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EBOOK_HISTORIA_DO_FEMINISMO_parte5

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E - B O O K B P A H I S T Ó R I A D O F E M I N I S M O
1
CURSO 
“A HISTÓRIA DO FEMINISMO”
 COM PROFESSORA ANA CAMPAGNOLO
Por trás de discursos aparentemente justos, o movimento feminis-
ta guarda um real objetivo, que é explicitado claramente na segun-
da onda. Através da história de Simone de Beauvoir, representante 
máximo do movimento neste período, descobrimos quais são as 
pautas que as feministas verdadeiramente defendem. 
Ao final desta aula, espera-se que você saiba: qual data marca o 
início do movimento feminista de segunda onda; qual a trindade 
bibliográfica desse período; quais eram as pautas defendidas 
por Margaret Sanger e o que estas apontam sobre a história do 
feminismo; como surge a ideia de controle de natalidade; qual a 
ligação entre a segunda onda e a ideologia de gênero; quais as 
principais pautas da segunda onda do movimento feminista; qual 
a relação entre a revolução sexual e a pedofilia; qual a interpretação 
de Mises acerca do feminismo. 
BONS ESTUDOS! 
AULA 05 - SINOPSE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
#55
E - B O O K B P A H I S T Ó R I A D O F E M I N I S M O
3
Sejam bem-vindos à quinta e última aula do curso sobre feminismo. 
Apenas para lembrar, nos encontros anteriores, abordamos o protofemi-
nismo e a primeira onda do movimento feminista. O protofeminismo data 
de 1792 e a primeira onda, de 1848. Nós conversamos sobre Alexandra Kol-
lontai, Adam Smith, Trotsky, Stálin. 
Na aula anterior, dentre outros pontos, citamos algumas sufragistas 
e tratamos de como o direito ao voto foi, na verdade, uma concessão e não 
uma conquista. Terminamos falando um pouco sobre Margaret Sanger e 
de como não existe feminismo bom e feminismo ruim. Essa é uma ideia 
divulgada inclusive por alguns conservadores, como se a primeira onda 
fosse um movimento decente de mulheres cristãs imbuídas de um senti-
mento familiar de amor pelos seus cônjuges e seus filhos e de sentimentos 
democráticos e somente na segunda onda, que começa em 1960, houvesse 
um descarrilamento de tudo. 
 
2. A DESMISTIFICAÇÃO DA PRIMEIRA ONDA
 
A segunda onda do movimento feminista começa de fato em 1960 
e é o assunto principal de nossa aula de hoje. Nós falaremos mais uma vez 
sobre revolução sexual. Essa é uma forma de você gravar que, no feminismo, 
o princípio e o fim são a revolução sexual. Tudo apresenta uma ligação com 
a reforma dos costumes sexuais, com o fim do casamento, com o fim da 
família tradicional, com o fim da monogamia e com a propaganda do poli-
amor, do aborto, da vida promíscua, da facilitação do divórcio, da aceitação 
do adultério, da pedofilia, do incesto. Todas essas reformas sexuais, todos 
esses valores sexuais que precisam ser desconstruídos do ponto de vista do 
movimento feminista, foram-no ao longo de séculos de movimento, através 
do uso das mais diversas ferramentas. 
INTRODUÇÃO
E - B O O K B P A H I S T Ó R I A D O F E M I N I S M O
4
Na nossa segunda e terceira aulas, nós vimos que, para destruir a 
família, as feministas se utilizam do mercado de trabalho e que, para 
destruir o casamento, usam a facilitação do divórcio e do aborto como 
se estes fossem direitos civis. No entanto, o objetivo final é sempre o de 
revolucionar sexualmente tudo que temos e conhecemos na sociedade 
ocidental. Novamente, o livro mais importante para entender isso é uma 
obra de segunda onda, “Revolução Sexual”, de Kate Millet.
As três maiores expoentes do feminismo de segunda onda são: a 
francesa Simone de Beauvoir, que escreveu “O segundo sexo”, um livro 
composto por dois volumes; a americana Betty Friedan, que escreveu 
“A mística feminina” e; Kate Millet, também americana, que escreveu 
“Política Sexual”. Estamos falando de livros que foram publicados desde 
1949 até 1970 e que constituem a sagrada trindade bibliográfica do 
movimento de segunda onda. 
Nós encerramos nossa quarta aula falando sobre Margaret Sanger, 
uma outra personagem. Sanger foi tão sem escrúpulos e tão indecente que 
as pessoas acreditam que pertence à segunda onda, juntamente com essas 
outras autoras. Na verdade, Margaret Sanger militou principalmente nas 
últimas décadas da primeira onda do movimento feminista, nas décadas 
de 1920, 1930 e sucessivamente. Sanger antecede em quarenta anos o 
lançamento dos livros de Simone de Beauvoir, Betty Friedan e Kate Millett 
e mesmo assim, já estava atuando na defesa das pautas abortistas nos 
Estados Unidos. 
2.1. Margaret Sanger
Ao falarmos sobre Margaret Sanger, o mais importante é lem-
brarmos que se trata de uma feminista que exemplifica e resume a ideia 
principal de todo este curso, que é a ideia de que o movimento feminista 
está relacionado ao sexo e não a direitos. Para tornar isso ainda mais claro, 
trouxe “O livro do feminismo”, uma obra feminista em que consta quem foi 
E - B O O K B P A H I S T Ó R I A D O F E M I N I S M O
5
Margaret Sanger, esta feminista de primeira onda. 
 Antes de prosseguir, quero salientar uma vez mais que a pri-
meira onda do movimento feminista se estende de 1848 a 1960 e a segunda, 
de 1960 a 1990. 
 Na página 120 de “O livro do feminismo”, está escrito o seguinte 
sobre Margaret Sanger:
“Sanger descrevia sua ideia do que deveria significar o feminismo: 
que as mulheres deveriam, primeiro, se libertar da escravidão biológica e a 
melhor forma para conseguir isso seria através do controle de natalidade. A 
ênfase de Sanger à palavra controle era significativa”.
Há uma feminista de primeira onda nos informando o que era pri-
oridade. Para Sanger, o feminismo não deveria ter como prioridade o 
direito civil, o direito à herança, o direito ao voto, o direito a trabalhar, a 
igualdade salarial, nada disso, mas sim libertar a mulher da escravidão 
biológica. Escravidão biológica é maternidade, casamento e todas as 
funções sociais que a mulher desempenha somente por ser mulher. 
Escravidão biológica faz referência à função de mãe, à função de esposa, à 
função de mulher, assim como os homens apresentam a função de serem 
filhos, pais e maridos. Para Margaret Sanger, a luta mais importante para o 
movimento feminista é que a mulher não precise mais estar obrigada a ser 
mãe se não quiser. Na cabeça da Margaret Sanger, isso tem tudo a ver com 
contracepção, aborto, fim da família, fim do casamento e fim das relações 
entre homem e mulher da maneira tradicional. 
Há uma outra frase de Sanger que nos ajuda a entender isso:
“Nenhuma mulher pode se dizer livre se não é dona do seu próprio 
corpo, se não tem controle sobre ele.”.
Com certeza, você já deve estar cansado de ouvir isso. As feministas 
sempre dizem “meu corpo, minhas regras”, como se o aborto fosse um cer-
tificado de que a mulher é dona do seu próprio corpo. Na verdade, quando 
uma mulher aborta, está interferindo no corpo do bebê, não no seu. Essa 
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6
ideia de que abortar é ter o controle sobre o seu corpo é da primeira 
onda do movimento feminista, de antes de 1920, e não da segunda onda, 
que é considerada por todos ruim. Com isso, quero salientar que todas as 
ondas são ruins.
Para continuar tratando de Margaret Sanger, é bom sabermos um 
pouco sobre sua história. 
Margaret Sanger herdou esse sobrenome do homem com quem 
se casou e teve três filhos, William Sanger. Tardiamente, abandonou aos 
quatro. Enfermeira de profissão, Margaret teve vários amantes no trans-
curso de sua militância feminista. Aliás, se pensarmos na trajetória amorosa 
de Mary Wollstonecraft, que queria uma relação poliamorosa com Henry 
Fuseli, que se apaixonou por Gilbert Imlay e que se tornou mãe solteira em 
1792, percebemos que isso é bem comum desde o início do feminismo. 
Apesar de ter uma vida semelhante à normal, com marido e três 
filhos, Sanger abandonou tudo para viver com um de seus amantes. Há 
algumas feministas que ajudaram na construção do pensamento dela,como Emma Goldman e Marie Stopes. Esta última era uma feminista abor-
tista da Inglaterra. 
Posteriormente, Stopes e Sanger abriram uma clínica de aborto juntas. 
Emma Goldman, Filósofa (1869 - 1940) Marie Stopes, Autora (1830 - 1958)
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Quero dar-lhes um rápido histórico da vida de Margaret. Em 1914, 
Sanger deu início a seu trabalho mais intelectual e cultural, defendendo 
suas ideias. Na época, lançou um folhetim chamado “A Mulher Rebelde”, no 
qual estava presente a expressão “controle de natalidade”. É a primeira que 
se registrou o uso de tal expressão, que atualmente é usada como se fosse 
algo bom e inofensivo. Na verdade, o controle de natalidade, que também 
é encontrado em outros textos como “controle de nascimentos”, é uma 
criação de Margaret Sanger. 
Se “controle de natalidade” é uma expressão que pode nos causar 
uma impressão mais leve, o mesmo não se pode dizer de “controle de nasci-
mento”. “Controle de nascimento” é uma expressão muito clara. Para con-
trolar o nascimento, é preciso impedir o nascimento, não a contracepção. É 
um passo além da contracepção, é o passo do aborto. 
O texto de “A Mulher Rebelde” foi considerado impróprio, obsceno 
e indecente segundo as leis dos Estados Unidos, por isso, foi recolhido. Foi 
nesta época que Sanger abandonou seu marido e filhos e se mudou para 
Inglaterra, a fim de escapar das sanções jurídicas que lhe seriam impostas. 
Mais tarde, quando retornou aos Estados Unidos, uma das primeiras asso-
ciações político-partidárias que criou foi a Sociedade Eugenista. 
Provavelmente, quando escuta o termo “eugenia”, você pensa em 
Hitler, racismo e holocausto. No entanto, Hitler não foi o inventor da eugenia, 
nem seu principal propagador. A eugenia foi apenas um dos instrumentos 
de que se utilizou em suas políticas totalitárias. A origem do termo “eugenia” 
antecede e muito ao nazismo. 
O termo “eugenia” foi criado em 1883 e significa bem-nascido. Como 
o próprio termo explícita, para os eugenistas, é como se houvesse algumas 
pessoas que são bem-nascidas e outras que são mal-nascidas. É como se 
existisse uma hierarquia, como se algumas pessoas que nascem fossem 
superiores e outras, inferiores. Por exemplo, os deficientes físicos e os débeis 
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mentais são considerados mal-nascidos. Em outros casos, como o nazismo, 
os alemães são considerados bem-nascidos e os judeus e negros, mal-na-
scidos. Eugenia, portanto, seria definir as pessoas, pelas suas características, 
como bem-nascidas ou mal-nascidas. 
De acordo com o fundador deste termo, Francis Galton, eugenia 
é: “O estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou 
empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações, seja física ou men-
talmente”. 
De uma certa forma, trata-se de uma manipulação e de uma seleção 
de características que, na concepção dos cientistas, pode significar quali-
dades superiores ou qualidades inferiores, para preparar ou para criar uma 
raça melhor ou uma raça pior. Esse termo é tão ligado ao nazismo pois se 
entendia que a raça ariana era superior às demais e, por isso, havia um con-
trole de nascimentos através da esterilização forçada de judeus e negros, 
dentre outros. 
Em 1921, Margaret Sanger publicou um folhetim chamado “O valor 
eugênico da propaganda do controle de natalidade”. Além de estar asso-
ciada à Sociedade Eugenista, Sanger realmente se tornou uma eugenista e 
passou a defender ideias eugenistas. Na página 5 do folhetim, nas palavras 
de Margaret Sanger:
“A eugenia é sugerida pelas mais diversas mentes como o caminho 
mais adequado e definitivo para a solução de problemas raciais, políticos 
e sociais. O problema mais urgente hoje é como limitar e desencorajar 
o excesso de fertilidade daquele que é mental e fisicamente deficiente.”
Margaret Sanger quer resolver os problemas sociais e políticos da 
sociedade selecionando quem nasce e quem morre. Essas são ideias assus-
tadoras. Vejamos essa frase novamente:
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9
“ O problema mais urgente hoje é como limitar [...] o excesso de fert-
ilidade daquele que é mental e fisicamente deficiente.” 
Atualmente, há países em que crianças com síndrome de down não 
nascem mais. Claramente, são casos de limitação do nascimento daquele 
que é mentalmente deficiente. Para Margaret Sanger, o controle de 
natalidade, o aborto e os métodos contraceptivos eram fundamentais 
para conduzir à criação de uma raça mais limpa. Em outras palavras, 
Sanger achava que era preciso purificar a sociedade impedindo que 
certas pessoas nascessem. 
Sanger defendeu essas ideias em seus livros e publicações até morrer. 
Essa foi a participação dela na Sociedade Eugenista. 
Depois, Margaret entrou em contato com a Liga Neomalthusiana 
Holandesa e começou a aplicar um novo dispositivo contraceptivo, o 
diafragma, também chamado de “capuz holandês”, em mulheres que a 
procuravam em busca de métodos contraceptivos. A Liga Neomalthusiana 
estava igualmente relacionada a ideias eugenistas. Seu nome era uma 
homenagem ao pensador Malthus.
Malthus teorizou que a humanidade 
cresceria tanto que a comida disponível se tor-
naria insuficiente para alimentar a todos. Ele 
também apresentava ideias relacionadas ao con-
trole populacional, ao controle demográfico e ao 
impedimento de certos nascimentos. 
Dois anos após publicar “A Mulher Rebelde”, 
Sanger inaugurou a primeira clínica abortista de 
toda história dos Estados Unidos. A clínica estava 
localizada no Brooklin, um bairro caracterizado Thomas Malthus, Economista(1766 - 1834) 
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por um grande contingente populacional de negros. É provável que ela 
quisesse impedir o nascimento de negros. A clínica foi fechada em apenas 
dez dias e Margaret, presa. 
O fato de ter sido presa a tornou famosa e atraiu eugenistas e abor-
tistas do resto do mundo que, além de se juntarem ao grupo dela, passaram 
a financiar suas obras e as ideias que defendia. Assim, em 1920, Margaret 
publica mais um livro, “A Mulher e a Nova Raça”. 
Os nazistas defendiam a ideia de que surgiria um novo homem, mas 
não estavam sozinhos nesta crença. Os comunistas também defendiam 
que surgiria o novo operário, o novo cidadão da Grande Rússia, um novo 
homem. Com Sanger, temos a mulher, a nova raça. Esses são pensamentos 
bem eugenistas. 
 
Em 1921, Margaret fundou a Liga Americana para Controle de Nasci-
mentos. Apenas para que você tenha dimensão de quanto essa ideia havia 
ganhado popularidade, até mesmo a primeira-dama, Eleanor Roosevelt, 
chegou a fazer parte dessa liga. 
Posteriormente, Sanger foi financiada pela Fundação Rockefeller. 
Através desta fundação e de um casamento muito bem arquitetado, ela 
conseguiu muito dinheiro. Embora continuasse a ter amantes, Sanger se 
casou com um magnata do petróleo, um homem riquíssimo que também 
ajudou a patrocinar as ideias dela. 
Por último, Sanger se associou ao Comitê Científico Humanitário. 
Essa é uma informação importante. Lembre-se: ainda estamos tratando da 
primeira onda no movimento feminista. O Comitê Científico Humanitário é 
o primeiro movimento gayzista de que temos registro na história. 
Até o fim da sua vida, Margaret se manteve ligada aos movimentos 
de sexologia e eugenia. 
E - B O O K B P A H I S T Ó R I A D O F E M I N I S M O
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É essencial mencionar que além de estar 
ligada à Sociedade Eugenista, à Liga Neomal-
thusiana, ao Comitê Científico Humanitário e 
à Fundação Rockefeller, Sanger foi amante de 
George Wells, um homem vinculado à Socie-
dade Fabiana. 
A líder do Movimento das Mulheres Cristãs 
pela Temperança também era ligada à Sociedade 
Fabiana, que é um movimento inglês do final do 
século XIX com propostas socialistas.Para ficar 
mais claro, vou explicar melhor o que os socialistas fabianos pretendiam. Os 
marxistas dividem a sociedade em dois grupos. Em cima da pirâmide, estão 
os burgueses e, embaixo, os proletários. O movimento Socialista Fabiano 
pretendia preparar os proletários para tomarem o poder de forma sutil, sem 
pressa, através de reformas políticas graduais aparentemente inofensivas. 
Os Socialistas Fabianos querem alcançar a sociedade socialista, no entanto, 
diferentemente dos bolcheviques, que queriam chegar a esta rapidamente, 
através das armas e da guerra, eles não têm pressa. 
O nome “fabiana” é uma homenagem ao general romano Quintus 
Fabius Maximus (280 a.C. - 203 a.C.). A sociedade se inspirava nesse general, 
que venceu uma batalha sutilmente, pelas beiradas. Como se diz: “A vin-
gança é um prato que se come frio”. A ideia era mais ou menos essa. 
Depois de se associar aos socialistas fabianos e à Fundação Rocke-
feller, Margaret publica, em 1922, “O Eixo da Civilização”, uma obra extrema-
mente eugenista. Eu separei alguns trechos para vocês, para mostrar quais 
eram as ideias dessa que é a primeira feminista abortista. Reforço de novo 
que isso aconteceu em 1922, na primeira onda do movimento feminista. 
 H. G. Wells, Escritor (1866 - 1946) 
E - B O O K B P A H I S T Ó R I A D O F E M I N I S M O
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Sublinho essa informação exaustivamente porque as pessoas continuam 
dizendo que a primeira onda tinha propostas boas e decentes. Vejamos o 
que nos diz Margaret Sanger:
“Tais pais [pobres] engrossam as fileiras patéticas dos desempre-
gados. A mentalidade débil perpetua-se nas fileiras daqueles que são leve-
mente indiferentes às suas responsabilidades raciais.”
Responsabilidades raciais significa que, dependendo da sua raça, 
você tem obrigação de procriar. Se você é de uma raça boa, você tem o 
dever de procriar. Se você é de uma raça ruim, você não tem que procriar. 
Ela continua:
 “E é em grande parte esse tipo de humanidade que agora estamos 
usando para povoar nosso mundo por gerações. Nesta orgia de multiplicar 
e reabastecer a terra, esse tipo é pari passu, multiplicando e perpetuando 
aqueles males mais terríveis aos quais devemos, se a civilização quiser 
sobreviver, extirpar pelas próprias raízes.”
Quais seriam os males mais terríveis que devemos extirpar pelas 
próprias raízes? Segundo Sanger, todas as mazelas sociais podem ser 
amenizadas se as pessoas certas forem abortadas ou, ainda, se as pessoas 
erradas forem impedidas de nascer, através do controle de natalidade. 
Sobre o tema da eugenia, há uma matéria muito interessante da BBC 
chamada “Eugenia: como um movimento para criar seres humanos mel-
hores nos EUA influenciou Hitler1 ”, a qual mostra que tais ideias antecedem 
e muito a Hitler. Margaret Sanger já as defendia em 1920. Esta matéria 
da BBC faz uma passagem por Nova York, onde encontra um laboratório 
eugenista criado em 1890. O conteúdo nela presente foi orientado princi-
1 Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-39625619
E - B O O K B P A H I S T Ó R I A D O F E M I N I S M O
13
palmente pelo historiador Daniel Kevles, historiador de ciência da Universi-
dade de Yale. Ao abordar a eugenia nos Estados Unidos, Kevles afirma que:
“Em meados de 1920, foi emitida uma decisão judicial sobre a consti-
tucionalidade da esterilização [...]”. 
Isso significa que era permitido esterilizar certas pessoas para que 
não tivessem filhos. 
“Nos anos 30, a esterilização disparou. [...]. Os surdos, cegos, epiléticos, 
débeis mentais e até pobres eram esterilizados [...]. Qualquer pessoa consid-
erada um obstáculo para a sociedade estava em risco.”
A reportagem aponta que cerca de setenta mil indivíduos foram 
esterilizados nos Estados Unidos da América. 
Essa informação é muito chocante e tem total relação com Margaret 
Sanger, a primeira feminista abortista. Margaret estava na primeira onda 
difundindo ideias que ainda hoje permeiam o movimento feminista. 
Hoje, quando você discute com uma feminista, esta usa quase os mesmos 
argumentos, mas de uma forma mais disfarçada. Margaret Sanger dizia 
que negros e pobres deveriam ter mais acesso ao aborto porque eram 
responsáveis pela pobreza e pela violência. Hoje, se você for conversar com 
uma feminista, esta vai dizer isso, mas de uma forma diferente, como “são as 
mulheres negras e pobres as que mais sofrem em não ter acesso às clínicas 
de aborto seguro, por isso temos que legalizar”. Trata-se de uma paráfrase 
das ideias da Margaret Sanger. É a mesma finalidade, porém, com justifica-
tivas diferentes. 
Quero expor mais duas citações de Sanger, para que fique claro 
quem ela era. Na obra “Mulher, moralidade e controle de natalidade”, pub-
licada em 1922, ela diz o seguinte:
“Devemos contratar três ou quatro ministros de cor [ou seja, 
negros], de preferência, com histórico de serviço social e com personal-
idades cativantes. A abordagem educacional mais bem-sucedida para 
E - B O O K B P A H I S T Ó R I A D O F E M I N I S M O
14
o negro é através de um apelo religioso. Nós não queremos que vaze o 
discurso que intentamos exterminar a população negra e um ministro é 
um homem que pode corrigir essa ideia caso ela ocorra a qualquer um…”
Margaret Sanger está dizendo para utilizar um bispo, um reverendo 
ou um pastor negro que seja simpático para alertar sobre a importância do 
controle de natalidade, para informar sobre a importância de haver menos 
filhos na comunidade negra. Para quê? Para que ninguém desconfiasse de 
que o real objetivo era diminuir o número de pessoas negras. 
Em 1939, Margaret Sanger chega a organizar o the negro project para 
controlar o nascimento nos estados do sul, nos quais havia mais negros. A 
próxima citação consta no “Eixo da Civilização” e diz o seguinte:
“A falta de equilíbrio entre o nascimento dos fracos e dos fortes é a 
maior ameaça para a atual civilização. O exemplo das classes inferiores, a 
fertilidade dos débeis mentais, dos deficientes, dos afligidos pela pobreza 
não deveria ser tomado como exemplo pelos mais fortes e aptos mental e 
fisicamente.O problema mais urgente hoje é como limitar e desencorajar a 
hiperfertilidade destas pessoas mental e fisicamente deficientes. É possível 
que métodos drásticos e espartanos sejam inevitáveis se se continua ani-
mando com a procriação casual.”
Em outras palavras, as pessoas não devem ter filhos natural e casual-
mente, é preciso controlar a reprodução. Assim, só nascerão bebês bonitos, 
loiros, ricos, saudáveis. É preciso controlar a natalidade se for alguém defici-
ente, fraco, pobre. Quero salientar um aspecto do final da citação:
“É possível que métodos drásticos e espartanos [...]”. 
Sanger está fazendo referência aos métodos espartanos porque, na 
Grécia Antiga, quando nascia uma criança deficiente, atrofiada, aparen-
temente com algum defeito físico, esta era jogada de um penhasco. Ou 
seja, Margaret sugeria como método descartar as pessoas que tivessem 
qualquer deficiência, qualquer dificuldade, seja mental, seja fisicamente. 
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Esta mulher marca o feminismo de primeira onda como um movi-
mento antivida, pró-aborto, antifamília, anticasamento, antiprincípios reli-
giosos, assim como todas as demais ondas. Na página 139 do meu livro, eu 
afirmo que:
“Inúmeras evidências confirmaram que a revolução feminista é uma 
e a mesma coisa que a revolução sexual e que esse caráter não é inerente 
apenas à segunda onda do movimento. Diferentemente do que se pensa, 
desde as suas primeiras manifestações, o movimento é marcado por líderes 
que defendiam e viviam em moldes libertinos e sexualmente subversivos. É 
o exemplo da abortista e eugenista Margaret Sanger, a controversa Simone 
de Beauvoir, a incansável depreciadora das donas de casa, Betty Friedan, e 
Kate Millett, grande defensora de uma políticasexual revolucionária.”
Betty Friedan, Simone de Beauvoir e Kate Millett compõem a sagrada 
trindade da segunda onda e é sobre estas mulheres que falaremos, agora 
que ficou claro que não existe feminismo bom e feminismo ruim. Todo fem-
inismo é revolução sexual, é anticristão e é anticasamento, desde sempre e 
para sempre. 
3. A SEGUNDA ONDA DO MOVIMENTO FEMINISTA
Embora a segunda onda do movimento feminista date de 1960, 
esta tem início com a obra “O Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir, que 
foi publicada em 1949. O ano de 1960 é utilizado apenas porque, quando 
estudamos história, precisamos marcar os movimentos com datas, para 
torná-los mais memorizáveis e claros. A data de 1960 apresenta uma relação 
profunda com o surgimento da pílula anticoncepcional e com a publicação 
de obras de outras feministas. 
Na época em que escreveu o primeiro volume de “O Segundo Sexo”, 
Simone de Beauvoir ainda não se dizia feminista. Alguns anos depois, prin-
cipalmente devido à popularidade de suas obras entre feministas, acabou 
E - B O O K B P A H I S T Ó R I A D O F E M I N I S M O
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se tornando uma e entrando para associações de defesa das mulheres. “O 
Segundo Sexo” é o principal livro da segunda onda do movimento feminista. 
3.1. A Ligação entre Primeira e Segunda Onda
Nada do que vimos nessas aulas, nem a primeira, nem a segunda 
onda tem ligação com a centralidade dos direitos civis. Tudo isso tem ligação 
com o sexo. Quero trazer uma última frase de Margaret Sanger para que 
liguemos a primeira e a segunda ondas com essa ideia que estou dando 
para vocês. 
“As mulheres não devem pedir direitos, somente têm necessidade 
de reivindicar o poder e este poder não deverá estar na busca fútil da inde-
pendência econômica e a imitar os homens na ocupação da indústria e dos 
negócios.”
Em outros termos, Sanger está afirmando que a questão da 
inserção no mercado de trabalho, da política, entre outros, são bobagens. 
“O poder da mulher pode se fazer sentir somente quando ela rejeita 
a tarefa de dar à luz as crianças não desejadas.” 
Este é o pensamento da primeira onda, da segunda onda e da ter-
ceira onda e é o pensamento de toda feminista quando é apertada até o 
limite para que diga o que realmente importa. O mais importante é libertar 
a mulher da escravidão dos seus papéis sociais, sexuais e da maternidade.
3.2. Linha do Tempo da Segunda Onda
Eu vou traçar uma linha do tempo da segunda onda, para marcar 
certos fenômenos. Assim, você saberá identificar à qual onda pertence cada 
acontecimento. 
Em 1945, nos Estados Unidos, Alfred Kinsey publica um livro sobre 
comportamento sexual do homem e da mulher americanos. Esta data 
ainda é enquadrada na primeira onda, mas como as ideias relacionadas 
à sexualidade e ao aborto serão ostensivamente difundidas na segunda 
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onda, estamos colocando Kinsey, que é um personagem bem importante, 
em nossa linha do tempo. 
Em 1949, Simone de Beauvoir publica “O Segundo Sexo”. Nas décadas 
de 1940 e 1950, a humanidade conhece o casal Simone de Beauvoir e Sartre, 
o qual abordaremos mais para frente. 
Em 1960, a pílula anticoncepcional é inventada. De 1961 em diante, 
começa a ser comercializada nos Estados Unidos. Em 1963, Betty Friedan 
publica “A Mística Feminina”. Em 1970, Kate Millett publica “A Política Sexual”, 
uma obra em que faz uma revisão de toda história do movimento femi-
nista. Neste livro, Millett reclama que a inserção no mercado de trabalho e 
a conquista do direito ao voto foram inócuas, pois as mulheres continuam 
amando os homens, casando-se com eles e fazendo filhos. Para Millett, o 
que devemos procurar mesmo é uma política sexual. 
Aliás, é na segunda onda do movimento feminista que iremos ouvir 
o grande jargão de que “o pessoal é político”. As feministas querem se 
intrometer em todos os aspectos da vida da mulher: a roupa que usa, a cor 
do cabelo, se faz depilação ou não, como faz amor com o marido, na criação 
dos filhos, etc.. Elas querem interferir em tudo pois, desde a segunda onda, 
existe esse jargão de que “o pessoal é político”. Contracepção, sexo, intimi-
dade, tudo isso é político. 
Em 1971, Lacan cunhou a célebre frase: “A mulher não existe”. 
Costumamos dizer que a ideologia de gênero é o assunto da terceira 
onda do movimento feminista. No entanto, em 1790, a primeira feminista 
da história, Mary Wollstonecraft, já dizia que o caráter e as preferências 
de homens e de mulheres eram definidos pela educação. Para Mary, se 
fornecêssemos a mesma educação para homens e mulheres, eles seriam 
iguais. Este é o princípio da ideologia de gênero. 
Em 1971, Lacan é categórico ao dizer que a mulher não existe. Mais do 
que isso: a feminilidade é uma invenção. 
Essa ideia de que feminilidade não existe, de que se trata de uma 
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invenção, está presente no título do livro de Betty Friedan, “A Mística Fem-
inina”. Simone de Beauvoir, com a célebre frase “Não se nasce mulher, 
torna-se”, externa o mesmo pensamento. Embora não cite a expressão “ide-
ologia de gênero”, é evidente que está falando disso. 
Em 1971, surge, na Inglaterra, o primeiro abrigo para vítimas de 
violência doméstica. Dois anos depois, em 1973, através de ativismo judicial, 
a Suprema Corte dos Estados Unidos aprova o aborto de fetos não-viáveis. 
Fetos não-viáveis são aqueles embriões que não conseguem sobreviver fora 
da barriga da mãe. Por várias semanas, o feto não é viável. Assim, pode ser 
assassinado no ventre da mãe.
Na década de 1970, mais um livro importante é publicado: “A Dialética 
do Sexo”, de Shulamith Firestone. Essa obra marca o feminismo radical. 
Esse é um outro aspecto que precisamos urgentemente desmisti-
ficar. É comum que feministas atribuam ao femismo ou ao feminismo 
radical uma série de ideias evidentemente ruins. Assim, essas mulheres 
afirmam que são feministas, mas que não são radicais. Na definição, o 
feminismo radical é aquele que busca a revolução sexual, a mudança 
dos costumes, a mudança da sociedade e o aborto. Ou seja, qualquer 
feminismo é radical, não existe feminismo moderado. Se você é femi-
nista moderado, o que defende? Você vai ser contra o aborto, contra a 
mudança social, contra os papéis de gênero? Se você for contra tudo isso, 
você não é feminista. As ideias feministas são radicais desde o começo e 
femismo é algo que não existe. Há cinco aulas estamos falando sobre fem-
inismo. Até agora, não encontramos nenhuma escritora femista. Onde elas 
estão? Quem se diz femista? Cadê o livro máximo do femismo? Quem é a 
principal escritora do movimento femista? Não há. Não existem livros, não 
existem autoras, simplesmente porque não existe femismo. Tudo é femi-
nismo, uma grande espinha dorsal relacioanda à revolução sexual e tudo 
relacionado a isso. 
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A segunda onda do movimento feminista termina em 1990, com a 
publicação do livro “Problema de Gênero”, de Judith Butler. Esse livro inau-
gura a terceira onda do movimento feminista, marcada pela ideologia de 
gênero. 
A partir de agora, vamos ver a história do movimento feminista de 
segunda onda, principalmente analisando aquelas três obras, e encer-
raremos com Judith Butler. 
3.3. Simone de Beauvoir
A principal frase de Simone de Beauvoir é “Não se nasce mulher, 
torna-se”. Nesta ideia, encontra-se a sementinha da ideologia de gênero. 
Simone está lançando as bases da segunda onda do movimento feminista, 
o qual está centrado em sexo, promiscuidade, responsabilidade, aborto, 
divórcio e todos os demais tópicos relacionados à revolução sexual. 
Neste livro de Simone de Beauvoir, a principal ideia é que a 
condição de ser mulher, tudo que está ligado à mulher e à feminilidade 
é uma construção social, histórica e cultural, que pouco tem relaçãocom sexo ou com biologia. Mesmo que certos aspectos da feminilidade 
guardem relação com o sexo e com a biologia, estão baseados em uma 
construção social e histórico-cultural. 
Esse pensamento também está presente na teoria de gênero, para 
qual tudo é performance, construção e depende da educação recebida. 
Simone está defendendo exatamente a mesma ideia, só que com 
menos ênfase, pois, de uma certa forma, a sociedade não estava preparada 
para esse rompimento ideológico. 
Para analisar a obra de Simone de Beauvoir, nós nos ateremos em 
cinco tópicos. Um dos pontos fundamentais para mencionar quando analis-
amos a obra dela, é que, diferentemente das feministas atuais, que chegam 
ao ponto de negar as desigualdades intrínsecas entre homens e mulheres, 
Simone reconhece que as mulheres são inferiores aos homens no que diz 
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respeito à força física. Na página 62, ela escreveu que:
A mulher é mais fraca do que o homem; ela possui menos força 
muscular, menos glóbulos vermelhos, menor capacidade respiratória; 
corre menos depressa, ergue pesos menos pesados, não há quase nenhum 
esporte em que possa competir com ele; não pode enfrentar o macho na 
luta. A essa fraqueza acrescentam-se a instabilidade, a falta de controle 
e a fragilidade de que falamos: são fatos. Seu domínio sobre o mundo é 
portanto mais estrito; ela tem menos firmeza e menos perseverança em 
projetos os quais é também menos capaz de executar. Isso significa que 
sua vida individual é menos rica do que a do homem. Em verdade, esses 
fatos não poderiam ser negados [...]”. 
Em várias e várias páginas de “O Segundo Sexo”, Simone aborda as 
diferenças biológicas, não somente entre homens e mulheres, mas entre 
diversas espécies do reino animal, como aranhas, tigres e leões. Toda essa 
comparação culmina nas diferenças sexuais entre homens e mulheres, em 
que admite a existência de uma grande diferença entre o corpo masculino 
e o feminino. 
Com base nisso, cria a teoria da corporificação. Simone conclui que, 
dadas as diferenças corporais entre homens e mulheres, deve haver um 
significado distinto para esses dois corpos. Para Simone de Beauvoir, o 
corpo do homem significa liberdade ostensiva. Uma vez que apresenta 
este determinado corpo, o homem vive uma liberdade ostensiva. Tudo 
que quer, conquista. Ele é agente da sua própria história. A mulher, 
por outro lado, com a menstruação, com a gravidez e com o corpo que 
possui, é uma escrava biológica. Resumindo: por ter mais músculos do 
que as mulheres, os homens podem fazer tudo o que querem, enquanto as 
mulheres, pelo corpo que possuem, são escravas biológicas. 
Podemos dialogar um pouco sobre esse assunto retomando o livro 
“Sexo Privilegiado: o fim do mito da fragilidade feminina”, de Martin L. Van 
Creveld. Nas primeiras aulas, mencionamos várias obrigações sociais das 
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quais os homens estão imbuídos por serem homens. Por exemplo: o fato 
de o homem ser mais forte do que a mulher faz com que seja obrigado a 
ir para guerra; o alistamento obrigatório; no Brasil, há leis que proíbem as 
mulheres de carregarem mais de 25kg no trabalho, mas os homens, não. 
Quer dizer, o fato de os homens terem maior velocidade e força não está 
trazendo para eles uma quantidade infinita de benefícios sociais. Assim 
como a mulher é limitada no seu corpo, o homem também é limitado no 
dele. Pelo fato de terem o corpo que tem, os homens têm que ir para guerra, 
têm que carregar mais peso, têm que dar a vida pelos outros. Eles têm que 
fazer uma série de ações adequada ao corpo mais forte que têm. A mulher, 
por sua vez, pelo corpo mais fraco que possui, aposenta-se cinco anos antes 
e tem licença maternidade. 
Simone de Beauvoir está correta ao apontar a existência de uma 
desigualdade. No entanto, a desvantagem de força física e as desvantagens 
do corpo da mulher são uma condição natural, não são culpa de ninguém. 
Os homens não se reuniram e determinaram que as mulheres seriam mais 
fracas. Todos os prejuízos e desvantagens biológicas que a mulher tem, e 
que a Simone de Beauvoir reconhece, são prejuízos e desvantagens natu-
rais. Não é possível escrever um manifesto quanto às desvantagens naturais. 
Estas não mudam, são condições naturais, não são culpa de ninguém. Se 
você é mulher e tem um corpo mais fraco do que do homem, não é culpa 
dele. Da mesma forma, não é culpa dele ter um corpo mais forte. 
Entretanto, as vantagens e desvantagens sociais que vêm por causa 
desse corpo são culpa da sociedade, que faz contratos sociais e se organiza 
dessa forma. Por ter uma vantagem natural - ser mais forte -, o homem 
ganhou desvantagens sociais, como ter de servir o Exército e morrer no 
lugar dos outros. A sociedade tem culpa de impingir aos homens um cas-
tigo pela sua força física, mas o homem não tem culpa de ser mais forte. A 
mulher também não tem culpa de ser mais fraca, mas recebe da sociedade 
uma série de benefícios ou de vantagens para sua própria proteção, justa-
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mente por ter uma força física menor. 
Simone de Beauvoir reconhece essas diferenças. Isso já é grande 
coisa, porque muitas feministas atuais até são contra aquelas pesquisas 
que comparam o cérebro da mulher com o do homem. 
Existe um seriado norueguês muito legal chamado “O paradoxo 
da igualdade”, o qual aborda as diferenças de que estamos falando e as 
pesquisas feitas nesse sentido. O seriado vai te ajudar a entender o que 
estamos tratando aqui. 
Um dos primeiros tópicos que precisamos entender do livro de 
Simone de Beauvoir é esse de que o corpo feminino é uma prisão, é um 
fardo, é um sofrimento. Em contrapartida, o segundo tópico é que o corpo 
masculino é uma bênção, é maravilhoso e que, por causa do seu corpo, os 
homens podem fazer tudo que quiserem. O terceiro tópico importante do 
livro é que existe uma construção social a respeito do que é ser mulher, do 
que é ser feminina e do que que é ser homem, do que é ser masculino. Essa 
construção social é artificial, histórica e cultural e não tem exatamente a 
ver com biologia. Portanto, o feminino, que é a representação de gênero do 
sexo feminino, é uma construção social. Simone nos diz o seguinte:
 “Nenhum destino biológico define a figura da fêmea. A civilização 
como um todo elabora esse produto intermediário entre o macho e o cas-
trado que qualificamos de feminino.”
Primeira informação importante aqui: para Simone de Beauvoir, 
a feminilidade é algo entre o macho e o castrado. A feminilidade é ruim. 
Segundo: essa feminilidade, além de ser ruim, é um produto, ou seja, a fem-
inilidade foi construída, foi produzida pela sociedade. De alguma forma, 
para Simone e todas as demais feministas, a feminilidade é um produto 
construído por machistas para aprisionar a mulher em seus conceitos. 
Simone afirma:
“Não acredito que existam qualidades, valores e modos de vida espe-
cialmente femininos. Seria admitir a existência de uma natureza feminina, 
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quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mul-
heres na sua condição de oprimidas.”
Esta era a opinião da Simone de Beauvoir sobre o que é ser mulher: é 
um produto artificial que os homens estão impondo para todas nós. 
Essa ideia de segundo sexo, que também é uma ideia de gênero, 
está igualmente presente no livro de Betty Friedan “A Mística Feminina”. “A 
Mística Feminina” é o segundo livro mais importante da segunda onda do 
movimento feminista. 
Betty Friedan era uma dona de casa americana. Burguesa, casada e 
com filhos, ela tinha uma boa vida. Betty escreveu esse livro para contestar 
a situação da dona de casa, que vivia no tédio, deprimida. Para Friedan, a 
vida de dona de casa era horrível. Friedantambém está afirmando que tudo 
que está ligado à feminilidade é uma mística, é uma invenção, foi criado. 
Enquadram-se aqui aspectos como: cuidar dos filhos, amamentar, gostar 
mais das coisas privadas do que das públicas, os interesses das mulheres 
por costura, por moda, por maquiagem, por beleza, por roupas, por sapatos, 
por joias, o fato de a mulher limpar a casa melhor do que o homem ou de 
cozinhar mais do que o homem. Essa é a ideia principal do livro da Betty, a 
qual também aparece no livro de Simone, quando esta diz que: 
“A feminilidade é um mito inventado pelos homens para prender as 
mulheres”. 
Se analisarmos bem, essa é uma ideia que está presente desde Mary 
Wollstonecraft, em 1792, para quem bastava que educássemos homens e 
mulheres da mesma forma para que todos ficassem iguais e tivessem os 
mesmos interesses. Para Mary, ao serem objeto da mesma educação que os 
homens, as mulheres parariam de pensar em roupa, moda, sapato e tecidos 
e começariam a pensar filosofia. Essa ideia chega até Simone de Beauvoir, 
Betty Friedan e permanece em voga nos dias atuais. 
Há um quarto tópico bem importante para mencionar aqui. Assim 
como todas as outras feministas, Simone de Beauvoir também é anti-
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cristã, anti-Jesus, anti-Maria, anti-Igreja. Nas páginas 236 e 237 de seu 
livro, temos uma demonstração disso. Quero lê-la para vocês só para que 
não fique faltando uma prova do que estou dizendo, de que ela, assim como 
todas as outras feministas, é anticristã.
“A virgindade de Maria tem principalmente um valor negativo, pois, 
pela primeira vez na história da humanidade, a mãe se ajoelha diante do 
próprio filho e reconhece livremente a própria inferioridade.”
Simone contextualiza isso, mas está defendendo que a imagem 
da Virgem Maria é uma construção machista e que a Bíblia só reforça 
estereótipos, sendo o caso de Maria, ao se ajoelhar diante do próprio filho, 
Jesus, um exemplo disso. Para Simone de Beauvoir, a mãe está se ajoel-
hando diante de um bebê do sexo masculino. Ela ignora que não foi somente 
Maria que se ajoelhou na frente de Jesus, mas também os três reis magos, 
os apóstolos e mais milhares e milhares de pessoas. Hoje, até o rei da Ingla-
terra se ajoelha diante da imagem de Jesus. Simone ignorou tudo isso. 
Estou citando isso para que vocês vejam mais uma vez que isso é 
unânime, todas essas mulheres são anticristãs. 
Um último critério importante que devemos analisar de Simone é a 
construção de uma certa narrativa, a qual dá nome ao livro. Para Simone, 
o homem é o primeiro sexo, o homem é universal. A mulher é o segundo 
sexo, é o outro, é a alteridade. É como se tudo que é universal e genérico 
viesse do homem e a mulher fosse cheia de peculiaridades. Seria como 
se o homem tivesse a primazia filosófica. Para ela, isso também se sus-
tenta, em parte, nos mitos da Criação. A Bíblia afirma que Adão foi criado 
primeiro que Eva. Eva foi criada para ajudar Adão. Ou seja, Eva é alternativa, 
é alteridade, é o outro. 
De uma certa forma, filosoficamente falando, SImone pode estar 
certa sobre isso, porque quando dizemos, por exemplo, que o homem 
argentino consome mais vinho do que cerveja, nós não estamos nos refer-
indo somente ao homem. Do mesmo modo, quando Rousseau afirma que 
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“O homem nasce bom e a sociedade o corrompe”, está usando a palavra 
“homem” para se referir à humanidade. 
Realmente, muitas vezes usamos a expressão “homem” para falar de 
todo mundo. Por outro lado, quando usamos a palavra “mulher”, estamos 
nos referindo especificamente ao sexo feminino. Quando cumprimen-
tamos uma plateia ou nos referimos a um grupo composto por homens e 
mulheres, utilizamos expressões no masculino, porque o sexo masculino é 
universal. 
Talvez Simone de Beauvoir esteja realmente certa a respeito da uni-
versalidade da representação masculina, mas isso não significa que está 
correta em absolutamente tudo. Santo Agostinho dizia que é mais fácil 
você acreditar em uma verdade maquiada, numa meia verdade, do que 
acreditar numa mentira completa. Ninguém em sã consciência escreve um 
livro que é mentiroso do começo ao fim, porque simplesmente ninguém 
vai acreditar em nada. Seria uma bobagem. Por isso, é evidente que as fem-
inistas abordam assuntos que parecem muito pertinentes e identificam 
reais sintomas sociais. É verdade que o homem em a primazia filosófica, 
contudo, isso não significa que tem também a primazia social. O fato de o 
homem ser o primeiro na filosofia não significa que é o primeiro na socie-
dade, o primeiro diante do Estado, o primeiro diante da Igreja, o primeiro 
diante de tudo. 
Um exemplo bem claro e muito tosco para você entender isso: assista 
ao filme “Titanic”. Na hora em que o navio está afundando, os guardas 
responsáveis por distribuir os botes salva-vidas gritam o tempo todo “mul-
heres e crianças primeiro”. Quer dizer, um homem não poderia chegar 
para os guardas com o livro da Simone de Beauvoir e do Sartre e dizer: “Eu 
gostaria de entrar no bote, pois sou homem e o homem é o primeiro sexo 
da filosofia e ontologicamente tem a primazia”. O guardaria riria da cara 
dele e não o deixaria entrar no bote. O homem não entraria no bote porque 
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a sua vida, social e biologicamente, vale menos que a da mulher, porque 
esta procria e é mais frágil. A primazia filosófica que Simone de Beauvoir 
descreve não significa necessariamente a primazia social. 
Quero trazer alguns exemplos de como isso se externaliza na socie-
dade. No meu estado, Santa Catarina, existe uma delegacia de proteção da 
criança, do adolescente, da mulher e do idoso. Poderíamos chamá-la de 
delegacia de todos, menos do homem adulto. Por quê? Porque a vida da 
criança, da mulher e do idoso é importante. E o homem? Justamente por 
ser tão universal, por ser tão genérico, não precisa de nada especial para ele. 
Há também aquelas redes femininas de combate ao câncer. As 
últimas pesquisas mostram que o câncer que acomete a população mas-
culina é 82% mais mortal. Mesmo assim, existem muitas redes femininas 
e quase não existe rede masculino de combate ao câncer. Numa pesquisa 
recente que fiz no meu estado, eu descobri que existem somente duas 
redes masculinas de combate ao câncer no estado todo, apesar do câncer 
masculino ser mais mortal. Além disso, as pesquisas também mostram 
que existe 700% a mais de investimento no combate ao câncer de mama e 
colo do útero do que no combate ao câncer de próstata. São equivalentes, 
mas existe sete vezes mais investimento de dinheiro público e privado para 
ajudar as mulheres do que para ajudar os homens.
No Brasil, existem sete vezes mais homens se suicidando do que mul-
heres. Se pegássemos a média geral do mundo todo, o número de homens 
que se suicida é duas vezes maior do que das mulheres. Os homens também 
morrem mais do que as mulheres em todas as quinze principais causas 
de morte precoce. Além disso, os homens também são 85% dos mendigos 
ou das pessoas em condição de rua. Com isso, vemos que existem muitos 
fatores sociais de pobreza, de situação financeira, jurídica, médica em que 
os homens, apesar de serem o primeiro sexo ontologicamente privilegiado, 
como diria Simone, são descartados, dispensados ou estão em condição de 
desvantagem. Uma coisa não significa necessariamente a outra. 
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Inclusive, eu gostaria de fechar essa questão 
com uma citação de uma outra feminista chamada 
Christina Hoff Sommers. Se você puder, depois, 
pesquise no Youtube os vídeos dela. Há muitos vídeos 
dela conversando com a Camille Paglia, as duas são 
bem amigas. Christina e Camille são duas feministas 
com uma concepção um pouco diferente.Christina nos diz:
“As mulheres ocidentais dos dias atuais são as mais livres e indepen-
dentes da história da humanidade. De muitas formas, elas não somente 
estão tão bem quanto os homens, elas estão melhores”.
Essa é a concepção de uma feminista que diverge de 90% das demais 
feministas, para quem a mulher é sempre oprimida e desprivilegiada, 
enquanto os homens são privilegiados em absolutamente tudo. Depois, 
também vale a pena procurar os vídeos do Jordan Peterson sobre salários, 
sobre disputa entre homem e mulher, sobre mercado de trabalho, sobre 
esses temas. 
Partem de Simone de Beauvoir todos os outros pensamentos de 
segunda onda e, depois, até de terceira onda. Para você entender a ideo-
logia de gênero, é importante você saber um pouco mais sobre a Simone.
Como representante máxima da segunda onda do movimento fem-
inista, Simone dizia que as mulheres jamais deveriam se prender ao papel 
social de mãe e de esposa. Às vezes, ela até comparava isso com prostitu-
ição. Se eu não posso ser mãe, nem esposa, e prostituição também é ruim, 
só sobrou ser amante, algo que quase todas as feministas de todas as ondas 
eram. Simone dizia tudo isso porque, para ela, ser mãe e esposa era uma 
condição de escravidão sexual e opressão. 
Christina Hoff Sommers, Escritora
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Para você que encontrou o amor, que está casada e apaixonado, que 
está vivendo feliz reformando sua casa, você está vivendo uma situação 
absurda de escravidão sexual e opressão. 
As mulheres não deveriam se submeter à condição de esposa e muito 
menos à condição de mãe. A própria Simone de Beauvoir nunca foi mãe. No 
manifesto das 343, Simone confessou ter abortado uma vez, mas imagino 
que tenha feito isso muitas outras vezes mais. Simone era uma defensora 
do aborto, assim como todas as feministas, desde que o conceito de aborto 
começou a ser difundido. 
Simone de Beauvoir nunca 
foi mãe, porque era abortista, e 
também nunca foi esposa, porque 
não se casou com o grande amor 
da vida dela, que era o Jean-Paul 
Sartre, um filósofo existencialista.
 
Para entendermos a vida da 
Simone de Beauvoir, vou recorrer 
ao livro “Uma Relação Perigosa”, 
de Carole Seymour-Jones. Esta é a melhor biografia disponível sobre ela. 
Existem muitas e muitas biografias, obras, textos e artigos sobre Simone, 
mas estes sempre apresentam uma versão super-romantizada, destacando 
que ela combatia a opressão contra as mulheres. “Uma Relação Perigosa”, 
escrito por uma historiadora, é o único que fala a verdade. 
“Uma Relação Perigosa” surgiu depois que as cartas de Simone 
de Beauvoir para Sartre foram descobertas. Em 1983, Simone divulgou as 
cartas que Sartre tinha mandado para ela. Nessa época, ele já estava morto. 
É importante mencionar que Simone teve uma relação amorosa com Sartre 
Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, filósofo
(1905 - 1980)
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durante toda sua vida. Ela foi uma espécie de amante dele. No dia em que 
morreu, Sartre deixou tudo que tinha para uma outra pessoa. Simone não 
quis se casar com ele e ele, como é normal de quem não é casado, não 
deixou absolutamente nada para ela. Ela pegou essas cartas que ele havia 
lhe mandado e as divulgou. Vários jornalistas começaram a questionar 
sobre as cartas que Simone havia enviado a ele. Ela mentiu para todos que 
não as tinha mais. Três anos depois, as cartas dela foram descobertas e o 
mundo todo pode saber quem de fato era Simone de Beauvoir. 
Essa biografia foi publicada depois que essas cartas apareceram 
para desmistificar a imagem de defensora das mulheres que todo mundo 
tem dela. Aliás, ela mentiu para os jornalistas porque mentia para todo 
mundo. Ela mentia para os alunos, para as namoradas, para as amantes, 
para os amantes, mentia para o Sartre, para os diretores da escola em que 
trabalhava, mentia para a imprensa, mentia para os biógrafos. Um dos 
namorados dela, Jacques Laurent Bost, chegou a dizer que ela era uma 
mentirosa compulsiva. Essa é Simone de Beauvoir. 
Uma das grandes mentiras que contou para todos é que tinha um 
relacionamento poliamoroso, um relacionamento aberto com Sartre e que 
esse era o melhor jeito de se viver um relacionamento: as duas pessoas não 
morarem juntas, não terem compromisso uma com a outra, todo mundo 
fazer sexo com quem quiser e a única regra é ser sincero, coisa que também 
não era. Ela vendeu essa imagem. Hoje, muitas feministas se espelham 
nessa imagem de poliamor, de relacionamento aberto, baseadas no casal 
Simone e Sartre, como se fosse algo bom. Eu separei dois trechos do meu 
livro para vermos que não era nada disso. O relacionamento deles não era 
esse mar de rosas que ela ficava dizendo e ela não era feliz como falava. 
Na página 178:
“É impressionante perceber como uma mentira atravessa décadas, 
mesmo após desmentida, sustentando uma ideia fajuta de liberdade 
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baseada no desapego. Tudo que temos visto recentemente sobre relacio-
namento aberto e poliamor está espelhado em um casal que jamais passou 
de uma fraude, um simulacro de relação. Aliás, a própria suposta preferência 
de Sartre por Simone era mentirosa. Em certos momentos, Sartre tratava 
Simone como um bom amigo homem. Já as amantes que Sartre escolhia 
costumavam ser mais simplórias e mais atraentes para um homem que 
pretendia apenas carinho, afeto, companhia e sexo.”
Nem ele tinha preferência por ela. Pensamos que, se é um relacio-
namento amoroso, pelo menos os dois ali se preferem. Não, não se prefe-
riam. Eu trouxe o relato de Bianca Lamblin, uma pessoa que conviveu com 
Simone de Beauvoir e com Sartre. Nas páginas 30 e 39 de seu livro, ela fala 
sobre os dois. 
“Sartre, movido por uma necessidade irresistível de conquistas femi-
ninas, impõe à Simone esse pacto.”
Já que Sartre era um desregulado, não conseguia ser fiel e amar uma 
mulher só, Simone, que gostava dele, não teve escolha, teve que ceder e 
aceitar que ele ia ter um monte de amantes. Para compensar, ela arrumou 
alguns amantes também.
“Aliás, Sartre aproveitou bem mais cedo e bem mais frequentemente 
do que ela essa permissão para fazer o que quiser. O que me pareceu, no 
momento em que os conheci, um pacto inédito [...].”
Quando essa jovem conheceu Simone de Beauvoir e Sartre, pensou 
que se tratava de algo moderno, bonito. Bianca prossegue:
“Parecia um pacto inédito, baseado em reciprocidade e igualdade. 
Revelou-se, mais tarde, como uma astúcia inventada por Sartre para satis-
fazer sua necessidade de fazer conquistas e que a Simone de Beauvoir foi 
obrigada a aceitar.”
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Na página 39, continua:
“O que eu penso agora é que Simone não apenas admitia que Sartre 
se apaixonasse por outras meninas muito jovens, como ainda lhe apresen-
tava algumas meninas. Creio que Sartre já tivesse começado a se afastar 
de Simone, pelo menos do ponto de vista sexual, e que assim ela criava 
com ele, por procuração, um outro vínculo. Com isso, Simone imaginava 
poder controlar a nova relação amorosa do parceiro, encontrando dessa 
forma uma espécie de compromisso entre os termos do seu pacto e da sua 
inquietude latente.”
Ou seja, Simone nunca foi feliz tendo que dividir o homem de quem 
gostava. Como, além de mentirosa, era orgulhosa, saía por aí dizendo que 
esse era um relacionamento perfeito, que ela não se importava, que era 
assim que queria viver. 
Percebam que Bianca Lamblin mencionou que Simone encontrava 
outras namoradas e as levava para o Sartre. Essa é a questão mais obscura 
de que vamos tratar aqui e está presente no livro “Uma relação perigosa”, 
em que Carole Seymour-Jones resgata essas histórias todas. Resumida-
mente, Simone de Beauvoir, que dizia ser contra a opressão das mulheres, 
que eracontra a escravidão sexual, que defendia que as mulheres deveriam 
ser livres, independentes e que não deveriam permitir que fossem usadas 
pelos outros, aliciava meninas adolescentes que eram suas alunas, com 
dezesseis, dezessete, dezoito anos, até abaixo da idade de consentimento. 
Simone induzia essas meninas a serem suas amigas. Às vezes, levava-as 
para morar consigo. Então, Simone fazia sexo lésbico com elas para, depois, 
apresentá-las ao Sartre, para que ficassem com ele. Às vezes a menina ficava 
somente com ele. Outras, os três ficavam juntos. No final, quando Sartre ou 
Simone cansava delas, as meninas eram descartadas, como se fossem lixo. 
Uma dessas meninas chegou a fazer quatro abortos. Algumas fic-
aram jogadas no mundo das drogas, outras, tentaram suicídio. No final 
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das contas, nenhuma dessas meninas saiu ganhando qualquer coisa das 
relações que tiveram com Simone e com Sartre. Sobre essas meninas, temos 
um registro bem detalhado no livro. São principalmente quatro exemplos 
que quero dar para vocês. 
O primeiro exemplo é o da Olga Kosakiewicz, uma refugiada que tinha 
dezessete anos quando Simone a conheceu. Geralmente, as meninas que 
Simone aliciava eram meninas pobres ou estava, em condição de vulnera-
bilidade. Simone se aproveitava disso para envolvê-las. Olga foi a primeira 
vítima com quem Simone teve um relacionamento lésbico. No entanto, não 
conseguiu levá-la para Sartre, porque Olga tinha nojo dele. Sartre era um 
homem feio, asqueroso, e Olga não gostava dele. Para se vingar de Olga, 
Sartre acabou tendo relações com a irmã dela, por puro fetiche. Se isso não 
é a coisa mais predadora, machista do mundo, não sei o que é. E a Simone 
era conivente com absolutamente tudo. 
Depois, há o caso da Bianca Lamblin, que não aguentou quando, 
em 1990, começaram a surgir várias biografias falando sobre si. Bianca foi 
uma das vítimas da Simone de Beauvoir e resolveu escrever um livro para 
falar quem ela realmente era, porque as pessoas ficavam fazendo defesas 
absurdas dela. Na página 10 do seu livro, Bianca conta que Simone estava 
sempre procurando meninas muito jovens entre as suas alunas para levar 
para o Sartre:
“Eu havia penetrado num mundo de relações complexas que acarre-
tavam confusões lamentáveis, cálculos mesquinhos, mentiras constantes, 
entre os quais eles cuidavam ciosamente em não se perder. Descobri que 
Simone de Beauvoir caçava nas suas salas de aula a carne fresca feminina 
que experimentava antes de largá-la ou, para dizê-lo mais grosseiramente 
ainda, atirá-la a Sartre.”
Essa é a opinião da Bianca Lamblin, que conheceu a Simone e sabia 
que aliciava suas alunas, sendo ela inclusive uma das vítimas. Na página 43, 
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Bianca conta do primeiro encontro que teve com o Sartre. Sartre a levou 
para um hotel e quando estavam entrando neste, ele disse:
“A camareira do hotel vai ficar bem surpresa, porque ontem mesmo 
já tirei a virgindade de outra moça.”
Simone ajudava o Sartre a tirar a virgindade de várias meninas. 
Bianca Lamblin é um dos exemplos, mas temos outros, como o caso 
da Natalie Sorokin, uma menina que Simone conheceu com catorze anos 
e com a qual conviveu até cerca de seus dezenove anos. A mãe de Natalie 
descobriu as relações lésbica entre esta e a Simone, que Natalie não era 
a primeira com quem fazia isso e que, quando professora universitária, 
Simone aliciava as alunas. Em 1941, a mãe da Natalie apresentou a sua pri-
meira queixa contra a Simone de Beauvoir. Essa queixa foi ignorada. Dois 
anos depois, em 1943, apresentou uma nova queixa. Desta vez, preparou e 
entregou um dossiê da Simone de Beauvoir, para não correr o risco de não 
acreditarem nela. Na página 299 de “Uma relação perigosa” consta que:
“O ano de 1943 foi quando o mundo de Beauvoir mudou.”
Esse fato é tão sério e é tão oficial que Simone chegou a ser demitida 
por isso. Quando tratamos desse assunto, as feministas ficam revoltadas 
muitas vezes, dizendo que isso é uma mentira. Ou seja, as feministas não 
conhecem a história das suas próprias expoentes. 
“A mãe de Natalie prestou uma queixa contra a Beauvoir para as 
autoridades educacionais por corromper uma menor. Natalie, que tinha 
dezenove anos de idade, conhecera a Simone desde 1938 [ou seja, quando 
tinha quatorze], quando estava no liceu de mulheres. Certamente fora 
seduzida por sua professora e seu interesse na aluna era pedófilo por 
natureza. A Madame Sorokin passara dois anos compilando um relatório 
em que alegava que Simone primeiro seduzira Natalie e, depois, agira como 
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a sua cafetina, entregando-a para amantes homens. Madame Sorokin ale-
gava que a sua filha não era absolutamente a primeira vítima de Beauvoir. 
Antes dela, houvera Olga e Bianca. O vil comércio de mulheres nem sempre 
era bem-sucedido. Olga rejeitara Sartre persistentemente.”
 Por causa dessa queixa de 1943, Simone de Beauvoir acabou per-
dendo o emprego. Como estava sem emprego e sem renda, ela aceitou ir 
trabalhar numa rede de rádio colaboracionista com os nazistas. 
Entrando no tema da pedofilia, vimos que Madame Sorokin entendia 
que aquele interesse era pedófilo e a historiadora que escreveu o livro “Uma 
relação perigosa”, também. Ambas entendiam que eles tinham sim um 
interesse pedófilo por meninas fora da idade de consentimento. Essa é uma 
afirmação bastante perigosa de se fazer se não houver algum fundamento 
para ela. 
Por isso, gostaria de compartilhar com vocês um trecho da página 172 
do meu livro, no qual abordo um julgamento do Tribunal de Versalhes. Em 
1977, três homens foram condenados por terem feito sexo com crianças e 
adolescentes e terem gravado vídeos disso. No mesmo ano, 69 intelectuais, 
entre os quais, Michel Foucault, Sartre e Beauvoir, assinaram uma petição 
em favor desses criminosos. Esses homens fizeram sexo com crianças e 
gravaram e esses intelectuais ainda fizeram uma petição para absolvê-los. 
“Uma petição pela libertação dos três criminosos foi assinada por 
69 intelectuais e publicada no jornal ‘Le Monde’. O documento dizia: ‘Um 
tempo tão longo de prisão para investigar um simples caso ‘vicioso’ em que 
as crianças não foram vítimas de violência, mas, ao contrário, testemun-
haram perante os magistrados que consentiram. Embora a lei atualmente 
lhes negue o direito de consentir, um tempo tão longo na prisão nós con-
sideramos escandaloso em si’.”
Muito escandaloso prender três pedófilos por tanto tempo. 
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Simone definiu isto como:
“[...] por terem encorajado e tirado fotografias de suas brincadeiras 
sexuais.”
“Nós acreditamos que há uma incongruência entre a designação 
como ‘crime’, que serve para legitimar tal severidade, e os fatos próprios. 
Mais ainda, entre a lei antiquada e a realidade cotidiana, em uma sociedade 
que tende a conhecer sobre sexualidade de crianças e adolescentes.”
Simone reclamou, disse que eram apenas brincadeiras sexuais, que 
a lei era antiquada, e olha o que está falando aqui: sexualidade de crianças.
“Entre os intelectuais signatários destacavam-se Michel Foucault e 
o casal Simone de Beauvoir e Sartre. O casal também assinou uma carta 
aberta, publicada no jornal Libération, em defesa da revogação da lei que 
punia como estupro os atos sexuais com menores de quinze anos.”
3.4. Alfred Kinsey
Eles queriam baixar a idade de consentimento. Isso fazia todo sen-
tido com a vida que levavam, aliciando menores. Para nos aprofundarmos 
no assunto da pedofilia, que apresenta relação com a ideologia de gênero, 
com as pautas de erotização infantil e com a educação sexual na escola, 
temos que mencionar o escritor Alfred Kinsey, que em 1945, quatro anos 
antes de Simone, estava publicando olivro “Comportamento Sexual do 
Homem”. Nessa obra, Kinsey comprova a relação entre a revolução sexual, a 
pauta da mudança dos costumes sexuais, com a agenda da pedofilia. 
Alfred Kinsey era um sexólogo e criou uma equipe para estudar o 
comportamento. Tal como Sanger, também foi financiado pela Fundação 
Rockefeller. Eu não sei o que essas pessoas têm que não gostam de criança. 
Primeiro, com a contracepção, querem impedir que a criança seja conce-
bida. Depois, se a criança for concebida, querem abortá-la, não querem 
deixá-la nascer. Se a criança nascer, querem controlar a mente dela através 
de todo tipo de erotização infantil. É um negócio inexplicável o desprezo que 
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têm pelas crianças. Existe uma matéria da revista Abril chamada “Kinsey 
fala sobre sexo”. Nesta matéria, lemos o seguinte:
“Falando em termos biológicos, não existe, na minha opinião, nen-
huma relação sexual que eu considere anormal. Levar a cabo qualquer tipo 
de atividade sexual é libertar-se do condicionamento cultural que a socie-
dade impõe, o que leva a fazer distinções entre o que é bem ou mal, entre o 
lícito e o ilícito, entre o normal e o anormal, entre o aceitável e o inaceitável 
na nossa sociedade”.
Kinsey estava contestando o bom e o mau, o ilícito e o lícito. Para ele, 
isso não existe e tudo deve ser liberado. Se todo tipo de sexo deve ser lib-
erado, é óbvio que nós estamos falando de sexo com animais, de sexo com 
crianças, de incesto, afinal, é todo tipo de sexo. Isso é tão sério que Alfred 
Kinsey, depois de apresentar suas pesquisas, foi finalmente desmascarado 
por uma outra pesquisadora, uma terapeuta chamada Judith Reisman. 
Infelizmente, o livro dela, que se chama “Kinsey, Sexo e Fraude”, só estão 
publicados em inglês. 
Kinsey é apelidado de pai da Revolução Sexual. Lembrem que rev-
olução sexual é a mesma coisa que feminismo. Portanto, Alfred Kinsey é o 
pai do feminismo. Quem é a mãe? Nós não sabemos, precisamos desco-
brir, mas o pai é o Alfred Kinsey. Qual foi a denúncia que a Judith Reisman 
fez? Primeiro, que todas as pesquisas do Alfred Kinsey para falar sobre sexo 
tinham uma amostragem duvidosa. Para pesquisar sobre sexualidade, 
Kinsey só contratou criminosos, pedófilos e prostitutas e vendeu o livro 
como se estivesse falando do comportamento sexual de pessoas normais. 
Ele até criou uma escala da homossexualidade, levando a crer que todos 
os homens são um pouco homossexuais. Em seu livro, também abordou 
a sexualidade de crianças. Isso fez as pessoas se questionarem como ele 
poderia saber aquelas informações. O ponto era: que pesquisas Kinsey fez 
para saber sobre sexualidade de crianças?
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Foi aí que a Judith Reisman expôs que, dentre as pessoas que faziam 
parte da pesquisa de Kinsey, estava um pedófilo que já havia a molestado 
mais de oitocentas crianças e bebês. No livro, esse pedófilo é retratado com 
vários nomes, como Rex King e Sr. X. Isso também está presente no meu 
livro, na página 254. Para encerrar a questão da pedofilia, vou compartilhar 
com vocês:
“O interesse de Kinsey pelo criminoso era inquestionável, inclusive 
porque jamais o denunciou à polícia. O fato de que Sr. X anotava detalhes 
das suas experiências de pederastia aumentava ainda mais o interesse do 
biólogo Alfred Kinsey, que chegou a recomendar, em 1944, que o Sr. X jamais 
desprezasse suas próprias anotações’. Alfred Kinsey chegou a escrever que 
o homem perfeito seria um homem natural, aquele que não tem nenhum 
tipo de inibição”. 
Para ele, o Sr. X era um homem natural, um homem sem inibições, 
que fazia toda sexo que queria, inclusive com crianças. Em março de 1945, 
Kinsey se ofereceu para pagar um salário para esse pedófilo, para que 
pudesse parar suas atividades profissionais e ficar em casa analisando seus 
materiais de pedofilia. Obviamente, quando o livro saiu, isso foi um verda-
deiro escândalo. 
Todas essas pautas relacionadas à pedofilia também aparecem, de 
uma forma mais sutil ou mais escancarada, em outras obras. Um exemplo 
é o livro “A Dialética dos Sexos”, de Shulamith Firestone, publicado em 1970. 
Na página 261 do meu livro, há um trecho que retirei do livro da feminista 
Shulamith Firestone. 
“[...] a total integração das mulheres e das crianças em todos os 
níveis da sociedade. Todas aquelas instituições que segregam os sexos ou 
separam as crianças da sociedade adulta devem ser destruídas. E, se as dis-
tinções culturais entre homens e mulheres e entre adultos e crianças forem 
destruídas, nós não precisaremos mais da repressão sexual, essa repressão 
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que mantém essas classes diferenciadas, sendo pela primeira vez possível 
existir uma liberdade sexual ‘natural’.”
Não é a primeira vez que aparece a expressão “natural”. Lembra que 
o Alfred Kinsey também dizia que o homem deve naturalmente fazer todo 
sexo que quiser? Shulamith Firestone está defendendo que não devem 
existir diferenças entre a sexualidade natural de adultos e crianças. 
“Assim chegaremos à liberdade sexual para que todas as mulheres 
e crianças possam usar sua sexualidade como quiserem. Serão permitidas 
e satisfeitas todas as formas de sexualidade. A mente plenamente sexuada 
tornar-se-ia universal.”
É uma feminista que está propondo qual é o mundo feminista per-
feito. É aquele onde todo mundo faz sexo com quem quiser e essa é pauta 
principal da revolução sexual.
Há também o livro da Judith Butler. Nós não vamos falar sobre ela, 
porque é uma feminista de terceira onda, da ideologia de gênero, mas na 
página 12 do livro dela, bem no comecinho, vemos ela chamando o incesto 
de tabu. E todo tabu, para as feministas, deve ser desconstruído. Portanto, o 
sexo entre pais e filhos deve ser desconstruído. 
Outro exemplo da ligação dessas agendas é o evento do queer 
museum, que aconteceu em Porto Alegre em agosto de 2017, financiado 
pelo banco Santander. Houve toda uma polêmica sobre esse evento, que foi 
acusado de ter exposições, obras de arte e um conteúdo pedófilo. Também 
temos aquele episódio em que uma criança foi colocar a mão em um artista 
pelado. 
Em 1970, o doutor John Money, que é um dos grandes pais da ideologia 
de gênero, da terceira onda feminista, deu uma entrevista para a Time magazine. 
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A entrevista está no volume 115, nº 15. Nesta, 
John Money nos diz o seguinte:
“Uma experiência sexual infantil, como ser par-
ceiro de uma parente ou de alguém mais velho, não 
necessariamente vai afetar a criança negativamente.”
Isso aqui é muito grave. Um dos casos famosos relacionado a 
pesquisas da ideologia de gênero é o da família Reimer. Em um dos experi-
mentos que o doutor John Money fazia com a família Reimer era colocar os 
dois irmãos gêmeos, desde crianças, a simularem cenas de sexo. 
Tudo isso está ligado a pautas de facilitação ou de relativização da 
pedofilia, que ora aparecem de uma forma mais sutil, ora aparecem de uma 
forma mais clara, como naquele manifesto dos 69 intelectuais que a Simone 
de Beauvoir assinou e como no caso da “A Dialética dos Sexos”. 
 
Esse foi um pouco da história da Simone de Beauvoir, que é a grande 
musa da segunda onda. Através da história da vida dela, conseguimos 
imaginar o que foi a segunda onda do movimento feminista, que é total-
mente ligada às pautas do aborto, da facilitação do divórcio, da destruição 
da família tradicional, da destruição da heteronormatividade, da relativ-
ização do adultério. Todas essas pautas de sexualidade, de libertação sexual, 
encerram o ciclo da ideologia da revolução sexual dentro do feminismo 
como sendo uma e a mesma coisa que o movimento feminista. 
Eu espero que nessas cinco aulas você tenha observado esse padrão. 
Nós estamossempre falando de líderes feministas com uma vida sexual 
desregrada, que não serve como exemplo para ninguém, o que também 
não seria da nossa conta se isso não tivesse virado domínio público, ideo-
John Money, Psicólogo 
(1921 - 2006)
E - B O O K B P A H I S T Ó R I A D O F E M I N I S M O
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logia e não estivesse diretamente relacionado à proposta que esse movi-
mento vem fazer para as mulheres. 
3.5. Ludwig Von Mises
Para encerrarmos, quero voltar numa citação que já vimos. É uma 
citação de 1920 do economista Ludwig von Mises, para fechar nossa aula 
e definir na sua cabeça que movimento feminista bom e mau não existe. 
Todo movimento feminista é o mesmo desde o século XVIII. E todo movi-
mento feminista é revolução sexual, que tem a ver com mudar a natureza do 
homem, mudar a natureza das mulheres e mudar a natureza das relações 
entre homens e mulheres, desfragmentando o casamento tradicional, a 
tradicional criação dos filhos, os papéis sociais, os papéis sexuais, os papéis 
de “gênero”. Inclusive, já recomendo que você não use mais a expressão 
“gênero”, mas sim a expressão sexo, que é a expressão correta. A citação 
que vou ler para vocês é um pouco longa. Presta muita atenção nisso: é 
uma citação de 1920 de alguém que você não imaginava que fôssemos 
mencionar numa aula sobre feminismo, Ludwig von Mises, um liberal: 
“Enquanto o movimento feminista se limite a buscar igualar os 
direitos jurídicos de mulheres e homens e também dar segurança quanto 
às possibilidades legais e econômicas de desenvolver suas faculdades e 
de manifestá-las mediante atos que correspondam a seus gostos, a seus 
desejos e à sua situação financeira [...]”
ou seja, enquanto o movimento feminista estiver defendendo que as 
mulheres possam fazer o que gostam, ter liberdade, ter direitos civis, então, 
“[...] serão somente um ramo do grande movimento liberal, que 
encarna a ideia de uma evolução livre e tranquila.”
Mises está nos dizendo que se o movimento feminista serve somente 
para buscar igualar direitos civis, não precisa existir, porque é a mesma coisa 
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41
que o movimento liberal. A igualdade de direitos já é o que defende Adam 
Smith, é o que defende Ludwig von Mises, é o que defende Thomas Sowell. 
Portanto, não precisa criar feminismo, porque o liberalismo já existe. 
“[...] que encarna a ideia de uma evolução livre e tranquila.”
Aos poucos a sociedade vai evoluir e as mulheres serão inseridas no 
mercado de trabalho, na política e em todos os lugares que possam ser bons 
a elas. Isso vai acontecer de várias formas, através de concessões políticas, 
de transformações sociais, tal como aconteceu com a Revolução Industrial 
e com a Primeira Guerra Mundial. 
Mas, e se o movimento feminista não for isso? Nós vimos que não é. 
Se o movimento feminista não for isso, Ludwig von Mises continua: 
“Se, ao ir além destas reivindicações, o movimento feminista crê que 
deve combater as instituições da vida social [Igreja, casamento, família] com 
esperança de remover certas limitações que a natureza impôs ao destino 
humano, então já é um filho espiritual do socialismo.” 
Esses dois parágrafos resumem todo o curso. Lembram que todas as 
feministas estão falando que a natureza biológica da mulher é escravidão, é 
triste, é ruim, não presta e, como não presta, devemos tentar mudar a socie-
dade?Se o feminismo tenta combater as instituições sociais, como casa-
mento, família e Igreja, para remover as limitações físicas, para tentar mudar 
a sociedade, a fim de compensar as diferenças naturais, Ludwig afirma que 
isto não é mais liberalismo, nem é feminismo, é um filho do socialismo. É 
como se fosse um minissocialismo, um socialismo para mulher. Por quê?
“Porque é característica própria do socialismo buscar nas instituições 
sociais as raízes das condições dadas pela natureza e, portanto, indepen-
dentes das ações do homem, e também é uma característica do socialismo 
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pretender, ao reformar as instituições sociais, reformar também a natureza 
humana mesma.” 
É isso que o movimento feminista quer fazer, através de leis, de 
decretos, de determinações de cima para baixo, de força da mídia, de 
transformação universitária, de doutrinação ideológica, através de várias 
forças, de cima para baixo, gerar uma mudança na natureza humana, des-
respeitando a natureza humana, desrespeitando o fato de que homens e 
mulheres são diferentes, têm naturezas diferentes, preferências diferentes 
e tudo mais. 
É isso. Essa citação é de 1922 e está no “O livro negro da nova esquerda”, 
um livro maravilhoso.

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