Prévia do material em texto
191 mento total de 278.735,54€, destinados à recu- peração do edifício e à aquisição de equipamen- to necessário ao seu funcionamento. O Centro de Arqueologia localiza-se no terceiro piso do cunhal Sul do edifício monástico cons- truído nos séculos XVI e XVII, e que define, no lado Sul da igreja, um amplo claustro, onde se integra o dormitório de S. Lambert. Esta zona do Mosteiro encontra-se bem assinalada na paisagem e marca toda uma área que, apesar de se caracte- rizar pela monumentalidade, encontra-se degra- dada e ocupada por hortas e anexos às habitações que rematam o claustro, na sua maioria abando- nadas. O espaço encontrava-se devoluto, tendo sido anteriormente utilizado como habitação, facto que desvalorizou a estrutura do edifício, impondo uma organização interna que se revelava pouco adequada às funções pretendidas. Por isso, foi necessário promover a sua reorganização espacial e funcional, de acordo com o programa definido para o Centro de Arqueologia, mas respeitando, simultaneamente, as características arquitectó- nicas desta parte do imóvel, recuperando parte da sua monumentalidade. O concelho de Avis reúne um conjunto de factores naturais que, desde os tempos mais recuados, constituíram atractivos para a fixação humana. Por essa razão, grande parte do território encontra-se povoada pela memória de comunidades diversas que, ao longo do tempo, transformaram a paisa- gem, deixando inúmeros vestígios da sua pre- sença. A investigação científica, realizada em regime de continuidade, tem contribuído, de forma gradual, para o estudo dessas realidades, constituindo, simultaneamente, a base das estratégias de gestão do património arqueológico do concelho. Igualmente importante tem sido o trabalho rea- lizado ao nível da gestão e ordenamento do ter- ritório, da minimização de impactos sobre vestí- gios arqueológicos e da prevenção e protecção do património local. As diversas acções desenvolvidas colocaram a des- coberto uma pequena parte do património ar - queológico do concelho. Para além da compo- nente científica, estes vestígios desempenham um papel significativo ao nível da história e iden- tidade locais, pelo que se considerou como fun- damental o envolvimento da população na sua protecção, conservação e valorização. Este envolvimento decorre do con- tacto directo com as realidades ar - que o lógicas e com os diferentes tra- balhos que lhe estão associados, sen- do concretizado através da acção pe - dagógica e de iniciativas diversas de valorização e divulgação do patrimó- nio arqueológico. Neste sentido, foram criadas activi- dades orientadas sobretudo para a po pulação escolar, desenvolvendo- -se, conjuntamente, acções de sensi- bilização, projectos de valorização de sítios e monumentos arqueológicos, organização de visitas e exposições e edição de publicações, iniciativas di - reccionadas para um público diversi- ficado. Todos estes trabalhos são desenvolvidos com base na relação directa com a comunidade local, a qual é efectivada a partir de uma rede de colabo- radores e voluntários entretanto criada. Toda a dinâmica gerada em torno da Arqueologia estabeleceu novas exigências que tinham de ser correspondidas, de forma a ser possível dar con- tinuidade e ampliar as diferentes acções imple- mentadas. Neste contexto, o projecto do Centro de Ar - queologia de Avis adquire expressão e concretiza- -se, criando um novo impulso no estudo e na pre - servação do património arqueológico do Con - celho. Este novo espaço científico e cultural do Muni - cípio, em funcionamento desde 2011, localiza-se no Centro Histórico de Avis, ocupando uma das fracções do Conjunto Monástico de São Bento de Avis, monumento classificado como Imóvel de Interesse Público. O projecto, desenvolvido em 2006, foi aprovado no âmbito do Plano Operacional da Cultura, Subprograma 1 (Valorizar o Património Histórico e Cultural), Medida 1.1 - Recuperação e Animação de Sítios Históricos e Culturais, com um investi- FIG. 1. FIG. 2 − Centro de Arqueologia de Avis. Biblioteca. Centro de Arqueologia de Avis um novo impulso no estudo e na preservação do património arqueológico do Concelho Ana Ribeiro [Centro de Arqueologia de Avis, Município de Avis – Texto: Abr. 2012, substituindo artigo de Jan. 2010, entretanto desactualizado] locais de estudo e divulgação do património ar - queológico local, valorizando, simultaneamente, as áreas onde se instalariam. A definição de novas prioridades e a afectação do Claustro Norte, zona para onde foi proposta a instalação do Núcleo Mu - seológico, a outras funções, adiaram a criação des te espaço, para o qual estão a ser avaliadas novas possibilidades de instalação. O Centro de Arqueologia reúne as condições pa ra o desenvolvimento de um conjunto de acções no domínio da Arqueologia, vocacionadas para o estudo, preservação, gestão, valorização e divulgação do património arqueológico local, privilegiando a componente pedagógica e o con- tacto directo com o público. Todo o trabalho é desenvolvido por uma equipa permanente que, apesar de reduzida, assegura, de forma eficaz e coesa, as necessidades impostas pe las diversas acções inerentes à actividade arqueo- lógica desenvolvida pelo Município. Em períodos específicos, a acção do Centro é apoiada por um conjunto de colaboradores que, ao longo dos últimos seis anos, têm contribuído, de forma sig- nificativa, para o desenvolvimento dos trabalhos arqueológicos. O programa do Centro engloba, nesta primeira fase da sua actividade, um conjunto de acções organizadas na sequência dos trabalhos desen- 192 A adaptação do edifício foi efectuada com base num programa que visava a valorização do espa- ço preexistente, integrando, na sua estrutura, diferentes áreas funcionais que vêm responder às exigências decorrentes da actividade arqueológi- ca desenvolvida no concelho: Reservas de Ar - queologia e Antropologia, Laboratório e In - ventário, Centro de Documentação – Biblioteca e Mapoteca, Gabinetes de Trabalho e Desenho, Serviço Educativo e espaços complementares e de apoio. A compartimentação geral do edifício em três áreas distintas – piso térreo, edifício principal e piso superior – facilitou a distribuição das zonas fun- cionais definidas no programa do Centro de Ar - queologia e permitiu a diferenciação, de acordo com as funções a que estavam adstritas, de áreas de acesso ao público, de acesso condicionado e re - servadas. Neste sentido, procurou-se, desde o início, que o projecto de arquitectura respeitasse este conceito, assim como o conteúdo programático definido para os diferentes espaços a im plementar no edi- fício. Na concepção original do projecto, o Centro era complementado pelo Núcleo de Arqueologia do Museu Municipal, de forma a criar-se, em dife- rentes pontos do Mosteiro de São Bento de Avis, NOTICIÁRIO ARQUEOLÓGICO volvidos desde 2003 e de acordo com as suas componentes de intervenção, das quais se salien- tam: – O incremento da componente de investigação, com a realização da segunda fase dos projectos Carta Arqueológica de Avis e da Intervenção Ar - queológica no Sítio da Ladeira, Ervedal, e a defi- nição de novas estratégias para a investigação no concelho, que passam, por exemplo, pela criação de uma rede de colaboradores especializados e pelo desenvolvimento de estudos específicos realizados em parceria e numa perspectiva interdisciplinar; – A promoção e a continuação das acções de natureza preventiva, desde a participação nos processos de licenciamento até ao acompanha- mento em contexto de obra, minimizando os im pactos negativos sobre o património arqueo- lógico; – A definição de estratégias de gestão do patri- mónio arqueológico local em articulação com os instrumentos de planeamento e gestão terri- torial vigentes ou em revisão; – A actualização permanente do inventário, móvel e imóvel, do património arqueológico local, assim como dos sistemas de gestão de informação; – A definição de normas e procedimentos apli- cáveis ao eficaz funcionamento do Centro de Ar queologia de Avis; II SÉRIE (17) Tomo 1 JUNHO2012 online FIG. 3 − Centro de Arqueologia de Avis. Gabinetes de Trabalho. 193 uma maior proximidade ao património arqueo- lógico e às diferentes fases de trabalho, possibili- tando conhecer espaços e materiais que normal- mente não são visíveis ao público em geral. Pela natureza do espaço e pelas funções desen- volvidas, todas as visitas e a participação nas ini- ciativas, salvo indicação em contrário, carecem de marcação prévia, com excepção da Biblioteca, a qual se encontra aberta ao público, de segunda a sexta, das 9h00 às12h30 e das 14h00 às 16h00. O Centro de Arqueologia encontra-se preparado para receber visitas escolares, as quais deverão ser marcadas com duas semanas de antecedência, com referência do número de visitantes, idades, nível de escolaridade/curso, motivo da visita e inte- resses específicos, caso se aplique. Todas as ini- ciativas são devidamente calendarizadas e publi- citadas. As informações sobre o Centro de Arqueologia de Avis e respectivas actividades estão disponibiliza- das no sítio do Município de Avis e no Boletim “Da Terra”, podendo ser directamente obtidas através do telefone 242 412 219 ou do e-mail arqueologia@cm-avis.pt. As edições do Centro de Arqueologia encon- tram-se disponíveis no Centro e no Posto de Turismo, locais onde poderão ser ainda agenda- das as visitas. – A realização de levantamentos e estudos glo bais ou interdisciplinares de avaliação, integrados em projectos de intervenção em património históri- co-arqueológico; – A elaboração de propostas para o estudo e eventual aquisição de colecções privadas de bens arqueológicos; – A criação e manutenção de percursos arqueo- lógicos integrados na Rede de Percursos de Natureza do Concelho de Avis; – A avaliação de novas soluções para a instalação do Núcleo Museológico de Arqueologia; – O desenvolvimento e ampliação da actividade editorial do Centro de Arqueologia, procurando- -se assegurar, de forma sistemática e assídua, a pu - blicação de informação através do Boletim “Da Terra” e da criação de suportes especializados, para a edição de relatórios, catálogos e estudos; – O incremento das acções educativas, com a ampliação das Oficinas de Arqueologia e da par- ticipação na Agenda Pedagógica, procurando, simultaneamente, revitalizar o Clube de Ar queo - logia; – A manutenção do diálogo constante com o público a partir de um conjunto de iniciativas di - versificadas, onde se englobam visitas orienta- das, palestras, oficinas, exposições e actividades lúdicas; – A ampliação do acervo bibliográfico da Bi - blioteca do Centro através de permutas, aquisição e recepção de oferta de publicações, disponibili- zando ao público, especializado ou não, um acer- vo diversificado de temáticas relacionadas com a Arqueologia. Em 2012, destacam-se da agenda do Centro os trabalhos relativos aos projectos de investigação em curso, o acompanhamento de obras municipais no Centro Histórico de Avis, a apresentação da pri- meira edição bilingue dos folhetos Sítios, Artefactos e Memórias, a publicação do número 7 do Boletim de Arqueologia “Da Terra” e a apresentação, em Agosto, de uma exposição monográfica sobre o sítio arqueológico da Ladeira, a qual constitui o ponto de partida para a realização de um conjunto de iniciativas que assinalam os 100 anos da inter- venção de José Leite de Vasconcelos no local e o balanço da primeira fase do projecto de investi- gação aí iniciado em 2006. Este programa inte- grará a exposição, patente na Biblioteca do Centro de Arqueologia, a edição de publicações, visitas orientadas e palestras. No desenvolvimento das suas actividades, o Centro privilegia o contacto com o público, cons- tituindo um espaço de trabalho dinâmico. As vi - sitas são por isso asseguradas apenas pela equipa de arqueologia, proporcionando, deste modo, FIG. 4 − Centro de Arqueologia de Avis. Laboratório.