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ETAPA ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS Contextualizando a produção 5o Ano Aula 4 – 2o Bimestre LÍNGUA PORTUGUESA SEQUÊNCIA DIDÁTICA – Estudo de Pontuação, p. 42, Livro do Estudante 2023 – Currículo em Ação – Volume 1. https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/wp-content/uploads/2023/01/EFAI_5ano_1sem_estudante_LER-SN_web.pdf CONTEÚDO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Apólogo; Texto artístico-literário; Leitura e compreensão de texto; Discurso direto e indireto. Confirmar antecipações e inferências realizadas durante a leitura; Ler e compreender textos do campo artístico-literário; Reconhecer diálogos em textos do campo artístico-literário. (EF15LP02B) Confirmar (ou não) antecipações e inferências realizadas antes e durante a leitura do gênero textual. (EF15LP16) Ler e compreender, em colaboração com os colegas e com a ajuda do(a) professor(a), textos do campo artístico-literário (contos populares, de fadas, acumulativos, de assombração, entre outros). (EF35LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, textos do campo artístico-literário, que apresentem diferentes cenários e personagens, observando elementos constituintes das narrativas, tais como enredo, tempo, espaço, personagens, narrador e a construção do discurso indireto e discurso direto. (EF35LP22) Reconhecer o uso de diálogos em textos do campo artístico-literário (contos, crônicas, fábulas), observando os efeitos de sentido de verbos de dizer (disse, falou, perguntou) e de variedades linguísticas no discurso direto (fala dos personagens). Hoje faremos uma leitura coletiva de um conto que foi publicado em 1896, no livro Várias histórias, uma coletânea dos melhores contos de Machado de Assis. Você já ouviu algo sobre esse autor, Machado de Assis? PARA COMEÇAR Machado de Assis (1839-1908) foi um renomado escritor brasileiro, considerado um dos maiores nomes da literatura do país e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Nascido no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, ao longo de sua carreira literária escreveu praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Sua obra conta com duzentos e cinco contos, dez romances, dez peças teatrais, poemas e seiscentas crônicas. Faleceu aos 69 anos, no dia 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro. PARA COMEÇAR Você lerá o conto intitulado “Um apólogo”, do livro Várias histórias, de Machado de Assis. É possível antecipar sobre o que tratará o texto, considerando seu título? Compartilhe suas ideias. “Um apólogo” PRATICANDO Língua Portuguesa Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? — Deixe-me, senhora. — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. — Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? “Um apólogo” O QUE É? Língua Portuguesa — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu? — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados... — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando... — Também os batedores vão adiante do imperador. — Você é imperador? — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto... O QUE É? Língua Portuguesa Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima. O QUE É? A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. O QUE É? Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe: — Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. O QUE É? Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Fazes como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária! Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000269.pdf. Acesso em: 20 set. 2020. O QUE É? Responda às questões abaixo: O texto apresentado foi escrito por Machado de Assis. Você conhece esse autor? Já leu algum livro dele? Saberia dizer qual é o gênero do texto? Converse com seu(sua) professor(a) e seus(suas) colegas sobre cada uma das questões apresentadas. Registre as conclusões da turma. PRATICANDO Responda às questões abaixo: O texto apresentado foi escrito por Machado de Assis. Você conhece esse autor? Já leu algum livro dele? Saberia dizer qual é o gênero do texto? Converse com seu(sua) professor(a) e seus(suas) colegas sobre cada uma das questões apresentadas. Registre as conclusões da turma. CORREÇÃO Espera-se que os estudantes respondam que o gênero do texto é um conto. Deixe que compartilhem suas respostas. Para aqueles que disserem que conhecem Machado de Assis, pergunte: Como? E se conhecem alguma obra e o que sabem sobre o autor. Caso considere necessário, retome os slides da seção “Para começar” e explore um pouco mais os aspectos sobre Machado de Assis. PRATICANDO Você deve ter conversado com o(a) seu(sua) professor(a) e colegas que o texto, às vezes, toma um fato do cotidiano para poder fazer uma crítica ou propor uma reflexão sobre valores sociais vivenciados em uma época histórica. Pensando nisso, busque no texto e escreva, nas linhas abaixo, trechos que apresentam a vaidade dos personagens. PRATICANDO CORREÇÃO “— Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que oscose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?” Você deve ter conversado com o(a) seu(sua) professor(a) e colegas que o texto, às vezes, toma um fato do cotidiano para poder fazer uma crítica ou propor uma reflexão sobre valores sociais vivenciados em uma época histórica. Pensando nisso, busque no texto e escreva, nas linhas abaixo, trechos que apresentam a vaidade dos personagens. PRATICANDO Diante da afirmação “Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!”, o que é possível entender? Qual era a intenção do autor? Que aspecto da vida das pessoas o autor critica com esse texto? PRATICANDO Diante da afirmação “Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!”, o que é possível entender? Qual era a intenção do autor? CORREÇÃO Espera-se que os estudantes respondam que o autor tinha a intenção de dizer que “muitas vezes tem sido útil a quem não merece”. Que aspecto da vida das pessoas o autor critica com esse texto? Espera-se que os estudantes respondam: o conto “A agulha e a linha – Um apólogo” pode ser interpretado como uma crítica social, na qual Machado de Assis usa elementos simples, como objetos de costura, para abordar temas mais profundos e provocar reflexões sobre as relações sociais e a estrutura da sociedade de sua época, como a vaidade, pois a agulha e a linha discutiam sobre a importância de cada uma. PRATICANDO Retome as antecipações realizadas a partir do título e discuta-as com seus(suas) colegas. Espera-se que os estudantes respondam que um apólogo é uma narrativa curta, geralmente sob a forma de uma fábula, que tem como objetivo transmitir uma lição moral, ensinamento ou reflexão sobre a vida. Esse gênero literário é utilizado para apresentar ideias ou valores por meio de uma história alegórica, muitas vezes protagonizada por personagens simbólicos, animais ou objetos que personificam conceitos abstratos. SISTEMATIZANDO O que é um apólogo; Confirmamos antecipações e inferências realizadas durante a leitura; Lemos e compreendemos textos do campo artístico-literário; Reconhecemos diálogos em textos do campo artístico-literário. O QUE APRENDEMOS HOJE? Depois de ler hoje o apólogo “A agulha e a linha”, aprendemos uma lição ou ensinamento no final. Você conhece outras histórias que terminam com alguma lição assim? Se sim, escreva uma delas abaixo e, depois, compartilhe com a turma. E, também, veja o que seus(suas) colegas escreveram e aproveite para falar sobre as lições e ensinamentos que cada história traz. APROFUNDANDO SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Aprender Sempre – Língua Portuguesa e Matemática – 5o ano – Ensino Fundamental – Caderno do Estudante – Volume 1. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 2022. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo em Ação – Ler e Escrever & EMAI – Educação Matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental – 5o ano: Volume 1. Ensino Fundamental: Caderno do Estudante. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 2023. REFERÊNCIAS Lista de imagens e vídeos Slide 3 – https://machado.mec.gov.br/obra-completa-lista https://pt.wikipedia.org/wiki/Machado_de_Assis https://pt.wikipedia.org/wiki/Machado_de_Assis#/media/Ficheiro:Machado_de_Assis_aos_57_anos.jpg Slide 5 – https://www.gettyimages.com.br/detail/foto/question-mark-3d-gold-interrogation-point-question-imagem-royalty-free/1150469635?phrase=duvida Slides 6 e 11 – https://www.gettyimages.com.br/detail/ilustra%C3%A7%C3%A3o/needle-and-thread-ilustra%C3%A7%C3%A3o-royalty-free/471739902?phrase=agulha%2B REFERÊNCIAS image1.png image9.png image10.png image11.png image2.png image12.jpg image4.png image13.jpg image3.png image14.png image5.png image6.png image7.png image8.png