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2 PROCURADORIAS 2 OUSE EQUIPE DE PROFESSORES 1) FILIPPE AUGUSTO – COORDENADOR ADMINISTRATIVO. Defensor Público Federal, graduado em Direito pela UFC, Especialista em Processo Civil, Mestre em Direito Constitucional (UFRN), Doutorando em Direito Constitucional (UFC), Pro- fessor das Especializações em Processo da FA7 e da Unichristus. É autor do livro “Direitos Fundamentais e sua Dimensão Objetiva”, publicado pelo renomado Sérgio Antonio Fabris Editor. Já exerceu os cargos de Chefe de Gabinete do Defensor Público Geral Federal, Pro- curador do Estado da Paraíba (aprovado em 6º lugar), Procurador do Município de Natal e Professor da UFC e UFERSA. Possui várias outras aprovações em concurso entre elas para Advogado da União e para Defensor Público do estado de Alagoas. 2) WELLINGTON BRINGEL DE ALMEIDA. Assessor Jurídico da Presidência do TRT da 16ª Região (maranhão). Aprovado nos concur- sos da Procuradoria Geral do Estado do Acre (27º Lugar), Procuradoria Geral do Município de Manaus (13º Lugar) e na Procuradoria Geral do Estado do Amapá (concurso ainda em andamento - 1º lugar na prova oral, com média 9,87). Especialista em Direito Administrativo e Licitações. Aprovado em diversos concursos para técnico judiciário de Tribunais Regionais do Trabalho. Autor do obra “Soluções em Consultoria Jurídica de Tribunais”. 3) GABRIEL DOURADO. Advogado da União. Ex-Procurador da Fazenda Nacional. Ex-Procurador do Estado do Acre (aprovado em 1º lugar). Graduado em Direito pela UFC. Aprovado na PGE-PR, PGE-BA, den- tre outros concursos. 4) THYAGO BERTOLDI. Advogado da União. Especialista em Direito Público pela ESMAFE/PR. Pós graduado em Advocacia Pública pelo IDDE. Foi Assistente de trabalho e assessor de Desembargador do Trabalho no TRT da 9ª Região e, posteriormente, Assessor Jurídico de carreira no TJ-PR. 5) TIAGO DE MELO. Procurador Seccional da Fazenda Nacional em Mossoró/RN. Ex-OJ do TJCE. Ex-Professor Universitário. Aprovado no PGE-RN entre outros concursos. Especialista em Direito e Pro- cesso Tributário (UNIFOR). 6) THIAGO CALANDRINI DE OLIVEIRA DOS ANJOS. Professor de Processo Civil, Constitucional e Previdenciário. Graduado pela Universidade Federal do Sul e Suldeste do Pará, tendo conseguido o terceiro melhor índice acadêmico do curso de Direito. Pós-graduando em processo Civil. Aprovado nos Concursos de Procurador do Município de Manaus (12°), de Analistas do TRT 11 e do TRF1, de Técnicos do INSS e do TRF1 entre outros. 3 PROCURADORIAS 2 OUSE EQUIPE DE PROFESSORES 1) FILIPPE AUGUSTO – COORDENADOR ADMINISTRATIVO. Defensor Público Federal, graduado em Direito pela UFC, Especialista em Processo Civil, Mestre em Direito Constitucional (UFRN), Doutorando em Direito Constitucional (UFC), Pro- fessor das Especializações em Processo da FA7 e da Unichristus. É autor do livro “Direitos Fundamentais e sua Dimensão Objetiva”, publicado pelo renomado Sérgio Antonio Fabris Editor. Já exerceu os cargos de Chefe de Gabinete do Defensor Público Geral Federal, Pro- curador do Estado da Paraíba (aprovado em 6º lugar), Procurador do Município de Natal e Professor da UFC e UFERSA. Possui várias outras aprovações em concurso entre elas para Advogado da União e para Defensor Público do estado de Alagoas. 2) WELLINGTON BRINGEL DE ALMEIDA. Assessor Jurídico da Presidência do TRT da 16ª Região (maranhão). Aprovado nos concur- sos da Procuradoria Geral do Estado do Acre (27º Lugar), Procuradoria Geral do Município de Manaus (13º Lugar) e na Procuradoria Geral do Estado do Amapá (concurso ainda em andamento - 1º lugar na prova oral, com média 9,87). Especialista em Direito Administrativo e Licitações. Aprovado em diversos concursos para técnico judiciário de Tribunais Regionais do Trabalho. Autor do obra “Soluções em Consultoria Jurídica de Tribunais”. 3) GABRIEL DOURADO. Advogado da União. Ex-Procurador da Fazenda Nacional. Ex-Procurador do Estado do Acre (aprovado em 1º lugar). Graduado em Direito pela UFC. Aprovado na PGE-PR, PGE-BA, den- tre outros concursos. 4) THYAGO BERTOLDI. Advogado da União. Especialista em Direito Público pela ESMAFE/PR. Pós graduado em Advocacia Pública pelo IDDE. Foi Assistente de trabalho e assessor de Desembargador do Trabalho no TRT da 9ª Região e, posteriormente, Assessor Jurídico de carreira no TJ-PR. 5) TIAGO DE MELO. Procurador Seccional da Fazenda Nacional em Mossoró/RN. Ex-OJ do TJCE. Ex-Professor Universitário. Aprovado no PGE-RN entre outros concursos. Especialista em Direito e Pro- cesso Tributário (UNIFOR). 6) THIAGO CALANDRINI DE OLIVEIRA DOS ANJOS. Professor de Processo Civil, Constitucional e Previdenciário. Graduado pela Universidade Federal do Sul e Suldeste do Pará, tendo conseguido o terceiro melhor índice acadêmico do curso de Direito. Pós-graduando em processo Civil. Aprovado nos Concursos de Procurador do Município de Manaus (12°), de Analistas do TRT 11 e do TRF1, de Técnicos do INSS e do TRF1 entre outros. PROCURADORIAS 3 OUSE 7) RAFAEL TAWARAYA G. DE CARVALHO. Advogado da União. Graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (2008). Graduado em Direito pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus (2014). Pós-Graduação em Direito Constitucional pela Damásio Educacional (2016). Pós-Graduação em Direito Pro- cessual pela PUC Minas (2019). Aprovado, dentre outros, nos concursos de Procurador do Município de Campinas (2012), Procurador do Município de São Paulo (2014), Procurador do Estado do Rio Grande do Norte (2015) e Procurador do Estado do Paraná (2015). 8) SARA DA CUNHA CAMPOS RABELO. Graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás; Pós-graduada em Processo Civil; Aprovada nos concursos para ingresso nas carreiras de Procurador do Estado do Maranhão, Procurador do Município de Palmas, Procurador do Estado do Amazonas e Defensor Público da União. 4 PROCURADORIAS 4 OUSE DIREITO PROCESSUAL CIVIL PROF. RAFAEL TAWARAYA Amig@s do Ouse, O cumprimento de sentença em face da fazenda pública expressa o processo sincrético também nas execuções em face de Entes Públicos. Estudaremos, portanto, essa fase satisfativa com o foco na Fazenda Pública. Ademais, frise-se que há uma comunicação das regras contidas nos artigos 513 a 538 com o processo de execução por título extrajudicial, nos termos do art. 771: Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva. Parágrafo único. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições do Livro I da Parte Especial. Ao final abordaremos as ações possessórias, que servirão de complemento aos estudos de Direito Civil. Bons estudos! Rafael T. G de Carvalho 5 PROCURADORIAS 4 OUSE DIREITO PROCESSUAL CIVIL PROF. RAFAEL TAWARAYA Amig@s do Ouse, O cumprimento de sentença em face da fazenda pública expressa o processo sincrético também nas execuções em face de Entes Públicos. Estudaremos, portanto, essa fase satisfativa com o foco na Fazenda Pública. Ademais, frise-se que há uma comunicação das regras contidas nos artigos 513 a 538 com o processo de execução por título extrajudicial, nos termos do art. 771: Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva. Parágrafo único. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições do Livro I da Parte Especial. Ao final abordaremos as ações possessórias, que servirão de complemento aos estudos de Direito Civil. Bons estudos! Rafael T. G de Carvalho PROCURADORIAS5 OUSE DIA 67 DIREITO PROCESSUAL CIVIL TEMA: Cumprimento de sentença. Ações Possessórias. 43. DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. 43.1. Princípios gerais que regem as execuções. A execução no processo civil está embasada em princípios que orientam todas as formas executivas, com as devidas adaptações em se tratando de fazenda pública em juízo. O princípio basilar é a necessidade de um título executivo (nulla executio nine titulo). A par deste, há o princípio da tipicidade dos títulos executivos (nulla titulus sine lege). Deste último ressai a ideia de que os títulos executivos devem ser previstos em lei, sendo, pois, numerus clausus. De acordo com o artigo 515 do CPC, são títulos executivos judiciais: Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral; VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; X - (VETADO). § 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. 6 PROCURADORIAS 6 OUSE § 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo. O rol dos títulos executivos extrajudiciais está no art. 7841 do CPC. Neste curso, focaremos nos estudos dos títulos executivos judiciais, vez que a fazenda pública quando executada, na imensa maioria das vezes, o é por meio de título judicial, com a observância do art. 100 da Constituição c.c. os arts. 534 e 535, para as obrigações de pagar, e arts. 536 e 538, para as obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa. Apenas a título ilustrativo, a Fazenda Pública pode ser executada por meio de título extrajudicial, em casos de dívidas de condomínios de imóveis funcionais, por exemplo, situação esta mais recorrente do que o desejável, em se tratando da União. Frise-se que com relação à execução contra a fazenda pública de título executivo extrajudicial, por força do art. 910, adota-se a disciplina do art. 534 e 535, logo, a disciplina legal resta concentrada, facilitando com isso os estudos. Continuando nos princípios, há o da patrimonialidade ou da responsabilidade patrimonial, pelo qual é o patrimônio do devedor que deve responder por suas dívidas e não a sua pessoa. A Lei das XII Tábuas tinha previsão de que era possível dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quantos sejam os credores. Hoje, a responsabilidade patrimonial é a base da atividade executiva, que em se tratando da fazenda pública, obedece ao rito dos precatórios. 1 Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução; VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. § 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. § 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem executados. § 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. 7 PROCURADORIAS 6 OUSE § 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo. O rol dos títulos executivos extrajudiciais está no art. 7841 do CPC. Neste curso, focaremos nos estudos dos títulos executivos judiciais, vez que a fazenda pública quando executada, na imensa maioria das vezes, o é por meio de título judicial, com a observância do art. 100 da Constituição c.c. os arts. 534 e 535, para as obrigações de pagar, e arts. 536 e 538, para as obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa. Apenas a título ilustrativo, a Fazenda Pública pode ser executada por meio de título extrajudicial, em casos de dívidas de condomínios de imóveis funcionais, por exemplo, situação esta mais recorrente do que o desejável, em se tratando da União. Frise-se que com relação à execução contra a fazenda pública de título executivo extrajudicial, por força do art. 910, adota-se a disciplina do art. 534 e 535, logo, a disciplina legal resta concentrada, facilitando com isso os estudos. Continuando nos princípios, há o da patrimonialidade ou da responsabilidade patrimonial, pelo qual é o patrimônio do devedor que deve responder por suas dívidas e não a sua pessoa. A Lei das XII Tábuas tinha previsão de que era possível dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quantos sejam os credores. Hoje, a responsabilidade patrimonial é a base da atividade executiva, que em se tratando da fazenda pública, obedece ao rito dos precatórios. 1 Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução; VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na formada lei; X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. § 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. § 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem executados. § 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. PROCURADORIAS 7 OUSE A doutrina nos apresenta ainda o princípio do desfecho único da execução, no sentido de que a execução necessariamente se encerra com a satisfação do credor. Classicamente a execução é vista como atividade a ser realizada no interesse do credor/ exequente. Como o an debeatur estaria certo (bem da vida), apenas se poderia discutir o quantum debeatur (o valor do direito executado). Autores mais antigos chegaram a discutir se há ou não cognição no processo de execução. Ocorre que com a evolução do processo, o sincretismo processual, a aceitação do manejo da exceção e pré-executividade, bem como a possibilidade de discutir a exigibilidade ou não do título judicial, usando as palavras de Daniel Assumpção, o referido princípio “entrou em colapso”, dado que não necessariamente a execução se encerrará com a satisfação do exequente. Há também o princípio da disponibilidade da execução. Ressai deste que é permitido ao exequente desistir de parte ou de toda a execução. Na verdade, o exequente, mesmo com o título em mão, pode até mesmo deixar de executá-lo. Nada o compele a promover a execução. Frise-se apenas que o decurso do prazo prescricional pode bloquear a satisfação judicial do título, nos termos da súmula 150 do STF que estabelece que prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação. Este princípio decorre do princípio do desfecho único, pois se entende que caso o exequente resolva desistir da execução, implicitamente haverá concordância do executado. Entretanto, a própria crise que abalou o princípio anteriormente estudado teve impactos no princípio da disponibilidade. De acordo com o art. 775, caso o executado tenha apresentado defesa (embargos ou impugnação) e nesta tenha debatido o mérito da demanda executiva, a desistência do exequente fica condicionada à concordância do executado. Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas alguma medida executiva. Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários advocatícios; II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante. Esses dispositivos devem ser interpretados como exceção ao princípio da disponibilidade, quando o executado houver manejado defesa de mérito no bojo da execução. Ademais, há o princípio da utilidade, segundo o qual a atividade executiva deve ser desenvolvida de modo a trazer utilidade ao exequente e não para incomodar o execu- tado. Por isso a regra do art. 836, caput, determina que não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. 8 PROCURADORIAS 8 OUSE Nessa toada, exsurge o princípio da menor onerosidade. Os meios executivos devem ser empregados de modo menos gravoso ao executado (art. 805 do CPC: Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado). Com relação à fazenda pública, no que tange aos mecanismos de pagamento o constituinte já cristalizou a regra dos precatórios, que desde a Constituição de 1934 tem o status de regra constitucional. A lealdade e boa-fé processual é uma constante de comportamento a ser exi- gida em quaisquer fases do processo (art. 77, 80, 81, 774 do CPC). Assim, atentar contra o princípio da lealdade e da boa-fé acaba por acionar os mecanismos sancionatórios, sendo a multa o exemplo mais proeminente. De acordo com o art. 774, parágrafo único, do CPC, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. A atipicidade dos meios executivos exsurge com grande relevância no CPC de 2015. Não que no CPC de 1973 não encontrasse fundamento legal, no art. 461, §5º, por exemplo. O seu correspondente hoje é o art. 536, §1º. Entretanto, é no art. 139, IV, na disciplina dos poderes do juiz, que o princípio se mostra mais retumbante, pois torna possível utilizar de medidas não previstas em lei a fim de compelir o devedor a cumprir com a sua obrigação, em todas as atividades satisfativas no processo. No informativo 631 do STJ há o grande exemplo no RHC 97.876 (apreensão do passaporte como meio coercitivo para a satisfação de dívida). Frise-se que tamanho poder vem acompanhado de ônus argumentativo maior, nos termos do art. 489, §§ 1º e 2º, do CPC. Frise-se que o STJ fez constar na ementa do RHC o seguinte: para que o julgador se utilize de meios executivos atípicos, a decisão deve ser fundamentada e sujeita ao contraditório, demonstrando-se a excepcionalidade da medida adotada em razão da ineficácia dos meios executivos típicos, sob pena de configurar-se como sanção processual. Por fim, o princípio do contraditório anima a fase de cumprimento de sentença, vez que por se tratar de garantia fundamental, não é a fase processual que mitigará a necessária dialeticidade em que se desenvolverá o processo. 43.2. Leitura dos artigos 513 ao 533 do CPC. Os artigos 513 ao 519 trazem regras gerais acerca do cumprimento de sentença. Dentre elas a mais importante é o rol do art. 515, que institui os títulos executivos judiciais. No mais, com o foco na atuação da Fazenda Pública, a leitura dos dispositivos do CPC deve passar por um “filtro” que demanda o conhecimento das prerrogativas fazendá- rias no processo. 9 PROCURADORIAS 8 OUSE Nessa toada, exsurge o princípio da menor onerosidade. Os meios executivos devem ser empregados de modo menos gravoso ao executado (art. 805 do CPC: Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado). Com relação à fazenda pública, no que tange aos mecanismos de pagamento o constituinte já cristalizou a regra dos precatórios, que desde a Constituição de 1934 tem o status de regra constitucional. A lealdade e boa-fé processual é uma constante de comportamento a ser exi- gida em quaisquer fases do processo (art. 77, 80, 81, 774 do CPC). Assim, atentar contra o princípio da lealdade e da boa-fé acaba por acionar os mecanismos sancionatórios, sendo a multa o exemplo mais proeminente. De acordo com o art. 774, parágrafo único, do CPC, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. A atipicidade dos meios executivos exsurge com grande relevância no CPC de 2015. Não que no CPC de 1973 não encontrasse fundamento legal, no art. 461, §5º, por exemplo. O seu correspondente hoje é oart. 536, §1º. Entretanto, é no art. 139, IV, na disciplina dos poderes do juiz, que o princípio se mostra mais retumbante, pois torna possível utilizar de medidas não previstas em lei a fim de compelir o devedor a cumprir com a sua obrigação, em todas as atividades satisfativas no processo. No informativo 631 do STJ há o grande exemplo no RHC 97.876 (apreensão do passaporte como meio coercitivo para a satisfação de dívida). Frise-se que tamanho poder vem acompanhado de ônus argumentativo maior, nos termos do art. 489, §§ 1º e 2º, do CPC. Frise-se que o STJ fez constar na ementa do RHC o seguinte: para que o julgador se utilize de meios executivos atípicos, a decisão deve ser fundamentada e sujeita ao contraditório, demonstrando-se a excepcionalidade da medida adotada em razão da ineficácia dos meios executivos típicos, sob pena de configurar-se como sanção processual. Por fim, o princípio do contraditório anima a fase de cumprimento de sentença, vez que por se tratar de garantia fundamental, não é a fase processual que mitigará a necessária dialeticidade em que se desenvolverá o processo. 43.2. Leitura dos artigos 513 ao 533 do CPC. Os artigos 513 ao 519 trazem regras gerais acerca do cumprimento de sentença. Dentre elas a mais importante é o rol do art. 515, que institui os títulos executivos judiciais. No mais, com o foco na atuação da Fazenda Pública, a leitura dos dispositivos do CPC deve passar por um “filtro” que demanda o conhecimento das prerrogativas fazendá- rias no processo. PROCURADORIAS 9 OUSE O art. 513 traz hipóteses de intimação do executado para cumprir a obrigação. Em se tratando de fazenda pública, impera a prerrogativa da intimação pessoal, conforme o art. 183. Importante regramento está no art. 516, com relação à competência para o julgamento do cumprimento de sentença. Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. Essas regras se aplicam à Fazenda Pública, sendo que a alegação de incompetên- cia do juízo da execução pode ser aventada no cumprimento de sentença (art. 535, V). Há curioso dispositivo, art. 517, que prevê a possibilidade de levar a decisão judicial transitada em julgado para o protesto, caso o devedor não efetue o pagamento em 15 dias. Esse dispositivo não se aplica à Fazenda Pública, pois no cumprimento ela não é intimada a pagar, mas sim a responder ou não ao cumprimento de sentença. Da sua atuação será possível a expedição do precatório ou RPV, o que não significa dizer que o Estado é intimado para pagar. Pode acontecer de haver impugnação parcial dos valores, o que enseja a expedição de requisitório em relação à parcela incontroversa. Outrossim, o art. 523 não se aplica à Fazenda Pública, que possui regramento próprio, os arts. 534 e 535. No mais, os artigos 520 ao 522 tratam do cumprimento provisório atinente à obrigação de pagar. Essa disciplina é incompatível com o regime de precatórios instituída no art. 100 da Constituição. Entretanto, cabe destacar que a execução provisória pauta-se na responsabili- dade objetiva do exequente, o que significa dizer que caso seja a decisão ao final reverti- da, independentemente de sua culpa, é obrigado a reparar os danos que provocou à outra parte com o cumprimento provisório. Trata-se, portanto, de um importante juízo de risco- -proveito do credor (frise-se em demandas que não envolvam a fazenda pública referentes à obrigação de pagar), visto que ao final se houver reversão do entendimento jurisdicional, arcará ele com os danos que a outra parte teve que suportar. 10 PROCURADORIAS 10 OUSE Por isso, via de regra, exige-se caução do exequente a fim de dar prosseguimento à execução provisória. A caução somente não é exigida, como regra, nas hipóteses do art. 521: Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que: I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; II - o credor demonstrar situação de necessidade; III – pender o agravo do art. 1.042; IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos. Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação. Ademais, a multa prevista no art. 523, §1º, de 10% sobre o valor executado, em caso de não pagamento voluntário, também se aplica no cumprimento provisório. Entretan- to, se o executado comparecer e de vontade própria pagar o valor, este ato não será havido como incompatível com qualquer recurso por ele interposto em face da decisão satisfativa (art. 520, §§ e 2º e 3º). O art. 523 carrega importante mecanismo de coerção ínsito às decisões judiciais, ao forçar o pagamento da obrigação constante no título judicial líquido e certo em 15 dias a contar da intimação do executado. Não paga a obrigação, há a multa de 10% e também honorários advocatícios de 10%, de que trata o §1º. Mister aqui destacar a súmula 517 do STJ, que consagra serem devidos honorá- rios advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não impugnação, depois de escoa- do o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a intimação do advogado da parte executada. Assim, se o devedor intimado a pagar, o faz em 15 dias, considera-se pagamento espontâneo, não exsurgindo o direito do exequente aos honorários advocatícios e à multa de 10%. Caso seja manejada impugnação ao cumprimento de sentença e ao final o execu- tado impugnante perca nas suas teses, não são cabíveis novos honorários advocatícios ao exequente, conforme a súmula 519 do STJ. Apesar de alguma polêmica quanto à plena aplicação dessas súmulas no atual CPC, recentemente o STJ reafirmou-as na edição 129, Honorários Advocatícios II, da jurisprudência em teses. 11 PROCURADORIAS 10 OUSE Por isso, via de regra, exige-se caução do exequente a fim de dar prosseguimento à execução provisória. A caução somente não é exigida, como regra, nas hipóteses do art. 521: Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que: I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; II - o credor demonstrar situação de necessidade; III – pender o agravo do art. 1.042; IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos. Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação. Ademais, a multa prevista no art. 523, §1º, de 10% sobre o valor executado, em caso de não pagamento voluntário, também se aplica no cumprimento provisório. Entretan- to, se o executado comparecer e de vontade própria pagar o valor, este ato não será havido como incompatível com qualquer recurso por ele interposto em face da decisão satisfativa (art. 520, §§ e 2º e 3º). O art. 523 carrega importante mecanismo de coerção ínsito às decisões judiciais, ao forçar o pagamento da obrigação constante no título judicial líquido e certo em15 dias a contar da intimação do executado. Não paga a obrigação, há a multa de 10% e também honorários advocatícios de 10%, de que trata o §1º. Mister aqui destacar a súmula 517 do STJ, que consagra serem devidos honorá- rios advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não impugnação, depois de escoa- do o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a intimação do advogado da parte executada. Assim, se o devedor intimado a pagar, o faz em 15 dias, considera-se pagamento espontâneo, não exsurgindo o direito do exequente aos honorários advocatícios e à multa de 10%. Caso seja manejada impugnação ao cumprimento de sentença e ao final o execu- tado impugnante perca nas suas teses, não são cabíveis novos honorários advocatícios ao exequente, conforme a súmula 519 do STJ. Apesar de alguma polêmica quanto à plena aplicação dessas súmulas no atual CPC, recentemente o STJ reafirmou-as na edição 129, Honorários Advocatícios II, da jurisprudência em teses. PROCURADORIAS 11 OUSE Por fim, destaque-se que no REsp. 1.757.033, o STJ, informativo 636, fez constar que a base de cálculo sobre a qual incidem os honorários advocatícios devidos em cum- primento de sentença é o valor da dívida (quantia fixada em sentença ou na liquidação), acrescido das custas processuais, se houver, sem a inclusão da multa de 10% pelo des- cumprimento da obrigação dentro do prazo legal (art. 523, § 1º, do CPC/2015). Assim, não havendo pagamento voluntário, no prazo de 15 dias, a multa e os honorários são extraídos diretamente do valor do crédito perseguido, não incidindo honorários sobre a multa. Os artigos 524 e 525 têm a disciplina muito próxima aos artigos 534 e 535, com as ressalvadas decorrentes de a Fazenda Pública sujeitar-se ao regime de precatórios, não havendo se falar me penhora de seus bens. Com efeito, optamos por didática em estudar os dispositivos atinentes à Fazenda Pública. Alguns dispositivos específicos dos artigos 524 e 525 serão comentados pontualmente, dado se aplicarem também em relação à Fazenda. No mais, interessante a disciplina do art. 526, que trata do caso de o réu antes de ser intimado para o pagamento elaborar sua memória de cálculos e oferecer o pagamento que entender devido. Caso o autor concorde a obrigação será satisfeita, sendo o cumprimento de sentença encerrado por sentença, sem imposição de honorários advocatícios e multa. Se houver concordância parcial, a lide executiva segue quanto aos valores controvertidos, nestes incidindo a multa e os honorários de 10% (art. 526, §2º). A figura do artigo 526 é parecida com a chamada execução invertida da Fazenda Pública, em que ela é condenada em obrigação de pagar quantia certa, mediante RPV (requisição de pequeno valor)2, e antecipa-se ao credor cumprindo espontaneamente a obrigação e apresentando os cálculos da quantia devida, sem oposição da parte contrária. Neste caso, a jurisprudência do STJ entende que não cabe a fixação de verba honorária quando o executado apresenta os cálculos do benefício para, no caso de concordância do credor, expedir-se a correspondente requisição de pequeno valor. Com relação aos artigos 528 ao 533, como se trata de cumprimento de obrigação de pagar alimentos, entende-se que não há aplicabilidade para a Fazenda Pública. Entre- tanto, quando da leitura, importante destacar a possibilidade de levar a sentença transitada a protesto (art. 517 c.c. art. 528, §1º). Destaca-se também o art. 528, §7º, que institui que o débito alimentar que admite a prisão civil é o que compreende até 3 prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo (Súmula 309 do STJ). Por fim importante o conhecimento do sistema de desconto em folha (art. 528) e cons- tituição de capital (art. 529), este aplicável mais às pessoas jurídicas de grande porte, em casos envolvendo, por exemplo ações envolvendo responsabilidade civil. 2 Art. 97, § 12, ADCT. Se a lei a que se refere o § 4º do art. 100 não estiver publicada em até 180 (cento e oitenta) dias, contados da data de publicação desta Emenda Constitucional, será considerado, para os fins referidos, em relação a Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, omissos na regulamentação, o valor de: I - 40 (quarenta) salários mínimos para Estados e para o Distrito Federal: II - 30 (trinta) salários mínimos para Municípios. Para a União, considera-se pequeno valor crédito inferior ou igual a 60 salários mínimos. 12 PROCURADORIAS 12 OUSE 43.3. Impugnação ao cumprimento de sentença. A defesa da fazenda pública na fase de cumprimento de sentença é a impugnação de que trata o art. 534 e 535, em se tratando de obrigações de pagar. No CPC de 73, vigia o sistema em que a execução em face da fazenda não obser- vava o processo sincrético, nos termos dos artigos 730 e 731. Com o novo CPC, o sincretismo processual alcançou também a fazenda pública, de modo que ela é intimada e não mais citada para cumprir com a obrigação pecuniária, nos moldes do art. 100 da Constituição. O art. 534 do CPC traz os requisitos da petição de ingresso da execução contra a fazenda pública ou cumprimento de sentença. Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo: I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente; II - o índice de correção monetária adotado; III - os juros aplicados e as respectivas taxas; IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados. § 1º Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 113 . § 2º A multa prevista no § 1º do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública. Saliente-se que com as devidas adaptações exegéticas, o art. 524, §§ 4º e 5º tem suas aplicações, em se tratando de fazenda pública. Art. 524. (...). § 4º Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. § 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, 13 PROCURADORIAS 12 OUSE 43.3. Impugnação ao cumprimento de sentença. A defesa da fazenda pública na fase de cumprimento de sentença é a impugnação de que trata o art. 534 e 535, em se tratando de obrigações de pagar. No CPC de 73, vigia o sistema em que a execução em face da fazenda não obser- vava o processo sincrético, nos termos dos artigos 730 e 731. Com o novo CPC, o sincretismo processual alcançou também a fazenda pública, de modo que ela é intimada e não mais citada para cumprir com a obrigação pecuniária, nos moldes do art. 100 da Constituição. O art. 534 do CPC traz os requisitos da petição de ingresso da execução contra a fazenda pública ou cumprimento de sentença. Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo: I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente; II - o índice de correção monetária adotado; III - os juros aplicados e as respectivas taxas; IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados. § 1º Havendo pluralidadede exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 113 . § 2º A multa prevista no § 1º do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública. Saliente-se que com as devidas adaptações exegéticas, o art. 524, §§ 4º e 5º tem suas aplicações, em se tratando de fazenda pública. Art. 524. (...). § 4º Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. § 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, PROCURADORIAS 13 OUSE ou, se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução. Assim, uma vez apresentados os cálculos pelo exequente, é ônus da fazenda pública apresentar a memória de cálculos com os valores discriminados, com os índices de correção e juros expressos, no caso de discordância em relação ao quantum debeatur. Aos futuros advogados públicos, fiquem tranquilos, que esta parte geralmente é feita por um setor de cálculos com a expertise necessária para a elaboração de cálculos. O que se extrai dos dispositivos é a necessidade de instrução dos documentos (fichas financeiras de servidores por exemplo) para embasar de onde foram tirados os nú- meros da execução. Na prática, o advogado público oficia aos setores/órgãos competentes a fim de amealhar as informações para embasar os cálculos do setor contábil. Por vezes, o exequente carreia seus cálculos já com documentos oficiais que embasam as contas, facili- tando, portanto, o trabalho e a celeridade processual. Frise-se que se trata de ônus do exe- quente apresentar suas contas com documentos hábeis a provar a correição do quantum debeatur, inteligência do art. 534, c.c. o art. 525, §5º. Entretanto, mesmo que estejam em poderes do Estado as informações neces- sárias para o executado elaborar suas contas, com base na lei de acesso à informação (Lei 12.527/2011), cabe ao exequente providenciar estes documentos e elaborar suas contas, pois nos termos do art. 524, §5º, as contas apresentadas por ele, se não contestadas pela fazenda pública, serão reputadas corretas. Esse mecanismo dota de celeridade a atividade satisfativa, vez que cessa as discussões sobre quem tem o dever de acostar aos autos os documentos necessários para a elaboração das contas. Neste ponto, não há uniformidade na prática forense, e a depender da vara judicial, o juízo ou determina ao ente público a juntada dos documentos, para então o exequente apresentar as contas, ou lhe incumbe (ao exequente) do mister de providenciar a documentação por força própria, antes mesmo da intimação oficial, para responder nos termos do art. 535 do CPC. Fato é que uma vez apresentadas as contas, por mais frágeis que sejam as suas bases e os seus resultados, cabe ao advogado público diligenciar para rebatê-las. Assim, embora não mencionado no rol do art. 535 do CPC é possível nas defesas da fazenda pública algar a inépcia da petição de cumprimento de sentença, quando, por exemplo, o exequente não apresenta os documentos que embasaram os seus cálculos. 14 PROCURADORIAS 14 OUSE Com efeito, embora o rol do art. 535 do CPC seja considerado pela doutrina como taxativo, na prática, a inaptidão da petição inicial do cumprimento de sentença, é matéria que na prática é comumente alegada na defesa do ente público. No mais, o rol do art. 535 do CPC é considerado fechado, vez que a defesa na fase de cumprimento de sentença acaba se vinculando as hipóteses do dispositivo. Apenas se registrem as questões práticas acima ventiladas. De acordo com o art. 535: Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte; III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença. Primeiramente, importante tecer que apenas na falta ou nulidade de citação, se o processo correu à revelia, e na chamada coisa julgada inconstitucional (que adiante detalharemos melhor), se pode alegar questões atinentes ao conhecimento. No demais casos, por força da coisa julgada não se admite a alegação de questões acobertadas pelo manto da coisa julgada. 3 “Proferida sentença em desfavor da Fazenda Pública, em processo que correu à sua reveleia, quer porque não fora citada, quer porque o fora de maneira defeituosa, tal sentença está contaminada por vícios transrescisórios, e esses efeitos são arguidos na impugnação ao cumprimento de sentença. A impugnação veicula, nesse sentido, uma querela nullitatis, ou seja, a Fazenda Pública postula a nulidade da sentença, a fim de que seja reiniciada a fase de conhecimento. (...) caso realmente se comprove que a citação foi inexistente ou inválida, deverá o juiz acolher a impugnação para anulara a sentença, reiniciando toda a fase de conhecimento.” (Cunha, 2016, p. 341). 3 Na execução de título executivo extrajudicial, por força do art. 910 da Fazenda Pública pode deduzir qualquer matéria que lhe seria lícito aventar como defesa no processo de conhecimento. 15 PROCURADORIAS 14 OUSE Com efeito, embora o rol do art. 535 do CPC seja considerado pela doutrina como taxativo, na prática, a inaptidão da petição inicial do cumprimento de sentença, é matéria que na prática é comumente alegada na defesa do ente público. No mais, o rol do art. 535 do CPC é considerado fechado, vez que a defesa na fase de cumprimento de sentença acaba se vinculando as hipóteses do dispositivo. Apenas se registrem as questões práticas acima ventiladas. De acordo com o art. 535: Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte; III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença. Primeiramente, importante tecer que apenas na falta ou nulidade de citação, se o processo correu à revelia, e na chamada coisa julgada inconstitucional (que adiante detalharemos melhor), se pode alegar questões atinentes ao conhecimento. No demais casos, por força da coisa julgada não se admite a alegação de questões acobertadas pelo manto da coisa julgada. 3 “Proferida sentença em desfavor da Fazenda Pública, em processo que correu à sua reveleia, quer porque não fora citada, quer porque o fora de maneira defeituosa, tal sentença está contaminada por vícios transrescisórios, e esses efeitos são arguidos na impugnação ao cumprimento de sentença. A impugnação veicula, nesse sentido, uma querela nullitatis, ou seja, a Fazenda Pública postula a nulidade da sentença, a fim de que seja reiniciada a fase de conhecimento. (...) caso realmente se comprove que a citaçãofoi inexistente ou inválida, deverá o juiz acolher a impugnação para anulara a sentença, reiniciando toda a fase de conhecimento.” (Cunha, 2016, p. 341). 3 Na execução de título executivo extrajudicial, por força do art. 910 da Fazenda Pública pode deduzir qualquer matéria que lhe seria lícito aventar como defesa no processo de conhecimento. PROCURADORIAS 15 OUSE A ilegitimidade de parte de que trata o art. 535, II, não é a mesma a ser alegada na demanda cognitiva. Nesta a legitimidade se relaciona ao liame subjetivo entre o direito alegado a parte no processo. Na fase de cumprimento se relaciona a haver título condenan- do o ente público. Não é raro que os processos em fase executiva tenham se iniciado (conhecimen- to) nos anos de 1990 ou início de 2000. Por vezes na petição inicial do conhecimento o par- ticular demandou em face de município X e estado-membro Y. No curso da demanda, o estado-membro foi excluído, por decisão interlocutória não recorrida. Com efeito, o trânsito em julgado abarcou apenas o município. Outro exemplo comum na esfera federal, é o cumprimento de sentença em face da União de servidores da administração indireta (INSS por exemplo) em ações movidas por sindicatos de servidores federais. Ora, a União deve responder apenas pelos servidores a ela vinculados e não por servidores da administração indireta. Assim, se numa execução com 50 servidores, 20 deles forem vinculados ao INSS, a União alegará ilegitimidade passiva no cumprimento de sentença em relação a estes 20 servidores. Com relação à inexequibilidade do título, art. 535, III, considera-se exequível o título a expressa obrigação certa, líquida e exigível. Carecendo de quaisquer desses elementos, o título é inexequível, por exemplo, por ausência de liquidação. A doutrina também cita o caso da sentença rescindida. A hipótese da inexigibilidade será tratada com mais vagar adiante. Quanto ao excesso de execução, art. 535, IV, trata-se da defesa de mérito (quantum debeatur) da fase executiva. Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante do título, cumprirá ao ente público declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da arguição. Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada será, desde logo, objeto de cumprimento. Assim, se o ente público apresentar cálculos a “zerar a conta” do exequente, considerar-se-á que o todo é controvertido, por exemplo, alegado e comprando que já houve pagamento administrativo ao exequente. Caso o ente alegue excesso propriamente dito, o valor da concordância tornar-se-á incontroverso, sendo possível atém mesmo a expedição de requisitórios referentes a estes valores. Há súmula da AGU (nº 31) nesse sentido ( “É cabível a expedição de precatório referente a parcela incontroversa, em sede de execução ajuizada em face da Fazenda Pública”.) Caso não seja impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada (art. 535, §3º): 16 PROCURADORIAS 16 OUSE I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do exequente, observando-se o disposto na Constituição Federal ; II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente. A incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução pode ser alegada como defesa na impugnação. As regras sobre competência no juízo executório estão no art. 516 do CPC. Em regra, o juízo onde tramitou a ação de conhecimento é o juízo onde se exe- cutará o título. Frise-se que as questões atinentes à competência do juízo de conhecimento não mais poderão ser debatidas, a não ser em ação rescisória, nos termos do art. 966, II. Já a alegação de impedimento e suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 1484 . 4 Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. § 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido: I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente. § 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal. § 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á. § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão. § 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. § 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição. Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos ao seu substituto legal. Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I - ao membro do Ministério Público; II - aos auxiliares da justiça; III - aos demais sujeitos imparciais do processo. § 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. § 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária. § 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disciplinada pelo regimento interno. § 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de testemunha. 17 PROCURADORIAS 16 OUSE I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do exequente, observando-se o disposto na Constituição Federal ; II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente. A incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução pode ser alegada como defesa na impugnação. As regras sobre competência no juízo executório estão no art. 516 do CPC. Em regra, o juízo onde tramitou a ação de conhecimento é o juízo onde se exe- cutará o título. Frise-se que as questões atinentes à competência do juízo de conhecimento não mais poderão ser debatidas, a não ser em ação rescisória, nos termos do art. 966, II. Já a alegação de impedimento e suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 1484 . 4 Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamentoda recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. § 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido: I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente. § 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal. § 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á. § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão. § 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. § 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição. Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos ao seu substituto legal. Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I - ao membro do Ministério Público; II - aos auxiliares da justiça; III - aos demais sujeitos imparciais do processo. § 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. § 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária. § 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disciplinada pelo regimento interno. § 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de testemunha. PROCURADORIAS 17 OUSE Por fim, é possível se alegar qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado. O dispositivo legal é claro ao limitar as alegações novas a fatos ocorridos após o trânsito em julgado. É comum que a fazenda pública alegue, por exemplo, compensação de pagamentos administrativos realizados após o trânsito em julgado. Outra situação possível é a realização de acordo em relação a parte dos exequentes individuais, em demandas, por exemplo a envolver servidores públicos substituídos por sindicato, assim, a impugnação deve citar e provas os exequentes individuais que realizaram acordos. 43.4. Inexigibilidade da coisa julgada inconstitucional. Ante à importância do tema, mister dar o tratamento adequando a ele, dado que com análise vagarosa da jurisprudência do STF, não é incomum em ações executivas, verificar que a sentença foi proferida em total dissintonia com o entendimento do Pretório. Contudo, para avançar é necessário responder primeiramente: O que é a coisa julgada inconstitucional? Quando uma sentença transita em julgado, afrontando entendimento do Supremo Tribunal Federal, há a dita coisa julgada inconstitucional. Se o sistema jurídico não previsse meios para evitar que este comando decisório afrontoso à Constituição produzisse seus efeitos na vida prática, na esfera jurídica do vencido, haveria uma grave falha sistêmica a enfraquecer a força normativa da Constituição. Para se defender da coisa julgada inconstitucional o padrão de defesa é o manejo da ação rescisória. Uma de suas hipóteses de cabimento é a desconstituição por contrarie- dade à lei, o que abarca a desconstituição da coisa julgada por afronta à Constituição. Frise-se que nos termos da súmula 343 do STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais. Esse dispositivo, de acordo com antiga posição do Pretório não se aplicava aos casos em que a decisão contrariava norma constitucional. Nessa época dava-se ao princípio da supremacia da constituição alcance mais largo, com a tese que a afronta à Constituição não se convalesceria com o tempo, mesmo nas hipóteses de mudança da jurisprudência do STF. Exemplificando. Se o plenário do STF julgasse uma causa num sentido, mas numa época em que houvesse certa cizânia entre suas turmas, e se no futuro o Pretório mudasse 18 PROCURADORIAS 18 OUSE de posição, acionar-se-ia a possibilidade de manejo da ação rescisória, se não transcorridos 2 anos do trânsito em julgado. Eis a antiga posição do STF, que afastava a incidência da súmula 343 da Corte, nos casos envolvendo normas constitucionais. Recentemente, a Corte Máxima alterou a posição, com o entendimento de que a doutrina da interpretação divergente mas razoável também se aplica ao texto constitucional, abrandando assim o alcance antes dado ao princípio da supremacia da constituição. Resultado disso foi a aplicação do entendimento cristalizado na súmula 343 da Corte também para as causas em que há divergência entre a interpretação do texto constitucional. Eis o excerto que bem sintetiza a atual posição do STF, exarada em sede de repercussão geral: “Não cabe ação rescisória quando o julgado estiver em harmonia com o entendimento firmado pelo Plenário do Supremo à época da formalização do acórdão rescindendo, ainda que ocorra posterior superação do precedente. [Tese definida no RE 590.809, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 22-10-2014, DJE 230 de 24-11-2014,Tema 136.]” Com efeito, podemos ler súmula 343 do STF, na seguinte medida: não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei e da Constituição, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais. Em síntese, em caso de overruling da jurisprudência, não há hipótese de cabimento da rescisão de decisão transitada em julgado, nos termos do RE 590.809, tema 136 de Repercussão Geral. Com efeito, podemos dizer que na hipótese da interpretação controvertida, por força desse precedente vinculante, não há se falar em coisa julgada inconstitucional. Vê-se que aqui se adotou posição defensiva, mitigando o acesso à Corte máxima, impedindo o manejo da ação rescisória, quando a decisão que se visa rescindir for do próprio STF, nos termos da súmula 343. Entretanto, a coisa julgada inconstitucional, apesar dessa mitigação com a aplicação da súmula 343 do STF também nas hipóteses da interpretação controvertida de norma constitucional, encontra respaldo em outras situações. Se uma sentença de outra instância contrariar decisão do STF, proferida em sede de controle difuso ou concentrado, que houver declarado a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo primário, ela será inexigível, nos termos dos artigos 525, §12, e 535, §8º, do CPC. Também é inexigível o título judicial fundado em aplicação ou interpretação de lei ou de ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição. 19 PROCURADORIAS 18 OUSE de posição, acionar-se-ia a possibilidade de manejo da ação rescisória, se não transcorridos 2 anos do trânsito em julgado. Eis a antiga posição do STF, que afastava a incidência da súmula 343 da Corte, nos casos envolvendo normas constitucionais. Recentemente, a Corte Máxima alteroua posição, com o entendimento de que a doutrina da interpretação divergente mas razoável também se aplica ao texto constitucional, abrandando assim o alcance antes dado ao princípio da supremacia da constituição. Resultado disso foi a aplicação do entendimento cristalizado na súmula 343 da Corte também para as causas em que há divergência entre a interpretação do texto constitucional. Eis o excerto que bem sintetiza a atual posição do STF, exarada em sede de repercussão geral: “Não cabe ação rescisória quando o julgado estiver em harmonia com o entendimento firmado pelo Plenário do Supremo à época da formalização do acórdão rescindendo, ainda que ocorra posterior superação do precedente. [Tese definida no RE 590.809, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 22-10-2014, DJE 230 de 24-11-2014,Tema 136.]” Com efeito, podemos ler súmula 343 do STF, na seguinte medida: não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei e da Constituição, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais. Em síntese, em caso de overruling da jurisprudência, não há hipótese de cabimento da rescisão de decisão transitada em julgado, nos termos do RE 590.809, tema 136 de Repercussão Geral. Com efeito, podemos dizer que na hipótese da interpretação controvertida, por força desse precedente vinculante, não há se falar em coisa julgada inconstitucional. Vê-se que aqui se adotou posição defensiva, mitigando o acesso à Corte máxima, impedindo o manejo da ação rescisória, quando a decisão que se visa rescindir for do próprio STF, nos termos da súmula 343. Entretanto, a coisa julgada inconstitucional, apesar dessa mitigação com a aplicação da súmula 343 do STF também nas hipóteses da interpretação controvertida de norma constitucional, encontra respaldo em outras situações. Se uma sentença de outra instância contrariar decisão do STF, proferida em sede de controle difuso ou concentrado, que houver declarado a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo primário, ela será inexigível, nos termos dos artigos 525, §12, e 535, §8º, do CPC. Também é inexigível o título judicial fundado em aplicação ou interpretação de lei ou de ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição. PROCURADORIAS 19 OUSE Vê-se aqui que não se está a tratar de mudança de jurisprudência no STF, mas sim de decisão judicial, que pelos mais diversos motivos, transitou em julgado, contrariando posição da Corte Máxima. Nessas hipóteses além da possibilidade da rescisão do título, com o ajuizamento da ação rescisória, há meios mais céleres de defesa do executado, em face da execução do título. Assim, com o manejo da impugnação ao cumprimento da sentença, nos termos delineados na lei, o que ocorre é o bloqueio da execução do título judicial por declaração da inexigibilidade e não propriamente a sua desconstituição. O título permanece existente, pois não rescindido, o que acontece é a declaração de sua total ineficácia, ante à sua inexigibilidade. Quais sãos as hipóteses em que há se falar em coisa julgada inconstitucional? A própria lei as consagra, sendo a lição doutrinária de Daniel A. A. Neves (2019, p. 880) cristalina: “A declaração de inconstitucionalidade realizada pelo Supremo Tribunal Federal pode ocorrer, segundo dispositivos legais ora apresentados, por três diferentes matérias: (a) redução do texto, quando a lei é declarada inconstitucional para todos os fins e desaparece do ordenamento jurídico; (b) aplicação da norma à situação considerada inconstitucional, quando ela será válida para certas situações e inválidas para outras; (c) interpretação conforme a Constituição, quando, havendo mais de uma intepretação possível, somente uma delas for considerada constitucional.” Portanto, a coisa julgada inconstitucional centra-se nessas possibilidades. Veremos adiante que é essa a posição do STF, embora haja outras situações que em tese poderiam configurar-se como “coisa julgada inconstitucional”, como por exemplo quando um juiz declara que certa norma constitucional é de eficácia limitada e o Pretório a entende de eficácia plena, ensejando um desfecho diferente para eventuais pedidos que discutam essas teses. Neste caso, não há se falar em coisa julgada inconstitucional, nos termos da lei e da posição do STF. Por fim, importante mencionar que a doutrina já trabalha com a relativização da coisa julgada injusta inconstitucional. O tema ainda é novo e não há posição do Supremo Tribunal Federal a tratar diretamente do tema enquanto instituto processual. São famosos os casos envolvendo o exame de DNA e a relativização da coisa julgada. Entretanto, esses casos calcados no avanço da tecnologia e nos direitos à personalidade, o que abrange o direito ao conhecimento e 20 PROCURADORIAS 20 OUSE registro da linha ancestral, não são suficientes para se defender que há uma corrente forte no sentido de que decisões injustas podem ser relativizadas, afinal, o que é injusto? Isso a filosofia ocidental bate cabeça desde os sofistas até os grandes nomes da atualidade para responder, sem nunca terem ao final respondido de maneira satisfatória, tamanha a dificuldade. Logo, balizar a coisa julgada, instituto concreto, a um conceito deveras vago é perigoso para o Estado Democrático de Direito. Entretanto, vale reproduzir algumas lições, seguindo o escólio de Daniel A. A. Neves (2014: p. 885): “Como já observado pela melhor doutrina, a corrente que defende essa relativização se divide em dois grupos, que apesar de fundamentos diferentes sempre chegam à mesma conclusão: (a) os que defendem a inexistência da coisa julgada material em determinadas hipóteses de extrema injustiça inconstitucional da sentença, de forma que o afastamento da decisão nem mesmo poderia ser tratado como uma espécie de relativização; (b) os que concordam que mesmo diante dessa extrema injustiça existe coisa julgada material, mas que o seu afastamento é necessário e justificável em razão da proteção de outros valores constitucionais. (...) Seriam assim sentença juridicamente impossíveis de gerar efeitos aquelas que contrariam valores jurídicos essenciais do sistema, tais como as que representarem: (a) afronta à razoabilidade e proporcionalidade; (b) ofensa à moralidade administrativa (absurda lesão ao Estado); (c) afronta ao valor justo de indenização por desapropriação; (d) afronta aos direitos fundamentais do homem; (e) afronta ao meio ambiente equilibrado.” O brilho da exposição e da ideia de justiça não pode ofuscar a dificuldade inerente à aplicação da doutrina no mundo dos fatos. É desafiador responder que decisão afronta a razoabilidade. Lembremos que tuto aquilo que a alguém onera, pode parecer irrazoável, do ponto de vista do onerado. Lembremos também das lições de Alexy de que em certos casos é possível mais de uma decisão correta, justa, racional, o que determinará isso é a fundamentação empregada. Portanto, apesar do encanto que esse pensamento da coisa julgada injusta inconstitucional, ou seja, a inconstitucionalidade advém da injustiça, penso que são conceitos deveras vagos para se trabalhar com algo tão importante, a coisa julgada e a garantia que ela propaga, a segurança jurídica. 21 PROCURADORIAS 20 OUSE registro da linha ancestral, não são suficientes para se defender que há uma corrente forte no sentido de que decisões injustas podem ser relativizadas, afinal, o que é injusto? Isso a filosofia ocidental bate cabeça desde os sofistas até os grandes nomes da atualidade para responder, sem nunca terem ao final respondido de maneira satisfatória, tamanha a dificuldade. Logo, balizar a coisa julgada, instituto concreto, a um conceito deveras vago é perigoso para o Estado Democrático de Direito. Entretanto, vale reproduzir algumas lições, seguindo o escólio de Daniel A. A. Neves (2014: p. 885): “Como já observado pela melhor doutrina, a corrente que defende essa relativizaçãose divide em dois grupos, que apesar de fundamentos diferentes sempre chegam à mesma conclusão: (a) os que defendem a inexistência da coisa julgada material em determinadas hipóteses de extrema injustiça inconstitucional da sentença, de forma que o afastamento da decisão nem mesmo poderia ser tratado como uma espécie de relativização; (b) os que concordam que mesmo diante dessa extrema injustiça existe coisa julgada material, mas que o seu afastamento é necessário e justificável em razão da proteção de outros valores constitucionais. (...) Seriam assim sentença juridicamente impossíveis de gerar efeitos aquelas que contrariam valores jurídicos essenciais do sistema, tais como as que representarem: (a) afronta à razoabilidade e proporcionalidade; (b) ofensa à moralidade administrativa (absurda lesão ao Estado); (c) afronta ao valor justo de indenização por desapropriação; (d) afronta aos direitos fundamentais do homem; (e) afronta ao meio ambiente equilibrado.” O brilho da exposição e da ideia de justiça não pode ofuscar a dificuldade inerente à aplicação da doutrina no mundo dos fatos. É desafiador responder que decisão afronta a razoabilidade. Lembremos que tuto aquilo que a alguém onera, pode parecer irrazoável, do ponto de vista do onerado. Lembremos também das lições de Alexy de que em certos casos é possível mais de uma decisão correta, justa, racional, o que determinará isso é a fundamentação empregada. Portanto, apesar do encanto que esse pensamento da coisa julgada injusta inconstitucional, ou seja, a inconstitucionalidade advém da injustiça, penso que são conceitos deveras vagos para se trabalhar com algo tão importante, a coisa julgada e a garantia que ela propaga, a segurança jurídica. PROCURADORIAS 21 OUSE Por esses motivos, o trabalho, focará apenas no conceito de coisa julgada inconstitucional advindo da lei, com espeque da jurisprudência do STF, cujo ponto de partida para o estudo de caso é a ADI 2.418. Fora essas observações, pergunta-se: A coisa julgada inconstitucional pode ser executada? De acordo com os artigos 525, §12, e 535, §8º, do CPC, veremos que a coisa julga- da inconstitucional não pode ser executada e há mecanismos de defesa em relação a ela. Veremos que não se trata de inovação do CPC de 2015, embora tenha havido aprimoramento de instituto delineado desde o início dos anos 2000. Voltemos à ideia acima exposta, essa defesa não desconstitui o título, ela é uma hipótese de bloqueio do executado a não ter sua esfera jurídica atingida por decisão lastreada em título contrário ao sistema jurídico, em certas hipóteses. Estas são balizadas na ADI 2.418, conforme adiante se explanará. Com efeito, a hipótese de relativização ora estudada é uma das chamadas formas atípicas de relativização da coisa julgada, pois o padrão normativo é o manejo da ação rescisória. Entretanto, isso não significa que não há a mencionada relativização, afinal, poderia um juiz negar o cumprimento de uma sentença, sem os vícios apontados? Poderia qualquer outra autoridade fazê-lo? A resposta é não, pois há mecanismos de responsabilização funcional nesse caso. A coisa julgada é relativizada, dado que a sua autoridade, de tornar os efeitos da sentença imutáveis, perde a coercibilidade, uma vez que o título judicial não poderá ser exe- cutado. O vencedor da demanda carregará em mãos um nada jurídico, pois não conseguirá fazê-lo se concretizar, uma vez apresentada a defesa processual correta e acolhida pelo juiz. Assim, mesmo existindo título e autoridade emanada dele, a coisa julgada, nenhum efeito concreto se poderá exigir, patente pois o enquadramento na categoria da relativização da coisa julgada. O julgado paradigma da aplicação do art. 535, §§5º a 8º, do CPC é a ADI 2.418/DF. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, com respaldo no artigo 103, VII, da Constituição da República (Brasil, 1988), ajuizou a Ação Direta de Inconstitucionalidade referida. Embora o ajuizamento desta ação direta tenha ocorrido nos idos do ano de 2001, o julgamento e a formulação da tese ocorreu em 04 de maio de 2016, com o trânsito em julgado em 28 de novembro de 2016, logo, na vigência no atual Código de Processo Civil (2015). 22 PROCURADORIAS 22 OUSE Com efeito, no transcorrer da ação, profundas reformas no Código de Processo Civil foram realizadas, inclusive o próprio digesto foi revogado com o advento do código processual de 2015. Entretanto, o mecanismo que permite a declaração da inexigibilidade da coisa julgada inconstitucional demonstrou que veio para ficar, tanto que foi aprimorado ainda na vigência do antigo código processual, bem como, foi mais detalhado no atual digesto. O argumento central da OAB foi o seguinte: “Quanto ao parágrafo único acrescentado ao art. 741 do CPC, alega ‘simulada criação de nova hipótese de rescindibilidade da sentença transitada em julgado’ (fl. 5), em afronta ao art. 5º,XXXVI, pois ‘privar o decisum do principal efeito que lhe é próprio –ensejar execução forçada – consubstancia ataque à autoridade do decidido em juízo’ (fl. 13). (ADI 2418, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 04/05/2016, Acórdão Eletrônico DJe-243 DIVULG 16-11- 2016 PUBLIC 17-11-2016)” A Presidência da República e a Advocacia Geral da União, na defesa do texto legal, argumentaram que a medida processual não se trata de rescisão do julgado, mas tão somente de impedimento de que atos inconstitucionais produzam efeitos, garantindo-se a força normativa da Constituição e a racionalização dos trabalhos do Judiciário. A Procuradoria Geral da República visualizou conflito entre os princípios da coisa julgada e da segurança jurídica com o da supremacia da constituição e o da soberania das decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal no controle abstrato de normas, entendendo que ao Pretório Excelso caberia decidir com base no princípio da proporcionalidade. O ponto nevrálgico do caso é que o artigo 741, parágrafo único, do CPC/73, introduzido pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001 de 24 de agosto de 2001, inicialmente acresceu um mecanismo de defesa próprio da Fazenda Pública, nos embargos à execução contra ela ajuizada, permitindo a flexibilização da coisa julgada. Posteriormente, a Lei nº 11.232/2005, além de aprimorar a redação do citado dispositivo legal, criou a possibilidade de alegação da inexigibilidade da coisa julgada inconstitucional também nas execuções gerais, com a introdução do artigo 475-L, §1º, do CPC/73. Hoje, o mesmo instituto (defesa processual contra a coisa julgada inconstitucional) está disciplinado no art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14, e no art. 535, § 5º do CPC/2015, respectivamente, nas execuções gerais e nas execuções contra a Fazenda Pública. Esses dispositivos foram analisados pela ADI 2.148, sendo que o Supremo Tribu- nal Federal julgou improcedente a ação e, nas razões de decidir, determinou o alcance desse instrumento de defesa (relativização) da coisa julgada inconstitucional. 23 PROCURADORIAS 22 OUSE Com efeito, no transcorrer da ação, profundas reformas no Código de Processo Civil foram realizadas, inclusive o próprio digesto foi revogado com o advento do código processual de 2015. Entretanto, o mecanismo que permite a declaração da inexigibilidade da coisa julgada inconstitucional demonstrou que veio para ficar, tanto que foi aprimorado ainda na vigência do antigo código processual, bem como, foi mais detalhado no atual digesto. O argumento central da OAB foi o seguinte: “Quanto ao parágrafo único acrescentado ao art. 741 do CPC, alega ‘simulada criação de nova hipótese de rescindibilidade da sentença transitada em julgado’ (fl. 5), em afronta ao art. 5º,XXXVI, pois ‘privar o decisum do principal efeito que lhe é próprio –ensejar execução forçada – consubstancia ataque à autoridade do decidido em juízo’ (fl. 13). (ADI 2418, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 04/05/2016, Acórdão Eletrônico DJe-243