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Horas Extras em Cargo de Confiança

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PROCESSO: 0001347-57.2013.5.04.0008 RO
 
EMENTA
HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. BANCÁRIO. A alegação de exercício de cargo de confiança, como óbice ao pagamento das 7ª e 8ª horas diárias trabalhadas pelo empregado bancário como horas extras exige prova inequívoca da existência de poderes de gestão e de decisão na empresa, ou, ainda, de fidúcia especial - nos termos do artigo 224, § 2º, da CLT - por se tratar de fato impeditivo ao direito de percepção de horas extras, não bastando para tal a mera nomenclatura do cargo, mas sim a comprovação real de função gerencial. Hipótese em que restou evidenciado nos autos que os substituídos não exerceram cargo de confiança enquadrável na previsão do artigo 224, § 2º, da CLT. Recurso ordinário do reclamado não provido. 
BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. ISENÇÃO DE CUSTAS. Esta Turma Julgadora adota posicionamento de que é possível a concessão do benefício de gratuidade de justiça na hipótese de ação de substituição processual, porque o Sindicato não está a pleitear direito em nome próprio, mas direito da titularidade dos próprios substituídos. Recurso ordinário do Sindicato autor provido. 
ACÓRDÃO
por maioria de votos, vencida a Excelentíssima Desembargadora Relatora com relação à ilegitimidade processual do sindicato, dar provimento parcial ao recurso ordinário do reclamado para declarar a incompetência material da Justiça do Trabalho para apreciação do pedido constante na alínea "g" do rol de pedidos da petição inicial, extinguindo o processo sem resolução do mérito quanto a tal pedido, com base no art. 485, IV, do novo CPC. Por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso ordinário do Sindicato autor para deferir o benefício da Justiça Gratuita, isentando-o do pagamento das custas, bem como para condenar o reclamado ao pagamento de honorários assistenciais à razão de 15% sobre o valor bruto da condenação. Valor da condenação que permanece inalterado, para os fins legais. 
RELATÓRIO
Inconformados com a sentença de parcial procedência das fls. 2400-2405, 2435 e 2443, recorrem ordinariamente o Banco reclamado e o Sindicato reclamante.
O Banco reclamado requer a extinção do feito, sem resolução do mérito, por inépcia da petição inicial e ilegitimidade ativa. Alega cerceamento de defesa. Seguindo, renova a arguição de prescrição total da pretensão, e postula a absolvição da 7ª e 8ª hora como extra, compensação da gratificação de função superior a 1/3, redução proporcional da gratificação de função, base de cálculo das horas extras, contribuições à PREVI, e divisor aplicável (fls. 2411-2427).
Custas processuais e depósito recursal às fls. 2427v, 2428 e 2447v.
O Sindicato reclamante visa a reforma da sentença quanto à justiça gratuita, honorários advocatícios ou assistenciais, e critérios de cálculo dos juros de mora (fls. 2450-2451).
Com contrarrazões do reclamado às fls. 2459-2460, e do sindicato reclamante, às fls. 2463-2469, sobem os autos a este Tribunal para Julgamento. 
VOTO RELATOR 
DESEMBARGADORA FLÁVIA LORENA PACHECO: 
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO. Inversão da ordem de apreciação dos itens em razão da prejudicialidade das matérias.
1. ILEGITIMIDADE ATIVA.
A Julgadora a quo considerou que o Sindicato reclamante tem legitimidade ativa para atuar na condição de substituto processual na presente demanda. Contra a decisão, investe o reclamado. Alega que a lide depende da comprovação (ação) individual das reais funções de cada um dos substituídos, vez que suas funções variam conforme a unidade de atuação. Afirma que a legitimação coletiva exige o preenchimento de pressupostos, qual seja a configuração de interesses ou direitos individuais homogêneos de origem comum (inciso III do artigo 81 da CDC), que no caso em apreço não restou demonstrada. Reitera que a lide não versa sobre direitos individuais homogêneos, em face de disparidade de funções descritas na prova documental que não realizam as mesmas atividades e dependências de atuação dos substituídos. Transcrevendo jurisprudência, postula a extinção do feito, sem resolução de mérito, nos termos do inciso I e VI do artigo 267 c/c o inciso II do artigo 295, ambos do CPC.
Analiso.
A questão acerca da abrangência subjetiva da substituição processual criada em torno do artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal de 1988, que residia nos limites objetivos desta, restou elidida a partir da Resolução nº 119/2003, de 01/10/2003 do Tribunal Superior do Trabalho que cancelou a Súmula nº 310 da sua jurisprudência, em face do reconhecimento da abrangência do artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal que assegura às entidades sindicais a legitimação ampla para defesa de direitos dos integrantes da categoria profissional. 
No caso em exame, não comungo do entendimento adotado pelo Julgador de origem que não acolheu a preliminar de carência de ação, por ilegitimidade ativa do Sindicato reclamante.
Na condição de substituto processual, o Sindicato reclamante ajuizou a presente ação, sustentando que as tarefas dos substituídos são meramente técnicas, sem fidúcia especial, não ensejando a aplicação do parágrafo 2° do artigo 224 da CLT, postulou o reconhecimento de que todos os empregados substituídos, que estão ou estiveram lotados nos cargos de gerentes de contas (com alterações de nomenclatura para gerente de módulo e recentemente para gerente de relacionamento, em sua base territorial, tenham suas jornadas laborais limitadas a seis horas diárias, conforme prescrição do caput do artigo 224 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Entendo que, de fato, no caso em exame, o direito ou não ao reconhecimento da jornada de 6 horas e o pagamento das 7ª e 8ª horas como extras demanda análise de questão fática e extensa dilação probatória, apresentando particularidades próprias de cada substituído, o que dificultaria sobremaneira a defesa, violando-se, assim, os princípios do contraditório e da ampla defesa. Seria necessário o exame da situação fática das atribuições e dos conteúdos ocupacionais de cada um dos substituídos.
Cabe ressaltar ainda que, para o deslinde da controvérsia no caso presente é imperioso o exame fático acerca do exercício ou não de atividades de gestão ou com especial fidúcia por cada um dos substituídos, nos termos do que dispõe a Súmula n. 102, I, do TST, I:
"BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA (mantida) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
I - A configuração, ou não, do exercício da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, dependente da prova das reais atribuições do empregado, é insuscetível de exame mediante recurso de revista ou de embargos. (ex-Súmula nº 204 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)"
Entendo que inexiste, portanto, o interesse homogêneo com a possibilidade de ser examinado ou a utilidade para o exame unificado da pretensão, porque a solução buscada na lide proposta não pode ser aplicada a todos os substituídos indistintamente, na medida em que a verificação da procedência do direito pleiteado demanda dilação probatória individualizada.
Reafirmo que o Sindicato da categoria profissional somente possui legitimidade para atuar como substituto processual da categoria, independentemente da natureza da pretensão deduzida em Juízo, quando a questão trate efetivamente de direitos coletivos ou individuais homogêneos dos integrantes da categoria, emanados de uma fonte normativa comum, prerrogativa que se encontra assegurada pelo art. 8º, III da CF, posição, inclusive, corroborada pelo Supremo Tribunal Federal. 
Diante disso, daria provimento ao recurso ordinário interposto pelo reclamado para declarar a ilegitimidade ativa ad causam do Sindicato reclamante, extinguindo o feito sem resolução de mérito, na forma do inciso VI do artigo 485 do novo CPC.
Contudo, esta Turma Julgadora, em sua maioria, reconhece a legitimidade ativa do Sindicato nos casos em que a discussão é referente ao enquadramento do trabalhador bancário na regra geral ou na exceção do art. 224, § 2º, da CLT, conforme os precedentes 0000615-25.2013.5.04.0025 (RO) (TRT da 4ªRegião, 11a. Turma, 0000615-25.2013.5.04.0025 RO, em 11/06/2015, Desembargadora Maria Helena Lisot - Relatora. Participaram do julgamento: Desembargadora Flávia Lorena Pacheco, Desembargador Ricardo Hofmeister de Almeida Martins Costa) 0020770-51.2014.5.04.0401 (RO) (TRT da 4ª Região, 11ª Turma, 0020770-51.2014.5.04.0401 RO, em 31/08/2015, Desembargadora Flavia Lorena Pacheco - Relatora. Participaram do julgamento: Desembargador Ricardo Hofmeister de Almeida Martins Costa e Desembargadora Maria Helena Lisot). 
Diante do exposto, vencida a relatora, nego provimento ao recurso no tópico, e passo à análise dos demais itens do recurso ordinário do reclamado, bem como do recurso ordinário do Sindicato reclamante.
2. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL E CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
O reclamado alega que restou demonstrado que os substituídos atuam em setores diversos e que cada um detém vida funcional própria, sendo que a procedência da ação está intimamente ligada à prova de suas reais funções. Sustenta que restou demonstrado que cada um dos substituídos atua em diversos setores. Alega que o pedido é juridicamente impossível ou contém pedidos incompatíveis entre si. Sustenta que não é a simples nomenclatura que diferencia os cargos, mas a atribuição real de tarefas que demonstram a existência de fidúcia especial. Assevera que o gerente de contas/módulo/relacionamento, atuando em unidades de negócios do banco, em plataforma de suporte operacional (PSO) que tem acesso a informações confidenciais, com gestão de pessoas, de recursos e de processos. Assim requer a reforma do julgado no tocante ao não reconhecimento de que as funções atribuídas aos substituídos, no exercício de tais cargos, eram muito mais importantes e de maior responsabilidade do que aquelas atribuídas aos bancários comuns, não comissionados (escriturários ou caixas-executivos, por exemplo) e que a fidúcia de que se reveste a função por eles exercidas se reflete na exigência de experiência, perfil profissional/comportamental e conhecimentos específicos e responder ainda pela gestão da empresa. Adverte que, desse modo, o ajuizamento de ação coletiva aliado às limitações formais no processo do trabalho, em especial para a produção de prova (art. 821 da CLT), tem dificuldade de elaborar defesa tão repleta de peculiaridades, em inúmeras ações, contendo em cada uma, em média, mais de dez substituídos que exercem funções totalmente distintas, na maioria dos casos, inviabiliza a defesa, em ofensa ao art. 5º, inciso LV, da CF. Requer, portanto, a reforma do julgado, para acolher o cerceamento de defesa, extinguindo-se o processo sem julgamento do mérito, nos termos do art. 267, inciso IV, do CPC, sob pena de grave afronta ao art. 5º, inciso LV, da CF.
Examino.
Como referido em tópico anterior, entendo que, de fato, no caso em exame, o direito ou não ao reconhecimento da jornada de 6 horas e o pagamento das 7ª e 8ª horas como extras demanda análise de questão fática e extensa dilação probatória, apresentando particularidades próprias de cada substituído, o que dificultaria sobremaneira a defesa, violando-se, assim, os princípios do contraditório e da ampla defesa. Seria necessário o exame da situação fática das atribuições e dos conteúdos ocupacionais de cada um dos substituídos. 
Neste contexto, entendo que não haveria como reconhecer a atuação do Sindicato reclamante como substituto processual em representação aos substituídos quanto aos pedidos formulados na petição inicial.
Contudo, recentemente esta Turma Julgadora já se manifestou contrariamente à tese do réu em processo análogo, entendendo não verificado cerceamento de defesa, inépcia ou ilegitimidade que justifique a extinção do processo. Peço vênia para transcrever os fundamentos da referida decisão:
"Na hipótese, o sindicato autor ajuíza demanda postulando o pagamento das sétima e oitava horas diárias como extras dos substituídos que exercem ou exerceram a função de "Assistente A UN" sujeitos à jornada de oito horas.
O reconhecimento da legitimidade ativa do Sindicato não tem como pressuposto que a totalidade dos empregados substituídos se enquadrem nas condições de fato nas quais fundamentado o pedido. A substituição processual tampouco é afastada pelo fato de que o direito é aferível a partir da análise das condições fáticas a que submetidos os empregados, máxime quando estas são comuns a tais trabalhadores.
Tenho, assim, que o sindicato autor está legitimado para atuar como substituto processual na defesa de direitos individuais homogêneos, que, embora individualizáveis, são comuns ao grupo de integrantes da categoria profissional que representa.
Desta forma, não verifico cerceamento de defesa, inépcia ou ilegitimidade que justifique a extinção do processo.
Provimento negado (TRT da 04ª Região, 11a. Turma, 0000615-25.2013.5.04.0025 RO, em 11/06/2015, Desembargadora Maria Helena Lisot - Relatora. Participaram do julgamento: Desembargadora Flávia Lorena Pacheco, Desembargador Ricardo Hofmeister de Almeida Martins Costa)
Nego provimento.
3. PRESCRIÇÃO TOTAL.
O reclamado afirma que a questão da prescrição merece ser analisada sob o enfoque de que houve ato único valendo-se de seu poder diretivo de criar Planos de Cargos. Frisa que o objeto da lide é uma suposta alteração contratual lesiva, ocorrida há mais de 2 anos, aduzindo que essa alteração não pode ser interpretada como lesão, mês a mês, uma vez que não houve alteração de horas extras, ou seja, os substituídos não tiveram horas extras suprimidas, o que resultaria na aplicação da Súmula 291 do TST. Refere que, na verdade, os substituídos optaram por ocupar o cargo comissionado com jornada de trabalho de 8 horas, inexistindo qualquer vício de consentimento. Aponta ter havido mútuo consentimento da alteração da jornada de seis para oito horas, uma vez que ele criou o cargo objeto da presente demanda, fez a proposta de opção e os substituídos aceitaram livremente, laborando e sempre recebendo comissão com valor condizente com a jornada de oito horas, superior ao que seria pago se fossem duas horas extras. Refere que se trata de ato único e considerando que o ajuizamento desta ação ocorreu após transcorridos mais de 5 anos da alteração contratual, deve ser reconhecida a prescrição total, com extinção do processo com julgamento do mérito em relação ao pedido das 7ª e 8ª horas como extras, a teor do art. 267, inciso IV, do CPC. 
Examino. 
Na condição de substituto processual, o Sindicato reclamante ajuizou a presente ação, sustentando que as tarefas dos substituídos são meramente técnicas e burocráticas, não ensejando a aplicação do parágrafo 2° do artigo 224 da CLT (fl. 03). Em face disso, postulou o reconhecimento de que todos os empregados substituídos estão sujeitos a jornada de seis horas e a consequente condenação do réu ao pagamento da sétima e oitava hora como extras com reflexos.
Assim, o pedido formulado na petição inicial relaciona-se com diferenças de horas extras, pela aplicação do caput do art. 224 da CLT. 
Dessa forma, as parcelas postuladas (horas extras) são de trato sucessivo, cuja prescrição se renova mês a mês, pelo descumprimento da obrigação, o que afasta a pronúncia da prescrição total. Não considero que se trate de ato único do empregador. 
Nesse contexto, não é possível cogitar da prescrição do fundo do direito, que o artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal, implicitamente salvaguarda, mas, tão somente, dos efeitos patrimoniais dele decorrentes, anteriores ao quinquênio aludido no preceito constitucional. Pelo mesmo motivo, inaplicável ao caso a Súmula nº 294 do TST.
Registro que o Juízo de origem já pronunciou a prescrição quinquenal relativamente às parcelas vencidas anteriormente a 19.09.2008 (fl. 2401v).
Nesse sentido foi decidido recentemente nesta Turma Julgadora:
"Não há falar em prescrição total do direito de ação do reclamante, porquanto as parcelas ora pleiteadas são de trato sucessivo, sendo caracterizadas pela renovação periódica das lesões. Assim, ocorrendo a lesão ao direito quando do vencimentode cada parcela sem o correspondente pagamento, a partir deste momento conta-se o prazo prescricional, de forma que não há falar de ato único do empregador, não sendo aplicável a Súmula 294 do TST.
Aplicável, portanto, a prescrição quinquenal estabelecida pelo art. 7º, XXIX, da CF, como corretamente procedido na origem.
Recurso do reclamado não provido. (TRT da 04ª Região, 11a. Turma, 0001595-03.2011.5.04.0005 RO, em 26/03/2015, Desembargadora Maria Helena Lisot - Relatora. Participaram do julgamento: Desembargadora Flávia Lorena Pacheco, Desembargador Ricardo Hofmeister de Almeida Martins Costa).
Provimento negado.
4. DO EXERCÍCIO DO CARGO DE CONFIANÇA. HORAS EXTRAS E REFLEXOS.
O reclamado não se conforma à condenação ao pagamento das 7ª e 8ª horas como extras. Alega que ao deferir horas extras para afastar a fidúcia de confiança dos GERENTES DE CONTAS/MODULO/RELACIONAMENTO, a decisão desconsidera completamente outras fatos preponderantes como a participação em comitês de créditos, procurações e demais documentos. Tece argumentos acerca da prova oral produzida, referindo trechos de depoimentos. Sustenta que a suspensão só pode ocorrer mediante o devido processo legal, mas isso não afasta o poder disciplinar de advertir. Alega que não há prova de que os substituídos não teriam fidúcia de confiança, referindo o disposto no art. 818 da CLT e Art. 333, I CPC (fato constitutivo de seu direito). Assevera que, por outro lado, nos termos do inciso II do Art. 333 CPC, fez a robusta prova documental e oral através do plano de cargos e salários, folhas de pagamento, procurações e demais que tornam claro o pagamento de gratificação de função superior a 1/3 do cargo efetivo. Aduz que não foi considerado que os substituídos têm participação em comitês de crédito, têm subordinados, e fazem avaliação de desempenho. Alega que o Juízo de origem avaliou de forma desproporcional os normativos internos e de forma parcial o depoimento das testemunhas, sem considerar documentos produzidos no dia a dia das atividades do cargo em comento. Alega que os substituídos, na função de gerente de contas/módulo/relacionamento, diferenciam-se dos demais funcionários e detêm ainda a gestão de informações estratégicas, confidenciais ou revestidas de sigilo empresarial sob sua responsabilidade, em função da possibilidade de causarem prejuízos para o Banco, ou de provocarem impactos econômicos e financeiros para os clientes e acionistas da empresa. Assevera que representam o Banco ou a Unidade, sobretudo para tratar de assuntos relevantes ou confidenciais e representam a defesa dos interesses da empresa, na condição de preposto, em demandas judiciais ou extrajudiciais, sobretudo na esfera trabalhista. Alega que a fidúcia especial atribuída aos substituídos dá poder para o planejamento, coordenação e controle do módulo sob sua gestão, tomando providências necessárias para que as informações estratégicas, confidenciais ou revestidas de sigilo empresarial que lhe são confiadas e a que têm acesso em razão da função de confiança exercida sejam resguardadas, inclusive dos funcionários não exercentes dessas funções a quem não tenham sido confiadas pelo Banco, como também não sejam usadas por terceiros. Sustenta que estes gerentes têm acesso a informações confidenciais, classificadas como $40 (dólar quarenta), sem acesso aos demais funcionários não enquadrados nesta comissão e, que poderão responder diretamente pelos danos causados em decorrência da divulgação indevida de informações sigilosas ou informações pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou culpa. Transcreve e explica a instrução interna que limita o acesso confidencial de acordo com as funções dos substituídos, IN 421-1 Gestão da Segurança da Informação. Sustenta que as funções atribuídas aos substituídos, no exercício de tais cargos, eram muito mais importantes e de maior responsabilidade do que aquelas atribuídas aos bancários comuns, não comissionados (escriturários ou caixas-executivos, por exemplo). Refere que a fidúcia de que se reveste a função por eles exercida se reflete na exigência de experiência, perfil profissional/comportamental e conhecimentos específicos. Aduz que o cargo exercido pelos substituídos está nitidamente enquadrado no grupo genericamente classificado como “...outros cargos de confiança” disposto § 2º do artigo 224 da CLT. Assevera que, como essa generalidade permite que variados cargos sejam considerados como de confiança, a jurisprudência dominante passou a exigir o cumprimento de dois requisitos para o seu reconhecimento; o primeiro, de natureza objetiva, é a comprovação do acréscimo de 1/3 sobre a remuneração do cargo efetivo, o que no caso dos autos é incontroverso, conforme demonstram as folhas de pagamento em anexo. Enquanto que, o segundo, de ordem subjetiva, seria a demonstração inequívoca do maior grau de fidúcia exigida do titular do respectivo cargo, demonstrado no Plano de Cargos e na fidúcia. Sustenta a fidúcia de que se reveste a função exercida pelos substituídos se reflete na exigência de experiência, perfil profissional/comportamental e conhecimentos específicos e responder ainda pela gestão da empresa, repisando que não eram desprovidas de confiança, como se fossem simples funcionários da carreira administrativa. Alega que tais funções estão ligadas às atividades fins da empresa, de caráter estratégico, conforme facilmente se depreende das funções mencionadas acima e provadas nos autos, as quais são de grande relevância para uma instituição financeira, pois o Gerente de Contas/Módulo/Relacionamento, a título de exemplo, adota ações necessárias para o cumprimento dos objetivos definidos para sua Unidade e para resguardar interesses do Banco e representa em defesa dos interesses da Empresa, na condição de preposto, em demandas judiciais ou extrajudiciais. Sustenta que os substituídos eram remunerados de forma diferenciada dos demais empregados. Alega que o cargo objeto da presente demanda foi criado justamente não para atender a um critério puramente hierárquico, mas para atender os fins da empresa e do setor estratégico em que lotado. Sustenta que os substituídos atuaram no cargo a partir do momento e até quando bem quiseram, tendo aceitado o contrato de trabalho que estipulou jornada de oito horas para os ocupantes de cargos considerados como sendo de confiança bancária, não podendo, agora, se insurgir contra o ato jurídico perfeito, eis que pretendem receber horas extras, às quais não fazem jus e, ainda, sem serem descontados os valores da comissão, a qual livremente aceitaram, receberam e gastaram. Assevera que a lide deveria ser decidida não apenas sob o enfoque de que o cargo de confiança, assim definido pelo empregador em relação à fidúcia exercida em setores estratégicos, mas também sob o ângulo de que existiu uma adesão ao contrato de trabalho, sem vício de consentimento. Busca a reforma da sentença, postulando a aplicação do disposto na Súmula 102, item II, do TST, bem como da exceção do art. 224, § 2ª, da CLT.
Examino. 
A lide versa sobre o cargo de gerente de contas/módulo/relacionamento, se de confiança bancária ou não. 
Para o enquadramento no §2º do art. 224 da CLT, não impressionam os nomes dados aos cargos, mas sim as efetivas funções desempenhadas. Saliento, outrossim, que não é a simples percepção de gratificação em valor igual ou superior a 1/3 do salário base que caracteriza a exceção do § 2º do art. 224 da CLT, porquanto é imprescindível o efetivo desempenho da "função de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes", ou "outros cargos de confiança".
Nesse contexto, a alegação quanto ao enquadramento do empregado bancário na exceção do art. 224, § 2º, da CLT exige prova inequívoca, ônus que incumbe ao reclamado. 
As provas produzidas nos autos permitem concluir que no exercício da função gratificada de Gerente de Contas/Módulo/Relacionamento os substituídos não exerciam cargo de confiança para fins de enquadramento no §2º do art. 224 da CLT.
A testemunha Simone, indicadapelo reclamado, disse o que segue (fl. 2357):
"que trabalha há 14 anos na reclamada, sendo atualmente gerente de relacionamento pessoa jurídica; que é gerente há 12 anos; que o gerente pessoa jurídica conta com assistente, que pode variar de acordo com a estratégia da agência; que o gerente pessoa física tem também um assistente que divide com outro colega do mesmo cargo; que as questões envolvendo administração do contrato do assistente são tratadas juntamente com o gerente geral da agência, que tem a palavra final; que o gerente não pode dispensar ou aplicar uma punição ao assistente, apenas comunicar o gerente geral da situação, sendo ele que toma a decisão final; que a depoente se submete a ponto eletrônico, tendo pequena margem para variação do horário; que na unidade da depoente, agência Caminho do Meio, tem três gerentes pessoa jurídica, quatro pessoa física e um de atendimento; que a depoente não tem liberdade de gestão dentro das suas atividades, apenas podendo apresentar ao gerente geral suas posições; que as questões sempre são apreciadas pelo comitê; que a depoente faz parte do comitê, juntamente com outro gerente pessoa jurídica e o gerente geral; que mesmo com a aprovação por parte dos dois gerentes pessoa jurídica, o negócio não é aprovado se não contar com a aprovação do gerente geral; que as operações inicialmente são lançadas no sistema e, se aprovadas, vão para o comitê; que, se negadas pelo sistema, as operações sequer são encaminhadas ao comitê; que a depoente faz avaliação de seu assistente; que a avaliação da depoente é feita pelos colegas de mesmo cargo, bem como seu próprio assistente lhe avalia; (...)." (grifei).
E a testemunha Rodrigo, também do réu, disse (fl. 2357v):
 "que trabalha no banco há 28 anos, sendo que, há 8 anos, atua como gerente de pessoa jurídica; que trabalha na agência Porto Alegre com mais quatro gerente pessoa jurídica e um de pessoa física; que o depoente tem um assistente subordinado a ele; que o depoente pode negociar com o assistente as questões de férias e folgas, mas tem que pedir autorização final para o gerente geral; que o depoente poderia advertir o assistente, mas a suspensão só poderia ser feita mediante processo." (grifei).
Conforme se verifica, os depoimentos das testemunhas não comprovam que os gerentes de conta/módulo/relacionamento tinham poder de mando e gestão ou fidúcia especial para o exercício das suas atividades.
As duas testemunhas ouvidas deixaram claro que as decisões sobre as questões de seus assistentes necessitavam autorização final do gerente geral.
E a testemunha Simone deixou claro que não tem liberdade no exercício de suas atividades, dependendo da aprovação do gerente geral sobre os negócios efetuados. 
Assevero que o fato de os gerentes de contas/módulo/relacionamento votarem no comitê de crédito, por si só, não caracteriza função de confiança nos termos do §2º do art. 224 da CLT, mormente porque a testemunha Simone esclareceu que "a depoente faz parte do comitê, juntamente com outro gerente pessoa jurídica e o gerente geral; que mesmo com a aprovação por parte dos dois gerentes pessoa jurídica, o negócio não é aprovado se não contar com a aprovação do gerente geral" (grifei).
Diante da prova produzida, entendo, na mesma linha da decisão de origem, que não há falar em exercício de cargo de confiança, uma vez que não constatado qualquer poder de representação do empregador, pois a confiança exigida é aquela normal, como em qualquer relação de trabalho.
Diante disso, é inaplicável, ao caso, a Súmula 102, item II, do TST, bem como a exceção do art. 224, §2º da CLT.
Assim, a jornada de trabalho dos empregados substituídos deve observar o caput do artigo 224 da CLT, sendo de seis horas, portanto, cabendo o pagamento das 7ª e 8ª horas como extras. 
Saliento que a questão em exame independe do fato de os substituídos terem aceitado, por espontânea vontade, a condição do labor de 8 horas, quando passaram a gerente de contas/módulo/relacionamento.
Dessa forma, conforme já deferido em sentença, é devido o pagamento das 7ª e 8ª horas como extras.
Nego provimento.
5. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO SUPERIOR A 1/3.
O reclamado não se conforma com o indeferimento do pedido de compensação entre as horas extras deferidas e os valores da comissão recebida. Diz que, se a própria petição inicial joga por terra a confiança do cargo exercido pelos substituídos, alegando categoricamente que suas funções eram destituídas de qualquer fidúcia, é lógico deduzir que não mereciam remuneração tão diferenciada, a nível de comissão. Destaca que não se trata de aplicação da Súmula 109 do C. TST, pois o que a referida Súmula preceitua é que não cabe a compensação de verbas de natureza diversa, porém, não garante o enriquecimento sem causa e não afasta a possibilidade de cobrança/devolução dos valores das vantagens recebidas. Pondera que o deferimento de horas extras estará necessariamente vinculado à declaração de nulidade do acordo de vontade das partes e, consequentemente, os substituídos passam a fazer jus à jornada de seis horas, mas, em consequência, perdem o direito á comissão que justamente tinha por finalidade o pagamento das 7ª e 8ª horas, nos termos da OJ 17 da SDI-I do TST. Defende que, assim, do pagamento das horas extras deferidas, se mantido, deve ser compensado o valor da comissão recebida. Argumenta que entendimento em sentido contrário viola os princípios insculpidos nos arts. 104, 114, 171 e 182, todos do Código Civil, na OJ nº 17 da SDI-1 do TST, das Súmula 102, item III, e 109 do TST, bem como o art. 5º, incisos XXXVI, LIV e LV, da Constituição Federal. 
Decido.
Não prospera a pretensão do reclamado de compensação com a gratificação de função paga, incidindo à hipótese o entendimento da Súmula nº 109 do TST:
"O bancário não enquadrado no § 2º do art. 224 da CLT, que receba gratificação de função, não pode ter o salário relativo as horas extraordinárias compensado com o valor daquela vantagem". 
Aplico analogicamente, ainda, o entendimento consubstanciado na Súmula nº 102, VI, do TST, verbis:
"O caixa bancário, ainda que caixa executivo, não exerce cargo de confiança. Se perceber gratificação igual ou superior a um terço do salário do posto efetivo, essa remunera apenas a maior responsabilidade do cargo e não as duas horas extraordinárias além da sexta".
Assim, não há falar em compensação da gratificação de função, que apenas remunera a maior responsabilidade do cargo, com os valores devidos a título de horas extras (7ª e 8ª horas).
Desserve, ao caso, a OJ 17 da SDI-I do TST:
"BANCO DO BRASIL. AP E ADI (inserida em 07.11.1994) Os adicionais AP, ADI ou AFR, somados ou considerados isoladamente, sendo equivalentes a 1/3 do salário do cargo efetivo (art. 224, § 2º, da CLT), excluem o empregado ocupante de cargo de confiança do Banco do Brasil da jornada de 6 horas".
Saliento que todos os dispositivos legais e constitucionais e orientações jurisprudenciais citados pelo reclamado foram considerados, não se acolhendo a alegação de que a decisão de origem, que ora é mantida, os tenha violado.
Provimento negado.
6. REDUÇÃO PROPORCIONAL DA GRATIFICAÇÃO.
O reclamado não concorda com a decisão de origem no tocante ao não acolhimento do requerimento no sentido de que, havendo a determinação de redução da jornada de 6 (seis) horas, fosse determinada a redução proporcional da gratificação de função. 
Examino. 
Pelas mesmas razões citadas no item anterior, igualmente não se cogita de redução proporcional da gratificação de função, na medida em que a quantia percebida a título de gratificação de função remunera apenas a maior responsabilidade do cargo, e não a sétima e oitava horas de trabalho. Tal pretensão, inclusive, carece de amparo legal.
Provimento negado. 
7. NÃO INCLUSÃO DA COMISSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA 7ª E 8ª HORAS COMO EXTRAS. PARÂMETROS PARA CÁLCULO DAS DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS. 
O reclamado alega não ser devida a inclusão da comissão na base de cálculo da 7ª e 8ª horas como extras. Sustenta que, no momentoem que se considera que "os cargos dos substituídos não eram de confiança bancária e que o valor recebido a título de comissão não remunera nem mesmo as 7ª e 8ª horas de forma simples, permite pagar duas vezes sobre a mesma coisa". Alega que, restando reconhecido que os substituídos eram simples escriturários, sem qualquer fidúcia, não podem ser premiados com duplo pagamento, ou seja, com comissão que não fariam jus e, ainda com horas extras, sob pena de enriquecimento sem causa. Alega que a gratificação de função não deve integrar a base de cálculo das horas extras. Requer seja excluída da base de cálculo das horas extras a comissão em apreço. Requer também a redução proporcional, alegando que o valor atualmente pago é equivalente a 8 (oito) horas de labor diário, pois está incluída da comissão com mais de 1/3 do salário básico (VP) por exercerem outros cargos de confiança. Ainda, alega que considerando que as horas extras prestadas compõem o cálculo da gratificação semestral, a inclusão dessa verba na base de cálculo das horas extras representaria enriquecimento sem causa ao obreiro, face à natureza da verba e a configuração do odioso "bis in idem". Refere o disposto na Súmula n. 253 do TST. Aduz que a gratificação semestral não tem natureza salarial, mas indenizatória. Requer o afastamento das pretensões do autor de ver incluídas na base de cálculo das horas extras verbas que não as seguintes: VP (vencimento padrão) + VCP do VP (complemento de vencimento padrão) + VCP/ATS (adicional de tempo de serviço). 
Ao exame. 
Em relação à base de cálculo das horas extras, as normas coletivas juntadas aos autos dispõem o que segue (ex. cláusula oitava, parágrafo 2º da CCT 2008/2009, fl. 18): "O cálculo do valor da hora extra será feito tomando-se por base o somatório de todas as verbas salariais fixas, entre outras, ordenado, adicional por tempo de serviço, gratificação de caixa e gratificação de compensador". 
De referir, que a base de cálculo das horas extras, em termos genéricos, compõe-se de todas as verbas de natureza salarial pagas ao empregado, conforme dispõe a Súmula nº 264 do TST, in verbis: "Hora suplementar. Cálculo. A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa". 
Assim, estão abrangidas a gratificação de função e a remuneração variável, porque detêm natureza salarial. 
De outra parte, o Juízo de origem não determinou a integração da gratificação semestral na base de cálculo das horas extras, mas sim deferiu reflexos das horas extras na gratificação semestral (fl. 2405). 
E, de acordo com todo o exposto em item supra, resulta evidente que a prestação de horas extras era habitual, incidindo a orientação vazada na Súmula 115 do TST, in verbis: "HORAS EXTRAS. GRATIFICAÇÕES SEMESTRAIS (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O valor das horas extras habituais integra a remuneração do trabalhador para o cálculo das gratificações semestrais". 
Nego provimento. 
8. CONTRIBUIÇÕES À PREVI.
O reclamado não se conforma com a com a decisão de origem no quanto determinou o "recolhimento das contribuições previdenciárias devidas pelos substituídos à entidade de previdência privada (PREVI), incidentes sobre os valores a serem pagos na presente demanda, nos termos previstos no respectivo regulamento, observadas as disposições regulamentares pertinentes ao teto das contribuições e do benefício, conforme se apurar em liquidação de sentença". Alega que tal pleito de complementação de aposentadoria deve ser ajuizado na justiça comum. Assevera que o recolhimento de sua cota parte não deve ser dirigido ao reclamado por se tratar de contribuição para a entidade de previdência privada, referindo que a cota-parte é de responsabilidade do empregado diretamente com a PREVI nos termos previstos no respectivo regulamento. Aduz que a Justiça Trabalhista é incompetente para julgar os pedidos referentes à complementação de aposentadoria do autor, vez que se trata de complemento de aposentadoria pago por Entidade Fechada de Previdência Complementar, regulada pelas Leis Complementares 108 e 109, ambas de 2001 e o §2º do art. 202 da Constituição Federal. Assevera que, conforme decidiu o plenário do STF, recentemente, a competência para julgar processos decorrentes de contrato de previdência complementar privada é da Justiça Comum. Requer a reforma da sentença sendo declarada a incompetência absoluta dessa Justiça Especializada, em razão da matéria, para processar e julgar o pedido de complementação de aposentadoria. Caso não seja esse o entendimento, requer expressa manifestação sobre a negativa de vigência do art. 68 da Lei Complementar 109 de 2001 bem como do art. 202, §2º da Constituição Federal. Assevera que a questão é eminentemente estatutária referente a relação entre a PREVI e o Banco do Brasil, não sendo o autor parte legítima para requerer do Banco do Brasil um pagamento para um terceiro que não faz parte do processo (a PREVI), cabendo à PREVI requerer as contribuições patronais ao Banco do Brasil, se assim entender devido. Requer a extinção do processo com relação ao pedido de “g”, pela ilegitimidade da parte autora, nos termos do inciso VI, do art. 267 do Código de Processo Civil. Caso superado o exposto acima, requer seja baixado o processo e chamada a PREVI para defender-se, eis que para discutir se é devido ou não o desconto para a PREVI, é necessária a análise de seus Estatutos. Aduz que, tendo em vista que os critérios de desconto das contribuições e os parâmetros de fixação dos percentuais de desconto estão descritos no regulamento de benefícios e no estatuto da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI, entidade de previdência privada que paga a aposentadoria do Reclamante, requer a reforma da sentença para declarar a incompetência absoluta dessa especializada. Superado, requer seja a PREVI chamada ao processo, eis que se trata de estatuto próprio de entidade de previdência privada.
Ao exame. 
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos Recursos Extraordinários (REs) 586453 e 583050, em 20.02.2013, decidiu que cabe à Justiça Comum julgar processos decorrentes de contrato de previdência complementar privada, bem como reconheceu a repercussão geral da matéria. Nesta mesma decisão restou definido que permanecerão na Justiça do Trabalho todos os processos que já tiverem sentença de mérito até aquela data. 
A decisão, portanto, passa a valer para todos os processos semelhantes que tramitam nas diversas instâncias do Poder Judiciário, independentemente do seu trânsito em julgado e da sua publicação. 
No caso em exame, na data do julgamento dos REs pelo STF em 20.02.2013, ainda não havia sido proferida sentença de mérito na presente ação, de forma que já se aplica a esta demanda o novo entendimento, devendo o feito, na parte em que versar sobre complementação dos proventos de aposentadoria, ser apreciado e julgado pela Justiça Comum.
Nesse sentido o acordão do processo 0000792-65.2012.5.04.0205 (RO), da lavra desta Desembargadora-Relatora, julgado em 25.09.2014, nesta 11ª Turma, com a participação dos Exmos. Desembargadores Ricardo Hofmeister de Almeida Martins Costa e Maria Helena Lisot.
Ainda nesse sentido o acordão do processo 0000615-25.2013.5.04.0025 (RO), em que atuou como Relatora a Exma. Desembargadora Maria Helena Lisot, julgado em 11.06.2015, com a participação desta Desembargadora Relatora e do Exmo. Desembargador Ricardo Hofmeister De Almeida Martins Costa.
Diante do exposto, dou provimento ao recurso ordinário do reclamado para declarar a incompetência material da Justiça do Trabalho para apreciação do pedido constante na alínea "g" do rol de pedidos da petição inicial, extinguindo o processo sem resolução do mérito quanto a tal pedido, com base no art. 485, IV, do novo CPC. Ressalto não ser possível, no presente caso, a remessa dos autos à Justiça Comum para julgar a demanda, nos termosdos art. 64, § 3º, do novo CPC e do Regimento Interno deste Tribunal, tendo em vista a cumulação de pedidos apresentadas na exordial. A subsistência de pedidos de competência desta Justiça Especializada impede a remessa dos autos a outra Justiça, sob pena de inviabilizar o julgamento dos pedidos de competência desta Justiça. 
9. DIVISOR.
O reclamado busca a reforma da sentença que determinou a aplicação do divisor 150. Assevera que a jornada do bancário é definida no art. 224, caput e § 2º, da CLT, em cujo dispositivo se verifica que o sábado é considerado como um dia útil, porém, não trabalhado. Aponta que somente é possível estipulação em sentido diverso mediante acordo ou convenção coletiva entre as partes, na forma do art. 7º, inciso XIII, da CF, com o total reconhecimento dos seus efeitos pelo judiciário, o que diz não ocorrido no presente caso. Destaca ter firmado Acordo Coletivo de Trabalho com a CONTRAF, em 24.10.2011, para viger no período de 2011/2012, no seguinte sentido: "CLÁUSULA QUARTA: HORAS EXTRAORDINÁRIAS A jornada diária de trabalho poderá ser prorrogada, eventualmente, observado o limite legal e em face da necessidade do serviço, assegurando-se o pagamento com adicional de 50% sobre o valor da hora normal ou a compensação em descanso e folga das horas extraordinárias, nos termos da presente cláusula, nas seguintes condições: (…) Parágrafo Terceiro - As horas extras pagas deverão integrar o pagamento do repouso semanal remunerado (RSR) - sábados, domingos e feriados - independentemente do número de horas extras prestadas ou do dia da prestação, observada a regulamentação interna. A hora extra tem como base de cálculo o somatório de todas as verbas salariais.", tendo o mesmo ocorrido nos demais Acordos. A título de exemplo, cita os ACTs de: 2007/2008, na sua cláusula quinta, parágrafo terceiro; 2008/2009, cláusula quinta, parágrafo quarto; e, 2009/2010, cláusula terceira, parágrafo quarto. Frisa que, consoante se verifica nos textos das cláusulas acima elencadas, a intenção clara e manifesta das partes não foi a de transmudar a natureza jurídica do sábado, ou seja, de dia útil não trabalhado para a de repouso semanal remunerado, mas, tão somente a de disciplinar a repercussão das horas extras também nesse dia, assim como nos domingos e feriados. Afirma que, por se tratar de cláusula benéfica, deve ser interpretada restritivamente, nos termos do art. 114 do Código Civil, motivo pelo qual tal inclusão deve ser entendida como mero acréscimo de mais um dia para fins de reflexos das horas extras, nada mais. Salienta que, para fins de remuneração do mencionado dia, não há qualquer diferença entre o sábado ser considerado um dia "útil não laborado" ou "um dia de repouso remunerado", pois, em ambos os casos, sempre há o necessário pagamento desse dia. Sustenta que permanece vigente o contido na Súmula 113 do E. TST, mantendo-se intacta a natureza do sábado para o bancário, como dia útil não trabalhado. Entende aplicável o item II da Súmula 124 do TST aos seus empregados, a qual considera a jornada diária do bancário, que é de 6 horas, multiplicada pelo número de dias (30 dias), na forma do art. 64, caput, da CLT. Diante disso, busca a reforma do julgado de origem, quanto à aplicação do divisor, requerendo a aplicação do divisor "220". 
Examino.
Tendo em vista a sujeição dos substituídos à jornada de seis horas e a existência de previsão normativa de que o sábado é dia de repouso remunerado (cláusula 8ª, § 1º, CCT 2008/2009, fl. 17v, p. ex.), não merece reparo o julgado quanto à aplicação do divisor 150 para apuração das horas extras, ante a nova redação da Súmula n° 124 do TST, inciso I, in verbis:
'BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012 - DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 
I - O divisor aplicável para o cálculo das horas extras do bancário, se houver ajuste individual expresso ou coletivo no sentido de considerar o sábado como dia de descanso remunerado, será: a) 150, para os empregados submetidos à jornada de seis horas, prevista no caput do art. 224 da CLT; b) 200, para os empregados submetidos à jornada de oito horas, nos termos do § 2º do art. 224 da CLT."	
Nego provimento.
RECURSO ORDINÁRIO DO SINDICATO AUTOR.
1. JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS OU ASSISTENCIAIS.
O Sindicato autor busca a reforma da sentença no tocante à concessão do benefício da assistência judiciária gratuita e dos honorários advocatícios. Refere o disposto na Súmula n° 219, III, do TST. Alega que não atua na condição de parte, mas na qualidade de substituto processual, defendendo interesse de terceiros. Sustenta que o fato de agir em nome próprio não lhe retira o direito ao recebimento de honorários, especialmente porque caracterizados os requisitos da Lei n. 1.060/50 e da Lei n. 5.5584/70. Busca a reforma da sentença para que o réu seja condenado ao pagamento de horários assistenciais de 15%, ou honorários advocatícios de 20%, sobre o valor da condenação, e para que seja concedido o benefício da Assistência Judiciária Gratuita.
Ao exame. 
Esta Turma Julgadora adota posicionamento de que é possível a concessão do benefício de gratuidade de justiça e honorários assistenciais na hipótese de ação de substituição processual, porque o Sindicato não está a pleitear direito em nome próprio, mas direito da titularidade dos próprios substituídos. 
No caso dos autos, não há dúvida de que o Sindicato atua como substituto profissional, postulando através da presente ação o pagamento de diferenças de horas extras aos empregados do réu que se encontram no rol de substituídos. O Sindicato, desse modo, não está a pleitear direitos em nome próprio, mas sim direitos da titularidade dos próprios substituídos. Trata-se, portanto, de demanda decorrente das relações de emprego mantidas entre o reclamado e os trabalhadores substituídos pelo Sindicato. 
Neste sentido destaca-se a decisão da 4ª Turma do TST, em que o Relator, Exmo. Ministro Barros Levenhagen, defende nova interpretação do artigo 14 da Lei nº 5.584/70, dando prioridade à identidade entre a substituição processual e a assistência prestada pelo sindicato: "Com efeito, os honorários advocatícios, guardadas as peculiaridades do processo do trabalho, nada mais são do que a contraprestação patrimonial destinada àqueles que exercem auxílio técnico às partes envolvidas no litígio,... Logo, se ao sindicato foi conferido tanto a prerrogativa de prestar individualmente assistência judiciária ao empregado, quanto ao poder de substituir a categoria por ele representada, não se mostra razoável que esteja impossibilitado de receber os honorários respectivos, a título de contraprestação pelos seus serviços, na condição de substituto processual. Se assim não fosse, estar-se-ia a privilegiar o ajuizamento de inúmeras ações individuais, na contramão do moderno movimento de coletivização das ações judiciais". 
Assim, o Sindicato autor faz jus ao benefício da justiça gratuita e, em decorrência, deve ser dispensado do pagamento das custas. 
Quanto aos honorários assistenciais, a matéria também já está pacificada pelo TST em recente alteração da Súmula 219, quando incluído o item III, verbis: 
"São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação da emprego." 
Dessa forma, também são devidos os honorários assistenciais postulados. 
Diante do exposto, dou provimento ao recurso ordinário do Sindicato autor para deferir o benefício da Justiça Gratuita, isentando-o do pagamento das custas, bem como para condenar o reclamado ao pagamento de honorários assistenciais à razão de 15% sobre o valor bruto da condenação. 
2. CRITÉRIOS DE CÁLCULO DOS JUROS DE MORA.
O Sindicato autor refere que o Juízo de origem determinou que os juros de mora devem ser calculados após serem procedidos os descontos de INSS e IRRF, não incidindo juros sobre tais créditos. Sustenta que os juros devem incidir sobre a totalidade doscréditos devidos no processo, incluindo os previdenciários e fiscais. Aduz que não há fundamento legal para limitar os juros de mora, na forma que o fez a sentença. Assevera que o artigo 39, § 1o., da Lei 8.177-91, preceitua que aos débitos trabalhistas constantes de condenação pela Justiça do Trabalho (...) serão acrescidos, nos juros de mora previstos no “caput” (entenda-se correção monetária), juros de um por cento ao mês, contados do ajuizamento da reclamatória. Alega que os juros moratórios incidem sobre o valor da dívida, corrigido monetariamente. Sustenta que a Súmula nº 200 do TST determina o cálculo de juros sobre o total da condenação, corrigido monetariamente e, portanto, antes de qualquer desconto. Aduz que, por ocasião dos descontos, contudo, o Imposto de renda e o INSS não incidirão sobre os juros de mora (OJ 400) como já decidido pelo Juízo de primeiro grau. Requer seja reformada a sentença para acrescer à condenação que o cálculo dos juros de mora seja sobre o total da condenação, corrigido monetariamente e, portanto, antes de qualquer desconto, seja fiscal ou previdenciário. 
Ao exame.
O Juízo de origem assim decidiu quanto à matéria (fl. 2443):
"O SINDICATO aduz que houve omissão no julgamento quanto à base de cálculo do imposto de renda, se os juros de mora serão excluídos, em observância ao artigo 46 da Lei 8.541/92, artigo 404 do CCP e OJ 400 da SDI-1 do TST. Aponta que também não houve pronunciamento quanto à apuração se esta se dará nos termos do artigo 12-A da Lei 7.713/88 e da IN 1127/2011.
Sano a omissão, portanto, para declinar que os juros de mora incidem sobre o valor da condenação, corrigido monetariamente, após a dedução da contribuição previdenciária e do imposto de renda e, também não integram a base de cálculo dos descontos fiscais (Súmulas 52 e 53 do TRT da 4ª Região e OJ 400 da SDI-1 do TST).
Ainda, sano a omissão para referir que a apuração do imposto de renda se dará de acordo com o critério vigente na data do pagamento, conforme OJ 14 do TRT da 4ª Região."
A respeito da incidência de descontos fiscais sobre os juros de mora, aplico a Súmula n. 53 deste Regional, segundo a qual "os juros de mora sobre o crédito trabalhista não integram a base de cálculo dos descontos fiscais".
Também a Orientação Jurisprudencial nº 400 da SBDI-1 do TST (DJE de 02-08-2010), abaixo transcrita:
IMPOSTO DE RENDA. BASE DE CÁLCULO. JUROS DE MORA. NÃO INTEGRAÇÃO. ART. 404 DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO. Os juros de mora decorrentes do inadimplemento de obrigação de pagamento em dinheiro não integram a base de cálculo do imposto de renda, independentemente da natureza jurídica da obrigação.
Desta forma, o imposto de renda não incide sobre juros, conforme decidido pelo primeiro grau. Note-se que pelos fundamentos expendidos, entendo não ser aplicável o disposto no artigo 3º da Instrução Normativa nº 1.127/2011, que prevê a inclusão dos juros de mora no cálculo dos descontos fiscais.
Nego provimento.
DESEMBARGADOR RICARDO HOFMEISTER DE ALMEIDA MARTINS COSTA:
Acompanho o voto da Relatora.

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