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REENGENHARIA EMPRESARIAL E SINCRONISMO ESTRATÉGICO Elaboração André de Faria Thomáz Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................ 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ................................................................................. 5 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 7 UNIDADE I AVALIAÇÃO DE EMPRESAS .............................................................................................................................................................................................. 9 CAPÍTULO 1 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE INVESTIMENTO ............................................................................................................ 9 CAPÍTULO 2 DECISÕES DE INVESTIMENTO EMPRESARIAL ..................................................................................................................................... 20 CAPÍTULO 3 DECISÕES DE INVESTIMENTO EM CONDIÇÕES DE RISCO ............................................................................................................... 31 UNIDADE II SINCRONISMO ESTRATÉGICO E FINANCEIRO ...................................................................................................................................................... 45 CAPÍTULO 1 CONCEITUANDO O SINCRONISMO ESTRATÉGICO ............................................................................................................................. 45 CAPÍTULO 2 ALINHANDO OS INDICADORES .................................................................................................................................................................... 49 CAPÍTULO 3 TEMÁTICA DAS MUDANÇAS NO ATUAL MERCADO ............................................................................................................................ 59 UNIDADE III PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO EMPRESARIAL ....................................................................................................................................................... 67 CAPÍTULO 1 ABORDAGEM DE GANHOS MÚLTIPLOS .................................................................................................................................................... 67 CAPÍTULO 2 AS BARREIRAS CULTURAIS E FINANCEIRAS ........................................................................................................................................ 79 CAPÍTULO 3 A PERSUASÃO NA NEGOCIAÇÃO ............................................................................................................................................................... 85 UNIDADE IV A ESTRATÉGIA: O PONTO DE PARTIDA DO SINCRONISMO .............................................................................................................................. 91 CAPÍTULO 1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ................................................................................................................................................................... 91 CAPÍTULO 2 O BALANCED SCORECARD (BSC) COMO SISTEMA INTEGRADO PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO..................... 101 CAPÍTULO 3 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO NA PERSPECTIVA DO BSC ............................................................................................................ 117 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................ 128 4 APRESENTAÇÃO Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico- tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 ORGANIzAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESqUISA Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/ conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 INTRODUÇÃO Olá Caro (a) Aluno (a), a disciplina Reengenharia Empresarial e Sincronismo Estratégico aborda as empresas como um organismo vivo e em constante transformação para gerar melhorias e, assim, aumentar a produtividade das instituições empresariais, toda organização tem objetivos a atingir, sejam eles declarados ou não, e para o alcance das metas, o envolvimento dos colaboradores é fundamental. Tal comprometimento é estabelecido por meio de uma estrutura que propicia a integração das pessoas, dos processos que executam e da estratégia da organização. Para os gestores, esses desafios não são tarefas fáceis, mas o sincronismo organizacional oferece ferramentas que ajudam a levar a gestão a um formato mais dinâmico e a conquistar os resultados desejados. Além disso, esse modelo auxilia a empresa a se transformar em um ambiente sistêmico, o que confere agilidade para promover mudanças internas conforme as demandas de mercado. Será introduzido o tema sincronismo organizacional e os principais aspectos para sua compreensão, como estratégia, pessoas e processos. Na sequência, serão inseridos os aspectos ambientais que determinaram a necessidade de alinhamento das três principais variáveis. Também serão esclarecidos os objetivosda implantação desse sistema e apresentados os redesenhos organizacional e de processos como etapas necessárias para adaptar as empresas para estarem mais preparadas para os desafios do atual ambiente de negócios. Transformações como a globalização e a abertura do mercado mudaram o cenário de negócios, trazendo novas preocupações: aumento da concorrência, alteração de perfil dos consumidores, novas tecnologias, entre outras. Essas mudanças originaram uma nova dinâmica para a relação das empresas com o mercado, principalmente pela velocidade com que passam a acontecer. Nesse contexto, a rápida adaptação das organizações a essas demandas se tornou crucial para a sobrevivência delas. Para responder de forma rápida, elas necessitam de uma estrutura interna ágil e atenta ao ambiente externo. Nesse sentido, o alinhamento interno se torna um poderoso aliado na busca por agilidade e integração ao mercado. Bons estudos! Objetivos » Analisar e mensurar as estruturas empresariais. » Desenvolver estratégias organizacionais e financeiras. » Desenvolver e aplicar modelos financeiros. 9 UNIDADE IAVALIAÇÃO DE EMPRESAS CAPÍTULO 1 Métodos de avaliação econômica de investimento Um dos pilares essenciais do planejamento organizacional é o seu planejamento financeiro, que precisa estar presente em todos os níveis, nos individuais, nos do grupo e nos da organização. Conforme já citado no primeiro capítulo, as medidas financeiras são vitais para elaboração e execução de qualquer planejamento estratégico. Quando queremos adquirir um produto, analisamos nossas finanças, pesamos quanto temos na conta bancária, na poupança etc. Dependendo do produto, é necessário procurar uma opção para obtenção de capital, tal como financiamentos e empréstimos. Caso se deseje fazer uma compra de um produto mais acessível, como um livro, uma caixa de chocolates ou mesmo encher o tanque de combustível do carro, normalmente não são necessárias grandes análises e arranjos: basta avaliar quanto se tem na carteira, na conta corrente, no caixa da empresa etc. Nesses casos, não há grandes impactos nas finanças futuras do indivíduo ou da organização. Já para compras mais robustas, como um maquinário para uma planta produtiva (ou até a própria execução dessa planta), a compra de um automóvel ou de um imóvel, é necessária maior atenção aos impactos que o desembolso desse montante pode acarretar. Não basta apenas ver o quanto se tem em caixa ou na carteira, é necessário avaliar se esse desembolso afetará as finanças futuras. Nesses casos, a análise se torna mais complexa: deve-se levar em consideração prazos de pagamento, fontes de financiamento, obtenção de capital de terceiros, fatores estes que exigem um planejamento financeiro. Agora veremos alguns conceitos, utilidades e objetivos dos planejamentos financeiros. Gitman (2010) destaca que o planejamento financeiro é de vital importância, pois age como direcionador das operações organizacionais, além de coordenar e controlar as ações em busca dos objetivos e metas 10 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS definidos. De acordo com o autor, destacam-se dois fatores primordiais para um adequado planejamento financeiro: o planejamento de caixa (que se refere ao já referido orçamento de caixa organizacional) e o de lucros (que é obtido dos relatórios contábeis). O planejamento financeiro deve estar em fina sintonia com os planos financeiros de longo prazo e, como já vimos, conhecidos também como planejamento estratégico, que, por sua vez, direcionam os planos e orçamentos de curto prazo (também conhecidos como planos operacionais). Sobre os planos financeiros de longo prazo, Gitman (2010) diz que eles são as ações financeiras previstas por uma organização e seus desdobramentos por um longo período de tempo (de, no mínimo, dois anos – e precisam ser periodicamente revisados por conta de variáveis que podem afetar a execução do planejamento, tais como mudanças macroeconômicas, incertezas e desligamento de pessoal). Esses planos fazem parte da estratégia organizacional e são um dos indicativos utilizados para que se verifique se as ações estão de acordo com as metas estratégicas. Os planos operacionais – de curto prazo – e os orçamentos suportam os objetivos de longo prazo, usam como principais fontes dados operacionais e financeiros e geram orçamentos operacionais, de caixa, além de fornecer demonstrações financeiras. Brigham e Ehrhardt (2006) mencionam que os planos operacionais podem ter diversos períodos de alcance, mas que, normalmente, nos primeiros anos há mais detalhamento, e, nos mais distantes, eles se tornam mais genéricos, mas sempre em consonância com os objetivos e metas organizacionais. Quando pensamos em finanças, o que provavelmente nos vem à mente são números, cifras, dinheiro. Conseguimos gerenciar informalmente e sem muitas regras nossas finanças pessoais, por apresentarem menor complexidade e responsabilidade, sem fazer uso de processos estruturados ou uso de ERP (Enterprise Resource Planning). Com as finanças organizacionais, entretanto, a situação deve ser tratada com um pouco mais de cuidado, pois qualquer registro inadequado pode levar a sérios problemas operacionais (falta de capital para efetuar compras de matéria-prima), trabalhistas (não cumprimento com as obrigações com seus colaboradores) e tributários (sonegação de impostos). Portanto, é importante clarificar conceitos referentes às demonstrações financeiras (ou contábeis). Nessas demonstrações, ocorre a consolidação dos dados financeiros representada pela situação da organização em um determinado período de tempo. 11 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I Uma das formas de gerenciamento do capital de giro é a observação do ciclo operacional e de caixa de uma empresa. O ciclo operacional corresponde ao soma- tório dos períodos de idade média de estoque (IME) e de prazo médio de cobrança (PMC). A idade média de estoques é o período de tempo correspondido, em dias, entre a compra de insumos e/ou mercadorias para revenda e a venda de mercadorias. Já o prazo médio de cobrança é o número de dias que abrange a venda de uma mercadoria e o recebimento desta. O ciclo de caixa é o ciclo operacional menos o prazo médio de pagamento. Entende-se como prazo médio de pagamento o período correspondente entre a compra de um insumo ou de mercadoria para revenda e o pagamento desta por parte da empresa. Quanto menor o ciclo de caixa, melhor para a empresa visto que são necessários menos dias entre a saída de caixa para pagamento de fornecedores e a entrada de caixa com recebimento de clientes. De forma a ilustrar este conceito, suponha que uma determinada empresa apresenta uma idade média de estoques de 25 dias, prazo médio de cobrança de 45 dias e prazo médio de pagamento de 20 dias. O ciclo operacional desta empresa é de 70 dias (25 + 45) e seu ciclo de caixa de 50 dias (70 – 20). Se esta empresa quiser melhorar seu ciclo de caixa, esta deverá adotar as seguintes medidas: redução da idade média de estoques ou do prazo médio de cobrança e aumento do prazo médio de pagamento. Para cada uma destas medidas a serem adotadas, o gestor deverá ficar atento a possibilidade de perda de vendas com o estoque girando muito rápido (sem produtos na prateleira para efetivar a venda), perda de clientes com redução de prazos das vendas a prazo e dificuldades de negociações futuras com fornecedores no caso de postergar o seu pagamento. Uma vez compreendendo as principais contas de curto prazo, o próximo passo do nosso estudo sobre os conceitos básicos de finanças é o de verificar quais os principais investimentos de longo prazo que uma empresa pode realizar. O sincronismo organizacional demanda a definição de uma estrutura formal para ser viabilizado. Quando a organização consegue desenvolvê-lo de forma correta nas organizações, ele gera processos melhores para todos os envolvidos. Os resultados que podem ser esperados são mais agilidadedos processos, 12 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS segurança, confiabilidade, além de redução dos custos e reflexos positivos para os clientes, o que reflete diretamente nos resultados da organização. Neste capítulo, abordaremos o contexto do sincronismo organizacional, a análise de desempenho atual e o estabelecimento de metas, a seleção dos processos críticos, o redesenho dos processos, os novos processos, os programas de capacitação e a gestão da transição. Para iniciar nossos estudos, vamos começar com a análise do contexto, importante elemento para que o sincronismo organizacional seja efetivamente implantado na organização. O sincronismo organizacional possibilita que a empresa seja vista por outro ângulo, alterando o conceito do negócio e sua forma de gerar serviços e produtos ofertados ao mercado. O foco é garantir a competitividade da organização no presente e no futuro, tendo como base a metodologia participativa, interfuncional e orientada para a gestão de processos. Assim, o principal objetivo do sincronismo organizacional é direcionar as empresas para as necessidades do mercado, dos consumidores e do negócio, alinhando três fatores-chave para o sucesso: estratégia, processos e pessoas (ALBUQUERQUE; ROCHA, 2010). Para implantá-lo, é preciso ter na organização uma gestão eficaz nos relacionamentos internos e externos, que consiga promover o redesenho e a melhoria contínua dos processos organizacionais mais importantes – aqueles que agregam valor aos clientes e que contribuem rapidamente para a melhoria dos resultados da empresa. Neste momento, é muito importante a análise de contexto. Esta verificação implica no desenvolvimento, por parte dos gestores, de uma visão horizontalizada dos negócios, ou seja, um foco direcionado para clientes e fornecedores, garantindo a produção de bens e serviços que atendam às expectativas do mercado consumidor. Daí a importância de se construírem parcerias de qualidade, capazes de garantir a cadeia de abastecimento, a fim de que nada falte ao processo produtivo nem aos clientes. O sincronismo pode também funcionar e ser bem produtivo quando o sentido da cadeia produtiva é invertido. Neste caso, começa-se a trabalhar em conjunto com os fornecedores no desenvolvimento de produtos ou serviços, definindo quais serão os melhores processos relacionados à produção deles e atendendo aos desejos dos consumidores, suas ânsias e expectativas. 13 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I Mapear os processos, observar como eles são desenvolvidos, ponderar sobre o contexto e o mercado em que a empresa está inserida, pesquisar o comportamento dos consumidores e conhecer os fornecedores certamente são atitudes que possibilitam à organização trabalhar melhor, ser mais eficiente e atuar de forma a se desenvolver no mercado e ser reconhecida pelos clientes. Mas como podemos elaborar um bom mapeamento do contexto organizacional? Primeiramente é necessário identificar quais são as atividades executadas em cada processo, quem as realiza e em que sequência elas são finalizadas. Em seguida, deve-se identificar as fronteiras que precisam ser atravessadas, ou seja, em que momento o processo deixa um departamento e segue para outro ou, até mesmo, quando ultrapassa os limites organizacionais e começa a ser realizado fora da empresa. Somado a isso, este reconhecimento de percurso deve permitir a identificação dos pontos nos quais os processos precisam de melhorias. quando este mapeamento é feito, a organização pode ter uma visão clara das etapas dos processos que demandam mais sincronismo. Em todos os processos de planejamento de projetos, um item a ser bem observado é o estabelecimento de metas. Afinal, são elas que nortearão o caminho a ser seguido. Porém, quando as metas não são claramente definidas, fica difícil ou até mesmo impossível ter certeza de que se está no caminho certo e de que todo o esforço empreendido pela organização está valendo a pena. Neste contexto, é muito importante contar com um sistema de indicadores que permita medir e acompanhar o desempenho dos processos-chave da organização. A importância de fazer esse acompanhamento pode ser pensada também sob outros pontos de vista. Alguns deles são: » na perspectiva da tomada de decisões sobre os processos, um bom sistema de indicadores eleva, até certo ponto, a qualidade das decisões em uma organização, considerando a precisão das informações que são disponibilizadas para aqueles que precisam decidir; » sob a ótica do planejamento estratégico, Kaplan e Norton (2001) afirmam que os indicadores de desempenho são indispensáveis. Eles são uma importante ferramenta para planejar e controlar as estratégias adotadas e implementadas; 14 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS » a análise dos indicadores de desempenho também permite a percepção antecipada de futuros problemas nas operações ou serviços, possibilitando a tomada de ações preventivas. Ação preventiva é a intervenção realizada no processo produtivo a fim de evitar que um problema ou erro aconteça. Conhecendo-se os indicadores de desempenho e acompanhando-se os resultados, é importante identificar os processos associados a eles e tomar medidas de correção ou prevenção que garantam a eficácia e a eficiência destes processos. Isso faz parte da ideia do sincronismo organizacional. A eficácia está relacionada à satisfação dos requisitos do cliente por parte da empresa. Eficiência é a mensuração do uso dos recursos para fornecer este nível de satisfação. Assim, se uma empresa atende aos requisitos, mas gasta muitos recursos para isto, ela está sendo eficaz, mas não eficiente. Existem processos críticos em todas as organizações, sendo necessário atentar-se a eles. Mas o que seriam estes processos críticos? Eles são procedimentos cujos resultados geram grande impacto para o cliente; cuja falha pode comprometer o resultado do macroprocesso; aqueles que estão diretamente ligados à estratégia da organização; e aqueles que colocam a empresa diante de algum tipo de risco (de segurança, de imagem, de desperdício de recursos, de prejuízo ao ambiente etc.). De acordo com Albuquerque e Rocha (2006, p. 74), processos críticos “são aqueles que mais influenciam no conjunto das Diretrizes Estratégicas e que, ao serem redesenhados, poderão tornar-se vantagem competitiva em relação aos concorrentes”. Já para Stahl e Bounds (1991), o fator crítico pode ser descrito como o conceito de fornecer o melhor valor para o cliente. Na prática, seria como analisar a diferença existente entre a realização e o sacrifício. Assim, o processo crítico é percebido quando se analisa a realização de determinado projeto e retira-se dele o sacrifício para realizá-lo. Desta forma: VALOR = REALIZAÇÃO – SACRIFÍCIO 15 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I Vamos exemplificar. Imagine uma tarefa que você tenha executado em seu trabalho e que exigiu determinado esforço. Analise se o sacrifício que desempenhou foi maior que os benefícios que conquistou com a atividade e também maior que o sentimento de realização que obteve. Neste caso, o valor não foi tanto assim. No entanto, se, apesar do sacrifício, você gostou do resultado e ele provocou um sentimento de realização e motivação para novas conquistas, então o valor do trabalho foi alto e, portanto, pode ser considerado crítico para você. No momento em que se desenvolve o planejamento, deve-se procurar identificar quais situações dos processos serão mais críticas. Esta seleção contribuirá para a previsão de futuros transtornos e também para definir quais esforços e recursos devem ser empreendidos para superá-los. Desta forma, a empresa estará evitando a obstrução do alcance dos objetivos previamente definidos. Os investimentos de longo prazo podem ser denominados como parte dos ativos não circulantes dentro da estrutura do balanço patrimonial. O ativo não circulante representa os bens e direitos que terão a conversão em dinheiro (liquidez) emum período superior a 365 dias. Dentro desta estrutura temos as aplicações realizáveis de longo prazo, os investimentos em participações societárias, o imobilizado e o intangível diferido como por exemplo o Joint venture. Assuntos que veremos com mais profundidade a seguir. Joint venture refere-se a um tipo de associação na qual duas ou mais empresas se juntam, formando uma nova empresa, para exercer alguma atividade econômica por um período de tempo limitado, sem que cada uma delas deixe de existir. As aplicações de longo prazo correspondem a direitos que irão vencer após o final do exercício seguinte. Na maioria das vezes são as mesmas contas de curto prazo, porém com prazo de vencimento estendido. Podemos exemplificar como aplicações de longo prazo: » Aplicações financeiras de longo prazo: aplicações cujo prazo de vencimento e possibilidade de resgate com os juros devidos em um prazo superior ao final do exercício seguinte. Exemplo: Uma aplicação com prazo superior a 360 dias. 16 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS » Transferências a longo prazo: transferências que serão realizadas para a conta bancária da empresa mediante transações efetuadas em um prazo também posterior ao final do exercício seguinte. Exemplo: Uma transferência acordada com o cliente de ser efetuada após 360 dias). » Duplicatas a receber de longo prazo: pagamento a serem efetuados pelos clientes em um prazo posterior ao final do exercício seguinte. Entretanto, existem situações em que parte é contabilizada no curto prazo e a outra parte no longo prazo. Caso uma empresa venda um equipamento em 20 parcelas mensais iguais de R$ 1.000,00, ela deve registrar R$ 12.000,00 como duplicatas a receber no curto prazo e os demais R$ 8.000,00 como duplicatas a receber no longo prazo. Cabe lembrar que com o passar do tempo alguns lançamentos devem ser reclassificados para o curto prazo, em função do período de encerramento do demonstrativo. A seguir, vamos analisar as possíveis participações societárias que uma empresa pode realizar. As participações societárias correspondem ao subgrupo investimentos e este abrange em grande parte as participações em outras sociedades realizadas pela empresa e os direitos não classificáveis no circulante, que não se destinem a manutenção da cia ou da empresa. Entre estas participações destacamos os investimentos em coligadas, controladas, empreendimentos em conjunto e as propriedades para investimentos. Uma entidade coligada é uma entidade que a empresa investidora tem influência significativa, que é o poder de participar das decisões sobre políticas financeiras e operacionais de uma investida, sem que haja o controle individual ou em conjunto destas políticas. De acordo com o CPC 18, o investidor tem influência significativa quando detém 20% ou mais de ações com direito a voto na investida (normalmente ações ordinárias). Exemplo: A Log-In Logística Intermodal é uma empresa coligada da Vale S/A. O negócio em conjunto é quando duas empresas gerenciam juntas uma atividade econômica ou um determinado projeto. Assim, ambas têm direitos sobre os ativos líquidos do negócio em conjunto. Podemos exemplificar o Jornal Valor Econômico que durante 16 anos (2000-2016) esteve sob o controle e gestão dos Grupos Globo e Folha. 17 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I A entidade controlada é classificada quando o investidor possuir os seguintes atributos: poder sobre a investida; exposição ou direitos sobre retornos variáveis decorrentes de seu envolvimento com a investida e a capacidade de utilizar seu poder sobre a investida para afetar o valor de seus retornos. Exemplo: A Petrobras Logística de Gás (Logigas) é uma empresa controlada pela Petrobras S/A. As propriedades para investimentos estão previstas pelo CPC 28. São imóveis mantidos para obter renda com aluguéis ou valorização do capital incluindo imobilizações em andamento para tal propósito. Tais propriedades mensuradas ao custo, incluindo os custos de transação. Após o reconhecimento inicial, são mensuradas ao valor justo (ou seja, não sofrem depreciação, porém a valorização é contabilizada no resultado), dando continuidade aos investimentos empresariais. Bem, neste subtópico conhecemos as principais formas de aplicações em participações societárias. A seguir, vamos conhecer os principais grupos de contas que fazem parte do imobilizado da empresa. Exemplo: O BarraShopping do Rio de Janeiro é uma propriedade para investimento do Grupo Multiplan. O imobilizado corresponde aos bens físicos destinados à manutenção das atividades da entidade. Estes bens compreendem normalmente terrenos, edificações, veículos, imobilizações em andamento, móveis e utensílios e equipamentos e são demonstrados a valor de custo deduzidos de depreciação e de perdas por redução ao valor recuperável. O custo dos ativos imobilizados compreende o preço de aquisição e os custos diretamente atribuíveis. Um item que merece especial atenção no ativo imobilizado é a sua depreciação. A depreciação é uma forma de mensurar o desgaste pelo uso de um determinado ativo imobilizado. Os terrenos não sofrem depreciações. A depreciação de um ativo se inicia quando ele está disponível e deve cessar na data em que o ativo é mantido para venda, ou na data em que o ativo for baixado, ou o que ocorrer primeiro. Para finalizar o nosso estudo sobre o ativo não circulante vamos conhecer no próximo subtópico os ativos que podem ser reconhecidos como intangíveis, de acordo com a Lei n. 6404/1976 e com o CPC 04 – Intangíveis. Os intangíveis representam direitos de natureza não física, tais como ágio na aquisição de investimentos avaliados pelo método de equivalência patrimonial 18 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS (Aquisição de uma empresa pelo valor maior que o de mercado), patentes, marcas registradas, direitos autorais, concessões de portos, concessões de rodovias etc. A sua contabilização está prevista no CPC 04. Os ativos intangíveis com vida útil definida adquiridos separadamente (são adquiridos independentes de qualquer outro produto) são registrados ao custo deduzidos da amortização. A amortização ocorre da mesma forma que a depreciação e é associada ao imobilizado. O ativo intangível é baixado na alienação ou quando não há benefícios econômicos futuros resultantes do seu uso ou alienação. Agora que aprendemos as principais possibilidades de investimentos de uma empresa, estudaremos de que forma as empresas captam recursos que possam financiar tais investimentos. Examinaremos neste tópico os financiamentos obtidos com capital de terceiros e com o capital próprio. O financiamento via capital de terceiros pode ser efetuado com dívidas de curto e de longo prazo com credores, com ou sem o pagamento de juros (dívidas com os bancos apresentam juros, e dívidas com os fornecedores não têm juros). Por sua vez, o financiamento com capital próprio ocorre por intermédio da captação de mais recursos com acionistas, ou retenção de lucros, em alguns casos gerando obrigações de pagamento de dividendos. Os fornecedores referem-se a compras a prazo realizadas pela empresa, com o propósito de contribuir para a sua atividade operacional. Em tais operações, geralmente não há a cobrança de juros, uma vez que o prazo de pagamento aos credores é curto, tornando-se passivos não onerosos. Também são denominados passivos financeiros, pois têm a obrigação contratual de entregar caixa ou outro ativo financeiro a uma outra entidade (ALMEIDA, 2014). Já as dívidas a pagar abrangem as obrigações oriundas da atividade operacional da empresa. Entre elas, citamos como principais os salários a pagar, e tributos a pagar. Entre estes tributos destacamos os impostos sobre a Receita (ICMS, ISS, IPI), as contribuições sobre a Receita (PIS/PASEP e COFINS), o imposto de renda de pessoa jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o lucro mínimo. As provisões são conceituadas pelo CPC 25 como “obrigações derivadas de eventos passados,em que seja possível estimar seus valores, e cuja liquidação 19 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I seja provável”. Podem ser enquadrados nesta lista processos cíveis, trabalhistas e tributários cuja perda seja provável. Os empréstimos correspondem às dívidas contraídas por meio de obtenção de recursos junto a bancos, financeiras e outras instituições de crédito para financiar suas operações. Como tais dívidas envolvem o pagamento de juros, os empréstimos são definidos como exemplos de passivo oneroso. Esta dívida também tem como característica prazos certos de vencimentos e de encargos financeiros. Após conhecermos as principais contas de curto prazo do passivo circulante de uma empresa, vamos estudar as principais obrigações de longo prazo que uma empresa pode contrair em suas operações. 20 CAPÍTULO 2 Decisões de investimento empresarial Existe a crença de que uma empresa boa é aquela que não possui dívidas com terceiros. Na verdade, todas as empresas que apresentam crescimento este foi financiado com boa parte de recursos de terceiros. A grande questão para analisarmos a composição dos financiamentos é a de observar se a empresa tem condições de honrar com os compromissos de terceiros. A captação de recursos, seja por meio de capital próprio ou de terceiros, implica custos. Tais custos podem ser traduzidos sobre a forma de juros, no caso de dívidas com terceiros, ou de dividendos / juros sobre o capital próprio, no caso de dívidas com acionistas. Finalizando este capítulo esperamos que você tenha o conhecimento das principais formas de captação e de aplicações de recursos que uma empresa pode realizar, considerando o seu aspecto patrimonial. Vamos estudar as noções básicas do orçamento do capital. Na primeira parte, conheceremos a importância do orçamento de capital e sua aplicação alinhada aos planos da organização. Posteriormente, serão apresentados os tipos de fluxo de caixa, obedecendo à classificação do Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC): Operacional, Investimento e Financiamento. O terceiro tópico a ser abordado abrange os componentes na elaboração de um fluxo de caixa. Por fim, serão discutidas as alternativas de estimativas do fluxo de caixa, que contribuem para uma elaboração mais apurada do orçamento de capital. Torna-se cada vez mais frequente nas empresas o estudo sobre a viabilidade dos investimentos realizados. Os gastos realizados na aquisição de capital (máquinas, equipamentos, instalações etc) são denominados Capex (Capital Expenditure), e os gastos destinados à manutenção desses investimentos são classificados como Opex (Operational Expenditure). As empresas optam por realizar novos investimentos por diferentes razões. Nesse subtópico, discutiremos a redução de custos, manutenção de negócio, novos produtos e a expansão de novos mercados. O investimento em máquinas e equipamentos contribui para a redução de custos por diversos motivos. O primeiro deles é a oportunidade de substituir um determinado tipo de trabalho manual pelo automático, o que já assegura 21 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I ganhos de produtividade. Outro impacto na redução de custos é a modernização da atividade produtiva, com a aquisição de máquinas e equipamentos mais eficientes. Podemos exemplificar a compra de uma máquina que aumente a produção por hora de uma determinada mercadoria, ou mesmo, a aquisição de um equipamento que gaste menos energia elétrica, como por exemplo, um freezer de última linha para um açougue. As aquisições de máquinas e equipamentos, com o tempo, sofrem desgaste com a depreciação. Em virtude disso, torna-se necessária a reposição de novos maquinários, considerando que a sua vida útil esteja próxima de seu vencimento. Vamos supor um equipamento que foi adquirido por R$ 10.000,00 e possui uma vida útil de 10 anos, com valor residual (valor do ativo ao final de sua vida útil) de R$ 2.000,00. Após 8 anos, a depreciação acumulada é de R$ 6.400,00 (R$ 800,00 por ano x 8 anos), resultando em um valor contábil de R$ 3.600,00 (R$ 10.000,00 – R$ 6.400,00). Além da perda do valor contábil, provavelmente, o desempenho desse equipamento pode não ser o mesmo que o da data de aquisição. A realização de uma nova aquisição de equipamento deve acontecer pela empresa, de forma que a queda de eficiência da máquina não prejudique o seu negócio. Para a produção de novas mercadorias ou serviços, pode ser que uma empresa também necessite de aquisição de imobilizado de forma que possa viabilizar o negócio. Pode ser que este novo negócio necessite de um modo de produção diferente do que já vem sendo realizado e que sejam necessários novos investimentos. O retorno esperado neste novo negócio precisa ao menos superar o valor gasto de um investimento no intervalo da vida útil esperada por ele. Uma grande oportunidade que uma empresa pode ter é a expansão de novos mercados. Ao contrário da estratégia de aumentar o portfólio de produtos e serviços, basta a empresa ampliar a sua capacidade de produção. E nem sempre isso é fácil, uma vez que o retorno financeiro incremental esperado deva ser superior aos novos investimentos. 22 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS Considere que uma empresa deseje exportar suas mercadorias, aumentando suas vendas de 20.000 unidades para 50.000 unidades. Para que possa suportar esta nova demanda é necessário que ela realize a aquisição de novos equipamentos no valor de R$ 500.000,00. Como poderíamos mensurar se esta estratégia será eficaz? O orçamento de capital a ser realizado deve considerar os retornos obtidos com o aumento de 30.000 unidades de demanda com a exportação (50.000 – 20.000). Para isso, é necessário verificar o fluxo de caixa incremental que essa exportação irá trazer para empresa. Este fluxo de caixa incremental deve ser suficiente para cobrir o valor R$ 500.000,00 dos investimentos realizados ao longo da vida útil desse equipamento, e assim, assegurar o crescimento de demanda. O tempo de retorno deve ser definido previamente pela gestão da empresa. Após verificarmos a importância do estudo do orçamento de capital para analisar a viabilidade de programas de redução de custos, de manutenção de negócios já existentes, de novos negócios e de ampliação em novos mercados, iremos estudar os diversos tipos de fluxo de caixa sob a ótica do demonstrativo do fluxo de caixa. Para aprofundarmos nossos estudos sobre o fluxo de caixa estudaremos neste subtópico o seu conceito e os três tipos de fluxos de caixa que compõem a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC): Operacional, Financiamento e Investimento. Esse demonstrativo tem como um de seus objetivos a capacidade da empresa de gerar caixa ou equivalentes de caixa. A seguir, iremos discutir o conceito de fluxo de caixa e os seus diferentes tipos de apresentação, tais como: o fluxo de caixa operacional, de financiamentos e de investimentos. O fluxo de caixa de uma empresa é a movimentação ocorrida na conta caixa, ou em um sentido mais ampliado na conta caixa e equivalente de caixa. A demonstração do fluxo de caixa pode ser apresentada por meio de dois métodos: direto ou indireto. Ela é divulgada pelo método direto, conforme divulgação realizada pelas Lojas Americanas (LASA) à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 23 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I Tabela 1. Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Direto (Lojas Americanas - LASA). Conta Descrição 1/1/2017 a 31/3/2017 (R$ mil) 1/1/2016 a 31/3/2016 (R$ mil) 6.01 Caixa Líquido Atividades Operacionais –1.337.014 –963.390 6.01.01 Caixa Gerado nas Operações 328.367 416.608 6.01.02 Variações nos Ativos e Passivos –1.665.381 –1.379.998 6.01.03 Outros 0 0 6.02 Caixa Líquido Atividades de Investimento –616.788 825.510 6.03 Caixa Líquido Atividades de Financiamento 2.658.951 –196.609 6.04 Variação Cambial s/ Caixa e Equivalentes 0 0 6.05 Aumento (Redução) de Caixa e Equivalentes 705.149 –334.489 6.05.01 Saldo Inicial de Caixa e Equivalentes 523.436 1.326.1476.05.02 Saldo Final de Caixa e Equivalentes 1.228.585 991.658 Fonte: Elaborada pelo autor. A demonstração do fluxo de caixa apresenta os movimentos que afetam a conta caixa sob a ótica das atividades operacionais, do investimento e do financiamento. A seguir, conheceremos como é apresentado o fluxo de caixa operacional. O fluxo de caixa operacional se refere às receitas e aos gastos (incluindo custos e despesas) da empresa envolvidos nas atividades geradoras de receita da empresa. O CPC 03 exemplifica fluxos de caixa resultantes das atividades operacionais da empresa. a. recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços; b. recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas; c. pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços; d. pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados; e. recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice; 24 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS f. pagamentos ou restituição de caixa de impostos sobre a renda, a menos que possam ser especificamente identificados com as atividades de financiamento ou de investimento; e g. recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura. (CPC 03, p.5) O fluxo de caixa operacional apresenta o valor gerado pelo negócio em que a empresa está atuando. Essa informação é importante para a mensuração do potencial de valor de mercado que uma empresa pode alcançar. Fluxo de caixa de financiamentos corresponde ao total de recursos captados pela empresa, tendo como contrapartida o pagamento aos credores de amortizações, juros das dívidas contraídas no período e pagamentos a acionistas. a. caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais; b. pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade; c. caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, notas promissórias, outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos; d. amortização de empréstimos e financiamentos; e e. pagamentos em caixa pelo arrendatário para redução do passivo relativo a arrendamento mercantil financeiro. (CPC 03, p. 6) O fluxo de caixa de financiamentos mostra o resultado líquido entre as transações da empresa e seus credores e acionistas. Esse resultado deve ser monitorado de forma que evite que uma empresa não contraia empréstimos além de sua capacidade de pagamento ou de que realize pagamentos para credores/acionistas superiores a sua capacidade de geração de caixa. Uma vez conhecido o fluxo de caixa de financiamentos, vamos compreender de que forma os recursos das aplicações circulam por meio do fluxo de caixa de investimentos. 25 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I O fluxo de caixa para investimentos correspondente ao gasto relacionado aos ativos não circulantes, como realizáveis de longo prazo, investimentos, imobilizado e intangíveis. Por meio desse fluxo de caixa, verifica-se a capacidade da empresa em investir em equipamentos, máquinas, imóveis, marcas, patentes, que possam agregar valor futuro. O CPC 03 também enumera operações que possam enquadrar no conceito deste fluxo de caixa: a. pagamentos em caixa para aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo. Esses pagamentos incluem aqueles relacionados aos custos de desenvolvimento ativados e aos ativos imobilizados de construção própria; b. recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado, intangível e outros ativos de longo prazo; c. pagamentos em caixa para aquisição de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto aqueles pagamentos referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa ou aqueles mantidos para negociação imediata ou futura); d. recebimentos de caixa provenientes da venda de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto aqueles recebimentos referentes aos títulos considerados como equivalentes de caixa e aqueles mantidos para negociação imediata ou futura); e. adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira); f. recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e empréstimos de instituição financeira); g. pagamentos em caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou futura, ou os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento; e 26 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS h. recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quanto tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados como atividades de financiamento. (CPC 03, p. 6) No próximo tópico, vamos conhecer os principais componentes do fluxo de caixa de um projeto, para que possamos compreender como ocorre a sua elaboração para posterior análise. O fluxo de caixa de um projeto abrange diversas variáveis, desde o investimento inicial a ser realizado, os seus benefícios futuros até o impacto no aspecto tributário. A compreensão de cada uma dessas contribui para uma adequada elaboração de um fluxo de caixa. De forma a nortear a discussão, apresentamos a seguir um exemplo de operação que envolva o fluxo de caixa. Uma empresa investiu R$ 40.000,00 na aquisição de uma máquina. Essa máquina irá produzir mercadorias, cujas vendas serão de 1.000 unidades/ano por R$ 50,00 cada, durante cinco anos. Os custos e despesas para a produção de uma mercadoria são de R$ 30,00. O imposto de renda pago anualmente é de R$ 6.000,00. E no final do quarto ano a empresa vende este imobilizado por R$ 2.000,00 sem incidência de tributação. Para a elaboração de um plano de negócios é fundamental compreender o investimento inicial envolvido na operação de investimentos. Esse investimento inicial pode ser realizado à vista com o controle deste. Uma vez que o investimento inicial envolve o desembolso financeiro por parte da empresa, o registro desse investimento no fluxo de caixa é feito por meio de uma seta para baixo. No exemplo citado, o valor que representa o investimento inicial é de R$ 40.000,00 com a seta para baixo no período zero. O investimento inicial é apenas o ponto de partida para a nossa análise do fluxo de caixa de um projeto, que também envolve os resultados operacionais, demais resultados e as tributações. Os resultados obtidos seguem os princípios de caixa de confrontar as receitas recebidas com os custos e despesas pagos na atividade operacional da empresa. Caso a receita recebida supere os custos/despesas pagos no período, a seta a ser representada no fluxo de caixa é para cima, representando a entrada líquida de recursos para a empresa. 27 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I Por outro lado, uma situação em que a receita recebida seja inferior aos custos e despesas pagos, a seta representada é para baixo, caracterizando como uma saída líquida de recursos. A geração de um resultado favorável envolve diversos fatores, como o planejamento, recursos disponíveis, produção, controle, estratégia, entre outros. Os resultados operacionais a serem apresentados no exemplo citado corresponde à diferença entre a receita anual (R$ 50.000,00 = 1.000 unidades x R$ 50,00) e os custos e despesas variáveis por mercadoria (R$ 30.000,00 = 1.000 unidades x R$ 30,00). Essa diferença resulta em um valor positivo de R$ 20.000,00 por ano, representado por uma seta para cima. Entretanto, devemos considerar os demais resultados e a apuração do imposto de renda para elaboração do resultado líquido no fluxo decaixa. Os demais resultados podem ser considerados no fluxo de caixa de uma empresa resultantes de operações que não são consideradas da natureza do negócio. Podemos exemplificar: Esses resultados encontrados são agregados ao valor do saldo financeiro do período realizado pelas atividades operacionais no fluxo de caixa. No caso do exemplo citado, o valor de R$ 2.000,00 com a venda do ativo será somado no quarto ano ao resultado operacional de R$ 20.000,00. Os fluxos de caixa gerados devem estar líquidos do pagamento de tributos e de contribuições sociais. Os principais tributos que incidem sobre o lucro gerado são o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido. Entretanto, deve-se apurar, primeiramente, o lucro de uma empresa para, posteriormente, calcular o imposto devido a ser pago. Com a realização desse pagamento, torna-se mais uma das despesas pagas pela empresa. No exemplo apresentado o valor do imposto de renda pago foi informado de forma a simplificar a compreensão do fluxo de caixa. Assim, o resultado líquido será de R$ 16.000,00 (R$ 50.000,00 – R$ 30.000,00 – R$ 6.000,00 + R$ 2.000,00) no quarto ano e de R$ 14.000,00 nos demais anos (R$ 50.000,00 – R$ 30.000,00 – R$ 6.000,00). Bem, uma vez conhecido como se elabora um fluxo de caixa, precisamos verificar qual seria o impacto do fluxo de caixa de um projeto no fluxo de caixa total da empresa. Assim, no próximo tópico estudaremos fatores que influenciam as estimativas do fluxo de caixa. 28 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS Nesse tópico, examinaremos como o fluxo de caixa de um projeto de investimento pode afetar ou não o fluxo de caixa total da empresa. Para isso, é necessário recorrermos ao conceito de fluxo de caixa relevante ou incremental. Outras discussões podem ser realizadas sobre variáveis que podem influenciar a tomada de decisão de um projeto como os custos irrelevantes, o custo de oportunidade e o papel das externalidades. Cada uma destas variáveis pode afetar a oscilação do fluxo de caixa do projeto para positivo ou negativo, conforme apresentação do gráfico neste tópico. Após a aceitação de um projeto, o fluxo de caixa gerado por este é considerado um fluxo de caixa relevante que vai interferir no fluxo de caixa total da empresa, de acordo com a magnitude do projeto de investimento a ser realizado. Como exemplo, podemos citar que apesar da crise da Petrobras observada nos últimos anos, o fluxo de caixa gerado pelo Projeto do Pré-sal continua a ter um papel bastante relevante no fluxo de caixa geral da empresa. O fluxo de caixa relevante também é denominado fluxo de caixa incremental. O custo de oportunidade corresponde à comparação entre um determinado retorno de um investimento e o retorno de outro tipo de aplicação a ser realizada de forma alternativa a esse investimento. Vamos supor que um empresário obtenha o retorno líquido de 12,5% ao ano em um fundo de investimento em renda fixa, caso seja aplicado R$ 3.000.000,00. Ele também tem a opção de investir estes R$ 3.000.000,00 na ampliação de sua capacidade produtiva, na construção de uma nova fábrica. De forma a verificar se esta nova fábrica será um negócio rentável ou não, o empresário não deve apenas verificar se ele obteria lucro ou prejuízo com o empreendimento. Na verdade, ele deve esperar um retorno de, ao menos, superior a 12,5% de remuneração de juros da opção de investimento no fundo em renda fixa. Este percentual de 12,5% torna-se para a análise do projeto o custo de oportunidade na qual o empresário deve ter como referência, quando da elaboração de um plano de negócios que apresente estudo de viabilidade de construção de uma nova fábrica. Infelizmente o custo de oportunidade é um custo econômico, utilizado apenas como parâmetro de relatórios gerenciais. Beuren (1993) assinala que “na literatura sobre custo de oportunidade, observa-se que as abordagens a nível 29 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I de contabilização vão de encontro ao conceito de custo de oportunidade, distanciando-se do conceito original”. Enfim, o custo de oportunidade pode servir de parâmetro para a avaliação de projetos, uma vez que qualquer retorno abaixo deste custo inviabilizaria a aprovação do projeto. Também denominados como custos afundados, os custos irrecuperáveis devem ser considerados quando de sua ocorrência, ainda que seja a contragosto da gestão da empresa. Em algumas situações, o custo afundado não pode ser relevante para a tomada de decisão da empresa. Podemos citar como exemplo a contratação de uma consultoria para um estudo prévio de viabilidade de um negócio. Esse estudo pode ser considerado um custo afundado, pois independente de uma empresa implementar ou não este negócio, este estudo já estaria pago. A externalidade também afeta a análise do fluxo de caixa, uma vez que considerando que ela seja negativa, ela pode incluir custos adicionais para que seja apta para operar. De forma a exemplificar a externalidade, vamos exemplificar uma fábrica que seja instalada ao lado de um rio. O seu custo de instalação é de R$ 2.000.000,00 e espera-se que este empreendimento apresente fluxos de caixa positivos de R$ 600.000,00 por ano, durante 10 anos. Se os resíduos sólidos e demais lixos forem despejados no rio, poluiria o mesmo e impediria que toda a população local pudesse usufruir do rio da mesma forma que antes da instalação da fábrica. Estaríamos diante de uma situação de externalidade negativa. De forma a dirimir ou acabar o efeito desta externalidade negativa, a empresa terá que realizar gastos que solucionem este problema. A empresa poderia contratar um serviço para a retirada dos resíduos e lixo para outro lugar, evitando o contato com o rio. O custo desta operação seria de R$ 100.000,00 por ano. De forma a evitar problemas em relação ao órgão regulador, e mesmo em relação a clientes, fornecedores e acionistas – em função de exigências de responsabilidade ambiental, a empresa deverá considerar este custo, abatendo, assim, a projeção de fluxo de caixa positivo de R$ 600.000,00 para R$ 500.000,00. Uma forma alternativa de minimizar a externalidade negativa nesse caso específico é a entrada no mercado de crédito de carbono. A necessidade de 30 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS um desenvolvimento sustentável é a chave para a construção de cidades inteligentes. A elaboração de um projeto que inclua aspectos relacionados aos impactos causados pelo fluxo de caixa relevante, custo de oportunidade, custo irrecuperável e pelas externalidades tende a ter resultados mais próximos da realidade do que os projetos que não consideram tais variáveis. 31 CAPÍTULO 3 Decisões de investimento em condições de risco Uma das exigências dos empreendedores ao investir em projetos é maximizar o retorno econômico, que compense os riscos e os custos de capital envolvidos no investimento. As decisões de investimento e financiamento de um projeto podem ser separáveis, mas são dependentes. As organizações necessitam conhecer as possibilidades de financiamento de seus projetos, pois, assim, conhecerão também os retornos exigidos pelos recursos disponíveis, necessariamente, considerados na avaliação de projetos de investimento. O retorno ou taxa exigida pelos capitais representam a ligação entre as decisões de investimento e financiamento dos projetos, chamada de Taxa Mínima de Atratividade (TMA) nas análises de investimentos. A contratação de empréstimos pode trazer diversos benefícios para a empresa. O mais usual decorre do fato de que o empréstimo permite a aquisição de bens na empresa e a reduzir a parcela do imposto de renda, uma vez que a despesa financeira é dedutível, e isso significa que o custo desse capital não é o custo real, pois a empresa tem uma economia de imposto. Desta forma, ao contrair um empréstimo, uma empresa, provavelmente, terá uma maior disciplina financeira, pois terá que se auto gerenciar e pagar esse empréstimo no decorrer do contrato.Além disso, o relacionamento com uma instituição financeira poderá trazer benefícios na melhoria dos controles gerenciais. Os rendimentos ou custos podem ser identificados por meio de vários métodos de negociação, tais como cálculo do valor nominal e presente; cálculo do cupom; YTM Yield to maturity (rendimento à maturidade) e custo do endividamento. Vamos conhecê-los agora. Chamaremos de título qualquer papel negociável, como uma nota promissória, por exemplo, é um título que compromete a pessoa que o assina a pagar uma certa importância a outra pessoa, numa determinada data. São exemplos de títulos: » Duplicata: papel emitido por pessoas jurídicas contra clientes físicos ou jurídicos, especificando vendas de mercadorias com prazo ou 32 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS prestação de serviços a serem pagos mediante contrato firmado entre as partes. » Nota promissória: título que comprova uma aplicação com vencimento deter- minado. Este produto é muito utilizado entre pessoas físicas e ou pessoas físicas e instituições financeiras credenciadas. Para calcular o valor de um título precisamos entender o significado de valor nominal, que será considerado o valor na data de seu vencimento. O valor atual deste mesmo título pode ser estabelecido pela data de pagamento antecipado, ou seja, quando uma empresa resolve quitar este título antes da data de vencimento. À diferença entre os dois valores daremos o nome de desconto, que é uma compensação recebida pelo tomador do empréstimo, pelo pagamento adiantado da dívida. Para diferenciar valor nominal de valor presente, vamos usar a matemática financeira pelo método de desconto racional, sobre juros compostos. Vamos calcular o valor atual racional composto de um título no valor nominal de R$ 1.200,00, com vencimento para dois anos, com taxa de juros compostos de 24% ao ano, capitalizados semestralmente. Valor nominal = 1.200,00 N (tempo) = 2 anos = 4 semestres (capitalização semestral) i (taxa)= 24% ao ano = 0,24/2 semestres = 0,12 ao semestre x 100 = 12% ao semestre Isso significa que se este título for descontado hoje, ele valerá R$ 762,63, e, neste caso, se diminuirmos VA (Valor Atual) – VN (Valor Nominal) vamos encontrar o abatimento ou custo de capital deste desconto no valor de R$ 437,37. Um outro método para calcular custos ou rendimentos é o pagamento de cupom, vamos ver a seguir. Cupom é o ganho ou juros sobre títulos que fazem pagamentos periódicos e que são definidos no momento da sua emissão. Eles são pagos com base em um percentual fixo sobre o valor do principal no vencimento. Com isso, o investidor não precisa esperar até o vencimento para receber a totalidade dos seus recursos de volta. 33 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I Segundo Almeida (2003, p. 101), “O termo cupom vem do francês, coupon, que significa “uma parte cortada em um papel” ou “um vinco em papel”, e tinham pequenas tiras que eram destacadas e trocadas pelo dinheiro”. Exemplo: para um prefixado: A NTN-F (tipo de um título) com vencimento em 01/01/2008 paga 6,88% ao semestre (10,00% ao ano) e o seu principal será de R$ 1.000,00 no vencimento. Assim, o cupom semestral será de R$ 68,81. Como mostrado no exemplo acima, o cupom representa o pagamento intermediário de juros de um título de notas do tesouro nacional. A taxa de cupom ou juros de cupom é a taxa de juros (geralmente fixa) e paga, a cada semestre ou a cada ano, pelo emissor ao detentor do TRF (Títulos de Renda Fixa). Essa taxa depende do mercado e varia de título para título (Yield to Maturity), ou rendimento ao vencimento, é uma expressão que designa a taxa de rentabilidade (ganho de capital mais juros) de um título de renda fixa, obtido até a data do seu vencimento. “O rendimento à maturidade é usado como uma forma de dar atratividade a um título sazonal, mantendo-o até o vencimento, para, então, ser resgatado pelo seu valor nominal” (ALMEIDA, 2014, p. 58). No cupom, você calcula os juros em cima do valor do preço de mercado, no caso do Yield to Maturity você ganha capital + juros. Vamos ver as diferenças nos exemplos a seguir: Suponhamos que você compre um título da empresa CFA cujo valor nominal seja de R$ 1500, com um cupom de juros de 5% e vencimento em cinco anos, em que o preço de mercado (na data da compra) do título seja de R$ 1.000. O cupom de juros é a taxa anual dos juros a serem pagos sobre o valor nominal de R$ 1500, que é de R$ 75 por ano. O rendimento atual do título é o juros dividido pelo preço atual, ou seja: » R$ 75 / R$ 1.000, que é igual a 7,5%. Ao resgatar o título após 5 anos, você recebe R$ 1500 pelo título “maduro” e um ganho total de capital de R$ 500 (R$ 1.500 – 1.000). Para encontrar o rendimento de maturidade (Yield to Maturity), some os rendimentos intermediários e divida por dois, ou seja, (12,5% + 17.5%)/2. O resultado, 15%, é o rendimento à maturidade. 34 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS Podemos definir esse cálculo como o grau de endividamento da empresa em relação ao ativo total. Seu resultado é considerado melhor quando seu percentual “está abaixo de 60%, ou seja, quanto menor, melhor” (MARION, 2007, p. 67). Fórmula: grau de endividamento = (Passivo circulante + exigível a longo prazo) / (Ativo total) x 100” (ALMEIDA, 2014, p. 58). Ao tratar de endividamento, estamos falando das origens de recursos de uma empresa que serão aplicados no ativo. O endividamento sempre será necessário, mas precisaremos avaliar o custo de endividamento e o risco medido pela probabilidade da empresa tornar-se tecnicamente insolvente, ou seja, incapaz de pagar suas contas no vencimento. Agora, com base no balanço patrimonial abaixo, vamos avaliar o grau de endividamento e o custo do endividamento por meio de duas hipóteses: a empresa tem um custo de seu passivo circulante de 3% e do seu passivo não circulante de 11%. Vamos calcular o custo e o grau do endividamento. Tabela 2. Balanço patrimonial. Ativo Passivo + PL Ativo Circulante 2.000, 00 Passivos circulantes 1.600,00 Banco conta Movimento 2.000,00 Passivos não circulantes 1.700,00 Ativo imobilizado 4.300,00 Patrimônio líquido 3.000,00 Total 6.300,00 Total 6.300,00 1ª Hipótese Grau de endividamento = R$ 3.300,00 Passivo circulante + exigível a longo prazo Ativo total × 100 GE = = 0,52 × 100 = 52% R$ 6.300,00 Custos do endividamento O custo de endividamento deve ser comparado ao capital circulante líquido, indicador que medirá a solvência da empresa e indicará se o endividamento 35 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I está impactando nos resultados de seus investimentos no ativo. Aplicando as fórmulas temos: Capital circulante líquido = R$ 2.000,00 – R$ 1.600,00 = R$ 400,00 Os resultados desses dois indicadores levam em consideração o risco de insolvência da empresa e, nesse caso, podemos dizer que a empresa compromete seu ativo em 52% (grau de endividamento) e o custo de endividamento é de R$ 235,00. Mesmo com esses parâmetros a empresa possui capital circulante líquido de R$ 400,00 para investimento e baixo risco de insolvência. 2ª Hipótese Como o custo de endividamento de longo prazo é mais alto, supomos a transferência de obrigações do longo prazo para o curto prazo no valor de R$ 700,00. Passivo circulante + exigível a longo prazo) Grau de endividamento = R$ 3.300,00 GE = = 0,52 × 100 = 52% R$ 6.300,00 Ativo total × 100 Custos do endividamento Logo, podemos concluir que ao transferir obrigações de longo para o curto prazo, a empresa reduz o seu custo endividamento. O custo de capital do endividamento (Ko) é a taxa mínima de retorno que a empresa aceita na intenção de maximizar o valor dos seus investimentos. A estrutura ótima de suas obrigações é aquela em que a combinação de recursos próprios e de terceiros resulta num valor mínimo para o custo de capital da empresa (Ko). O custo total de capital de uma empresa representa também as expectativas mínimas de remuneração das diversas fontes de financiamentoou pode ser entendido como o retorno médio exigido. O custo de capital pode ser usado como uma medida de avaliação da taxa mínima de atratividade econômica para a análise do desempenho de uma 36 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS estrutura ótima de capital. O custo de capital próprio pelo modelo CAPM é dado quando: K e = custo de capital próprio. R f = taxa livre de risco. R m = taxa de retorno esperada da “carteira de mercado”. R m – R f = prêmio que o mercado oferece por unidade de risco, independentemente do ativo específico β x (R m – R f ) = prêmio por risco assumido β = mede a sensibilidade relativa da taxa de retorno do ativo a variações da taxa de retorno da carteira de mercado. Fórmula: K s = R f + β × (R m – R f ) Nesse exemplo, vamos calcular o custo de capital próprio ou retorno esperado, relacionando os retornos esperados e considerando o risco do mercado, de acordo com os parâmetros da fórmula acima. Sendo assim, se a taxa livre de risco igual a 8%, o retorno médio do mercado igual a 12% e o beta da ação do Patrimônio Líquido é de 1,5; avalie se o retorno efetivo da ação está sub ou superavaliado, sabendo que o retorno efetivo é de 9%. Onde: Rf = Taxa livre de risco 8%. Beta = 1,5 índice de retorno esperado do patrimônio líquido da empresa Rm = Taxa de retorno esperado do mercado: K e = 0,08 + 1,5 (0,12 – 0,08) = 14% > 8%, então, se o retorno esperado está acima da taxa livre de risco, a ação está subavaliada. Logo, vale a pena investir na ação porque seu preço atual está baixo e, assim, renderá bons lucros. Nos tópicos anteriores vimos os custos de capitais, como taxa mínima de retorno no ponto de vista da empresa, a seguir vamos conhecer os ganhos de capital sob o ponto de vista dos investidores. O conceito de dividendos é denominado como ganhos do mercado de ações. Imagine que você decidiu investir seu dinheiro nos papéis na companhia WLT S.A. Essa empresa teve um bom desempenho trimestral, com lucro acima do mercado. 37 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I Como investidor, você terá direito a receber uma parte do lucro, chamada de dividendos, e podem ser distribuídos aos acionistas em dinheiro ou ações para o investidor, a vantagem é ter acesso a uma provável valorização das ações no longo prazo, podendo garantir resultados como uma renda periódica, ou distribuição dos dividendos, isto é, feito de acordo com o conselho de administração da empresa, que precisa aprovar a distribuição do lucro. Depois, com o aval do conselho, o passo seguinte é protocolar a decisão na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a destino do mercado de capitais, informando publicamente as datas e os valores do pagamento dos dividendos, que podem ter periodicidade mensal, trimestral, semestral ou anual, conforme o estatuto social da empresa. Tabela 3. DRE da empresa WLT S.A. em Mil R$. Vendas Líquidas 1.000,00 (–) Custo das Vendas 300,00 = Lucro Bruto 700,00 (–) Despesas operacionais 100,00 = Lucro operacional 600,00 (–) Despesas financeiras 10,00 = Lucro antes do IR 590,00 (–) Provisão p/ IR 10,00 = Lucro Líquido 580,00 Obs 1: A empresa possui 20.000 ações. Vamos supor que a Cia. vai destinar 20% do lucro para dividendos. Esse cálculo verifica quanto o acionista irá receber, em termos de dividendos. Você aplicou $20.000,00 na empresa WLT S.A. comprando 1.000 ações desta empresa, neste caso, você pagou $20 por ação. Os dividendos pagos pela empresa serão de $4,00, logo, seu rendimento será de $4,00 dividido por $20 (multiplicando por 100 para obter a percentagem). O rendimento neste exemplo é de 20% e é importante para valorizar o investimento. No próximo tópico, vamos conhecer os juros sobre o capital próprio, como ganhos de capital dos acionistas. Nesse caso, os juros sobre capital próprio serão considerados como retorno exigido pelos acionistas. 38 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS Agora, vamos falar de juros sobre capital próprio, antes de tudo, é uma estratégia adotada em virtude de um planejamento tributário. Se trata, então, da remuneração que tem característica similar à remuneração na fórmula de dividendos, porém, com algumas diferenças. O termo custo de capital é muitas vezes expresso, de diferentes formas, como sendo a taxa mínima de atratividade, taxa de retorno requerida (mínima exigida), custo total de capital, taxa de desconto apropriada, entre outras (ALMEIDA 2014, p. 96). De acordo com Almeida (2014), o custo de capital próprio constitui-se em uma taxa de retorno exigida pelos investidores para investir capital em uma empresa. Esse investimento possui risco, representado pela possibilidade de não alcançar o retorno esperado ou, ainda, perde-se o capital investido. Sendo assim, para realizar um investimento, o investidor deve analisar o risco do negócio e a taxa de retorno envolvida como também a incerteza na credibilidade dos emissores de ações, tratando-se de um mecanismo de proteção. Podemos dizer que o modelo de Gordon, publicado pelo economista Myron J. Gordon em 1959, pressupõe um crescimento dos dividendos a uma taxa constante e analisa considerando tanto o custo de capital próprio como os dividendos pagos. A seguir, vamos conhecê-lo. O modelo de Gordon é um método de avaliação que serve apenas para empresas estáveis no mercado e que buscam capturar o custo de capital e compará-los com os dividendos crescentes a uma taxa que se possa contar a longo prazo. Entre os inúmeros modelos existentes, encontra-se o Modelo de Gordon, concebido para precificar o valor presente de uma ação por meio da análise de três elementos: » taxa de retorno do capital; » taxa de crescimento dos dividendos; » valor do dividendo esperado. O Modelo de Gordon leva em consideração o custo do capital próprio, que tem como objetivo a formação do preço do valor presente de uma ação – isto é, seu valor zero (V0). Para se calcular o custo de capital próprio por meio do Modelo de Gordon utiliza-se a fórmula abaixo, na qual poderemos, também, calcular outras variáveis: 39 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I P0 – Preço da Ação. D1 – Próximo Dividendo esperado Ks – Custo de capital próprio. g – Estimativa de crescimento dos dividendos (taxa de crescimento esperado). Nos tópicos anteriores vimos como obter rendimentos sobre o capital próprio, a seguir, vamos entender como é calculado o custo deste capital. O cálculo do custo do capital próprio tem a ver com o patrimônio líquido (PL), ou seja, como o nome sugere, sua origem está na própria atividade econômica. Em outras palavras: são os recursos que provêm dos proprietários (ou de sócios e acionistas). O CAPM é o método utilizado para calcular o custo do capital próprio para ser comparado à taxa de retorno do investimento, agora vamos ver como calcular o custo de oportunidade. Vamos, então, apurar o impacto do prejuízo no retorno do patrimônio líquido. Tabela 4. Balanço Patrimonial. Ativo Passivo + PL Ativo Circulante 2.000,00 Passivos circulantes 1.700,00 Banco conta Movimento 2.000,00 Passivos não circulantes 1.700,00 Ativo imobilizado 4.300,00 Total 6.300,00 Patrimônio líquido 2.900,00 Capital Social 3.000,00 Reservas de lucros 100,00 Resultado do Exercício (200,00) Total 6.300,00 Para calcular o custo do endividamento da empresa, vamos nos basear na fórmula do retorno do patrimônio líquido. A fórmula seria: ROE = Lucro Lucro Patrimônio Líquido ROE = –100 = –0,034 2.900 Ou seja, para cada 1 real investido, foi atribuído um prejuízo de R$ 0,034. 40 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS Para demonstrar o resultado do ROE em porcentagem, basta multiplicar o valor final por 100: ROE = – 0,034 x 100 ROE = – 3,40% O custo de oportunidade é comparado com a taxa Selic ou custo de oportunidade (nome dado ao custo mínimo exigido na análise de investimentos) ou o percentual mínimo que a empresa deixou de ganhar em determinado investimento. Logo, se considerarmos uma taxa SELIC de 6%, a empresa terá que cobrir9,4% de custo do capital próprio, pois ela deixou de ganhar os 6% do mercado e não teve retorno do investimento precisando de muito esforço para vender e cobrir o prejuízo. Agora que já conhecemos os capitais próprios e de oportunidade, vamos analisar o passivo como um todo, a partir do estudo da estrutura de capital. A análise da estrutura ótima de capital propõe circunstâncias muito específicas, com relação ao valor entre as fontes de financiamento, indicando quanto da dívida total da empresa deverá ser paga no curto Prazo, longo prazo e a estrutura do capital próprio da entidade. Em um mundo sem impostos, onde todos os participantes compartilham as mesmas in- formações, em que pessoas físicas e jurídicas podem tomar recursos emprestados à mesma taxa de juros, não há custos de negociação e os credores são indiferentes ao risco, a estrutura de capital é irrelevante para alterar o valor de mercado (ALMEIDA 2014, p. 28). A visualização da estrutura de capital fica mais evidente quando analisamos o balanço patrimonial da empresa, o qual será exemplificado a seguir. Uma vez que a estrutura de capital trata da composição dos capitais, significa que estamos falando do lado dos passivos. A composição do capital de uma empresa é formada usando dois tipos de fontes de capital distintos para fins de aplicação no ativo: » Capital de terceiros (ou endividamento). » Capital próprio (de seus sócios ou acionistas). 41 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I O capital de terceiros, ou endividamento, pode ser obtido, principalmente, por meio de contratos de empréstimos, financiamentos com bancos ou emissão de títulos privados como debêntures e notas promissórias. O capital próprio é constituído pelo capital social (no caso de sociedades ltdas) ou pelas ações (no caso de sociedades anônimas); além disso, é composto pelas reservas de lucros. No exemplo a seguir, vamos ver a estrutura de capital da empresa ZCL: Tabela 5. Balanço patrimonial. Ativo Passivo + PL Ativos circulantes 2.000,00 Financiamento 2.600,00 Ativo imobilizado 4.300,00 Empréstimos de Longo Prazo 1.700,00 Patrimônio líquido 2.000,00 Total 6.300,00 Total 6.300,00 A estrutura de capital é a proporção de cada fonte de capital sobre o total de capital investido. Nesse caso, temos recursos alocados no curto, longo prazo e no patrimônio líquido. Reveja a demonstração financeira acima para encontrar os componentes do capital. Destaque todas as dívidas e o patrimônio líquido da empresa (incluindo ações ordinárias e preferenciais, contribuição ao capital e lucros retidos, se tiver). Sua estrutura de capital é o percentual que cada fonte de investimento representa no investimento total da empresa. Vejamos um exemplo: digamos que você tenha os seguintes componentes de capital: Financiamento R$ 2.600,00 + Empréstimos R$ 1.700,00 e Patrimônio Líquido R$ 2.000,00. Com isso, seu capital totaliza R$ 6.300,00. Para calcular sua estrutura de capital, pegue o valor em reais de cada fonte de capital e divida pelo capital total. No exemplo acima, o financiamento é de 41% (R$ 2.600,00 / R$6.300,00); empréstimo bancário é de 27% (R$ 1.700,00 / R$ 6.300,00), capital social (patrimônio líquido) 32% (R$ 2.000,00 / R$ 6.300,00), totalizando 100%. Dívidas costumam ser a fonte mais cara de capital e, com a evolução das dívidas, calcular sua estrutura de capital atual permite que você veja quão bem está seguindo sua estrutura de capital ideal. 42 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS Tabela 6. Estrutura de Capital. Capital de Terceiros 91.000,00 36,3% Empréstimos de curto prazo 24.000,00 9,6% Empréstimos de longo prazo 55.000,00 22,0% Debêntures 12.000,00 4,8% Capital Próprio 159.500,00 63,7% Ações ordinárias 75.000,00 29,9% Ações preferenciais 45.000,00 18,0% Reservas de lucros 16.000,00 6,4% Lucros acumulados 23.500,00 9,4% Capital Total 250.500,00 100% A composição de cada tipo de endividamento tem sua relevância no estudo do custo de capital. O endividamento da estrutura de capital é obtido a partir da fórmula apresentada por Almeida (2014), que mostra a dependência da empresa com relação ao capital próprio, pois é estipulada pela divisão do Capital de Terceiros (CT) pelo Capital Próprio (CP) e seu resultado multiplicado por cem, como demonstrado na fórmula abaixo: EG X CT X 100 CP Usando os dados do balanço patrimonial temos o seguinte resultado: Tabela 7. Passivo + PL Financiamento 2.600,00 Empréstimos de Longo Prazo 1.700,00 Patrimônio líquido 2.000,00 Total 6.300,00 Nesse caso, a empresa encontra-se praticamente dependendo de capital de terceiros, indicando alto nível de endividamento no curto e longo prazo. Suponha que uma empresa tenha este balanço patrimonial: Os passivos circulantes consistem inteiramente em empréstimos no valor de 10.00.00 e a taxa de juros sobre essa dívida é de 20%, a mesma taxa sobre os novos empréstimos bancários. As ações ordinárias são vendidas ao preço de R$ 60,00 cada para 1.000,000 ações. Calcule o valor de mercado da estrutura de capital da empresa. 43 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS | UNIDADE I A estrutura de capital da empresa é dividida em 3 partes e devemos analisar cada uma separadamente: Dívidas de curto prazo (passivo circulante) Ações ordinárias (os lucros retidos são incorporados ao valor de mercado das ações) » Dívidas de curto prazo – O enunciado afirma que a taxa de juros desses títulos é de 20% ao ano, logo a dívida do empréstimo é de R$ 12 milhões (R$ 10.000.000 mais 20%). » Ações ordinárias – O enunciado facilita esse cálculo ao fornecer o preço da ação R$ 60. Esse é o valor de mercado de uma ação. Para sabermos o valor de mercado do conjunto de ações, basta multiplicar o preço pela quantidade de ações: 60 x 1.000.000 = R$ 60.000.000. De acordo com os cálculos efetuados acima, encontramos os componentes da estrutura de capital no valor de 72.000.000. No próximo tópico vamos conhecer o cálculo do custo médio, levando em consideração os componentes de capital. O custo médio ponderado de capital é o custo da composição do passivo e é obtido por uma média das taxas dos custos das diversas modalidades usadas após o IR, ponderado pela participação relativa das várias modalidades no total, que denominamos estrutura financeira da empresa. A seguir, vamos conhecer o cálculo deste custo comparado à taxa mínima de atratividade e as implicações e os efeitos do imposto de renda sobre o custo médio. O Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) é obtido pelo custo de cada fonte de capital multiplicado por sua participação na estrutura da empresa e é uma média ponderada das diferentes fontes de financiamento que a empresa utiliza. O custo de capital é o elemento fundamental para a decisão de investimento em qualquer projeto ou mercado. A sigla utilizada para o CMPC é WACC (weighted average cost of capital), sendo considerada como retorno mínimo que uma empresa deve obter com base nos seus ativos existentes para satisfazer os seus credores, proprietários 44 UNIDADE I | AVALIAÇÃO DE EMPRESAS e outros financiadores de capital. É essencial o entendimento desta análise para competir no mercado. O efeito da redução no custo de endividamento provocado pela dedutibilidade fiscal impacta diretamente nos custos do endividamento, dado que os juros suportados pelos impostos são fiscalmente aceitos pelo imposto de renda, o qual veremos detalhadamente adiante. O capital de terceiros compreende todas as exigibilidades da empresa, tais como empréstimos e debêntures. Nesses casos, a empresa recebe um montante para aplicar no ativo de acordo com suas necessidades e conveniência, e, em contrapartida, efetua uma série de pagamentos correspondendo a juros e outras despesas, devolvendo o principal corrigido em função de índices utilizados para refletir a perda de poder aquisitivo da moeda (correção monetária). Portanto, o custo do capital de terceiros é a taxa efetiva de juros. O que for obtido em excesso pertencerá integralmente a esses
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