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A história das mulheres matemáticas na escola básica- Fernandez e Amaral 2020

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1 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS
A história de mulheres matemáticas na escola básica
CECÍLIA DE SOUZA FERNANDEZ1
ANA MARIA LUZ FASSARELLA DO AMARAL2
Resumo: A História da Matemática é um conteúdo importante não só para 
professores de Matemática de todos os níveis como para os alunos, principal-
mente os alunos do ensino fundamental. De fato, segundo a M.A.A (Mathema-
tical Association of America), o conhecimento da história da Matemática mostra 
aos alunos que ela é uma conquista humana, geralmente desenvolvida de forma 
intuitiva e experimental a partir da necessidade de se resolver problemas nas 
mais diversas áreas do saber. Contudo, quando se apresenta a história da Mate-
mática aos alunos, ela se apresenta totalmente masculinizada, uma vez que, in-
felizmente, matemáticas e suas contribuições não são geralmente mencionadas. 
Talvez esse seja um dos principais fatores de meninas se sentirem desestimuladas 
a seguir a carreira matemática: a falta de modelos para se identificar.
Por pensar ser importante dar visibilidade ao papel de matemáticas na ciên-
cia e na sociedade, nosso trabalho visa apresentar uma proposta didática para 
professores da Escola Básica sobre o tema Mulheres na Matemática, que inclusive 
já foi apresentada no COLUNI UFF, Colégio Universitário Geraldo Reis. 
Palavras chave: Mulher, História da Matemática, Escola Básica.
1. Introdução
Historicamente, no âmbito mundial, a Matemática é uma profissão masculina 
(ZARCA, 2006). No caso do Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos 
e Pesquisa (Inep), nos últimos dez anos houve um aumento de cerca de 54% 
no número de mulheres brasileiras que se formaram em engenharia eletrônica, 
45% nas formadas em engenharia de produção e 30% em engenharia química 
e engenharia civil. Mas quando olhamos para os números mais de perto, vemos 
que a parcela de mulheres nas chamadas ‘ciências duras’ ainda está longe de se 
equiparar à de homens. Se, nas ciências em geral, as mulheres já são 50% dos 
1 PhD, Professora Titular da Universidade Federal Fluminense
2 Dra, Professora Associada da Universidade Federal Fluminense
2 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS
pesquisadores em atividade no Brasil, nas áreas exatas são apenas 30% e, nas en-
genharias, 26%, de acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí-
fico e Tecnológico (CNPq) ( MOUTINHO, 2014).
O número reduzido de mulheres nas Ciências Exatas e da Terra, em particular na 
Matemática, ajuda a perpetuar a diferença entre o número de homens e mulheres 
cientistas e implica numa perda inestimável de possíveis talentos.
Uma possível ação para aumentar a representatividade feminina na Matemá-
tica é criar modelos para que meninas se sintam estimuladas a seguir a carreira de 
matemática ou carreiras em áreas afins, como engenharia e ciência da computa-
ção. Para isso, contar a “história” de matemáticas, desde as classes iniciais, pode 
ser uma maneira de mostrar para meninas, e para os meninos, que a Matemática 
tem um lado feminino. De fato, através de uma seleção pessoal, vamos trazer de 
forma resumida, em ordem cronológica, a vida e o trabalho de 8 matemáticas, in-
cluindo algumas matemáticas da atualidade. Para os leitores interessados em ler 
mais sobre essas matemáticas, indicamos. (FERNANDEZ, AMARAL, VIANA, 2019).
2. Matemática, ser ou não ser? Eis uma questão
Parece que muitas meninas se sentem desestimuladas a seguir a carreira 
científica. Em várias áreas do conhecimento, os homens são a grande maioria. 
Em áreas mais antigas do conhecimento, como a Filosofia, (talvez) já ouvimos fa-
lar em Heráclito, Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Maquiavel, Hobbes, Locke, 
Mostesquieu, Marx, Nietzsche, Russel, Sartre. Uma viagem pelo tempo sem men-
cionar um nome feminino. Assim é na Literatura, nas Artes, no Direito, e em tantas 
outras áreas, enquanto produção do saber. A frase “Saber é poder” é conhecida 
por muitos de nós. Vários pensadores, de Platão ou Aristóteles a Francis Bacon 
ou Michel Foucault, defendem uma relação muito próxima entre as informações 
que constituem o saber e o poder decorrente dele. Produzir saber gera poder e o 
poder foi negado às mulheres por séculos…
Na Matemática, objeto de nosso interesse, não poderia ser diferente. A Ma-
temática é a base para o estudo de todo o mundo físico. E como por séculos, as 
mulheres foram impedidas de estudar, ficaram longe da Matemática. E as que 
fizeram trabalhos na área e deram contribuições significativas ficam esquecidas. 
Muitos conceitos e resultados obtidos por mulheres não são citados, de forma 
alguma, em livros didáticos, nem mesmo nos livros para graduação ou pós gra-
duação. As crianças, desde bem pequeninas, aprendem Matemática na escola e, à 
medida que elas crescem, se deparam com uma Matemática totalmente masculi-
nizada. Teorema de Pitágoras, teorema de Tales, fórmula de Bhaskara, geometria 
de Euclides (geometria euclidiana), geometria de Descartes (geometria analítica), 
relações de Girard, binômio de Newton,… Enfim, parece que fazer Matemática é 
somente para os homens. 
3 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS
Para estimular meninas a seguir a carreira de matemática, pensamos ser im-
portante, desde as classes iniciais, desmistificar o papel da mulher na ciência e, 
em particular, na Matemática. Podemos contar a história de mulheres matemáti-
cas para as crianças e/ou apresentar matemáticas da atualidade, a partir do final 
do fundamental II e/ou ensino médio, de modo a contextualizar essas mulheres 
com os conteúdos escolares abordados. De fato, desde o ensino fundamental I é 
importante apresentar a Matemática não somente como uma disciplina escolar 
e sim como uma ciência em desenvolvimento que caminha junto com a história 
da evolução da espécie humana. Antes de propriamente apresentarmos nossa 
proposta didática, vamos apresentar de modo breve a história de 8 matemáticas. 
2.1 A história de… 
Hipátia de Alexandria:
Hipátia de Alexandria nasceu em Alexandria, Egito, por volta do ano de 370. 
Era filha de Theon, um matemático, filósofo e astrónomo conhecido no seu tem-
po; foi muito influenciada intelectualmente por seu pai, que foi o último diretor 
do Museu de Alexandria. Ela estudou geometria e filosofia em Alexandria, depois 
foi para Atenas continuar seus estudos. Mais tarde retornou a Alexandria onde 
foi convidada para dar aulas no Museu, juntamente com aqueles que haviam sido 
seus professores.
Hipátia foi equiparada a grandes matemáticos como Ptolomeu, Euclides, Apo-
lônio, Diofanto e Hiparco. Destacou-se, além de sua inteligência, por sua beleza 
e cultura.
A maior parte dos trabalhos de Hipátia se perdeu, porém no século XV foi 
descoberta na biblioteca do Vaticano, uma cópia do comentário que ela fez sobre 
a obra de Diofanto. Escreveu também comentários sobre a Aritmética de Diofan-
to e as Secções Cônicas de Apolônio. 
Hipátia morreu brutalmente assassinada em 415. Com sua morte, chega ao 
fim uma época de grandes produções matemáticas e filosóficas da Escola de 
Alexandria.
Hipátia foi imortalizada na parede do Museu do Vaticano pelo pintor renas-
centista Rafael Sanzio, no seu quadro “A escola de Atenas”. Voltaire e Bertrand 
Russell comentaram com apreço o seu trabalho. Hipátia foi tema de um romance 
de Charles Kingsley (Hypátia, 1853). Em 2011, o espanhol Alejandro Amenabar 
realizou um filme, Ágora, sobre a sua vida. 
Maria Gaetana Agnesi:
Maria Gaetana Agnesi nasceu em Milão em 16 de maio de 1718, primogênita 
de 21 filhos. Maria era filha de Pietro Agnesi e Anna Fortunata Agnesi, seu pai era 
profesor de Matemática da Universidade de Bolonha
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As suas habilidades intelectuais e excelente memória fizeram com que Maria 
fosse vista como uma menina prodígio desde muito cedo. Desde nova se tornou 
fluente em varios idiomas e era incentivada por seu pai a debater asuntos acdê-
micos em eventos sociais da nobreza .
Aos 21 anos pediu para seu pai para entrar para um convento, ele não per-
mitiu mas a partir daí permitiuque Agnesi pudesse vestir-se de maneira simples; 
tivesse liberdade para ir à igreja quando desejasse; não teria mais a obrigação a 
frequentar eventos sociais da nobreza. No mesmo período começou a concentrar 
seus estudos em Matemática.
No início de 1735, ela juntamente com seu professor Carlo Belloni focaram os 
estudos no tratado de seções cônicas de Guillaume Francois
Agnesi após mais de uma década dedicada a matemática publica, em 1748, 
sua principal obra intitulada Instituzioni analitiche ad uso della gioventù italiana 
(Fundamentos analíticos para o uso da juventude italiana), com a finalidade de 
ensinar os estudantes italianos e, particularmente, seus vinte irmãos. 
Um dos assuntos de destaque nesta sua obra é o estudo de uma curva origi-
nalmente estudada por Fermat e Guido Grandi. Tal curva tem a equação cartesia-
na x2y + a2 (y − a) = 0, onde a > 0. Esta curva foi denominada ‘’versiera’’ que deriva 
do latim ‘’vertere’’ significando virar, porém também é uma abreviação da palavra 
italiana ‘’avversiera’’ que significa esposa do demônio. Quando os livros de Agne-
si foram traduzidos para o inglês, devido a uma má tradução de John Colson, essa 
curva foi denominada ‘’witch of Agnesi’’, significando a bruxa de Agnesi. 
Marie-Sophie Germain:
Sophie Germain nasceu em uma família de classe média na capital France-
sa – Paris – no ano de 1776. Era filha de um comerciante bem sucedido que não 
pertencia à aristocracia. 
Aos 13 anos de idade, devido à Revolução Francesa, ela se mantinha con-
finada em sua casa, onde sua família possuía uma imensa biblioteca. Durante o 
período de confinação, Sophia lia os livros de matemática, dentre eles o de “A 
história da matemática” de Jean Ètienne Montucla, o qual lhe chamou muito a 
atenção, principalmente a parte da biografia de Arquimedes e conseqüentemen-
te o episódio de sua morte durante a invasão romana em Siracusa, enquanto fa-
zia desenhos geométricos na areia e estava demasiado absorvido pelo diagrama 
geométrico para obedecer às ordens do soldado Este livro a fez se interessar de 
tal maneira pela matemática a ponto de se dedicar ao estudo dela. 
Em 1794, foi fundada a Escola Politécnica de Paris, uma academia de exce-
lência para a formação de matemáticos e cientistas de toda a nação, reservada 
exclusivamente para homens. Marie-Sophie Germain, que posteriormente se tor-
nou uma matemática mundialmente reconhecida, para se candidatar ao conselho 
acadêmico, assumiu a identidade de um antigo aluno da academia, Monsieur 
5 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS
Antoine-August Le Blanc. Ela recebia as lições da universidade e as enviava sema-
nalmente respondidas. 
“O gosto pelas ciências abstratas em geral e, acima de tudo, pelos mistérios dos nú-
meros, é muito raro: isto não é surpreendente, uma vez que os encantos dessa sublime 
ciência em toda sua beleza revelam-se somente àqueles que têm a coragem de de-
cifrá-los. Mas, quando uma mulher, devido a seu sexo, a nossos costumes e a nossos 
preconceitos, encontra infinitamente mais obstáculos do que os homens em familiari-
zar-se com seus intricados problemas e, ainda assim, supera tais barreiras e desvenda 
aquilo que está mais escondido, ela sem dúvida tem a mais nobre coragem, extraordi-
nário talento e gênero superior” Tradução da Carta de Gauss, podemos encontrar o 
texto em Francês em Œuvres philosophiques de Sophie Germain, 1879).
A correspondência com Gauss inspirou muito o trabalho de Sophie Germain, 
contribuído com vários resultados para a teoria dos Números provando alguns 
casos particulares do último Teorema de Fermat.
Assim como na matemática ela foi bem sucedida na física. Ela escreveu “Me-
mória sobre as vibrações de placas elásticas” que foi sem dúvida um trabalho que 
estabeleceu fundações para a moderna teoria da elasticidade. Sophie foi a pri-
meira mulher a assistir palestras na Academia de Ciências, que não era esposa de 
um membro, e recebeu uma medalha do Institute de France em reconhecimento 
de seu trabalho por suas pesquisas sobre O Último Teorema de Fermat.
Em 1816 a Academia de Ciências lançou um concurso para a resolução de um 
problema sobre vibrações de membranas. Sophie, que nunca havia participado 
de nenhuma competição, resolveu o problema e ganhou o concurso. Por este 
trabalho, ela recebeu elogios dos matemáticos Cauchy e Navier.
Já perto do fim da vida de Germain Gauss convence a Universidade de Göt-
tingen a conceder a ela um grau honorário. Porém, Sophie morreu antes que 
pudesse ser reconhecida como merecia, aos 55 anos de idade, de câncer no seio, 
em 1831. Quando morreu foi designada como uma solteira sem profissão na nota 
oficial de sua morte. Muitos anos depois, podemos dizer que tal injustiça foi cor-
rigida, pois existe uma rua com seu nome em Paris onde podemos ler embaixo 
de seu nome, sua profissão: “matemática”! 
Amalie Emmy Noether:
Nasceu na Baviera em 1882. Filha mais velha do algebrista judeu Max Noe-
ther, enfrentou os preconceitos da época e decidiu estudar Matemática. Primeiro 
obteve somente autorização para assistir como ouvinte os cursos oferecidos na 
na Universidade de Erlanger. Resolve tentar a sorte na Universidade de Göttingen, 
ela estudou lá um semestre, no final deste, em 1904, a Universidade de Erlanger 
enfim, muda sua política e passa a aceitar o ingresso de mulheres. 
Em 1907, Noether sob orientação de Paul Gordan consegue seu doutorado 
defendendo a tese Sobre Sistemas Completos de Invariantes para Formas Biqua-
6 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS
dradas Ternárias, no campo da álgebra, como era de se esperar, já que tinha seu 
pai e seu orientador Paul Gordan, amigo da família, como algebristas.
Em 1909, ela é admitida na Sociedade Matemática Alemã, e seis anos mais 
tarde, quando já tinha certa reputação científica, foi convidada por David Hilbert 
e Felix Klein para trabalhar com eles em suas pesquisas na universidade de Göt-
tingen . Em 1922 Noether se tornou professora em Göttingen e permaneceu até 
1933, quando os nazistas a proibiram de participar de atividades acadêmicas.
Foi para os Estados Unidos, no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, 
onde Albert Einstein atuava, e que se referiu a ela como “o mais significante gênio 
matemático criativo já produzido desde que as mulheres começaram a cursar os 
estudos superiores”.
Emmy foi uma grande algebrista, além de ter trabalhado com álgebra abstra-
ta com atenção especial aos anéis, grupos e corpos, trabalhou também na teoria 
dos ideais e das Álgebras não Comutativas. Deu formulações matemáticas de 
vários conceitos da Teoria Geral da Relatividade de Eisntein e durante sua carreira 
orientou 13 teses de doutorado. Ela deixou um grande número de alunos que se 
tornaram também algebristas.
Noether foi a única mulher a proferir uma palestra plenária no Congresso 
Internacional de Matemática de Zurique, em 1932. Juntamente com o matemá-
tico Emil Artil ganhou o Alfred Acker-mannn-Teubner Memorial Prize por seus 
trabalhos em matemática.
Maria Laura Mouzinho Leite: 
Até o final do século XIX, existiam apenas 24 estabelecimentos de ensino 
superior no Brasil com cerca de 10.000 estudantes. Em 1879, com o Decreto de 
Nº 7.247 de Carlos Leôncio De Carvalho, as brasileiras conquistaram o direito de 
frequentar cursos de ensino superior. Fica claro no decreto distinções quanto ao 
gênero em todos os níveis de ensino.
 Durante a Primeira Guerra Mundial, enquanto os olhos do mundo se volta-
vam para a Europa, o Brasil iniciou um processo importante de renovação, um 
movimento de afirmação da produção cultural e científica do país.
 A polonesa Marie Curie foi a primeira mulher aceita como membro corres-
pondente na ABC – Academia Brasileira de Ciências (membro correspondente é 
o cientista, de reconhecido mérito científico, radicado no exterior há mais de dez 
anos e que tenha prestado relevante colaboração ao desenvolvimento da ciência 
no Brasil). A entrada das primeiras brasileiras como membros titulares da ABC 
(membro titular é o cientistaradicado no Brasil há mais de dez anos, com desta-
cada atuação científica) se deu em 1951; foram duas matemáticas: Maria Laura 
Mouzinho e Marília Chaves Peixoto. 
7 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS
Maria Laura Mouzinho, nasceu em janeiro de 1917 em Timbaúba, Pernam-
buco. Ela era a primogênita de oito filhos. Sua mãe, Laura Moura Mouzinho, era 
professora primária (professora do atual Ensino Fundamental I), e seu pai, Oscar 
Mouzinho, era um respeitado comerciante local e autodidata de grande cultura.
Em 1931, concluiu o Ensino Fundamental I na cidade de Recife. Em 1932, in-
gressou na Escola Normal de Pernambuco, tendo permanecido nessa escola até 
1934. No ano de 1935, sua família mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, sen-
do matriculada no Instituto Lafayette. Mudou-se para Petrópolis no ano seguinte, 
tornando-se aluna do Colégio Sion.
Maria Laura obteve seu Bacharelado em Matemática em 1941 e em 1942 
concluiu a Licenciatura, ambos na Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi). 
Em 24 de setembro de 1949, obteve o título de Doutor em Ciência – Ma-
temática, sendo a primeira mulher a se doutorar em Matemática no Brasil! Sua 
tese de doutorado intitulada “Espaços projetivos. Reticulados de seus subespaços”, 
foi orientada pelo expoente matemático português, Professor António Aniceto 
Ribeiro Monteiro. Após a defesa da tese, Maria Laura trabalhou por dois anos no 
Departamento de Matemática da Universidade de Chicago, Estados Unidos.
Durante o período de seu doutoramento, mais precisamente em 1943, ini-
ciou sua carreira como professora universitária, sendo efetivada como Professora 
Assistente do Departamento de Matemática da FNFi.
 Maria Laura ocupou todos os cargos existentes no Departamento de Mate-
mática dessa respeitável Instituição. Por ocasião da reforma universitária de 1967, 
tornou-se Professora Titular.Ela também atuou nas entidades científicas criadas 
nesta época como o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no ano de 1949, 
e neste mesmo ano foi a primeira mulher a ministrar aulas de Geometria para o 
Curso de Engenharia, no recém-criado Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Em 1951, participa da criação do Conselho Nacional de Pesquisa, atual Con-
selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e torna-se 
Membro Titular na Academia Brasileira de Ciência (ABC), sendo a primeira bra-
sileira a entrar para ABC 
Em 1956, casou-se com o renomado físico Professor José Leite Lopes e, com 
ele, foi trabalhar nos Estados Unidos.
Infelizmente, a carreira de Maria Laura é interrompida durante o regime mili-
tar. Dezenas de membros da ABC foram atingidos por medidas ditatoriais. Maria 
Laura foi aposentada compulsoriamente da UFRJ em abril de 1969. Sendo veda-
do o direito de atuar no Brasil, mais uma vez Maria Laura segue rumo aos EUA, 
só que em condição bem diferente: a de exilada. A partir daí, Maria Laura vai 
tornando-se uma das mais importantes pesquisadoras em Educação Matemática 
no Brasil e no mundo!
 Em 1974, Maria Laura retornou para nosso país, passando a atuar ativamen-
te como defensora de causas inovadoras ligadas à formação de professores e 
8 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS
ao ensino e a aprendizagem da Matemática em todos os níveis de escolaridade, 
assumindo o papel de liderança na área de Educação Matemática no Brasil, que 
manteve até os últimos dias da sua vida. Não podendo assumir o seu papel na 
Universidade, ela promoveu cursos para formação de professores na Escola Isra-
elita Brasileira Eliezer Eistenbarg e no Centro Educacional de Niterói.
No ano de 1976, participou com os professores José Carlos Melo e Sou-
za (1905-1990), Moema Sá Carvalho e Anna Averbuch na criação do grupo de 
pesquisa “GEPEM - Grupo de Ensino e Pesquisa em Educação Matemática”, que 
presidiu durante oito anos.
No ano de 1980, Maria Laura é reintegrada ao Instituto de Matemática (IM) 
da UFRJ e aceita mais um desafio: inovar o ensino de Estatística para os alunos 
do curso de licenciatura e, para tanto, pede para ser lotada no Departamento de 
Estatística.
 No ano de 1983, o Projeto Fundão é implantado, sob a coordenação de Ma-
ria Laura.
Pelo seu empenho no ensino e pesquisa de Matemática no Brasil, Maria Lau-
ra é agraciada com o título de Professor Emérito da UFRJ em 1996.
Maria Laura teve três filhos: José Sérgio, Sílvio Ricardo e Ângela. Morreu dia 
20 de junho de 2013 deixando um grande legado. Seu trabalho é hoje referência 
no mundo todo!
Katherine Coleman Goble Jonhson: 
Katherine Coleman Goble Johnson nasceu em 26 de agosto de 1918, na cida-
de de White Sulphur Springs, West Virginia, Estados Unidos.
 Katherine era a mais nova de quatro filhos e mostrou altas habilidades ma-
temáticas desde cedo.
 Apesar das dificuldades existentes por ser de descendência afro-americana 
numa época de fortes conflitos raciais nos Estados Unidos, Katherine conseguiu 
estudar e se formar com a distinção cum laude em 1937, com licenciatura em 
Matemática e Francês, aos 18 anos. Logo depois, ela assumiu um emprego de 
professora em uma escola pública para negros em Marion, Virginia, lecinando 
Matemática, Francês e Música.
Em 1939, Katherine se tornaria a primeira negra a se dissociar da graduação 
na West Virginia University. 
Katherine deixou seu emprego de professora e se matriculou no programa 
de pós-graduação em Matemática na West Virginia Univeristy.
Em 1952, um parente lhe contou sobre as vagas abertas na seção de Com-
putação da Área Oeste do Laboratório Langley, do Comitê Consultivo Nacional 
para Aeronáutica (NACA – atual NASA). Katherine e seu marido, James Goble, 
9 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS
decidiram transferir a família para Newport News para buscar a oportunidade e 
Katherine começou a trabalhar em Langley no verão de 1953.
Apenas duas semanas após o mandato de Katherine no escritório, Dorothy 
Vaughan (também de West Virginia), que liderava o setor, designou-a para um 
projeto na Divisão de Cargas de Manobra da Divisão de Pesquisa de Voo, e a po-
sição temporária de Katherine logo se tornou permanente. 
 Ela passou os quatro anos seguintes analisando dados do teste de voo e tra-
balhou na investigação de uma queda de avião causada pela turbulência da esteira. 
 Em 1960, ela e o engenheiro Ted Skopinski escreveram em co-autoria “De-
termination of Azimuth Angle at Burnout for Placing a Satellite Over a Selected 
Earth Position”, um relatório descrevendo as equações que descrevem um voo 
espacial orbital no qual a posição de aterrissagem da espaçonave é especificada. 
Foi a primeira vez que uma mulher da Divisão de Pesquisa de Voo recebeu crédito 
como autora de um relatório de pesquisa.
O presidente Barack Obama presenteou Katherine com a Medalha Presiden-
cial da Liberdade.. Ela foi citada como um exemplo pioneiro de mulheres afro-a-
mericanas em STEM (acrônimo em inglês usado para designar as quatro áreas do 
conhecimento: Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática - em inglês Scien-
ce, Technology, Engineering, and Mathematics).
Katherine em 12 de maio de 2018, com 100 anos, recebeu um doutorado 
honorário em Ciências pelo Colégio de William e Mary , Williamsburg, Virgínia. 
Ela recebeu aproximadamente uns 20 prêmios ao longo de sua vida, pioneira na 
luta pela igualdade racial nos EUA e defensora da educação, Katherine Johnson 
morreu aos 101 anos em 24 de fevereiro de 2020.
O filme Hidden Figures (Estrelas Além do Tempo), indicado a vários prêmios, 
foi feito em homenagem de Katherine, Dorothy Vaughan e Mary Jackson.
Laure Saint-Raymond: 
Nasceu no dia 04 de agosto de 1975 em Paris. Filha de professores de Ma-
temática, ela estudou em Paris, entrando na École Normale Supérieure em 1994. 
Em 2000, ela terminou seu Ph.D. na Universidade Paris Diderot, sob a supervisão 
de François Golse. Sua tese intitulada “Etude mathématique de comportements 
asymptotiques en dynamique des gaz et des plasmas’’ foi sobre teoria cinética 
dos gases, trabalhando com equações diferenciais parciais.
Em seguida, elatrabalhou por dois anos para o Centro Nacional Francês de 
Pesquisa Científica e foi nomeada em 2002 Professora Titular de Matemática na 
Universidade Pierre-and-Marie-Curie aos 27 anos. Ela foi vice-chefe do Departa-
mento de Matemática na École Normale Supérieure, professora de Matemática 
na Universidade de Harvard e agora é professora na École Normale Supérieure 
de Lyon.
10 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS
A seguir, algumas palavras da matemática Laure Saint-Raymond sobre a cria-
tividade e a diversidade no seu discurso “A ciência que eu sonho”, pronunciado 
no encerramento da cerimônia de recepção de acadêmicos eleitos em 2017 para 
Academia de Ciências da França em 29 de maio de 2018:
“A criatividade é estimulada pela diversidade. Diversidade de ideias e de 
pontos de vistas que se completam para compreender os problemas e encontrar 
as soluções.”3 
Laure tem forte envolvimento na popularização das atividades de Matemáti-
ca para jovens e público em geral.
Mãe de 6 filhos: 5 meninos e 1 menina. Laure concilia de forma natural a ma-
ternidade e a carreira em Matemática. 
Maryam Mirzakhani: 
Nasceu em Teerã (Irã) em 12 de maio de 1977. Filha de Ahmad Mirzakhai, 
engenheiro elétrico, e Zahra Haghighi, viveu sua infância durante a guerra do 
Irã-Iraque. Quando criança sonhava em ser escritora. Este fato também estava 
visível na sua visão sobre criar matemática, ela descrevia que a sensação de ten-
tar resolver um problema matemático era de “como se perder em uma selva e 
tentar usar todo o conhecimento possível para criar novos truques, e com sorte 
encontrar uma saída”.
Na época em que ela cursou o ensino médio em uma escola só para garotas 
em Teerã, nenhuma garota jamais tinha competido pelo time iraniano na Olimpí-
ada Internacional de Matemática. Em 1994, aos 17 anos, Mirzakhani ganhou uma 
medalha de ouro na competição, feito que ela repetiu em 1995. 
“Quando ganhei a medalha de ouro pela 1ª. vez, isso me fez ver a beleza da matemá-
tica porque fiquei empolgada talvez pelo desfaio mas percebi que realmente gostava 
e isto me deu oportunidade de pensar mais sobre alguns problemas matemáticos” 
(Maryam Mirzakhani)4
Formou-se matemática pela Universidade Tecnológica de Sharif, em Teerã, 
em 1999. Seguiu para cursar a pós-graduação nos EUA. Lá, completou seu dou-
torado na Universidade de Harvard, foi pesquisadora assistente do Clay Mathe-
matics Institute e conferencista da Universidade de Princeton, até tornar-se pro-
fessora de Stanford.
Em 2004, Maryam recebeu o título de Ph.D. em Matemática pela Universida-
de de Harvard, com tese intitulada “Simple geodesics on hyperbolic surfaces and 
the volume of the moduli space of curves”. Seu trabalho resolveu vários proble-
3 https://www.rnbm.org/la-science-dont-je-reve-par-laure-saint-raymond/. Acesso em 
14/11/2018.
4 Fala retirada do documentário de George Csicsery: Secrets of the Surface: The Mathematical 
Vision of Maryam Mirzakhani (Zala films). 
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mas profundos sobre superfícies hiperbólicas e resultou em três artigos publica-
dos em periódicos de alto nível.
Em 2014, com 37 anos, Mirzakhani tornou-se a primeira pessoa nascida 
no Irã e a primeira mulher da história a receber a Medalha Fields. O comitê do 
prêmio citou seu trabalho sobre “a dinâmica e a geometria de superfícies de Rie-
mann e seus espaços de móduli“.
No ano em que ganhou a Medalha Fields, ela já realizava sessões de qui-
mioterapia devido a um câncer de mama. Em 14 de julho de 2017, aos 40 anos, 
Maryam Mirzakhani faleceu nos Estados Unidos, quando o câncer atingiu a me-
dula óssea.
A trajetória de vida de Maryam mostra que a Humanidade, que praticamente 
deixou de considerar a capacidade intelectual das mulheres ao longo da História, 
tem percebido que não se pode deixar que um talento seja desperdiçado por 
questões de gênero, religião ou raça. 
Proposta didática
A sensação de não pertencimento que geralmente aflige meninas e jovens 
que começam a se interessar pelas áreas de ciências exatas acaba servindo de 
barreira para diminuir a desigualdade de gênero existente nesta área.
Como podemos ver em (BIAN, LESLIE, CIMPIAN, 2017), os estereótipos de 
gênero sobre a capacidade intelectual emergem cedo e influenciam os interesses 
das crianças, por isso é interessante que a história do pioneirismo de mulheres 
que ajudaram a desenvolver áreas ligadas à STEM seja apresentada desde muito 
cedo nas escolas, literatura, etc...
A vida e obra das mulheres matemáticas aqui apresentadas são exemplos 
para todas as meninas e jovens e ajuda na desconstrução do estereótipo da ma-
temática como uma profissão masculina, ou ainda onde somente homens trilham 
um caminho de sucesso. 
Vejamos a seguir, um exemplo de atividades de como o professor pode apre-
sentar aos seus alunos, em sala de aula, uma prática em que a história das mulhe-
res na matemática possa ser contextualizada no processo de ensino.
Atividade: O Teorema de Pitágoras, o teorema de Fermat 
e Sophie Germain. (para 9ºano do Ensino Fundamental)
Esta atividade pode ser feita após os alunos terem sido apresentados ao 
teorema de Pitágoras (para uma Contextualização Histórica sobre o teorema de 
Pitágoras, ver atividade 2 em MENDES, CHAQUIAM, 2016).
No século XVII, o matemático Pierre de Fermat (1601-1654) estabeleceu o 
conhecido “Último Teorema de Fermat”, segundo o qual afirmou que a equação 
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xn + yn = zn não possui solução para números inteiros, tal que n>2.
Esse problema foi demonstrado séculos depois pelo matemático britânico 
Andrew Wiles em 1994 e o teorema passou a ser chamado de Teorema de Fer-
mat-Wiles.
O teorema surgiu a partir de um estudo sobre o famoso Teorema de Pitágo-
ras, que determina que o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado 
dos catetos. Adotando x e y como catetos e z como hipotenusa, a fórmula que 
determina essa relação é
x² + y² = z².
Fermat fez um teste, variando a potência 2 para outros valores maiores de 
números inteiros (3, 4...), e não conseguiu achar valores que se adequassem à 
equação. 
Como o matemático possuía a prática de fazer apenas anotações informais 
sobre seus estudos, o único indício de uma prova deste teorema é uma obser-
vação por ele deixada em 1637 em um de seus livros, “Aritmética”, de Diofante: 
“Eu descobri uma demonstração maravilhosa, mas a margem deste papel é muito 
pequena para contê-la”. Esta anotação foi descoberta pelo seu filho alguns anos 
após sua morte, e junto a outros comentários de Fermat, foi publicada numa 
edição comentada do livro em questão. A partir disso, o teorema virou objeto 
de estudo de diversos estudiosos ao longo dos anos, que tentaram através de 
diversas abordagens desenvolver uma demonstração que provasse o teorema.
Figura 1: Linha do tempo de A história de Hipátia e de muitas outras matemáticas 
(Adaptado de FERNANDEZ, AMARAL, VIANA, 2019 p.54).
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Muitos matemáticos conseguiram provar o teorema para casos específicos, 
inclusive uma demonstração de Fermat para n=4 foi encontrada. Por exemplos 
temos contribuições de Leonhard Euler emm 1770 e de Carl Gauss em 1875 e pós-
tuma. Outros matemáticos fizeram avanços de formas diferentes, como Sophie 
Germain que trocou correspondência com Gauss por muitos anos, uma matemá-
tica que precisou se passar por homem para conseguir estudar matemática. Pro-
por a turma: Vamos conhecer a história desta matemática? (Apresentar a história 
contida neste artigo). Primeiramente fazer a apresentação de uma linha do tempo 
abaixo (Figura 1) com algumas das mulheres matemáticas citadas neste texto. 
Tal apresentação ajuda a compreender a ordenação, a simultaneidade e a 
sucessão de fatos. Em alguns textos ou portais sobre História da Matemática, po-
demos ver linhas do tempo onde apenas nomes masculinos aparecem ou onde 
aparecem apenas como nomes femininos os nomes de Hipátia, Agnesi, Germain, 
Sofia e Noether. De fato, a partir do começo do século XX, aprodução em Mate-
mática realizada por mulheres aumentou significativamente. Nesse último século, 
as mulheres foram responsáveis por grandes conquistas matemáticas. Esperamos 
que a linha do tempo fique no imaginário de alunos e professores para que não 
se esqueçam que a Matemática tem seu lado feminino
Conclusão
Apresentando a história das mulheres matemáticas estamos estabelecendo 
uma relação dialética entre o saber, fazer e ensinar Matemática da perspectiva 
feminina. Tal ação contribui para extinguir a sensação de não pertencimento que 
geralmente aflige meninas e jovens que começam a se interessar pelas áreas de 
ciências exatas. O ser humano tem necessidade de aceitação, logo a ideia de 
não pertencimento afeta o seu desempenho. Tal afirmação pode ser comprovada 
através de estatísticas, como as apresentadas em (BRECH, 2018), assim como por 
artigos científicos, como (STEELE, 1997).
O conhecimento da história produzida e atravessada por estas mulheres ma-
temáticas ajuda nas escolhas e reflexões dos caminhos a serem seguidos no pre-
sente e da história que vamos construir no futuro, contribuindo deste modo para 
a desconstrução do estereótipo da Matemática como uma profissão masculina, 
ou ainda onde somente homens trilham um caminho de sucesso.
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