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Crimes de Trânsito: Objetividade Jurídica

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Conteudista: Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes
Revisão Textual: Laís Otero Fugaitti
 
Objetivos da Unidade:
Estudar os crimes de trânsito em sua objetividade jurídica e material, bem
como as objetividades jurídicas principais e secundárias dos crimes de
trânsito;
Conhecer as qualificadoras aplicadas aos crimes de trânsito;
Identificar os crimes de trânsito, abarcando lesão e mera conduta;
Analisar as circunstâncias agravantes específicas dos crimes de trânsito. 
˨ Material Teórico
˨ Material Complementar
˨ Referências
Crimes de Trânsito: Objetividade Jurídica e
Aplicação de Qualificadoras
Objetividade Jurídica
O conceito de objetividade jurídica gera, por vezes, certa polêmica no tocante à sua exata
compreensão. Entretanto, para facilitar seu entendimento, partiremos da análise do significado
das palavras que formam a expressão.
Primeiramente, busquemos o significado da palavra “objetividade”. O Dicionário On-line de
Português expressa diversas formas de interpretar o que é objetividade, sendo uma delas
indicada a seguir.
Já o termo “jurídica” é definido a seguir.
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˨ Material Teórico
Glossário  
Objetividade: característica do que representa ou pretende representar
fielmente um objeto.
Dessa forma, ao unirmos as palavras, podemos entender que a “objetividade jurídica” está
relacionada com a busca do “legislador” (Poder Legislativo) em proteger determinado bem ou
instituto relevante para o Direito. Cabe reforçarmos o entendimento que a “Lei”, de modo geral
e, especificamente, em nosso estudo de uma norma penal, busca disciplinar condutas, seguindo
o que preceitua o princípio da legalidade, expresso no inciso II do artigo 5º de nossa
Constituição Federal.
Glossário 
Jurídica: é o feminino de jurídico.  
O mesmo que: lícita. Significado de “jurídico”: relacionado com o
Direito, com as normas sociais que buscam expressar ou alcançar um
ideal justo, mantendo e regulando a vida em sociedade. Segundo as
normas e regras impostas pelo Direito; legal: ato jurídico. Refere-se às
leis, aos bons costumes, ao que é correto, honesto, justo.
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Nesse passo, consagra-se que o limite da conduta ou da omissão é o mando da lei. De maneira
específica, a lei penal tem princípios assegurados também em nossa Lei Maior:
Os doutrinadores expressam que, nesse dispositivo constitucional, deparamos com dois
princípios, que são o da legalidade e o da anterioridade da lei penal. Podemos, diante desse
enunciado, deduzir que a lei penal possui duplo aspecto, sendo o primeiro de caráter preventivo,
ao anunciar que determinada ação ou omissão é crime, fazendo, ainda que em tese, com que a
sociedade saiba que não poderá adotar determinado comportamento, sob pena de este ser
considerado como crime. Vale observar que o desconhecimento da “lei” é inescusável, na
conformidade da “Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro” (Decreto-Lei 4.657, de 4
de setembro de 1942), em seu 3.º artigo.
- BRASIL, 1988
- BRASIL, 1988
[…]
I – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei […]”
“Art. 5º. […] XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal”
Outro aspecto da norma jurídica penal é seu caráter repressivo, pois caberá ao Estado, após
iniciada a persecução penal, reprimir a conduta contrária ao ordenamento jurídico. Aqui
deparamos com a compreensão da existência da coercibilidade no Direito.
Diante do visto, podemos perceber que a definição de crime é um dos fundamentos do Direito
Penal. Tal descrição denomina-se de “tipo penal”, que nada mais é do que a descrição da
conduta que enseja em dar causa a determinado crime, culminando com a pena a ela
correspondente.
Como exemplo, vejamos o crime do artigo 304 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que,
embora não tenha uma denominação jurídica descrita em lei, é conhecido pela doutrina como
“omissão de socorro de trânsito”.
- BRASIL, 1942
“Art. 3º. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”
“Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar
imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa,
deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir
elemento de crime mais grave”
Como se nota, ao descrever a conduta no caput e a pena correspondente à omissão, o autor da
conduta estará sujeito a uma sanção, o que revela a coercibilidade da norma, ou seja, existe uma
sanção firmada em lei para aquele que pratica uma infração penal.
Cabe observar, ainda, que no Direito Penal encontramos a pena mais severa do ordenamento
jurídico pátrio, ou seja, a pena privativa de liberdade, que no caso em exame é de detenção de seis
meses a um ano, aliada à pena pecuniária de multa. No caso em tela, merece destaque a parte
final do dispositivo da pena: “[…] se o fato não constituir elemento de crime mais grave”
(BRASIL, 1997).
Figura 1 – Omissão de Socorro
Fonte: Pixabay
- BRASIL, 1997
Quanto à objetividade jurídica, ou seja, o objeto que o Direito reconhece como merecedor da
proteção normativa do Estado, podemos inferir que a estipulação de uma pena deixa claro, a
todos em sociedade, que existe uma limitação à liberdade de fazer ou não fazer algo, na
conformidade e na consonância da lei. De modo geral, sempre que um crime é praticado, o
Estado será “vítima do delito”, pois o que ele formalmente preconizou deixou de ser observado,
ou seja, seu interesse, conhecido como “objetividade jurídica”.
A norma penal incriminadora tem por escopo a proteção de determinados interesses ou objetos
jurídicos, defendidos pela sociedade, muitos deles integrando a própria norma constitucional na
categoria de direitos fundamentais, como ocorre com a proteção do direito à vida, à
incolumidade física, ao patrimônio, à honra e à fé, entre outros.
A doutrina que aprecia o Direito Penal – ou Criminal, como alguns preferem – leva em
consideração que a norma jurídica tem por escopo proteger determinado bem jurídico. Tal bem
deve ser visto sob dois prismas, um relativo à própria natureza adstrita a um bem jurídico, que é
a satisfação de alguma necessidade humana, seja ela de ordem material ou imaterial, e outro
relativo ao interesse, que une de alguma forma uma pessoa a um bem.
Figura 2 – Lide
Quando tratamos do “bem jurídico” atingido pela conduta do agente, estaremos levando em
consideração o denominado “objeto material” do crime, ou seja, o bem da vida ou interesse que
liga uma pessoa a esse “objeto”.
Nas palavras de Guilherme Nucci (2021), podemos entender o objeto material do crime da forma
descrita a seguir.
Destacado o objeto material do crime, cabe-nos diferenciá-lo de outro objeto, o chamado
“objeto jurídico”. Como descrito, o objeto material trata do bem ou interesse sobre o qual recai a
conduta do agente. No caso do objeto jurídico, estamos abordando de modo geral um bem
jurídico tutelado pela norma, como a própria vida, a propriedade, a intimidade, a vida privada etc.
Diante das relações jurídicas que surgem em razão do trânsito, bem como da incidência de
diversos normativos penais no mesmo trânsito, podemos acrescer que a “segurança no
trânsito” pode ser vista como um objeto jurídico que tangencia nosso ordenamento.
Por exemplo, imaginemos que “X” seja o condutor de um veículo que transita em determinada
via pública em velocidade excessiva, pois a via tem como limite 50 km/h, e “X” conduz o veículo
a 100 km/h. Diante de tal imprudência, o condutor “X” atropela “Y”, dando causa ao seu óbito.
Sem buscar outras conjecturas, na doutrina e na jurisprudência, a respeito da conduta de “X”,
consideremos que ele praticou o crime
de homicídio culposo descrito no artigo 302 do CTB.
- NUCCI, 2021, s/p
“O objeto material do crime é a pessoa ou coisa contra a qual se volta a conduta
criminosa. Pode ter natureza corpórea ou incorpórea, com um interesse (honra,
inviolabilidade domiciliar).”
“Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
 
Nesse exemplo, o objeto material atingido pela conduta de “X” foi ceifar a vida de “Y”. Além
disso, a conduta de “X” atinge um bem jurídico protegido pelo Direito – especificamente pelo
dispositivo do artigo 302 do CTB, a vida, que no caso é o objeto jurídico tutelado pela norma.
Figura 3 – Atropelamento
Fonte: Pixabay
- BRASIL, 1997
Penas – detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”
As Objetividades Jurídicas Principal e Secundária dos
Crimes de Trânsito
Uma das questões que se apresentam com relação à objetividade jurídica, no que tange aos
crimes de trânsito, é a de uma dupla condição com relação. Pode-se dizer que os crimes de
trânsito possuem uma objetividade jurídica diversa do que comumente é tratado no Direito
Penal, o que nos leva, como já explanado, à vida, à integridade física, à liberdade e à propriedade,
ou seja, direitos fundamentais, vistos pelo seu aspecto individual ou de forma coletiva.
Os crimes de trânsito, por aceitação doutrinária e jurisprudencial, apresentam uma objetividade
jurídica principal, com relação à “segurança de trânsito”, e outra secundária, voltada à vida, à
saúde e à integridade física, entre outros aspectos.
Desse modo, a legislação penal de trânsito objetiva prevenir e/ou reprimir condutas afetas à
segurança de trânsito e, por via reflexa, também tutela outros direitos. Como exemplo temos a
prática por determinado condutor de veículo da conduta prevista no artigo 311 do CTB.
- BRASIL, 1997
“Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades
de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros,
logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de
pessoas, gerando perigo de dano:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.”
Nesse caso, fica claro que, aliada à segurança de trânsito, a vida das pessoas nos locais indicados
pelo dispositivo legal está sendo, também, protegida. Ou seja, por via reflexa, também há a
proteção da vida e da incolumidade física das pessoas, havendo uma proteção efetiva à
incolumidade pública, objetividade secundária da norma de trânsito.
Figura 4 – Alta Velocidade
Fonte: Pixabay
Com relação a essa questão, é importante observar que não é preponderante a segurança de
trânsito diante dos demais direitos, ou da objetividade jurídica de outros delitos, mas sim deve-
se conceber que cada norma tem o seu propósito legislativo e que todas caminham na busca da
satisfação do interesse público e da almejada “paz social”.
Como Qualificar Crimes como sendo “Crimes de
Trânsito”
Um dos mais importantes fenômenos jurídicos que permitem uma visão mais prática do Direito
chama-se “subsunção”. Para darmos início ao estudo desse fenômeno, iremos promover sua
análise partindo de seu conceito, conforme concebido nas palavras do ex-ministro do Supremo
Tribunal Federal, Vicente Ráo.
Com o objetivo de melhor compreender o conceito, faremos uso de uma situação ilustrativa.
Consideremos que um dos brinquedos de criança, muito utilizado, é o de encaixe de figuras
geométricas em um cubo. 
- RÁO, 1952, p. 542
“[…] subsunção é o fenômeno de um fato configurar rigorosamente a previsão
hipotética da lei. Diz-se que um fato se subsume à hipótese legal quando
corresponde completa e rigorosamente à descrição que dele faz a lei.”
Figura 5 – Subsunção
Fonte: Pixabay
Imaginemos que o cubo representa um acontecimento concreto no mundo e cada peça é uma
norma jurídica. O movimento lógico de encaixar a exata previsão da norma aos fatos da vida
representa a subsunção, ou seja, o enquadramento do fato à previsibilidade normativa.
Por exemplo, “X” matou “Y”, esse é um fato da vida. Mas o que praticou “X”, sob a ótica do
Direito? Ao buscarmos a norma que melhor se enquadra na conduta de “X”, percebemos que ele
praticou um homicídio, descrito no artigo 121 do Código Penal (BRASIL, 1940). Nesse caso,
realizou-se um movimento lógico de unir a conduta de “X” à norma jurídica, isso é subsunção.
Vejamos outro exemplo: “X” acaba de provocar um acidente ao ultrapassar, imprudentemente, a
faixa de retenção e, consequentemente, a faixa de pedestres. A conduta de “X” se deu quando o
sinal semafórico estava indo para a fase “vermelha”. Sem perceber o perigo, ele acabou
atropelando “Y”, causando-lhe lesão. Promovendo uma busca lógica da conduta de “X”,
podemos ajustá-la ao que exatamente prevê o artigo 303 do CTB, ou seja, “X” foi sujeito ativo de
uma lesão corporal culposa, cuja conduta é tipificada no dispositivo legal mencionado, a seguir.
Ampliando a análise da conduta de “X”, pode-se avaliar que, aliada à sanção penal prevista no
caput, deve ser acrescida a sua pena à causa majorante (causa de aumento de pena) prevista no
parágrafo 1º do mesmo artigo.
-  BRASIL, 1997
-  BRASIL, 1997
“Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
Penas – detenção, de seis meses a dois anos, e suspensão ou proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.”
“Art. 303 […]
§ 1º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das
hipóteses do § 1º do art. 302.”
Isso porque a conduta de “X” se adequa à previsibilidade descrita no parágrafo 1º do artigo 302,
mais precisamente no inciso II:
Figura 6 – Crime Qualificado
-  BRASIL, 1997
“Art. 302 […] 
§ 1º […] 
II – praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada.”
Fonte: Freepik
Conhecendo a questão da lógica jurídica do instituto da subsunção, vejamos como os crimes de
trânsito são comumente classificados, levando em consideração o resultado. Para tanto, cabe
fazer aqui uma pequena recordação do conceito de crime, já estudado.
Nosso sistema jurídico penal adotou a denominada teoria tripartite para definir o que vem a ser
um crime.
Figura 7 – Conceito de crime
O resultado, que será objeto de nossa classificação dos crimes de trânsito, é um dos elementos
que integram o “fato típico”.
Figura 8 – Fato Típico
No tocante ao resultado, podemos apreciá-lo por duas teorias, a primeira denominada de teoria
naturalista e a segunda, de teoria jurídica. Essas duas teorias são descritas por André Estefam e
Victor Gonçalves.
Com relação a essas duas teorias, cabe uma indagação: há crime sem resultado? Para a teoria
naturalista, isso seria possível, como na hipótese dos crimes de mera conduta, pois o tipo penal
não prevê resultado naturalístico em sua descrição. Com relação a esse entendimento, miremos
como exemplo o crime do artigo 310 do CTB.
- ESTEFAM; GONÇALVES, 2020, p. 207
- BRASIL, 1997
“Teoria naturalística: resultado é a modificação no mundo exterior provocada.
Teoria jurídica: resultado é a lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela
norma penal.”
“Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa
não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou,
ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não
esteja em condições de conduzi-lo com segurança:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.”
Como se nota, o tipo penal não prevê na descrição da conduta qualquer resultado naturalístico.
Entretanto, sob o ponto de vista da teoria jurídica, pode-se afirmar que não existe crime sem
resultado jurídico, já que, sendo a conduta hipoteticamente descrita em lei, uma vez praticada
pelo agente, ela se torna um fato jurídico relevante, sendo assim, haverá crime. Levando em
consideração tão somente o resultado naturalístico, podemos classificar os crimes em três
espécies (Figura
9).
Figura 9 – Resultado Naturalístico
Os crimes materiais são aqueles em que o tipo penal descreve tanto a conduta quanto o
resultado, ou seja, o crime somente estará consumado quando existir uma “mudança no
mundo” decorrente da conduta. Considere como exemplo o crime do artigo 302 do CTB,
“homicídio culposo no trânsito”.
Nesse caso, a consumação do crime depende da morte do sujeito passivo diante da prática da
conduta descrita.
Quanto aos crimes formais, o tipo penal prevê o resultado naturalístico, mas ele não é essencial
para que o crime seja consumado, sendo o resultado naturalístico mero exaurimento da
conduta. Como exemplo de um crime formal, destacamos o artigo 305 do CTB.
- BRASIL, 1997
- BRASIL, 1997
“Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas – detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.”
“Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à
responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.”
Pode-se notar que o crime se consuma com o afastamento do condutor do veículo,
independentemente de conseguir ficar isento da responsabilidade penal ou civil que lhe possa
ser atribuída.
Por fim, temos os denominados crimes de mera conduta. Neles, o tipo penal prevê tão somente a
conduta (ação ou omissão), não fazendo a previsibilidade do resultado naturalístico. Para esses
crimes, a consumação depende somente da conduta do agente. Como exemplo de crime de mera
conduta, podemos indicar o delito do artigo 306 do CTB.
Ante essa explanação, vejamos como podem ser classificados os dispositivos penais do CTB,
levando em consideração o resultado naturalístico (Quadro 1):
Quadro 1– Crimes em razão do resultado
Crime Material
Homicídio Culposo e Lesão Corporal Culposa
(Arts. 302 e 303).
- BRASIL, 1997
“Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em
razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
dependência:
Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.”
Crime Formal Fuga do Local do acidente e fraude processual
(Arts. 305 e 312).
Crime de Mera
Conduta 
Direção sem Habilitação, Velocidade
Incompátivel em Determinados Locais,
Embriaguez ao voltante, “Racha”, Omissão de
Socorro, Entrega de Direção de Veículo a Pessoa
Inabilitada ou Doente e etc. e Desobediência à
Decisão sobre suspensão ou Proibição de
Habilitação 
(Arts. 309, 311, 306, 308, 304, 310 e 307). 
Circunstâncias Agravantes Específicas dos Crimes de
Trânsito
Nosso sistema jurídico penal, quando trata da aplicação da pena para aquele que venha a ser
condenado pela prática de um crime, adotou o denominado “Sistema Trifásico”, de Nelson
Hungria. Tal sistema, como a sua denominação nos faz inferir, é dividido em três fases: pena
base, pena intermediária e pena definitiva.
Tabela 1 – Método Trifásico
Pena Base Pena Intermediária Pena Definitiva 
Art. 59
Agravante (arts. 61 e 62)
e Atenuantes (arts. 64 e
65)
Causas de Aumento e
Diminuição
Para definição da “pena base”, o juiz da sentença avalia as denominadas circunstâncias
judiciais, descritas no artigo 59 do Código Penal, levando em consideração que a pena não
poderá ser menor ou maior do que aquela definida no tipo penal, devendo sempre partir sua
avaliação levando em conta a pena mínima, atendendo ao princípio do “favor do rei”, conhecido
também por libertatis. O intuito é que possa existir uma proporcionalidade entre o direito
fundamental à liberdade e o poder-dever do Estado em punir o autor de uma infração penal.
Após definir a pena base, o juiz irá estabelecer a pena intermediária, considerando para tal as
circunstâncias que a agravam, previstas nos artigos 61 e 62 do Código Penal, e as circunstâncias
atenuantes, descritas nos artigos 64 e 65 do mesmo estatuto (BRASIL, 1940).
Definida a pena intermediária, a última fase é a definição da “pena definitiva”, que deve aplicar,
em existindo, as denominadas majorantes (causas de aumento de pena) e as minorantes
(causas de diminuição da pena).
No tocante aos crimes de trânsito, quando o magistrado for promover o cálculo da sentença
penal condenatória para a pena intermediária, aliada à apreciação das circunstâncias agravantes
descritas em nosso Código Penal, deverá também levar em consideração as circunstâncias
agravantes genéricas previstas no artigo 298 do CTB.
- BRASIL, 1940
“Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime.”
Por fim, vale destacar o que preconiza o artigo 63 do Código Penal, em seu caput.
- BRASIL, 1997
“Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de
trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
I – com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave
dano patrimonial a terceiros;
II – utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;
III – sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
IV – com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente
da do veículo;
V – quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte
de passageiros ou de carga;
VI – utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou
características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com
os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;
VII – sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a
pedestres.”
Ou seja, somente poderá ser apreciada como agravante a conduta do autor de um crime quando
esta não qualificar o delito, pois, nesse caso, a qualificadora deverá ser levada em consideração
na primeira fase do cálculo da pena. Por exemplo, no caso do crime de homicídio qualificado,
previsto no parágrafo 2º do artigo 121 do nosso Código Penal, a pena é de reclusão de doze a
trinta anos, ou seja, a pena base deverá partir dessa previsão legal.
- BRASIL, 1940
“Circunstâncias agravantes
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime.”
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Leitura  
Nova Qualificadora do CTB não Exclui Dolo Eventual em
Homicídio no Trânsito
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ACESSE
Crimes de Trânsito: Embriaguez e Racha com Morte ou Lesão
Grave – Matando a Proporcionalidade 
Artigo de Robson Souto para o JusBrasil.
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ACESSE
2 / 3
˨ Material Complementar
https://bit.ly/3saVYtB
https://bit.ly/3Gycdof
Crimes de Trânsito de Competência dos Juizados Especiais
Criminais 
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ACESSE
Lei nº 9.503 de 23 de Setembro de 1997
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ACESSE
Quais Infrações São Consideradas Crimes de Trânsito?
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ACESSE
Decreto-lei no 2.848, de 7 de Dezembro de 1940
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
https://jus.com.br/artigos/1738/crimes-de-transito-de-competencia-dos-juizados-especiais-criminais
https://bit.ly/3EFKktX
https://jus.com.br/artigos/72838/quais-infracoes-sao-consideradas-crimes-de-transito
https://bit.ly/3IFnuF3
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União,
Rio de Janeiro, p. 2391, 31 dez. 1940. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em:
10/12/2021.
_________. Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às normas
do Direito Brasileiro. Diário
Oficial da União, Rio de Janeiro, p. 1, 9 set. 1942. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657.htm>. Acesso em: 10/12/2021.
_________. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de
outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 10/12/2021.
_________ . Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais
Cíveis e Criminais e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, p. 15033, 27 set.
1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm>. Acesso em:
10/12/1995.
_________ . Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito
Brasileiro. Diário Oficial da União, Brasília, p. 21201, 24 set. 1997. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm>. Acesso em: 10/12/2021.
CAPEZ, F.; GONÇALVES, V. E. R. Aspectos criminais do Código de Trânsito Brasileiro. 3. ed. São
Paulo: Saraiva, 2015. (e-book).
3 / 3
˨ Referências
DICIONÁRIO On-line de Português. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/>. Acesso em:
10/11/2021.
ESTEFAM, A.; GONÇALVES, V. E. R. Direito Penal esquematizado. 9. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020. (Coleção Esquematizado). (e-book).
GONÇALVES, V. E. R.; BALTAZAR JUNIOR, J. P. Legislação Penal Especial esquematizada. 7. ed.
São Paulo: Saraiva, 2021. (e-book).
GONZAGA, C. Manual de Criminologia. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. (e-book).
JESUS, D. Crimes de trânsito: anotações à parte criminal do Código de Trânsito (Lei nº 9.503, de
23 de setembro de 1997). 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
LIMA, M. P. Crimes de trânsito: aspectos penais e processuais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. (e-
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MEIRELLES, H. L. Direito Municipal brasileiro. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
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MORAES, A. Direito Constitucional. 35. ed. São Paulo: Atlas, 2019. (e-book).
NUCCI, G. S. Direito Penal: partes geral e especial. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; Método,
2021. (e-book).
PACELLI, E. Manual de Direito Penal: parte geral. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2020. (e-book).
RÁO, V. O Direito e a vida dos direitos. São Paulo: Max Limonad, 1952. v. 1.
SILVA, O. J. P. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.

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