Buscar

Historia da arquitetura e urbanismo 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

História da 
Arquitetura 
e Urbanismo
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Arquitetura Cristã: das Igrejas Bizantinas às Góticas
• Introdução;
• Idade Média;
• O Império Bizantino;
• Arquitetura Bizantina;
• Arquitetura Medieval;
• Considerações Finais.
 · Apresentar as características da arquitetura influenciadas pelo domí-
nio cultural e ideológico cristão.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Arquitetura Cristã: das Igrejas 
Bizantinas às Góticas
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Arquitetura Cristã: das Igrejas Bizantinas às Góticas
Introdução
Quando pensamos no período da Idade Média, logo nos vem à mente uma ideia 
de atraso, período das trevas, escuridão, religiosidade etc. No entanto, o período 
medieval nos apresenta uma dinâmica e especial refinamento na arquitetura 
influenciada pelo cristianismo. 
Desse modo, entre os muros dos mosteiros e dos castelos medievais, a arquite-
tura não sofreu atraso e nem ficou estagnada, ao contrário, foi sendo aprimorada.
 Veremos nesta unidade uma introdução à história da arquitetura e urbanismo 
entre os séculos V e XV.
Idade Média
A Idade Média (ou Era Medieval) dura cerca de 10 séculos, do séc. V até aproxi-
madamente o séc. XV. É delimitada a partir de eventos políticos importantes: inicia-
-se com a desintegração do Império Romano do Ocidente, com a invasão de Roma 
pelos bárbaros germânicos, em 476 d.C., e finaliza com o fim do Império Romano 
do Oriente, com a Queda de Constantinopla, tomada pelos turcos em 1453. 
É um período conturbado da história, com muitas mudanças nos cenários político, 
social e cultural – mas que se caracterizou pelo domínio cultural e ideológico da 
Igreja Católica. É a era das grandes catedrais, que foram batizadas acuradamente 
de Bíblias de Pedra.
A influência ostensiva da Igreja Católica orientava todos os aspectos da cultura 
europeia: a arte, a filosofia, os textos, os hábitos, o cotidiano das pessoas, o conhe-
cimento científico e até mesmo as guerras. 
É nesse período que ocorrem as célebres Cruzadas, que visavam libertar a Terra 
Santa das mãos dos muçulmanos, resultando em batalhas sangrentas e muitas mortes.
Contudo, antes de iniciarmos os estudos da arquitetura desse período, é essencial 
que entendamos o que aconteceu com o Império Romano, ainda no fim da Idade 
Antiga, e sua relação com a incipiente Igreja Católica. 
As igrejas paleocristãs
A História nos conta que nos anos que se seguiram à morte de Jesus Cristo, 
seus discípulos passaram a divulgar seus ensinamentos não apenas na região da 
Judeia, que na época fazia parte do Império Romano, como também passaram a 
se espalhar por várias outras regiões do Império. 
A crença cristã foi entendida, primeiramente, como um atentado à autoridade indiscu-
tível do Imperador, fazendo com que os cristãos passassem a ser oficialmente perseguidos. 
8
9
A primeira grande caça aos cristãos se deu já em 64 d.C., durante o governo de 
Nero. Ao longo dos próximos 249 anos, houve mais nove períodos de perseguição, 
culminando com a maior e mais violenta delas entre 303 e 305, durante o governo 
de Diocleciano. 
Dentre os diferentes martírios a que os cristãos foram submetidos, um dos mais 
cruéis era o espetáculo de lançamento de cristãos para serem publicamente devo-
rados por leões e outras feras, o que muitas vezes ocorria nas arenas do Coliseu. 
Esses suplícios encerraram-se no ano de 311 d.C., quando o Imperador Cons-
tantino, já convertido à fé cristã, determinou o cristianismo como religião oficial 
do Império, e a Igreja Cristã como um dos poderes do Estado. A partir desse 
momento, a arquitetura cristã nasceu pela necessidade de encontrar locais ade-
quados para seus cultos, dando início à era das grandes igrejas que substituíram 
os templos pagãos.
Durante os períodos de perseguição não houvera necessidade nem, de 
fato, possibilidade de construir lugares públicos de culto. As igrejas e 
salas de reunião que existiam eram pequenas e de aspecto insignificante. 
Mas quando a Igreja passou a ser o poder supremo no reino, todo o seu 
relacionamento com a arte teve, necessariamente, que ser reexaminado. 
Assim, aconteceu que as igrejas não usaram os templos pagãos como 
seus modelos, mas adotaram o tipo de amplos salões de reunião que, em 
tempos clássicos, eram conhecidos pelo nome de “basílica” (GOMBRICH, 
2001, p. 133). 
As basílicas que existiam na antiga Roma, ao contrário do que pensamos, eram 
edificações de uso social e laico pelo Estado, um espaço fechado em que o povo 
se reunia e onde eram realizadas as audiências públicas dos tribunais. Seu formato 
era simples, com um salão retangular, duas colunatas paralelas e duas absides 
(recinto semicircular ou poligonal, de teto abobadado), diretamente opostas, na 
extremidade menor do edifício. 
Essas primeiras igrejas da nascente Igreja Católica, conhecidas como basílicas 
paleocristãs, tiveram algumas pequenas, mas importantes alterações: uma das 
absides foi removida para dar lugar à entrada, agora deslocada para o lado menor 
do espaço, enquanto o altar foi colocado na abside do lado oposto. 
A igreja, portanto, é formada essencialmente por um longo espaço longitudinal 
que determina o caminho do homem. Segundo Bruno Zevi, “a revolução espacial 
consistiu em ordenar todos os elementos da igreja na linha do caminho humano” 
(ZEVI, 2009, p. 71), inclusive determinando que toda a decoração desse espaço 
interior tivesse um caráter dinâmico, conduzindo o espectador em direção ao altar. 
Esse espaço em seu início partiu do princípio da escala humana, dos gregos, aliado 
à consciência do espaço interior dos romanos. 
A igreja passa, portanto, a ser composta por diversas partes: o coro, que é a 
região da abside, onde estava inserido o altar-mor, e para onde todos os olhos dos 
fiéis se dirigem; a nave, que consiste no corpo central da igreja, onde a congregação 
9
UNIDADE Arquitetura Cristã: das Igrejas Bizantinas às Góticas
se reúne e se senta; e as alas, que são os compartimentos laterais, separadas da 
nave por uma colunata. 
Entre as basílicas paleocristãs que ainda existem, podemos destacar a de SantaSabina (422-432), Santa Maria Maggiore (432-440) e Santo Apollinare in Classe, 
em Ravena, na Itália (534-549). No entanto, todas elas foram significativamente 
alteradas ao longo do tempo, para adaptá-las às linguagens contemporâneas e 
garantir sua manutenção, pois sempre foram utilizadas.
Os edifícios paleocristãos, embora ainda sejam construções simples, vão iniciar 
os princípios que orientarão toda a construção de igrejas cristãs por quase quinze 
séculos: um espaço longitudinal, dinâmico, com um caráter duplamente formal e 
simbólico em sua constituição.
O Império Bizantino
Com a derrocada do Império Romano a partir do século III, os imperadores 
começaram a enfrentar uma grave crise política, marcada por lutas internas pelo 
poder, corrupção e gastos excessivos com o luxo dos imperadores, o que acabou 
desviando os recursos militares. 
Enfraquecidos, os exércitos começaram a perder território para os inúmeros 
grupos de bárbaros que pressionavam suas fronteiras.
Em 395, o Imperador Teodósio dividiu o imenso território romano em dois: o 
Império Romano do Ocidente, que ficou com a capital em Roma e os territórios 
europeus e do norte da África; e o Império Romano do Oriente, cuja capital era 
Constantinopla – a atual cidade de Istambul, na Turquia.
Depois da divisão, o Império Romano do Ocidente foi se enfraquecendo até cair 
completamente em poder dos bárbaros invasores, no ano de 476. A partir dessa 
data, o território romano foi fragmentado e dividido entre os inúmeros grupos de 
bárbaros, nativos das regiões que outrora tinham sido dominadas pelos romanos. 
Deu-se início a um período sangrento, em que esses grupos passaram a guerrear 
entre si para conquistar territórios maiores.
Já o Império Romano do Oriente gozou de uma relativa unidade até o ano de 
1453, ou seja, dez séculos após o fim do Império Ocidental. Sua capital, Constan-
tinopla, tinha esse nome pois fora fundada em 330 pelo Imperador Constantino, 
no local da antiga colônia grega de Bizâncio. Por esse motivo, o Império Romano 
do Oriente é comumente chamado de Império Bizantino. 
A cidade de Constantinopla situa-se no Estreito de Bósforo, entre a Europa e a 
Ásia, por onde passavam os mercadores de ambas as direções. Por esse motivo, 
sua cultura traz muitas influências orientais, o que se pode notar na arquitetura 
luxuosa que marcou seu apogeu.
10
11
Figura 1
Fonte: Wikimedia Commons
O ápice político e cultural do Império Bizantino se deu durante o governo do 
Imperador Justiniano, que reinou entre 527 e 565, e reconquistou grande parte do 
território do antigo Império Ocidental. 
Arquitetura Bizantina
O Imperador Justiniano foi o responsável pela construção da maior parte 
das igrejas bizantinas, que se destacavam por serem extremamente luxuosas e 
requintadas, pois coincidem com o período em que a Igreja se oficializa e se impõe 
como um poder dentro do Império. “A arte bizantina tinha um objetivo: expressar 
a autoridade absoluta do imperador, considerado sagrado, representante de Deus e 
com poderes temporais e espirituais” (PROENÇA, 2000, p. 47). 
O ápice da arquitetura bizantina se nota na igreja Santa Sofia (ou Hagia Sophia, 
“divina sabedoria”), encomendada por Justiniano aos arquitetos Artêmio de Trales 
e Isidoro de Mileto, e construída entre 532 e 537. “Ela foi, de longe, a maior das 
trinta igrejas ou mais que [Justiniano] ergueu em Constantinopla durante seu reinado. 
Sua estrutura em cúpula tornou-se a base de grandes catedrais renascentistas, como 
as de São Pedro, em Roma, e São Paulo, Londres” (GLANCEY, 2001, p. 38). 
Os arquitetos criaram um vasto espaço de congregação com uma cúpula 
gigantesca completamente livre de colunas e paredes, apoiadas em semicúpulas. 
Essas se originavam nos quatro grandes arcos que determinavam um espaço 
central debaixo da cúpula. Surge um esquema estrutural complexo, que determina 
uma concepção planimétrica muito mais evoluída do que as das simples basílicas 
paleocristãs, de orientação mais centralizada.
11
UNIDADE Arquitetura Cristã: das Igrejas Bizantinas às Góticas
Figura 2 − Vista externa da Igreja de Santa Sofia na atual cidade de Istambul, na Turquia
Fonte: iStock/Getty Images
A cúpula gigantesca de concreto impressiona até hoje. Embora os construtores 
tenham sido reputados como excelentes engenheiros e matemáticos de seu período, 
a cúpula desabou parcialmente apenas 30 anos após sua construção. “Isso, porém, 
deveu-se mais à velocidade da construção, ditada pelo ambicioso imperador, que a 
algum erro de cálculo de arquitetos” (GLANCEY, 2007, p. 38). 
A grande cúpula parece flutuar sobre o edifício profusamente decorado interna-
mente com inúmeros mosaicos em vidro representando cenas bíblicas e o Imperador, 
colunas com capitéis decorados com folhagem serpentina e relevos decorativos. 
Figura 3 − Interior da Igreja Santa Sofia
Fonte: iStock/Getty Images
12
13
Figura 4 − Planta esquemática da Igreja, com a projeção da cúpula sobre o espaço central
Fonte: Wikimedia Commons
A igreja Santa Sofia mostra como a cultura bizantina estava seduzida pela arqui-
tetura luxuosa e sensual do Oriente.
Figura 5 − Detalhe de um dos mosaicos da Igreja Santa Sofi a
Fonte: Wikimedia Commons
13
UNIDADE Arquitetura Cristã: das Igrejas Bizantinas às Góticas
Quando Constantinopla foi invadida pelos turcos, 
esses destruíram muitas das igrejas cristãs que haviam 
na cidade, porém, impressionados com Hagia Sophia, 
preservaram-na, convertendo-a em uma mesquita. 
Assim, ela permaneceu por cerca de cinco séculos 
até se tornar um museu secular, em 1931. 
As plantas das igrejas bizantinas são complexas e variam muito entre si, embora 
seja um traço comum a presença de muitas curvas em seus arcos e cúpulas e 
principalmente as plantas em forma de cruz grega.
Na igreja oriental, a planta em forma de cruz grega foi gradualmente adotada 
para a maioria das igrejas – quatro braços iguais –, ao passo que a igreja ocidental 
adotou uma planta cruciforme, uma descrição mais literal de um crucifixo – isso 
pode ser visto em várias igrejas e catedrais ocidentais até meados do século XX 
(GLANCEY, 2007, p. 40). 
Essas plantas centralizadas podiam variar a partir do formato cruciforme até 
esquemas centrais octogonais, como se vê na Basílica de São Vital na cidade de 
Ravena, Itália.
Para o Império Bizantino, a cidade de Ravena, dominada há muito tempo pelos 
ostrogodos, foi muito cobiçada pelo imperador Justiniano para a conquista da 
Península Itálica. Após muitas tentativas, a cidade foi finalmente reconquistada em 
540, tornando-se então o centro do domínio bizantino na Itália.
Outra marca da arquitetura bizantina é a rica decoração interna com mosaicos que prestavam 
homenagem a fi guras políticas com auréolas como se fossem fi guras sagradas.Ex
pl
or
Figura 6 − Justiniano e sua esposa, Teodósia, levando suas oferendas ao templo, Ravena, Itália
Fonte: Wikimedia Commons
A cruz grega tem todos 
os braços de mesmo ta-
manho. Enquanto que a 
cruz latina possui o eixo 
vertical mais comprido 
que o horizontal. 
14
15
Além das enormes e requintadas igrejas bizantinas, pouca coisa sobrevive até os 
dias de hoje. É de pressupor que os bizantinos também construíam palácios, banhos, 
teatros e complexos esportivos a partir dos princípios da arquitetura romana. 
A arquitetura bizantina teve grande impacto nas construções do Leste Europeu 
e na Rússia, com seu jogo de cúpulas e plantas centralizadas predominando nos 
próximos séculos tanto em igrejas quanto em outras edificações.
Arquitetura Medieval
Agora vamos iniciar os estudos sobre a arquitetura da Idade Média propriamente dita. 
A Idade Média costuma ser dividida em dois períodos: os primeiros 500 anos, do 
século V ao século X, é denominado de Alta Idade Média, Idade Média Antiga ou, 
o que é bastante comum, Idade das Trevas. Essa denominação é devido ao fato de 
que pouco sabemos desse período conturbado da história, que marca a transição 
do mundo antigo para a configuração geográfica da Europamais próxima do que 
é hoje. 
As grandes propriedades agrícolas eram a base da economia. A partir do fim do 
Império Romano, a Europa foi fragmentada em diversos pequenos estados – deu-
se início ao sistema político feudal. 
Com o passar do templo, os grandes proprietários tornam-se muito 
poderosos e começam a exercer, dentro de seus territórios, a autoridade 
própria do Estado. O rei torna-se soberano apenas em suas terras, que 
muitas vezes eram até menores do que as dos grandes proprietários. 
Assim, a autoridade resultante da posse da terra estabelece uma nova 
relação de poder entre rei e súditos e desloca o centro da vida social das 
cidades para o campo (PROENÇA, 2000, p. 54).
Inúmeras tribos bárbaras guerreavam e disputavam território nesse período, 
destruindo as realizações das civilizações vencidas. Assim, a população vivia 
migrando de um lugar para outro em função dessas guerras e confrontando-se com 
as mais diversas heranças culturais e étnicas desses diferentes grupos, o que gerou 
uma cultura híbrida que só começou a definir-se próximo ao século X.
Devido a esse cenário, é difícil encontrar um estilo artístico dominante, caracte-
rístico desse período. O que se pode afirmar é que há, nesses séculos, a supressão 
e anulação de qualquer influência clássica – grega ou romana – na cultura europeia. 
No entanto, esse conhecimento ficou preservado no interior do clero: nos mostei-
ros, abadias e conventos.
Com relação às formas de cultura escrita, sobretudo a literatura e a filosofia, 
esse afastamento das pessoas comuns era natural – era um período em que a maior 
parte da população era analfabeta e o conhecimento era restrito aos membros da 
igreja ou a alguns membros de famílias reais. 
15
UNIDADE Arquitetura Cristã: das Igrejas Bizantinas às Góticas
Já em relação à arquitetura e ao urbanismo, a situação era mais delicada. Em 
função das guerras periódicas e da destruição, o pouco construído logo era des-
truído pelos invasores. A maior parte das construções era simples, geralmente em 
madeira. O que sobrevive, no entanto, são geralmente fortificações militares e 
alguns castelos.
Com a coroação de Carlos Magno como Imperador do Ocidente, em 800, pelo 
Papa Leão III, nota-se um incremento na cultura medieval. Uma corte é formada, 
em que é fundada uma academia literária, e estabelecem-se oficinas onde eram 
criados objetos de arte e manuscritos ilustrados.
A partir da experiência na corte de Carlos Magno, os mosteiros também pas-
saram a estimular a produção artística nas áreas de arquitetura, escultura, pintura, 
ourivesaria, cerâmica, fundição de sinos, encadernação e fabricação de vidros. É o 
início da era das grandes catedrais.
Vejamos alguns estilos da arquitetura medieval:
Arquitetura românica
O estilo românico é chamado dessa maneira porque a robustez de suas edifica-
ções em pedra, suas grossas colunas, e o uso de arcos e abóbadas faz com que se 
assemelhe ao estilo construtivo dos romanos. 
Os membros do clero e da nobreza que começavam a se firmar como os 
novos senhores feudais logo passaram a adotar o estilo românico como forma de 
manifestar seu poder em novas e imponentes construções.
As principais características dessas imensas igrejas românicas são suas dimensões 
monumentais, erguendo-se acima das humildes construções vizinhas em vilarejos 
tranquilos. Por esse motivo, costumam ser chamadas de “fortalezas de Deus” e 
funcionavam como ponto de referência para os cidadãos locais e os viajantes.
Exemplo de construção românica é o Complexo da Catedral de Pisa, na Itália, 
construída entre 1063-1118, e depois concluída entre 1261-1272. O complexo 
conta com uma igreja com planta em forma de cruz, um batistério (uma construção 
de plano circular, onde eram realizados os batismos) e o famoso campanário que 
conhecemos por Torre de Pisa. Sim, a Torre de Pisa inclinada que conhecemos 
nada mais é do que a torre do sino da Catedral de Pisa, que sofreu os efeitos da 
acomodação do solo, inclinando-se vertiginosamente a ponto de ser proibido o 
acesso ao topo da torre por visitantes.
16
17
Figura 7
Fonte: iStock/Getty Images
Arquitetura gótica
A partir do séc. XII dá-se início a uma economia fundamentada no comércio, 
e não mais apenas na agropecuária, o que faz com que o centro da vida social se 
desloque do campo para as cidades. Com isso, surge um novo grupo social, que é 
ligado ao comércio e que habitava as cidades (os burgos): são os burgueses. 
A arquitetura gótica é fruto de uma mudança de concepção estética, cada vez mais 
audaciosa, mas também fruto de uma profunda alteração técnica na construção. 
Essa nova maneira de construir apareceu pela primeira vez na edificação da abadia 
de Saint Denis, na França, por volta de 1140, e durou por cerca de 400 anos.
O termo gótico é atribuído ao pintor e teórico italiano Giorgio Vasari somente no 
séc. XVI, em sua obra Vida dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos, 
publicada em 1550. O termo gótico é oriundo de godos, o povo bárbaro que semeou 
a destruição do Império Romano.
Em linhas gerais, a “arquitetura gótica se caracteriza pela altura de suas cons-
truções, pela leveza de suas paredes externas – nas quais se configuram imen-
sas vidraças – e, consequentemente, pela sua luminosidade interior” (PEREIRA, 
2010, p. 122).
17
UNIDADE Arquitetura Cristã: das Igrejas Bizantinas às Góticas
As nervuras que começavam a aparecer nas construções serão aperfeiçoadas 
aqui de modo a produzir um esqueleto estrutural que, sozinho, sustenta toda a 
carga da construção, sem precisar das paredes e de pilares maciços para absorver 
o empuxo. 
Com isso, as paredes se libertam de sua função estrutural e permitem imensas 
aberturas, geralmente fechadas com vitrais requintados e imensas rosáceas, inun-
dando o interior da igreja com cores fortes representando imagens sacras. 
O estilo gótico emprega três elementos típicos: o arco ogival, a abóbada sobre 
arestas e o uso de arcobotantes. Sobre esses:
• O arco ogival é composto por dois segmentos de arco, conferindo-lhe um 
aspecto “pontudo”, mais estreito e alto. A acentuada verticalidade desse arco 
possibilita que as tensões que se pousam sobre ele sejam predominantemente 
verticais, distribuindo-se diretamente ao chão através das colunas e diminuindo 
a força lateral do componente vertical. Com isso, as edificações góticas 
conseguem alcançar alturas maiores, suportando uma carga maior;
• A abóbada nervurada sobre arestas é composta por arcos ogivais altos e 
estreitos. As nervuras conduzem os empuxos da abóbada para quatro pontos 
que devem ser reforçados: as colunas que a sustentam. Essas colunas, espaça-
das regularmente no interior da igreja, dispensam o uso de grossas paredes, 
liberando o espaço interno;
• O sistema de construção é escorado por uma série de arcobotantes, que se 
trata de um segmento de arco situado no exterior do edifício, assemelhando-se 
a pernas de aranhas. Esse elemento nasce do arranque da abóbada e transmite 
o empuxo até o contraforte, permitindo uma maior estabilidade nas alturas e 
vãos compridos desse novo estilo.
Exemplo de construção gótica:
Figura 8
Fonte: iStock/Getty Images
18
19
Uma das mais importantes catedrais góticas francesas é a célebre Notre Dame de 
Paris, que fi cou imortalizada na obra de Victor Hugo, O Corcunda de Notre Dame, 
de 1831. As construções góticas consistiam nas mais altas estruturas projetadas 
pelo homem. O efeito psicológico que esses espaços provocam no observador é 
forte, pois a igreja incorpora a manifestação da grandiosidade, da imensidão, do 
poder divino. Os vitrais imensos iluminam o interior da catedral, impondo-se como 
um dos aspectos mais apreciados pelos visitantes. 
Os detalhes das catedrais góticas merecem um comentário à parte. A beleza 
dessas construções se deve à junção da arquitetura com a arte religiosa como se vê 
no quadro a seguir:
Figura 9
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons e iStock/Getty Images
19
UNIDADE Arquitetura Cristã: das IgrejasBizantinas às Góticas
Importante!
As gárgulas góticas têm a forma de figuras humanas, monstruosas e animalescas e 
servem, segundo os cristãos, para proteger a catedral dos maus espíritos, afugentando-
os do interior sagrado.
Você Sabia?
Figura 10 − Gárgula da catedral de Monza, Itália
Fonte: iStock/Getty Images
O gótico teve seu princípio na França, sendo considerado durante a Idade Média 
como “estilo francês”, mas logo os países vizinhos também incorporaram o estilo 
em suas construções eclesiásticas. 
Considerações Finais
Apesar de a Idade Média ser considerada um período de atraso, na arquitetura 
esse período foi de grande desenvolvimento, principalmente com as monumentais 
catedrais no estilo gótico.
No fim da Idade Média, durante um período crítico que sinaliza a crise que 
levaria à Idade Moderna e ao Renascimento, a evolução das formas góticas na 
arquitetura é grande e cresce dentro de um repertório cada vez mais requintado e 
variado, que vai a subestilos, como o gótico racionalista, gótico radiante, pós-gótico 
e gótico flamejante. 
Com o início do Renascimento, na Itália, os defensores da cultura clássica se volta-
ram contra o gótico por esse ser esteticamente oposto aos princípios do classicismo. 
Procuramos nesta unidade apresentar algumas referencias de um vasto material 
que se conhece sobre a arquitetura medieval.
20
21
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
O Enigma das Catedrais Góticas (Dublado) Documentário Completo National Geographic
https://youtu.be/KcgZyRSZoQI
 Leitura
Estética e História da Arte – E-book
https://goo.gl/MP1jst
Arte Gótica – E-book
https://goo.gl/d2m5dU
Arte Românica e Bárbara – E-book
https://goo.gl/WjmDML
21
UNIDADE Arquitetura Cristã: das Igrejas Bizantinas às Góticas
Referências
GLANCEY, Jonathan. A História da Arquitetura. São Paulo: Ed. Loyola, 2007.
GOMBRICH, Ernst H. História da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: Ed. LTC, 2008.
SUMMERSON, John. A Linguagem Clássica da Arquitetura. 4. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 2006. 
PEREIRA, José Ramón A. Introdução à História da Arquitetura – das origens 
ao século XXI. Porto Alegre: Bookman, 2010.
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da Arquitetura Ocidental. 2. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 2002.
PROENÇA, Graça. A História da Arte. São Paulo: Ática, 2000.
ZEVI, Bruno. Saber Ver a Arquitetura. 6. ed. São Paulo: Martins Fonte, 2009. 
(Coleção Mundo da Arte)
22

Continue navegando