em contrapartida, comportamento controlador por parte dos professores. Em ambientes nos quais a atenção individualizada é quase impraticável, como em salas de aula numerosas, onde os professores são pressionados para que seus alunos alcancem melhores resultados, que conteúdos planejados devam ser cumpridos em prazos determinados, entre outros aspectos, leva os educadores a buscar alternativas para estimular os alunos, geralmente por meio de estratégias controladoras, o que acaba gerando um desconforto entre aluno e professor, causando a desmotivação de ambos.
A falta de motivação também está relacionada ao grande número de alunos nas salas de aula, que estão cada vez mais cheias. Esse acúmulo de crianças nas salas de aula gera uma desmotivação também nos alunos. São muitas as crianças por sala, o que impossibilita os professores de dar atenção a todas elas. Muitos professores estão desmotivados com o método de ensino e com a receptividade de seus alunos. O docente alega que estar na escola hoje, para uma criança sadia e cheia de energia, é algo cansativo e desgastante. Pozo (2002) diz que “na aprendizagem é preciso procurar sempre um motivo” e o que esses professores relatam é que os alunos não o estão encontrando.
A escola, entretanto, tem a sua obrigação que é a de ensinar conteúdo específicos e fundamentais para a instrução das crianças e jovens. Já a família tem obrigação de dar carinho e manter um lar acolhedor e cheio de amor, porém ensinando a ter respeito pelo próximo. Mas não é o que acontece muitas vezes, devido a muitos problemas como por exemplo, uma família pobre onde todos precisam trabalhar e ficam sem tempo para os filhos, acabando por transferir para a escola a obrigação que é da família. Paro (1999), acredita que é importante o oferecimento de condições mínimas de participação e representação dos pais nas escolas.
Não há uma fórmula mágica para resolver os problemas da Educação Brasileira, principalmente porque a desmotivação dos professores não é um problema, é um sintoma.  Para resolver este sintoma, os gestores precisam encontrar os verdadeiros problemas e isso só acontece quando as pessoas podem se sentar para um diálogo aberto, quando todos podem analisar a situação sem medos ou brios desmedidos, quando uma opinião sincera não faz perder uma amizade, quando se compartilha sucessos e fracassos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todas as linhas de pensamento, raciocínios bibliográficos e autores citados no trabalho, foi possível perceber e considerar os diversos motivos que levam a desvalorização do profissional da área de educação.
O preconceito, a falta de interesse deles, a falta de estrutura nas escolas, a falta de incentivo, a falta de interesse de alunos e a exclusão escolar, estes são apenas um dos motivos que foram citados no trabalho que levam a desvalorização dos professores.
Existem muita coisa e diversos motivos que podem acelerar este cenário atual, e muita coisa que pode ser modificada para que ele mude.
A arte de ensinar é uma tarefa difícil demais para que alguém se envolva nela por comodismo, falta de fato melhor, ou porque é preciso auferir ganhos.
É consenso, em qualquer parte do mundo, que os professores são a peça chave no sistema educacional, pois as experiências de aprendizagem na sala de aula passam pela relação professor-aluno. Prova disso é que pessoas com carreiras profissionais bem sucedidas sempre falam da influência de um professor ou de uma professora marcante.
Por um lado, cabe aos formuladores de políticas promover ações – como o ajuste adequado do salário – para valorizar os profissionais da Educação. Mas, por outro, há também maneiras de reconhecer a atuação docente no âmbito da escola e eu tenho constatado que é precisamente dessa valorização que emergem excelentes propostas e projetos educacionais. 
O novo professor ainda está sendo moldado, novas possibilidades e novas políticas favorecem seu crescimento pessoal e profissional. Sobre tal ponto de vista, é imprescindível que o professor, cobre seus direitos, se conscientize na busca de atualizações para seus conhecimentos, aperfeiçoando suas técnicaspedagógicas. 
Conhecer novos métodos tecnológicos existentes, bem como as tecnologias educacionais disponíveis que grande parte das escolas públicas já possuem, demonstra comprometimento e interação com o meio profissional.  A atitude principal a ser tomada é o olhar diferente para com os propósitos do educar, considerando que todos os alunos precisam do trabalho do professor e que este é o protagonista no processo ensino/aprendizagem.  A escola não consegue caminhar sozinha e obter os melhores resultados a partir de ações isoladas dentro de própria instituição de ensino. É fundamental que haja parceria entre a escola, família, governo, para que todo esse processo tenha efeito positivos. 
A escola pública moderna além de oferecer um ambiente atrativo e acolhedor, deve oferecer segurança e bem-estar para que o aluno se sinta acolhido e com vontade de estar ali. 
Apesar da burocracia e lentidão na aprovação de novas políticas públicas educacionais provenientes do governo, estas estão aparecendo aos poucos, conduzindo a escola rumo ao amadurecimento e a mudanças no ensino visando formar cidadãos ativos, aptos a desenvolverem uma sociedade com qualidade profissional e de vida a todos.
Ao pensarmos em educação é correto afirmar que ela existe em todos os lugares e em todos os momentos da vida do ser humano. Estamos sempre aprendendo e ensinando desde o momento em que nascemos. "Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender". (BRANDÃO, 1984, p.15). Educamo-nos sempre. Ensinamos e aprendemos em todos os espaços que frequentamos. "A educação é a prática mais humana, considerando-se a profundidade e a amplitude de sua influência na existência dos homens" (GADOTTI, 1993, p. 13).
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Trabalho
 
apresentad
o
 
para obtenção do título de especialista em
 
Gestão Escolar
 
 
A DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BASICA NO 
BRASIL
 
DURANTE O TEMPO E QUAIS AÇÕES DOS GESTORES PODEM 
AJUDAR A REVERTER ESTE QUADRO
 
 
 
 
Adriana Aparecida Ramos Miron Ferreira
 
Orientador
a
: Aparecida Leonir Silva
 
 
 
 
MBA EM GESTÃO ESCOLAR
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO
 
2020
 
 
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em Gestão Escolar 
 
A DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BASICA NO 
BRASIL DURANTE O TEMPO E QUAIS AÇÕES DOS GESTORES PODEM 
AJUDAR A REVERTER ESTE QUADRO 
 
 
 
Adriana Aparecida Ramos Miron Ferreira 
Orientadora: Aparecida Leonir Silva 
 
 
 
MBA EM GESTÃO ESCOLAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020

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