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· Conteúdo WEB 1 Cw1 - Psicologia Aplicada À Saúde Período: 18/03/24 - 15/06/24 Horário: 00:00 - 23:59 (Horário de Brasilia) Cod. Atividade: 3931439 Completude: 100% Atividade Avaliações · Cw1 - Psicologia Aplicada À Saúde Material externo . Unidade1 CONCEITOS BÁSICOS DA PSICOLOGIA E SAÚDE 138 minutos · Aula 1 - Introdução à Psicologia · Aula 2 - Conhecimentos e técnicas psicológicas e saúde · Aula 3 - Amplitude e aplicação da psicologia na área da saúde · Aula 4 - Cuidado em saúde · Referências Aula 1 INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA Esse tema é fundamental na área da saúde, uma vez que o contato com pessoas implica lidar com comportamentos e sentimentos nossos e dos outros. 28 minutos INTRODUÇÃO Olá, estudante! Hoje, falaremos sobre os conceitos básicos de psicologia. Esse tema é fundamental na área da saúde, uma vez que o contato com pessoas implica lidar com comportamentos e sentimentos nossos e dos outros. Assim, entender esses conceitos nos auxilia no relacionamento com elas, na vida em geral e no ambiente de trabalho. A grande ideia da psicologia é trazer conteúdos para facilitar a interação entre as pessoas, melhorando sua qualidade de vida e minimizando possíveis conflitos e, consequentemente, o estresse no trabalho. Esperamos que você compreenda a importância desse tema e a necessidade de ir além em seu estudo individual para se tornar um profissional de excelência em aspectos psicológicos em ambientes de saúde. O QUE É PSICOLOGIA? Atualmente, todo mundo já ouviu falar de psicologia. Mas, você sabe o que é psicologia? Segundo o dicionário, por definição, psicologia é a ciência que cuida dos estados e processos mentais (sentimentos, pensamentos, razões) e dos comportamentos dos seres humanos, além das interações de cada ser humano no ambiente físico e social (PSICOLOGIA, 2022). Você sabe desde quando essa definição e esse conceito existem? Antes de a psicologia ser considerada uma ciência, ela era uma filosofia – a forma como os filósofos curiosos tentavam compreender o Homem. Eles buscavam entender o que gerava os sentimentos, como a mente funcionava e como os comportamentos aconteciam. Nessa tentativa, começaram o esboço do que entendemos como psicologia na atualidade (ANDERY et al., 2012). O desenvolvimento da psicologia como categoria científica, com métodos específicos de investigação e com classificações mais claras, começa em 1879 com Wilhelm Wundt, alemão que funda o primeiro instituto de psicologia na Alemanha (JACÓ-VILELA; FERREIRA; PORTUGAL, 2005). Ele buscava a ampliação e a divulgação do estudo da mente e, a partir do seu trabalho, começam a surgir outros cientistas, formados por ele, que vão ampliando a psicologia até o momento como a conhecemos hoje. No início, a psicologia era entendida como exclusivamente subjetiva, sem objetivos diretos e conclusões, e isso a enfraquecia como ciência, pois entendemos que ciência é o pensamento estruturado em padrão de observação, hipótese, análise, conclusão e comunicação do achado. Em um segundo momento, surge a psicologia experimental, que investe em um método de estudo próprio para conhecer a mente humana e que busca, através de experimentos, a base científica necessária para se embasar. Desde 1879 até hoje, a psicologia já passou por várias transformações e jeitos de entender o ser humano. Cada abordagem psicológica buscará, por meio de um ponto de vista próprio, a compreensão do Homem, como cada indivíduo funciona e quais são suas subjetividades, dentro de um determinado contexto sociocultural. As abordagens, ou linhas teóricas, mais clássicas e conhecidas da psicologia são: • Psicanálise. • Comportamental. • Psicologia social. • Estruturalismo. • Funcionalismo. Em comum, todas as abordagens buscam entender a complexidade humana e seus comportamentos, e para tal consideram fatores biológicos, psicológicos e socioculturais. É importante lembrar que a psicologia vive em transformação e que é uma ciência, por isso, segue uma metodologia que precisa ser conhecida e estudada. É fundamental se manter atualizado nos estudos sobre a mente humana e seus desdobramentos para nos desenvolvermos. Figura 1 | Esquema circular tradicional do método científico Fonte: elaborada pelos autores. Para melhor entender a psicologia, devemos nos afastar do senso comum, já que não é disso que ela fala, muito pelo contrário. Você sabe o que é senso comum? É pensar que algo é simples e comum; um tipo de conhecimento popular, normalizado pela observação e repetição do evento; um tipo de pensamento não científico, ou seja, que não foi testado e validado. A psicologia traz questionamentos no contexto da subjetividade, ou seja, da individualidade de cada um, dentro do grupo ao qual cada um pertence. Ela é, então, validada por uma análise metodológica e embasada em ciência. Assim, a leitura dessa subjetividade é que pode agregar ao campo de conhecimento do profissional de saúde. ASPECTOS DA PSICOLOGIA Para que você consiga compreender melhor as questões que a psicologia apresenta, precisamos falar um pouco mais dos conceitos básicos dela enquanto construção e do seu contexto histórico. Você lembra que, em um primeiro momento, a psicologia era entendida como uma parte da filosofia? Isso por conta do contexto em que grandes filósofos buscavam compreender o Homem frente aos seus sentimentos e comportamentos. Neste momento, a ideia de psicologia era exclusivamente subjetiva, sem objetivos diretos e conclusões específicas, apenas observação e contemplação sem um objetivo final. Por conta disso, ela não era validada como um método científico. Lembra-se de que método científico tem a ver com a estruturação, validação das hipóteses e comunicação sobre o que investigamos? Por meio desse movimento de reconhecer a psicologia como ciência, surgem algumas abordagens que a validarão enquanto método científico. Agora, olharemos para os conceitos e as transformações que a psicologia nos traz atualmente. Para isso, precisamos entender que o aparecimento da consciência humana vem ao mesmo tempo que entendemos que somos seres racionais, que pensam e correlacionam comportamentos, ações e vivências com sentimentos e emoções. É a partir do momento que deixamos de entender o Homem como um simples animal e o percebemos como um ser social, histórico e cultural, que entendemos o conceito básico da psicologia (ATKINSON, 1995). Em um primeiro momento, temos a noção de consciência de nós mesmos, ou seja, a compreensão dos pensamentos que aparecem por meio da nossa memória, das nossas emoções e dos nossos comportamentos; e mais: como nos apropriamos deles, o que nos traz esse conceito de subjetividade. Você compreendeu o que é subjetividade? Se olharmos nos diversos dicionários, subjetividade é o que pode ser caracterizado como algo que varia de acordo com o julgamento, sentimento e opinião de cada um, ou seja, a percepção individual sobre determinado tema (SUBJETIVIDADE, 2022). A partir da noção de subjetividade é que começam as construções das abordagens psicológicas, as quais tentarão compreender o humano sob determinado ponto de vista. Após esse fenômeno individual, entenderemos o sujeito dentro do contexto social no qual ele está inserido e como os comportamentos, as emoções e as sensações afetarão o coletivo, o grupo. Então, partiremos do indivíduo para o grupo e, depois, do grupo para o indivíduo. Com isso compreendemos que a psicologia faz o movimento de observar os comportamentos, as sensações e as emoções no individual e no coletivo, o que possibilita inúmeras formas de intervenção (CAMBAÚVA; SILVA; FERREIRA, 1998). Assim, entendemos que a psicologia possui ferramentas e mecanismos para lidar com as mais diversas questões humanas. Podemos pensar nela como uma técnica, uma área de formação de pensamento crítico e do desenvolvimento do indivíduo, isoladamente ou dentro do contexto grupal. SENSO COMUM E SUBJETIVIDADE Estudante, após ler essas informações, você consegue imaginar como isso pode ser integrado na sua prática? Se sim, que ótimo! Se não, pensamos em um exemplopara te ajudar. Lembrando que estamos nos referindo a conceitos básicos da construção da psicologia como ciência, devemos nos ater à questão da subjetividade e do senso comum e como isso pode nos servir em momentos práticos. Pensando que você atua na área de saúde, temos uma possibilidade grande para trabalhar esses conceitos, não é mesmo? Por exemplo: você está em um posto de saúde, na triagem do serviço, e chega um paciente calmo e tranquilo, mas que no meio do processo de avaliação começa a se perder na sua fala, suar muito e tremer. O que você precisa entender? Como você pode perceber essa pessoa? Como você pode ajudar? Pense o que você faria nesse caso. Se você assume que sabe como esta pessoa se sente, você se colocou no lugar dela e, provavelmente, usou o senso comum, ou seja, não enxergou ou ouviu a pessoa, mas trouxe referências de outras vivências suas para aquele momento e, com isso, definiu como ela estava como se sentia e o que deveria fazer naquela situação. Lembre-se de que a pessoa estava bem e tranquila, até ter que falar sobre algum aspecto específico na triagem que fez com que seu comportamento se alterasse. Quando usamos o senso comum no campo das emoções e dos comportamentos (na psicologia), muito provavelmente estamos cometendo um ato de pré-conceito. Entendemos o pré-conceito aqui como algo já imaginado e concebido por você mesmo ou por outros que você observou e que passa a determinar alguns de nossos julgamentos e avaliações. Assumir que você sabe o que o outro sente pode ser muito complicado quando estamos buscando ser mais precisos em nosso trabalho. Se em um processo de avaliação você está em dúvida (o que é muito comum), que tal, por exemplo, oferecer um copo de água para o paciente e dar um tempo para a pessoa se recompor e, a partir daí, investigar questões mais específicas (lembra da definição de método científico?), como: como você está se sentindo? Está tudo bem com você? Percebi que algo mudou durante nossa conversa, sabe o que foi? Você ficou ansioso? Foi isso mesmo? Consegue entender por que ficou assim? Já aconteceu em outras situações? Dessa forma, você está buscando compreender a subjetividade na situação, ou seja, como aquela pessoa se sente, podendo ouvir as queixas e demandas sem um pré-julgamento, para, então, poder dar o acolhimento necessário. Entendeu a diferença entre usar o senso comum e investigar o que, de fato, acontece, levando em conta a subjetividade de cada pessoa em cada situação? A cada aula ampliaremos, ilustraremos e discutiremos essas noções e como é possível utilizar melhor esses conceitos. VÍDEO RESUMO Estudante, convidamos você a assistir ao vídeo dessa aula, o qual ajudará a assimilar melhor os conteúdos e facilitará seu processo de aprendizagem. Falaremos sobre as definições de psicologia, discutiremos o que é ciência e, principalmente, trataremos da diferença entre senso comum e subjetividade. Temas importantes dessa aula, não é mesmo? Espero por você! Saiba mais Vamos aprofundar nossos conhecimentos? Reforce tudo o que aprendemos em nossa aula fazendo a consulta do seguinte material: • Biblioteca virtual: no Capítulo 1 do livro Atualidades em Psicologia da Saúde, da página 1 a 28, você conhecerá mais sobre o panorama da psicologia da saúde e suas perspectivas de desenvolvimento. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788522128549/pageid/11. Acesso em: 28 abr. 2022. • Biblioteca virtual: no Capítulo 1, do livro Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia, páginas 2 a 34, você aprofundará ainda mais seu conhecimento sobre os assuntos discutidos em nossa aula, como subjetividade e senso comum. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553131327/pageid/10. Acesso em: 28 abr. 2022. Aula 2 CONHECIMENTOS E TÉCNICAS PSICOLÓGICAS E SAÚDE Ampliaremos o nosso conhecimento sobre psicologia falando das diferentes abordagens e como elas podem ser úteis no ambiente de saúde. 31 minutos INTRODUÇÃO Bem-vindo! Ampliaremos o nosso conhecimento sobre psicologia falando das diferentes abordagens e como elas podem ser úteis no ambiente de saúde. Além disso, conheceremos o que é interface e como ela se dá entre a psicologia social e a psicologia na saúde, possibilitando maior facilidade na rotina com o trabalho em saúde. Para isso, veremos modelos importantes para essa nossa base, como o modelo biomédico e o modelo psicossocial, e entenderemos em quais condições eles são usados e quais são as ferramentas que eles nos trazem para ampliar nossa atuação. Por fim, falaremos, ainda, das atuais perspectivas da psicologia e como essas novas descobertas podem nos auxiliar na prática. AS ABORDAGENS PSICOLÓGICAS E A ÁREA DA SAÚDE A psicologia é uma ciência cheia de conteúdos interessantes sobre o modo de compreender o ser humano, não é mesmo? Mas, o único objetivo dela é essa compreensão do nosso comportamento, pensamento e emoções, ou ela também pode ser aplicada? Se em nossa área de atuação usaremos a psicologia, precisamos conhecer a estrutura dela atualmente. A partir daí, entenderemos como ela pode servir no nosso dia a dia profissional. Hoje, a psicologia pode ser subdividida em abordagens, são elas (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002): • Psicodinâmica. • Comportamental. • Cognitiva. • Humanística. Essas abordagens nos trarão caminhos e possibilidades frente às mais variadas perspectivas de atuação. Aqui, nosso foco é na saúde, especificamente, porém você consegue imaginar quais seriam todas as aplicações dessas abordagens? Para você ampliar o conceito da psicologia, é importante saber que ela pode ser aplicada em diversos sistemas que temos em nossa sociedade atualmente. Por exemplo, recursos humanos (métodos de trabalho), educação, negócios, mercado financeiro, vendas, indústrias e muitos outros mais que você consiga pensar. E você sabe o porquê disso? Porque, sempre que estamos falando de um sistema qualquer de trabalho, estamos falando de comportamento humano. Não se esqueça disso! Para ampliar ainda mais nosso conhecimento, apresentaremos mais conceitos. Interface Esse conceito é tão importante em saúde e em psicologia, por isso, ele é sempre utilizado por nós. Segundo o Dicionário Houaiss (2001), a interface é a área em que coisas diversas, por exemplo, dois departamentos, duas ciências etc., interagem. Psicologia social Segundo Traverso-Yépez (2001), é a área da psicologia que estudará a relação do indivíduo com a sociedade, ou seja, ela observará o sujeito em seus comportamentos e intenções quando ele está com outras pessoas, dentro do contexto sócio-histórico de cada um e do grupo. É importante lembrarmos que nosso comportamento pode sofrer alterações quando estamos sozinhos e quando estamos em sociedade (em grupo), e isso deve ser levado em consideração nesse contexto psicossocial. Modelo biomédico O modelo biomédico ou mecanicista compreende o homem como uma espécie de máquina, e o conceito mais enraizado nessa abordagem é que o significado de saúde é ausência de doença. Logo, o saudável é o que não é doente. Esse modelo focará, principalmente, na especialização e fragmentação do sujeito, o que faz com que se perca a visão do indivíduo como um todo mais complexo em suas áreas sociais e psicológicas. O indivíduo perde sua significação, o objetivo é a doença e a cura, o diagnóstico individual e o tratamento (BARROS, 2002; CUTOLO, 2006). Modelo psicossocial O modelo psicossocial, assim como a psicologia social, traz a questão do "ser" integrado na sociedade, no grupo que faz parte. Considera o indivíduo de forma integral, levando em conta os aspectos emocionais e psicológicos e o contexto social, histórico e cultural de cada um. CONTEXTOS E INTERFACES Para contextualizarmos as abordagens psicológicas e ampliarmos ainda mais nossa compreensão de como utilizá-las em saúde, precisamos minimamente entender o conceito delas e como cada uma consegue entender as subjetividades dos indivíduos. Abordagem Psicodinâmica – referência teórica Sigmund Freud (FREUD, 1996) Essa é a mais conhecida,por conta da psicanálise. De um modo geral, ela pode ser resumida como a abordagem que busca compreender o homem a partir dos seus desejos e impulsos, que podem ser conscientes ou inconscientes. Componentes básicos da psicodinâmica: 1. O inconsciente pode afetar fortemente nossos comportamentos e sentimentos, ou seja, algo que está em nosso cérebro, mas que não reconhecemos, pode se manifestar em nossas emoções. 2. A infância e nosso passado têm grande importância em nossa vida adulta e na forma como lidamos com ela. 3. Todo comportamento tem uma causa, a qual, geralmente, é inconsciente. Em princípio, não reconhecemos de forma explícita essa relação. 4. A personalidade pode ser dividida em três partes, em que temos: 5. Isso (Id): o sujeito livre em sua essência, como nasce, com desejos e vontades, sem os limites sociais e culturais. 6. Eu (ego): a consciência que regulará os desejos frente à realidade, de acordo com o contexto, ou seja, regras e filtros sociais e culturais. 7. Supereu (superego): traz os valores morais e algumas crenças, que servem para moderar e limitar os desejos. Abordagem comportamental – referência teórica Burrhus Frederic Skinner (SKINNER, 1970) É reconhecida pela forma de observar o ser humano por meio do ambiente e dos estímulos provenientes desse ambiente. Eles podem desencadear, produzir ou alterar determinados comportamentos que impactam, por exemplo, o estado mental e o desenvolvimento. Acredita-se que todo comportamento pode ser assimilado de acordo com nossas experiências. Abordagem cognitiva – referência teórica Aaron Beck (BECK, 1997) É conhecida por estudar a mente humana e seu funcionamento. Estuda como são processadas as informações que podem produzir, gerar ou alterar nossos comportamentos. A ideia central não é cuidar dos sintomas, como na psicodinâmica, mas, sim, das distorções que os pensamentos causam em nossa vida. Essas distorções derivam de sistemas de crenças que desenvolvemos ao longo da vida e que podem afetar nossos comportamentos, e elas são o foco nesta abordagem. Abordagem humanística – referência teórica Abra Maslow (MASLOW, 1970) É conhecida por nascer no contrafluxo das outras abordagens, no sentido de individualizar mais o comportamento, sem ser generalista. Portanto, essa teoria traz o princípio do livre-arbítrio e da autorrealização. Ao invés de cuidar da parte que está doente, cuidará da potência do ser humano e buscará maximizá-la. Figura 1 | Abordagens psicológicas Fonte: elaborada pelos autores. Aqui, falaremos sobre a interface, ou seja, sobre a interação da psicologia social com a saúde, e perceberemos como isso auxiliará em nosso entendimento da psicologia e como podemos atuar na saúde. Além das abordagens, precisamos aprofundar mais os conceitos dos modelos que usamos em saúde, e com isso entenderemos as interfaces entre eles e como podemos utilizá-los. Sabemos que o modelo biológico ainda é utilizado hoje, muitas vezes isoladamente, nos consultórios médicos e em redes públicas de saúde, como o SUS. O modelo biomédico ainda é um determinante na atenção à saúde, tendo como alvo os sintomas e a consequência deles. O modelo psicossocial considerará o indivíduo em sua subjetividade e dentro do contexto de pertencimento dele, o histórico e cultural. Será que você já consegue entender melhor por que abordamos esse conceito da interface entre saúde e psicologia social? Todas as possibilidades que podemos usar para aprimorar e melhorar nossa prática em saúde são sempre bem-vindas. Usar a perspectiva da psicologia social, na qual o indivíduo é visto como parte da sociedade, com suas regras e seus valores, e perceber como isso pode modelar seus comportamentos e sua saúde, traz camadas adicionais para nossa atuação. Ampliamos, assim, as ferramentas que podemos empregar para o trabalho em saúde, com cada indivíduo e no grupo, com os pacientes e os colegas. Mas, será que podemos negar o modelo biomédico? Claro que não! O modelo biomédico nos traz a visão de que os sujeitos precisam ser cuidados, de adoecimento e de que a junção com o psicossocial nos trará a dimensão desse adoecimento. E, a partir daí, podemos começar o conceito de prevenção em saúde. Já pensou nisso? Como isso pode acontecer? A partir do surgimento de uma junção desses dois modelos, porque eles, separados, não são suficientes. Um complementa o outro. Com isso, estabelece-se a possibilidade de um terceiro modelo, o biopsicossocial. BIOPSICOSSOCIAL: ATUALIDADES E APLICAÇÃO Na nossa prática em saúde, devemos aprender sobre o modelo biopsicossocial. A proposta dele é estudar a saúde e a doença a partir de uma perspectiva integrativa, ou seja, levando em conta os fatores biológicos, as condições psicológicas e o contexto social e ambiental em que o indivíduo se encontra. BIOLÓGICO Investigação dos sintomas físicos para entender a causa da doença no organismo do paciente. Foco: saúde física, propensões genéticas e efeitos de drogas e medicamentos. PSICOLÓGICO SOCIAL É uma abordagem multidisciplinar, que compreende as dimensões biológica, psicológica e social de um indivíduo. Por isso, ela é tão importante na saúde privada e no SUS, pois trará uma perspectiva integrada do indivíduo, o que favorece também o cuidado preventivo, e não somente a "cura da doença". A saúde deixa de ser vista como especialidade exclusiva da medicina, já que a doença passa a ser considerada multifatorial. Nesse modelo, a saúde é definida como um estado integrado de bem-estar físico, mental e social do indivíduo, que é a concepção utilizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (WHO, 1946). Podemos considerar que o modelo biomédico ainda é importante, principalmente como metodologia de ensino, porém sabemos de a necessidade da educação em saúde ser mais humanista, principalmente para aqueles que tenham interesse em desenvolver seus conhecimentos e sua prática envolvendo o cuidado global do paciente. Você sabe como isso deve acontecer? Na prática, o ensino do profissional de saúde deve focar na humanização e na relação com o paciente, ou seja, deve se dar por meio de uma vinculação de trato mais afetivo, o que podemos interpretar como uma forma mais empática, responsável e subjetiva. Não olhar somente a questão da doença do indivíduo, e sim as causas e os contextos de sua enfermidade e como elas afetarão sua qualidade de vida. Para facilitar o acompanhamento do paciente, devemos não somente acolhê-lo mas também sua família e pessoas próximas, entrando em contato com seu contexto social, para alcançar um melhor resultado integrado de qualidade de vida (BACKES et al., 2005). Atualmente, compreendemos que o “cuidado em saúde” refere-se a tratar, respeitar, acolher e atender o ser humano em sofrimento, com qualidade, atenção global e resolução de suas queixas. E este cuidado já começa desde a atenção básica. A psicologia, neste sentido, traz um jeito empático e respeitoso de cuidar dos indivíduos. Com as ferramentas que as abordagens psicológicas nos dão, podemos aprimorar esse cuidado em saúde, para isso, precisamos estar sempre atentos ao indivíduo e, a partir daí, compreender quais são as ferramentas que devemos utilizar para aprofundarmos nosso conhecimentos. Para finalizar a aula de hoje, traremos a frase de um grande pensador da psicologia, Carl Gustav Jung, que construiu a psicologia analítica dentro do campo psicodinâmico. Essa frase ilustra o processo empático que precisamos para cuidar dos indivíduos e conseguir esse cuidado em saúde. “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.” (JUNG, 1928, p. 361). VÍDEO RESUMO Olá! No vídeo a seguir, conversaremos sobre as diferentes abordagens em psicologia e porque ela é tão importante para a área da saúde. Você sabe a diferença entre o modelo biomédico e o modelo psicossocial? Conhece o termo biopsicossocial? Não? Então, explicaremos para você! Saiba mais Na matéria Linhas psicoterápicas, você sabe o que são e a quem servem?, você encontrará mais informações sobre as abordagens psicológicase entenderá melhor como elas funcionam na especificidade de cada indivíduo. Aprofundará seus conhecimentos nas linhas psicoterápicas, conhecendo melhor quem são e para que servem. Vamos lá? Aula 3 AMPLITUDE E APLICAÇÃO DA PSICOLOGIA NA ÁREA DA SAÚDE Abordaremos conceitos importantes, como interdisciplinaridade, promoção, prevenção e reabilitação em saúde. 34 minutos INTRODUÇÃO Olá, estudante! Seja muito bem-vindo à nossa aula de hoje, na qual nos aprofundaremos no conceito de aplicação da psicologia em saúde. Para isso, abordaremos conceitos importantes, como interdisciplinaridade, promoção, prevenção e reabilitação em saúde. Já ouviu falar nesses conceitos? Consegue imaginar como eles ampliarão o seu conhecimento na área e como podem ser aplicados no dia a dia? Ao final da aula, você deverá compreender esses conceitos e como eles são fundamentais para qualquer profissional que atue na área de saúde. Entendê-los facilitará o seu trabalho, a comunicação e o trabalho de toda equipe. Vamos lá aprender mais um pouco? ABORDAGENS PSICOLÓGICAS E INTERDISCIPLINARIDADE Você sabe o que é interdisciplinaridade? A própria palavra nos traz o significado: inter = que está relacionado, interligado, e disciplina = matéria, abordagens. No dicionário, a definição de interdisciplinaridade é: “Capaz de estabelecer relações entre duas ou mais disciplinas, ou áreas do conhecimento, com o intuito de melhorar o processo de aprendizagem, estreitando a relação entre professor e aluno” (INTERDISCIPLINARIDADE, 2022, [s. p.]). Já o conceito de promoção de saúde pode ser definido como uma estratégia da área da saúde, que busca melhorar a qualidade de vida da população em geral. Como o próprio nome diz, promover saúde. Aqui, é importante lembrar que a saúde deve considerar também as questões sociais, o contexto de uma população, para ter uma ação ampla e significativa. E prevenção em saúde, você já ouviu falar? Prevenir tem o significado de preparar algo, antecipar, chegar antes para evitar algum dano ou mal. A prevenção em saúde traz esse conceito dentro do ambiente específico da saúde. É uma estratégia para evitar que algum dano ocorra na saúde de indivíduos de uma determinada população. Um modelo bem conhecido de prevenção em saúde é a vacinação, que serve para prevenir que pessoas e até mesmo toda uma população se infecte e propague uma doença. Por exemplo, a vacinação contra catapora, difteria, coqueluche, gripe, entre outras doenças. Se elas não são evitadas, podem gerar impactos individuais ou colapsar um sistema de saúde, como vimos nos casos de meningite bacteriana, na década de 1970 e, da Covid-19, mais recentemente. A psicologia frequentemente se insere na promoção e na prevenção em saúde, compondo, através da interdisciplinaridade, frentes de atuação junto à medicina, ao serviço social, à enfermagem, à nutrição, entre outras áreas. Assim, agregam-se olhares diversos e facilita-se um melhor cuidado das pessoas. Como a psicologia está intrinsecamente associada às interações humanas, ela pode contribuir nas relações entre os usuários do sistema de saúde, nas relações interdisciplinares e na relação entre os usuários e os profissionais de saúde. Com isso, ela pode auxiliar no espaço para integração dos saberes e na facilitação das trocas, em especial, dentro da equipe (CZERESNIA, 1999). E qual o significado de reabilitação em saúde? Reabilitação, por definição, é a ação e o efeito de reabilitar, ou seja, habilitar novamente algo ou alguém ao seu antigo estado. Em saúde, reabilitação refere-se a devolver uma habilidade ou uma qualidade a alguém que a perdeu (REABILITAÇÃO, 2022). As diversas linhas da psicologia utilizarão diferentes enunciados, mas, de forma geral, ela busca compreender a função do que foi perdido (por exemplo, no adoecimento psíquico) ou de algo deixou de existir (uma resposta esperada na infância que perde sentido e deixa de levar ao mesmo "ganho" na adolescência ou vida adulta) e como é possível restaurar tal perda ou adquirir um novo repertório, sempre visando a uma melhor qualidade de vida. INTERFACES DA PSICOLOGIA NO ÂMBITO DA SAÚDE Para compreender os conceitos mencionados, precisamos entender melhor quais são as interfaces da psicologia no campo da saúde e como ela pode atuar no contexto coletivo, e não no subjetivo, individual. A psicologia da saúde, segundo definição da Associação Americana de Psicologia (APA), é: A área que aplica conhecimentos científicos sobre as interrelações entre os componentes comportamentais, cognitivos, sociais e biológicos da saúde e da doença, para promoção e manutenção da saúde; prevenção, tratamento e reabilitação da doença e da incapacidade; e para a melhoria do sistema de saúde. (APA, 2013, [s. p.]) Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), a contribuição das práticas da psicologia busca ampliar o olhar individualizado para o resgate e a valorização de outros contextos que não somente o método biológico e o social, e sim a integração dessas duas frentes. Portanto, ela deve buscar realizar a interface desses dois modelos. Assim, a psicologia da saúde, além da atuação na população, buscará integrar processos e visões dentro do ambiente de trabalho dos profissionais de saúde, tanto com os usuários de um serviço de saúde como entre as equipes. Esse campo do conhecimento resgatará a visão do homem de forma integrada, quando não é possível estabelecer uma clara fronteira entre mente e corpo e, eventualmente, separá-los. Nos últimos anos, ela adquire cada vez mais valor no ambiente de saúde, pois, além da visão integral do ser humano, ela também busca a integração e o bem-estar das equipes de trabalho, a pesquisa em saúde e a renovação das políticas públicas para transformar o todo, e não apenas o indivíduo, o doente ou a doença. Saindo do senso comum, podemos entender que a promoção em saúde não visa à doença em si, mas, sim, à promoção dos aspectos físicos, sociais e psicológicos dos indivíduos e das subjetividades individuais. Já a prevenção busca evitar o surgimento do adoecimento através do uso correto dos métodos de saúde e suas aplicações. Traduzindo para a prática, para atuar com prevenção e promoção de saúde, precisamos, primeiramente, entender quem é a população-alvo e quais são suas necessidades. Essa investigação é feita dentro do seu contexto, ou seja, no ambiente em que esses grupos estão inseridos, e pode envolver uma, diversas ou todas as equipes de um serviço de saúde. Prevenção está ligada à possibilidade de evitar, por meio de antecipação, danos à saúde. Seja do adoecimento (prevenção primária), da consequência do adoecimento (prevenção secundária) ou das sequelas de longo prazo (prevenção terciária). E como isso pode ser pensado? Sabemos que, para pensar em prevenção, os melhores resultados em termos de custo-benefício envolvem a atuação em diversas frentes, e para isso devemos refletir sobre a possibilidade de ação conjunta das diversas equipes de um sistema de saúde. Como você deve ter percebido, a interdisciplinaridade é crucial. Quando nos utilizamos dos diversos pontos de vista de cada área, dos diversos conhecimentos, conseguimos ampliar a visão de uma determinada situação e enxergar os fenômenos envolvidos de forma mais integrada, completa e em toda a sua complexidade. A prática da interdisciplinaridade envolve a premissa de que os indivíduos devem construir sua autonomia, tenham capacidade para criar seus valores e normas individuais, e com isso estejam mais aptos a lidar com o mundo, mesmo diante de dificuldades, limites e sofrimentos. Dessa maneira, eles podem ampliar seus espaços de participação, possibilitando um maior controle social sobre as ações de saúde e viabilizando a conquista constitucional do direito à saúde (DALBELLO-ARAUJO, 2005). Por meio deste direcionamento, promovemos também saúde, gerando autonomia e conhecimento para que cada um possa buscar ferramentas para lidar com a saúde e com as perspectivas individuais de qualidade de vida. Para isso, integraremos quatro frentes: biologia humana, ambiente, estilo de vidae organização da assistência à saúde. A promoção em saúde não é uma nova teoria geral sobre saúde, mas, sim, uma estratégia que se ancorará nos conhecimentos das diversas áreas. Sendo assim, a ideia é a de questionar o modelo biomédico, não para negá-lo ou substituí-lo, e sim para ultrapassá-lo em seus resultados, ampliar as suas possibilidades e superar suas limitações. Quando pensamos em reabilitação do paciente, estamos mencionando a possibilidade de ele se reconstituir como um sujeito em suas melhores condições, certo? Tornar o sujeito apto novamente a realizar atividades que antes realizava não é tarefa fácil, pois precisa de uma integração do paciente no ambiente de saúde, além de grande troca com a equipe interdisciplinar, uma vez que o processo de consolidação dos objetivos terapêuticos necessita da intersecção de diversas áreas. SER AGENTE NA PROMOÇÃO DE SAÚDE Você consegue imaginar como podemos ser agentes na promoção de saúde? Inicialmente, para planejar as ações, devemos reconhecer e levar em conta todo o contexto dos indivíduos, ou seja, o sujeito e sua família, sua condição de trabalho e renda, a alimentação e as possibilidades de lazer. Ainda, é fundamental compreender que o sujeito é o dono da ação, inclusive para a formulação de novas políticas públicas que possibilitem aos indivíduos e às comunidades a realização de escolhas a favor da qualidade de vida e da saúde. Tornar o sujeito capaz de buscar o próprio bem-estar é imperativo, para isso devemos dar autonomia a ele por meio do conhecimento de sua condição e possibilidades de escolhas. Dessa forma, devemos possibilitar a autonomia dos sujeitos e das coletividades, procurando estabelecer possibilidades crescentes de saúde coletiva e solidária para problemas que também são coletivos. Nesse sentido, essas ações são “intervenções sustentadas pela articulação intersetorial e de participação social voltada para a consecução do direito à saúde, operando ações que visem à melhoria das condições de vida” (PEDROSA, 2004, p. 618). Para que essa autonomia e promoção de saúde aconteçam, precisamos de um ambiente de trabalho integrado e saudável também, ou seja, precisamos cuidar da equipe de saúde, que pode estar adoecida também. Como fazer isso com as equipes? Precisamos esclarecer alguns pontos, como o planejamento de serviços, a escala de prioridades, a redução da duplicação dos serviços, a geração de intervenções mais criativas, a redução de intervenções desnecessárias pela falta de diálogo entre os profissionais e a redução da rotatividade dos profissionais (STAUDT, 2008). Você sabe como construir um ambiente de qualidade e integração para a equipe? Para isso, é fundamental que a comunicação entre os profissionais e entre estes e os pacientes aumente, criando a possibilidade de uma melhor compreensão das demandas. Esse olhar trará a definição de condutas, a discussão de estratégias e o estabelecimento do papel de cada um da equipe. Com isso, a equipe se torna mais integrada, horizontal e amparada na perspectiva biopsicossocial. O processo de reabilitação é muito importante, pois somente assim podemos garantir um atendimento com dimensões mais claras e funcionais aos pacientes com essa necessidade. Buscar integrar as funcionalidades física, sensorial, intelectual, psicológica e social em interação com o contexto do paciente em reabilitação aumentará a autonomia dele e fornecerá as ferramentas necessárias para sua recuperação. Como profissional da área da saúde, você deve lembrar sempre que todo paciente tem dimensões físicas, emocionais, sociais e espirituais. Portanto, para se conseguir uma atenção integral em saúde, você deve levar em consideração todos esses aspectos. Além disso, é fundamental se integrar à equipe e trazer sempre clareza na comunicação com colegas, para facilitar trocas e evitar conflitos. VÍDEO RESUMO No vídeo de hoje, abordaremos conceitos de interdisciplinaridade, promoção, prevenção e reabilitação em saúde. Discutiremos a importância de ver o indivíduo como um todo, valorizando sua autonomia e seus valores e tornando o sujeito capaz de buscar sua saúde e seu bem-estar. Saiba mais Estudante, caso você queira ampliar seu conhecimento sobre interdisciplinaridade, tema fundamental para equipes de saúde, trouxemos o livro Interdisciplinaridade: conceitos e distinções, de Jayme Paviani, disponível na Biblioteca Virtual. Leia o Capítulo 4, Princípios da interdisciplinaridade (p. 39). Aula 4 CUIDADO EM SAÚDE Falaremos das questões de acolhimento em serviços de saúde e como pensamos o acompanhamento dos usuários e seus encaminhamentos. 30 minutos INTRODUÇÃO Hoje, abordaremos o tema da Psicologia na Humanização em Assistência à Saúde. Discutiremos algo que é tão central como receber alguém em sua casa. Será que você consegue imaginar qual caminho traçaremos? Falaremos das questões de acolhimento em serviços de saúde e como pensamos o acompanhamento dos usuários e seus encaminhamentos. Discutiremos como devemos olhar, cuidar, acompanhar e facilitar o acesso deles à melhor forma possível de acompanhamento dentro de um determinado contexto. Além disso, entraremos em um tema que é fundamental quando estudamos psicologia e saúde, que é o adoecimento das próprias equipes da saúde. Você já tinha pensado nisso? Em um primeiro momento, parece estranho, não? No entanto, o adoecimento psíquico em equipes de saúde é muito mais comum do que em outras áreas. Discutiremos tudo isso, aprofundaremos e pensaremos como seria a aplicação desses conceitos e temas. Vamos lá! DEFINIÇÕES Para começar, você sabe do que se trata o termo humanização? Se pensarmos na palavra em si, talvez seja simples, é tornar algo humano. Mas, e aí, você sabe qual a definição de humano? Segundo o dicionário, é um adjetivo, ou seja, uma palavra que dá uma qualidade ou valor a alguma coisa. Relacionado com o homem, indivíduo dotado de inteligência e linguagem articulada, pertencente à espécie humana; próprio, característico de homem; desenvolvido por homens. Bondoso; que é piedoso, indulgente, compreensivo: mostrou-se humano. (HUMANO, 2022a, [s. p.]) O Dicionário de Significados nos traz uma definição que nos ajudará mais a descobrir o que é humanização: O termo humano utiliza-se também como adjetivo com o significado de bondoso ou generoso, compreensivo ou tolerante. É um termo muito utilizado para caracterizar os profissionais da classe médica e a sua relação com os pacientes. São qualificados como humanos aqueles médicos que tratam os seus pacientes com especial cuidado, que procuram ouvi-los atentamente e orientam o tratamento da forma mais agradável. (HUMANO, 2022b, [s. p.]) Podemos ampliar este conceito, que se refere ao médico e a todos os profissionais de saúde. Logo, conseguimos compreender que a humanização está diretamente relacionada à capacidade empática do profissional de saúde. Mas, aí apareceu um termo novo: empatia. Empatia, para psicologia, é a área que nos interessa e, segundo o dicionário, é a identificação de um sujeito com o outro; quando um profissional consegue, por meio de suas vivências e sensações, se colocar no lugar da outra pessoa, a fim de entendê-la, e a partir daí poder cuidar melhor da demanda que ela traz (HUMANO, 2022). A aplicação da psicologia na humanização é a utilização da capacidade empática com o paciente, a fim de melhor compreendê-lo e acolhê-lo em suas necessidades. Mas, o que seria acolhimento? Você sabe dizer? Mais uma vez, a palavra por si só nos remete ao seu significado. Acolher, no senso comum, é aconchegar, abraçar. Em saúde, é o ato de conseguir cuidar desse paciente em suas necessidades, conseguir ouvir sem julgar e estar, de fato, disponível para este paciente. É só isso? Não! Esse momento é o início do cuidado, fundamental para o estabelecimento de um bom vínculo com o paciente. A partir daí conseguimos pensar como podemos acompanhar esses pacientes em suas demandas, como o tipo de cuidados que ele pode e deve receber e como podemos encaminhá-lo para o melhor segmento. Agoraprecisamos entender como uma equipe de saúde consegue ser humanizada, acolher, acompanhar e encaminhar com solidez os pacientes, sem interferências e ruídos de comunicação da própria equipe ou de cada profissional. É fundamental cuidar das equipes de saúde, para que elas não adoeçam e para que consigam ser mais empáticas e acolhedoras. Mas, como fazer isso? Como cuidar da saúde das equipes de saúde? CUIDADO EM SAÚDE, PACIENTES E EQUIPE Você pode estar pensando que o que estamos falando é algo raro, novo, porém saiba que existe um Programa Nacional de Humanização da Atenção Hospitalar (PNHAH). O PNHAH teve início em 2000, com o objetivo de criar políticas de humanização para melhorar a qualidade da atenção ao usuário e à equipe de saúde (BENEVIDES; PASSOS, 2005). Em 2003, foi consolidada a Política Nacional de Humanização (PNH) e a Política de Humanização da Assistência à Saúde (PHAS), com o objetivo de humanizar o atendimento em saúde e melhorar as condições para as equipes de saúde (ANGNES; BELLINE, 2006). Lembrando aqui que humanizar é compreender cada pessoa em sua subjetividade e, dessa forma, propiciar meios para que se torne viável o exercício da sua autonomia. Os princípios fundamentais estabelecidos na PNH são (BRASIL, 2010): • Transversalidade: precisa estar presentes em todas as políticas e programas do Sistema Único de Saúde (SUS). • Indissociabilidade entre atenção e gestão: não se separa, não se faz diferença entre os pacientes e a equipe que pensa nos cuidados desses pacientes. • Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e dos coletivos. Depois de discutir humanização e acolhimento, precisamos pensar no acompanhamento e encaminhamento destes pacientes. O acompanhamento tem a ver com o que o paciente precisa, em sua totalidade, respeitando a subjetividade. A questão do encaminhamento é tão importante que o Ministério da Saúde criou um protocolo específico, já que este processo é essencial para garantir que os pacientes não abandonem o acompanhamento, eventuais tratamentos e suas sequências. Caso você vá trabalhar na Atenção Primária à Saúde, esse processo é fundamental, pois ela é a porta de chegada e entrada dos pacientes em todo o sistema de saúde. Temos, então, dois pontos fundamentais: o primeiro é estabelecer os limites entre a Atenção Primária à Saúde e os outros níveis de assistência, indicar quais são as indicações para completar o acompanhamento (autonomia) e apontar o serviço especializado. O segundo é padronizar o processo de encaminhamento de pacientes, aumentando a eficiência dos atendimentos (BRASIL, 2015). Voltando às equipes de saúde, como fazer para cuidar delas para que consigam cuidar de quem precisa. Você tem alguma ideia? Os profissionais de saúde acabam entrando em contato rotineiro com dor, sofrimento, adoecimento e morte. Trabalhar na área de saúde, como cuidador, apresenta de imediato a seguinte constatação: o sofrimento, a dor e a morte estão presentes no seu cotidiano. Não apenas dos usuários mas também dos familiares e, eventualmente, dos próprios profissionais que estão prestando os cuidados (KOVÁCS, 1992). O sofrimento, as dificuldades de comunicação e as expectativas e frustrações não explicitadas podem favorecer o desgaste da relação não apenas entre os dos profissionais mas também seu relacionamento com os usuários do sistema. E como lidar com isso da melhor forma? A proposta de humanização não passa apenas pelo contato com os pacientes, precisamos de equipes mais humanizadas e saudáveis. COMO CUIDAR DE QUEM CUIDA PARA CUIDAR MELHOR DE QUEM PRECISA? Precisamos agir ativamente para criar um sistema de saúde mais humanizado e empático. Não adianta apenas aceitar as limitações e seguir trabalhando, e sim objetivar mudanças e ações para melhorar o funcionamento em todos os sentidos. O acompanhamento e o encaminhamento do paciente dependem da humanização e da autonomia dada ao usuário. Ele precisa compreender para que servem os encaminhamentos e onde encontrar os serviços necessários para dar continuidade ao seu acompanhamento. Para isso, a comunicação deve ser clara, o que implica profissionais que estejam bem e que possam acolher as demandas e eventuais dúvidas adequadamente. As equipes de saúde podem adoecer com maior frequência por conta das jornadas exaustivas, da sobrecarga do sistema e das demandas emocionais que o próprio trabalho gera. Não à toa o serviço de saúde tem um item a mais na folha de pagamento, a insalubridade. Recebe-se um dinheiro extra para compensar as diversas sobrecargas e os riscos que o trabalho pode gerar. O importante é você saber como cuidar de si frente a um trabalho com uma rotina difícil. Se entendemos que precisamos estar bem emocionalmente para trabalhar com outras pessoas, e que esse "estar bem" é fundamental para executar nosso trabalho, compreenderemos que cuidar de nós mesmos faz parte do nosso serviço. Mas, como podemos nos cuidar? O profissional de saúde adoece? O ideal é que agora, durante seu processo de formação, você possa pensar sobre o clima emocional no qual estamos e estaremos inseridos, discutindo, inclusive, sentimentos, angústias e ansiedades com colegas, professores e tutores. O cuidado com o cuidador é central em toda sua jornada. Terapia, suporte, supervisão e grupos de discussão com colegas são formas de você olhar melhor para como você se sente e como pode obter ajuda quando sentir que é necessário. Pensando no processo de empatia, a partir do momento em que nós nos cuidamos, podemos por meio das nossas vivências nos colocar no lugar do paciente e, com isso, compreender melhor o sofrimento deles e acolher melhor suas dores. Devemos entender que somos humanos e que, enquanto profissionais de saúde, temos dores e sofrimentos. Essa compreensão pode favorecer nossa própria percepção da condição humana e ajudar nossa empatia e a solidariedade (CARVALHO, 2004). Óbvio que não precisamos nos expor, contando os detalhes de nosso sofrimento para os pacientes, mas é importante ter um lugar onde possamos entrar em contato com essas dores e conseguir dar um novo significado para elas e, assim, conseguir olhar o outro como parecido e ao mesmo tempo diferente de nós. Em uma equipe multiprofissional (que é essencial na área da saúde), temos que considerar alguns pontos: • A divisão social e técnica justa dos trabalhos. • A valorização de cada uma das áreas. • A autonomia de todos os profissionais, sempre de forma horizontalizada. • A divisão das responsabilidades pelas ações clínicas e de saúde coletiva. • Os projetos dos profissionais da equipe. • A boa comunicação entre equipe e com os usuários dos serviços. Se esses fatores são levados em consideração, o risco de adoecimento pode ser reduzido. Podemos falar também das relações de poder entre os diversos profissionais inseridos na produção de cuidados em saúde e do clima na equipe. É fácil pensar, para quem trabalha em equipe, que algumas pessoas podem prejudicar a dinâmica e o funcionamento do grupo. “É culpa de fulano ou ciclano! É só tirar ele dali que está tudo resolvido!”, não é mesmo? Todavia, essa tende a ser uma estratégia simplista e que não funciona no longo prazo. O adoecimento acontece dentro da equipe e devemos cuidar das relações. Ao tirarmos alguém da equipe que entendemos como "culpado" e não cuidarmos do todo, apenas abriremos espaço para que a situação se repita. São as relações e interações que geram desconforto e são elas que devem ser trabalhadas. E este é um dos motivos do porquê devemos falar sobre essas questões e ouvir também. Cuidar de quem cuida é fundamental para manter uma equipe saudável. Sempre onde há diálogo, onde escutamos e somos escutados em nossas falas e sentimentos, temos a possibilidade de transformar o ambiente e a equipe e nos transformarmos com ele. Isso é essencial para as equipes, para os pacientes e para o sistema como um todo. VÍDEO RESUMO Estudante, seja muito bem-vindo! Hoje, abordaremos temas muito importantes para quem trabalhará com saúde. Falaremos de Psicologia na Humanização em Assistênciaà Saúde. Junto a isso, abordaremos a questão de acolhimento e como pensamos o acompanhamento dos usuários e seus encaminhamentos. Discutiremos e compreenderemos como devemos olhar, cuidar, acompanhar e facilitar o acesso dos pacientes à melhor forma possível de acompanhamento. Essas questões nos levam a pensar na saúde da equipe de saúde e como podemos cuidar de nós para cuidarmos dos outros. Discutir tudo isso, aprofundaremos e pensaremos como seria a aplicação desses conceitos e temas. Espero que gostem! Saiba mais Caso você tenha interesse em ver um sistema informatizado de encaminhamento para ver como funcionaria, é só conferir o projeto RegulaSUS. Confia a matéria A saúde do nosso sistema público de saúde que fala sobre o sistema de saúde, para complementar sua visão. Além disso, também tem uma cartilha do Ministério da saúde sobre acolhimento, caso você queira saber mais. REFERÊNCIAS 15 minutos Aula 1 ANDERY, M. A. et al. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 16. ed. 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Hoje, abordaremos o que compõe um ambiente de trabalho saudável e o que o diferencia em relação a um ambiente não saudável. Para isso, precisaremos introduzir conceitos de cultura organizacional, ética, motivação e qualidade de vida. Esses conceitos são fundamentais para entendermos como funcionam e quais são os processos necessários para um ambiente de trabalho saudável. Com certeza, você já ouviu falar a respeito deles, não é mesmo? Porém, será que você conhece e compreende todos eles de fato? E sabe como aplicá-los na prática? Vamos lá aprender um pouco sobre isso? AMBIENTE DE TRABALHO SAUDÁVEL Acredito que você já saiba o que é um ambiente de trabalho. Mas, caso nunca tenha pensado nisso, vamos lá? Ambiente de trabalho é o lugar onde estamos quando estamos trabalhando, seja em algum hospital, escritório, em casa (o que tem ocorrido muito ultimamente, o chamado home office). Você saberia dizer o que é um ambiente de trabalho saudável? Você consegue imaginar como isso poderia ser reconhecido? Se pensou na qualidade desse ambiente, acertou. Entretanto, você sabe dizer a que se refere esta qualidade? Um ambiente saudável de trabalho tem a ver com a condição desse espaço, como um todo, para o trabalho, por exemplo: Espaço físico: • Iluminação. • Ruídos. • Temperatura. • Ferramentas necessárias (mobiliário, material de escritório etc.). Recursos Humanos: • Benefícios (alimentação, saúde, transporte). • Salário. • Carga horária. Espaço relacional (colegas, chefia, usuário): • Bons relacionamentos interpessoais. • Boa comunicação. • Sensação de pertencimento. • Regras das relações. Aqui, focaremos mais na questão dos relacionamentos para compreender esta qualidade do ambiente de trabalho e ampliar os conceitos que interferirão nesses aspectos. Para isso, utilizaremos os conceitos de cultura organizacional, ética, motivação e qualidade de vida. Acredito que nesse momento você deve estar se perguntando o que é a cultura organizacional. Ela pode ser chamada de cultura organizacional, empresarial ou corporativa e diz respeito aos termos que definirão o conjunto de hábitos e crenças, por meio de normas, valores, expectativas e atitudes compartilhadas entre todos os integrantes de uma empresa. Com isso, estamos pensando também no conceito de ética. Você já deve ter ouvido diversas vezes esta palavra, mas você sabe defini-la? A ética tem origem no grego ethos, que significa, “morada”, “habitat”, “refúgio”, ou seja, o ambiente das pessoas. Segundo o dicionário, ética é um “conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta de um indivíduo ou de grupo social ou de uma sociedade” (ÉTICA, 2022, [s. p.]). Logo, entendemos que a ética tem a ver com os valores regidos pelas normas do ambiente no qual estamos inseridos, por exemplo, a sociedade. São as regras de relação estabelecidas por meio das normas sociais, o que é considerado correto e o que não é, e o que se deve ou não fazer dentro de determinado espaço. Até o momento entendemos sobre ambiente de trabalho, cultura organizacional e ética, mas será que entendemos como mantê-lo saudável? Para isso, precisamos pensar na motivação dos funcionários. Motivação é o ato ou efeito de motivar, de despertar o interesse por algo (MOTIVAÇÃO, 2022), ou seja, os funcionários precisam se sentir interessados, motivados, para responderem bem ao ambiente de trabalho. E você consegue compreender o que isso gerará? Se pensou em qualidade de vida, acertou! Portanto, quando pensamos em um ambiente saudável de trabalho, estamos imaginando um espaço pautado pelos princípios da ética, sempre visando a maior motivação dos funcionários e, por tabela, uma melhor qualidade de vida. O QUE É NECESSÁRIO SABER PARA UM AMBIENTE DE TRABALHO SAUDÁVEL? Para compreendermos mais a fundo o que seria um ambiente de trabalho saudável, precisamos entender melhor sobre cultura organizacional, ética, motivação e qualidade de vida. A cultura organizacional deriva do comportamento organizacional, já que as organizações são compostas por pessoas, e o modo como essas pessoas se comportam pode afetar diretamente as organizações. Para uma relação saudável, precisamos que esses comportamentos e a organização estejam em sintonia, assim, ambas as partes se beneficiam (CHIAVENATO, 2010). Como essa cultura é constituída? Quem começa uma organização (os fundadores dela, por exemplo) traz para a empresa seus valores e o tipo de trabalho em que acredita. Por conta desses valores, começa a escolher qual tipo de profissional contratará e, ainda, como enxerga a relação da organização com o mundo externo. Logo, essas escolhas de novos profissionais trazem mais crenças e valores que serão somados à organização inicial. E assim começa a construção da rede de escolhas e interações dentro da organização, formando uma cultura singular daquela organização, que será o retrato dessa empresa. Portanto, pessoas fazem a organização, e pessoas mudam a organização (FREITAS, 1991). E onde entra a ética nesse processo? A ética é peça central no processo da composição e manutenção da cultura organizacional, uma vez que é o comportamento pautado na ética que construirá princípios e valores institucionais. Quando os valores, as crenças e os modelos ficam claros em uma organização, isso faz com que os profissionais que trabalham nela sintam-se melhor, pois sabem o que é esperado para que possam conduzir seu trabalho. Esse fato tende a gerar maior motivaçãopor conta da segurança, porém a motivação do trabalhador vai além disso. Você consegue imaginar quais fatores geram maior nível de motivação? Em um ambiente organizacional, uma equipe motivada reflete dedicação, criatividade e engajamento. Abraham Harold Maslow foi um psicólogo norte-americano muito conhecido por sua proposta de hierarquizar as necessidades humanas. Com essa teoria, ele percebe que a necessidade de satisfazer as necessidades é o que de fato motiva as pessoas. Figura 1 | Pirâmide de Maslow Fonte: acervo dos autores. Ele elencou na pirâmide as seguintes necessidades (MASLOW, 1943): • Fisiologia: respiração, comida, água, sono, sexo, homeostase, excreção. • Segurança: do corpo, do emprego, de recursos, da moralidade, da saúde, da família, da prosperidade. • Social: amizade, família, intimidade relacional e sexual. • Estima: autoestima, confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros. • Autorrealização: moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceitos, aceitação dos fatos. Para ele, as necessidades que estão na base precisam ser saciadas para que se possa saciar as próximas necessidades. Se uma destas necessidades não está saciada, ocorre uma incongruência, que tende a desequilibrar o indivíduo. Quando todas as necessidades estiverem de acordo, acontece a autorregulação, que é um aspecto de felicidade do indivíduo (MASLOW, 1943), que poderia ser compreendida também como qualidade de vida. Mas, afinal, o que é qualidade de vida? Esse termo se tornou conhecido na década de 1990, momento em que as pessoas começam a entender que suas vidas vão além do trabalho e que tem que haver um equilíbrio entre todas suas necessidades. Com isso, começam a aparecer os programas de reconhecimento e valorização da qualidade da organização, por conta não somente de resultados financeiros mas também da satisfação e motivação dos funcionários de determinada organização. Embora fazendo parte do cotidiano, os parâmetros para a definição do que é viver com qualidade são múltiplos e resultam das características, das expectativas e dos interesses individuais. COMO PODEMOS TORNAR UM AMBIENTE DE TRABALHO SAUDÁVEL? QUAL NOSSO PAPEL NISSO TUDO? A partir do momento que conseguimos aceitar as possibilidades e os limites de cada um dentro de um grupo, podemos compreender melhor o que esperar em relação aos outros e a nós mesmos. Condutas saudáveis dentro de um ambiente de trabalho: • Gestão compartilhada: comprometer as pessoas aos seus objetivos no trabalho é fundamental. • Respeito ao ritmo de cada um. • Não constranger ninguém, pois isso fere a autoestima e pode gerar mágoas. • O discurso da empresa tem que condizer com a prática dela. • Solidariedade. • Empatia. Ter prazer no que fazemos é o que gera maior motivação, e isso refletirá em equipes mais dedicadas, espontâneas e criativas, gerando maior comprometimento com a organização e tornando o ambiente mais saudável. Como podemos fazer isso? Para isso, precisamos entender melhor o que é qualidade de vida no trabalho. Seguem alguns fatores (ALBUQUERQUE; FRANÇA, 1998): • Satisfação com o trabalho realizado. • Possibilidades de crescimento dentro da organização. • Validação e reconhecimento por resultados alcançados. • Salário percebido como adequado. • Benefícios. • Relacionamento humano saudável dentro do grupo e da organização. • Boas condições psicológicas do trabalho. • Ambiente físico do trabalho agradável. • Liberdade de poder discutir e se posicionar. • Vida emocional satisfatória. • Autoestima. • Imagem da empresa junto à opinião pública. • Equilíbrio entre trabalho e lazer. • Horários e condições de trabalho sensatos. • Respeito aos direitos. • Justiça nas recompensas. Quando juntamos as questões motivacionais e de qualidade de vida no trabalho, podemos perceber se elas estão acontecendo e se o ambiente organizacional está saudável ou não. Com isso, conseguimos compreender também sinais de que um ambiente de trabalho não está saudável: • Ruídos de comunicação (as pessoas não se escutam e não conseguem falar). • Conflitos. • Procrastinação. • Apatia. Quando nos deparamos com algo que não vai bem no ambiente de trabalho, devemos prestar atenção se essa sensação é individual ou coletiva. Se for individual, é necessário procurar um supervisor ou alguém em quem se confia para orientação de como cuidar dessas sensações, além de buscar apoio psicoterápico, se necessário, fora do ambiente de trabalho. Se for coletiva, é uma questão do grupo e dos seus membros. Nesse caso, cabe pensar qual o seu papel nesse grupo e como é possível mudar esse ambiente. Você já deve ter percebido que em uma equipe nem todos estão ou se mantêm motivados da mesma forma, não é mesmo? Esse fato ocorre porque temos necessidades individuais, diferentes, pautadas em nossos valores, desejos, interesses e percepções. Nossas histórias de vida são distintas, e todos esses aspectos podem influenciar nossa motivação. O principal motivador é o sentido que o trabalho tem para este profissional em um dado momento da sua vida, e esse sentido, sem dúvida alguma, variará de indivíduo para indivíduo e de momento para momento, criando motivações diferentes. Então, como motivar? Buscando o significado no trabalho. Sabemos que as pessoas que têm paixão por aquilo que fazem são pessoas mais felizes. Porém, para encontrar esse significado, é necessário que o indivíduo conheça a si mesmo e saiba quais são suas necessidades e seus desejos e de que forma ele pode satisfazê-los em seu trabalho. Além de lembrar que necessidades e desejos podem mudar ao longo de nossas vidas. A liderança tem um papel fundamental em relação à questão da motivação. O líder deve facilitar essa busca pelo significado no trabalho, por meio do desenvolvimento da sua equipe. Os líderes precisam ter uma postura motivadora e identificar as ferramentas necessárias que os auxiliem nesse processo. Para isso, os valores e as crenças predominantes na cultura organizacional devem estar alinhadas às pessoas que trabalham nessa organização, e vice-versa. Isso gerará maior motivação por parte dos funcionários e, consequentemente, melhor qualidade de vida. VÍDEO RESUMO Estudante, no vídeo de hoje, você conseguirá compreender o que é um ambiente saudável de trabalho e o que o diferencia de um ambiente não saudável. Para isso, utilizaremos os conceitos de cultura organizacional, ética, motivação e qualidade de vida. Entenderemos também como cada um, dentro do contexto do grupo, pode contribuir para a construção de um ambiente de trabalho mais saudável. Saiba mais Deixamos aqui duas dicas de livros da biblioteca virtual, caso você queira aprofundar mais sobre o tema. 1. Cultura organizacional (Seção 1, Cultura, p. 52): 2. Psicologia e qualidade de vida no trabalho (Seção 3, A motivação, p. 143): Aula 2 RELAÇÕES INTERPESSOAIS Falaremos sobre a competência interpessoal de cada profissional e como ela pode ser avaliada. 25 minutos INTRODUÇÃO Hoje, abordaremos temas importantes sobre as relações interpessoais. Falaremos sobre a competência interpessoal de cada profissional e como ela pode ser avaliada. Além disso, trataremos do relacionamento interpessoal no trabalho e como ele é construído, para isso, precisamos entender mais sobre qual tipo de comportamento é esperado no ambiente de trabalho e, ainda, como funciona nossa percepção sobre este comportamento. Aprofundaremos dois pontos fundamentais – empatia e feedback –, para compreender melhor esse ambiente de trabalho permeado pelas relações interpessoais. Esperamos que esse tema seja interessante e útil para você. INTERPESSOALIDADE: CONCEITOS Hoje, começaremos pela definição de interpessoalidade. Você consegue imaginar do que se trata? Inter + pessoal, por definição, refere-se ao que ocorre entre duas ou mais pessoas: relação interpessoal, comunicação interpessoal (INTERPESSOAL, 2022). E competência, você sabe o que é? Essa palavra pode ter vários sentidos,seja no âmbito pessoal ou profissional, mas, aqui, iremos usá-la com o sentido de: aptidão; capacidade de fazer alguma coisa (COMPETÊNCIA, 2022). Logo, conseguimos compreender que a competência interpessoal é a aptidão ou a capacidade que temos de nos relacionarmos com uma ou mais pessoas, correto? Correto, porém podemos ampliar ainda mais o conceito e dizer que competência interpessoal é a habilidade de tratar de forma eficaz (que gera resultados, benefícios) as nossas relações interpessoais, ou seja, conseguir lidar de forma adequada às necessidades de cada indivíduo dentro do que é demandado em determinado contexto, aqui, no caso, no ambiente de trabalho. De forma geral, as pessoas passam boa parte do seu tempo no ambiente de trabalho e, por conta disso, necessitam conviver com outras pessoas e rotinas que fazem parte desse ambiente. Portanto, pensar sobre o relacionamento interpessoal no trabalho é de suma importância. Se compreendemos que a convivência humana é difícil e desafiante todos os dias, podemos entender que são esperados alguns padrões de comportamento nos relacionamentos interpessoais, e que esses comportamentos podem, ou não, gerar conflitos. Por outro lado, o ambiente de trabalho também favorece a construção de relações, o contato com pessoas diferentes, a aprendizagem e a troca afetiva (DANTAS; HENRIQUES, 2020). Você consegue perceber que no ambiente profissional o bom relacionamento é de extrema importância? Dessa forma, teremos mais colaboração e trocas, e com isso melhores resultados de produtividade e qualidade de vida no trabalho. Talvez, esse seja o comportamento esperado no trabalho, não? Para conseguirmos ter essa percepção de um comportamento esperado, precisamos de duas ferramentas básicas: a empatia e o feedback. Empatia é definida como a habilidade de se colocar no lugar de outra pessoa, compreender e buscar agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria, o famoso "se colocar no lugar" (EMPATIA, 2022). Feedback tem algumas variações de definição. Aqui, podemos compreender o termo como qualquer tipo de resposta, comentário, retorno ou ponto de vista de alguém sobre os aspectos do seu desempenho, funcionamento ou atitude no trabalho (FEEDBACK, 2022). Por exemplo: no trabalho, seu gestor deu um feedback sobre seus relacionamentos com os colegas. Ele pode ter feito elogios, críticas construtivas, levantando alguns pontos importantes, portanto ele trouxe seu ponto de vista de frente a uma habilidade necessária do trabalhador. Você consegue imaginar como esses conceitos de empatia e feedback podem beneficiar seu ambiente de trabalho? O QUE AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS PODEM GERAR NO AMBIENTE DE TRABALHO? Você já deve ter percebido a importância dos relacionamentos interpessoais no ambiente de trabalho. Todo ambiente de trabalho é composto por seres humanos, e esses, por sua vez, são seres que se relacionam com outros, certo? Daí já é possível imaginar o papel central do relacionamento interpessoal no trabalho. No ambiente de trabalho, existe um olhar diferenciado para as mais variadas formas de comunicação, e isso se deve ao dinamismo que existe no ambiente em que as pessoas estão inseridas e os motivos que as levam a interagir. Sabemos, hoje em dia, que esses relacionamentos, quando harmoniosos, apresentam resultados efetivos e satisfatórios. Porém, será que é fácil conseguir essa harmonia? Pensar em muitas pessoas ao mesmo tempo nos traz questões individuais e diversas, suas crenças, tradições, hábitos, atitudes etc. No entanto, se pensarmos em cultura organizacional, podemos compreender que cabe à empresa saber acolher e administrar essas diferenças e extrair o melhor de cada colaborador. As relações interpessoais e a valorização do indivíduo são tendências que vêm ganhando cada vez mais espaço dentro das empresas, apontando para a importância de olhar para as questões de qualidade de vida no trabalho. Atualmente, existem métodos que podem ser analisados e aplicados pela área de Gestão de Pessoas ou de Recursos Humanos de cada organização, os quais permitirão avaliar se o ambiente de trabalho é satisfatório ou não e o que está acontecendo para gerar tal resultado. Saber como são estabelecidas as relações entre os colaboradores, gestores e a empresa como um todo é central nesse processo. As diferenças são comuns entre as pessoas e devem ser aceitas e tratadas de forma aberta. Quando a comunicação se torna mais fácil, as pessoas começam a enxergar melhor as outras, quebrando eventuais bloqueios e barreiras que possam existir entre elas (DANTAS; HENRIQUES, 2020). A escuta, a empatia e a consideração geram experiências pessoais e profissionais positivas que resultam em maior motivação e aumento da qualidade produtiva. E esse é um objetivo desejado por qualquer organização e seus colaboradores, pois assim o trabalho pode gerar melhores resultados. Você sabia que o relacionamento interpessoal tem fases? Saberia nomeá-las? Como já dissemos, todo relacionamento é dinâmico e passa por constantes mudanças, mas ele também ocorre dentro de um determinado intervalo de tempo, ou seja, tem começo, meio e fim. O tempo de cada relação variará de acordo com a importância, a relevância e o tempo de contato que essa pessoa terá em nossas vidas. No ambiente de trabalho, essa linha do tempo fica ainda mais clara. Um paciente, por exemplo, tende a ter uma relação interpessoal mais curta com um determinado agente de saúde, enquanto um gestor terá um tempo mais longo de convivência com seu colaborador. Aqui, é importante frisar que, independentemente do tempo de cada relação, sejam minutos ou anos, quando ela é relevante, terá a mesma estrutura de continuidade, ou seja, começo, meio e fim. Temos, de forma geral, cinco etapas nas relações: 1. Conhecimento: primeiro contato. 2. Construção: laços de confiança. 3. Continuação: compromisso mútuo. 4. Deterioração: diminuição da comunicação, afastamento (pode acontecer ou não). 5. Finalização: término, morte ou distanciamento. Nossa competência em relacionamentos interpessoais no trabalho depende de aprendermos a lidar com essas etapas da melhor maneira possível, para que a gente consiga estabelecer vínculos saudáveis e, com isso, melhorar as trocas e os ganhos de todos ao redor. COMO APLICAR OS CONCEITOS DE COMPORTAMENTOS INTERPESSOAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO? Você já vivenciou, de alguma forma, um erro causado em algum projeto, trabalho, tarefa, jogo ou brincadeira, primeiramente por conta de uma falha na comunicação entre os participantes? Imagino que sim! Você consegue compreender se esse "erro" foi seu ou de alguém com quem você estava se relacionando? Inicialmente, precisamos ter clareza do nosso papel nesses erros. Em uma inter-relação, não existe um só lado, já que ela é resultado da soma das pessoas que a constroem. Portanto, no mínimo, também somos corresponsáveis, não é mesmo? Por conta disso, precisamos nos preocupar em desenvolver nossa habilidade de comunicação. Uma boa comunicação é uma comunicação efetiva. Não é apenas trocar informações. É ser empático e compreender as emoções e intenções por trás de uma informação. É, também, ser capaz de transmitir uma mensagem com clareza, compreender os sentidos explícitos e implícitos, mostrar interesse e escutar o outro. Ou seja, um processo de troca efetiva. Para isso, é preciso estar atento a alguns pontos importantes que são fundamentais para uma boa comunicação e, consequentemente, para um bom relacionamento interpessoal no trabalho: • Exercitar a confiança: ter clareza sobre suas habilidades de comunicação e desenvolvê-las quando não as tiver. • Praticar a escuta ativa: escuta focada, interpretando com atenção as informações recebidas. • Atitude positiva: empatia, comunicação efetiva, cooperação e respeito. • Respeito mútuo: respeitar-se e respeitar qualquer pessoa, mesmo em suas diferenças e divergências de valores – ser tolerante. • Compreender as críticas e os feedbacks: conseguir receber outras perspectivas do modo como te enxergam e buscar melhorar as oportunidades,entendendo os pontos fortes e fracos – autoconhecimento e autodesenvolvimento. • Estabelecer limites: entender as diferenças entre o que é pessoal e profissional, isso garante melhor foco e produtividade nas relações profissionais. • Reconhecer seus colegas de trabalho, gestores e colaboradores. Com esses pontos conseguimos desenvolver nossa competência de comunicação e o relacionamento interpessoal no trabalho. Quando falamos sobre comportamento esperado no ambiente de trabalho, podemos ir ainda mais além. Precisamos pensar em nossas atitudes e devemos respeitar as normas da organização em que estamos. Normalmente, essas normas aplacarão questões de pontualidade, disciplina, linguagem adequada na comunicação interpessoal e nas mensagens escritas, aparência adequada ao ambiente, respeito aos demais colegas da organização, responsabilidade no desenvolvimento e cumprimento das tarefas e funções, proatividade etc. Devemos estar atentos aos feedbacks de nossos gestores, colegas e outros colaboradores para compreender o que ainda podemos desenvolver e melhorar em nós mesmos e no ambiente como um todo. Percebeu a importância desse assunto? Bons estudos! VÍDEO RESUMO Você já deve ter percebido como é importante a comunicação dentro de um ambiente de trabalho, não é mesmo? E essa comunicação diz respeito às nossas competências interpessoais e a como nos relacionaremos no ambiente de trabalho. Na aula de hoje, abordaremos esse tema e ilustraremos quais os comportamentos esperados no ambiente de trabalho, além de explicar duas ferramentas fundamentais para todo esse processo: empatia e feedback. Saiba mais Trouxemos a dica de um livro interessante, disponível na Biblioteca Virtual, Construindo relacionamentos no contexto organizacional, para que você possa aprender mais a como melhorar a sua forma de relacionar em ambiente de trabalho Aula 3 O TRABALHO EM EQUIPE Falaremos do conceito e das características de uma equipe. 29 minutos INTRODUÇÃO Estudante, bem-vindo à nossa aula! Hoje, falaremos do conceito e das características de uma equipe. Você sabe o que compõe uma equipe? Como uma equipe de saúde pode ser compreendida e configurada? Falaremos também dos modelos de equipe. Com certeza, você já ouviu esses termos: interdisciplinar, multiprofissional e transdisciplinar. Vamos aprofundar esse conhecimento? Esses conteúdos são muito importantes quando pensamos em trabalho na saúde e em como podemos fazer para atuar da melhor forma possível em nossas equipes. CONCEITO DE EQUIPE E SUAS VARIÁVEIS Com certeza, você já ouviu falar do termo equipe, não é mesmo? Mas, você sabe explicar o que é uma equipe? Muitos falarão que é um grupo ou agrupamento de pessoas. E você, como define equipe? Quando buscamos no dicionário, achamos a seguinte definição: "Grupo de pessoas organizado para um serviço determinado" (EQUIPE, 2022, [s. p.]). Então, será que equipe e grupo são a mesma coisa? Não, grupo é um conjunto de indivíduos que coordenam os seus esforços, enquanto equipe é um grupo de pessoas que compartilham um propósito em comum. O conceito de equipe é mais amplo que o de agrupamento de pessoas. Equipe se refere a um objetivo comum, um propósito reconhecido por todos e que exige o envolvimento dos seus membros. Será que você consegue imaginar quais características tem uma equipe? É um grupo de pessoas com qualificação técnica para executar determinados serviços, ou seja, com habilidades específicas adequadas ao propósito do trabalho e, evidentemente, comprometidas em alcançá-los. Isso, em teoria, faz com que uma equipe possa funcionar bem. A relação de confiança entre os membros deve ser boa, pois todos estão assumindo riscos em relação ao todo. Deve haver respeito, compreensão das diferenças e limites dos outros (e de si próprio) e, obviamente, cooperação entre todos. Para isso, as informações e a comunicação devem ser claras, ou seja, todos os membros da equipe sabem exatamente o que o outro está fazendo e todos são responsáveis pelas atividades, tanto aquelas que dão certo quanto as que não dão (SOARES, 2015). Será que agora você consegue imaginar a definição de equipe de saúde? Uma equipe de saúde é um conjunto de pessoas com habilidades técnicas na área da saúde e que têm um propósito em comum dentro do espaço onde atuam. A atuação dos profissionais de saúde em equipe garante melhora na qualidade da assistência, pois ela fica mais integrada, e o paciente pode ser cuidado em sua totalidade. Sem contar que se diminui a necessidade de refazer trabalhos, já que a equipe tem acesso às habilidades técnicas de cada um dos seus membros. Somam-se olhares que multiplicam os resultados. Você sabia que essa equipe pode ser composta de diferentes formas? Pensaremos em cada uma delas: interdisciplinar, multiprofissional e transdisciplinar. Uma equipe interdisciplinar pode ser definida pela intersecção de disciplinas, que gerará uma troca de saberes diversos entre seus membros e que sai enriquecida desse momento. Uma equipe multiprofissional pode ser compreendida como aquela em que há múltiplas áreas, múltiplos profissionais, com pouca ou nenhuma comunicação entre todos os participantes, mas, sim, com o responsável pelo caso. O foco é em uma mesma demanda, uma construção comum, porém com coordenação e decisão de um responsável. Uma equipe transdisciplinar pode ser entendida como um coletivo de pessoas de diferentes áreas/especialidades/disciplinas, que atuam e desenvolvem atividades diferentes e que agem com igualdade em seus saberes, sem hierarquia de especialidades ou áreas. PENSANDO EM EQUIPE DE FORMA AMPLIADA Como você viu, uma equipe é um grupo de pessoas que tem um objetivo ou propósito comum e que trabalham em harmonia. Aprofundaremos esse conceito dentro do ponto de vista de uma equipe de saúde, já que esse é nosso enfoque principal aqui. "Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio do esforço coordenado.” (ROBBINS, 2005, p. 213). Isso quer dizer que os esforços individuais geram melhor desempenho em uma equipe do que de forma individualizada. "As equipes permitem que as organizações potencializem seus resultados, porque as pessoas atuam com responsabilidade mútua e têm habilidades complementares." (ESCORSIN; WALGER, 2017, p. 135). Devemos compreender que uma equipe não é permanente, é uma estrutura dinâmica, já que pessoas mudam de cargos e funções, ou até mesmo de instituições. Com isso, as equipes necessitam de constante reestruturação, ou seja, organizar, iniciar o trabalho, definir e redefinir o foco e se desfazer (ROBBINS, 2005). Para melhor atenção, cuidado e continuidade de atendimento em saúde de pessoas e comunidades, nada mais importante do que uma equipe. Para esse objetivo, é importante pensar nos processos de trabalho, como o acompanhamento e o tratamento, a partir de uma visão mais ampla, em que o paciente é visto de forma integral pela equipe, lembrando sempre da importância da sua participação nesse processo. Para pensar melhor nessas equipes, é preciso aprofundar o modo como funcionam as equipes que conhecemos hoje em saúde. Equipe interdisciplinar Busca transformar as práticas corriqueiras em novas formas de saber, o que pode trazer criatividade para as equipes. Utilizam muito o diálogo, pois é nele que as decisões são tomadas em conjunto. O objetivo da equipe interdisciplinar é criar uma visão mais abrangente, a fim de superar a visão biomédica fragmentada do indivíduo, que pode ser reducionista. Objetiva uma visão mais estratégica do ambiente e do contexto em que vive o indivíduo e busca suprir as necessidades de saúde a partir dessa visão, buscando a integração biopsicossocial. É a ampliação do modelo centrado na doença para o modelo centrado na saúde, por meio de articulação dos diferentes saberes e campos de conhecimento técnico em saúde. Foco na promoção, na prevenção, no tratamento e na reabilitação na saúde, visando às necessidades individuais e sociais ou coletivas. Equipe multiprofissional Busca fazer a avaliação do paciente de forma independente. É como se fosse uma avaliaçãocom camadas adicionais, por exemplo: o médico avalia e solicita avaliações complementares, como psicologia, enfermagem, fonoaudiologia etc. Portanto, o trabalho não é coordenado, e com isso não tem uma identidade grupal. O médico, ou o responsável pelo caso, é também aquele que toma a decisão final sobre o tratamento, e os outros profissionais se encaixarão sob a demanda do paciente e as orientações desse responsável (BRUSCATO et al., 2004). É fundamental que cada profissional contribua e que esteja interessado na função do colega, o que pode gerar algum nível de interação. Equipe transdisciplinar Busca atuação em conjunto, sem divisão de conhecimento, nem mesmo de hierarquia entre os profissionais. Logo, todos os saberes e conhecimentos técnicos fazem parte do todo, e nenhum deles é superior ao outro. O objetivo é a transformação, de fato, de integração do sujeito frente às possibilidades, a fim de encontrar melhores possibilidades para o prognóstico dos pacientes. COMO FAZER PARTE DE UMA EQUIPE? Será que você consegue pensar em alguma referência sobre equipe em sua vida pessoal e profissional? E como seria trabalhar em uma equipe de saúde na prática? Vamos pensar juntos! Para se estruturar uma equipe, precisamos focar em um desenvolvimento integrativo, ou seja: • Vivências que possibilitem o desenvolvimento de autoavaliação e autopercepção. • Experiências que permitam a avaliação do outro e a oferta de feedback construtivo. • Criar espaços de escuta empática. • Trabalhar a relação de confiança entre os participantes. • Comunicação clara, sem armadilhas. • Valorização do trabalho individual e em conjunto. • Percepção da integralidade de construção, visando à integração das habilidades (SOARES, 2015). Claro que temos um grande desafio ao transformar um agrupamento de pessoas em uma equipe. Existe uma resistência natural das pessoas em transformar algo já estabelecido em algo "desconhecido". Sim, seres humanos são resistentes a mudanças, e isso pode ser um obstáculo inicial. Além disso, para apresentar bom desempenho como membro de uma equipe, é necessário que a pessoa seja capaz de se comunicar de forma clara, direta e honesta, confrontando diferenças e revendo conflitos. Em saúde, podemos entender que este desafio fica ainda maior, uma vez que muitos grupos são estabelecidos na base de autoridade e com cultura individualista. Para avançar, precisamos, primeiro, desenvolver a capacidade dos indivíduos para transformar um grupo em uma equipe. Existem ferramentas que podem ser aplicadas. Já que esse não é um processo fácil, é preciso cautela da gestão e disponibilidade de todos. Em serviços de saúde, algumas atividades mais lúdicas, ou seja, fora da esfera da racionalização, podem ajudar nessa construção. Para isso, precisamos de alguém habilitado para questões de vivências em grupo, como um psicodramatista (terapeuta que trabalha com o referencial do psicodrama). Pensando que uma determinada equipe já está estabelecida, será que você consegue compreender as diferenças entre os modelos de equipes em saúde? Sabemos que, na prática, a diferença entre uma equipe interdisciplinar, multidisciplinar (ou multiprofissional) e transdisciplinar tem a ver com a maneira como ocorrem as interações entre os diferentes profissionais e as diferentes áreas do saber, durante o processo de construção dessa atuação. INTERDISCIPLINARIDADE 1. Colaboração entre os profissionais de diferentes áreas. 2. Interação entre esses profissionais. 3. Cada um é responsável por sua função, porém a decisão e a responsabilidade cabem ao especialista da área em questão. MULTIDISCIPLINARIDADE TRANSDISCIPLINARIDADE Figura 1 | Equipe interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar Fonte: acervo dos autores. Para integrar uma equipe de saúde, é preciso que os profissionais conheçam suas habilidades técnicas e repensem as relações de hierarquia e os padrões já instituídos (e, muitas vezes, viciados) em cada atividade ou em cada grupo profissional. É necessário que o trabalho supere a inércia burocrática de muitos serviços de saúde para deixar de lado a divisão vertical de trabalho e partir para uma divisão mais horizontal e cooperativa, que pode levar a uma melhor resolutividade da equipe. VÍDEO RESUMO Estudante, no vídeo de hoje, falaremos sobre equipes. Explicaremos como elas são constituídas e definidas e como podemos transformar um agrupamento de pessoas em uma equipe. Como isso funciona dentro de um serviço de saúde? Ainda, como elas podem ser divididas em função da sua forma de atuação? Espero que você goste, porque essa compreensão é fundamental para todo profissional de saúde. Vem com a gente! Saiba mais Estudante, temos o livro Liderança e desenvolvimento de equipes, de Ana Paula Escorsin e Carolina Walger (2017), no acervo da biblioteca que traz mais informações para quem quer se aprofundar nas questões da formação de equipes. Sugestão extra: Pensamos em dois filmes para você compreender de forma lúdica como funcionam as equipes. 1. A fuga das galinhas – Animação, 2000, Comédia/Infantil, 1h35m: no galinheiro de uma fazenda inglesa dos anos 1950, galinhas cumprem sua função e vivem pacatamente, sonhando com uma vida melhor. Uma delas, Ginger, sonha com a liberdade e planeja sair voando dali junto com suas companheiras. A animação traz a organização das galinhas como forma de protesto ao sistema no qual vive. (Disponível no Netflix). 2. Top Gun: Maverick – 2022, Ação, 2h11min: depois de mais de 30 anos de serviço como um dos principais aviadores da Marinha, Pete "Maverick" Mitchell está de volta, rompendo os limites como um piloto de testes corajoso. No mundo contemporâneo das guerras tecnológicas, Maverick enfrenta drones e prova que o fator humano ainda é essencial. O filme traz situações importantes das interações humanas. Maverick tem a necessidade de formar uma equipe, isso ilustra parte do que mostramos aqui. Aula 4 ESTRESSE E TRABALHO Nesta aula, falaremos mais sobre o comportamento humano nas organizações de trabalho. 32 minutos INTRODUÇÃO Estudante, bem-vindo! Nesta aula, falaremos mais sobre o comportamento humano nas organizações de trabalho. Você consegue imaginar como ficam as questões de ansiedade do trabalhador e quais seriam as estratégias de enfrentamento para esse sintoma? Será que isso gera estresse? E será esta a única fonte de estresse, ou temos outros fatores que funcionam como estressores em um ambiente de trabalho de saúde? Você sabia que profissionais de saúde têm maior probabilidade de adoecimento mental? Agora você consegue entender a importância de estudar o estresse dos profissionais de saúde e, ainda mais importante, quais seriam as principais fontes desse estresse no ambiente de trabalho? Isso tudo nos ajuda a pensar em prevenção! ANSIEDADE, ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO Você sabe o que é ansiedade? Pelo senso comum, ansiedade é uma aflição, angústia ou perturbação causada por uma relação com qualquer contexto de perigo. Mas, você se lembra que aqui evitamos o senso comum, não é mesmo? Para a psicologia, a definição de ansiedade tem a ver com uma resposta natural do nosso corpo (uma emoção) frente a uma determinada situação interpretada como ameaça ou perigo. Ela funciona como um mecanismo de adaptação ou ajuste para lidarmos com situações em que reconhecemos algum tipo de risco ou mudança, por exemplo, a expectativa criada frente a um grande evento que está para acontecer e pode virar nossa vida de ponta-cabeça (VIANA, 2010). Então, será que podemos entender a ansiedade como algo positivo também? Sim, a ansiedade em um "tamanho" ou intensidade manejável é o que nos faz ir atrás do que queremos, o que nos movimenta. O problema é quando ela vem em excesso e desregula todo o organismo a ponto, inclusive, dele ficar sem reação nenhuma (DALGALARRONDO, 2008). Quando a ansiedade atinge um nível que pode ser prejudicial, temos que pensar em estratégias de enfrentamento. Estratégia nos remete a um método, um plano, e enfrentamento, por sua vez, ao ato de lidar com algum obstáculo. Portanto,para lidar com questões de ansiedade, por exemplo, devemos pensar em formas de lidar com tal dificuldade. Um anglicismo (termo que vem do inglês para descrever algo) que se refere à estratégia de enfrentamento muito utilizada hoje em dia por psicólogos e psiquiatras é "coping strategies", que também pode ser usado para descrever táticas e ferramentas mentais e de comportamento para lidar com a ansiedade (técnicas cognitivo-comportamentais) (RAMOS et al., 2015). Mas, será que estratégias de enfrentamento podem ser usadas em outras situações além da ansiedade? Sim, elas podem ser empregadas em qualquer situação que gera desgaste e impossibilita a ação, como em momentos de estresse. Esta aí uma palavra que você também já ouviu muito, não é? Você sabe definir estresse? Por definição, estresse é uma resposta do nosso organismo ao acúmulo de tensões e sentimentos quando vivenciamos situações que exigem muito de nós. É também o resultado de experiências e vivências acumuladas que nos deixam em estado de alerta, o que pode levar a alterações físicas e emocionais (ESTRESSE, 2022). Temos dois tipos de estresse: o agudo e o crônico. O estresse agudo é mais intenso e curto, causado por situações passageiras, como perda do emprego ou de um ente querido. Já o estresse crônico, que hoje afeta a maioria das pessoas, ocorre de uma forma mais suave e constante, como em atividades que exigem desempenho e avaliação periódicos, por exemplo, trabalho, estudos, maternidade etc. (DALGALARRONDO, 2008). O estresse em profissionais de saúde é muito comum. Isso porque o ambiente de trabalho em saúde costuma ser mais suscetível e vulnerável a mudanças que impactam a equipe e sobrecarregam os profissionais, tanto de forma objetiva, como falta de material ou de condições de trabalho, quanto de forma mais subjetiva, como uma situação difícil com algum colega ou paciente (SANTOS et al., 2019). Quando o estresse está associado ao local de trabalho, tratamos da vulnerabilidade ao estresse no trabalho, e precisamos compreender melhor quais as fontes desse processo. Isso tudo para pensarmos em estratégias de prevenção do estresse e da ansiedade do profissional de saúde no seu ambiente de trabalho (SILVA; MOREIRA, 2019). Vale lembrar aqui a definição de prevenção para conseguirmos aprofundar, não é mesmo? Ela é um "conjunto de medidas ou preparação antecipada de (algo) que visa prevenir (um mal)" (PREVENÇÃO, 2022, [s. p.]). COMO SE CARACTERIZA A ANSIEDADE E O ESTRESSE NO TRABALHO? Agora que já temos as definições de ansiedade, estresse e estratégias de enfrentamento, vamos aprofundar um pouco mais para compreender melhor esses pontos? Você saberia dizer o que diferencia ansiedade normal de um transtorno, de um adoecimento? Quando a ansiedade transborda o sentimento, apresentando outros impactos para quem é afetado, e isso passa a trazer algum tipo de prejuízo para a vida da pessoa. Remete, em geral, a quando a intensidade da ansiedade e a ocorrência dela estão muito maiores do que estamos acostumados, sem uma possibilidade de controle ou manejo, por um período prolongado. Ou seja, quando a situação que gera ansiedade já passou e, mesmo assim, o estado de estresse continua. O alerta fica "ligado". Este é o tipo de ansiedade que pode levar ao adoecimento, e é ele que nos preocupa. As estratégias de enfrentamento devem ser encaradas não apenas para essas situações em que o adoecimento já se instalou mas também para prevenir esse processo e para podermos pensar em promover saúde. Quanto mais essas estratégias estão incorporadas na prática das pessoas e das organizações, melhor, pois em momentos de crise, além do sofrimento, os indivíduos, muitas vezes, não conseguem responder de uma maneira que já não tenha sido aprendida antes. Quais sintomas podemos observar quando uma pessoa está tendo uma crise de ansiedade ou um pico de estresse? Em ambos, podemos destacar sintomas físicos, como: • Taquicardia. • Falta de ar. • Sudorese. • Dores. • Alterações intestinais. • Náuseas. Além de sintomas psíquicos, como: • Cognitivos (dificuldade de concentração ou para tomar decisões). • Culpa. • Catastrofização (achar que tudo dará errado). • Sintomas neurovegetativos (como insônia). • Alterações de pensamento (principalmente acelerado). • Prejuízo da memória. Quando esses sintomas acontecem por tempo prolongado, podemos pensar em adoecimento, como um transtorno de ansiedade. Os transtornos de ansiedade têm sintomas muito mais intensos do que aquela ansiedade normal do dia a dia. Eles aparecem como: • Medo extremo de algum objeto ou situação particular. • Sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim acontecerá. • Preocupações, tensões ou medos exagerados: a pessoa não consegue relaxar. • Preocupações excessivas com saúde, dinheiro, família ou trabalho. • Medo de ser humilhado ou desmoralizado publicamente. • Falta de controle sobre pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem independentemente da vontade. • Pavor depois de uma situação muito difícil (DALGALARRONDO, 2008). Aqui, devemos pensar em estratégias rápidas para lidar com essa ansiedade, mas elas podem não ser suficientes para cuidar da questão no longo prazo. Para isso, precisamos de tratamentos com técnicas especializadas em ansiedade, com psicólogos e psiquiatras. Além disso, essas estratégias apagam o "fogo", porém não endereçam a razão do problema, e o incêndio pode recomeçar. Então, precisamos compreender a origem para poder pensar na prevenção desses sintomas, não é mesmo? Quando focamos nos profissionais de saúde, observamos que eles estão muito mais expostos a inúmeras situações que favorecem o surgimento do estresse. Pensando nas fontes desse estresse, encontramos diversos fatores das condições de trabalho que não são favoráveis à saúde mental. Sabemos que esse é um setor sobrecarregado, com alta demanda de trabalho. Há uma questão de acúmulo de responsabilidades associada à precariedade da estrutura dos serviços e às redes que não se comunicam. Além disso, esses profissionais estão mais expostos à perda, à dor e ao sofrimento humano. Trabalham constantemente com a ideia de limite, impotência frente ao adoecimento e à morte de pacientes. E, de base, muitos têm a tendência a tomar para si um dever de tentar evitar qualquer sofrimento dos outros, não dando a devida atenção às suas próprias dificuldades. Esses eventos somados e não cuidados podem gerar ansiedade e estresse. Uma síndrome muito comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, entre outros, é o Burnout. Burnout é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado do acúmulo excessivo de situações de trabalho que são emocionalmente estressantes, que demandam muita competitividade ou desempenho, especialmente nas áreas de educação e saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu essa síndrome na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), em vigor desde o início de 2022 (WHO, 2021). Devemos pensar em métodos preventivos para diminuir o adoecimento das equipes de saúde e de seus profissionais. Lembre-se de que, quando falamos em prevenção, estamos falando daquilo que pode ser feito antes do adoecimento, e isso é tão importante quanto cuidar da doença em si. Se só cuidarmos da doença e não das suas causas, ela continuará acontecendo. O QUE FAZER EM CASOS DE ANSIEDADE E ESTRESSE NO TRABALHO? PREVENÇÃO Imagino que você esteja se perguntando: como podemos cuidar dos profissionais de saúde? Como podemos cuidar de quem cuida? Como cuidar de nós mesmos? Pensando no enfrentamento dos sintomas de ansiedade e estresse, temos algumas estratégias e possibilidades: • Compreender a causa: entender o que está desencadeando esses sintomas, avaliar o que nos deixa ansiosos. Reconhecer as causas nem sempre é tarefa fácil, mas devemos lembrar que são elas que desencadeiam emoções e sensações negativas. • Traçar um plano de ação: entender o que ajuda a relaxar dentro doambiente de trabalho ou diante de uma situação de estresse. Algumas técnicas de meditação e relaxamento, por exemplo, têm resultados positivos. • Buscar apoio: na percepção de que não está bem, busque ajuda. Seja de familiares, amigos, redes ou profissionais especializados. Falar sobre o que sentimos é o início do processo de melhora. • Desfocar: em momentos de crise, é importante não focar somente nos sintomas. Tente lembrar que as crises são agudas e que elas passam a partir do momento que conseguimos relaxar. • Investir: buscar atividades mais simples, com começo, meio e fim, nos dá a sensação de controle e bem-estar, o que pode diminuir a ansiedade. Por exemplo: atividade física, trabalhos manuais, estudo de línguas ou algum assunto prazeroso etc. • Manter uma rotina: uma rotina minimamente organizada auxilia nessa sensação de controle. • Estabelecer limites: compreender quando algo está ultrapassando seu limite, quando você tem que falar não para alguma tarefa ou solicitação, porque aquilo pode te causar mal. Quando tentamos empregar essas estratégias e elas não geram diminuição de sintomas, é sinal de que precisamos procurar ajuda especializada, para um cuidado especial. Psicólogos e psiquiatras podem auxiliar no tratamento da ansiedade e do estresse, tanto de forma pontual quanto no longo prazo. Para isso, podem ser consideradas três formas de tratamento: medicação, psicoterapia e associação de medicação com psicoterapia. A última forma é a mais eficaz, por diminuir os sintomas (medicação) e nos ajudar a compreender as causas e formas para lidar com situações-limite (psicoterapia). Agora que falamos de possibilidade de cuidado, vamos focar em como podemos fazer para prevenir essas situações? Você já pensou o quão contaminado pode estar seu ambiente de trabalho e como ele pode gerar adoecimento? Falar sobre adoecimento em equipe de saúde é um grande passo para começarmos a lidar com uma realidade preocupante. Esse tema é um tabu. Muita gente tem dificuldade em imaginar um médico doente, um psicólogo estressado, ou uma fonoaudióloga sem voz. Mas, eles estão aí, à nossa volta. Quem cuida também fica doente. Os índices de adoecimento da equipe de saúde sempre foram acima da média da população em geral, mas isso se agravou ainda mais após a pandemia. Dados mostram que, após a pandemia de Covid-19, os sintomas físicos aparecem nos profissionais de saúde de forma moderada a severa, destacando-se a ansiedade (28,8%), a depressão (16,5%) e o estresse (8,1%), respectivamente (SCHMIDT et al., 2020). "O coronavírus está afetando a saúde mental de muitas pessoas. Estudos recentes mostram um aumento da angústia, ansiedade e depressão, especialmente entre os profissionais de saúde." (OPAS, 2020, [s. p.]). Precisamos falar sobre saúde mental dos profissionais de saúde, sem que isso pareça como uma fraqueza deles. Aliás, saúde mental não tem nada a ver com fraqueza. Agora você consegue compreender como é necessário pensar não somente em cuidados de saúde mas também em prevenção. E como podemos prevenir o adoecimento dos profissionais de saúde? Precisamos fazer uma análise dos estressores no ambiente de trabalho e pensar em como controlá-los, a fim de minimizá-los. A ideia é ter uma prevenção contínua, para que a melhora seja consistente, buscando sempre reduzir o estresse no ambiente de trabalho. Pensar na qualidade de vida do trabalhador em saúde tem relação direta com o falar e ser ouvido, dividir as angústias em relação a todos os eventos que ocorrem no ambiente de trabalho e ouvir os colegas, para que todos possam compartilhar sensações. Isso gera maior noção de pertencimento. Além disso, é necessário avaliar instalações e ambiente físico para favorecer as condições de trabalho. Focar nas relações dentro da equipe, promover saúde por meio de palestras, oficinas e recursos oferecidos aos colaboradores, pensar em escalas menos desgastantes e melhorar interações entre chefia e subordinados são algumas possibilidades. VÍDEO RESUMO Olá, pessoal! No vídeo a seguir, você entenderá como podem surgir ansiedade e estresse relacionados ao ambiente de trabalho, em especial, na área da saúde. Compreenderá o que são estratégias de enfrentamento e como prevenir essas situações. Esse é um tema essencial para quem é profissional da saúde. Vem com a gente! Saiba mais Hoje, temos duas dicas de leitura. Ideia para você conseguir entender a questão do estresse em sua vida e como manejar esses sintomas. Isso, com certeza, lhe ajudará a pensar na sua qualidade de vida e, consequentemente, melhorar o ambiente ao seu redor. Sobre isso, a indicação é o livro O estresse está dentro de você, de Marilda Lipp. Esta é uma revisão bibliográfica bem interessante, que traz dados relevantes sobre os profissionais de saúde. Caso você queira saber mais sobre isso, leia o artigo: O estresse nos profissionais de saúde: uma revisão de literatura. REFERÊNCIAS 15 minutos Aula 1 ALBUQUERQUE, L. G.; FRANÇA, A. C. L. 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WORLD HEALTH ORGANIZATION. ICD-11 Reference Guide. WHO, 2021. Disponível em: https://icd.who.int/browse11/l-m/en Acesso em: 28 jun. 2022. Imagem de capa: Storyset e ShutterStock. · Conteúdo WEB Cw3 - Psicologia Aplicada À Saúde Período: 18/03/24 - 15/06/24 Horário: 00:00 - 23:59 (Horário de Brasilia) Cod. Atividade: 3931441 Completude: 100% Atividade Avaliações · · Cw3 - Psicologia Aplicada À Saúde · Material externo · · Unidade 3 PSICOLOGIA APLICADA AO PROFISSIONAL DA SAÚDE 140 minutos · Aula 1 - O trabalho em saúde · Aula 2 - A saúde e seus determinantes · Aula 3 - Identidade e trabalho · Aula 4 - Relação profissional de saúde e paciente/cliente · Referências Aula 1 O TRABALHO EM SAÚDE Falaremos sobre a história do trabalho em saúde, que aparece no mesmo momento em que nos damos conta que eventos em nossas vidas precisam de respostas para compreendermos as reais necessidades da saúde. 32 minutos INTRODUÇÃO Olá, estudante! Bem-vindo a mais uma aula! Hoje, falaremos sobre a história do trabalho em saúde, que aparece no mesmo momento em que nos damos conta que eventos em nossas vidas precisam de respostas para compreendermos as reais necessidades da saúde. Além disso, estudaremos sobre como esse trabalho é concebido atualmente, entendendo quais são os principais conceitos abordados para melhor compreensão do processo de trabalho em saúde e como os profissionais de saúde são importantes sob o ponto de vista da valorização da saúde coletiva. Iremos mais a fundo também na questão da saúde coletiva e suas prioridades e como podemos, além de compreendê-la, atuar nela. Ficou interessado? Vamos lá? COMO SURGE O TRABALHO EM SAÚDE? Antes de compreendermos como surgiu o trabalho em saúde, é importante entendermos quando surge a ideia de saúde. Vários conceitos do que seria doença e saúde existem desde muito cedo. No Egito Antigo, por exemplo, havia uma visão mágico-religiosa da saúde, que preconizava que a doença era o resultado das forças alheias ao sujeito e seu organismo por conta de pecados ou maldições. Entre 1829 e 1837, considerava-se que a epidemia de cólera poderia ser um sinal divino diante dos pecados humanos. Na Grécia, entre 460 a.C. e 377 a.C., começa-se a falar sobre os quatro humores (fluidos ou líquidos corporais relacionados aos elementos essenciais da natureza: água, terra, fogo e ar) e como o desequilíbrio entre eles poderia gerar doenças do coração, sistema respiratório, fígado e baço. O grande filósofo que aborda essa teoria é Hipócrates (460 a.C.-377 a.C.), considerado o pai da medicina ocidental. Até hoje, os médicos, ao se formarem, fazem o juramento de Hipócrates, conforme modelo adaptado: Juro solenemente que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos estarão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra. (HIPÓCRATES, 1932, p. 3) No séc. VI a.C., Aristóteles fala da Teoria do Calor Intrínseco, que seria a alma e o calor intrínsecos combinados ao nascer, e que da união dessas forças depende a vida. Depois desses filósofos, infinitas teorias apareceriam na tentativa de definir saúde, doença, vida e morte. A cultura Xamã defende que as doenças podem ser curadas com rituais realizados por feiticeiros (pessoas dotadas de poderes especiais), que podem expulsar os maus espíritos que se apoderam do corpo das pessoas e causam suas doenças. Atualmente, o conceito de saúde reflete o contexto social, econômico, político e cultural do momento em que é abordado, ou seja, ele vai mudando ao longo do tempo. Com isso, podemos afirmar que saúde não representa o mesmo para todas as pessoas, pois depende da época, da classe social e do lugar. A ideia do que é saúde também varia de acordo com os valores individuais e as concepções científicas, religiosas e filosóficas. Da mesma forma, o conceito de doença também varia muito. Podemos imaginar que o conceito de trabalho em saúde também muda bastante, não é mesmo? A ideia do trabalho em saúde surge a partir do momento em que o homem procura dar respostas às suas necessidades de saúde. Tais necessidades variam nas diferentes sociedades e em distintos momentos históricos, configurando uma estrutura que define os padrões de “normal” e “patológico”, tanto no nível individual como coletivo. Com isso, você saberia dizer o que é um trabalhador da saúde? Entendemos como trabalhador de saúde aquele profissional que atua em equipamentos de saúde. Isso inclui o administrativo, técnicos específicos, profissionais graduados em universidades de saúde, segurança, recepção, limpeza, cozinha, conservação etc. Um leque de possibilidades. Para melhor compreendermos o trabalho desses profissionais, precisamos retomar a definição de saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), que diz que é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades” (WHO, 1946, [s. p.]). A saúde é um direito social, inerente à condição de cidadania, e que deve ser assegurado independentemente de qualquer condição (étnica, religiosa, ideológica, política, socioeconômica, sexual, de gênero etc.). Assim, a saúde é compreendida como um valor coletivo, um direitode cada um e de todos. Mas, o que é saúde coletiva? Segundo Paim e Almeida Filho (2000, p. 63), “saúde coletiva pode ser considerada um campo de conhecimento de natureza interdisciplinar cujas disciplinas básicas são a epidemiologia, o planejamento/administração de saúde e as ciências sociais em saúde”. Logo, podemos compreender que a definição de saúde coletiva, basicamente, tem enfoque em programas de saúde focados na prevenção e promoção de saúde. COMO O TRABALHO EM SAÚDE ESTÁ NOS DIAS ATUAIS? Pensando em saúde coletiva, nosso objetivo é analisar como se configura, se desenvolve e se organiza o trabalho em saúde dentro do atual contexto social e político. Para isso, precisamos falar da diferença entre saúde coletiva, pública e privada. Quando falamos em saúde pública, falamos de coletividade? Sim e não. Para entender melhor, vamos por partes. Saúde pública é o conjunto de medidas executadas pelo Estado para garantir o bem-estar físico, mental e social da população. A Organização Mundial de Saúde (OMS), composta, atualmente, por 194 países, é o órgão que coordena a saúde pública mundial. Ela trabalha em parceria e proximidade com os governos dos países membros para aprimorar questões de prevenção e tratamento de doenças, além de buscar melhorar as condições de vida das populações de um modo geral, com a preocupação da melhoria da qualidade do ar, da água e da comida (WHO, 1946). Um exemplo de coordenação das ações em saúde global da OMS aconteceu em 2019, durante a pandemia da Covid-19. No Brasil, a saúde pública está prevista na Constituição Federal como um dever do Estado (art. 196) e como um direito social (art. 6º), ou seja, um direito que deve ser garantido de forma homogênea aos indivíduos, a fim de assegurar o exercício de direitos fundamentais (BRASIL, 1988). Assim, tendo em vista esse dever do Estado e direito social, em 1988, é constituído o Sistema Único de Saúde (SUS) pela Constituição Federal, regulamentado pela Lei nº 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde), que o define da seguinte forma: “conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público” (BRASIL, 1990, [s. p.]). Portanto, o SUS é formado por todas as medidas executadas direta ou indiretamente pelo Estado para melhorar a saúde pública. É comum associarmos o SUS às filas quilométricas e à falta de profissionais e remédios, porém podemos considerar isso uma perspectiva de senso comum (tema já visto em aulas anteriores). Você sabia que o SUS é um dos maiores e mais elogiados sistemas de saúde pública do mundo? Vários países investem em pesquisa sobre o nosso sistema de saúde, pois ele funciona bem e de forma mais eficiente e coletiva que muitos outros programas de saúde pelo mundo afora (HARTZ; POUVOURVILLE, 1988). Além disso, o SUS tem vários programas de saúde que abarcam saúde coletiva, sendo seis deles considerados referências no mundo, são eles: • Saúde da Família. • Programa de vacinação. • Controle de HIV/Aids. • Transplantes. • Tratamento contra Hepatite C. • Controle do tabagismo. Agora, você pode estar pensando: saúde pública é saúde coletiva? Não necessariamente. Além de promover programas de saúde coletiva, o SUS também pode financiar tratamentos de doenças que podem não ser consideradas do coletivo, e sim de uma única pessoa ou de uma minoria. Isso está garantido em lei (SOUZA, 2014). Logo, a saúde coletiva pode estar inserida nas políticas de saúde pública, mas essa última pode ter outros focos também. Da mesma forma, saúde privada (que é paga sob a forma de planos e seguros de saúde, composta por hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios particulares) também pode ser fonte de saúde coletiva. Alguns órgãos privados investem em pesquisa de saúde coletiva, pensando na prevenção e promoção de saúde. Investir em prevenção e promoção de saúde a médio e longo prazo pode gerar economia de custos e mais lucro do que cuidar de doenças específicas, mais complexas. Assim, investir em prevenção é uma forma de poupar gastos crescentes com uma população que envelhece e pode adoecer mais. Uma vacina é mais barata do que o tratamento de sarampo, por exemplo. Além disso, pensando em saúde coletiva, outro aspecto importante é que, quando nos vacinamos, cuidamos de nós mesmos e do próximo, pois evitamos a disseminação de algumas doenças (ou seja, uma ação individual estimulada por uma política de saúde coletiva), o que beneficia a saúde pública como um todo. Compreendeu o valor do profissional de saúde nas estratégias de saúde coletiva? Esse profissional é fundamental no processo de prevenção e manutenção dos cuidados à saúde do indivíduo e da saúde de toda uma comunidade ou população. O QUE NOS FAZ PROFISSIONAIS DE SAÚDE COM VALOR SOCIAL? Nessa parte da aula, falaremos sobre como podemos atuar em saúde frente aos valores coletivos. É fundamental que o profissional da saúde conheça e compreenda as diferenças do que é um valor coletivo em saúde. Imagine a grandeza desse processo e como você pode fazer diferença no todo. Às vezes, achamos que uma gota no oceano não fará diferença, mas imagine várias gotas e, sim, você pode ser uma gota que faz toda a diferença. Pensar em saúde coletiva significa investir em bem-estar e qualidade de vida não apenas de indivíduos, mas da população em geral. Nesse sentido, quais são as prioridades em saúde coletiva? A saúde coletiva é um campo de atuação multidisciplinar resultante da integração entre as ciências biomédicas e as ciências sociais. Surge das interações dos indivíduos com os contextos sociais, econômicos e ambientais e da percepção de como as condições de salubridade de uma comunidade podem ser afetadas por essas interações. As ações de saúde coletiva estão relacionadas com apreensão e compreensão das necessidades de saúde; ações de promoção, vigilância e educação em saúde; estratégias de democratização da saúde e controle social e ações intersetoriais. Sendo assim, qual seu papel nesse contexto? Essa reflexão é necessária para que você possa compreender sua parte no todo e entender como atuar melhor em sua área específica de conhecimento. Você passa a fazer parte de uma força coletiva que trabalha em prol da saúde da coletividade. Quando pensamos no valor do profissional da saúde, percebemos a importância da força humana, trabalhando em conjunto e utilizando princípios éticos, empáticos e de compreensão crítica para garantir um bem comum: a saúde da população. O papel do profissional de saúde pode deixar de ter uma relação direta apenas com determinado paciente para pensar o contexto social em que essa pessoa está inserida, ou seja, compreender e alcançar o coletivo. Fazer esse exercício de olhar o todo e depois focar em apenas uma parte (indivíduo), ou vice-versa, é uma atitude importante em qualquer campo do conhecimento. E na área do trabalho em saúde é fundamental, pois dessa forma reduzimos o risco de ficarmos restritos apenas a uma percepção particular ou enviesada da realidade e abrimos espaço para questionamentos, críticas e a possibilidade de construção de saídas criativas para problemas coletivos e complexos. Para mudar o olhar, na Gestalt-terapia, que é uma linha humanista da psicologia, existe um exercício que chamamos de figura e fundo. Você já ouviu falar? Observe a figura a seguir. Tente observá-la de diferentes maneiras. Figura 1 | Exercício figura e fundo Fonte: Shutterstock. O que você viu em um primeiro momento ou plano é igual em um segundo momento, quando você muda a forma de olhar, o foco? Olhe de novo, tente ver mais de uma possibilidade. Quantas possibilidades você conseguiu enxergar? Uma árvore? Dois rostos que se aproximam? O que mais? Esperamos que tenha gostado desse exercício, pois ele é muito similar ao que precisamos fazer, em diversos momentos, em nossa vida e em nosso trabalho. Em saúde coletiva, por exemplo, quando temos um problema, podemos optar por uma solução mais imediata, seguindo determinado pontode vista ou conduta. Mas, caso consigamos nos desprender da resposta anterior, será possível enxergarmos outras possibilidades? Caminhos diferentes para um mesmo objetivo? É muito enriquecedor pensar em trabalhar em saúde, não é mesmo? VÍDEO RESUMO No vídeo desta aula, entenderemos mais sobre saúde coletiva e pensaremos em como podemos atuar dentro desse contexto para gerar maior qualidade no processo de garantir saúde para uma população. Falaremos de exercícios de figura e fundo e construiremos juntos as várias possibilidades para alcançarmos um objetivo comum. Saiba mais Caso você queira compreender melhor as diferenças de saúde pública e coletiva, separamos um artigo muito interessante, intitulado Saúde pública ou saúde coletiva?, que fala desse assunto e como essa diferença pode acontecer em diversos âmbitos. Aula 2 A SAÚDE E SEUS DETERMINANTES Para ampliar estes conceitos, apresentaremos aspectos biológicos, psicológicos, sociais e biopsicossociais. 30 minutos INTRODUÇÃO Olá, estudante! Bem-vindo a mais uma aula. Hoje, falaremos sobre alguns aspectos dos determinantes da saúde. Será que você consegue entender o que podem ser esses determinantes? Se não, não se preocupe, pois ao final da aula você estará por dentro desse tema. Para ampliar estes conceitos, apresentaremos aspectos biológicos, psicológicos, sociais e biopsicossociais. Este último é a integração dos outros três, e é fundamental para trabalharmos em saúde, seja ela pública, privada ou coletiva. É fundamental entender que aspectos biopsicossociais podem funcionar como determinantes da saúde, para ampliar nosso conhecimento como profissionais da área. Vamos lá? QUAIS SÃO OS DETERMINANTES EM SAÚDE? Para compreendermos os determinantes da saúde, precisamos retomar alguns pontos, e a definição de saúde é um deles. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é “o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença” (WHO, 1946, [s. p.]). De acordo com esta definição, percebemos que não basta não ter doenças para ser saudável, é fundamental estar bem em diversos aspectos da vida. Por conta dessa definição, podemos pensar em aspectos que podem influenciar diretamente a construção do que pode vir a ser a saúde, tais como: • Aspecto biológico: busca compreender como a causa da doença pode decorrer do funcionamento do corpo (da biologia) do indivíduo. • Aspecto psicológico: a psicologia busca a melhora da saúde, a prevenção e o tratamento de doenças. Muitas práticas clínicas buscam modificar o ambiente da pessoa e sua resposta a estímulos e a mudança de seus pensamentos, crenças, sentimentos e atitudes em relação à saúde. • Aspecto social: investiga como os diferentes fatores sociais, como o status socioeconômico, a cultura e as relações sociais, podem influenciar a saúde. • Aspectos biopsicossociais: o conceito de saúde compreende não somente a ausência de doença, mas um estado completo de bem-estar físico, psicológico e social do indivíduo. É uma abordagem mais integral da saúde do indivíduo. Os aspectos biopsicossociais vão na direção da definição de saúde da OMS. Com isso, podemos compreender que todos esses aspectos são fundamentais para o que entendemos como saúde. Para identificar os fatores externos que podem influenciar de maneira negativa a qualidade de vida das pessoas, existem os determinantes de saúde, que também auxiliarão na criação de medidas globais para a redução da desigualdade. Como podemos deduzir, determinante é tudo aquilo que determinará, decidirá, gerará algo. Portanto, determinantes em saúde são os fatores que definirão nossa saúde individual e coletiva. Parece simples, não? Na raiz do significado, sim, mas perceberemos, nesta aula, que há fatores bastante complexos nesse cenário. Quais determinantes são centrais na saúde no contexto atual? Segundo a Lei Orgânica da Saúde, os fatores determinantes e condicionantes da saúde são: alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, transporte, lazer e acesso aos bens e serviços essenciais para a saúde (BRASIL, 2011). Nesse contexto, os determinantes da saúde podem ser definidos como os fatores que influenciam, afetam e/ou determinam a saúde de todos os povos e cidadãos (CARVALHO, 2012). Portanto, podemos compreender que o equilíbrio entre saúde e doença pode ser determinado por uma grande variabilidade e combinação de fatores de origem social, econômica, cultural, ambiental e biológica (genética), que é exatamente a definição de aspectos biopsicossociais. COMO OS DETERMINANTES EM SAÚDE PODEM INFLUENCIAR NOSSO TRABALHO? Para compreendermos melhor os determinantes de saúde, usaremos a referência da Organização Mundial de Saúde (OMS), que classifica determinantes sociais em saúde como as condições em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem, incluindo aí o próprio acesso aos serviços de saúde. São determinantes sociais porque são compreendidos de forma coletiva e no macro contexto socioeconômico. Com isso, as circunstâncias citadas são moduladas também pela distribuição de renda, poder e recursos em nível global, nacional e local, questões influenciadas por decisões políticas e geopolíticas. Esses determinantes sociais seriam os responsáveis pelas diferenças injustas e evitáveis entre pessoas e países. Como um dos focos da OMS é justamente a descentralização dos poderes, em 2006, no Brasil, foi criada a Comissão Nacional de Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS). A CNDSS reafirma que os determinantes sociais são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). Tal comissão tem três compromissos (CNDSS, 2006): 1. Ação: apresentar recomendações concretas de políticas, programas e intervenções para o combate às injustiças (iniquidades) de saúde geradas pelos Determinantes Sociais da Saúde (DSS). 2. Equidade: a promoção da equidade (respeito à igualdade de direitos) em saúde é fundamentalmente um compromisso ético e uma posição política, com fim de assegurar o direito universal à saúde. 3. Evidência: recomendações devem estar solidamente fundamentadas em evidências científicas, que permitem, por um lado, entender como operam os determinantes sociais na geração das iniquidades em saúde e, por outro, como e onde devem incidir as intervenções para combatê-las e que resultados podem ser esperados em termos de efetividade e eficiência. Os principais objetivos da CNDSS são: - produzir conhecimentos e informações sobre os DSS no Brasil; - apoiar o desenvolvimento de políticas e programas para a promoção da equidade em saúde; - promover atividades de mobilização da sociedade civil para tomada de consciência e atuação sobre os DSS (CNDSS, 2006, p. 89) Entendendo a saúde como um processo social, os aspectos socioeconômicos e as decisões políticas interferem diretamente nas condições de vida e na saúde das populações. Você percebe que estar doente ou saudável dependerá diretamente de como é a sua rotina, das suas relações afetivas e sexuais, do estado da sua saúde mental, das atividades do trabalho que você faz, onde e como você mora, que tipo de lazer você tem, como está a sua alimentação, entre outros fatores. Portanto, todos os aspectos que circundam a vida de cada indivíduo e o estilo de vida de cada um. Para compreender isso, podemos utilizar a imagem de Dahlgren e Whitehead (1991), que demonstra a estratificação dos determinantes em saúde frente ao contexto socioambiental em relação ao estilo de vida dos indivíduos, ou seja, todos os fatores que podem perpassar as nossas vidas e com isso influenciar em aspectos de nossa saúde de forma direta e indireta. Figura 1 | Determinantes sociais de saúde, segundo modelo de Dahlgren e Whitehead (1991) Fonte: Brasil (2008, p. 47). O Brasil é um país muito grande e desigual. Por conta disso, precisamos entendê-lo em seus diversos contextos e realidades. Mesmo dentro de umaúnica cidade, como São Paulo, você encontra variáveis e vulnerabilidades muito distintas nos diferentes territórios. Em áreas muito urbanizadas, onde o transporte é um problema, você pode enfrentar um estilo de vida intenso e estressante, sem tempo para se alimentar ou fazer atividade física de forma regular. Além disso, estresse e saúde mental podem estar em jogo em função do acúmulo de trabalho. Com isso, podemos imaginar que, ao adoecer, as pessoas desses lugares poderão enfrentar com mais frequência problemas, como câncer, obesidade, problemas cardíacos, diabetes, depressão, ansiedade etc. Já nas regiões mais vulneráveis do Brasil, onde não há saneamento básico, moradia apropriada, oferta de emprego e acesso adequado à saúde, as pessoas podem ter mais riscos de enfrentar questões, como gastroenterites, malária, dengue, leishmaniose, Doença de Chagas etc. São tantos cenários e contextos diferentes em um único país, estado e cidade, não é mesmo? Assim, os determinantes sociais da saúde podem ajudar na identificação de quais fatores externos podem influenciar de maneira negativa a qualidade de vida e a saúde das pessoas. Com isso, eles ajudam na criação de medidas globais (políticas públicas) para redução das desigualdades, prevenção e promoção de saúde de forma coletiva. COMO PODEMOS TRABALHAR OLHANDO OS DETERMINANTES EM SAÚDE? Os determinantes de saúde são todos os fatores que interferirão na vida das pessoas, seja individual ou coletivamente, dando a elas qualidade de vida (saúde) ou contribuindo para o aparecimento de doenças. Por isso, eles são fundamentais para quem trabalha com saúde. Mas, como os profissionais de saúde podem analisar e elaborar planos de ação que garantam a prevenção e promoção de saúde de forma mais igualitária, olhando sempre para o coletivo? Sabemos que o modelo biopsicossocial fornece a abordagem mais completa para se observar o indivíduo e suas condições de vida. Esse é o modelo que deve ser incorporado à formação dos profissionais de saúde de forma geral, porque, além do aprendizado e da evolução das habilidades técnico-instrumentais, é essencial que ele entenda aspectos sociais e desenvolva capacidades relacionais, que permitam o estabelecimento de um vínculo adequado e uma comunicação efetiva. Isso tudo favorece um cuidado integrado dos indivíduos dentro do contexto coletivo. O modelo biopsicossocial trabalha na perspectiva de que o funcionamento do corpo (bio) pode afetar a mente (psico) e que, por sua vez, a saúde mental também pode afetar o corpo. Além disso, as questões ambientais (sociais) estão permeando o tempo todo o estilo de vida das pessoas, afetando seu corpo, sua mente e sua saúde. O modelo biopsicossocial dá mais autonomia ao paciente em relação ao seu próprio cuidado. Por conta disso, o modelo biopsicossocial é a perspectiva mais abrangente para entender o ser humano, já que ele compreende a saúde e a doença como resultado das interações entre fatores biológicos, psicológicos e sociais. Esse modelo também expressa a coerência entre corpo e mente como fundamental para a constituição do equilíbrio humano. Tudo isso leva a uma busca do profissional da saúde por uma melhora na qualidade de vida das pessoas, calcada em uma prática clínica multiprofissional, que visa à promoção da saúde, à autonomia do indivíduo e à adoção de hábitos de vida saudáveis, com consequente redução do adoecimento. Para isso, precisamos compreender o que é qualidade de vida. Tanto o paciente quanto os profissionais de saúde precisam conhecer os principais pontos: • O bem-estar físico. • O bem-estar mental. • O bem-estar psicológico. • O bem-estar emocional. • Relacionamentos afetivos. • Relacionamentos com a família. • Relacionamentos com os amigos e colegas. • A saúde. É fundamental entender que pacientes em processo de adoecimento ou de prevenção de adoecimento são diferentes de pacientes crônicos. O olhar biopsicossocial deve estar presente sempre, a fim de criar um espaço de atendimento empático, no qual a relação com o profissional de saúde possa acontecer da melhor forma possível. Um profissional empático faz com que o paciente se sinta mais à vontade para falar sobre suas principais dores, angústias e aflições, o que contribui para um importante efeito terapêutico, além de torná-lo mais colaborativo e satisfeito com todo o processo de atendimento. VÍDEO RESUMO Neste vídeo, falaremos sobre determinantes da saúde e discutiremos sobre como um trabalho no modelo biopsicossocial pode ser integrado para melhorar a atenção aos pacientes e a própria compreensão do profissional de saúde frente ao seu trabalho e à sua equipe. Essa perspectiva é fundamental para trabalharmos em saúde. Precisamos entender quais aspectos biopsicossociais funcionam como determinantes da saúde e como podemos melhorar nosso conhecimento como profissionais da área. Vamos lá? Saiba mais Estudante, caso você tenha interesse e queira saber mais sobre a história da saúde no Brasil, seus processos políticos e como é estruturado o SUS, o livro Saúde coletiva, de autoria de Greisse Bassinelo, é essencial. Aula 3 IDENTIDADE E TRABALHO Falaremos sobre identidade e trabalho e continuaremos a focar nos aspectos biopsicossociais que envolvem o relacionamento terapeuta/paciente. 31 minutos INTRODUÇÃO Estudante, na aula de hoje, falaremos sobre identidade e trabalho e continuaremos a focar nos aspectos biopsicossociais que envolvem o relacionamento terapeuta/paciente. Falaremos também da função do trabalho e da relação entre trabalho, qualificação e reconhecimento no âmbito da saúde. Trataremos de como as relações entre o trabalho e a autoconstrução podem auxiliar no processo da clínica de saúde e qual a necessidade da autoconstrução sob o ponto vista de suas subjetividades dentro da perspectiva da clínica do trabalho. Um fator importante nesse tópico, sem dúvida, é a questão da subjetividade e as correlações entre trabalho, saúde e identidade. Ao finalizar a aula, você deverá estar apto a elaborar uma tabela contendo os principais tópicos da relação do profissional de saúde e os clientes no âmbito da clínica de saúde. Vamos lá! COMO COMPREENDEMOS A IDENTIDADE DE TRABALHO? Para abordarmos a questão da identidade e do trabalho, precisamos compreender que identidade tem a ver com a forma que nos enxergamos no mundo, nos identificamos. No modo literal, seria um documento (RG, certidão etc.); no modo subjetivo, é o que nos representa (masculino, feminino, profissional de saúde, filho, pai etc.). Identidade é o que nos move e nos diferencia em relação aos outros, o que nos faz criar conexões com determinadas coisas em detrimento de outras. A identidade que estamos pensando aqui nessa aula é a subjetiva, a sua identidade/identificação em relação ao trabalho em saúde e o que isso pode gerar como resultado. Precisamos pontuar que pensamos em saúde sob o ponto de vista biopsicossocial, tanto naquilo que envolve o relacionamento terapeuta/paciente como também em relação ao próprio profissional de saúde. A partir desse olhar amplo e contextualizado dos indivíduos, falaremos da função do trabalho e da relação entre trabalho, qualificação e reconhecimento, sempre no âmbito da saúde. Você consegue compreender qual a função do trabalho em sua vida? Essa resposta pode ser muito pessoal e estar atravessada por questões subjetivas dentro do seu contexto sociocultural, não é mesmo? Todavia, se pensarmos de forma mais generalista, podemos alcançar uma explicação mais ampla do que é a função do trabalho. Dessa forma, o trabalho pode ser entendido como uma condição essencial na sociedade em que vivemos, não apenas pela questão financeira (individual e social) mas também pelo significado e sentido que a vida ganha a partir desse aspecto. Logo, entendemos que o trabalho é uma parte integrante e importante de nossas vidas. A função do trabalho vai muito além de ganhar nosso dinheiro para viver e sobreviver, tem a ver com nossa realização pessoal, o sentido de ser útil de alguma forma na vida pessoal, familiar e social. Assim,o trabalho tem para o indivíduo um significado de representatividade social por meio daquilo que ele realiza, como uma forma de reconhecimento dessas atividades para atingir seus objetivos. O sentido é apresentado em forma de valor pessoal, satisfação e autorrealização para cada um (NEVES et al., 2018). Pensando nisso, como poderíamos reconhecer no ambiente de saúde essa função do trabalho? Você consegue se imaginar nesse contexto? É importante pensar na saúde como qualquer outro ambiente de trabalho, com responsabilidades e funções específicas. Porém, trabalhar em um ambiente de saúde é, muitas vezes, enfrentar uma condição insalubre, por questões como carga horária, estruturas precárias, sensação de impotência frente a dores e perdas etc. Por conta dessas peculiaridades, nossos cuidados como profissionais de saúde precisam ser sempre constantes, buscando suporte, amparo técnico, qualificação, reciclagens e feedbacks sobre nossa atuação, e isso inclui, claro, a busca de reconhecimento pela dedicação e pelo desempenho adequado das nossas funções. Mas, aí você pode parar para pensar e perguntar: isso é automático? Claro que não! No entanto, você já pode estar imaginando que isso tenha ligação com as relações de trabalho e a autoconstrução. As relações de trabalho referem-se a todas as relações que ocorrem no ambiente de trabalho, sejam elas com colegas, chefes, clientes, pacientes, fornecedores etc. Já a autoconstrução no ambiente de trabalho em saúde se referirá ao aperfeiçoamento e à capacidade do próprio profissional de compreender como ele pode se modificar para melhorar habilidades e, com isso, ficar mais habilitado ao trabalho. E esse processo pessoal pode contribuir para o desenvolvimento dos demais profissionais e da própria instituição de saúde. Como essa autoconstrução e as relações do trabalho funcionarão? Para responder, precisamos pensar nas questões de subjetividade que atravessam qualquer relação humana e em como ficam as correlações entre trabalho, saúde e identidade. Lembrando que a subjetividade pode ser definida como a expressão de pontos de vista e julgamentos de valor da própria pessoa, seus sentimentos e suas preferências (SUBJETIVIDADE, 2022), ou seja, são as individualidades de cada um e o contexto em que essa pessoa se constrói. Como será que tudo isso acontecerá no ambiente de trabalho em saúde? IDENTIDADE DE TRABALHO: APROFUNDANDO CONCEITOS Para compreendermos melhor o que significa o processo de identidade e trabalho, aprofundaremos alguns conceitos. Pensando na função do trabalho como algo que vai além da sobrevivência financeira, chegamos à questão da satisfação pessoal. Já sabemos que, quando um profissional está satisfeito, ele tende a produzir mais e com maior qualidade, além de se sentir pertencente ao ambiente de trabalho e mais integrado às relações com os colegas. E isso tudo é muito importante para validar a sua identidade no trabalho. Partindo desse ponto de vista, podemos entender a correlação entre trabalho, qualificação e reconhecimento como um evento circular e interdependente. Figura 1 | Ciclo Trabalho - Qualificação - Reconhecimento Fonte: acervo dos autores. Entenderemos melhor: todo trabalho exige algum grau de qualificação e de reconhecimento para validação. Quanto mais qualificação, maior chance de reconhecimento e, como consequência, mais disposição para realizar o trabalho. Esse movimento pode gerar maior empenho e vontade para aprender mais. É um fluxo circular, mantido de forma individual e que fará toda diferença no coletivo. Porém, sabemos que o ambiente de trabalho pode ser influenciado por fatores negativos que atrapalham a manutenção desse ciclo (Figura 1) de trabalho - qualificação - reconhecimento. Quando o trabalhador enfrenta, por exemplo, um ambiente com condições insalubres (falta de material e de equipamentos de segurança; infraestrutura inadequada; relações interpessoais conflituosas; falta de valorização e reconhecimento etc.), sua qualidade de vida e sua saúde física e mental podem ser comprometidas (ABRAMO, 2019). Por outro lado, temos características positivas no trabalho, (segurança financeira; oportunidade de crescimento pessoal; relações sociais construtivas; autoestima) as quais podem propiciar a manutenção deste ciclo (Figura 1), protegendo o trabalhador de riscos ambientais e psicossociais, melhorando a saúde e qualidade de vida (ABRAMO, 2019). Com isso, o trabalho passa a ser fonte de bem-estar e autorrealização, gerando sensação de prazer, fator fundamental para a construção da subjetividade do trabalhador nesse ciclo (Figura 1) (NEVES et al., 2018). Em resumo, podemos compreender que é necessário um equilíbrio entre as características positivas e negativas no trabalho, a fim de manter a qualidade de vida no trabalho em saúde. Essa realização pessoal vai na direção do processo de autoconstrução, pois um profissional motivado busca aprimorar e melhorar o ambiente em que está, melhorando todo o contexto da clínica de saúde. O mundo do trabalho em saúde é repleto de novas tecnologias, o que exige a necessidade de aprimoramento constante por parte de seus profissionais, com a finalidade de melhorar o desempenho das atividades assistenciais, organizacionais e administrativas na gestão em saúde e no processo de pesquisa e formação profissional (BONFADA; PINNO; CAMPONOGARA, 2018). Na busca de equilíbrio pessoal e aprimoramento, precisamos pensar na subjetividade do trabalhador de saúde por meio da relação entre trabalho, saúde e identidade. Isso nos remete à necessidade de que o indivíduo consiga se reconhecer e se validar profissionalmente, passo fundamental para toda sua carreira. Após este autorreconhecimento, é importante que seu esforço e sua dedicação sejam reconhecidos por terceiros, o que gerará um sentimento de bem-estar e respeito por seu trabalho. Portanto, para obter o reconhecimento profissional, é necessário que o trabalhador se reconheça e se aproprie de seus dons, talentos, competências, esforçando-se para alcançar resultados e conquistar sua autoconfiança. E a validação externa desse processo também é essencial para que o indivíduo siga em frente, crescendo e se aprimorando ainda mais. Um ciclo virtuoso! Em suma, entendemos que o reconhecimento e a valorização dos trabalhadores em saúde contribuem para o sucesso da organização e para sua satisfação profissional. E tal fato só ocorrerá em instituições de saúde que tenham a qualidade de vida de seus colaboradores como meta, bem como a qualidade do serviço prestado (assistência), pois compreendemos que o que move o indivíduo e o seu comportamento no trabalho está relacionado com a compreensão, a valorização e o reconhecimento desse trabalhador (GOMES, 2019). COMO CONSTRUIR A IDENTIDADE NO TRABALHO? Você pode estar se perguntando: como conseguimos construir essa identidade com o trabalho? Por meio do que vimos até o momento, temos como necessidade para nossa identificação com o trabalho: • Qualificação. • Autoconstrução. • Subjetividade/Identidade. • Qualidade. • Reconhecimento. • Valorização. A construção da nossa identidade no trabalho está ligada diretamente com a forma como nos vemos frente ao trabalho que desempenhamos e como nos avaliamos por meio de reconhecimento e feedbacks. Podemos compreender que essa identidade é atravessada por questões de insalubridade específicas do trabalho em saúde. No entanto, mesmo em um cenário com fatores negativos, podemos agregar posturas, atitudes e sensações que nos permitem realizar o melhor trabalho possível no aspecto individual, coletivo e de assistência. A questão mais importante é sabermos reconhecer quais são as nossas habilidades e inabilidades frente ao nosso trabalho. Esse é o ponto fundamental! E, a partir dessas constatações, buscar possibilidades de crescimento e de aprimoramento. Mas, não conseguimos isso sozinhos, precisamos ter consciência que nosso trabalho interfere no do outro, o do outro interfere em nós, e o todo só acontece por conta da subjetividade de cada indivíduo e da soma dessas subjetividadesna equipe. O resultado pode ser uma equipe integrada, que valoriza as diferenças de ponto de vista como potência, e com isso consegue oferecer melhores resultados na assistência ao paciente. O profissional de saúde, assim como qualquer outro, precisa se sentir qualificado para exercer sua função com qualidade e eficiência. E precisa de autoconsciência de suas questões emocionais, cognitivas e relacionais. Por conta disso, precisamos pensar em como a educação permanente em saúde pode nos amparar, com base científica e atualizada. E ela deve ser uma realidade na vida de profissionais de saúde, já que nosso trabalho não é estático. Ele muda a cada nova descoberta, e precisamos e devemos nos atualizar com frequência. O processo de aprendizagem e a troca com colegas pode nos fazer ampliar nossa visão e valorização, para que possamos garantir, além da qualificação profissional, a competência de nos autoconstruir, por meio do ciclo qualificação > reconhecimento > trabalho. E isso pode gerar melhores resultados na própria equipe e na assistência aos pacientes, o que também nos ajuda a construir e reforçar nossa identidade de trabalho. Agora, você saberia dizer como podemos lidar melhor com a identidade do nosso trabalho em saúde na relação com a assistência (pacientes)? Sabemos que, para o trabalho em saúde, precisamos estar saudáveis e por inteiro, não é mesmo? Somente assim conseguimos ser empáticos, propiciando resultado favorável tanto na relação da assistência individual como na coletiva. Para facilitar, levantaremos alguns pontos que podem nos ajudar: • Qualificação profissional. • Comprometimento profissional. • Planejamento do trabalho desenvolvido. • Capacidade de resolução de conflitos. • Capacidade empática. • Relacionamento interpessoal. • Reconhecimento da gestão. • Reconhecimento de colegas. • Reconhecimento de pacientes. • Incentivo. Precisamos prestar atenção em pontos que podem nos atrapalhar: • Sobrecarga de trabalho. • Falta de condições de trabalho. • Instabilidade profissional. • Falta de incentivo à qualificação. • Invisibilidade. • Falta de respeito. • Autonomia reduzida. É necessário adotar medidas que minimizem os fatores que interferem negativamente na qualidade do desenvolvimento dos trabalhadores em saúde. Assim como é central implementar ações que possam fortalecer e promover os fatores positivos para uma vida de trabalho e pessoal saudável, feliz e com maior qualidade. Somente quando o profissional de saúde se valoriza e acredita em sua potência que ele consegue fazer trocas verdadeiras e gerar resultado benéfico no processo da saúde como um todo. VÍDEO RESUMO Estudante, hoje, em nosso vídeo, falaremos sobre a questão da identidade no trabalho e como as variáveis que compõem essa identidade podem facilitar a relação com o paciente. Convidamos você a pensar em si próprio e a compreender quais são os limites que precisam ser superados para nos transformarmos em profissionais mais qualificados e efetivos. Interessou-se? Vamos lá? Saiba mais Caso você tenha mais interesse em como compreender e desenvolver a sua identidade, segue a indicação de um livro simples e cheio de possibilidades para exercer o autoconhecimento, Identidade: qual é a sua?, da autora Alessandra Mendonça Vasques Ferreira, disponível na Biblioteca Virtual. Aula 4 RELAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE E PACIENTE/CLIENTE Tópico central para entendermos como podemos garantir que os pacientes tenham melhor aderência ao tratamento. 32 minutos INTRODUÇÃO Estudante, bem-vindo a mais uma aula! Hoje, falaremos sobre a relação do profissional de saúde com os pacientes. Tópico central para entendermos como podemos garantir que os pacientes tenham melhor aderência ao tratamento. Além disso, abordaremos as influências dos aspectos emocionais no campo da saúde e o que podemos fazer para garantir um melhor atendimento. Nessa aula, teremos também um tema muito importante para focar, que é a relação do paciente e sua família com o profissional da saúde e como essa relação pode impactar diretamente no comportamento do paciente frente ao tratamento proposto. Ficou interessado? Vamos juntos construir esse conhecimento? RELAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE E PACIENTE, O QUE É ISSO? Para compreendermos melhor a relação do profissional de saúde com o paciente, precisamos relembrar alguns conceitos. A definição de relação tem a ver com vínculo afetivo, e não seria diferente na relação de trabalho na saúde. O afeto no atendimento do paciente é fundamental para um melhor resultado (RELAÇÃO, 2022). É importante saber que, quando tratamos de relações humanas em saúde, estamos pensando em como investir na qualidade da relação do profissional com seus pacientes e em como evitar a desumanização nesse processo. A desumanização da relação pode acontecer por conta do formalismo dos protocolos de atendimento e de coleta de dados, e é preciso lembrar que o ser humano não pode ser reduzido a esquemas simples e mecanicistas. As relações humanas são os objetos de estudo da psicologia. E se vocês se lembram, elas podem ser divididas em dois tipos: relação intrapessoal e relação interpessoal. Enquanto a relação intrapessoal refere-se à comunicação interna do indivíduo, a relação interpessoal refere-se à maneira como nos relacionamos com o próximo. Na área da saúde, as relações que vêm da interação entre os pacientes e os profissionais de saúde se desenvolverão a partir de um referencial biopsicossocial. O equilíbrio dessas relações pode se dar por meio da escuta do profissional e da participação e autonomia do paciente frente às decisões sobre sua saúde. Fica evidente aqui a necessidade de uma comunicação clara com o paciente, sendo a comunicação um processo complexo de manifestações verbais e não verbais, reações emocionais, físicas e comportamentais. Logo, a boa relação profissional de saúde e paciente deve estar baseada na escuta desse paciente, com olhar empático e qualidade técnica (BACKES, 2005). Esse olhar gerará mais trocas com o paciente, e maior chance de ele aderir ao tratamento. Você sabe o que é aderir ao tratamento? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), adesão ao tratamento significa "a medida com que o comportamento de uma pessoa corresponde às recomendações de um profissional da saúde” (WHO, 2003, [s. p.]). A adesão ao tratamento tem, conforme a definição da OMS, uma relação direta com as recomendações do profissional de saúde. Assim, quanto melhor forem as relações e a comunicação do paciente com o profissional, maiores as chances de ele seguir as recomendações e não abandonar o tratamento proposto no meio do caminho. Temos que lembrar que o tratamento não se resume a ir aos serviços de saúde e se consultar com os profissionais. O tratamento envolve comportamentos diversos, como uso correto de medicações e modificações de hábitos e comportamentos. E sabemos bem que as pessoas só mudam quando estão motivadas e quando aquilo que é proposto faz sentido para elas. Imagine como é difícil mudar de maneira radical a forma como você se alimenta ou ter que tomar remédio o resto da vida se você não entende claramente a importância de tudo isso na busca pela sua saúde. Nesse sentido, a relação com os profissionais e o protagonismo do paciente são passos fundamentais. Sem contar que receber uma notícia complicada em relação à saúde ou mudar um hábito arraigado no comportamento (deixar de fumar, por exemplo) envolve não apenas o paciente com quem falamos mas também as pessoas que vivem ao seu redor. Portanto, as relações em saúde se estendem para outros elementos, seja a família de origem, a família que a pessoa formou ou a família escolhida (amigos). COMO A RELAÇÃO COM O PROFISSIONAL DE SAÚDE PODE AFETAR A ADESÃO? Agora, na prática, como a relação com o profissional de saúde pode afetar a adesão? Se temos uma relação saudável e afetiva, com uma comunicação boa, o que propomos poderá ser melhor compreendido e absorvido. No sentido contrário, se investirmos em uma relação assimétrica, na qual o profissional se coloca sempre acimado paciente, a pessoa poderá criar resistências e se comportar como um filho que insiste em desobedecer à figura do pai ou da mãe. Também não funciona se o profissional da saúde se coloca de maneira submissa às vontades do paciente, já que há o risco de se perder credibilidade e autoridade técnica. Por isso, o equilíbrio, a boa relação e a comunicação direta são essenciais. Por conta desse tipo de resposta nas relações profissionais-pacientes, estudamos termos como transferência e contratransferência. Eles são baseados na mesma ideia, sendo que transferência acontece no sentido do usuário para com o profissional, e a contratransferência se dá no sentido inverso. Mas, o que isso significa? De um jeito simplificado, a transferência acontece quando atribuímos questões de outras relações, passadas, para as novas relações (FREUD, 1980), ou seja, quando trazemos para uma relação nova questões e atitudes que vivenciamos em outras relações, muitas vezes sem nos darmos conta. Por exemplo, tive problemas com um pai autoritário e sigo tendo dificuldade de receber ordens e orientações. Nesse caso, posso "boicotar" um tratamento por achar que o profissional da saúde só manda e não me escuta. Já a contratransferência acontece quando o profissional de saúde é impactado pelas emoções e sensações que tem ao escutar o paciente e acaba adotando posturas que podem dificultar a relação (FREUD, 1980). Nós, como profissionais de saúde, temos que estar atentos a esses fenômenos e dar um passo para trás para entender o que está acontecendo, seja na transferência ou na contratransferência. Afinal, temos que tomar cuidado com diversos elementos que podem atrapalhar a forma como as relações se estabelecem. De maneira geral, os usuários dos sistemas de saúde podem estar enfrentando momentos de fragilidade e vulnerabilidade (afinal de contas, quem é que não fica assim quando está doente?), e isso pode impactar suas relações. Em um pronto-socorro, por exemplo, a relação ocorrerá mediada pelo medo de uma condição que pode estar colocando a vida do indivíduo em risco, enquanto em programas relacionados à promoção de saúde o contato já ocorre a partir de um desejo de estar lá e melhorar, com mais tempo para construir uma boa relação (ASSUNÇÃO; QUEIROZ, 2015). Além disso, tradicionalmente na área de saúde, temos relações bastante paternalistas, em que o profissional (detentor do conhecimento técnico) manda, e ele espera que o paciente (que busca ajuda) obedeça. Modernamente, sabemos que isso não funciona tão bem como um cuidado em que o paciente também é protagonista e divide as tomadas de decisão junto àqueles que o assessoram, respeitando os saberes e papéis de cada um. Afinal de contas, assim como não tem sentido eu ter que tomar um remédio sem entender o motivo, não adianta eu querer pedir para ser afastado do trabalho se não há justificativa da área de saúde para isso. Comunicação, afeto e respeito fazem toda a diferença nessa relação. Isso lembra muito o que falamos sobre trabalhos em equipe em aulas anteriores. Essas preocupações valem também para casos de irritação e agressividade nos atendimentos. Eles podem ser motivados por problemas concretos da relação profissional-paciente, ou, muitas vezes, podem ser apenas um padrão de repetição de problemas que vêm de relações passadas ou de adoecimentos anteriores em saúde mental, que tanto o paciente como o profissional podem apresentar. E lembrar do cuidado de nunca reduzir as pessoas a um diagnóstico, já que isso pode fazer com que elas se sintam desrespeitadas, o que pode complicar a adesão e o protagonismo no seu tratamento. COMO RELACIONAR O PACIENTE, A FAMÍLIA E O PROFISSIONAL DA SAÚDE? Já aprendemos sobre como a relação entre o usuário do sistema de saúde e o profissional de saúde tem um papel central não apenas na avaliação subjetiva do serviço, mas, principalmente, na adesão ao tratamento. A compreensão de como estas relações se organizam e como podem ser usadas de maneira a contribuir para o cuidado é um conhecimento fundamental para quem trabalha com saúde. Agora, podemos pensar em como você, futuro profissional de saúde, agirá diante dessa realidade. Sabemos que, quanto mais entendermos a intencionalidade dos nossos atos, melhor podemos nos organizar. Você, provavelmente, já teve suas experiências procurando serviços ou profissionais de saúde, seja como paciente ou como familiar ou acompanhante. Você deve ter algumas boas lembranças e recordar momentos complicados, certo? O que ocorreu bem ou o que ocorreu mal? Em geral, as boas recordações têm a ver com o desfecho, com o resultado. Mas, se olharmos de perto, em geral, aquelas experiências que são lembradas como as melhores são aquelas em que fomos acolhidos, respeitados, percebidos, tratados com autonomia e dignidade e a comunicação ocorreu de maneira positiva. Assim, mesmo que o resultado não fosse o que queríamos, nos sentimos cuidados. Para algumas pessoas, mesmo o momento da perda de uma pessoa amada pode ser lembrado como uma experiência positiva, se ocorreu uma relação humanizada com os profissionais de saúde. Ninguém quer ir ao médico para não ser escutado e apenas levar uma receita para casa. No entanto, infelizmente, isso é o que acontece ainda hoje em muitas situações nos serviços de saúde. Ninguém quer ir a nutricionistas que apenas passam a mesma alimentação para todos os pacientes; psicólogos que não nos enxergam em nosso sofrimento e apenas ficam presos na sua teoria; fisioterapeutas que não pensam em ter um consultório acessível; enfermeiros que ficam presos nos afazeres e esquecem do paciente e de quem o acompanha (ASSUNÇÃO; QUEIROZ, 2015). Temos que levar em conta que nem sempre o que achamos que funcionará para determinado paciente é, de fato, o melhor caminho ou estratégia de atendimento. Às vezes, estamos repetindo uma fórmula que não dá certo ou tentando pegar um atalho que não resolverá o problema. Temos que entender a individualidade de cada um dos pacientes para tentar chegar ao melhor resultado de adesão para cada um, mesmo que esse trajeto possa parecer mais longo. Não adianta brigar e impor condutas, ouvir e ser empático pode ser muito mais produtivo. E qual tipo de profissional você quer ser? Como quer se relacionar com seus pacientes? Muitas vezes, precisamos respirar fundo e dar um passo atrás para não responder de forma automática a uma reação ou resposta do paciente com a qual não concorda. "Eu já prescrevi o tratamento correto e você não seguiu, agora volta aqui pior e vem perguntar o que deve fazer?”. Há profissionais que respondem agressão com agressão e falta de adesão com abandono do paciente. Mas, será que essas são as melhores respostas? Não é melhor entendermos o cenário como um todo e tentar ajudar de outra forma, sempre buscando essa aliança com o paciente? E aqui cabe lembrar que essa aliança pode ser ainda mais fortalecida e ampliada quando temos o suporte das pessoas que vivem próximas a esse paciente, não é mesmo? Poder ter essa atitude é essencial para cuidar da melhor forma possível do usuário dos sistemas de saúde e para podermos crescer enquanto pessoas, dentro e fora da vida profissional. VÍDEO RESUMO Olá, estudante! No vídeo de hoje, falaremos de um assunto muito importante para quem quer trabalhar em saúde: a relação entre o profissional de saúde e os pacientes e seus familiares. Veremos o que pode permear essa relação para que o paciente consiga ter o melhor e mais eficaz acompanhamento. Para isso, precisamos prestar muita atenção em como escutamos e falamos com cada paciente. A adesão ao tratamento é um dos nossos principais objetivos quando trabalhamos em saúde. Vamos aprender mais sobre esse assunto tão importante? Saiba mais Para a aula de hoje, pensamos em um Saiba mais sobre um tema mais específico, como a transferência e a contratransferência. Não precisamos que você seja um expert em psicanálise, mas seria muito interessante compreender os mecanismos dessas relações e como fazer para lidar melhor com isso, não é mesmo? Para isso, segue a dica do livroTransferência e Contratransferência, da autora Marion Minerbo (Parte I e II), mas, se você se interessar mais, ler tudo pode valer a pena! REFERÊNCIAS 15 minutos Aula 1 BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, [2022]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10 jul. 2022. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. 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Atividade: 3931442 Completude: 100% Atividade Avaliações Cw4 - Psicologia Aplicada À Saúde Material externo Unidade 4 PSICOLOGIA E DESENVOLVIMENTO 132 minutos · Aula 1 - Estrutura e dinâmica de personalidade · Aula 2 - Aspectos fundamentais para o estudo do comportamento · Aula 3 - Senescência · Aula 4 - Aspectos relacionados à finitude da vida · Referências Aula 1 ESTRUTURA E DINÂMICA DE PERSONALIDADE Conceitos psicanalíticos e das fases do desenvolvimento psicossexual. 30 minutos INTRODUÇÃO Olá, estudante! Na aula de hoje, veremos questões da personalidade, sua estrutura e dinâmica. Para isso, falaremos de conceitos psicanalíticos e das fases do desenvolvimento psicossexual. Trataremos da formação da personalidade, quais estruturas ela envolve e como funciona a questão psicodinâmica nesse processo. Finalmente, mas não menos importante, focaremos nos mecanismos de defesa dentro da perspectiva psicanalítica e como podemos usar essas ferramentas para compreender melhor os pacientes que cuidaremos ao longo da nossa profissão. Vamos lá? CONCEITOS DE PSICANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE PERSONALIDADE Estudante, hoje, abordaremos conceitos psicanalíticos para compreenderemos a base do desenvolvimento do homem. Quando falamos em desenvolvimento, estamos tratando dos processos da construção da personalidade, que constituirão a subjetividade do sujeito. Lembra-se de que subjetividade tem a ver com as especificidades de cada um e o modo como nos expressamos e vemos o mundo? Pois então, isso tem ligação direta com a nossa personalidade. Pensar nas subjetividades e na personalidade é muito importante quando pensamos em como cada indivíduo "funciona" do ponto de vista psíquico e como isso pode interferir nas interações que nós, profissionais de saúde, teremos com cada um deles. Para compreender o todo, precisamos explicar as fases do desenvolvimento. Para isso, abordaremos alguns conceitos de psicanálise que vocêjá deve ter ouvido falar por aí. Comentamos sobre Freud, o idealizador da psicanálise, que é um dos pioneiros a falar de aspectos de desenvolvimento humano que iam além da questão biológica. Ele tratava do desenvolvimento a partir de uma perspectiva psicológica, levando em consideração experiências prévias, traumas, desejos, emoções, pensamentos etc. Observe o quadro a seguir e entenda que nossa personalidade é constituída por aspectos conscientes e inconscientes. Relembre também os seus componentes: Id, Ego e Superego, que já tratamos nas aulas iniciais. Conceitos psicanalíticos: Inconsciente A mente inconsciente inclui tudo aquilo que está fora da nossas consciência. Sendo assim, pode incluir dos mais secretos desejos até as primeiras memórias da infância. Nesse sentido, trata-se de uma reservatório de pensamentos, impuldos e sentimentos. Consciente ID EGO SUPEREGO Outro conceito importante para compreendermos em psicanálise é o da pulsão. Segundo Freud, pulsão é o desejo, ou seja, é o processo dinâmico que faz o organismo se orientar para uma meta, que suprimirá um possível estado de tensão ou excitação corporal que seria a fonte desse processo (FREUD, 2004a). A partir daí teremos dois conceitos de pulsão que designarão movimentos naturais para o limiar da existência: • Pulsão de vida: preservação da existência. • Pulsão de morte: erradicação da existência (LAPLANCHE; PONTALIS, 2001). A partir desses conceitos, seguimos resumidamente para as fases do desenvolvimento psicossexual. Segundo Freud, a teoria do desenvolvimento psicossexual ocorre desde o início da infância através de cinco estágios: oral, anal, fálico, latência e genital (FREUD, 2006). 1. Fase oral (0 – 1 ano): primeira fase de desenvolvimento de uma criança, concentra-se na região oral → representada pela boca, que seria uma zona erógena (de prazer). • Após o nascimento, esta é uma área que recebe muita atenção do bebê. O ato da sucção e de se alimentar traz prazer para essa criança. Por conta disso, busca constantemente a estimulação oral, com isso o bebê também descobre nela os sentimentos de conforto e proteção. 2. II – A fase anal (1 – 3 anos): a estimulação passa da boca para o ato de controlar as necessidades fisiológicas nessa fase → controle da urina e das fezes → sentimentos desenvolvidos são de independência, uma vez que a criança vai se tornando capaz de obter controle sobre aspectos corporais que não tinha antes. • Essa habilidade deve ser estimulada pelos pais, que precisam ter cuidado para não reprimir eventuais erros e, dessa forma, criar problemas retentivos nessa criança. Assim, deve-se sempre focar nos acertos, nas vezes em que a criança se saiu bem. Essa é uma maneira positiva de reforçar a experiência e garantir uma vida adulta com menos dificuldades na questão do controle. 3. III – A fase fálica (3 – 5 anos): percepção das diferenças entre homem (pênis) e mulher (vagina) → Nessa fase, observa-se um outro aspecto da famosa teoria freudiana: o Complexo de Édipo → o menino começa a ter uma rivalidade com o pai nesta idade, desejando (simbolicamente) substituí-lo na relação com a mãe, ao mesmo tempo que teme ser punido por isso pelo pai. No caso das meninas, ocorre a inveja do pênis, segundo Freud, com isso elas ficariam ressentidas por não ter um pênis, sentindo-se “castradas” e ansiosas por não terem nascido como um homem. 4. IV – O período de latência (5 anos – puberdade): sem foco nas zonas erógenas, e sim no desenvolvimento social, na criação de laços e na convivência em sociedade → repressão da energia sexual, que continua a existir, porém deixa de ser um foco. • Nesse contexto, ficar "preso" nessa fase pode fazer com que o adulto não saiba se relacionar de forma satisfatória com outras pessoas. 5. V – A fase genital (puberdade e vida adulta): nessa fase, o interesse deixa de ser o próprio corpo, e passa a existir por meio do desejo de querer se relacionar sexualmente com outras pessoas. • Assim, se o indivíduo passou por todas as fases de forma adequada, chegará à última delas sabendo ter equilíbrio em diversas áreas da sua vida. A sexualidade ainda segue como um tema tabu até os dias de hoje, e existem muitas preocupações com “conteúdos impróprios” para as crianças. Porém, como profissionais de saúde, devemos compreender que a sexualidade é algo impossível de se desvincular de nossa vida. A energia sexual, chamada de libido (conceito psicanalítico), é uma força motora para todos os seres humanos. É o que nos move, e vai muito além do ato sexual (FREUD, 2006). A personalidade é formada a partir dessas vivências e experiências da criança. Ela é uma característica do ser humano que tem a função de organizar os sistemas físicos, fisiológicos, psíquicos e morais, de forma que, interligados, determinam a individualidade de cada ser. MECANISMOS DE DEFESA Quando pensamos em personalidade, precisamos compreender os mecanismos de defesa, que, segundo Freud, são as manifestações do Ego frente às exigências ou "invasões" das outras instâncias psíquicas (Id e Superego), ou seja, os mecanismos de defesa servem para uma melhor estruturação da nossa personalidade. Um controle que, quando bem direcionado, tende a ser mais racional e consciente (FREUD, 2007). Porém, quando ele age de forma mais inconsciente, precisamos compreender melhor as reações menos racionais e objetivas, e isso ocorre, na psicanálise, por meio do entendimento dos mecanismos de defesa utilizados com a finalidade de proteger o Ego de um possível sentimento de ansiedade, medo, culpa, entre outros (FREUD, 1996). Os mecanismos acontecem com certo investimento de energia, e eles podem ser classificados como mecanismos de defesa bem-sucedidos ou ineficazes. Os bem-sucedidos são aqueles que conseguem diminuir a ansiedade diante de algo que é perigoso. Os ineficazes são aqueles que não conseguem diminuir a ansiedade e acabam por constituir um ciclo de repetições. Existem muitos mecanismos de defesa descritos em psicologia, mas vamos nos ater aos mais básicos: compensação, expiação, fantasia, formação reativa, identificação, isolamento, negação, projeção e regressão (FREUD, 1996). Quadro 1 - Mecanismo de defesa Nome Explicação Exemplo Compensação Tentativa do indivíduo de equilibrar suas qualidades e deficiências. Uma pessoa que não tem boas notas e se consola pro ser bom em esportes. Deslocamento Refere-se a uma troca, em que a representação muda de um lugar para outro. Alguém que teve um problema com um psicólogo e passa a rejeitar todos os psicólogos. Identificação Assimilação de características de outros, que se transformam em modelos. Alguém que se identifica com um artista e tenta reproduzir isso na sua vida pessoal. Negação Negar a dor ou outras sensações de desprazer. Alguém que nega sua dor ao perder um amor. Projeção É um mecanismo que coloca para fora (no outro) o que não admitimos em nós mesmos. Pensar em ser infiel e ter medo de que seu(sua) namorado(a) o seja. Regressão Retorno a uma fase anterior do desenvolvimento, na qual as satisfações eram mais imediatas. Alguém que sofre um colapso mental assume uma posição fetal, balançando e chorando. Fonte: elaborada pelos autores. COMPREENDENDO OS CONCEITOS NA PRÁTICA Para pensarmos na prática sobre esses conceitos de desenvolvimento da personalidade, imaginaremos um exemplo prático dentro do ambiente de saúde. Como podemos reconhecer os comportamentos que aprendemos nessa aula nos casos que lidamos no dia a dia? Você já parou para se perguntar sobre isso? Diversas são as situações em que precisamos parar para observar, com certo afastamento, o comportamento do outro que está à nossa frente. Isso serve para não misturar nossos afetos com os de outras pessoas, e para conseguirmos de fato empatizar e lidar com a dor e o sofrimento do outro. Você imagina que este processo é fácil? Claro que não! Primeiro, precisamos ter consciência dos nossos afetos para fazer isso. Esta consciência pode vir por meio de conversas com outros colegas, supervisão, psicoterapia, autocompreensãoetc. Por esse e outros motivos, o cuidado com os profissionais de saúde é fundamental. Quanto mais saudável estamos, mais conseguimos cuidar dos outros, não é mesmo? Partindo desse princípio, como podemos fazer, por exemplo, para perceber se o paciente com o qual estamos lidando está frente a uma resistência de defesa? Nesse momento, é fundamental lembrarmos do que significa subjetividade: a individualidade que caracteriza o ser humano e diferencia um indivíduo do outro. Logo, é o modo particular com que cada sujeito compreende sua existência. Para pensar mais na prática, imaginaremos que você está estagiando em um posto de saúde com a equipe de saúde da família. Chega até a sua equipe um jovem, Paulo, de 20 anos, buscando apoio para parar de fumar. Na triagem, ele conta que já tentou parar de fumar por três vezes, por conta própria, sem sucesso. E cada vez que voltava, fumava ainda mais. Entretanto, hoje em dia, ele está tendo sintomas físicos de falta de ar e dificuldade para realizar as atividades cotidianas. Durante a primeira consulta, Paulo relata que até os oito anos ele usava chupeta para dormir, e na adolescência roía unha por conta de ansiedade (o que piorava na véspera de provas). A equipe de saúde da família é composta por psicólogos, assistentes sociais, médicos de família, enfermeiros e nutricionistas. Por conta da hipótese de que fatores emocionais estão relacionados ao hábito de fumar, a proposta foi uma avaliação da psicologia. Você, como estagiário, acompanhará esta avaliação, para depois contar na reunião de equipe quais propostas pensaram para Paulo. Pensando na aula de hoje, na perspectiva psicanalítica, como podemos investigar o que impede Paulo de parar de fumar? Na avaliação específica da psicologia, mais dados sobre a questão da oralidade de Paulo vieram à tona, ficando mais claro que aspectos de sua saúde emocional estão ligados a esta fase do seu desenvolvimento. Uma das hipóteses pensadas é uma certa fixação na fase oral. Ao retornar para a discussão em equipe, todos pensam em um acompanhamento medicamentoso para ajudar Paulo nessa empreitada de parar de fumar e em um processo de psicoterapia. A psicoterapia seria mais focada nas questões de desenvolvimento da personalidade de Paulo, buscando entender o que o mantém fixado nessa fase do seu desenvolvimento psicossexual, aumentando seu arsenal de recursos emocionais para lidar melhor com o ato de deixar de fumar. A equipe propõe adicionalmente mudanças comportamentais, como atividade física regular, melhor alimentação e manejo de estresse. Esse modelo mais completo de intervenção amplia as chances de Paulo conseguir largar de vez o tabagismo. Interessante pensar assim, não é mesmo? Como a psicoterapia pode ser um recurso adicional para emplacar uma mudança de hábito e melhorar a saúde dos seus pacientes! VÍDEO RESUMO Olá, estudante! No vídeo abordaremos as questões do desenvolvimento da personalidade na perspectiva psicanalítica. Como esse desenvolvimento pode influenciar comportamentos que mantemos em nossa vida e que nem sempre são saudáveis? Falaremos também da importância dos mecanismos de defesa e como podemos compreender melhor os pacientes que cuidaremos ao longo da nossa profissão a partir dessa rica perspectiva. Vamos lá? Saiba mais No saiba mais de hoje, sugeriremos para você o livro O que é psicanálise: para iniciantes ou não..., do autor Fabio Herrmann, que faz uma introdução ao tema da psicanálise, caso você tenha mais interesse. Aula 2 ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DO COMPORTAMENTO Hoje, falaremos sobre alguns aspectos em relação a como profissionais de saúde podem interpretar alguns comportamentos percebidos em seus pacientes. 29 minutos INTRODUÇÃO Olá, estudante! Hoje, falaremos sobre alguns aspectos em relação a como profissionais de saúde podem interpretar alguns comportamentos percebidos em seus pacientes. Mas, talvez, o mais importante a pensar seja bem básico: o que é comportamento? E ainda: o que é considerado comportamento normal e patológico? Falaremos sobre como esses comportamentos podem interagir com a atenção em saúde mental. Além disso, introduziremos uma classificação mais clássica e muito difundida sobre os comportamentos, no viés da psicanálise, que deve facilitar o entendimento inicial dessas questões. Vamos lá? CONHECIMENTO DE NORMAL E PATOLÓGICO SOBRE DIFERENTES PERSPECTIVAS Quando tratamos de atenção à saúde mental, o principal elemento que avaliamos é o comportamento do indivíduo. E mesmo quando pensamos em saúde de uma forma geral, o comportamento do paciente pode ser um determinante importante para sua avaliação e seu tratamento. Falar sozinho, rir sem motivos, introversão extrema, ansiedade, roer unhas, tudo isso são comportamentos que podem dar pistas importantes para o profissional em saúde. Mas, você sabe qual é a definição de comportamento? Do ponto de vista psicológico, o comportamento pode ser sintetizado como o modo que o ser humano age perante o seu ambiente. É o conjunto de reações, internas e externas, às interações e renovação propiciadas pelo contato com si mesmo e com o meio em que está envolvido (incluindo o meio social), que ocorrem de maneira dinâmica, viva (COMPORTAMENTO, 2022). A partir deste conceito, uma consequência que remete ao pai da psicanálise, Sigmund Freud, é a estrutura dos nossos funcionamentos. Funcionamentos são padrões de resposta estabelecidos pelos indivíduos. Geralmente, as pessoas respondem de maneira estereotipada, repetindo alguns padrões usuais. Ele mesmo, Freud, criou três principais eixos de estrutura psíquica que podem determinar funcionamentos e comportamentos: neurótica, psicótica e perversa (FREUD, 2016). O que são eles? • Neuroses: são funcionamentos em que a pessoa fica com um conflito psíquico mantido em segredo, oculto, inclusive de si mesmo. Por conta disso, o que incomoda fica recalcado (escondido), e o sofrimento e suas causas não podem ser claramente identificados, ou seja, o indivíduo apenas sente. Por falta da identificação da origem, a pessoa pode passar a apresentar sintomas recorrentes (FREUD, 2016). • Psicoses: na psicose, a pessoa vê fora de si tudo o que tem dificuldade de lidar como sendo seu, o problema está sempre externo a ela. É fundamental diferenciar a visão psicanalítica do que a psiquiatria considera um quadro de psicose, que ocorre quando há uma quebra de contato com a realidade, com alucinações e delírios, por exemplo (FREUD, 2016). • Perversões: são formas de obtenção de prazer a partir de relações não comuns, por exemplo, os fetiches. Frequentemente, vêm associadas à recusa em reconhecer um problema, uma dor (FREUD, 2016). Para Freud, uma vez estruturados, esses padrões de funcionamento não podem ser modificados, apenas atenuados a partir da busca de ajuda, por exemplo, na psicoterapia. E sempre fica uma dúvida: o que é normal ou patológico? O que é um comportamento normal e o que é sintoma? Para isso, temos que olhar o conceito de patologia, que é a forma com que definimos uma ou mais doenças. Conforme o modelo médico, patologia ou doença é uma estrutura de sofrimento, com características similares, evolução ao longo do tempo, que aumenta riscos para situações específicas e responde a tratamentos de diversas maneiras. Todavia, aqui, usaremos um conceito mais amplo de patologia, que vem da psicologia, que inclui os adoecimentos psicológicos, os complexos, onde a patologia está associada ao excesso de um padrão de funcionamento. As pessoas passam a responder de forma quase exclusiva, repetida, e a resposta fica enraizada e cristalizada em uma das estruturas que vimos aqui (neurose, psicose e perversão). Esse modelo de patologia pode ou não estar associado a um adoecimento médico (CANGUILHEM, 2009). E o que são sintomas? “Na psicologia usamos sintoma para descrever uma forma de expressão de um conflito psíquico. Este sintoma não necessariamente aparece no contexto de um adoecimento” (CALAZANS; LUSTOZA, 2012, p. 22). E o normal? Epidemiologicamente, baseado na matemática, normal é aquilo que ocorrecom maior frequência. Mas a normalidade para a saúde e a psicologia não é apenas isso, envolve tudo que não é considerado patológico seja perante o modelo médico, seja perante o que é considerado patológico para a psicologia. (WHO, 1946, p. 983) COMPORTAMENTO NORMAL E PATOLÓGICO Já traçamos uma linha para discutirmos o conhecimento de normal e patológico sobre diferentes perspectivas e falamos um pouco sobre funcionamentos e estruturas de comportamento. Mas, você sabe como eles dialogam entre si? Nós temos como tendência repetir padrões, mesmo que de forma inconsciente. É aparentemente mais fácil. Se funcionou uma vez, seja para nós, seja para alguém que admiramos (como mãe, pai, avô ou tia), a tendência é que aprenderemos a repetir isso. E usamos o mesmo modelo para diversas situações e áreas distintas, isso também é parte de nossa cultura, do nosso aprendizado social. No entanto, quando estamos repetindo algo que pode não fazer bem para nós ou para os outros, devemos manter o comportamento, simplesmente por fazer parte da nossa cultura ou do modelo aprendido em casa? Nossa resposta imediata e racional é "não"! Mas, e quando é um processo tão precoce, tão enraizado que não conseguimos nem perceber o que fazemos ou pensar em um comportamento diferente? É… Talvez aí fica mais difícil! Daí surgem as estruturas de funcionamento sugeridas por Freud. Ele, inclusive, fala que elas têm uma origem precoce, na infância. E a questão não é brigar com a pessoa, não é exigir que ela funcione de maneira correta, mas fazê-la entender que aquilo faz mal para ela e pode atrapalhar no desenvolvimento de suas potencialidades. Ela não escolhe funcionar daquela maneira, mas, enquanto profissionais de saúde, será que podemos ajudá-la a entender e repensar esses padrões? Será que temos que ser todos um pouco psicólogos? Será que essas mudanças são fáceis? Não adianta pensar que qualquer um pode ajudar o outro a resolver seus conflitos em um piscar de olhos, nem que basta falar que um problema existe para que ele se dissolva no ar. Por isso, é importante conhecer estes aspectos e dimensões para pensar em como encaminhar e, principalmente, como não cair na armadilha de funcionar como um modelo complementar. Complementar? O que significa? Quando falamos de um complementar, falamos de alguém cujo comportamento sustenta os funcionamentos inadequados de outra pessoa. A parceira que oferece mais bebida para o dependente de álcool, por exemplo. É um erro achar que a gente pode corrigir o funcionamento do outro. No entanto, podemos ajudá-lo nesse processo de busca e descobertas. E aí aparece aquela palavra: normal. A normalidade, entendida como ausência total de sofrimento e de qualquer sentimento negativo, é algo impossível. Algum grau de sofrimento faz parte da existência humana, seja pelas perdas que testemunhamos nos últimos anos, seja pelas coisas que já passaram e deixam saudades. Algum grau de sofrimento faz parte, é considerado normal. Porém, o sofrimento em excesso, que paralisa e bloqueia possibilidades, esse, sim, merece ser entendido e tratado. COMO LIDAR NO DIA A DIA? Já aprendemos que comportamentos são as maneiras como as pessoas reagem ao ambiente. A tendência é que as pessoas respondem de maneiras estereotipadas, com padrões de funcionamento. E que estes funcionamentos podem corresponder a estruturas psíquicas que podem ou não ser consideradas normais. Agora, podemos pensar em como os profissionais de saúde, de posse dessas informações, podem entender melhor o atendimento de seus pacientes, seja no SUS ou em outros contextos. Ter o domínio destes funcionamentos impacta na prática, não apenas na qualidade do cuidado prestado mas também nas relações humanas dentro dos sistemas de saúde. Se sabemos, por exemplo, que alguém tende a não se responsabilizar pelos seus problemas, por suas eventuais faltas e falhas, sempre se colocando no lugar de vítima, ela não está psicótica no sentido psiquiátrico, mas pode apresentar um funcionamento psicótico do ponto de vista psicanalítico, o que impede que ela desempenhe suas funções ou cuide de sua saúde de forma adequada. E como isso impacta a nossa vida? Temos que entender que este é um funcionamento daquela pessoa (não nosso) e que a questão é fazer que ela perceba o que está fazendo e que pense em possibilidades de mudar determinados padrões de comportamento que podem ser prejudiciais. Não vai adiantar seguir terceirizando responsabilidades. Ela tem que se apropriar do que é dela. Outro exemplo é quando um paciente apresenta uma tendência a não falar claramente de seus sintomas, é comum que ele seja rotulado como "chato" ou "poliqueixoso". Mas, temos que considerar que, muitas vezes, são pessoas que têm dificuldades em expressar seus afetos e seus conflitos. A compreensão destas limitações pode fazer com que consigamos ser mais efetivos no acolhimento e no adequado encaminhamento destes casos. E entre aqueles que apresentam comportamentos dentro da esfera das perversões, temos que ter clareza que, nesses casos, não fazem isso porque são maus, como alguns entendem no significado mais leigo da palavra. Falar em perversão é falar de diversas maneiras de ter prazer, que podem ser prejudiciais ou não à sociedade. Um político corrupto que tem prazer em fraudar, por exemplo, pode impactar negativamente seu grupo. Um paciente pode apresentar uma perversão que aparece no desrespeito a funcionários na unidade, como recepcionistas, exercendo alguma fantasia rudimentar de poder, enquanto apresenta atitudes submissas frente aos médicos. A identificação destes potenciais é importante, não apenas para apontar a necessidade de correção deste comportamento por parte do usuário, mas para poder orientar e dar o suporte necessário para os funcionários que eventualmente ele fere. Ao mesmo tempo, é importante reconhecer e informar aqueles que não compreendem o fenômeno, seja por serem vítimas, seja por não perceberem o que pode estar por trás de um padrão de funcionamento. Dessa maneira, podemos ajudar de forma mais efetiva os usuários dos sistemas de saúde, não os rotulando, mas compreendendo que eles podem se comportar de uma maneira pouco usual como reflexo de um sofrimento, de um conflito próprio deles que eles carregam para todas as suas relações. VÍDEO RESUMO No vídeo de hoje, trataremos de conceitos importantes para psicologia como padrões de funcionamento e comportamentos. Já imaginou como entender melhor alguns tipos de comportamentos, que parecem difíceis de lidar, mas que podem ser reflexo de uma dor ou de um sofrimento, pode melhorar o atendimento e as relações humanas? Importante aprender a reconhecer essas situações para conduzir melhor as relações com pacientes e colegas. Vamos nessa? Saiba mais Hoje, daremos a dica do livro Atualização em avaliação e tratamento das emoções: as emoções e seu processamento normal patológico, que fala sobre o conceito que trabalhamos nessa aula, caso você queira ir mais a fundo nesse tema tão interessante. Aula 3 SENESCÊNCIA Na aula de hoje, falaremos sobre o processo de envelhecimento e como lidar com as questões que cercam esse momento da vida. 32 minutos INTRODUÇÃO Na aula de hoje, falaremos sobre o processo de envelhecimento e como lidar com as questões que cercam esse momento da vida. Para isso, é fundamental entendermos o que acontece com nosso comportamento diante da realidade do fim do ciclo vital, que modificações acontecem no aparelho psíquico e quais cuidados devemos tomar enquanto profissionais de saúde. Investigaremos também como endereçar o processo de envelhecimento dentro do programa de atenção integral à saúde do idoso, quais as possíveis evoluções e como fica a busca pela autonomia desses pacientes, além de entender as limitações e a possibilidade da promoção do envelhecimento ativo e saudável. SENESCÊNCIA VERSUS SENILIDADE Hoje, falaremos de senescência. Já ouviu esse termo antes? Sabe o que é? A palavra senescência pode ser utilizada como sinônimo de envelhecimento saudável, ou seja, a senescência abrangerá todas as alteraçõesnaturais que ocorrem no organismo humano decorrentes da passagem do tempo, sem o aparecimento de doenças. São, portanto, as mudanças decorrentes de processos fisiológicos do envelhecimento. Segundo o dicionário, é um processo natural que torna alguém mais velho ou enfrentado por quem está se tornando mais velho; envelhecendo (SENESCÊNCIA, 2022). É importante diferenciar senescência e senilidade. A senescência é reflexo de um envelhecimento normal, como um processo progressivo de diminuição funcional. Já a senilidade tem a ver com o desenvolvimento de uma condição patológica ocasionada por estresse emocional, acidentes ou doenças genéticas e/ou adquiridas. Nessa fase da vida, um dos pontos que merece atenção é a possibilidade da morte. Existe um tabu na nossa sociedade sobre esse assunto e, ao envelhecermos, esse é um tema que passa a ser mais recorrente. Em alguns casos em que existe muito sofrimento em função dessa perspectiva, existe a necessidade de cuidado intensivo e acolhimento. Quando pensamos em morte, precisamos pensar em apego, desapego e luto. Você já ouviu falar da teoria do apego, um modelo psicológico desenvolvido pelo psicanalista John Bowlby (1907-1990)? Ele diz que o apego é inato ao ser humano, todos nascem com esta capacidade. De uma forma geral, nos aproximamos das pessoas de modo instintivo, com a finalidade de criar vínculos necessários para nossa vida e para a vida dos outros. A ideia central da teoria do apego é descrever a dinâmica das relações interpessoais de longo e curto prazo entre os seres humanos. Quando falamos de adultos, podemos pensar em quatro possibilidades para descrever as formas desse apego (MENDES; ROCHA, 2016). São elas: • Apego seguro: boa autoestima, relações afetivas com os demais, buscam apoio social. • Apego evitativo: pouca emoção nos relacionamentos românticos, dificuldade em compartilhar sentimentos e emoções com os demais, problemas de intimidade. • Apego ambivalente: dependência dos relacionamentos, alta demanda por intimidade, insegurança e baixa autoestima. • Apego desorganizado: dificuldade de relações e afetos significativos, dificuldade em enxergar os outros sem distorções de percepção, comportamentos contraditórios. Já o desapego se refere a uma condição psicológica em que se limita o envolvimento emocional com outras pessoas. Em alguns casos, o desapego emocional pode ser percebido como algo positivo, por gerar uma sensação de proteção em situações e relações geradoras de ansiedade ou estresse indesejados. Sob este ponto de vista, envelhecer bem teria uma relação direta com se desapegar das coisas ao seu redor. Por conta disso, sente-se uma maior liberdade, sem o senso de urgência. E quando esse processo acontece com o luto, o idoso tem maior facilidade para encarar com maior naturalidade o final do ciclo de vida. O luto, como a maioria deve conhecer, refere-se ao processo emocional gerado pela perda de algo ou alguém. Luto é um sentimento profundo de tristeza e pesar pela morte de alguém (LUTO, 2022). Na senescência, devemos nos atentar ao processo de memória e suas alterações. A perda da memória no idoso saudável pode acontecer, por exemplo, quando ele passa a se esquecer de fatos mais recentes e lembrar-se dos antigos. Esse quadro pode ser frequente com o avançar da idade para todos os idosos, por isso, é parte da senescência. No entanto, é necessária uma avaliação específica para verificar se as mudanças na memória podem sinalizar um déficit cognitivo importante e progressivo, como nos casos de Alzheimer, o que se enquadraria em um conceito distinto, o de senilidade. PROCESSO DE ENVELHECIMENTO Depois de compreendermos o que diferencia senescência e senilidade, é importante pensarmos no processo de envelhecimento e saber quais são as evoluções e modificações do aparelho psíquico. Já vimos a questão de apego e desapego e o quanto esse processo é importante na vida toda. No envelhecimento, não é diferente. Para compreendermos que o envelhecimento é uma questão de saúde pública no Brasil e que precisa de atenção, é bom lembrar que, em 1980, a população com mais de 60 anos correspondia a cerca de 7 milhões de pessoas. Em 1991, esse número passou para 11 milhões, e as projeções para o ano de 2025 apontam, aproximadamente, 34 milhões de indivíduos nessa faixa etária, o que colocará o país na sexta posição entre os países com maior número de pessoas idosas (SCHOUERI; RAMOS; PAPALÉO NETO, 2000). Para aprofundarmos um pouco mais no tema, dividiremos o processo de envelhecimento em alguns tópicos: 1. Morfologia – aparecimento de rugas e cabelos brancos. 2. Fisiologia – acarretam alterações das funções orgânicas. 3. Bioquímica – transformações das reações químicas que se processam no organismo. 4. Psicologia – adaptação às situações do novo cotidiano. 5. Sociais - diminuição da produtividade (poder físico e econômico). Figura 1 | Senescência Fonte: acervo dos autores. Devido a tantas mudanças em seu corpo, o idoso precisa se adaptar às suas novas funcionalidades, por isso, precisa de muito acolhimento, conhecimento e troca de saberes com outros idosos para observar que suas mudanças também estão presentes nos outros, o que facilita a aceitação e a compreensão dessas novas condições. Um outro ponto a ser considerado é que o envelhecimento da população está ligado diretamente ao aumento da demanda por serviços de saúde e sociais. Sabemos que a possibilidade de envelhecimento mais saudável está intimamente relacionada ao acesso a condições dignas de vida e renda, fator determinante da sua qualidade de vida ao envelhecer (LIMA-COSTA; BARRETO, 2003). Em 1990, o Ministério da Saúde criou o Programa Saúde da Família (PSF), buscando a mudança de um sistema mais assistencial para um sistema integrativo de promoção e prevenção em saúde, com foco no modelo biopsicossocial. Com isso, a família ganha um papel fundamental no processo e o domicílio passa a ser, também, um cenário de assistência, promoção à saúde e prevenção de doenças (SOUZA, 2000). As unidades de PSF contam com equipes multiprofissionais, compostas, no mínimo, por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde, e fazem parte do primeiro contato da população com os serviços de saúde, com o intuito de estabelecer uma relação de referência e contrarreferência com outros níveis de assistência (BRASIL, 2001). Como sabemos que dificuldades físicas, psíquicas e sociais podem levar à perda de autonomia do idoso, o PSF é uma estratégia que pode auxiliar na promoção do envelhecimento mais saudável, visando à atenção integral à saúde do idoso. ENVELHECIMENTO ATIVO E SAUDÁVEL Após compreendermos o processo de envelhecimento natural, precisamos falar sobre o processo de autonomia e as possíveis limitações enfrentadas, além de pensar em como garantir uma promoção do envelhecimento mais ativo e saudável, como recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A ideia de um envelhecimento ativo se aplica tanto a grupos populacionais quanto a indivíduos, visando permitir que as pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida e possibilitando que elas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades (OMS, 2005). O conceito é bem semelhante à recomendação de saúde e qualidade de vida da OMS, percebe? Na questão específica do envelhecimento ativo, a ideia é ter participação contínua em questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não se restringe à capacidade física de estar ativo ou de fazer parte da força de trabalho. Assim, o objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados. Por isso, a questão da autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é fundamental. O processo de autonomia permite a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente,de acordo com suas próprias regras e preferências. O processo de independência tem relação com a habilidade de executar funções relacionadas à vida diária, isto é, a capacidade de viver independente na comunidade, com alguma ou nenhuma ajuda de outros, sempre respeitando os limites e a realidade de cada um. Sabemos que, à medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é influenciada e fortemente determinada por sua habilidade de manter sua autonomia e independência, não é mesmo? Por conta disso, pensar em uma abordagem do envelhecimento ativo irá se basear no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas mais velhas e nos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e autorrealização estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Com isso, o planejamento estratégico deve deixar de ter um enfoque baseado nas necessidades dos idosos, que considera as pessoas mais velhas como alvos passivos, e passa a ter uma abordagem baseada em direitos. Dessa forma, permitirá o reconhecimento das pessoas mais velhas, principalmente em relação à igualdade de oportunidades e ao tratamento em todos os aspectos da vida. A ideia dessa abordagem é amparar a responsabilidade dos mais velhos no exercício de sua participação nos processos políticos e em outros aspectos da vida em comunidade, em sua cidadania. Pensando de forma mais ampla, o apoio ao envelhecimento ativo afeta toda a sociedade que se encontra em envelhecimento etário, como é o caso do Brasil. Você já pensou que um idoso ativo gera menos despesas para si e para os cofres públicos? Por exemplo, ele gerará: • Menos gastos com tratamentos médicos e serviços de assistência médica. • Menos mortes prematuras em estágios da vida altamente produtivos. • Menos deficiências associadas às doenças crônicas na terceira idade. • Mais pessoas com melhor qualidade de vida à medida que envelhecem. Logo, programas e políticas de envelhecimento ativo reconhecem a necessidade de incentivar e equilibrar responsabilidade pessoal (cuidados consigo mesmo), ambientes amistosos para a faixa etária e solidariedade entre gerações. Sabemos que as famílias e os indivíduos precisam se planejar e se preparar para o momento em que chega a velhice e, para isso, precisam se esforçar pessoalmente para adotar uma postura de práticas saudáveis em todas as fases da vida. Você já pensou nessas questões em relação à sua própria vida (sim, você envelhecerá também), de seus familiares e da sua comunidade? Se não, nunca é tarde para começar. Em resumo, sabemos que a hora de se preocupar com o envelhecimento saudável da população é agora. E nós, como profissionais de saúde, devemos ser parte ativa nesse processo. Pense nisso! VÍDEO RESUMO No vídeo de hoje, falaremos sobre senescência, tema tão importante em um país que está envelhecendo. Você já ouviu falar sobre isso? Venha conosco pensar em como podemos, de forma profissional, lidar melhor com essa etapa da vida tão importante e na qual todos chegaremos um dia. Vamos lá? Saiba mais Para o saiba mais dessa aula, pensamos em deixar uma cartilha do Ministério da Saúde que trata diretamente da questão do envelhecimento ativo, com críticas, ideias e sugestões sobre como promover esse tipo de realidade em saúde. Leia também o artigo Reflexões sobre a promoção do envelhecimento ativo. Aula 4 ASPECTOS RELACIONADOS À FINITUDE DA VIDA Falaremos de situações dolorosas para diversas pessoas, que podem funcionar como gatilhos para o sofrimento emocional para muita gente. 26 minutos INTRODUÇÃO Estudante, bem-vindo à nossa última aula dessa disciplina! Tem sido uma jornada e tanto, não? Hoje, falaremos sobre um tema envolto em tabus: a morte. Como ela é percebida por quem está partindo (quando há tempo para isso) e por aqueles que se relacionam com essa pessoa querida. Este é um tema (a morte, as perdas, o luto) que todos teremos que lidar e que, com certeza, esteve mais próximo de todos nós durante a recente pandemia de Covid-19. Falaremos de situações dolorosas para diversas pessoas, que podem funcionar como gatilhos para o sofrimento emocional para muita gente. Se isso ocorrer com você, procure ajuda, fale com alguém próximo ou busque um profissional. Este assunto, apesar de importante, pode ser difícil e temos que nos cuidar. Em especial, nós, que trabalhamos em saúde, temos que estar de olho em nós mesmos (e nos outros) o tempo todo. O que temos para fazer e como lidar com isso? Veremos e pensaremos juntos nesse nosso último tema! LUTO Quando falamos de morte, é importante começar alinhando um fato importante: não vamos discutir a morte dentro dos princípios da tanatologia (que é a ciência que estuda a morte e os processos fisiológicos envolvidos), mas, sim, dialogaremos sobre como as pessoas lidam com ela. Trataremos do luto. “A definição do luto (do latim lucto) remete ao sentimento de tristeza, de pesar pela morte de alguém, a lamentação da morte.” (LUTO, 2022, [s. p.]). O luto é uma reação que enfrentamos após um processo de perda ou de morte de uma pessoa querida, e a imagem a que ele geralmente nos remete é a de pessoas velando ou sentindo dor pela partida de alguém. Mas, o luto pode começar antes mesmo do evento morte, no momento que a proximidade dela é anunciada. Aí as reações que podem se seguir foram descritas por diversos autores, porém, talvez, a mais disseminada seja a formulação de uma psiquiatra suíça que posteriormente se radicou nos Estados Unidos, Elisabeth Kübler-Ross. Ela postulou, inicialmente, quatro e, posteriormente, cinco fases de como nós lidamos com a morte: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação (KÜBLER-ROSS, 1995) Segundo Kübler-Ross (1995), na negação, a pessoa apresenta dificuldades em aceitar e lidar com a morte ou sua perspectiva, e como defesa ela nega que aquele evento ocorreu ou pode vir a ocorrer. Durante a raiva, as pessoas experimentam uma tendência a externalizar suas frustrações. Este sentimento pode ser direcionado a doenças, a aqueles que cuidam ou cuidaram do enfermo ou a diversas outras pessoas ou situações. As pessoas, durante a barganha, apresentam uma tendência a tentar negociar (com Deus, com os profissionais de saúde, com figuras religiosas, por exemplo) para que aquela situação seja revertida. Durante a fase da depressão, descrita por muitos também como tristeza, as pessoas passam a experimentar este sentimento entrando em contato com seu sofrimento relacionado à perda (ou sua perspectiva) de maneira mais direta e franca. O último estágio é a aceitação, em que a pessoa entra em contato com o fato e passa a lidar com ele como algo definido, com dor, mas de maneira mais próxima à realidade. Figura 1 | Fases do luto Fonte: elaborada pelos autores. Apesar de outros autores terem proposto esquemas alternativos, as fases do luto (ou do morrer) de Kübler-Ross seguem uma referência nesse tema. No entanto, os distintos momentos são experimentados e podem ser explicados de maneiras diferentes, dependendo de cada pessoa. Para entender as diferenças, temos que levar em conta as histórias pessoais, os valores e as maneiras como cada um lida com a morte em si. Estas questões estão também diretamente associadas a como cada um lida com sua espiritualidade. Estes fatores influenciarão as necessidades individuais para passar por estas fases e conseguir elaborá-las de maneira positiva, evitando o adoecimento (por exemplo, um quadro depressivo) e a não resolução do luto. A VIVÊNCIA DO LUTO Quais tipos de fatores impactam na experiência do luto? O primeiro é a proximidade da pessoa que está passando ou passou pelo processo de morte. Se é a pessoa mais próxima que temos na vida ou nós mesmos, a reação será diferente de saber que quem morrerá é apenas um conhecido. Além disso, como falamos, existe uma questão de perspectiva: se estamos falando da morte de um filho, a reação será completamente distinta da reação da perda de um pai ou de uma mãe. Em geral, existe uma expectativa de que as gerações nasçam e morram em uma determinada ordem (MORENO, 1975). Entretanto, as pessoaspodem experimentar a morte de maneira diferente, baseadas em como elas lidam com a questão da vida, o que passa por relações com a própria existência e com sua espiritualidade. Se determinadas crenças consideram que a vida se encerra no momento que a pessoa morre, outras, como espiritismo e budismo, acreditam em preceitos, como reencarnação e possibilidades de novos encontros. Assim, a maneira que a morte é percebida envolve diversos fatores. Uma mesma pessoa pode lidar de uma maneira com a morte de um pai ou uma avó, mas não lidar da mesma forma com a perda de uma grande amiga. Mesmo o tempo que cada um passará em processo de luto varia. Algumas religiões determinam, inclusive, períodos que devem ser dedicados exclusivamente às lembranças e elaborações acerca de quem partiu, como islamismo e judaísmo (PARKERS, 2001). A partir da compreensão desse sofrimento podemos pensar em como podemos auxiliar quem está em luto. Na tradição cristã, mais comum no Brasil, as diferentes denominações realizam o velório. O papel social do velório envolve a possibilidade de encontrar pessoas, falar sobre as dores, as saudades que virão e, de maneira geral, celebrar a vida da pessoa. Em Nova Orleans, nos EUA, uma tradição católica local determina que as pessoas sejam cortejadas até o cemitério sob o som de músicas tristes e, a partir da saída do cemitério, o jazz em um tom mais festivo seja privilegiado. Essa variedade de situações se relaciona com a forma com a qual as pessoas lidarão com a notícia de uma doença potencialmente fatal e da morte. Alguns encararão de maneira mais tranquila, e as fases do luto se encaminharão rapidamente para a aceitação. Outras encararão as fases de maneira não linear, indo e voltando entre elas (que não são obrigatórias ou sequenciais), mas o mais preocupante é a possibilidade de a pessoa ficar cristalizada (retida) em uma fase específica. As cristalizações ocorrem por diversos fatores, em especial, por uma dificuldade em lidar com o processo de morte, seja por não se permitir sentir a dor (ter que ser forte, não sentir a própria dor, por exemplo) ou por adoecimentos psíquicos que podem ocorrer no período (MORENO, 1975). PROFISSIONAIS DA SAÚDE E O LUTO Já falamos sobre o luto e suas fases e como aspectos individuais e culturais impactam as vivências da morte. Agora, o próximo passo é pensar como essas situações podem moldar a rotina e o contato dos profissionais da saúde com os usuários do sistema. Frente a um paciente que sabemos estar enfrentando uma vivência de luto, é essencial mapear qual a situação envolvida, quem é a pessoa, quais as expectativas e os impactos que ela vem sentindo. Entender o contexto em que esta pessoa está inserida, seja como indivíduo ou como parte de uma comunidade, também auxilia nossa avaliação, pois fica mais fácil pensar em quem poderá ser acionado como parte de uma rede de apoio durante o processo. Ah, mas isso não fará parte da minha função também? Sim, claro! Isso fará parte do trabalho de qualquer pessoa que lidará com o processo de luto de um paciente. Aliás, esse é um cuidado que faz parte da vida de todos nós, tanto em nossa vida pessoal quanto profissional. Afinal de contas, não cabe apenas aos profissionais de saúde mental falar sobre isso, já que a vivência de morte e luto é enfrentada pelos seres humanos desde o início dos tempos. Você já pensou em como poderia ter aplicado esse conhecimento diante das situações de perda de entes queridos que já testemunharam? E, agora, pense em você, como gostaria de ser cuidado se estivesse neste momento? Em geral, as pessoas preferem ser abordadas de uma maneira aberta e franca, mas, muitas vezes, têm medo e dificuldade de perguntar sobre o tema. Imagine como deve ser difícil receber a notícia que você está diante de uma doença terminal, ou que um parente pode morrer a qualquer instante diante de um estado crítico de saúde. Escutar, acolher, ser empático e afetivo e procurar responder ao que está sendo perguntado talvez seja uma boa rota de conduta. Temos que entender e respeitar o momento do nosso interlocutor. Enquanto profissional, é bom lembrar que, para quem está em um momento de luto e sofrimento, ter a sensação de não estar só, sentir-se amparado e saber que há um espaço para fala e para a troca é essencial. O que cada um vai querer nesse momento é muito variável, e a melhor resposta só a própria pessoa pode dar. Alguns querem saber os detalhes, outros preferem desabafar e dizer como a situação parece frustrante e injusta. O medo, a solidão, o abandono e a dor podem ser os focos da conversa. E, às vezes, tudo o que a pessoa quer é o silêncio e uma oração. Devemos sempre ter cuidado para não invalidar a experiência do outro e participar dentro dos nossos limites, evitando forçar ou mesmo falar de nossos referenciais pessoais. A pessoa quer acolhimento e não receber uma lição sobre como ela deveria lidar com a finitude da vida. Por fim, nos despedimos aqui fazendo o mesmo alerta do começo dessa unidade: nós, profissionais de saúde, entramos em contato com situações potencialmente dolorosas para nós, e para algumas pessoas essas vivências podem funcionar como gatilhos para angústias e sofrimentos. Se isso ocorrer, procure ajuda, fale com alguém querido ou um profissional e busque sempre se cuidar. A gente tem que estar bem para poder cuidar dos outros. Boa sorte e sucesso nessa caminhada! VÍDEO RESUMO No vídeo de hoje, falaremos sobre morte e luto e como essas experiências afetam nossa vida pessoal e profissional. Conheceremos as fases do luto e compreenderemos quais são as melhores possibilidades para lidar com uma experiência. Um tema difícil, mas essencial para todos nós. Vem conosco? Saiba mais Estudante, hoje, trouxemos para você a indicação do livro Vida, Morte e Luto, da autora Karina Okajima Fukumitsu, uma leitura muito interessante sobre as possibilidades e os principais cuidados para o manejo em situações-limite de adoecimento, suicídio e processo de luto. Toda vez que falamos sobre a morte, precisamos também falar sobre a vida. Leia também os capítulos X e XI do livro Morte e existência humana: caminhos de cuidados e possibilidades de intervenção, que se encontra na biblioteca virtual. REFERÊNCIAS 15 minutos Aula 1 FREUD, S. O ego e os mecanismos de defesa. Porto Alegre, RS: Artmed, 2006. FREUD, S. Neuropsicoses de defesa. In: FREUD, S. 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