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DESCRIÇÃO Abordagem do sistema de gestão integrada (SGI), a congregação de três sistemas de gestão com grande importância para a produção industrial. Entendimento sobre essa produção e sua correlação com esses sistemas. PROPÓSITO Demonstrar ao engenheiro de segurança do trabalho a importância do SGI em políticas integradas de qualidade, meio ambiente e saúde e segurança do trabalhador para a produção industrial. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer o conceito de produção industrial MÓDULO 2 Reconhecer a importância da administração da produção industrial MÓDULO 3 Reconhecer a importância do SGI como ferramenta de administração da produção INTRODUÇÃO A IMPORTÂNCIA DO SGI PARA A PRODUÇÃO INDUSTRIAL �� MÓDULO 1 � Reconhecer o conceito de produção industrial LIGANDO OS PONTOS Neste conteúdo, debateremos a aplicação do SGI em ambientes industriais. Mas o que isso significa? Será que há diferença entre a produção das indústrias e das empresas de serviços, ou é tudo igual? Qual é a distinção entre uma indústria e uma fábrica? O que é um sistema de gestão da produção? São muitas as dúvidas, não é mesmo? Para esclarecer essas questões, vamos acompanhar o debate sobre um novo empreendimento da ZPK Logística, empresa brasileira legalmente estabelecida que se instalou recentemente no estado do Rio de Janeiro. Seus principais acionistas são grandes empresas de e-commerce brasileiras. Especializada no transporte de cargas leves, ela apresenta como diferenciais o alto nível de automação de suas operações e a velocidade com que realiza o transporte de cargas, conseguida graças a parcerias com empresas de aviação e de transporte rodoviário. Em uma reunião mantida recentemente entre acionistas e administradores, uma preocupação geral com a crise mundial de semicondutores pela qual o mundo está passando ficou bem definida. Por outro lado, as altas taxas de câmbio do dólar americano estão encarecendo as importações de robôs e drones utilizados nos ambientes da empresa. Também foi debatido um estudo recente sobre a implantação de uma nova organização que formará um grupo econômico com a ZPK: ela se chamará a ZPK Tecnologia Robótica (ZPKTR). A ZPKTR, em uma primeira fase, montará no Brasil robôs e drones importados da China e prestará serviços de administração da produção e de manutenção de equipamentos da operação. Será assim remunerada parcialmente a sua operação. Em uma segunda fase, ela produzirá semicondutores; em uma terceira, construirá robôs e drones no Brasil com tecnologia transferida pelo produtor chinês, que será sócio do empreendimento. De início, a nova fábrica vai atender apenas a ZPK. Ao final dos primeiros seis meses de operações, poderá ser considerada a negociação com outras empresas. Em reunião, os administradores definiram diversas ações para a primeira fase da implantação. Mas eles estão agora debatendo a seguinte questão: será que, no lançamento da empresa, já deverá entrar em produção do SGI dessa nova empresa? Outra dúvida estava na localização da fábrica: será que ela deve ficar junto ao prédio da matriz no Rio de Janeiro, o que facilitaria a interação com a operação lá instalada, incluindo o atendimento rápido para a manutenção, ou deveria ficar próximo a um campus universitário, aproveitando, assim, o conhecimento e a experiência de alunos e professores no lançamento de um projeto tão inovador, além de integrar os estudantes à vida prática? Por fim, surgiu um debate sobre se estaria sendo construída uma fábrica ou uma indústria. Após a leitura do case , é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos e ajudar a equipe de projeto com as decisões a serem tomadas? 3. A LOCALIZAÇÃO DA FÁBRICA É POLÊMICA. AS DUAS OPÇÕES APRESENTADAS POSSUEM PÓS E CONTRAS. SUPONDO QUE A PRIORIDADE SEJA A GESTÃO DA QUALIDADE, QUAL SERIA A LOCALIZAÇÃO MAIS ADEQUADA? EXPLIQUE A SUA RESPOSTA. RESPOSTA Se a prioridade é a gestão da qualidade, a localização junto ao prédio da matriz é mais adequada. Com isso, ela atenderá mais adequadamente aos seus objetivos de monitorar as operações e, principalmente, de responder rápido às chamadas de manutenção dos equipamentos dessa operação. Essa proximidade será uma vantagem importante em atendimentos a paradas não programadas da operação que costumam causar prejuízos devido aos atrasos que causam. ENTENDENDO O QUE É A PRODUÇÃO INDUSTRIAL �� PARA ENTENDER COMO O SGI FUNCIONA EM UMA INDÚSTRIA, É INTERESSANTE CONHECER ANTES O QUE ELA É E QUAIS SÃO AS SUAS CARACTERÍSTICAS, ALÉM DE COMENTAR ALGUNS ASPECTOS-CHAVE SOBRE A GESTÃO DA PRODUÇÃO NO AMBIENTE INDUSTRIAL. O QUE É UMA INDÚSTRIA? Quando pensamos em uma indústria, imaginamos logo um ambiente amplo, como um galpão, onde pessoas, máquinas, equipamentos, ferramentas, matérias-primas, energia e água, entre outros recursos, estão reunidos. Todos esses recursos estão dispostos ordenadamente de modo a viabilizar a sua aplicação para a transformação de matérias-primas e demais insumos em bens duráveis e tangíveis (mensuráveis). Moreira (2012, p. 3) concorda com esse entendimento ao afirmar que “pensar em uma indústria é pensar em um ou mais produtos”. Você pode estar imaginando que todos os recursos na fábrica estão sendo transformados, ou seja, montados parte por parte sobre uma esteira mecânica em movimento, ao final da qual um bem sai pronto e embalado, sendo encaminhado diretamente para alguma área de estocagem. Trata-se da chamada linha de montagem, que é comumente associada ao empresário norte-americano Henry Ford, que a implantou em sua fábrica de automóveis há mais de cem anos. ESSA NOTORIEDADE SE DEVE À GRANDE INOVAÇÃO QUE ESSA IMPLANTAÇÃO REPRESENTOU PARA A PRODUÇÃO INDUSTRIAL DA ÉPOCA. TODO ESSE CONJUNTO DE PESSOAS, MÁQUINAS E OUTROS RECURSOS SE MOVIMENTA O TEMPO TODO, DIARIAMENTE. ESSE MOVIMENTO INCLUI INÚMERAS TAREFAS DIFERENTES E NECESSÁRIAS PARA SE PRODUZIR OS BENS COM A FORMA, O VOLUME E O TEMPO ESPERADOS, E QUE FAZEM PARTE DO MÉTODO DE TRABALHO EMPREGADO. Essa descrição é mesmo adequada para se caracterizar genericamente uma fábrica. Torna-se interessante observar que é possível se diferenciar as fábricas de diversas maneiras, incluindo a origem de seu capital, seu porte, sua área de atuação, seus meios de produção e seu tipo de produção ou produto final, por exemplo. De modo geral, podemos considerar que elas são elementos importantes, já que concentram diversos fatores de risco que podem afetar positiva ou negativamente a gestão da qualidade, do meio ambiente ou da saúde e da segurança ocupacional. � SAIBA MAIS Mas o termo “indústria” também pode caracterizar a chamada cadeia produtiva ou de produção, ou seja, o conjunto de atividades que permite a extração da matéria-prima, a sua transformação em um produto final e a sua distribuição aos consumidores, que, aliás, vão além da empresa fabricante. Como se pode imaginar, essa cadeia envolve atividades empresariais desenvolvidas por outras empresas, os chamados fornecedores. Essas atividades podem ser muito diferenciadas e incluir, por exemplo, a produção de matérias-primas ou de embalagens, ou ainda a estocagem, a distribuição, a assistência técnica e até o descarte de tratamento de resíduos. Algumas dessas atividades podem ser desenvolvidas dentro das instalações do fabricante, complementando o seu ciclo de produção. Outra forma de aplicação desse termo está na citação genérica do seu setor de negócios, ou seja, a parcela da economia nacional em que esse fabricante e suas partes relacionadas atuam. NESSE CONTEXTO, ALÉM DAS EMPRESAS QUE COMPÕEM A CADEIA PRODUTIVA, SÃO CONSIDERADOS OS ÓRGÃOS REGULADORES, AS EMPRESAS CONCORRENTES, AS ENTIDADES DE CLASSE E ATÉ OS CENTROS DE FORMAÇÃO TÉCNICA OU CLIENTES, ENTRE OUTROS POSSÍVEIS COMPONENTES. O PROCESSO DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL Podemos entender o processo de produção de uma empresa como a aplicação ordenada de determinado conjunto de pessoas, máquinas, materiais e métodos necessário parase produzir bens duráveis e tangíveis. Esse processo também pode ser conhecido como produção industrial (ou simplesmente produção). É IMPORTANTE OBSERVAR QUE O TERMO PODE SE APLICAR A EMPRESAS INDUSTRIAIS OU DE SERVIÇOS. Fechando agora nosso foco no processo de produção realizado no ambiente de trabalho da fábrica, podemos entender que esse ambiente comporta a linha de produção e seus recursos, práticas e métodos. Esses elementos constituem, é claro, os fatores de risco ou perigos que temos estudado ao longo desta disciplina. Também podemos compreender que esse processo produtivo segue determinado conjunto de práticas e métodos desenvolvidos e aplicados na produção do seu produto final. Tais práticas e métodos definem quais serão os recursos materiais e humanos a serem empregados para gerar bens duráveis e tangíveis (mensuráveis). Esse método inclui técnicas, padrões, fórmulas, medições, especificações etc. � VOCÊ SABIA Note que é comum a disponibilidade no mercado de várias opções de métodos de produção, de práticas de trabalho, de máquinas, de recursos, de especificações etc. O emprego do conjunto mais apropriado desses elementos faz parte da chamada gestão da produção. Essa gestão também inclui decisões, ações e mecanismos diversos para a execução de direcionamento, planejamento, programação, monitoramento e ajuste da produção. Se uma empresa produz vários tipos de bens, ela apresenta diversos processos de produção. Para facilitar a sua análise, saiba que cada um desses processos de produção pode ser subdividido em subprocessos, os quais, por sua vez, podem se subdividir em atividades; depois, em procedimentos; e, por fim, em passos. POR ISSO, PODEMOS DIZER QUE OS PROCESSOS PODEM SER DOCUMENTADOS EM NORMAS OU MANUAIS (CONJUNTO DE NORMAS) QUE APRESENTAM O PASSO A PASSO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO. ISSO É MUITO ÚTIL PARA O TREINAMENTO E A ORIENTAÇÃO DE EQUIPES SOBRE O QUE DEVE SER FEITO. Um ponto importante a ser considerado é que os sistemas de produção variam entre as empresas, mesmo que elas atuem no mesmo setor ou segmento de negócios e produzam produtos muito similares. Acontece que essas empresas possuem diferentes disponibilidades de investimentos, recursos (humanos, materiais, informacionais etc.), layouts, conjuntos de equipamentos etc. OS RECURSOS HUMANOS ALOCADOS À PRODUÇÃO É importante destacar o papel das pessoas que participam da produção industrial. Elas reúnem inteligência, conhecimentos, habilidades e competências necessários para o desempenho de diversos papéis na administração, gestão e operação da produção. A inteligência e as habilidades são naturais das pessoas, enquanto os conhecimentos e as competências podem ser obtidos por meio de treinamentos, da experiência prática e de orientações. A ação das pessoas permite que os processos de produção sejam desenvolvidos e direcionados da maneira esperada, sempre considerando e priorizando o atendimento dos objetivos estabelecidos para o processo de produção. No contexto desse conteúdo, as pessoas desenvolvem papéis diversos e importantes na gestão da qualidade, do meio ambiente e, é claro, da saúde e segurança ocupacional. TIPOS DE INDÚSTRIAS Conforme veremos mais à frente, há vários tipos de indústrias. Algumas são especializadas em produzir insumos e máquinas para outras indústrias, enquanto outras produzem bens e insumos para as pessoas. No presente estudo, vamos considerar apenas a chamada indústria de transformação. Também vamos ter em conta a aplicação do termo “indústria” com o sentido que envolve toda a cadeia de produção do bem. ENTENDENDO OS SERVIÇOS O QUE OCORRE QUANDO A ATIVIDADE DE PRODUÇÃO NÃO GERA UM BEM DURÁVEL E MENSURÁVEL? IMAGINE, POR EXEMPLO, O TRABALHO DE UM(A) PROFISSIONAL QUE ATUA COMO CABELEIREIRO(A), ADVOGADO(A), PROFESSOR(A) OU MÉDICO(A). QUE TIPO DE TRABALHO É ESSE? ESSE TRABALHO É O CHAMADO SERVIÇO, QUE PODE SER PRESTADO ÀS PESSOAS E ÀS EMPRESAS. � ATENÇÃO Moreira (2012, p. 3) afirma que os serviços são “prestados por ações, realizados por pessoas ou máquinas”. Os serviços prestados por profissionais envolvem o emprego de suas habilidades e competências para o suprimento de alguma ação requerida por outras pessoas e ou empresas. Já as máquinas “prestam serviços” ao serem utilizadas por indivíduos para complementar o atendimento às outras pessoas ou às empresas. É o caso de uma oficina mecânica que usa um equipamento para elevar um carro, permitindo que o mecânico acesse partes sob o automóvel para efetuar a sua parte da prestação e serviços. Também há o caso de máquinas que atendem a pessoas sozinhas, como é o caso de uma máquina de autoatendimento em vendas (também conhecida pelo termo em inglês vending machine). Essa máquina pode lhe “vender” um refrigerante ou biscoitos sem a intervenção de um ser humano, por exemplo. Os serviços formam um segmento muito variado, abrangente e importante para a economia do Brasil e do mundo. Sua importância é tão grande que os estudiosos da economia e da administração costumam empregar o termo “indústria de serviços”, já que os serviços, no seu conjunto, rivalizam e até superam vários segmentos da indústria. TRATA-SE DO MAIOR EMPREGADOR DO MERCADO, SENDO SEMPRE LEMBRADO COMO A PORTA DE ENTRADA NO MERCADO DE MÃO DE OBRA MENOS PREPARADA OU INEXPERIENTE. O SETOR REÚNE DESDE PEQUENOS NEGÓCIOS OU PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS INDIVIDUAIS ATÉ GRANDES EMPREENDIMENTOS, COMO HOSPITAIS, CONSULTORIAS OU ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA, POR EXEMPLO. PRODUÇÃO INDUSTRIAL VERSUS PRODUÇÃO EM SERVIÇOS Uma grande diferença entre a produção industrial e a de serviços está na maneira como cada uma desenvolve a sua produção. � EXEMPLO As indústrias de bens costumam produzi-los fora das vistas dos seus consumidores finais. Eles são estocados em centros de distribuição das fábricas e transportados para revendedores, ficando novamente estocados nesses revendedores até o momento da venda ao consumidor final. Seguindo o descrito acima, um automóvel, um computador, uma roupa ou um alimento processado pode levar dias ou semanas para chegar às mãos de seus consumidores finais, que o utilizará em algum momento após sua aquisição. Já os serviços, como envolvem horas de trabalho de profissionais, não podem ser “estocados” para algum uso futuro. A entrega ao cliente pode ocorrer no momento de sua produção, e ele pode fazer seu juízo de valor sobre a qualidade do serviço de imediato. Imagine um serviço de corte de cabelo, por exemplo. Ele precisa ser prestado diretamente na “cabeça” do seu consumidor. A mesma lógica ocorre com um exame médico, que é feito por meio da análise da situação ou das reações do paciente. Ambos são serviços que precisam ser prestados na presença do cliente e não podem ser estocados. Na prática, uma hora não aplicada em uma atividade produtiva está desperdiçada ou perdida. Há outros aspectos que diferenciam essas duas indústrias, sendo alguns relacionados ao conteúdo de nossa disciplina. Por exemplo: IMPACTO NO MEIO AMBIENTE As duas indústrias trazem impactos ao meio ambiente. Mas os processos de produção industrial tendem a ser mais agressivos aos ambientes nos quais atuam. Isso ocorre devido a aspectos que vão desde a forma como eles extraem insumos para suprir as suas atividades de produção até os resíduos dessa produção liberados nesse mesmo ambiente. à EMPREGO DE MÃO DE OBRA As duas indústrias utilizam mão de obra com ou sem especializações. Mas os serviços costumam absorver mais mão de obra inexperiente ou menos preparada. FOCO NA QUALIDADE Ambas as indústrias buscam gerenciar e melhorar a qualidade da produção, otimizar seus custos e atender da melhor forma às expectativas e às necessidades de seus clientes. Esses aspectos serão aprofundados nos próximos módulos. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 � Reconhecer a importância da Administração da Produção Industrial LIGANDO OS PONTOS A produção de produtos ou de serviços pode ser administrada. Essa administraçãoenvolve a alocação e A aplicação de recursos humanos, materiais e tecnológicos que permitem planejar, direcionar, implementar e monitorar a produção. Mas como isso funciona na prática? Existe uma área de planejamento e controle da produção (PCP)? Existe um sistema de gestão da produção? E esse sistema pode se conectar ao SGI? Para entendermos isso, vamos ver o que ocorre com uma velha conhecida nossa, a ZPK Logística, e sua nova parceira de negócios: a TRD. A nova fábrica da TRD foi implantada em um prédio que estava ocioso junto a seu principal centro logístico, na matriz. Conforme o planejamento da primeira fase da implementação da fábrica, a nova empresa vai assumir a administração da sua produção e a do centro logístico. Para isso, ela recebeu a transferência da equipe e dos recursos que faziam a administração da produção nesse centro. Em algumas semanas, essa empresa vai assumir a administração da produção dos demais centros, aproveitando parte das equipes locais que serão transferidas para a sua gestão. A TRD também iniciou o seu trabalho de manutenção agindo a mesma maneira: assumir primeiramente a equipe da matriz e, mais tarde, as das outras unidades. Na primeira reunião da nova equipe da empresa com a equipe egressa da ZPK, surgiram algumas dúvidas. Por exemplo: A administração será da produção ou da operação? E o que significam esses termos? Os presentes tinham opiniões diversas a respeito. Todos concordaram com a importância, a estrutura necessária e as funções básicas do PCP. No entanto, eles discordaram sobre qual seria o direcionamento desse planejamento, ou seja, se seria em função do planejamento estratégico, das vendas, das demandas da operação ou da priorização das movimentações de cargas, que é o seu principal negócio. Outra questão envolveu a gestão de resíduos da produção. Os presentes até entendem o que e quais são os resíduos da produção, mas discordam se a gestão deles faz parte da administração da produção ou se isso seria tarefa da área administrativa (afinal, esses detritos são lixo, concorda?). Após a leitura do case , é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos e ajudar a equipe de projeto com as decisões a serem tomadas? 3. A QUESTÃO DOS RESÍDUOS É INTERESSANTE? AO MESMO TEMPO QUE CONSTITUEM SOBRAS OU REFUGOS DA PRODUÇÃO, ELES PRECISAM RECEBER UM TRATAMENTO ESPECIALIZADO PARA NÃO DANIFICAR O MEIO AMBIENTE? QUAIS DESSES TRATAMENTOS ENVOLVEM A SUA RECICLAGEM? COMO VOCÊ RESPONDERIA A ESSAS DÚVIDAS DA EQUIPE? RESPOSTA A gestão de resíduos é um dos focos do SGI. Por meio do SGQ, busca-se reduzir a sua quantidade, já que resíduos representam perdas para empresa. Pelo sistema de gestão ambiental (SGA), busca-se dar um destino adequado ao lixo, preferencialmente o reciclando ou reduzindo seus efeitos negativos sobre a natureza. Para o sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO), os resíduos representam riscos ambientais para os empregados e precisam ser gerenciados. Todos esses aspectos justificam o fato de eles fazerem parte da administração da produção. O QUE É O SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO? �� ADMINISTRAÇÃO DE PRODUÇÃO E OPERAÇÕES MOREIRA (2012, P. 12) DEFINE A ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES COMO “O CAMPO DE CONHECIMENTO VOLTADO À GERÊNCIA, ISTO É, AO PLANEJAMENTO, À ORGANIZAÇÃO E AO CONTROLE DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL E DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS”. O termo “produção”, como vimos, está focado no conjunto de atividades produtivas da empresa industrial. Já a expressão “operações” nasceu na indústria e foi adotada pelos serviços a partir dos anos 1970 (MOREIRA, 2012, p. 12). Mas as empresas de serviços também usam “produção” para se referir às suas atividades produtivas. � SAIBA MAIS A administração da produção é uma função de negócios fundamental para a indústria, já que envolve ações e decisões que permitem o atingimento dos objetivos da empresa, além da entrega de valor para os seus clientes. Ela faz isso por meio do planejamento da produção, da alocação de recursos, da definição dos processos de produção, do direcionamento das atividades de produção, do monitoramento do desenvolvimento das operações e da validação de seus resultados. Trata-se do gerenciamento dos sistemas de produção. Note que o ritmo de produção de qualquer indústria é definido pelas suas vendas. Da mesma maneira, o sucesso de sua operação depende da entrega da satisfação do cliente obtida com a entrega de valor. Esses fatos demonstram como a administração da produção e da operação precisa estar integrada com outras atividades corporativas – e vice-versa. Essas vendas alimentam o processo de PCP. Com ele, a administração da produção pode programar o que, quanto, quando (data, hora, minuto) e onde (unidade/linha de produção) vai ser produzido – e até o custo da produção. Com isso, será possível programar a alocação de linhas de produção de matérias- primas, de mão de obra e de insumos, como água e energia, entre outros recursos. Esse processo ainda pode acionar outros processos correlacionados, como a gestão de estoques, a aquisição de recursos, a programação de pessoal etc. É importante observar que o PCP também alimenta o SGI, já que essa programação deverá afetar a gestão da qualidade (como monitoramento e ajuste da produção), a ambiental (como o emprego de matérias-primas e os descartes de resíduos) e a de saúde e segurança do trabalho, como, por exemplo, a exposição a riscos da equipe que participa da produção programada. O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE BENS DURÁVEIS O processo de produção das indústrias envolve a transformação de matérias-primas e de outros insumos em, por exemplo, bens duráveis e de consumo – ou até em energia. Esse é o caso de tintas, remédios ou produtos de limpeza, que são gerados a partir de diferentes combinações de matérias- primas de origem mineral, animal e/ou vegetal. Essa produção pode, assim, gerar produtos a serem enviados para distribuidores, os quais, por sua vez, os venderão para os clientes finais. Há ainda produtos de uma indústria que serão insumos para outras indústrias! Vejamos como isso funciona: � EXEMPLO Pense no caso das montadoras de veículos. As peças utilizadas são produzidas por empresas de autopeças ou forjas, que usaram produtos, como, por exemplo, aço, ferro, óleo diesel ou energia elétrica, como matérias-primas ou insumos. Já essas matérias-primas, por sua vez, vieram de siderúrgicas, refinarias de petróleo ou termoelétricas. Da mesma maneira, o microcomputador, o tablet ou o smartphone que você está usando foi montado em uma empresa (vide a marca dela no seu equipamento), que, por outro lado, utilizou partes (exemplos: caixa, placas, processadores, tela etc.) adquiridas de outras empresas fornecedoras. Cada uma dessas empresas desenvolveu o próprio processo de produção para completar seu produto e entregá-lo para o cliente (marca do seu micro) dentro do contratado. Como se pode observar, a cadeia de produção a gerar os produtos que consumimos pode ser bem longa e envolver vários produtos que geram outros – e assim por diante. O processo de produção pode ser muito complexo e dependente de vários fornecedores. O de uma indústria de transformação pode ser caracterizado da seguinte maneira: � Processo de produção Em que: ENTRADAS PROCESSAMENTO SAÍDAS ENTRADAS Representam matérias-primas e insumos que serão consumidos pelo processo produtivo. Com isso, eles vão compor proporcionalmente cada item produzido. PROCESSAMENTO Envolve o conjunto de atividades de transformação dessas matérias-primas em produtos e ocorre com o auxílio dos insumos. Essas atividades podem ser muito diversificadas e envolver a separação, a mistura, a fermentação, a união, a fervura, o resfriamento, o transporte e a estocagem, entre outras etapas desses elementos. A combinação dessas atividades varia muito de um produto para outro e são definidas pelo processo de produção de cada um. SAÍDAS Podem ser osprodutos acabados que serão distribuídos para os clientes dessa empresa. Esses clientes podem ser os consumidores finais ou as empresas que utilizarão esses produtos nos processos produtivos de outros. Essas saídas também podem ser sobras, falhas, líquidos, gases, poeiras ou energias liberadas durante o processamento. São os denominados resíduos de produção, a respeito dos quais estudaremos a seguir. OS RESÍDUOS DA PRODUÇÃO A partir de agora, confira os aspectos importantes relacionados aos resíduos de produção. IMPORTÂNCIA DOS RESÍDUOS Os resíduos de produção representam um aspecto-chave tanto para o presente estudo da produção quanto para a nossa disciplina. Esses resíduos representam preocupações para as empresas e as partes relacionadas, pois ambas podem ser afetadas de diversas maneiras direta ou indiretamente. Isso ocorre porque os resíduos podem ser fontes de riscos ou perigos para a gestão da qualidade da produção, do ambiente e da saúde e segurança ocupacional. Eles têm potencial, portanto, para afetar, de alguma forma, todas essas partes. PERDAS QUE OS RESÍDUOS REPRESENTAM Os resíduos de produção podem ser divididos em dois grandes grupos compostos em função das perdas que representam para a empresa: a) Alguns resíduos podem ser resultados inevitáveis dos processos produtivos, sendo considerados perdas esperadas devido aos processos de produção empregados. Esse é o caso, por exemplo, de sobras de material após o corte, o polimento ou outro procedimento aplicado para adaptar sua forma aos requisitos do produto final; do calor e dos gases emitidos por motores; ou de energias sonoras geradas por equipamentos de alto impacto. b) Outros resíduos podem ser o resultado da ocorrência de falhas, erros ou acidentes na aplicação desses mesmos processos, podendo ser gerados por causas tão diversas, como, por exemplo, erros na operação de máquinas e equipamentos, problemas de manutenção dessas máquinas e desses equipamentos, emprego de matérias-primas de má qualidade ou rompimento de tubulações. Note que que o primeiro grupo envolve resíduos cuja geração é previsível ou esperada. Eles são previstos ainda na etapa de concepção e desenho do projeto do processo de produção. Sua ocorrência é, portanto, inevitável com métodos, máquinas, matérias-primas e/ou insumo hoje disponíveis no mercado. A evolução tecnológica poderá eventualmente reduzir seu volume e/ou seus impactos no futuro. Porém, desde o projeto, os ambientes, as máquinas, os equipamentos e a própria equipe já podem ser preparados para lidar com os resíduos, tratando-os preventivamente. Já o segundo grupo envolve perdas que poderiam ser evitadas. Elas podem vir de falhas da concepção e/ou aplicação do processo de produção, da operação errada de equipamentos ou de erros de manutenção de equipamentos, por exemplo. São falhas que poderiam ser evitadas e que geram perdas para a empresa. Elas podem ser reduzidas por meio de ações preventivas dos administradores da produção. AS RAZÕES TÉCNICAS PARA OS RESÍDUOS DE PRODUÇÃO Nesse ponto, você já deve estar estranhando o que parece ser uma tolerância com essas perdas evitáveis! Como os administradores, gestores e equipes as permitem? Os projetos de processos de produção não as consideram? Por que elas existem? O fato é que as indústrias costumam ser muito intolerantes com essas perdas, sejam evitáveis ou não. Elas representam riscos dos processos de produção para os quais as empresas preveem tratamentos preventivos, detectivos e corretivos. Tais tratamentos costumam ser implementados pelas equipes da operação e manutenção e são avaliados constantemente por gestores e auditores. Essas perdas acontecem porque os riscos não estão (nem poderiam estar) eliminados, e sim mitigados, ou seja, com as suas probabilidades de ocorrência e consequências reduzidas mediante a aplicação de diversos mecanismos de prevenção e de monitoramento ou controle. O problema é que esses mecanismos, por mais automatizados ou mecanizados que estejam, podem falhar. E essas falhas ocorrem por motivos tão diversos quanto problemas de fabricação ou operação de equipamentos, assim como erros de sistemas automatizados ou falha humana. Os tratamentos para a prevenção dessas falhas costumam ser numerosos e intensos. Podem ser criadas redundâncias (vários mecanismos para tratar o mesmo risco), alarmes, verificações periódicas ou planos de contingência. Vários mecanismos possuem características que os tornam quase infalíveis na sua aplicação. OS IMPACTOS FINANCEIROS DOS RESÍDUOS DE PRODUÇÃO Os resíduos são percebidos como perdas ou desperdícios de recursos, representando gastos de produção que, mesmo que sejam necessários e inevitáveis, oneram preços, reduzindo, assim, vendas e resultados e afetando a produtividade e a lucratividade da empresa. As reduções das vendas se devem ao fato de haver uma diminuição de redução de produtos produzidos. Essa redução representa a perda de oportunidades de venda e do consequente aumento das receitas e dos lucros. Essa constatação leva as empresas a investir bastante em ações e recursos que permitam a redução ou a eliminação dessas perdas. Esses gastos são percebidos como um investimento, pois se espera que gerem reduções de gastos com perdas e o aumento da quantidade de produtos para a venda. Desse modo, eles serão compensados ao longo do tempo, ou seja, após alguns meses ou anos subsequentes à sua implementação, devido à redução das perdas. Os gastos para a redução de perdas da operação podem envolver desde o investimento em processos de produção melhores e/ou inovadores até o treinamento e a orientação de equipes quanto à correta operação de máquinas, equipamentos e ferramentas ou à intensificação da manutenção preventiva sobre esses mesmos recursos. Muitas empresas implementam indicadores que medem as perdas evitáveis e inevitáveis. Eles costumam ser usados para avaliar a performance de administradores, gestores e equipes de produção. Além disso, permitem o acompanhamento corporativo de sua evolução e o acionamento de ações que previnam ou evitem as perdas. Essas perdas afetam tanto a qualidade da produção quanto o meio ambiente, a saúde e a segurança ocupacional, ou seja, são foco dos sistemas de gestão que forma o SGI. Esses três sistemas podem incorporar indicadores para acompanhar a evolução da geração, a disseminação, o armazenamento e o descarte de cada tipo de resíduo, permitindo o gerenciamento de seus riscos e a proposição de ações que os reduzam. Por fim, é importante lembrar que há várias legislações e regulamentações relacionadas à gestão do meio ambiente ou do trabalho que são voltadas para resíduos, estabelecendo os métodos, os limites e os controles a serem observados. O seu descumprimento pode levar a penalizações diversas, podendo incluir multas ou até a interrupção das atividades de produção, com claros impactos financeiros e de reputação para a empresa. OS RISCOS DA PRODUÇÃO As operações das empresas possuem vários riscos que precisam ser identificados, avaliados e tratados, isto é, gerenciados. As indústrias seguem essa regra, mas com agravantes: seus ambientes de produção podem trazer mais exposições a riscos que os de outros segmentos do mercado, como comércio, fianças ou outros serviços. DA MESMA MANEIRA QUE OCORRE EM OUTROS SEGMENTOS, OS PROCESSOS DA INDÚSTRIA PRECISAM SER IDENTIFICADOS E AVALIADOS EM RELAÇÃO A ESSAS EXPOSIÇÕES AO RISCO. COMO JÁ VIMOS, PARTE DESSES RISCOS ENVOLVE A EMISSÃO DE RESÍDUOS NO AMBIENTE DE PRODUÇÃO. SÃO OS CHAMADOS RISCOS AMBIENTAIS, OU SEJA, DO AMBIENTE DE TRABALHO. Há outros riscos que envolvem, por exemplo, acidentes derivados das movimentações tanto de máquinas e equipamentos da linha de produção, como esteiras ou prensas, quanto de cargas ou de veículos dentro do ambiente de trabalho. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 � Reconhecer a importância do SGI como ferramenta de Administração da Produção LIGANDO OS PONTOS A administração daprodução é uma atividade fundamental em qualquer empresa, seja ela industrial ou de serviços. Essa função de negócios é conduzida por meio de um sistema de gestão da produção que une diversos elementos de planejamento, direcionamento, execução e monitoramento da produção. Por outro lado, o SGI congrega três sistemas de gestão de grande importância para a empresa e especificamente para a administração da operação. Mas como esses quatro sistemas podem interagir entre si? Como o SGI pode contribuir para o aperfeiçoamento do processo de produção? Para entendermos isso, vamos ver o que ocorre nas nossas conhecidas ZPK Logística e TRD. Já se passou um ano desde o início da operação (startup) da TRD. Nesse período, ela implementou e consolidou seus processos de PCP e de manutenção de equipamentos. Agora chegou a hora de iniciar a sua fábrica de semicondutores em parceria com um investidor chinês. Nos últimos seis meses, uma equipe de engenheiros e técnicos foi para a China ser preparada para ser treinada nos métodos de fabricação chineses e conhecer os equipamentos que foram importados para a produção no Brasil. Nesse momento, está ocorrendo uma reunião on-line envolvendo as equipes técnicas do Brasil e da China. Essa reunião visa a definir as ações e o cronograma de implementação, assim como as metas de produção. Também são debatidos os sistemas de controle da produção e suas interações com os sistemas que compõem o SGI, os quais, por sua vez, foram implantados e estão em produção há meses. Entretanto, há algumas dúvidas: Os chineses querem conduzir o sistema de gestão da qualidade (SGQ), entendendo que essa será uma boa forma de controlar a produção e a sua qualidade. Houve discordâncias sobre se deveria ser empregado ou não um sistema único de geração de indicadores para o acompanhamento da gestão da qualidade, ambiental e da saúde e segurança ocupacional. Também está sendo debatida a proposta de se buscar a certificação dos sistemas de gestão que compõem o SIG. Parte dos participantes acredita que seria fundamental para a reputação da empresa. Mas um grupo considera que os gastos com a certificação não são baixos, sendo, por isso, desnecessários em um momento em que a empresa está ainda decolando. Após a leitura do case , é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos e ajudar a equipe de projeto com as decisões a serem tomadas? 3. A DISCUSSÃO SOBRE A CERTIFICAÇÃO É MESMO POLÊMICA. POR UM LADO, ELA É DE FATO CUSTOSA. POR OUTRO, PODE AFETAR POSITIVAMENTE A REPUTAÇÃO DA EMPRESA. OS EVENTUAIS BENEFÍCIOS DE UMA AÇÃO CORPORATIVA PODEM SUPERAR OS CUSTOS DE SUA IMPLEMENTAÇÃO (RELAÇÃO CUSTO X BENEFÍCIO). LISTE AO MENOS TRÊS POSSÍVEIS BENEFÍCIOS QUE JUSTIFICARIAM ESSES CUSTOS. RESPOSTA A melhoria da reputação traria como benefícios: a) O aumento do valor da empresa no mercado, que vê positivamente essas certificações. b) A melhoria das vendas devido à visão positiva que a certificação gera no mercado e na argumentação de venda. c) A certeza de que os três sistemas de gestão seguem as normas correlacionadas, aproveitando efetivamente o seu conteúdo. COMO O SGI PODE APOIAR A ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO? �� A PRODUÇÃO E O SGI COMO JÁ PONTUAMOS, O SGI FAZ PARTE DE PROCESSOS E SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL. MUITOS DOS ELEMENTOS COMUNS DOS TRÊS SISTEMAS DE GESTÃO TAMBÉM FAZEM PARTE DO SISTEMA GESTÃO DA PRODUÇÃO DA EMPRESA. Esse é o caso dos sistemas de informação corporativos, que geram indicadores de desempenho utilizados para todos esses sistemas. Também há a atuação de gestores ou de equipes de monitoramento da produção, que podem desempenhar tarefas ou exercer controles relacionados ao SGI e à produção. � VOCÊ SABIA O SGI pode influenciar ou até direcionar o planejamento estratégico e tático da produção. Ele o faz por meio da apresentação de políticas, estatísticas, referências, critérios, procedimentos ou métodos observados nesses planejamentos, alinhando-os às boas práticas de gestão da qualidade, de gestão ambiental e de gestão de saúde e segurança ocupacional. Desse modo, as administrações de produção deverão ter grande interesse em seguir essas disposições e orientações do SGI. Muitas delas representam ou impactam objetivos estratégicos, táticos e/ou operacionais da empresa, podendo constituir metas de desempenho de processos, áreas ou profissionais. O SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE (SGQ) NA PRODUÇÃO APLICAÇÃO PRÁTICA DO SGQ O SGQ ORGANIZA E FOCA RECURSOS E ESFORÇOS DA EMPRESA NO SENTIDO DE PROMOVER A MELHORIA DA QUALIDADE DE SUA PRODUÇÃO E DOS SEUS PRODUTOS OU SERVIÇOS. EM NOSSO ESTUDO, CONSIDERAREMOS O SGQ COMO UM APOIO IMPORTANTE PARA O BOM DESEMPENHO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO. Por meio da política que compõe o SGQ, administradores, gestores e equipes envolvidas com o processo de produção podem conhecer os objetivos corporativos e as diretrizes da administração sobre a qualidade da produção e dos seus produtos, além das definições de responsabilidades sobre a gestão da qualidade na empresa. No lado mais operacional, o SGQ disponibiliza meios para identificar oportunidades de melhoria de processos de produção, principalmente por intermédio da identificação e da redução de causas de falhas ou de melhoramentos e inovações. Ele ainda pode desenvolver essa atividade continuamente, possibilitando a redução de erros e a melhoria da conformidade com as especificações técnicas e de custeio do produto que está sendo produzido. É a chamada melhoria contínua com a aplicação do Ciclo PDCA (sigla de plan, do, check e act). � SAIBA MAIS Como resultado, as taxas de perdas de produto devido às falhas de produção em relação à produção total caem. Desse modo, há uma melhoria da produtividade corporativa, entendida como a razão entre a produção total (todos os itens produzidos) e todos os gastos efetuados para haver essa produção. Com menos perdas, a quantidade de produtos disponibilizados para a venda eleva, aumentando, assim, o numerador dessa razão, que é a produção total. Eis aqui um fator de grande importância para a empresa, justificando a implementação do SGQ na indústria. Por outro lado, a redução de falhas representa uma redução de desperdícios de recursos causados por essas falhas. Com isso, as perdas a serem consideradas no custeio do produto são reduzidas, afetando positivamente resultados e preços. Isso reduz o denominador da equação da produtividade, isto é, todos os gastos efetuados com essa produção. Por fim, a redução de preços afeta o numerador – produção total. SISTEMA DE MEDIÇÕES DE INDICADORES DE DESEMPENHO DO SGQ As empresas costumam medir essa produtividade com indicadores que medem o que foi produzido, o quanto foi gasto, as perdas ocorridas e a produtividade propriamente dita. Esses indicadores costumam ser usados para a avaliação da performance de áreas, administradores, gestores e equipes envolvidas com a produção. Pela descrição acima, você já deve imaginar como as áreas de produção se preocupam em alcançar e superar as metas definidas para esses indicadores, atingindo, assim, seus objetivos. Muitas empresas vinculam o alcance de seus objetivos ao pagamento de premiações de produção ou às participações nos lucros, por exemplo. Outros aspectos que também formam indicadores são as medições que representam a eficácia, a eficiência e a efetividade dos processos de produção. Esses indicadores podem representar, por exemplo, o cruzamento de medidas, como tempos de processamento, custos de produção, perdas identificadas, volumes de produtos produzidos, produção per capita/hora etc. O acompanhamento e a interpretação constantes desses indicadores permitem identificar oportunidades de melhoria de processos, o efeito de melhorias já introduzidas ou o entendimento de variações ocorridas, entre outras tantas aplicações. � ATENÇÃO O acompanhamento desses indicadores, que compõem a gestão do SGQ nas empresas, permite a ação rápida sobre problemasou desvios de qualidade da produção observados. A rapidez entre essa identificação, a sua análise e a sua correção é uma maneira de medição da eficiência e da eficácia do próprio SGI. Isso também demonstra a sua importância prática para os gestores, o que ocasiona a sua rápida aceitação nas empresas. A QUALIDADE E A EXCELÊNCIA EMPRESARIAL Um aspecto muito valorizado pelos stakeholders é a certificação técnica dos processos segundo a NBR ISO 9001:2018. Essa certificação não garante ou define que o processo certificado já atingiu um bom nível de qualidade, e sim que há elementos e ferramentas implantados que possibilitam o atingimento dessa qualidade. Isso é muito positivo para a empresa, demonstrando a preocupação e o comprometimento dela com a busca da melhoria da qualidade. Também já verificamos que a execução dos requisitos e as disposições dessa norma ISO levam a empresa a produzir mais, melhor e com menor custo, havendo, assim, entrega de valor ao cliente dentro do prometido. A continuidade de sua aplicação propicia o tratamento das causas de falhas, a redução de custos, o aumento das vendas e consequentemente a melhoria da produtividade e da qualidade. ESSA MELHORIA DA PRODUÇÃO, QUE SE REFLETE EM INDICADORES DE DESEMPENHO E RESULTADOS DA EMPRESA PUBLICADOS PARA SEUS STAKEHOLDERS, FAZ A COMPANHIA SE DESTACAR NO MERCADO. Há diversas premiações de entidades nacionais e internacionais que representam as diferentes indústrias e premiam anualmente as empresas que mais se destacam pela qualidade. Essas premiações, que se baseiam em diversas análises dessas entidades sobre operações e resultados das indústrias, são muito desejadas por administradores e stakeholders, pois melhoram a reputação e o valor da organização no mercado e abrem a porta para novos negócios no Brasil e no exterior. O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) NA PRODUÇÃO APLICAÇÃO PRÁTICA DO SGA POR MEIO DO SGA, É POSSÍVEL COORDENAR OS ESFORÇOS DA EMPRESA PARA TRATAR PREVENTIVAMENTE OS RISCOS RELACIONADOS AO MEIO AMBIENTE. MUITOS DESSES RISCOS SÃO PROVENIENTES DE SUA ATIVIDADE NORMAL, QUE, MESMO DESEMPENHADA ESTRITAMENTE DENTRO DO PLANEJADO, PODE TRAZER DANOS AMBIENTAIS. � VOCÊ SABIA Assim como o SGQ, o SGA possibilita que administradores, gestores e equipes envolvidas com o processo de produção conheçam os objetivos corporativos, as diretrizes da administração sobre a gestão e a preservação do meio ambiente. Essas políticas também definem as responsabilidades sobre a gestão do meio ambiente ou condicionam o desenvolvimento de processos e projetos da empresa à realização de estudos de impacto ambiental. As certificações sobre a aplicação da NBR ISO 14001:2015 e os prêmios de excelência pela gestão ambiental são muito desejados pelas empresas que atuam dentro da responsabilidade ambiental. Eles fazem a diferença para a valorização da organização no mercado ou mesmo para novos negócios, atraindo empresas de qualquer parte do mundo. Ao pesquisar sites corporativos de empresas que exploram o agronegócio ou a mineração, por exemplo, você encontrará com facilidade afirmações dessas companhias sobre a maneira com que tratam seus footprints (pegadas) deixados no meio ambiente. Um instrumento muito comum hoje em dia são os relatórios sobre a gestão ambiental que elas praticam, os quais são realizados ou validados por auditorias externas. MUITAS EMPRESAS CONDICIONAM A REALIZAÇÃO DE NEGÓCIOS COM OUTRAS COMPANHIAS À APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIOS DESSE TIPO, ALÉM DAS CERTIFICAÇÕES CITADAS ACIMA. ESSE ACORDO OCORRE DEVIDO À IMPORTÂNCIA CADA VEZ MAIOR QUE INVESTIDORES, CLIENTES E OUTROS STAKEHOLDERS ATRIBUEM À GESTÃO AMBIENTAL. O SGA E OS FORNECEDORES Retomando o nosso enfoque na indústria de transformação, muitos danos ao meio ambiente trazidos pelo processo de produção podem comprometer a reputação e os negócios da indústria. Esses danos são decorrentes de ações das empresas que compõem a sua cadeia de produção, ou seja, dos fornecedores de suas matérias-primas. A verdade é que esses fornecedores são associados à indústria à qual atendem quando são citados positiva ou negativamente na mídia, ou seja, por beneficiarem o meio ambiente ou por prejudicá-lo, respectivamente. As indústrias do agronegócio e da mineração são exemplos desses fornecedores, pois fazem parte da cadeia de produção, fornecendo matérias-primas a serem transformadas. Isso quer dizer que, embora a indústria que tenha comprado essas matérias-primas aplique todos os meios possíveis para tratar os seus resíduos de produção, apagando os próprios footprints, ela pode vir a ser penalizada de várias formas pelos descuidos ou pelas agressões ao meio ambiente realizados por seus fornecedores. A operação desses fornecedores poderá alterar por um longo prazo ou permanentemente o solo e os ecossistemas do local onde atuam e de suas redondezas. Para tratar isso, essas empresas costumam compensar os danos que causam de outras maneiras, muitas vezes recuperando outras áreas degradadas como parte da compensação ao meio ambiente. Isso ocorre porque essa indústria, ao comprar os produtos dos fornecedores, os estimula a produzir mais para atendê-la melhor. Com isso, quem compra está contribuindo ou até motivando indiretamente os danos ambientais que esses fornecedores causam. Se eles não cumprirem o seu papel com a gestão ambiental, os efeitos negativos também poderão atingir essa indústria. ESSA CONSTATAÇÃO LEVA AS EMPRESAS COMPROMETIDAS COM A SUA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL A CONDICIONAR SEUS NEGÓCIOS COM FORNECEDORES À REALIZAÇÃO COMPROVADA DE RECUPERAÇÕES OU COMPENSAÇÕES AO MEIO AMBIENTE CONDUZIDAS PELO FORNECEDOR SOBRE OS DANOS QUE ELE VIER A CAUSAR. A INDÚSTRIA COMPRADORA PODERÁ INCLUSIVE SE ASSOCIAR AO FORNECEDOR NESSA AÇÃO CONFORME SEJA A NEGOCIAÇÃO ENTRE ELES. Por outro lado, ela também pode substituir um fornecedor que não demonstre esforço de redução de seus impactos ambientais e/ou de compensação pelos danos causados. Esse condicionamento à realização de esforços de proteção ou à recuperação do meio ambiente (e de sua penalização pela omissão) pode constar nos contratos firmados com esses fornecedores. MAS SERÁ QUE ISSO FUNCIONA MESMO? Funciona sim! As empresas, sejam elas clientes ou fornecedoras, buscam divulgar nas mídias disponíveis as ações ambientais que praticam. Isso ocorre tanto pelo esforço de se atuar em conformidade com a legislação e a regulamentação ambiental quanto – e principalmente – pelos danos que a indústria pode ter ao se omitir e não obrigar o fornecedor a cumprir seu dever com o tratamento dos danos que causa ao meio ambiente. � SAIBA MAIS Muitas empresas do Brasil e do exterior condicionam a realização de seus negócios à comprovação de que a indústria e os seus fornecedores atuam efetivamente na preservação do meio ambiente ou na compensação dos danos que causam. O SISTEMA DE GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL (SGSSO) APLICAÇÃO PRÁTICA DO SGSSO O ambiente ocupacional das empresas apresenta inúmeras exposições a riscos e perigos. Apontamos que, nos ambientes industriais, os processos de produção apresentam agravantes a esses riscos representados pelos movimentos das máquinas, dos resíduos lançados no ambiente ou de veículos, por exemplo. A APLICAÇÃO DO SGSSO APRESENTADO PELA NORMA ISO 45001:2018 PODE TRAZER DIVERSAS VANTAGENS PARA A EMPRESA E OS TRABALHADORES, JÁ QUE ESTABELECE UM PROCESSO CONTÍNUO DE AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DOS RISCOS PARA O TRABALHADOR. � RELEMBRANDO Vale lembrar que a concepção e a aplicação desse sistema devem incluir todos os quesitos do Programa de Gestão de Riscos (PGR) apresentado pela nova NR-1. É importante ressaltar que, com o SGSSO, é possível identificar riscos, classificá-los e gerenciá-los. Isso aumenta a segurança no ambiente de trabalho, pois ocorre o gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO). Uma vez que se tem o conhecimento de suas ocorrências, é possível reduzir a probabilidade dos acontecimentos em todosos setores da empresa por meio do controle estatístico da produção. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste estudo, conhecemos as aplicações do SGI e dos três sistemas que o compõem no ambiente das indústrias. Vimos como eles podem atender tanto às demandas de stakeholders quanto a estas três gestões: da qualidade, ambiental e da saúde e da segurança ocupacional. Aprendemos também a reconhecer os conceitos de produção industrial, fábrica e indústria. Isso viabilizou a compreensão sobre a aplicação do SGI nesse ambiente. � PODCAST Confira o conteúdo preparado especialmente para você enriquecer o seu conhecimento sobre o tema estudado. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT catálogo. Consultado na internet em: 30 jul. 2021. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 45001: sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional - requisitos com orientação para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9000: sistemas de gestão da qualidade – fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001: sistemas de gestão da qualidade – requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001: sistemas de gestão ambiental — requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 16001: responsabilidade social - sistemas de gestão — requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 26000: diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. BRASIL. Portaria n° 3.214, de 08 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras que consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. Norma Regulamentadora nº 01 (NR-1): Disposições gerais e gerenciamento de riscos. MOREIRA, D. Administração da produção e operações. São Paulo: Saraiva, 2012. EXPLORE+ Para explorar mais o assunto estudado, recomendamos o seguinte artigo: FERREIRA, D. H.; DINIZ, H. H. L. Sistema de gestão integrado (SGI): estudo de caso em uma indústria de abrasivos. Revista de trabalhos acadêmicos - universo Recife. v. 4. n. 2. CONTEUDISTA Ronaldo Augusto Granha
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