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Autores: Prof. Marcelo Alfredo dos Santos Profa. Me. Silmara Maria Del Rio Colaboradoras: Profa. Valdice Neves Polvora Profa. Rachel Niza Brandão Planejamento Financeiro e Orçamento AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Professores conteudistas: Marcelo Alfredo dos Santos / Me. Silmara Maria Del Rio Marcelo Alfredo dos Santos Contador, atua na área desde 1987. Formado, em 1987, técnico em Contabilidade; em 2003, bacharel em Ciências Contábeis, CPA-10. Nessa época, já atuava no universo contábil, trabalhou nas áreas de construção civil, navegação, transporte rodoviário, agente de mão de obra portuária, despacho aduaneiro, terminais portuários, perícia contábil nas áreas financeiras e previdenciárias, de importação e exportação e, atualmente, é perito judicial na Justiça Federal Especializada Trabalhista, Justiça Estadual e Procuradoria do Estado de São Paulo, onde adquiriu conhecimento e maturidade profissional. Recorreu a inúmeros cursos de curta duração, se atualizando em diversas áreas. Em 2004, fez sua primeira especialização, MBA em Controladoria e Auditoria, aprimorando seus conhecimentos. Em 2008, começou a atuar também na área acadêmica, a qual lhe proporciona uma atualização dinâmica frente às mudanças nas rotinas pertinentes à função. Silmara Maria Del Rio Contadora, atua na área desde 1990. Formada, em 1988, técnica em Contabilidade; em 1997, bacharel em Ciências Contábeis. Nesse período, já atuava no universo contábil, trabalhou em escritórios de contabilidade e hospital infantil, onde adquiriu conhecimento nos mais diversos segmentos de negócios e maturidade profissional. Recorreu a inúmeros cursos de curta duração, se atualizando em diversas áreas. Em 2007, fez sua primeira especialização, MBA em Controladoria e Finanças Corporativas, aprimorando seus conhecimentos. Em 2008, começou a atuar também na área acadêmica, o qual lhe proporciona uma atualização dinâmica frente às mudanças nas rotinas pertinentes à função. Em 2010, tornou-se mestre em Gestão de Negócios (Administração), quando, por meio do estudo desenvolvido, compreendeu uma comparação entre uma empresa de capital e uma cooperativa. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S237 Santos, Marcelo Alfredo dos. Planejamento financeiro e orçamento. / Marcelo Alfredo dos Santos, Silmara Maria del Rio. – São Paulo: Editora Sol, 2015. 144 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-035/15, ISSN 1517-9230. 1. Planejamento financeiro. 2. Margem de contribuição. 3. Avaliação orçamentária. I. Rio, Silmara Maria del. II Título. CDU 658.15 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Virgínia Bilatto Lucas Ricardi AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Sumário Planejamento Financeiro e Orçamento APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 O CONCEITO DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO ................................................................................... 11 1.1 O planejamento e seu objetivo ....................................................................................................... 12 1.2 Aplicação do planejamento financeiro ...................................................................................... 17 2 O SISTEMA DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO ............................................................................................. 29 2.1 O sistema de custeio por absorção simples ............................................................................... 35 2.2 O sistema de custeio por absorção departamentalizada ..................................................... 43 Unidade II 3 CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ACTIVITY BASED COSTING — ABC) ................................. 53 3.1 Alguns problemas do método de absorção que levaram à criação do ABC ................. 57 3.2 O sistema de custeio por atividade, ABC passo a passo em serviços .............................. 62 3.3 Custo padrão hospitalar, custo padrão ....................................................................................... 74 4 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO ................................................................................................................... 81 4.1 Decisões utilizando-se a margem de contribuição ................................................................ 87 Unidade III 5 CONCEITOS E OBJETIVOS DO ORÇAMENTO ......................................................................................... 92 5.1 Vantagens e limitações do plano orçamentário ...................................................................... 98 5.2 Requisitos fundamentais do plano orçamentário .................................................................. 99 6 SEQUÊNCIA DE UM PLANO ORÇAMENTÁRIO ...................................................................................102 6.1 Orçamentos de vendas .....................................................................................................................104 6.2 Orçamentos de produção ................................................................................................................106 6.3 Orçamento de matérias-primas ...................................................................................................108 6.4 Orçamentos de mão de obra .........................................................................................................110 6.5 Orçamentos dos custos indiretos de fabricação ....................................................................111 6.6 Orçamentos de despesas .................................................................................................................111 6.7 Orçamentos de capital .....................................................................................................................113 6.8 Orçamentos de caixa.........................................................................................................................114 Unidade IV 7 CONCLUSÃO ORÇAMENTÁRIA – DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PROJETADAS ..............119 8 CONTROLE E AVALIAÇÃO ORÇAMENTÁRIA ........................................................................................1287 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 APRESENTAÇÃO Esta disciplina é considerada de grande valia aos alunos, visto que possibilita conhecer o ambiente financeiro das instituições. O Planejamento Financeiro e Orçamentos é um alicerce para as organizações; para tanto, o profissional deve conhecer dos aspectos conceituais e práticos da rotina empresarial. Esta área, diretamente relacionada com os recursos da empresa, consiste no “como avaliar os números”, a fim de que se permita um equilíbrio entre custos e despesas. Neste sentido, o planejamento está presente em toda parte da organização, embutido na cultura da empresa e retratado através de seus gestores. Podemos dizer ainda que ele sofre a influência cultural que existe na empresa, por meio da estrutura organizacional. Os departamentos envolvidos no planejamento e orçamentos representam o “pulmão” da empresa, pois são capazes de promover o sucesso ou o fracasso financeiro da instituição. Esta disciplina está estruturada de forma que o estudante possa acompanhar o funcionamento do negócio da empresa, a partir de exemplos, os quais são situações rotineiras tratadas de forma coerente e pontuadas. O objetivo principal deste conteúdo é detalhar aos alunos uma das funções gerenciais básicas para os profissionais da área administrativa, o planejamento orçamentário e seu respectivo controle. Para atingir esta proposta, vamos nos basear no roteiro a seguir: • Demonstrar aos alunos como a execução dos objetivos administrativos traçados pela administração de uma organização pode tornar-se mais provável com a utilização do planejamento financeiro e orçamento. • Compreender a importância da previsão antecipada nas atividades empresariais, bem como fazer uso de técnicas apropriadas que garantam a coordenação, a execução e o controle das operações. • Diferenciar os elementos que compõem os custos, segregando de forma clara as despesas. • Concentrar o aprendizado em todas as etapas de execução do orçamento empresarial, evidenciando a importância deste instrumento para a tomada de decisões nas empresas. • Analisar os resultados alcançados pela organização, refletindo sobre os objetivos e metas iniciais a serem buscadas. • Realizar uma aplicação do conteúdo nas etapas que compõem o Planejamento Orçamentário através de um estudo de caso. 8 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Para atender a esta proposta pedagógica, o presente livro-texto está dividido em: • Unidade I – O planejamento financeiro. • Unidade II – Conceitos e objetivos orçamentários. • Unidade III – Conclusão orçamentária. • Unidade IV – Controle e avaliação orçamentária. Bons estudos! INTRODUÇÃO Prestar serviços, oferecer bens à sociedade, alcançar sustentabilidade econômica e atingir os mais altos padrões éticos são percursos de sucesso. Os hospitais são considerados empresas complexas, uma vez que são necessários muitos elementos patrimoniais e estruturais para viabilizar a produção médica; portanto, vemos que para a fixação de taxas ocorrem a necessidade do correto gerenciamento de custos hospitalares diretos, indiretos e o padrão, constituindo uma análise do equilíbrio financeiro hospitalar. Contudo, para que isso seja feito de forma correta e traga benefícios para a instituição, os centros de custos devem estar perfeitamente delimitados. O ambiente competitivo das empresas de saúde, com a ascensão social trazida pela estabilidade econômica, faz com que este mercado esteja aquecido. Nesta crescente, os clientes estão cada vez mais exigentes e, ao precisarem de uma unidade hospitalar, além da busca pela assistência, visam também a serviços que proporcionem conforto na forma de hotelaria, obrigando o setor a prestar atendimentos com eficiência e eficácia, o que implica investimentos em tecnologia, estrutura, enfim, uma demanda de capital maior. Desta forma, quando uma organização conhece seus custos, tem uma maior facilidade em trabalhar com seus recursos disponíveis, tomar decisões por negociações e projetar o futuro, o qual reflete na qualidade da assistência prestada aos usuários. O caminho para visualizar situações futuras no ambiente corporativo é chamado de orçamento. Este cabe em qualquer empresa, tanto as mercantis como as de serviços. Associado ao planejamento financeiro, toma proporções relevantes que permeiam o caminho que a organização deseja seguir. Um ponto importante a ser considerado neste universo são as pessoas, que serão peças fundamentais na construção de um plano orçamentário, assim como os departamentos onde desenvolvem suas atividades. Neste sentido, a qualidade das informações prestadas por elas é que fará do processo operacional um referencial de excelência. Orçar é mais do que prever o futuro, uma vez que ao ser elaborado permite uma criteriosa análise do todo, identificando e corrigindo falhas. Mas é necessário que haja um acompanhamento contínuo, 9 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 comparando os valores orçados com o real. Quando as etapas são cumpridas de forma consistente, a empresa aumenta muito suas chances de sucesso, objetivo maior de qualquer organização, ou seja, rentabilidade. Quanto custa para atender às expectativas do cliente? Como calcular preços a serem efetuados, pelos serviços prestados? Estes são exemplos de questões que exigem respostas de competência administrativa e que poderão ser certamente respondidas por meio do planejamento financeiro e orçamento. 11 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Unidade I 1 O CONCEITO DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO A maioria das pessoas não planeja fracassar, fracassa por não planejar (John L. Beckley). Administração Economia Contabilidade Figura 1 – Ambiente financeiro Vamos comerçar nossas atividades buscando um significado para planejamento e, assim, voltar este contexto para o nosso universo. Quando estamos falando de planejamento, basicamente, fazemos uma relação entre: objetivo, tempo e estratégia. No decorrer desta unidade, poderemos verificar o quanto essas palavrinhas guiam o mundo dos negócios, ou melhor, o ambiente corporativo. Finanças estão presentes em nosso dia a dia. De vital importância, a administração financeira permite que tenhamos um controle sobre nossos gastos pessoais. Ela irá permitir que façamos planos para o futuro, ou consigamos resolver uma situação monetária desfavorável. Neste contexto, para o mundo corporativo, a administração financeira ganha uma proporção maior, o controle financeiro dentro de uma empresa. Além de relevante para a organização, reflete sobre seus colaboradores, fornecedores, clientes, entre outros, incluindo a econômia local. Para as empresas é importante ressaltar que as finanças estão relacionadas a três ciências, a Administração, a Econômia e Contabilidade. Vamos ver sucintamente cada uma delas: • Administração: gerenciamento ou gestão da empresa, é uma ciência humana, tem um formato regido por normas e funções elaboradas para disciplinar elementos de produção. • Economia: a Economia ou Ciência Econômica é uma ciência social, consiste na produção, distribuição e consumo de bens e serviços, abrange as atividades econômicas, que são aplicadas na Administração. • Contabilidade: também é uma ciência social que tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades, registrando os fatos e medindo suas consequências na dinâmica financeira. 12 AH OSP - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I A correlação entre as três ciências é o que podemos chamar de ambiente financeiro. Assim, é inevitável compreendermos que em ambientes de mercados competitivos, em que tanto a concorrência como os consumidores estão cada vez mais exigentes, as empresas em geral se consideram obrigadas a se adequarem para continuar com suas atividades. Sendo assim, as empresas elaboram estratégias financeiras para alcançar seus objetivos. Muitas empresas ainda desconhecem, ou mesmo não avaliam, a necessidade formal de controle financeiro e não encontram o caminho para sobrevivência. Diante desta realidade, o simples fato de planejar, ou seja, prever ou se antever a situações, faz a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma organização. Lembrete Planejar não é apenas trabalhar com finanças, é considerar a importância das pessoas no processo, afinal, elas têm papel fundamental para o planejamento. 1.1 O planejamento e seu objetivo O estudo das finanças empresariais tem sido um processo-chave para a sobrevivência empresarial, pois envolve o todo da organização. É a partir desta premissa que apresentaremos a seguir esta importante estratégia empresarial, o planejamento financeiro, que tem o mesmo significado tanto para pessoas comuns quanto para empresas, as quais, em qualquer um dos casos, visam estabelecer e principalmente seguir um plano de ação, buscando atingir aos objetivos traçados. Período Estratégia Objetivo Meta Figura 2 – Planejar para alcançar objetivos Por plano de ação podemos entender o planejamento de todas as ações com o objetivo de atingir um resultado desejado, importante para as entidades, pois acompanha de perto as atividades prioritárias, tendo em vista os resultados esperados para um determinado período. Um bom plano de ação deve deixar claro passo a passo o que deverá ser feito e ainda descrever a realização de cada ação, bem como onde serão realizadas. 13 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Saiba mais O filme Náufrago faz referência à importância do planejamento. Para poder fugir de sua “prisão”, Chuck Noland precisou planejar com muita antecedência todas as etapas, gerenciando recursos escassos. NÁUFRAGO. Dir. Robert Zemeckis. EUA: 20th Century Pictures; Dreamworks, 2001. 143 min. BRUNI, A. L. Náufrago (Cast Away). Minhas Aulas, [s.d.]. Disponível em: <http://www.minhasaulas.com.br/videos/video_naufrago.htm>. Acesso em: 27 out. 2014. Por exemplo: quem de nós nunca pensou em realizar uma viagem, em adquirir um imóvel ou em outros sonhos de consumo? Provavelmente, todos nós já pensamos! Porém, o que separa as pessoas que realizam seu sonho daquelas que não o fazem é justamente a estratégia, ou melhor, o plano de ação que elaboraremos para alcançá-los. Da mesma forma, as empresas buscam por espaço nos mercados diariamente, se reinventando, pesquisando, enfim. Um plano de ação, dentro do ambiente financeiro, contém estudos voltados para atender às metas que podem ser para curto, médio ou longo prazo. Os planos financeiros devem ser realistas, sobrepondo às condições impostas pelos mercados, sendo a função do planejamento financeiro encontrar a melhor solução. A administração financeira no planejamento deve estar atenta aos prazos. Avalie a figura a seguir, idealizada por Chiavenato (2003), a fim de visualizar os prazos: Curto prazo Objetivos operacionais Médio prazo Objetivos táticos Longo prazo Objetivos estratégicos Hoje 1 ano 2 anos 5 anos ou mais3 anos 4 anos Horizonte de tempo do planejamento Figura 3 – Horizonte de tempo no planejamento Quando observamos o longo prazo, o entendemos como o período descrito anteriormente no planejamento que ultrapassa um ano; estamos com ações consideradas planejadas para mais adiante no tempo, ligadas às previsões e com reflexos financeiros que pretendem cobrir períodos futuros, os quais são considerados de dois a dez anos, podendo ser maior em até 20 anos. Por se tratarem de períodos distantes, devem ser revistos periodicamente, atualizados por novas informações significativas, devido às incertezas e mudanças operacionais. 14 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Ações de longo prazo geralmente focalizam os desembolsos de capital, voltados para as atividades de pesquisa e desenvolvimento, ações de publicidade ou de desenvolvimento de novos produtos, estrutura de capital e importante fonte de financiamento. De outro lado, as de curto prazo são ações planejadas para um curto período de tempo, como de um a dois anos, acompanhadas de reflexos financeiros, de onde partem das projeções de vendas. Saiba mais Praticamente não há diferença entre planejamento em longo e em curto prazo, no que tange ao método de abordagem. A projeção das finanças propriamente ditas, em longo prazo, é com base anual, em comparação à base mensal do planejamento em curto prazo. Para saber mais, consulte também o Portal do Administrador: <http://portaladm.adm.br/>. Quando citamos prazos, estes são direcionados para a determinação dos itens, como vendas, que geram as entradas, os custos e as despesas; tais quais as saídas do fluxo de caixa e dos itens do balanço. Financeiramente, o planejamento busca associar os elementos das finanças administrativas aos de produção e venda. Neste sentido, o planejamento deverá ser traçado em acordo com todos os departamentos da empresa. Observe: Determinar os futuros volumes de venda e produção. Determinar os recursos humanos necessários. Elaborar um cronograma único, para a execução do plano integral. Determinar as ações que foram planejadas e executá-las por cada setor da empresa, levando propostas de vendas e de produção. Figura 4 – Visão do planejamento administrativo Um plano financeiro, seja para curto ou para longo prazo, serve de base para o futuro da empresa. É a projeção das condições atuais para o futuro, devendo ser reajustado. Porém, observe que a simples projeção de uma situação atual para outra futura pode gerar decepções, uma vez que não está apresentada de forma a cumprir a proposta de um planejamento. O planejamento financeiro é uma importante ferramenta no mundo dos negócios, pode ser traduzido como um conjunto de ações, controles e procedimentos que, entre outras coisas, possibilita montar um orçamento. 15 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Observação Abordaremos os orçamentos especificamente mais adiante. Para Weston (2000, p. 343) “O processo de planejamento financeiro começa com a especificação dos objetivos da empresa, após o que a administração divulga uma série de previsões e orçamentos para cada área significativa da empresa”. Assim, planejamento e controle estão intrinsecamente ligados, pois planejar é necessário para promover metas; e o controle se dá a partir de informações reais, favorecendo meios para a realização de um processo para que atinja uma situação esperada. Planejamento Controle Figura 5 – Processo de planejamento Lembrete Planejamento é a palavra-chave para o sucesso de uma empresa. O planejamento financeiro, como o próprio nome denota, é a preocupação com a parte financeira do negócio, a gestão do dinheiro propriamente dita, na qual identificamos o ciclo financeiro e operacional, assim como a administração do capital de giro, em que se observam os investimentose os financiamentos da empresa. Acompanhar as contas, saber se há sobra ou falta de disponibilidades, é uma tarefa das mais relevantes no contexto financeiro, a qual faz toda diferença, pois identifica situações em que decisões devem ser tomadas. Na prática, significa ter informações sólidas e em tempo hábil da situação financeira, por exemplo, a fim de buscar recursos para cobrir compromissos, no caso de falta de disponibilidades, ou talvez, quando houver sobra de recursos, fazer investimentos. É neste contexto que Gitman (1997, p. 588) afirma: 16 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I O planejamento financeiro é um dos aspectos importantes para funcionamento e sustentação de uma empresa, pois fornece roteiros para dirigir, coordenar e controlar suas ações na consecução de seus objetivos. Dois aspectos-chave do planejamento financeiro são o planejamento de caixa e de lucros. O primeiro envolve o planejamento do orçamento de caixa da empresa; por sua vez, o planejamento de lucros é normalmente realizado por meio de demonstrativos financeiros projetados, os quais são úteis para fins de planejamento financeiro interno, como também comumente exigido pelos credores atuais e futuros. Os aspectos financeiros são obrigatórios para qualquer empresa, seja qual for seu seguimento operacional, pois, com a complexidade do mundo financeiro, as organizações precisam gerir suas finanças, para entender as implicações de muitos dos tipos de contratos financeiros e avaliar os impactos sobre seus negócios. O planejamento deve permitir que a empresa mantenha um foco que seja flexível. O foco é o ponto de associação de esforços, já os aspectos de flexibilidade são a forma de adaptação e ajustes. Sendo assim, uma organização com foco conhece o que faz de melhor, bem como conhece as necessidades de seus clientes e como servi-lo bem. Nesta mesma constante, a organização com flexibilidade, de forma dinâmica, possui senso de futuro, é rápida e ágil, podendo mudar ou antecipar-se em relação a oportunidades ou eventuais dificuldades. Dirigir Controlar $ Coordenar Figura 6 – Planejamento financeiro Assim, o planejamento direciona e mantém o administrador no caminho dos resultados, uma vez que aponta um senso de direção para metas a serem alcançadas, bem como tem vistas às prioridades, assegurando que as coisas mais importantes receberão a principal atenção. Apresenta ainda orientação para mudanças, devendo antecipar problemas que certamente aparecerão. Um bom planejamento financeiro é aquele que depois de elaborado é avaliado; consequentemente, executado; eventualmente, corrigido e necessariamente, acompanhado; então, sim, é capaz de oferecer informação para uma boa gestão, eficiente e traduzida em circunstâncias para alcançar o objetivo desejado, bem alicerçado por metas preestabelecidas pela organização. 17 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO 1.2 Aplicação do planejamento financeiro A empresa deve ser capaz de ajustar-se à realidade diária de forma rápida e eficiente: como parte do mundo dos negócios, as flutuações são frequentes. Nenhum plano de ação deve ser considerado rígido, ou melhor, imutável; durante seu desenvolvimento, conforme as condições do mercado, eles devem ser alterados. Desta forma, um plano benfeito traz inúmeras vantagens. A fixação das metas e das vendas, bem como a melhor alocação de esforços, pode ser visualizada na projeção das necessidades de recursos. Os recursos necessários ou disponíveis são demonstrados no documento identificado como fluxo de caixa. Com a elaboração do fluxo de caixa, caracterizada de uma forma clara e objetiva para visualizar um planejamento financeiro, constitui-se em um instrumento essencial para que a empresa possa ter agilidade e segurança em suas atividades financeiras. Logo, o fluxo de caixa deverá refletir de forma pontuada e com precisão a situação econômica da empresa, em termos financeiros. A expressão “fluxo de caixa” significa simplesmente o equilíbrio ou diferença entre dinheiro que se recebe e dinheiro que é gasto ou desembolsado no final de um determinado período de tempo. Este acompanhamento pode ser inclusive diário. Entradas Saídas Figura 7 – Equilíbrio financeiro A responsabilidade pela administração da ferramenta fluxo de caixa começa pelo cálculo de estimativas de entrada e desembolso de dinheiro. Analise a representação gráfica a seguir, que retrata os objetivos do instrumento de controle financeiro no formato muito simples: 18 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Objetivos do fluxo de caixa Avaliar se o recebimento de vendas é suficiente para cobrir gastos do período Avaliar o momento mais favorável para realizar promoções de vendas para fazer caixa Verificar se os recursos financeiros são suficientes para tocar o negócio Verificar se a empresa está trabalhando com aperto ou folga financeira Avaliar o melhor momento para efetuar as reposições de estoque Avaliar a capacidade de pagamentos antes de assumir compromissos Planejar melhores políticas de prazos de pagamentos e recebimentos Figura 8 – Objetivos do fluxo de caixa Como vimos, a montagem do fluxo de caixa auxilia na visualização e compreensão das movimentações financeiras num período preestabelecido. É de grande valia, pois permite a visualização de folgas ou faltas de recursos antes mesmo que ocorram, possibilitando ao empresário planejar melhor suas ações. Na verdade, quando falamos em ambiente corporativo, tudo está diretamente relacionado a valores monetários, à entrada ou saída de dinheiro. Exemplo de aplicação Elaboramos alguns exemplos de documentos que constituem entradas e saídas de caixa e, para cada documento, vamos identificar o tipo. Estabeleça que a letra (E) sejam entradas, e a (S), as saídas de valores do caixa: (E) Recebimento de duplicatas de clientes. (E) Nota fiscal de venda à vista. (E) Nota fiscal de venda 50% à vista e 50% para 30 dias. (E) Recebimento de locação de espaço. (S) Despesa com viagens. (S) Recibo de adiantamento de férias. 19 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO (S) Guia de recolhimento de FGTS. (S) Comprovante bancário de liquidação de dívida com fornecedor. (E) Aviso bancário referente a crédito por obtenção de empréstimo. (S) Comprovante de pagamento de prêmios de seguros. Saiba mais O Sebrae – SP possui excelentes exemplos de fluxo de caixa. As informações são bastante claras e objetivas. Acesse: <http://www.sebrae.com.br>. É necessário definir o prazo em que se deseja projetar as informações, que pode variar de acordo com as necessidades da empresa. O ideal é que se faça mês a mês até o período de um ano com referência à forma de apresentação das informações; o fluxo de caixa funciona como uma agenda de compromissos e deve ser elaborado com clareza e simplicidade. O relatório de fluxo de caixa, para se manter eficaz, é importante que tenha periodicidade, seja ele diário, semanal ou quinzenal, ou ainda mensal, variando de acordo com as necessidades do negócio, desde que a projeção deste aconteça por um período ou tempo suficiente para planejar ações, que devem ser elaboradas de forma intuitiva. Nessa linha, Padoveze (2010) corrobora essa afirmaçãoquando menciona que a administração diária do fluxo de caixa pode ser elemento vital para o setor financeiro e sua responsabilidade. Agenda Período Fluxo de caixa+ = Figura 9 – Elementos-base do fluxo de caixa Vamos proceder com registros dos eventos do exemplo anterior, a fim de que se possa compreender o registro no modelo. A seguir, o fluxo de caixa, no qual acrescentamos as informações de data e de valores aos documentos: 01/02 Recebimento de Duplicatas de Clientes: $ 15.000,00. 20 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I 02/02 Nota fiscal de venda à vista: $ 30.900,00. 06/02 Nota fiscal de venda 50% à vista e 50% para 30 dias: $ 40.000,00. 10/02 Recebimento de locação de espaço: $ 400.00. 10/02 Despesa com viagens: $ 280.00. 10/02 Recibo de adiantamento de férias: $ 5.860.00. 07/02 Guia de recolhimento de FGTS: $ 3.690,00. 08/02 Comprovante bancário, liquidação de dívida com fornecedor: $ 26.780,00. 12/02 Aviso bancário referente a crédito obtido por empréstimo: $ 100.000,00. 14/02 Comprovante de pagamento de prêmios de seguros: $ 3.800,00. Tabela 1 – Exemplo de aplicação do fluxo de caixa Data Histórico Entrada Saída Saldo Saldo anterior 0,00 01/02 Recebimento de duplicatas 15.000,00 15.000,00 02/02 Vendas à vista 30.900,00 45.900,00 06/02 Venda parcial à vista 20.000,00 65.900,00 07/02 Pagamento de FGTS 3.690,00 62.210,00 08/02 Pagamento de fornecedores 26.780,00 35.430,00 10/02 Recebimento de aluguel 400,00 35.830,00 10/02 Pagamento de despesa com viagem 280,00 35.550,00 10/02 Pagamento de adiantamento de férias 5.860,00 29.690,00 12/02 Obtenção de empréstimos 100.000,00 129.690,00 14/02 Pagamento de prêmio de seguros 3.800,00 125.890,00 14/02 Saldo final 125.890,00 Então, conforme exemplo, percebe-se claramente que se trata de um controle preciso. No primeiro momento elencamos os documentos e classificamos em (E) e (S), que, alocados corretamente ao fluxo, sintetizam a movimentação financeira, permitindo uma visualização e compreensão em dado período preestabelecido. Mais uma vez, destacamos que é bastante funcional, demonstrando excedentes ou faltas de recursos monetários antes mesmo que ocorram e possibilitando ao empresário planejar melhor suas ações. Toda ação realizada por uma empresa resume-se em entrada ou saída de dinheiro! 21 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO É nesse jogo financeiro que os valores monetários transitam num “entra e sai” e que o fluxo de caixa mostra sua importância, pois permite que com antecedência identificar os momentos em que vai faltar ou sobrar recurso. A elaboração do fluxo de caixa deve seguir as seguintes etapas, conforme explica o Sebrae: Quadro 1 – Etapas do fluxo de caixa Definir o prazo em que se deseja projetar as informações Estabelecer o layout de apresentação das informações • Este pode variar de acordo com as necessidades da empresa, o ideal é que se faça mês a mês até o período de um ano como referência. • Ele funciona como uma agenda de compromissos e deve ser elaborado com clareza e simplicidade. Fonte: Sebrae (2014). O modelo prático e funcional anteriormente sugerido é para empresas em geral, com variadas informações econômicas e movimentações financeiras. O fluxo das entradas e saídas é atualizado conforme a periodicidade implementada (diária, semanal, quinzenal, mensal ou anual); portanto, à medida que as informações posteriores forem sendo conhecidas, vamos criando outros períodos, adiantando o processo sucessivamente. Ao final, terão os fluxos na periodicidade escolhida e o registro da movimentação em dinheiro ocorrida em cada momento corrente. A aplicação do planejamento financeiro deve considerar o perfil do endividamento da empresa, de forma que os desembolsos ocorram simultaneamente, com a capacidade de gerar caixa para a empresa. Sendo assim, a adequada administração dos fluxos de caixa, pressupõe um equilíbrio para o negócio. A capacidade de geração de recursos de caixa contribui para uma menor dependência nos financiamentos ou investimentos em giro, reduzindo encargos financeiros, ou seja, custos. Lembrete O objetivo principal para o gestão dos fluxos de caixa é permitir uma rapidez maior para as entradas de caixa e em relação aos desembolsos e ingressos. Este material pode ser desenvolvido no Excel ou em qualquer outra planilha eletrônica. 22 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Tabela 2 – Modelo fluxo de caixa – Excel Desembolsos Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Água Luz Telefone Entradas Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Vendas à vista Recebimento Saldo anterior R$ – R$ – R$ – R$ – R$ – Saídas R$ – R$ – R$ – R$ – R$ – Entradas R$ – R$ – R$ – R$ – R$ – Saldo atual R$ – R$ – R$ – R$ – R$ – Tais aspectos referentes a entradas e saídas de recursos de caixa devem ser levados em consideração para se ter um melhor desempenho do fluxo de caixa, acelerando as injeções de dinheiro ou retardando as saídas de numerários. Como exemplos, citamos, no quadro a seguir, baseado em Padoveze (2010): Quadro 2 – Estratégias para administração de fluxo de caixa * Negociações com fornecedores e outros credores visando alongar os prazos de pagamento. * Medidas mais eficientes de valores a receber, sem prejuízo de vendas futuras, objetivando reduzir o volume de clientes em atraso e inadimplentes. * Concessão de descontos financeiros, sempre que economicamente justificados, na expectativa de redução dos prazos de recebimentos das vendas. * Decisões tomadas na área financeira com intuito de diminuir os estoques e incrementar seu giro. Fonte: Padoveze (2010). 23 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Observação Um sistema de cobrança ágil promove rapidez de emissão e entrega das faturas/duplicatas aos clientes e, consequentemente, maior agilidade no processo financeiro. De maneira ampla, o fluxo de caixa trata das mais diversas movimentações financeiras. É um processo pelo qual a empresa gerencia e aplica seus recursos de caixa determinados pelas várias atividades desenvolvidas. A qualquer tempo, a responsabilidade pela administração do caixa começa pela movimentação estimada de entrada e saída de numerários. O que toda empresa almeja é uma equidade em suas contas. Em outras palavras, um equilíbrio financeiro exige inevitavelmente a relação direta entre a liquidez, proveniente de ativos, e os desembolsos, exigíveis pelos passivos. Então vejamos, conseguimos entender a importância do fluxo de caixa para a empresa, porém, para que tenhamos condições de avaliar melhor suas implicações, vamos prosseguir, estudando agora capital de giro e fluxos financeiros e operacionais. Considerando ser uma forma mais abrangente, podemos dizer que o capital de giro é a soma de todos os recursos demandados pela empresa para financiar o seu ciclo operacional. Podemos entender capital de giro como sendo um conjunto de valores necessários para a empresa fazer seus negócios; assim, a palavra “giro” sugere exatamente o que significa, ou seja, um volumede numerários que possibilita o giro imediato dos negócios, ou ainda podemos dizer que se trata da movimentação dos ativos da empresa. De forma geral, a metade dos ativos de uma empresa faz parte do capital de giro, mesmo porque os recursos próprios para investimento no ativo fixo representam valores que são retidos temporariamente pela empresa. O capital de giro de uma empresa é formado pelos valores de caixa, de estoques ou ainda de contas a receber. Observe a figura: Caixa Duplicatas a receber Estoque Vendas Fornecedores Figura 10 – Capital de giro 24 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Lembrete O capital de giro foi batizado com esse nome dada a circulação entre as contas do ativo circulante (curto prazo); por isso, ele é conhecido também como capital circulante. O capital circulante líquido – CCL corresponde à diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante e representa uma medida da liquidez da empresa. Como dito, o CCL é averiguado pela operação aritmética que diminui os valores de ativos circulantes e dos passivos circulantes, a qual adiante tratamos como fatores que reduzem e fatores que aumentam o caixa. Quando se observa a estrutura de ativos e passivos das empresas, encontra-se a sua divisão em grandes grupos que representam as aplicações de recursos realizados, assim como a origem dos recursos que foram aplicados. Graficamente, pode ser verificado no balanço patrimonial, que também é identificado como Demonstração Financeira, como segue: Quadro 3 – Demonstrações financeiras – balanço patrimonial Ativo (aplicações / direitos) Passivos (origens / obrigações) Ativo circulante: – Caixa. – Valores a receber. – Estoques. Passivo circulante: – Fornecedores. – Instituições financeiras. – Obrigações tributárias. Ativo não circulante: – Investimentos. – Imobilizações. – Intangíveis. Passivo não circulante: – Instituições financeiras. Patrimônio líquido: – Capital social. – Reservas de lucros. A representação gráfica demonstra as aplicações dos recursos da empresa, em ativos circulantes e não circulantes que, inicialmente, foram originados do capital social ou inicial (patrimônio líquido), e, secundariamente, pelos passivos circulantes e não circulantes. Assim, têm-se que todo o ativo é investimento, aplicações de recursos; os passivos circulantes e não circulantes são capitais de terceiros, representando as origens dos recursos; e o patrimônio líquido é o capital próprio, ou seja, as origens de recursos de propriedade dos sócios. Em síntese, o capital de giro é o ativo circulante que viabiliza as operações do dia a dia da empresa e, consequentemente, representa investimentos que circulam dentro do negócio. Veremos a seguir o quadro que contém fatores que aumentam ou reduzem o capital de giro das empresas: 25 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Quadro 4 – Fatores que influenciam o capital de giro Fatores que reduzem: Fatores que aumentam: a) Compras à vista. b) Retiradas em excesso. c) Distribuição de lucros. d) Imobilizações em excesso. e) Níveis elevados de estoques. f) Prazos de vendas muito longos. g) Ineficiência, sistema de cobranças. a) Lucratividade. b) Vendas à vista. c) Cobrança eficiente. d) Vendas de imobilizações. e) Redução dos estoques. f) Maior rotação dos estoques. g) Maior prazo de compra/menor prazo de recebimento. h) Maior capital de giro com recursos próprios. Segundo Assaf Neto e Silva (1995, p. 24): O entendimento do capital de giro insere-se no contexto das decisões financeiras de curto prazo, envolvendo a administração de ativos e passivos circulantes. Toda empresa precisa buscar um nível satisfatório de capital de giro para garantir sustentação de sua atividade operacional. [...] O conceito de equilíbrio financeiro de uma empresa é verificado quando suas obrigações financeiras se encontram lastreadas em ativos com prazos de conversão em caixa similares aos dos passivos. Em outras palavras, o equilíbrio financeiro exige vinculação entre a liquidez dos ativos e os desembolsos demandados pelos passivos. A necessidade de capital de giro é noticiada por meio ciclo de caixa da empresa. Quando este é longo, a necessidade de capital de giro aumenta e vice-versa. Assim, a grande tradução para esta expressão é que a redução do ciclo de caixa significa receber mais cedo e pagar mais tarde. Diante desta afirmação, o capital de giro é o saldo relacionado à diferença entre os saldos ativo e passivo; contas do circulante, ou curto prazo; e a necessidade de capital de giro. Qual é a diferença entre os saldos das contas cíclicas do ativo e passivo circulantes? Ocorre uma diferença conceitual entre as duas definições que será exposta a seguir. NCG = Ativos de giro - Passivo de giro Contas cíclicas são aquelas que estão sempre girando dentro da empresa. Para melhorar o entendimento, em vez de falarmos em ativos e passivos cíclicos, falaremos em ativos e passivos de giro, conforme adiante listado. 26 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Clientes Estoques Adiantamento a fornecedor Figura 11 – Contas de ativo de giro Fornecedores Obrigações tributárias Obrigações sociais Figura 12 – Contas de passivo de giro Gitman (1997) considera que os “ativos de giro” são as concessões de financiamento ofertadas pela empresa. Já os “passivos de giro” são os financiamentos espontâneos (ou créditos voluntários) obtidos pela empresa, em que as principais definições dos ciclos financeiros e operacionais são: • O ciclo operacional: compreende o período entre a data de entrada nos estoques de matérias- primas e/ou produtos acabados até a venda dos produtos e respectivos recebimentos dos clientes. • O ciclo financeiro ou de caixa: considera o tempo entre o pagamento a fornecedores e o recebimento das vendas. • O ciclo econômico: compreende o período em que se verificam as compras destinadas ao estoque e o momento em que foram baixados os estoques dos produtos vendidos. O cálculo para capital de giro se faz por meio do ciclo operacional, que possibilita facilmente prever a necessidade de capital de giro em função de prazos médios ou no volume de vendas. O ciclo operacional compreende o percurso contínuo, quer em dinheiro quer em bens, de valores do caixa para os estoques e retornando ao caixa, passando muitas vezes por contas a receber. Esse ciclo acontece na estrutura de capital circulante ou de giro da empresa. O ciclo operacional pode ser expresso pela seguinte fórmula de cálculo. Ciclo operacional = IME + PMRV Onde: IME = idade média dos estoques. PMRV = período médio de recebimento das vendas. 27 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Para se calcular a idade média dos estoques, inicialmente é preciso calcular o giro dos estoques, obtido pela divisão dos custos das mercadorias vendidas (CMV) pelo valor dos estoques, como se demonstra: Giro do estoque = CPV / estoques Dividindo-se o número de dias do ano pelo giro do estoque, obtêm-se a idade média do estoque (IME), conforme a fórmula a seguir: Idade média dos estoques = 360 / giro do estoque Cálculo do período médio de recebimento das vendas (PMRV), realizado pela divisão dos valores de contas a receber pela média das vendas, conforme a fórmula a seguirexpressa: PMRV = duplicatas a receber / (vendas / 360) O ciclo financeiro ou de caixa compreende o período em que os recursos da empresa foram consumidos para pagamentos dos bens, das matérias-primas que entram nos estoques, até o momento do recebimento pela venda dos estoques. O ciclo financeiro pode ser calculado a partir da seguinte expressão: Ciclo financeiro = CO – PMPF Onde: CO = ciclo operacional. PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores. O prazo médio de pagamentos a fornecedores (PMPF) é computado considerando um prazo de 360 dias, pela aplicação da seguinte fórmula: PMPF = (fornecedores / compras) x 360 Quando da avaliação da demonstração financeira e da demonstração de resultados da empresa, não é possível obter diretamente o valor das compras. Assim, a apuração do valor das compras é baseada numa dedução, a partir do estoque inicial e estoque final, que são apontados no balanço patrimonial, e do custo da mercadoria vendida, que é apontado na demonstração de resultados, com base na seguinte fórmula: 28 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Compras = CMV – estoque inicial + estoque final Agora já se tem condições de calcular a necessidade de capital de giro (NGC), estabelecendo a operacionalização da seguinte fórmula de cálculo: NCG = CF x Vendas diárias + [ OAC – OPC ] Onde: NCG = necessidade de capital de giro. CF = ciclo financeiro ou de caixa. OAC = outros ativos circulantes, excetuando-se estoques e duplicatas a receber. OPC = outros passivos circulantes, excetuando-se fornecedores. Considerando o exposto, os ciclos econômicos, operacionais e financeiros podem ser melhor visualizados na figura a seguir, interpretando-se as “chaves” como sendo o período de tempo decorrido entre uma atividade e outra. Compra Aquisição de mercadorias Ciclo econômico Ciclo operacional Ciclo financeiro x’ Ciclo financeiro x” Baixa do estoque Encaixe monetário Venda Recebimento Pagamento a Fornecedores x’ Fornecedores x” Pagamento a Figura 13 – Ciclos econômicos, operacionais e financeiros As empresas realizam negócios todos os dias, sejam de compras ou de vendas. Desses negócios, decorrem-se os tempos que afetam diretamente o caixa. Assim, desenvolveram-se uma série de formas de se avaliar os referidos tempos, entre elas o PMPF – prazos médios de pagamentos de fornecedores. Então, para o cálculo dos ciclos operacional e financeiro, temos: 29 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO C.O = PME + PMRV C.F = PME + PMRV – PMP Exemplo de aplicação Vamos exercitar! Considere que uma determinada empresa apresenta os seguintes dados em dias, para seus prazos médios, distribuídos da seguinte forma: • Estoque: 20 dias. • Recebimento das vendas: 45 dias. • Pagamento de fornecedores: 25 dias. Com base nessas informações, podem-se calcular os ciclos operacional e financeiro. Resolução: C.O = PME + PMRV Portanto, PME = prazo médio de estoque + PMRV = prazo médio de recebimento vendas. Logo, C.O = 20 + 45 = 65 dias. C.F = PME + PMRV – PMP Portanto, PME = prazo médio de estoque + PMRV = prazo médio de recebimento vendas – PMP = prazo médio de pagamento. Logo, C.F = 20 + 45 – 25 = 40 dias. 2 O SISTEMA DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO Os custos podem ser conceituados como sacrifícios financeiros, os quais uma empresa se vê obrigada a realizar para atingir seus objetivos. Eles representam gastos aplicados na produção, ou seja, diretamente na fábrica, ou na prestação de serviços. Assim, eles não se comportam de maneira idêntica, vão se adaptando de acordo com as características próprias do negócio. 30 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Gastos aplicados Produção Figura 14 – As finanças e o custo De forma geral, os custos podem dividir-se em gerencial e financeiro, sendo o primeiro voltado ao público interno, que, através de relatórios, norteia os gerentes para a tomada de decisão, enquanto o segundo cuida da produção e retrata suas informações ao universo externo da organização, com a observância dos princípios fundamentais da contabilidade, pois a palavra custo é aplicada a fatores de produção. Saiba mais Atualmente, podemos encontrar os “Princípios Fundamentais Aplicados à Contabilidade de Custos” no documento a seguir: COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 00: Princípios fundamentais aplicados à Contabilidade de custos. Brasília, 2011. Os custos começaram a ser pensados a partir da Revolução Industrial, século XVIII, pois com ela surgiu a necessidade de controle dos estoques, uma vez que, com as máquinas, houve uma passagem da manufatura para a “maquinofatura”. A necessidade em apurar custos no terceiro setor, ou seja, os de serviços, nasceu na obrigação de se ter um conhecimento maior sobre as atividades da empresa, e assim poder precificar seus procedimentos sem correr o risco de não incluir todos os gastos no custo da atividade. Vejam um hospital, por exemplo, ao realizar uma negociação com um convênio, deve saber qual seu custo por procedimento, para chegar a um acordo com o futuro parceiro de trabalho, o convênio. Custos Produção Serviços Figura 15 – Produção e serviços 31 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO A gestão de custos possibilita o refinamento das informações, o que traz uma visão bastante abrangente para os gestores, podendo estes analisar alternativas de redução de gastos e evidenciar ineficiências, entre outras oportunidades de gerenciar o negócio. Assim, levantamos alguns objetivos para a apuração dos custos hospitalares: • Comparação - evolução custos. • Informação para tomada de decisão. • Estabelecer tabelas de preços. • Orçamento, metas, equipamentos. • Reduzir gastos, evitando desperdícios. 1 2 3 4 5 Figura 16 – Objetivos dos custos hospitalares Portanto, uma empresa do seguimento hospitalar deve ser dividida em partes, em que seus gastos poderão ser acompanhados de forma mais pontual, o que trará a base para as informações sobre seus custos. A atividade hospitalar na prática tem como foco a recuperação da saúde. A estas partes dá-se o nome de centros de custos, os quais serão gerenciados pelo custeio por absorção. Segundo Martins (2003, p. 37), o custeio por absorção “Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos”. Basicamente, os componentes do custo podem ser resumidos em três elementos: Material direto Mão de obra direta Custos indiretos • MD - matéria- prima, material segundário e embalagens • MOD - valor dos salários e encargos sociais • CIF - demais gastos - rateios Figura 17 – Componentes do custo Vamos classificar os materiais que vemos anteriormente em: matéria-prima (representa o produto principal), os materiais secundários (são os que complementam o produto) e os materiais de embalagem (nos quais o produto é armazenado). Já a mão de obra aponta para os gastos com o pessoal envolvido, 32 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I direta ou indiretamente, com a produção. Os gastos de fabricação ou os custosindiretos de fabricação correspondem aos demais gastos para a fabricação do produto, tais como: energia elétrica, material de limpeza, manutenção da fábrica, entre outros. Portanto, nesta unidade serão focalizados os sistemas de custeio, então vale a pena lembrar conceitos básicos relacionados à Contabilidade de custos, tais como: • Desembolso – saída de dinheiro do caixa ou das contas bancárias das empresas, esta ocorre em virtude do pagamento pela aquisição do bem ou serviço. • Gastos – consiste na renúncia de um ativo pela entidade com a finalidade de obtenção de um bem ou serviço, é representada pela entrega ou promessa de entrega de bens ou direitos. É de suma importância não confundir gastos com desembolsos. Lembrete Ao dizermos que gastamos dinheiro, na verdade deveríamos dizer que desembolsamos dinheiro, uma vez que este é consumido em bens e serviços obtidos por meio do desembolso; o gasto é a promessa de desembolsar o caixa para a quitação da obrigação. Desta forma, deve ficar claro que os gastos são traduzidos pela compra de matéria-prima ou com mão de obra, que pode ser tanto da produção como na distribuição; e ainda gastos com honorários da diretoria e muitos outros, que, dependendo da sua aplicação, poderá ainda ser classificado em investimento, custo, despesa, perda ou desperdício. Para que possamos nos familiarizar, vejamos estes conceitos: Quadro 5 Investimento Gasto ativado em função de sua vida útil ou de perspectiva de benefícios atribuíveis a período(s) futuro(s). Custo Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços: são todos os gastos relativos à atividade operacional. O custo é também um gasto, só que reconhecido como custo no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço. Despesa É o gasto consumido, seja na forma de bem ou serviço, para gerar a receita (realizar as vendas) e administrar a empresa. Representa gastos originários da obtenção de consumo de bens e utilização de serviços nas áreas administrativas, financeiras e comerciais. Perda Bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária, ainda corresponde à redução do patrimônio sem nenhuma compensação ou contrapartida. Desperdício Gastos incorridos no processo produtivo ou de geração de receitas e que possam ser eliminados sem prejuízo da qualidade ou quantidade de bens, serviços ou receitas geradas. 33 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Visto esses conceitos, de total importância para o entendimento de custos, podemos agora também identificá-los como direto, indireto, fixo, variável e semivariável,. Observe o quadro: Quadro 6 – Teoria dos custos Custo direto É o custo facilmente identificado no produto ou serviço, sem necessidade de critérios de rateio. Custo indireto É o custo que não é facilmente identificado no produto ou serviço, necessitando de critérios de rateio para sua alocação. Custo variável É o custo que depende da quantidade produzida ou serviço prestado. Custo fixo É o custo que independe da quantidade produzida ou do serviço prestado. Custo semivariável É o custo que varia conforme o nível de atividade, porém não direta e proporcionalmente, possuindo uma parte variável e outra fixa. Por fim, mas não menos importantes na terminologia básica dos custos, estão os investimentos, que, quando nos reportamos à indústria, são: • Bens fixos: são chamados de imobilizações técnicas, ou seja, ativo operacional. Todo aquele que garante a operacionalidade do negócio/indústria. • Bens de venda: são bens, como o próprio nome nos diz, destinados à venda, que não integram o operacional. São as mercadorias e os produtos. Lembrete Poderemos ainda ouvir outros conceitos, tais como custo primário, custo de transformação ou conversão, custo misto, custo do produto ou de produção etc.; ainda, seja qual for o sistema de custeio, este não se limita apenas à sua importância na avaliação de estoques, é também um instrumento de suporte nas decisões de investimentos e formação de preço de venda. Tendo em vista que os custos devem ser alocados aos produtos a ponto de poderem ser apurados de forma correta e contribuir para decisões dentro da empresa, surge a pergunta: como faremos isso? Fácil?! Fazemos isso por meio dos métodos de custeio, é por onde, por exemplo, o gestor encontra informações sobre desempenho e rentabilidade, além, é claro, de informações valiosas sobre planejamento e controle para, assim, com segurança, tomar decisões acertadas. Os métodos de custeio são utilizados para apuração e apropriação dos custos aos produtos ou serviços e ainda ajudam a estabelecer os preços atribuíveis aos produtos. Existem várias formas de custeio, porém, para efeitos contábeis, somente o custeio por absorção é admissível. 34 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Diárias Receita ReceitaTaxas Medicamento material ReceitaSADT Figura 18 – Custo de uma conta hospitalar Como definimos anteriormente, o custeio por absorção, ou custeio integral, é o método que consiste na apropriação de todos os custos, ou seja, os diretos e indiretos, fixos e variáveis, compreendendo, assim, todos os gastos relativos ao esforço de fabricação, sendo distribuídos para todos os produtos ou procedimentos. A principal distinção existente no uso do custeio por absorção é entre custos e despesas. Esta separação é importante porque as despesas são contabilizadas imediatamente contra o resultado do período, enquanto apenas os custos relativos aos produtos vendidos ou atividades prestadas terão o mesmo tratamento. Para Leoni, (1996), existem vantagens e desvantagens no custeio por absorção, conforme serão expostos a seguir: Vantagens • Poderá elevar artificialmente os custos de alguns produtos. • Não evidencia a capacidade ociosa da entidade • Os critérios de rateio são sempre arbitrários, portanto, nem sempre justos. •Apresenta pouca quantidade de informações para fins gerenciais. • Considera o total dos custos por produto. • Formação de custos para estoque. •Permite a apuração dos custos por centros de custos. Desvantagens Figura 19 – Vantagens e desvantagens – Absorção 35 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO 2.1 O sistema de custeio por absorção simples Como citado anteriormente, o custeio por absorção apropria todos os custos à produção do período, portanto, é de suma importância se ater que estamos nos referindo a custos, o que quer dizer que as despesas devem ser separadas. A separação entre custo e despesa se faz importante, pois as despesas são imediatamente consideradas dentro do exercício como resultado. Tomando por base esta separação, devemos seguir os seguintes passos: Apuração Separar custos e despesas Apropriar custos diretos e indiretos Ordenar os centros de custos Mensurar os centros de custos Figura 20 – Passos para apuração de custos Exemplo de aplicação Antes de continuarmos, vamos testar nossos conhecimentos? Classifique os gastos a seguir, em custos (C) despesas (D): (D) Depreciação de máquinas e outros bens da administração. (C) Energia elétrica utilizada na produção. (D) Salários de vendedores e de demonstradores de produtos. (C) Aluguel de máquinas e equipamentos da produção. (C) Salário do chefe do departamento de produção. (C) Matéria-prima consumida nafábrica. (C) Mão de obra indireta utilizada na produção. (D) Pró-labore. Lembrete Os custos estão diretamente relacionados com o processo de produção, enquanto as despesas são gastos acessórios relacionados à operacionalização e gestão da empresa. 36 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Uma vez classificados os custos, devemos identificá-los como diretos ou indiretos. Então teremos como custos diretos a matéria-prima, que é facilmente identificável como produto, pois se torna parte integrante daquele; e a mão de obra direta, que é o custo de qualquer trabalho humano mensurável e diretamente relacionado com o produto. No caso dos serviços, a matéria-prima e a mão de obra são a própria essência do serviço. Observação Para exemplo da diferença entre mão de obra direta e indireta, um operário, ao trabalhar em determinada máquina na qual é produzido um tipo de produto de cada vez, é considerado e atribuído como uma mão de obra direta; já o supervisor, responsável imediato pelo operário, será considerado mão de obra indireta, pois, apesar de não estar trabalhando diretamente com o produto, sua função está intimamente relacionada a ele. Por sua vez, o custo indireto, como não se pode identificar diretamente com os produtos ou serviços, necessita de rateios para que se possa proceder com a apropriação, como, por exemplo, aluguel de área ocupada pela fábrica (setor produtivo), depreciação das máquinas e ferramentas industriais, entre outros. Exemplo de aplicação Vamos exercitar?! Classifique em custos diretos (D) indiretos (I); (D) Material de embalagem. (D) Matéria-prima. (I) Salários e encargos da supervisão produção. (I) Aluguel da área fabril/fábrica/produção. (D) Salários e encargos do pessoal da produção. (I) Depreciação das máquinas da fabricação. (I) Consumo de água/fábrica. Assim, eles podem ser conhecidos como custos indiretos de fabricação (CIF), gastos gerais de fabricação (CGF) ou despesas indiretas de fabricação (DIF), os quais são obrigatoriamente integrados como custos aos produtos por meio de rateios. 37 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Damos o nome de rateio ao método empregado para distribuir os custos que não foram possíveis de ser identificados diretamente com os produtos ou serviços realizados observando critérios. Critérios de rateios são as bases utilizadas para a distribuição dos custos, ou seja, é o fator pelo qual são divididos os CIFs. Contudo, eles nem sempre são divididos simplesmente, porque existem empresas que fabricam vários produtos ou serviços e esses sofrem várias fases de transformação. Para se fazer o rateio é necessário estabelecer um critério. Este deve estabelecer alguma relação causal entre eles e os produtos em elaboração. • Quantidade de pessoas • Produtos/serviços • Metros quadrados • Horas trabalhadas • Horas de produção Mão de obra direta Quantidade produzida Área ocupada Tempo hora/homem Tempo hora/máquina Figura 21 – Rateios de custos São muitos critérios existentes para o rateio de CIF – por exemplo, estes apresentados anteriormente. Os mais usuais são os de mão de obra e matéria-prima. Contudo, não é fácil estabelecer um critério para a apropriação dos custos, pois os erros podem levar a distorções na hora de precificar as vendas, uma vez que, a partir do momento em que sabemos nossos custos, conseguimos estabelecer o preço de venda, seja de produtos ou serviços. A atividade hospitalar é bastante complexa, sendo que sua contabilidade de custos deve ser bastante específica, já que são inúmeros procedimentos e ela ainda apresenta instabilidades. Os volumes de gastos entre materiais e medicamentos dificultam as projeções, portanto, cada estabelecimento hospitalar deve encontrar uma melhor forma de evidenciar os custos com o olhar para resultados. Enfim, o custeio por absorção nada mais é do que o método que considera como custo de fabricação todos os demais custos envolvidos na produção, exceto as despesas. Os serviços absorvem os centros de custos produtivos e os centros de custos auxiliares. Graficamente se pode demonstrar o rito do custo pelo método de absorção, como segue: 38 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Custeio por absorção Empresas de manufatura Demonstração de resultados Receita CPV Lucro bruto Despesas Lucro operacional Despesas Custos Estoque de produtos Figura 22 – Custeio por absorção na indústria Custeio por absorção Empresas prestadoras de serviços Demonstração de resultados Receita Custo serviços prestados Lucro bruto Despesas Lucro operacional Despesas Custos Prestação de serviços Figura 23 – Custeio por absorção nos serviços Agora que já foi possível identificar os custos, adiante será demonstrado um exemplo prático para cada segmento de negócio (produção e serviços). A indústria “Lindos Vidros” produz e vende cerca de 1000 vasos de cristal ao mês, contando com três modelos diferentes, tulipa, lírio e girassol. Nela se trabalha 24 horas. Incorrem-se nos custos e despesas, conforme segue: 39 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Tabela 3 Gastos/mês (R$) Matéria-prima 350.000,00 Mão de obra operária 120.000,00 Energia elétrica 85.000,00 Manutenção da fábrica 70.000,00 Despesa de entrega 45.000,00 Seguro da fábrica 12.000,00 Despesas financeiras 800,00 Depreciação da máquina 1.400,00 Despesa de higienização 1.000,00 Total 685.200,00 De início, é necessário separar os desembolsos em custos diretos e indiretos e em despesas, vamos lá! Tabela 4 Gastos/mês Custos diretos (R$) Custos indiretos (R$) Despesas (R$) Matéria-prima 350.000.00 Mão de obra operária 120.000,00 Energia elétrica 85.000,00 Manutenção da fábrica 70.000,00 Despesa de entrega 45.000,00 Seguro da fábrica 10.000,00 Despesas financeiras 800,00 Depreciação de máquinas e equipe 1.400,00 Despesa de higienização 1.000,00 Total 552.000,00 86.400,00 46.800,00 Compondo a soma total de R$ 685.200,00 Muito bem, supondo que o gerente necessite saber qual o valor total dos custos aplicados à produção dos vasos, teríamos: CT = CD + CI ou CT = R$ 552.000,00 + R$ 86.400,00 = R$ 638.400,00 Onde: CT = custo total. CD = custo direto. CI = custo indireto. 40 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Os custos de produção verificados foram no importe de R$ 638.400,00, significando que o custo de cada vaso é R$ 638,40. Lembrete É importante considerar, na hora da classificação dos custos, a diversidade de produtos fabricados e, quando tratar-se de apenas um, os custos deverão ser considerados diretos. Agora, supondo: Numa pequena clínica médica particular, que atende a cerca de 50 pacientes ao dia, onde se trabalha 24 horas, incorrem nos custos e despesas, conforme segue: Tabela 5 Gastos/mês (R$) Honorários médicos 105.000,00 Honorários equipe de enfermagem 47.000,00 Energia elétrica 6.800,00 Medicamento e material 12.400,00 Exames laboratoriais 5.200,00 Despesa com manutenção 2.000,00 Despesas de material de escritório 500,00 Exames de raios-x 1.800,00 Serviços de portaria 1.000,00Total 181.700,00 Semelhante ao anteriormente exemplificado, é necessário separar os desembolsos em custos diretos e indiretos e em despesas: Tabela 6 Gastos/mês Custos diretos (R$) Custos indiretos (R$) Despesas (R$) Honorários médicos 105.000,00 Honorários equipe de enfermagem 47.000,00 Energia elétrica 6.800,00 Medicamento e material 12.400,00 Exames laboratoriais 5.200,00 Despesa com manutenção 2.000,00 41 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Despesas de material de escritório 500,00 Exames de raios-x 1.800,00 Serviços de portaria 1.000,00 Total 171.400,00 7.800,00 2.500,00 Compondo a soma total de R$ 181.700,00 Muito bem, supomos ainda que o gestor médico necessite saber qual o valor total dos custos aplicados à prestação de serviços ou a média desse valor diário. Assim, teríamos: CT = CD + CI ou CT = R$ 171.400,00 + R$ 7.800,00 = R$ 179.200,00 Onde: CT = custo total. CD = custo direto. CI = custo indireto. Da análise, então, se obtém a informação de que os custos mensais da clínica formam a quantia de R$ 179.200,00 e o número de atendimentos/mês é de 1.500, ou seja, 50 pessoas ao dia x 30 dias. Portanto, os custos médios seriam R$ 179.200,00/1.500 = R$ 119,46. Observação Para continuação dos estudos, precisamos acrescentar mais alguns conceitos pertinentes ao custeio por absorção. Iniciaremos por centros de custos. Em contabilidade de custos, centro de custo é a unidade mínima administrativa ou de negócio, representada por pessoas e máquinas, nas quais são realizadas atividades de administração, controle e atendimento correlatos aos produtos ou serviços. É considerada uma unidade mínima, pois sempre há ou deveria haver uma pessoa responsável para cada centro de custo (MARTINS, 2003). Aquelas áreas, departamentos ou setores são conceituados como uma unidade mínima de acúmulo dos custos indiretos, ou seja, um centro de custo. Novamente nos baseamos em Martins (2003, p. 66), em que encontramos o conceito de que “Os departamentos na maioria das vezes são centro de custos, ou seja, neles são acumulados os custos indiretos para posterior alocação aos produtos”. 42 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Centros de custos são, portanto, onde se tratam os custos indiretos alocados por critérios preestabelecidos e, depois, repassados aos produtos por unidade. Eles podem ser produtivos, referindo-se aos departamentos, serviços ou unidades que produzem diretamente produtos ou serviços à organização, ou seja, correspondem à atividade-fim do negócio e auxiliares ou de apoio; estes dão suporte aos centros produtivos, contudo não geram receitas diretas. Centros de custos administrativos relacionam-se à administração geral, são responsáveis por trabalhos de supervisão e controle de informação e dão suporte aos centros auxiliares e produtivos. Produtivos Custos Auxiliares Figura 24 – Centro de custos Para a definição dos centros de custos, são levadas em conta a forma com que a organização está distribuída e sua estrutura organizacional. Vamos observar um determinado setor do hospital, com seus centros de custos produtivos e auxiliares. Observação Devemos separar custos de despesas, pois estas não são consideradas nos centros de custos. Centro aux. limpeza Centro aux. rouparia Centro aux. nutrição Centro produtivo internação Figura 25 – Divisão dos centros de custos no ambiente hospitalar 43 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO 2.2 O sistema de custeio por absorção departamentalizada A moderna Teoria da Departamentalização é o resultado da longa evolução da organização administrativa, estudada por teóricos da administração. Ela é o resultado do trabalho desenvolvido, considerando a descentralização e a Teoria de Agregação, a situação ideal, a qual deve reunir na mesma unidade todos os elementos que estiverem executando o mesmo trabalho, pelo mesmo processo, para a mesma clientela, no mesmo lugar, o que na prática é muito difícil (GULICK, 1996). Criar departamentos é implantar divisões do trabalho por meio da criação de áreas de custos, objetivando o crescimento e a organização da empresa de forma a apurar custos mais reais e menos distorcidos, decorrentes de métodos de rateio que, muitas vezes, são carregados de arbitrariedade e geram distorções nas análises e tomadas de decisão. Assim, departamentalizar não é meramente criar departamentos, ao contrário, é criar unidade mínima administrativa. Essas unidades podem ser divididas em gerenciais, negócios, produtivas, assessorias ou consultivas. Gerenciais ADM Produtivas Assessorias Negócios Consultivas Figura 26 – Departamentalizar unidade administrativa Lembrete Os centros de custos são formados a partir da estrutura organizacional da empresa, ou seja, segmentada em departamentos. Existem vários critérios de departamentalização e de se tratar os custos indiretos alocados em cada um deles. É de extrema importância selecionar o melhor e mais praticável critério para a empresa, considerando sua área de exploração e tendo em vista que não há um modelo definitivo e aplicável a qualquer empresa que somente traga benefícios. A departamentalização deve ser resultante de acompanhamento e análises realizadas pela administração da empresa e deve levar em conta as várias especificidades e as inúmeras atividades necessárias à exploração do objeto da empresa. 44 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade I Logo, departamentalizar pode ser entendido como sendo a partilha das tarefas baseadas na capacidade de cada trabalhador ou grupo de trabalhadores, com o objetivo de individualizar as atividades da empresa de acordo com área de exploração específica, buscando alcançar e manter eficiência em suas atividades. É comum enxergar a estrutura departamental da empresa por meio do seu organograma. A contabilidade de custos faz uso da estrutura departamental para atribuir aos centros de custos produtivos e aos custos indiretos de fabricação ou prestação de serviços realizados na empresa. Neste caso, é de vital importância a presença de profissionais que decidam sobre a forma de apropriação de custos nos departamentos. Contador de Controller Diretor financeiro Rateio Figura 27 – As bases de rateios A fim de evidenciar os estudos até o momento, avaliem um exemplo prático da importância de se departamentalizar as operações para amenizar as distorções, que podem se originar do critério de rateio adotado para os custos indiretos e por meio do qual podemos verificar que o objetivo é comparar o que ocorre com os custos dos produtos de uma empresa sem departamentalização em relação a uma empresa que aplica este conceito (MARTINS, 2003). Suponhamos que uma empresa produzindo três produtos, macas, cama para repouso e cadeiras para banho, tenha que alocar os seguintes custos indiretos: Tabela 7 Custos indiretos (R$) Depreciação de equipamentos 200.000,00 Manutenção de equipamentos 350.000,00 Energia elétrica 300.000,00 Supervisão da fábrica 100.000,00 Outros custos indiretos 200.000,00 Total 1.150.000,00 45 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Devido à grande relevância de custos indiretos
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