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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
Centro de Ciências Humanas
Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais
Curso de Pedagogia
Larissa Costa Reis
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Almenara - MG
Novembro/2018
Larissa Costa Reis 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTRO: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Montes Claros como exigência para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia.
 Orientador: Professor Dr. Valdirlen do Nascimento Loyolla.
Almenara - MG
Mês/2018
FOLHA DE APROVAÇÃO
Monografia intitulada “Alfabetização e Letramento: Educação de Jovens e Adultos”, de autoria da graduanda Larissa Costa Reis examinada pela banca constituída pelos professores:
______________________________________________________________________
Prof. . 
______________________________________________________________________
Prof. . 
______________________________________________________________________
Prof. (Orientador) 
Almenara, ....... de....... de 2018.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, que sempre acreditou no meu potencial e nunca negou uma palavra de incentivo. Aos mestres, que durante anos compartilharam seus conhecimentos comigo, meu muito obrigado. Não posso deixar de agradecer em especial o meu orientador Professor Dr. Valdirlen do Nascimento Loyolla, que nunca negou uma ajuda durante o TCC. Por fim, manifesto aqui a minha gratidão à Deus, que me deu força e energia para realizar o sonho de concluir a faculdade.
DEDICATÓRIA
“Dedico esse trabalho aos meus avós Maria Adélia e Seu Rosa (in memorian) com muito amor e a saudade”. 
SUMÁRIO
RESUMO......................................................................................................................
ABSTRACT..................................................................................................................
INTRODUÇÃO............................................................................................................
1. CAPÍTULO I: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: ASPECTOS HISTORICOS E CONCETUAIS 
 
 1.1 Breve históricos da EJA no Brasil 
 1.2 Alfabetização e Letramento: um elo possível 
 1.3 Alfabetização e Letramento na EJA 
 1.4 O que dizem os educadores sobre a EJA 
 1.5 Os projetos educacionais que contemplam o projeto EJA
2. CAPÍTULO II: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
 2.1 Introdução 
 2.2 Análise dos dados entrevista com os professores 
 2.3 Análise dos dados entrevista com os alunos 
CONCLUSÃO....................................................................................................................
REFERÊNCIAS.................................................................................................................
ANEXOS
- Anexo A: Termo de consentimento livre e esclarecimento
- Anexo B: Entrevista aplicada ao professor
- Anexo C: Entrevista aplicada ao aluno
RESUMO 
O presente trabalho objetiva refletir acerca da Educação de Jovens e Adultos (EJA), tendo como intuito analisar o perfil do aluno EJA, as causas do seu abandono escolar, os motivos pelos quais retornou a escola, e as consequências no processo de alfabetização letramento, considerando as dificuldades encontradas pelos professores para terem eficácia nesse processo, tendo como finalidade compreender como é o perfil do aluno EJA e seus benefícios para melhorar a qualidade de vida dos mesmos. No referencial teórico foram trazidos autores que dialogam com as Políticas Públicas de educação, causas e consequências do abandono escolar dispondo como pano de fundo um enfoque sobre a EJA, Alfabetização e Letramento na contemporaneidade. Desenvolvemos esta pesquisa em uma escola do município de Almenara-MG, para tanto, utilizamos a metodologia de pesquisa qualitativa, o instrumento utilizado para a coleta de dados da pesquisa foi o questionário semiestruturado. Por meio dessas análises de dados obtidos, concluímos que a maioria desses alunos abandonam os estudos motivados pelo trabalho precoce e por causas familiares. Essa analise comprovou que os alunos apresentam perfis similares e que a modalidade EJA e vista por muitos como meio de mudanças no padrão de vida. 
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos (EJA). Abandono Escolar. Evasão escolar.
ABSTRACT
The present work aims to reflect on the Education of Young and Adults (EJA), with the purpose of analyzing the profile of the EJA student, the reasons for his dropout, the reasons why he returned to school, and the consequences in the process of literacy and mentoring , considering the difficulties encountered by teachers to be effective in this process, aiming to understand how the profile of the EJA student and its benefits to improve their quality of life. In the theoretical reference were brought authors who dialogue with the Public Policies of education, causes and consequences of school abandonment having as background a focus on EJA, Literacy and Literature in contemporary times. We developed this research in a school in the municipality of Almenara-MG, for that, we used the qualitative research methodology, the instrument used to collect data from the research was the semi-structured questionnaire. Through these analyzes of data obtained, we conclude that most of these students drop out of studies motivated by early work and family causes. This analysis showed that students have similar profiles and that the EJA modality is seen by many as a means of changes in the standard of living.
Youth and Adult Education (EJA). School Dropout. school dropout
INTRODUÇÃO
A modalidade denominada EJA, Educação de Jovens e Adultos, é amparada pela Lei 5.692 de 1971, destinada a jovens e adultos que por algum motivo tiveram que interromper os estudos nas modalidades regulares da educação. Contudo, esses alunos veem dotados de conhecimentos de mundo, e acabam transformando-os em conhecimentos científicos, conforme vão adquirindo novos saberes durante as aulas. 
Entretanto, encontram inúmeras dificuldades para continuarem estudando, assim como os professores para promoverem um ensino de qualidade, dentre essas dificuldades, se deparam com o cansaço do dia-a-dia referentes a jornada de trabalho e as outras tarefas realizadas em seu cotidiano. Já o professor, enfrenta a escassez de recursos materiais e didáticos, além da desmotivação dos alunos derivadas de fatores pessoais, o que influencia de maneira significativa no processo de alfabetização e letramento. 
O perfil do professor da modalidade EJA é de extrema relevância, já que o mesmo atua como um agente de mudança e transformação na realidade cada aluno, identificando as habilidades e possibilitando o aperfeiçoamento das mesmas. Fazendo com que os alunos reencontrem suas motivações e concebam a aprendizagem. 
A Educação brasileira apresenta graves problemas, entre eles a falta de políticas públicas que visem promover melhorias no ensino. Diante desta perspectiva, esta monografia se constitui da proposta de uma proposta de reflexão acerca da Educação de Jovens e Adultos, estudos relacionados a essa modalidade ainda são escassos e é necessária uma dedicação especial para este tipo de ensino, pois, os alunos que a integram diferente da educação regular, já possuem o caráter formado e já são dotados de saberes, mas em relação a matéria de educação formal ainda não são formados plenamente. 
Nesse aspecto, nosso objetivo geral é refletir sobre a Educação de Jovens e Adultos enquanto uma modalidade educativa; tendo como um dos objetivos específicos analisar de que forma a Educação de Jovens e Adultos pode auxiliar nas mudanças de vida e na quedado índice de analfabetismo no Município de Almenara- MG, considerando os desafios encontrados diariamente tanto pelos alunos quanto pelos professores. 
Para que desenvolvemos esse trabalho, fizemos revisões literárias, os principais autores que fundamentaram essa pesquisa foram, GADOTTI; ROMÃO e SOARES, dentre outros que discutem essa temática.
Segundo Fashed (2002) e Gadotti (2008) ler e escrever são um elo possível e basta dar ao aluno a chance de ser livre, e na educação EJA é uma nova oportunidade para ser criar um novo conceito de mundo. Partindo disto, no primeiro buscamos discutir, a luz de uma série de autores, o Breve histórico da EJA no Brasil, suas políticas, causas e consequências no processo de alfabetização e letramento de jovens e adultos. 
No segundo capítulo buscamos refletir acerca da análise de dados feita a partir das tabulações de dados das entrevistas realizadas com professores e alunos, tendo como intuito evidenciar as motivações para que haja o retorno dos jovens e adultos à escola, e as principais dificuldades para sua permanência e aprendizagem. Por fim, tecemos algumas considerações acerca de tudo o que foi abordado. 
Capítulo I
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS
1.1. Breve histórico da EJA no Brasil
	Na história da Educação brasileira a Educação de Jovens e Adultos (EJA) pode ter o seu início remontado a partir da entrada da Educação moderna no Brasil. Retrospectivamente, desde os séculos XVI até o XIX a Educação brasileira estava majoritariamente nas mãos dos nobres, tal situação somente se reverteu na primeira metade do século XX com a oficialização do ensino público. Acerca dessa questão, em termos históricos e estatísticos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1996) nos informa que:
Afinal, em 1920, quase 65% dos residentes no país (acima dos 15 anos de idade) não sabiam ler ou escrever; em 1950 – bem no alvorecer da industrialização –, mais da metade desse grupo (exatos 50,5%) continuava excluída do processo de letramento; em 1980 eles ainda eram 25,5% e, em 1991, o contingente mantinha-se teimosamente alto; superior a 19 milhões – 20% da faixa considerada. Mas não é milhões de compatriotas – 74% dos brasileiros acima dos 15 anos de idade – que, apesar de ler e escrever, ainda enfrentam dificuldades para compreender o que está escrito e em relacionar o que leem a outras informações que recebem – pela televisão, por exemplo (IBGE, 1996).
	Do excerto acima podemos depreender que na década de 1920 o acesso às escolas ainda era muito difícil, mesmo sendo a Educação pública, pois as pessoas com idade acima de 15 anos, em sua maioria, eram analfabetas. Contudo, durante o período da industrialização brasileira, por volta dos anos de 1950, para resolver o problema da falta de trabalhadores, foram criadas escolas públicas de âmbito técnico. Mas, mesmo com a criação dessas escolas as pessoas eram apenas alfabetizadas e não faziam uso desses conhecimentos nas suas práticas sociais. Procurando atenuar o problema do analfabetismo no Brasil, ao longo da segunda metade do século XX, foram criados vários projetos governamentais. Entretanto, o contingente de analfabetos continuou muito elevado até o final da década de 1990. Destarte, quanto a concepção de analfabetismo, Soares (2010) nos explica que,
[...] o processo afetivo da escrita (e aqui eu acrescentaria: e da leitura) não decorre de um processo de treinamento, mas da inserção do sujeito no mundo, da relação que estabelece entre o que aprende e seu universo sócio-histórico e, a inserção do sujeito no mundo, inegavelmente, ocorre por meio da leitura deste mundo (SOARES, 2010, p. 37).
	O problema do analfabetismo no Brasil já era observado desde a década de 1950 por uma série de educadores. Assim, no ano de 1958 houve o II Congresso Nacional de Educação de Jovens e Adultos no Rio de Janeiro, no qual Paulo Freire apresentou um relatório com o tema: “A educação de Adultos e as populações marginais: O problema dos mocambos”. Esse documento foi o marco do projeto da EJA, sendo este uma forma de conscientizar a sociedade da opressão sofrida pelos menos favorecidos. O termo “marginais”, nesse contexto, abrangia todos aqueles que perante a sociedade viviam de forma ilegal como, por exemplo, prostitutas, os fora da lei, entre outros (FREIRE; GUIMARÃES, 2002, p. 90). A partir do ano de 1963, Freire supervisionou a educação e instituiu um projeto que atendeu a 380 trabalhadores, já no ano de 1964 esse projeto foi abolido pelo o golpe militar, onde a maioria dos professores foi perseguida em função do posicionamento ideológico. Contudo, devido ao alto índice de reprovação nas primeiras series, o governo foi obrigado a se posicionar diante da situação.
	De uma perspectiva inovadora e moderna em políticas púbicas, acerca da Educação de Jovens e Adultos, a Lei 5.692 de 1971 se constitui em um capítulo importante para o ensino brasileiro, fundamentalmente o Ensino Supletivo, e recomendava aos Estados atender jovens e adultos, conforme o seu capítulo IV e os seus artigos 24 e 25:
Art. 24 – O ensino supletivo terá por finalidade:
a) Suprir a escolarização regular para os adolescentes e adultos que não tenham seguido ou concluído na idade própria;
 b) Proporcionar, mediante repetida volta à escola, estudos de aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham seguido o ensino regular no todo ou em parte.
Parágrafo único – O ensino supletivo abrangerá cursos e exames a serem organizados nos vários sistemas de acordo com as normas baixadas pelos respectivos Conselhos de Educação.
Art. 25 – O ensino supletivo abrangerá, conforme as necessidades a atender, desde a iniciação no ensino de ler, escrever e contar e a formação profissional definida em lei específica até o estudo intensivo de disciplinas do ensino regular e a atualização de conhecimentos (BRASIL. MEC, LDB, 1974).
	Do exposto acima podemos compreender que o ensino supletivo veio para suprir as necessidades dos jovens e adultos, que por algum motivo deixou a sua vida escolar, esse ensino proporcionava a atualização do ensino regular, além disso, ele atendia desde a alfabetização até a formação profissional.
	Durante o período da Ditadura Militar no Brasil, foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) no ano de 1978, o qual propunha a alfabetização funcional, seu objetivo era alfabetizar as pessoas de forma técnica para que elas soubessem apenas ler e escrever, e não fazer uso desses conhecimentos nas suas práticas sociais. Entretanto, o MOBRAL não durou muito tempo e alguns anos depois, no ano 1985, ele foi substituído pelo programa Educação Para Todos (EDUCAR). Com essa mudança, a noção de ensino passou ser compreendida com mais clareza, deixando de ser uma forma técnica e passando a ter como meta uma educação de qualidade. Quanto a esta questão, nos diz Soares (2002):
A mudança de ensino supletivo para educação de jovens e adultos não é uma mera atualização vocabular. Houve um alargamento do conceito ao mudar a expressão de ensino para educação. Enquanto o termo “ensino” se restringe à mera instrução, o termo “educação” é muito mais amplo compreendendo os diversos processos de formação (SOARES, 2002, p. 29).
	Seguindo as trilhas da inovação em termos de projetos que procuravam atenuar o analfabetismo entre jovens e adultos no Brasil, em 1990, Freire criou o projeto MOVA (Movimento de Alfabetização) com a participação da sociedade civil e do governo, assentando as bases para a criação da Lei 9394 de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que traz em seu artigo 3º:
Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; 
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensinopúblico em estabelecimentos oficiais; 
VII - valorização do profissional da educação escolar; 
VIII- gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; 
IX - garantia de padrão de qualidade; 
X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. 
XII - consideração com a diversidade étnico-racial (BRASIL, 1996).
	A lei da LDB 9394/96 no seu artigo 3º apresenta um ensino igualitário a todos, com direito ao respeito, a liberdade de expressão, a tolerância, a valorização de todos os profissionais que compõe o ambiente escolar. Nesses termos nos diz Gadotti e Romão (2005):
Educação de Jovens e Adultos viveu um processo de amadurecimento que veio transformando a compreensão que dela tínhamos poucos anos atrás. A Educação de Jovens e Adultos é melhor percebida quando a situamos hoje como Educação Popular (GADOTTI; ROMÃO, 2005, p.15).
	Com essa citação fica claro que a EJA passou por várias transformações ao longo de toda segunda metade do século XX, e que continua se transformando cada dia mais, e é mais bem compreendida quando a trazemos para a nossa realidade.
	Durante os anos de 2003-2010, no governo do presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva, a Educação de Jovens e Adultos deu um salto em qualidade técnica, avanço em políticas públicas e metodologia com a criação dos programas: Programa Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos (PBA), Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação e Ação Comunitária (PROJOVEM),criação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) ligada ao Ministério da Educação (MEC) e a implantação do FUNDEB que passa a abarcar a EJA (CARVALHO, 2011, p. 37). Desse modo, o Ministério da Educação ressalta: 
O programa Nacional de Inclusão de Jovens (PROJOVEM) foi criado em 2005 e destina-se, inicialmente, a atender jovens residentes nas capitais, com baixa escolaridade e sem emprego entre 18 e 24 anos. O programa foi executado pela Secretaria Especial de Juventude da Presidência da República e ampliou o protagonismo do governo federal nesse campo. No PROJOVEM, o estudante contava com um auxílio financeiro de 100 reais mensais. O programa visava oferecer oportunidades de conclusão do ensino fundamental em um ano, integrado á formação profissional e complementado com inclusão digital. Numa segunda etapa, o programa passou a ser oferecido em 18 meses para pessoas com até 29 anos e sua abrangência foi ampliada, também, para outras regiões urbanas (BRASIL, 2014).
	
	O programa “Brasil Alfabetizado” incentivou muitos jovens e adultos a voltarem para o ensino regular, mas de acordo com Mendonça Filho (2016), 
[...] infelizmente o Brasil ainda tem 13,1 milhões de analfabetos, com 15 anos de idade ou mais. É um drama que temos de enfrentar com programas como o Brasil Alfabetizado, que será ampliado, e novas ações, que venham a somar esforços no sentido de reverter esse quadro (FILHO, 2016, s/p). 
	No ano de 2017 houve uma grande ampliação da EJA, e de acordo com o Mistério Público foram mais de 250 mil alfabetizados e no plano Plurianual 2016/2019, existe uma grande metade alfabetizandos por ciclo, e o número de analfabetos vem caindo desde o ano de 2013.
	Nas seções seguintes exporemos os aspectos conceituais acerca da Educação de Jovens e Adultos quanto aos conceitos de alfabetização e letramento.
1.2. Alfabetização e letramento: um elo possível
	A alfabetização só será um elo possível se for entendida em dois aspectos alfabetização e letramento, ambas são inesperáveis quando se trata do processo de escolarização esse ensino tem como base métodos e técnicas que vem sendo aplicadas desde a década 1930. 
A tradição pedagógica, qualquer que seja seu enfoque ou discurso, reduziu sempre a alfabetização ao mero aprendizado do sistema alfabético. Já na década de trinta, há mais de meio século, portanto, Vygotsky questionava este empobrecimento ao dizer que “ensina-se as crianças a desenhar letras e a construir palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita”. Quatro décadas se passaram antes que a psicogênese da língua escrita nos permitisse desvendar o processo pelo qual as crianças chegam a dominar o funcionamento do sistema alfabético (WEIZ, 1999, p. 53).
	O processo de construção de alfabetização é desenvolvido desde o nascimento, portanto, ele perpassa pela a ação de ensinar e aprender a ler e a escrever. Nesse sentido, é possível depreendermos em termos históricos que os processos de alfabetização e letramento mudam ou tem alterado seus conceitos, à medida que a sociedade vem se transformando, o que implica a criação de novos métodos e formas de “letrar” e “alfabetizar”. Acerca dessa questão, Leal (et al 2010) nos diz que:
 
O ensino da leitura e da escrita baseado em métodos sintéticos ou analíticos predominou em nosso país até meados da década de 1980. Ainda naquela época as experiências de alfabetização de crianças e adultos nas quais predominavam a leitura de textos artificiais e o trabalho com palavra-chave. Consideravam-se “alfabetizadas” aquelas pessoas que conseguissem ler (decodificar) e escrever (codificar), ao final do ano letivo da alfabetização, as palavras, frases e textos presentes em tais materiais (LEAL et al, 2010, p.10). 
 Levando-se em conta que existem hoje, inúmeros estudos sobre alfabetização e que deles resultam diferentes abordagens, a alfabetização se dá a partir de um sistema alfabético ortográfico que permite o indivíduo fazer uso desses sistemas nas diversas situações cotidianas (CHAVES, 2006 p.12). 
 Os termos Alfabetização e letramento são subentendidos como Educação com transformação; alfabetizar um Jovem e Adulto é uma tarefa de construção de conhecimento que vai muito além de domínio da leitura e da escrita. Para Soares e Batista (2007 p. 24) o termo alfabetização designa: 
(...) o ensino e o aprendizado de uma tecnologia de representação da linguagem humana, a escrita alfabético-ortográfica. O domínio dessa tecnologia envolve um conjunto de conhecimentos e procedimentos relacionados tanto ao funcionamento desse sistema de representação quanto às capacidades motoras e cognitivas para manipular os instrumentos e equipamentos de escrita (SOARES; BATISTA, 2007, p.24).
 Os processos de aquisição de conhecimentos dos jovens e dos adultos são diferentes dos das crianças, pois eles trazem consigo uma grande bagagem de conhecimentos e ao menos tempo de insegurança, e o processo de alfabetização na EJA, não vai depender somente do lúdico, mas sim do concreto. 
 O primeiro conceito cultural relevante para os jovens e adultos que estão voltados para sua vida escolar, está interligada entre as suas relações escolar e social e o direito a educação, a cidadania, o trabalho e a classe social (OLIVEIRA, 1999, p.61). São diversos os fatores que levam à desistência de frequentar a escola e o aumento do índice de analfabetismo, dentre eles a precariedade de vida, a necessidade de entrar no mercado de trabalho muito cedo para a própria sobrevivência, Gadotti (2008) evidencia: 
 Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas condições precárias de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego, etc.) que estão na raiz do problema do analfabetismo. Para definir a especificidade de EJA, a escola não pode esquecer que o jovem e adulto analfabeto é fundamentalmente um trabalhador – às vezes em condição de subemprego ou mesmo desemprego [...] (GADOTTI, 2008, p.31).
 
	Muitos alunos chegam à escola com dificuldade de interação ou até mesmo aprendizagem, o papel da escola é fazer com que esse aluno se sinta confortável sempre trazendo ele para a sua realidade, cada aluno pertence ao um grupo diferente, com realidades e objetivos distintos.
Aprender a ler e a escrever pode ajudar uma pessoa a ser livre. No entanto, também acredito – e isso acontececom frequência – que há a necessidade de uma pessoa alfabetizada se libertar da hegemonia e da tirania das palavras. É crucial reexaminar o conceito de alfabetização num mundo que está marchando na direção de catástrofes que são criadas principalmente por pessoas alfabetizadas (...) (FASHED,2002 p.143).
 	Na concepção de Fashed (2002) e Gadotti (2008) ler e escrever são um elo possível e basta dar ao aluno a chance de ser livre, e na educação EJA é uma nova oportunidade para ser criar um novo conceito de mundo, mesmo com todas as dificuldades, os termos citados anteriormente se fundamenta em o habito de aprender sobre o mundo, criando assim pessoas com novos conceitos e habilidades, dando a eles uma nova oportunidade tanto no mercado de trabalho, quanto na vida. 
 Os Parâmetros Curriculares Nacionais definem em suas páginas que o domínio da linguagem oral e escrita, é fundamental para a participação social e efetiva, pois é por meio delas que o homem se comunica, e tem acesso às informações, partilhadas e constrói visões de mundo, produzindo assim um conhecimento, para uma sociedade em que a informação e a constante renovação de conhecimentos diante da ciência evolutiva, necessária a viabilização de ferramentas, em todas as etapas de escolarização e da vida (CARLENE MONTEIRO, 2010, p.20).
 Os métodos de ensino devem estar diretamente ligados ao cotidiano do aluno, e de acordo com as ideias de Freire o adulto deve conhecer sua realidade de forma crítica e atuante como cidadão reflexível, e para isso o aluno deve aprender pelo o método da repetição, usando palavras soltas e frases sem conteúdo lógico, sempre usando 3 pontos básicos.
 
	1. Etapa de Investigação: busca conjunta, entre professor e aluno, das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu	universo vocabular e da comunidade em que ele vive.
	2. Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, por meio da análise dos significados sociais dos temas e palavras. 	
	3.Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e	inspira	o aluno a	
Superar a visão mágica e a crítica do mundo, para uma postura conscientizada.
 O perfil do adulto que vai a busca do acesso à escola, não é universitário ou trabalhador qualificado que frequenta cursos de formação continuada, mas é o adulto que busca recuperar o tempo perdido, ou seja, provenientes de áreas empobrecidas, filhos de trabalhadores não qualificados e com baixo nível de instrução escolar. Isso acontece normalmente com o adolescente, que foram excluídos da escola, e quando mais velho se incorpora a um curso supletivo (OHUSCHI; VICENTINI, 2011 p.58). 
 As diversidades de alunos nas classes da EJA são caracterizadas pelo “mundo do trabalho”, e são muitos os alunos que administram sua sobrevivência e poucos os que possuem algum tipo de qualificação profissional, a escola deve ser maleável em relação a esses alunos, mas não deve tomar pra si a responsabilidade da preparação do trabalhador. Neste sentido,
 O conhecimento ocupa parte considerável do trabalho que a escola realiza; o encontro entre alunos e seus professores e o diálogo que estabelecem são, por essência, atos de conhecer. Um conhecimento se caracteriza pelo conjunto de saberes produzido pelos homens em sua busca incessante de explicar o mundo e a si mesmos. Um conjunto que poderíamos comparar à confecção de um tecido, no qual os fios formam tramas e estas os tecidos, de modo que todos estão inter-relacionados; um tecido construído social e individualmente (BRASIL, 2006).
 Apesar de existir muitos métodos de alfabetização e letramento também existe muitas preocupações com relação à formação de docentes, pois muitos professores que nela atuam não foram preparados para o trabalho de lidar com a EJA, e por muitas vezes, recebem somente treinamentos e cursos rápidos para atender ás demandas. É fundamental o professor ter um cuidado especial com a busca e seleção dos conteúdos a serem lecionados, por falta de materiais didáticos especiais para EJA, o professor busca matérias didáticas elaboradas para educação infantil por serem conteúdos parecidos.
A qualidade do educador e dos métodos utilizados na educação de jovens e adultos influencia muito na permanência ou não do aluno em sala de aula. Abordar temas pertinentes à realidade do aluno, fazer conexões entre as disciplinas e suas relações culturais, econômicas e sociais, é primordial para prender a atenção do aluno, pois torna o aprendizado mais atraente, despertando o seu interesse, e fazendo com que descubra na educação um verdadeiro significado, um poder transformador da sociedade e de sua própria vida (OHUSCHI E VICENTINI, 2011 p.114). 
 Uma das características frequentes dos alunos é a baixa autoestima, e isso se torna uma barreira no processo de alfabetização, pois o aluno pode se sentir excluído. 
	As representações que o aluno faz da escola e de seu desempenho na cultura escolar são construídas não somente dentro da própria escola, mas também no âmbito da família e das relações sociais, e através de expectativas próprias e de expectativas de outros pais, colegas, amigos, professores que nele são depositadas, e isso faz com que o aluno se sinta incapaz. Muitas vezes, os alunos com dificuldades são preconceituosamente taxados pelos professores, pais e colegas de “burros”, “preguiçosos”, “deficientes”, “lentos”. Estas palavras são corrosivas e imprimem cicatrizes profundas, causando efeitos devastadores na autoestima do sujeito (BRASIL, 2006).
 São muitos os fatores que dificultam o processo de alfabetização, como a falta de recursos, a baixa alto-estima dos alunos, a falta de material didático próprio para EJA, a evasão escolar, entre outros. Mas além de tudo o processo de ensino- aprendizagem se dá quando o aluno e o professor buscam novos meios de vence essas barreias. 
1.3 Alfabetização e letramento na EJA
 Ao longo dos anos a Educação de Jovens e Adultos tem conseguido alastrar seus principais objetivos, no entanto “precisa-se ser vista numa perspectiva mais ampla, não somente de alfabetização mais sim profissional, social e principalmente libertadora” (RIBEIRO, 2000, p.2). A educação formal visa a liberdade de expressão, a autonomia e a transformação da sociedade, de modo que o conceito de alfabetização se difere de letramento, mesmo ambos estando interligados pela aquisição de um sistema de escrita, para tanto Soares (2002), afirma que: 
Há, assim, uma diferença entre saber ler e escrever, ser alfabetizado, e viver na condição ou estado passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolver - se nas práticas sociais de leitura e de escrita - que se torna letradas - é diferente de uma pessoa que não sabe ler e escrever – é analfabeta - ou, sabendo ler e escrever, não faz uso da leitura e da escrita – é alfabetizada, mas não é letrada, não vive no estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita. [...] (SOARES, 2002, p.36).
É fundamental que as pessoas aprendam a ler e escrever e consigam utilizar esses saberes em suas práticas sociais. Alfabetização é um processo longo, visto que seu conceito aborde a dimensão da apreensão de um código de leitura e escrita, o conceito de Letramento, no entanto está “relacionado ao objetivo de investigar, de forma mais abrangente quem é investigado, e quem não é, contemplando o processo de letramento as dimensões sociais e discursivas numa sociedade letrada” (MOURA, 2008, p.4). Compreendendo a linguagem como um fenômeno social, estruturado, que age de forma ativa e grupal, o processo de Letramento é necessário para que o sujeito não se limite em apenas ler e escrever, mas para que compreenda e utilize seus conhecimentos ativamente no contexto de práticas sociais. 
Para Soares (2004, p.16), “o conceito de alfabetização, apesar de ter sido redimensionado, ainda não tem um sentido único, poisé um termo amplo que engloba uma variedade de conhecimentos e habilidades”. Para a autora, a alfabetização é o “[...] processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e escrita” (SOARES, 2004, p. 15), em síntese é alfabetizado o aluno que domina o Sistema de Escrita Alfabética e autonomia na leitura e na escrita. 
Segundo Soares (2004), alfabetização possui dois significados, a saber: o domínio da habilidade de codificar e decodificar e a compreensão dos significados do código escrito, bem como da leitura de diferentes objetos. Ela ressalta ainda que: 
Não se consideraria ‘alfabetizada’ uma pessoa que fosse apenas capaz de decodificar símbolos visuais em símbolos sonoros, ‘lendo’, por exemplo, sílabas ou palavras isoladas, como também não se consideraria ‘alfabetizada’ uma pessoa incapaz de, por exemplo, usar adequadamente o sistema ortográfico de sua língua, ao expressar-se por escrito (SOARES, 2004, p. 16).
Para Albuquerque (2012), o ensino que matinha a utilização desses moldes de alfabetizar com práticas de leitura e escrita de frases curtas e isoladas considerava a escrita alfabética um código a ser aprendido por meio da mera memorização e repetição. Atualmente é defendido que a alfabetização possibilite que os alunos compreendam como o Sistema de Escrita Alfabética funciona para que haja a aprendizagem. Por esse motivo, o Sistema de Escrita Alfabética tornou-se um sistema notacional.
De acordo com Magda Soares (2003, p.8), “Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno. ” Desse modo, são necessários cuidados ao conduzir a alfabetização, segundo a autora ensinar a ler e a escrever é insuficiente, alcançar níveis de alfabetização funcional onde as pessoas leem e escrevem, porém, não são capazes de fazer o uso desse conhecimento, Dário (2003), ressalta ainda que: 
[...] para a adaptação adequada ao ato de ler e escrever, “é preciso compreender, inserir se, avaliar, apreciar a escrita e a leitura”. O letramento compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita (DÁRIO, 2003, s/n). 
Desse modo é possível apurar as diferenças entre ensinar o código de escrita, sua codificação e decodificação, e orientar para que o professor possa instrumentalizar o aluno para se utilizar desse código em situações onde a leitura e a escrita sejam utilizadas de forma real e objetiva. Tanto a Alfabetização quanto o Letramento precisam estar juntos para que o aluno saia formado da escola, mesmo que a aquisição de conhecimento deva ser contínua, não basta apenas ler e escrever é necessário que se compreenda aquilo que se lê e o que se escreve. 
Diferente dos métodos de ensino voltados para a Educação Infantil, onde primeiro se alfabetiza e depois se inicia o processo de Letramento, na EJA se alfabetiza letrando, tendo como intuito inserir o educando nas práticas sociais na utilização de escrita no seu dia a dia. Entende-se, portanto que, a alfabetização está relacionada à compreensão do funcionamento do Sistema de Escrita Alfabética. Já o letramento, a capacidade de usar a leitura e a escrita na sociedade.
É ressalto por Carvalho (2011), que é possível haver uma prática em sala de aula voltada ao alcance dessas habilidades, na EJA é de suma importância que os alunos consigam aprender de maneira integral, autora aponta que: 
Para alfabetizar letrando, deve haver um trabalho intencional de sensibilização, por meio de atividades de comunicação, por exemplo: escrever para alguém que não está presente (bilhetes, correspondência escolar), contar uma história por escrito, produzir um jornal escolar, um cartaz etc. Assim a escrita passa a ter função social (CARVALHO, 2011, p. 69)
A autora evidencia que para alfabetizar na perspectiva do letramento, torna-se necessário inserir na rotina de sala de aula diversos textos com variados gêneros textuais, para que os estudantes possam identificá-los e construí-los de forma autônoma.
Os principais métodos de ensino para a Alfabetização e Letramento na EJA ainda são mecânicos e repetitivos, por exemplo:
B com A = BA 
B com E = BE 
B com I = BI 
B com O = BO 
B com U = BU 
O professor não leva em consideração os conhecimentos que os alunos já têm, e não contextualizam com as ocorrências cotidianas dos mesmos. Outro meio utilizado é a Alfabetização convencional, de acordo com Carvalho (2014, p. 43), é basicamente: 
· Apoiada em cartilhas pela lógica do sistema da escrita: letras – sílabas – palavras – frases – textos; 
· Sintética: letra ou som; 
· Analítica: palavra, frase ou texto; 
· Mistos: métodos sintético e analítico; 
· Concepção de aprender; impressões perceptivas.
Outro meio bastante utilizado para o ensino e aprendizagem na EJA, para que haja a Alfabetização e Letramento por meio de modelos são os mistos, onde não se tem uma metodologia definida, mas ao investigar as necessidades da turma, o professor deve buscar o melhor método para ensinar, ele pode utilizar o de Emprego de cartilhas convencionais, e atividades retiradas de metodologias variadas.
São diversos os métodos utilizados no processo de Alfabetização e Letramento na EJA, dentre eles a inserção dos jogos de alfabetização, Azevedo (2012), em sua pesquisa, investigou a contribuição de atividades metalinguísticas, aplicadas através de jogos de alfabetização na EJA, considerando-os como um dos métodos mais eficazes.
Os jogos estão presentes na vida dos educandos sejam crianças, jovens, adultos ou idosos, mesmo assemelhados a instrumentos de diversão, lazer e prazer, eles possibilitam o desenvolvimento integral do ser humano, independentemente da idade. Contudo, os jogos são práticas culturais dotadas de historicidade podendo assumir, dependendo do lugar e da época, múltiplas significações (LEAL (LEAL et al 2005); ALBUQUERQUE; LEITE, 2005; KISHIMOTO, 2009). No caso da EJA, auxilia o educador a dinamizar seu método de trabalho, ofertando assim diversas modalidades para que ocorra a aprendizagem. 
As regras dos jogos auxiliam no desenvolvimento, aprendizagem e compreensão dos conhecimentos que estão sendo trabalhados. Ao considerar os jogos de regras como recursos pedagógicos podem auxiliar no processo de alfabetização do aluno. 
Ao evidenciar a relevância dos jogos de alfabetização na EJA, Azevedo (2012) afirma que, por meio dos jogos, os jovens e adultos podem se apropriar da linguagem, formulando hipóteses, confrontando-as, confirmando-as ou as corrigindo, através da interação e interlocução com seus colegas, seus professores e outros partícipes da atividade, desse modo ocorre de maneira simultânea a Alfabetização e Letramento. 
Ao inferir que existe distinção entre Alfabetização e Letramento, evidenciou-se a necessidade de uma para com a outra, o letramento é basicamente o complemento da alfabetização. Cabe ao professor conciliá-los e escolher o melhor método para que haja a eficácia tanto na Alfabetização quanto no Letramento, são diversos os métodos, mas cada turma apresenta uma carência diferente.
 
1.4. O que dizem os educadores sobre a EJA
A educação é a engrenagem para a construção de uma sociedade melhor, a EJA pode ser vista como um resgate social em que se insere novamente na escola pessoas que perdeu de algum modo o direito de continuar estudando ou de nunca terem estudado. Ao ensinar na EJA, os professores se deparam com um desafio maior, pois, educar jovens e adultos é uma tarefa complexa, os mesmos são carregados de conhecimento de mundo e já adquiriu diverso saberes, Fonseca (2010) alerta:
cada vez mais, os professores da EJA têm de lidar com várias situações: a especificidade socioeconômica do seu aluno abaixa a autoestima decorrente das trajetórias de desumanização, a questão geracional, a diversidade cultural, a diversidade étnico-racial, as diferentes perspectivas dos alunos em relação à escola, as questões e os dilemas políticos da configuração do campo da EJA como espaçoe direito do jovem e adultos, principalmente os trabalhadores (FONSECA, 2010, p. 16). 
O professor é mediador e incentivador de cada aluno, a relação estabelecida entre o professor e aluno e de suma importância para o processo de aprendizagem. Todas as ações do educador influenciam no desenvolvimento do aluno, muitos educadores consideram a EJA, uma das turmas mais problemáticas, justamente por ser formada por alunos com idades avançadas que já possuem concepções que dificilmente são mudadas. 
De acordo com Paulo Freire (1979) o professor é apenas um ajustador do aluno em relação à alfabetização (aprendizagem), o aluno é quem deve criar o saber, e conceber sentido de fazer a alfabetização de dentro para fora. O conhecimento que o aluno traz consigo é fundamental para seu aprendizado, quando relacionado ao conteúdo educacional.
Para Mello (2004), a formação dos educadores da Educação de Jovens e Adultos necessita ser repensada, não existe uma política de formação específica para o profissional dessa modalidade. Ainda segundo Mello, a maioria dos educadores que trabalham com as turmas da EJA veem a EJA como uma turma tumultuada e apontam diversos pontos negativos, principalmente relacionados a política, além do mais à uma enorme necessidade de se investir na formação e valorização do educador é de suma importância na melhoria da educação como um todo. 
Segundo Moll (2004), é função do professor na EJA mediar, usar metodologias que beneficiem o processo de construção de ensino-aprendizagem, facilitando a interação do aluno com o meio. No entanto, existem poucas pesquisas que apontam a visão do professor sobre a EJA, se fala muito em como os professores devem agir a, porém não se evidencia como os professores veem e se sentem com essa modalidade de ensino.
A formação dos professores é fundamental para uma reflexão crítica sobre a sua prática. “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática” (FREIRE, 1996, p. 39). Essa formação possibilita que o docente tenha uma prática de qualidade, o governo buscou medidas para combater com analfabetismo, no entanto não investe na formação continua dos professores para que haja melhorias no ensino. 
A formação dos professores é fundamental para uma reflexão crítica sobre a sua prática. “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática” (FREIRE, 1996, p. 39). Essa formação possibilita que o docente tenha uma prática de qualidade, o governo buscou medidas para combater com analfabetismo, no entanto não investe na formação continua dos professores para que haja melhorias no ensino. Para Arroyo (2006), o reconhecimento de habilitações para trabalhar nesta modalidade é muito recente e o perfil deste profissional ainda é difuso: 
Esse caráter universalista, generalista dos modelos de formação de educadores e esse caráter histórico desconfigurado da EJA explica porque não temos uma tradição de um perfil de educador de jovens e adultos e de sua formação. Isso implica sérias consequências. O perfil do educador de jovens e adultos e sua formação encontra-se ainda em construção (ARRAYO, 2006, p. 18).
Os Cursos de Literatura em geral ofertam formação de professores para a Educação Básica, a EJA, na visão de muitos professores, segundo Arrayo (2006), a EJA deveria ser vista perspectiva emancipatória, levando em consideração seus alunos, pois necessitam de educadores especializados nessa modalidade, pois, ao voltarem para a escola, “demandam educadores, currículos e práticas pedagógicas que considerem suas histórias de vida, promovam sua participação efetiva no processo do conhecimento, gerando aprendizagens significativas, com ressonância no seu cotidiano” (ARRAYO, 2006, p. 17). Di Pierro & Graciano (2003) resaltam:
 Em virtude da ausência de políticas públicas que articulem organicamente a educação de adultos às redes públicas de ensino básico, não há carreira especifica para educadores desta modalidade educativa. A situação mais comum é que docentes que atuam com os jovens e adultos sejam os mesmos do ensino regular que, ou tentam adaptar a metodologia a este público especifico, ou reproduzem com os jovens e adultos a mesma dinâmica de ensino e aprendizagem que estabelecem com crianças e adolescentes (DI PIERRO & GRACIANO, 2003, p. 23).
O campo do professor que atua nessa modalidade de ensino é pouco definido, sobretudo é amplo, o professor pode encontrar uma metodologia adequada para a turma através da observação, embora ocorram muitas dificuldades para isso, lidar com adultos é mais complicado, um professor de educação básica, em muitos casos não tem a preparação necessária durante a graduação. Lemos (1999) citando Freire (1996), evidencia algumas contribuições importantes sobre a competência docente, quando especifica que: 
ensinar exige respeito aos saberes dos educandos [...], discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes e relação com o ensino dos conteúdos [...]. Ensinar exige disponibilidade para o diálogo [...] Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural [...]. Ensinar exige a apreensão da realidade [...], transformar a realidade para nela intervir, recriando-a [...]. Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade [...]. O fundamental no aprendizado do conteúdo e a construção da responsabilidade, liberdade que se assume [...] (LEMOS, 1999, p. 20 apud FREIRE, 1996, p. 7-8)[footnoteRef:1]. [1: LEMOS,M. V. A problametização em educação em Saúde.Rio de Janeiro: Unespa , 1999. ] 
O professor exercer um papel fundamental nas instituições de ensino, ensinar exige muito, mas é o método de ensino que possibilita a aquisição do aprendizado, ao receber o aluno do EJA, o professor deve buscar uma melhor prática ou aperfeiçoar a que já utiliza, levando em conta a sua trajetória dentro da escola.
A formação continuada dos professores é uma oportunidade de suprir as falhas, proporcionando às docentes aprendizagens que tem como intuito aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos. Segundo as autoras Ribas e Soares: 
[...] faz-se necessário uma qualificação dos profissionais envolvidos neste processo, é fundamental que a equipe docente esteja bem preparada, por este motivo é extremamente importante uma formação continuada, onde todos tenham a oportunidade de repensar a sua prática. Pois, a formação continuada é um processo possível para a melhoria da qualidade do ensino, dentro do contexto educacional contemporâneo (RIBAS e SOARES, 2012, p. 5).
É notória a importância da formação continuada para os docentes que atuam na EJA, não apenas em relação à aprendizagem de metodologias ou de recursos de ensino, mas na importância de preparar os docentes para lidarem com as dificuldades encontradas ao exercer a docência, conseguindo assim prepara-los para lidar com a realidade dos alunos da EJA, pois,
Ser professor, hoje, é ser um profissional competente, para levar o aluno a aprender, é participar de decisões que envolvam o projeto da escola, lutar contra a exclusão social, relacionar-se com os alunos, com os colegas da instituição e com a comunidade do entorno desse espaço (ENS, 2006, p. 19 apud RIBAS e SOARES, 2012, p. 5)[footnoteRef:2]. [2: ENS, R. T. Significados da pesquisa segundo alunos e professores de um curso de Pedagogia. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2006.] 
Desse modo, ao abordar as dificuldades que os professores enfrentam para exercerem à docência na modalidade de ensino EJA, evidencia-se também um dos pontos negativos dessa modalidade, faltam diretrizes, políticas que auxiliem, a EJA se assemelha à educação básica no método de ensino, no entanto as carências dos alunos vão muito além das dificuldades enfrentadas na Educação Básica. 
De acordo com Oliveira (2007), um dos principais problemas encontrados na Educação de Jovens e Adultos é a infantilização dos discentes, em que:
Não importando a idade dos alunos, a organização dos conteúdos a serem trabalhadose os modos privilegiados de abordagem dos mesmos seguem as propostas desenvolvidas para as crianças do ensino regular. Os problemas com a linguagem utilizada pelo professorado e com a infantilização de pessoas que, se não puderam ir à escola, tiveram e têm uma vida rica em aprendizagens que mereceriam maior atenção, são muitos (OLIVEIRA, 2007, p. 88).
Para a autora a infantilização dos discentes é um dos grandes problemas encontrados na EJA, e isso dar-se por não haver métodos voltados para essa modalidade de ensino. Ao analisar a visão de Oliveira (2007), Ribas e Soares (2002) e Di Pierro & Graciano (2003), notam que os professores enxergam a EJA como um desafio, acabam se tornando autodidatas para conseguirem ampliar a transmissão de conhecimentos. Ao levar em consideração os diversos fatores que influenciam no ensino e aprendizagem, o educador deve ter em mente, analisar primeiro o ambiente e as dificuldades na sala de aula, desse modo os projetos educacionais podem auxilia-lo e suprir as necessidades e solucionar os problemas de ensino.
1.5. Os projetos educacionais que contemplam o projeto da EJA
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96, a EJA é uma modalidade de ensino da educação básica voltada para o ensino fundamental e médio, que visa os jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de concluir os estudos na devida idade. Contudo, se constitui em uma modalidade com especificidade própria, e que exige profissionais preparados para atuarem nesse campo de ensino. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) de 1996 organizou o sistema educacional brasileiro em dois níveis de ensino: a Educação Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e o Ensino Superior, possuindo as modalidades de educação: Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional, Educação Especial, Educação Indígena e Educação a Distância (CHILANTE; NOMA, 2007, 47).
Em seu 3° artigo, a atual LDB estabeleceu a igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, gratuidade do ensino público, o pluralismo de concepções pedagógicas e ideias, garantia de padrão de qualidade, a valorização da experiência extraescolar e a vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
A importância da EJA tonou-se reconhecida em vários países devido às conferências organizadas pela Unesco nos anos 1990, ofertar aos jovens e adultos a possibilidade de retomar os estudos, é oferecer a sociedade uma nova chance de se reformula. A Educação de jovens e adultos tem o seu papel educativo respaldado desde a Constituição Brasileira de 1988, como parte de uma “educação como direito de todos”, tornando-se reconhecida como dever do Estado.
No ano de 2000, o Conselho Nacional de Educação estabeleceu, no Parecer nº 11, (das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos), formalizou as funções e as bases legais da EJA fundamentadas na LDB, nos Parâmetros Curriculares Nacionais e nas Diretrizes Curriculares Nacionais. O Decreto nº 5.478, de 24 de junho de 2005, institui o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – Proeja, abrangendo a formação inicial e continuada de trabalhadores e a Educação Profissional Técnica de nível médio.
 Em seu projeto, a EJA tem como principais objetivos:
· Proporcionar a conclusão do Ensino Médio aos Jovens e Adultos que estão afastados da escola e desejam retomar os seus estudos;
· Garantir ao aluno, através da modalidade de Educação à Distância, a flexibilidade entre tempo e espaço e a economia de tempo e dinheiro gerada pelo não deslocamento diário até a escola;
· Oferecer a inclusão digital pelo uso da tecnologia na educação;
· Propor a democratização do ensino por todos os cantos do Brasil;
· Quebrar barreiras territoriais de um país de extensão continental com a utilização da tecnologia de transmissão via satélite de última geração;
· Participar da mudança na concepção do educar tradicional, que mantém os mesmos moldes do século XIX.
De acordo com o Plano Nacional de Educação (2006), tem-se como um dos objetivos e prioridades: garantir o ensino fundamental a todos os que por um motivo ou outro, não tiveram acesso na idade certa ou que não o concluíram. O desarraigamento do analfabetismo faz parte dessa prioridade, considerando-se a alfabetização de jovens e adultos (EJA) como um dos pontos de partida próprio desse nível de ensino.
 A alfabetização desses alunos é evidenciada no sentido extenso de domínio dos instrumentos básicos da cultura letrada, das operações matemáticas primárias, da evolução histórica da sociedade humana, da heterogeneidade do espaço físico e político mundial da constituição brasileira. Desse modo, ainda envolve, a formação do cidadão responsável e consciente de seus direitos (BRASIL. PNE, out. 2006).
Para elencar a EJA, criaram-se iniciativas como, o desenvolvimento do Programa Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos (PBA) e do Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação e Ação Comunitária (PROJOVEM); a criação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) e a implantação do FUNDEB. 
Vários projetos educacionais comtemplam a EJA, e cada instituição elabora um projeto que atenta às necessidades de seus alunos, por exemplo, o PEJA – Projeto Unesp de Educação de Jovens e Adultos, coordenado pela  Profa. Dra. Maria Antônia Granville, elaborado no ano de 2000, ressalta em seus princípios que: “Toda pessoa, independentemente de sexo, raça, idade, cor, religião, facção política e/ou partidária, classe social, tem direito à Educação”. 
O PEJA trabalha no sentido de:
· Inclusão de jovens e adultos não-alfabetizados, das comunidades interna e externa dos "campi", no processo regular de ensino e aprendizagem;
· Auxílio para cada jovens e adultos a desenvolver o seu potencial enquanto pessoa e cidadão participante da sua comunidade social, da sociedade brasileira e do mundo;
· Atendimento às necessidades básicas de ensino e aprendizagem de cada um dos alfabetizandos;
 As instituições ao ofertarem projetos educacionais que contemplem a EJA, contribuem para que os alunos não se sintam deslocados, possibilitando que encontrem motivações para perseverarem e continuarem buscando a aquisição do saber. A EJA é assegurada pelo Conselho Nacional de Educação, mas são as intuições que a desenvolvem que farão com que haja a eficácia na aprendizagem, são os projetos educacionais que darão um melhor suporte para o educador e para o aluno.
Algumas instituições buscam adotar medidas para melhorar a leitura, desse modo desenvolvem projetos voltados especificamente para isso, como por exemplo, projetos que abordem o tema “Leitura e Escrita na EJA”, Segundo Cunha (1994) cabem ao professor tomar algumas atitudes importantes para que haja vinculação imediata entre o aluno e a escrita/leitura. Parafraseando Cunha (1994), essas atitudes seriam:
· Respeitar a diversidade de expressões orais de seus alunos;
· Saber ampliar suas diferentes formas de expressão, abrindo espaços cotidianamente para conversas e narrativas;
· Saber proporcionar aos alunos reais situações comunicativas, incentivando-os a exporem suas dúvidas oralmente, a interferirem na fala dos outros fazendo contrapontos, a organizar debates e seminários, a promoverem saraus literários ou poéticos;
· Saber ler para seus alunos;
· Saber aproximar seus alunos de fontes de informação diversificadas e instigantes: livros, jornais, revistas, vídeos, cartazes;
Não basta apenas elaborar os projetos educacionais, mas a forma de aplica-los é primordial para seu desenvolvimento e para a interação dos alunos. Outros projetos muito adotados para a alfabetização e letramento, envolvem os gêneros textuais, onde o aluno faz diversas leituras e identifica os gêneros textuais de cada um deles, sendo assim compreende o porquê das diferenças. No entanto, vale ressaltar que cada intuição adota um projeto educacional diferente e um métodode aplicação, e alguns projetos contemplam diversas disciplinas, como língua portuguesa, matemática, artes, etc. 
Esses projetos, não envolvem apenas a alfabetização e letramento, mas contextualizam com a atualidade, para Coelho (2016), pelo fato de as turmas da EJA serem formadas por número significativo de alunos que já construíram famílias (algumas mães, gerenciadoras de seus lares, e alguns pais, chefes de suas casas), torna-se necessário abordar diversos temas e contextualiza-los, por exemplo, a sensibilização do tema drogas parece bastante convidativo por dois motivos: primeiro, afirmarem-se como cidadãos seguros e capazes de tomar e analisar suas decisões; segundo, serem capazes de dialogar e orientar pessoas que passam dificuldades, inclusive familiares e amigos. 
Além de promover o ensino e aprendizagem, orienta-se em diversas outras questões, a sala de aula muitas vezes é um refúgio para esses alunos, mesmo apresentando em alguns casos baixa autoestima, ao adquirirem conhecimentos, eles se sentem renovados e norteados. Os projetos educacionais e o método como são desenvolvidos são alicerces para a aprendizagem, independentemente da idade, aprender e prazeroso, revigorante e principalmente substancial para o ser humano. 
. 
Capítulo II
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
2.1 – Introdução 
 	A pesquisa foi desenvolvida em uma escola no município de Almenara-Mg está situada na região central. A infra-estrutura da escola é ampla estando dividida em 3 blocos. Onde possui salas de aula, um refeitório junto a uma cozinha em condições adequadas, com material completo que consegue atender a demanda dos alunos que dependem deste recurso. Ainda possui uma sala para secretaria/direção, sala de orientação educacional, sala destinada a áudio e vídeo, biblioteca, banheiros feminino e masculino e 1 para professores. Em seu Projeto Político Pedagógico (PPP) o principal objetivo proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades, para sua auto realização, preparação para o exercício consciente da cidadania e prosseguimento de estudos. Pretende formar pessoas capazes de pensar e agir como seres históricos que tenham consciência de sua importância no processo de transformação de si mesma e do mundo, ou seja, cidadãos curiosos, criativos, críticos, afetivos, autoconfiantes, sociáveis, responsáveis, autônomos e éticos. A escola funciona no período matutino, vespertino e noturno. 
	Os alunos são organizados em turmas que giram entorno de 25 a 30 alunos. Os planos de ensino dos professores compreendem o plano anual que consiste na organização do processo de trabalho a serem realizados durante o ano letivo. A escola utiliza na avaliação de aprendizagem procedimentos, recursos de acessibilidade e instrumentos diversos, tais como a observação. O registro descritivo e reflexivo, os trabalhos individuais e coletivos, os portfólios, exercícios entrevistas, provas, testes, questionários, sendo essa avaliação contínua processual. A educação de Jovens e Adultos acontece no turno da noite, são duas turmas com um total de vinte e cinco alunos, e a mesma funciona desde o ano de 2000. 
A maioria dos alunos trabalham durante todo o dia, exercendo funções variadas no mercado de trabalho, atuando como domesticas, vendedores, pedreiros, autônomos, dentre outros. A maior dessa clientela abandonou os estudos para que pudessem trabalhar, com intuito de se susterem e ajudaram a família, considerando que no município em que se localizam a taxa de desemprego é grande, e o índice de pobreza ainda é gritante. Entretanto o mercado de trabalho informal oferece certa segurança para esses alunos, mesmo que os salários sejam abaixo do salário de mínimo. 
	Diante do levantamento da pesquisa foi optada por uma metodologia baseada em uma entrevista em forma de questionário semi-estruturado, onde foram entrevistados 3 educadores e 3 educandos, as informações contidas foram baseadas em como vem funcionado o processo de alfabetização e letramento na Educação de Jovens e adultos, sabemos que a educação se baseia através da relações professor-aluno dentro da sala de aula, e que esse relacionamento deve ser mutuo, na qual o professor ensina e aprende ao mesmo tempo, assim permitindo uma troca de saberes e experiências saudáveis, por isso a entrevista foi realizada com os demais escolhidos, buscando a opinião de cada um no seu contexto individual. 
2.2 Análise dos dados da entrevista com professores.
	Nestas análises de dados, buscamos demonstrar quais são os principais motivos os quais os jovens e adultos voltam para escola, quais os fatores dificultadores do processo de alfabetização e letramento, e quais os tipos de recursos utilizados na aula. 
Tabela 1
Quais os principais motivos que os jovens e adultos voltam para escola?
	Professor 
	 Respostas 
	Professor A
	“Dificuldade de conseguir emprego melhores.”
	Professor B
	“Falta de qualificação no mercado de trabalho, não tiveram oportunidades quando crianças.”
	 Professor C
	“Dificuldade para entrar no mercado de trabalho, melhores de vida.”
	Conforme a tabela, de acordo com a resposta dos entrevistados, podemos perceber que 100% afirmam que a procura dos jovens e adultos por um ensino sistematizado, é apenas para conseguir um diploma, para facilitar o ingresso no mercado de trabalho. A falta de qualificação muitas vezes impende com que eles tenham um emprego e garantem uma qualidade de vida melhor pautada em melhores condições financeiras, vivemos uma disputa acirrada em relação à entrada no mercado de trabalho, as vagas estão cada vez mais exigentes, o conhecimento não é mais valido, é necessário uma qualificação. 
 O perfil do adulto que vai a busca do acesso à escola, não é universitário ou trabalhador qualificado que frequenta cursos de formação continuada, mas é o adulto que busca recuperar o tempo perdido, ou seja, provenientes de áreas empobrecidas, filhos de trabalhadores não qualificados e com baixo nível de instrução escolar. Isso acontece normalmente com o adolescente, que foram excluídos da escola, e quando mais velho se incorpora a um curso supletivo (OHUSCHI; VICENTINI, 2011 p.58).
Tabela 2
Quais são os principais fatores que dificultam o processo de alfabetização e letramento dos jovens e adultos?
	Professor
	Resposta
	Professor A
	“Conciliar o estudo e o trabalho, muitos trabalham o dia todo e se sentem cansados para estudar a noite”.
	Professor B
	“A jornada familiar, trabalho, visão às vezes a infrequência, material adquado”.
	Professor C
	“A desmotivação dos alunos ”.
	Com base na tabela os principais fatores dificultadores do processo de alfabetização e letramento da Eja, é não conseguirem conciliar a rotina familiar e trabalho com os horários e os dias das aulas, a rotina semanal é muito cansativa, as donas de casa ou até mesmo o que trabalham fora não tem tempo para atividades extras, muitos chegam a deixar o ano letivo pela metade sem previsão para retorno, a falta de material adequado também é um fator, mas o principal fator dificultador é o que nos chama a atenção é desmotivação dos alunos, eles chegam na escola com baixa auto estima sem acreditar no seu potencial, almejando por mudanças, mas nem sempre encontra aquilo que procurava e acabam se sentindo desmotivados. Assim como afirma Gadotti (2008):
Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas condições precárias de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego, etc.) que estão na raiz do problema do analfabetismo. Para definir a especificidade de EJA, a escola não pode esquecer que o jovem e adulto analfabeto é fundamentalmente um trabalhador – às vezes em condição de subemprego ou mesmo desemprego [...] (GADOTTI, 2008, p.31)
	
O professor deve sempre olhar para seu aluno como um olhar mais criterioso lembrado que aquele jovem e adulto que frequenta sua aula, já teve um dia cansativo, e está ali a procura de novos conhecimentos, não de algo que façacom que ele se sinta mais oprimido e cansado, a escola pode proporcionar aos alunos momentos de descontração motivando e tirando eles da rotina, enfrente aos grandes desafios diários á vontade de buscar um futuro ainda se encontra dentro da sala de aula, as salas são marcadas por riquezas em relação a afetividade dentre os alunos. A falta de motivação dos alunos ainda é um dos principais fatores que dificultam o processo de alfabetização e letramento dos jovens e adultos, visto que eles justificam o desinteresse devido ao cansaço do dia-a-dia, porém não se esforçam para aprender e desenvolver as atividades propostas. O professor não deve encarar esses alunos, como coitados, mas como desafios diários de superação. 
Os professores também carregam cargas de vida, e podem estar como o mesmo desgaste que os alunos, e a culpa pelo mal desempenho de uma turma recaí sempre sobre o professor. O governo não está preocupado com as dificuldades enfrentadas pelo professor, mas sim com os resultados que o mesmo apresenta, isto é, a ideia de que com a formação e conclusão de curso o índice de analfabetismo nacional diminui. As políticas e os recursos didáticos são escassos, o educador tem que usar da criatividade e espontaneidade para promover um ensino de qualidade, que estão situados apenas nas metas governamentais, mas que prática não encontram ao menos o material didático adequado para o trabalho. 
Antigamente o professor era visto e tratado como mestre, nos dias atuais a figura do professor é tão desvalorizada, que todos os déficits de aprendizagem são atribuídos a sua pratica docente. Antes os professores eram tratados como mediadores e portadores de conhecimentos, atualmente são vistos como meio de conseguir um diploma. Trazer essas palavras, é um modo cruel, mas verdadeiro de expor a realidade. O respeito ao professor e ao seu trabalho tem se desfeito com o tempo, principalmente por parte do governo. 
A culpa não pode ser atribuída apenas ao professor pela defasagem de ensino e as dificuldades no processo de alfabetização e letramento dos jovens e adultos, pois isso dar-se por inúmeros fatores, desde a falta de recursos ao empenho dos alunos, não estamos aqui para atribuir culpas, mas para esclarecer os fatores que provocam isso. Desse modo, por meio de nossas análises, concluímos que a falta de recursos acaba dificultando o trabalho do processor, o que por consequência reflete na aprendizagem dos alunos e andamento das aulas.
Tabela 3
O que você acha dos recursos utilizados na Eja? Por quê?
	Professores 
	Respostas 
	Professor A
	“Anualmente são feitos as escolhas de livros, porém, nunca apareceram os mesmos”.
	Professor B
	“Muitas atividades não são condizentes com a faixa etária dos alunos”.
	Professor C
	“Por falta de materiais utilizamos da educação infantil”. 
Segundo Gadotti e Romão (2005, p.15) a, “Educação de Jovens e Adultos viveu um processo de amadurecimento que veio transformando a compreensão que dela tínhamos poucos anos atrás. ” Isto é, as mudanças ocorridas proporcionaram outra visão para as turmas da EJA, que tornou-se melhor percebida quando a situamos como Educação Popular. Em contra ponto, ainda é vista como a maneira mais rápida de se adquirir um diploma, e a concepção do saber que ela pode proporcionar ainda se encontra em segundo plano. 
Os professores assumem a responsabilidade de em um período curto de tempo repassar conteúdos de anos ao comparar com o ensino regular, entretanto os recursos disponibilizados são limitados, o que acaba tornado as aulas monótonas, além do mais um dos entrevistados afirma que por falta de meios para que possa proporcionar aulas diferenciadas, acabam utilizando artifícios da Educação Infantil. Um dos entrevistados ressalta ainda que “Muitas atividades não são condizentes com a faixa etária dos alunos”.
Os recursos possibilitam aos professores diferentes estratégias de como ensinar aos alunos a pratica de alfabetização e letramento, dentro da sala de aula o docente pode procurar auxílios para resolver diferentes problemas e encontrar meios de alfabetizar e letrar o aluno de forma lúdica, mas muitas vezes isso não é praticado pelos educadores, pois eles não têm acesso a uma formação continuada e se sentem desmotivados a darem aulas, sem materiais adequados fornecidos pela a instituição muitos procuram recursos por conta própria, mas alguns acabam errando na escolha e levam aos alunos matérias inapropriados para sua faixa etária. 	
	Atualmente vivemos em um mundo pós-moderno, tudo gira em torno de tecnologias, mas na educação de jovens e adultos de acordo com a resposta dos educadores podemos perceber que a um atraso em questão de recursos matérias para alfabetização e letramentos dos alunos, muitos falam de métodos e práticas adequadas no processo de ensino aprendizagem, mas acabam fazendo de forma contraria do que dizem, os matérias didáticos fazem parte das praticas educacionais e quando escolhidos de forma inadequada acabam atrasando o seu aprendizado ou até mesmo desmotivando os alunos e isso faz com que eles desistam de estudar. 
2.3 Análise dos dados entrevista com alunos. 
	Os jovens e adultos presentes tiveram uma evasão escolar quando criança e agora estão tendo a oportunidade de voltarem para escola, alguns estão sendo alfabetizados, outros apenas aprimorando seu conhecimento, com base nos dados foi possível perceber que os indivíduos pesquisados tiveram uma passagem rápida pela a escola no ensino infantil ou até mesmo no fundamental, dentre as várias perguntas, as que se destacam possui maior relevância para a realização desse trabalho e as questões são: Há quanto tempo parou de estudar? Porque? O que te motivou a voltar para escola? Quais as principais dificuldades que você encontra para continuar estudando? Os alunos demonstraram interesse em responder as perguntas, uns ficaram meio tímidos, sem jeito, mas acabaram respondendo de forma clara e objetiva. 
Tabela 4
Há quanto tempo parou de estudar? Porque?
	Alunos 
	Repostas 
	Aluno 1 
	“15 anos, por conta do trabalho”.
	Aluno 2 
	“10 anos , porque tive que trabalhar”.
	Aluno 3 
	“Parei de estudar há 8 anos, por motivo que eu precisava escolher entre trabalhar ou estudar”.
	Através dos dados fica notável que, esses alunos não tiveram na infância a oportunidade de concluir os estudos ou até mesmo chegar a irem à escola, por conta de motivos financeiros. Percebemos que são vários os motivos que se destaca, a necessidade de trabalhar para ajudar no sustento da família é a maior delas. É importante saber, que a falta de escolarização destes alunos não ocorreu por acaso ou por escolha própria, mas, pela a necessidade de um sustento para sua sobrevivência. 
	A evasão traz consequências tanto para o aluno que sofreu, quanto para a instituição em que ele frequentava, o estudante que deixou de frequentar uma escola, pode não ter motivação para retornar os estudos, o que leva ao despreparo pessoal, a cultura escolar é construída a partir da tríade família, sociedade e instituição, se não houver motivação principalmente familiar o aluno irá se sentir incapaz de buscar novos conhecimentos, e fará com que eles se sintam oprimido. 
Tabela 5
O que motivou a voltar para escola?
	Alunos
	Respostas 
	Aluno 1
	“O que me motivou a voltar estudar foi a necessidade que eu sentir em querer uma vida melhor”.
	Aluno 2
	“Vontade de aprender ler e fazer o meu nome”.
	Aluno 3
	“Aprender mais e terminar os estudos”.
	A vontade de aprender e buscar um futuro melhor, é o desejo desses alunos, percebemos que esses desejos estão relacionados com a busca de conhecimento e a vontade que eles possuem em adquirir aquilo que não puderam ter quando criança, a esperança em poder ter melhoraria nas suas condições sociais, está relacionada também com seu futuro. 	
	A maioria dos alunos entrevistados aponta que a maior dificuldade para continuar estudando consiste em problemas familiares, ou até mesmo o trabalho. Em muitos casos a aprendizagem, não consiste em aprender, mas a dificuldade se trata deproblemas metodológicos, os jovens e adultos necessitam de uma metodologia diferenciada, visando a sua realidade e suas habilidades, o educador teve tentar recuperar a autoestima do aluno, analisando os métodos de ensino o que é fundamental para enfrentados problemas relacionados, é importante que o professor tenha consciência que o aluno apresenta dificuldades de aprendizagem e isso não é por vontade própria. 
Como supracitado pelo IBGE, 74% dos brasileiros acima dos 15 anos de idade – que, apesar de ler e escrever, ainda enfrentam dificuldades para compreender o que está escrito e em relacionar o que leem a outras informações que recebem. Diante de nossas observações, torna-se necessário evidenciar três pontos de suma importância que retratam a motivação para que os jovens retornem a escola. 
1) A importância da formação. No cenário atual, o mercado de trabalho exige pessoas capacitadas e qualificadas para exercerem suas funções, é cada vez mais rara a cobrança, apenas do ensino médio no currículo de trabalho, fazendo com que cresça o mercado de trabalho informal e aumente a taxa de desemprego, justamente porque faltam profissionais capacitados. Em síntese os ensinos fundamentais e médios são vistos apenas como meio de alfabetizar, e não agregam tanta importância na atualidade. Desse modo, os jovens buscam concluir de maneira rápida a educação básica, mesmo que não aprendam tanto, considerando apenas a importância da conclusão do ensino médio no currículo, e não a concepção de saberes. Aumentando desse modo, o índice de analfabetos funcionais, a importância não está na formação que agrega conhecimentos e saberes, mas nos “benefícios” que um certificado de conclusão que o curso pode oferecer para a busca de empregos melhores;
2) Certificado de conclusão de curso e o mercado de trabalho. A educação brasileira possibilitou a abertura de novos horizontes para os jovens que querem retornar a escola e conquistar a conclusão do ensino médio, entretanto esse ensino por vezes é insuficiente, principalmente por se tratar de adultos que veem com cargas de conhecimentos de mundo, o que os tornam menos maleáveis, o conhecimento cientifico não é substancial. Para a maioria deles o importante não é forma como adquiriram conhecimentos, mas as notas para que sejam aprovados, para eles “ as notas suficientes para passar”, tem mais valor do que os conhecimentos adquiridos para isso. Contudo, eles adquirem uma visão errônea de que com o certificado de conclusão de curso as portas do mercado de trabalho irão se abrir, porém, nesse caso nos deparamos com as defasagens do mercado de trabalho, onde encontramos profissionais de determinada área capacitados, mas desqualificados, isto é são capacitados devido ao diploma/formação, mas sem qualificação para exercer a função;
3) Melhoria de vida, buscas, planos e metas. O ensino superior é almejado por diversos brasileiros, principalmente pelas exigências no mercado de trabalho e em outros aspectos da sociedade atual. Ter um diploma é motivo de orgulho, trabalhar exercendo a função de sua formação, é um mérito imensurável para muitos, poderíamos mencionar inúmeros motivos para exaltar a importância disso, desde conquistas pessoais ao mercado de trabalho, e até mesmo a visão social em relação a formação acadêmica de um indivíduo. Muitos brasileiros desde a infância encontram duas opções viáveis, se é que podem ser vistas como opções, ou eles trabalham para se sustentar e ajudar a família, ou estudam e enfrentam inúmeras dificuldades, isso envolve o saneamento básico. Sem opções diante dessas opções, eles optam por trabalhar e ao retornarem à escola trazem consigo sonhos, planos e metas, alguns sonham apenas em aprender a ler e escreverem o próprio nome, outros idealizam o emprego dos sonhos e o diploma rápido.
 Para outros as melhorias de vida estão na crença de uma formação educacional, nesse aspecto o professor assume além da função de mediador de conhecimentos, a função de mediador em realização de sonhos. Lidar com seres humanos é algo complexo e complicado, mas lidar em possibilitar que eles se realizem seus desejos é labiríntico. Esses alunos costumam depositar tudo em seus professores, e acabam os culpando por seus fracassos. 
À vista disso, encaram a EJA como o pilar para melhorias de vida, e através dela começam as buscas, e acabam trançando planos e metas, a pressa para que consigam “formar” logo, desencadeia emoções, sejam elas boas ou ruins, e isso interfere fortemente no processo de ensino-aprendizagem, pois, altera o comportamento, motivação para realização de atividades e até mesmo a convivência. 
Dentre os três pontos que tecemos considerações sobre a EJA, esse é o que pesa mais sobre o professor, pois ele já não tem controle sobre os sonhos dos outros, mas eles atribuem ao professor todo o futuro idealizado. O ensino regular traz inúmeras complicações, ao se tratar da EJA que oferta de maneira mais rápida a formação, depende muito da metodologia adotada pelo professor para que o ensino-aprendizagem não seja corrompido. 
Com base em nossas analises concluímos que cada aluno é um ser impar e carrega consigo uma história única, e são essas histórias de vida que os motiva a buscar retomar os estudos, aprender a ler e escrever o nome torna-se uma grande uma conquista, mas a maioria deles visa a conquista do diploma do ensino médio como meio de conseguir um emprego melhor, independente se aprenderam ou não, o mais importante e possuir o diploma. O diploma é visto como porta de entrada para a grande sociedade, pois não se sentem parte integrante enquanto analfabetos. Entretanto, não notam que em muitos casos apenas se tornam analfabetos funcionais, sabem ler, escrever, adquirem a formação, mas não compreendem outras informações que recebem. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve por finalidade proporcionar a melhor compreensão da modalidade de ensino EJA, visto que ainda existem poucas pesquisas relacionadas a esse tema. Através desta pesquisa de campo foi possível constatar a importância das políticas públicas de educação para garantir o acesso e a permanência de jovens e adultos na escola, levando em consideração as dificuldades enfrentadas pelos mesmos. 
A partir do referencial teórico foi possível conhecer melhor a EJA, desde suas políticas até seus principais déficits, diante disso, foi possível tecer algumas considerações acerca do que foi abordado. Partimos da hipótese de que, qual a importância da modalidade EJA, partindo desse viés, concluímos que:
Com a modalidade EJA, é possível que jovens e adultos retomem os estudos, e concluam de maneira mais rápida, sem que atrapalhe seus outros afazeres, proporcionando a esses alunos uma nova percepção de vida e motivações para que deem continuidade aos seus estudos.
Em contra ponto, nos deparamos com as dificuldades enfrentadas tanto pelos alunos quanto para os professores para darem continuidade aos estudos, faltam políticas públicas, materiais e recursos para o desenvolvimento de uma alfabetização e letramento de qualidade, nota-se ainda que apesar de todos os avanços a EJA ainda não tem recebido a devida atenção por parte das políticas de Estado.
Em nossas percepções, consideramos ainda que boa parte dos alunos estão dispostos apenas a aprender a ler e escrever, não dando a devida importância a outros saberes, como por exemplo, a compreensão daquilo que leem e escrevem, para eles a interpretação entra em segundo plano, o mais importante é adquirir um diploma de conclusão de curso, para eles esse diploma é a porta de entrada para as melhorias na vida de maneira integral. 
Através dessa pesquisa foi possível concluirmos que que os alunos passam por diversas dificuldades para conseguirem estar na escola, mesmo assim se mantém firmes em um único objetivo, ou seja, superar a discriminação que surge para com aqueles que não possuem estudo e darem andamento em seus estudos, alguns dos entrevistados sonham com o ensino superior. O mercado de trabalho é o principal objetivo da maioria dos entrevistados,

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